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Localização, relevo e orla costeira

A Ilha do Maio, uma das mais antigas de Cabo Verde, é considerada uma ilha plana, à semelhança do Sal e da Boa Vista e forma, conjuntamente com as ilhas de Santiago, Fogo e Brava, o denominado grupo Sotavento do arquipélago.

Localiza-se a sul da Boavista e a nordeste de Santiago, entre os paralelos 15º 07´ e 15º 20´ de latitude norte, e os meridianos 23º 05´ e 23 15de longitude a Oeste de Greenwich. O ilhéu de Laje Branca localiza-se a norte ilha e é uma área de grande interesse de conservação devido à nidificação do pedreiro azul (Pelagodroma marina) e à observação de outras espécies em redor do ilhéu, como as tartarugas marinhas, tubarões e peixes recifais.

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Os ventos dominantes são os alísios de nordeste e o harmatão -

vento quente e seco que sopra do Sahara, aumentando a aridez na estação seca, sobretudo de dezembro a junho (existindo uma estação húmida entre agosto e outubro).

O Maio é uma ilha pequena mas com uma vasta e diversificada paisagem onde se localizam as suas 7 maravilhas naturais: -Monte Penoso, Terras Salgadas, baía de Baxona, salinas de Porto Inglês, praia de Bitxe Rotcha, dunas do Morrinho e o perímetro Florestal da Calheta.

No Maio, os montes distribuem-se por três zonas, maioritariamente na parte norte e central da ilha, sendo o Monte Penoso (1 das 7 Maravilhas e inserido dentro de uma área protegida), com 436 metros, o mais elevado.

Os montes, para além da sua importância geológica, permitem nas suas encostas atividades agrícolas, e são um espaço ideal para a pastorícia, para além de albergarem espécies vegetais e animais.

O fabrico de cal tem a sua história ligada à existência de matéria prima local. A calcinação do calcário, a mais de 900° C durante vários dias (produção da cal viva), é feita em fornos de cal artesanais, construídos em pedra, com argamassa, utilizando a lenha de arbustos locais, principalmente a acácia (Prosopis juliflora).

Esta atividade é um meio de subsistência para algumas famílias e conserva a mesma forma de produção tradicional. Estes fornos ainda atualmente localizados entre Cascabulho e Morrinho- perto das jazidas de calcário e de poços, para acesso a água para “apagar a cal” - têm uma forma cilíndrica com duas aberturas: uma no topo para a introdução das pedras de calcário e outra lateral para a entrada de ar e, também, para retirar a cal viva.

A pedra do Maio revelou-se, desde o século XVII, importante pela sua qualidade para a cantaria tendo sido aproveitada para várias edificações históricas, como a Sé Catedral, a fortaleza e os baluartes de Ribeira Grande de Santiago, bem como a fortaleza de Cacheu.

Na década de setenta do século XIX foi reforçada a atenção à produção de cantarias, e no século XX, o nome Manito Bento ficou associado ao transporte destas pedras para a Gâmbia, e ao ganho do 1º bote de uma frota que viria a ser de mais de 20. Com ela tornou-se um bem sucedido empresário local, também conhecido pelo apoio à população da Ilha, na época de fomes, tendo obtido, no “pós guerra”, pelos serviços prestados, a distinção pelo Presidente da República de Portugal, Craveiro Lopes e uma condecoração do Rei Jorge VI, do Reino Unido. Na zona Norte, como o Monte Coruja (326 m) e o Monte de Santo António com cerca de 252 metros; Na zona sul, o Monte Batalha com 294 metros de altitude e o Monte Pedregal com 278 metros. O Monte Branco situa-se na zona Este com 251 metros de altura, assim como o Monte Carquejo com 246 m A noroeste da Ilha, perto do Morrinho, existem grandes jazigos de gesso com uma extraordinária pureza (99%), sendo o processamento feito de forma artesanal.

Os jazigos de argila (branca na Ribeira do Morro e vermelha na Ribeira Lagoa) possuem barros que se utilizam para a cerâmica utilitária e ornamental, sendo a produção manual e a cozedura em forno de lenha. A principal unidade localiza-se no Morro onde, atualmente, se utiliza a roda de oleiro e forno elétrico.

Adalberto Silva (Betu)

A primeira atividade mais importante, desde os primeiros tempos, após o descobrimento da ilha, é a exploração do gado. O gado atingiu uma expressão muito grande, com milhares e milhares cabeças de gado, conforme os registos históricos, ao ponto de em uma época se ter dividido a ilha em duas partes.

Depois, a grande atividade foi o sal que levou á “época dourada” do Maio, inclusive tinha rendimentos para financiar estruturas da Praia, da capital da ilha de Santiago. Foi, portanto, a “época dourada” que levou praticamente um século, de meados do sec. XVIII a meados do sec. XIX, entrando depois em crise - os negociantes abandonaram a ilha que entrou em crise, sendo o século XX um século de letargia.

Estas são as duas atividades mais importantes, evidentemente também a pesca, mas em pequena dimensão e a agricultura (mas nunca teve grande expressão), talvez por o próprio interesse dos homens do negócio, pois o Maio até é tido como bom terreno para a agricultura.

Floresta da Acácias

Também a exploração do carvão tem tido uma expressão notável, tendo em conta que a ilha de Santiago é abastecida com o carvão da Ilha do Maio. Sendo que a falta do carvão da Ilha do Maio é um problema para os churrascos na Praia e em outras

localidades de Santiago. A exploração do carvão deriva diretamente da plantação das acácias, no centro zootécnico, que vem da primeira metade seculo XX, quando o governo da província resolveu fazer esse investimento. Foi a

partir daí que possibilitou a exploração da indústria do carvão, até hoje.

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