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Introdução //Introduction
O OCEANO THE OCEAN
2021 inaugura a Década da Ciência do Oceano para o Desenvolvimento Sustentável, das Nações Unidas, sob o lema “conseguir, em conjunto, o Oceano que precisamos para o futuro que queremos”. Como contributo para a reflexão e o debate sobre esta questão crucial, foi transmitida a partir de Lisboa a Conferência Internacional online intitulada “O Oceano que Pertence a Todos”, nos dias 22 e 23 de fevereiro de 2021. Esta Conferência teve por finalidade contribuir para a Literacia do Oceano e aumentar a sensibilização pública para a agenda global sustentável, permitindo às pessoas compreenderem melhor estas questões e serem capazes de influenciar o papel e a ação dos decisores em assuntos relacionados com a utilização pacífica e sustentável dos recursos marítimos. A Conferência contou com 30 oradores e 7 moderadores de 16 nacionalidades diversas - decisores, investigadores, gestores, membros de organizações multilaterais e das esferas militares e de segurança, bem como ativistas da sociedade civil.
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O evento foi organizado pelo Clube de Lisboa em parceria com a Fundação Oceano Azul, o Instituto Hidrográfico Português e a Sustainable Ocean Alliance (SOA) Portugal. Contou com a colaboração da Agência Europeia de Segurança Marítima (EMSA) e o apoio da Câmara Municipal de Lisboa e do Instituto Marquês de Valle Flôr. A cooperação da Embaixada do Japão em Portugal foi decisiva para a organização do evento.
Os debates começaram com o painel “Perturbação da Biosfera: a invasão de plásticos nas cadeias alimentares”, em que se discutiu a verdadeira dimensão da invasão contínua das cadeias alimentares pelos plásticos no Oceano, bem como a forma como a maior parte da humanidade continua a olhar para os mares como se fossem caixotes do lixo, ao mesmo tempo que desconhece a acidificação e devastação em curso de enormes zonas marinhas.
A discussão prosseguiu com um painel sobre “A extensão das plataformas continentais”, onde foram debatidas exaustivamente questões estratégicas e de segurança, bem como problemas de implementação, com uma preocupação particular com questões de conflito e concorrência entre países, não só mas sobretudo nos mares Meridional e Oriental que rodeiam a China e o Japão. Esta questão foi também considerada de extrema importância para um país como Portugal, com enormes plataformas continentais no Atlântico Norte, tendo sido abordada na sessão “O Oceano, prioridade estratégica de Portugal na ONU”.
A conversa sobre “Degelo do Ártico: entre o desastre climático e a expansão de uma nova rota de contentores” variou desde as implicações geopolíticas do degelo do Ártico, até à forma como o alto mar está a ser afetado, terminando com questões ligadas à preservação do Antártico. As discussões incluíram ainda as implicações geoeconómicas que decorrem da expansão prevista e progressiva de uma nova e importante rota marítima
In 2021, the United Nations Decade of Ocean Science for Sustainable Development was inaugurated, under the motto “to deliver, together, the Ocean we need for the future we want.” As a contribution to the reflection and debate on this crucial matter, on the 22nd and 23rd of February of 2021, an online International Conference “The Ocean that Belongs to All” was livestreamed from Lisbon. This Conference aimed at contributing to Ocean Literacy by raising public awareness of the sustainable global agenda, enabling people to better understand and be able to influence the role and action of decision-makers on matters regarding the peaceful and sustainable use of maritime resources. Actively participating in the Conference were 30 speakers and 7 moderators of 16 diverse nationalities – decision-makers, researchers, managers, members of multilateral organisations and from the military and security spheres, and activists of the civil society as well.
The event was organised by the Club of Lisbon in partnership with the Oceano Azul Foundation, the Portuguese Hydrographic Institute and the Portuguese Hub of the Sustainable Ocean Alliance (SOA). It had the collaboration of the European Maritime Safety Agency (EMSA) and the support of the Lisbon Municipality and the Institute Marquês de Valle Flôr. The cooperation of the Embassy of Japan in Portugal was decisive in organising the event.
The debates began with the panel “Messing with the Biosphere: plastics invading food chains”, where the real dimension of the ongoing invasion of food chains by plastics in the Ocean was discussed, as well as the way most of humankind continues to look at the seas as if they were places to accumulate trash, whilst being unaware of the ongoing acidification and devastation of huge maritime zones.
The discussion continued with a panel on “Extending continental shelves”, where strategic, security issues, as well as implementation problems, were thoroughly debated, with a particular concern about conflictual, competitive issues amongst countries, not only but mostly in the South and Eastern seas surrounding China and Japan. This issue was also considered of utmost importance for a country like Portugal, with huge continental platforms in the North Atlantic, which was raised in the session “The Ocean, Strategic Priority of Portugal at the UN”.
