DIABETES E NUTRIÇÃO A diabetes é uma doença debilitante, dispendiosa e associada a complicações graves. Representa grandes riscos para as famílias, para os Estados e para o mundo inteiro. Dados de 2004 estimavam mais de 220 milhões de diabéticos em todo o mundo e a prevalência e número de mortes associadas à doença tem vindo a aumentar gradualmente, prevendo-se uma duplicação do número de mortes a acontecer até 2030. Aproximadamente 80% destas mortes acontecem em países de baixo e médio rendimento. O que é? A diabetes mellitus é uma doença crónica que se caracteriza pelo aumento de açúcar no sangue acima de um valor determinado, de forma mantida e que no decurso da sua evolução apresenta complicações graves. A diabetes ocorre quando se verifica falta de insulina ou ela não actua de forma eficaz, causando o aumento da glicose no sangue. Existem dois tipos principais de diabetes: Diabetes tipo 1 – é uma doença de causa maioritariamente genética e que aparece após um factor determinante ou favorecedor (ambiental) que leva à destruição das células produtoras de insulina no pâncreas, pelo próprio organismo. Costuma aparecer quando a pessoa é jovem e é o tipo de diabetes mais grave sendo que a pessoa precisa de insulina para viver. Diabetes tipo 2 - é o tipo de diabetes mais frequente. Embora a causa genética também esteja presente, o aparecimento da doença deve-se maioritariamente a um conjunto de factores de risco, como por exemplo a obesidade, o sedentarismo, o stress, o consumo exagerado de álcool e a alimentação inadequada. É mais frequente depois dos 40 anos. Para além dos dois principais tipos de diabetes existe ainda a diabetes gestacional que surge durante a gravidez e desaparece, habitualmente, quando concluído o período de gestação (geralmente é diagnosticada uma elevação do valor do açúcar no sangue aquando das análises de rotina). O seu diagnóstico obriga a que grávida passe a ser vigiada em consultas de especialidade para que a gravidez decorra sem problemas e para evitar que a diabetes do tipo 2 se instale mais tarde no seu organismo.
Sintomas -
Sede intensa (polidipsia) Urinar com maior frequência (poliúria) Apetite muito aumentado (polifagia) Prurido genital Cansaço e fraqueza constantes Visão turva Impotência sexual Infeções repetidas da pele À diabetes de tipo 1 está ainda associado um emagrecimento acentuado.
Estes sintomas podem levar a suspeitar da existência de uma diabetes mas não estão, contudo, presentes em grande parte dos casos diagnosticados. O diagnóstico é efetuado, na maior parte das vezes, em análises de rotinas.
Valores da glicemia a atingir para o controle metabólico da diabetes: Valor das glicemias Em jejum Após a refeição Hgb.Glicosilad a A1C%
Controle bom 80120mg/dl 100150mg/dl < 6,5%
Controle aceitável 121140mg/dl 151180mg/dl 7,0-7,5%
Controle Mau >140mg/d l >180mg/d l >7,5%
Complicações - Se a diabetes não for bem controlada, o doente pode desenvolver complicações a longo prazo: perda de sensibilidade nos pés, com feridas e úlceras que não saram; danos no coração, rins; problemas de circulação de sangue nas pernas; AVC (trombose); cegueira; impotência sexual nos homens e perda da líbido (desejo sexual) nas mulheres. A hipoglicemia é uma complicação que pode acontecer pelo tratamento com antidiabéticos (orais ou insulina). Caracteriza-se por queda brusca do açúcar no sangue. Pode ainda aparecer após jejuns prolongados, ou exercício físico intenso e prolongado. Os principais sintomas são visão turva, desmaio, sensação de fome, tremura, sudação, confusão mental e irritabilidade. A hipoglicemia exige um tratamento urgente logo que aparecem os primeiros sinais. Tomar algum açúcar ou produto açucarado imediatamente e descansar 10-15 minutos. Quando o doente perde a consciência, deve ser tratado com urgência numa unidade sanitária com recursos para administrar: - no adulto: glicose 30% E.V., seguida por glicose 10% E.V. / - na criança, glicose 10% E.V. O doente deve conhecer os sintomas de hipoglicemia, para a poder tratar logo que surjam.
Soluções O tratamento da diabetes assenta em três componentes: - Tratamento medicamentoso - Tratamento dietético (dieta equilibrada e sem açúcar); - Exercício físico regular Tratamento medicamentoso Para a diabete do tipo 1, a diabete 2 de difícil controlo e a diabetes gestacional é utilizada a insulina. Para o tratamento da diabetes tipo 2 existem medicamentos, conforme o tipo de acção:
Medicamentos de acção fundamental sobre o pâncreas levando à estimulação da produção de insulina: as sulfonilureias e metaglinidas. Medicamentos que melhoram a sensibilidade dos tecidos periféricos à acção da insulina: as biguanidas e as glitazonas. Medicamentos que levam à diminuição da absorção dos hidratos de carbonos alimentares: inibidores da alfa-glucosidase
Tratamento dietético O principal objectivo da dieta para portadores da diabetes é estabelecer um plano de refeições que contenham nutrientes adequados, capazes de proporcionar controlo glicémico satisfatório de forma a minimizar as complicações agudas e crónicas da doença. A dieta normal precisa de ser modificada e a nova dieta deve ser seguida com muito cuidado para o resto da vida. O doente não deve engordar nem emagrecer demais. O diabético obeso ou com excesso de peso deve perder peso. Isto consegue-se com: -
Reduzir a quantidade de comida (comer metade do que comia normalmente) Não comer comida gordurosa (evitar os fritos) Não comer açúcar ou comidas doces Comer vegetais e frutas (1 peça) e peixe à vontade Fazer exercício físico diariamente
O diabético não deve comer açúcar e comidas doces (excepto para tratar a hipoglicemia), por exemplo, açúcar, chá adoçado, rebuçados, gelados, refrescos, bolachas açucaradas, leite condensado, bolos, chocolates, jam. O diabético deve reduzir o consumo das comidas com gordura: alguns óleos vegetais, como o de coco, amendoim e o de palma, castanha de caju; leite gordo e seus derivados: queijo e manteiga; carnes gordas, banha de porco, gema de ovo, comidas processadas (por exemplo, nicknacks, hambúrgueres, pizzas, cachorros-quentes, enlatados, bolos, batatas fritas).
Se possível, deve comer comida com fibra: frutas como papaia, legumes crus como cenouras e nabos, pão integral, maçaroca cozida, mandioca e sementes como as de abóbora ou girassol. O farelo tem muita fibra e pode ser adicionado à alimentação. Não se deve abusar destes alimentos pois também têm açúcar.
Alimentos que se podem comer livremente: - Peixe e carne branca (galinha e peixe são os melhores) - Frutas: papaia, melancia, toranja, pêra-abacate - Vegetais: folhas verdes, couve, repolho, alface, abóbora, tomate, cebola, pepino - É aconselhável comer fruta nos intervalos das refeições (1 peça). Nos doentes com diabetes Tipo I, é muito importante comer num horário certo e regular e não ficar muitas horas sem comer (deve ter pelo menos 6 refeições por dia). Prevenção: -
Vigilância e controlo de peso Prática regular de exercício físico (pelo menos 30 minutos diários) Cessação tabágica Realização regular de análises favorecendo o diagnóstico precoce
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