The conversation about “Melting of the Arctic: between
a climate disaster and a brand-new sea-lane for containers”
ranged from geopolitical implications of the melting of the Arctic, to the way the high seas are being affected, ending with preservation issues of the Antarctic. Discussions included the geoeconomic implications that arise from the predicted and progressive expansion of a major new sea-lane for containers along the Russian coast to Europe and North America. Global
de contentores para a Europa e a América do Norte ao longo da costa russa. O aquecimento global e os seus efeitos no Oceano e nas zonas de permafrost à volta do Ártico foram igualmente um tema de grande preocupação nos debates.
Os trabalhos prosseguiram com o debate “Por águas (in) seguras”, em que as discussões se centraram na pirataria, no tráfico e nas ameaças à liberdade de navegação. Foi feita uma chamada especial de atenção para alguns dos principais hotspots do Oceano, incluindo o Estreito de Malaca, o Mar Vermelho, o Golfo Pérsico e o Golfo da Guiné, com ênfase na necessidade de acelerar a cooperação multilateral para combater eficazmente os perigos colocados pelas redes globais de criminalidade.
O painel “Uma Economia Azul para além da pesca e extração mineral” trouxe para a mesa questões como as enormes possibilidades que o mar pode oferecer como fonte de energia limpa, alimentos (para além do peixe), bem como produtos farmacêuticos e biotecnológicos. Na sessão sobre “Prioridades da investigação sobre o Oceano”, esta questão foi novamente trazida à ribalta como uma prioridade crescente para a comunidade científica portuguesa.
Finalmente, na mesa redonda “O Oceano que precisamos para o futuro que queremos”, todas as grandes geografias oceânicas foram representadas por jovens especialistas que trabalham em áreas como a preservação da biosfera, o Ártico, mares seguros e economia azul, todos eles sublinhando a importância de colocar o Oceano na vanguarda das preocupações do público e de colocar sob os holofotes as prioridades políticas que são manifestadas (ou nem tanto) pelas autoridades nacionais. Este painel registou a crescente preocupação dos jovens com os problemas relacionados com o aumento da temperatura do Oceano, a invasão de plásticos nas cadeias alimentares e a importância de impulsionar políticas e projetos nacionais e globais mais eficazes para proteger a saúde dos mares.
Em resumo, a principal mensagem da Conferência, expressa não só nos painéis e na mesa redonda mas também nas sessões de Abertura e Encerramento, foi a necessidade de preservação e de investimento maciço em ciência para se obter um melhor conhecimento do Oceano, dos seus problemas e das suas possibilidades. Para além desta publicação, um Relatório Interativo e a sua versão PDF já foram publicados no website do Clube de Lisboa e nas suas redes sociais, bem como nas de outros parceiros.
A Conferência contou com 1 167 espetadores online em Portugal e outros 40 países de diferentes geografias. Foi transmitida através do Zoom e do YouTube. Com base nos registos no Zoom, cerca de 39% dos espetadores tinham entre 18 e 35 anos de idade e 56% eram do género feminino. Uma semana após o evento, as páginas das redes sociais do Clube de Lisboa registaram um total de 336 000 interações, alcançando cerca de 218 000 pessoas.
A Direção do Clube de Lisboa
warming and its effects on the Ocean and on the permafrost zones around the Arctic were also an issue of great concern in the debates.
The work continued with the debate “On (un)safe waters”, where discussions centred on piracy, trafficking and threats to the freedom of navigation. Special attention was called to some of the major Ocean hotspots, including the Straits of Malacca, the Red Sea, the Persian Gulf and the Gulf of Guinea, with an emphasis on the need to speed up multilateral cooperation to effectively fight the dangers posed by global crime networks.
The panel “A Blue Economy beyond fish and minerals” brought to the table questions such as the huge possibilities that the sea can offer as a source of clean energy, food (beyond fish), as well as pharmaceutical and biotechnical products. In the session on “Ocean’s Research Priorities”, this issue was again brought to the fore as a rising priority for the Portuguese scientific community.
Finally, in the roundtable “The Ocean we need for the future we want”, all the major Ocean geographies were represented by young experts who work with the preservation of the biosphere, the Arctic, safe seas and blue economy, all of them stressing the importance to put the Ocean at the forefront of the public concerns and to raise the political priorities that are (not so much) demonstrated by national authorities. This panel noted the increasing concern among young people regarding the problems related to the rise of Ocean temperatures, the invasion of plastics in food chains and the importance of pushing for more effective national and global policies and projects to protect the health of the seas.
To sum up, the major message of the Conference, expressed not only by the panels and the roundtable but also in the Opening and Closing sessions, was the need for preservation and the massive investment in science, to gain a better knowledge of the Ocean, its problems and its possibilities.
Besides this book, an Interactive Report and its PDF version have already been published on the Club of Lisbon’s website and posted on its social media pages, as well as those of other partners.
The Conference had 1 167 online viewers in Portugal and other 40 countries around the globe. It was livestreamed through Zoom and YouTube. From the registries in Zoom, around 39% of the viewers were between 18 and 35 years old, and 56% were female. One week after the event, the Club of Lisbon’s social media pages registered a total of 336 000 interactions, reaching around 218 000 people.