Caderno de moda 2013/2014

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Modelo: Simone Schuster 3


Copyrigth @ 2014 INDEPIn (Org.) Organização: INDEPIn Projeto Editorial e Coordenação do Concurso: INDEPIN - Miriam Piber Campos Processo C3 - Wagner Ferraz Capa - Foto e edição: Anderson Luiz de Souza Modelo da Capa: Simone Braz Schuster Layout e diagramação: Diego Mateus e Wagner Ferraz INDEPIn Editora - Coordenação Editorial Miriam Piber Campos e Wagner Ferraz

INDEPIn iiiiiiiCaderno de Moda 2013/14. Porto Alegre: Editora INDEPIn, 2014.

----1. Moda 2. Processo de Criação 3. Pesquisa em Moda 4. Fotografia 5. Cultura

2014 Editora: INDEPIn www.indepin-edu.com.br Processo C3 www.processoc3.com.br


CADERNO DE MODA A composição do CADERNO DE MODA 2013/14 se dá, com ensaios fotográficos produzidos por estudantes de cursos de Moda de diferentes instituições do Brasil. O INDEPIn durante alguns meses, recebeu diferentes materiais produzidos e alguns foram selecionados e se encontram como conteúdo deste caderno colaborativo. O caderno foi desenvolvido com o intuito de valorizar e promover os trabalhos produzidos por estudantes de moda, não tem como objetivo fins lucrativos e está, disponível para visualização download gratuito. Os autores e demais responsáveis envolvidos nos ensaios fotográficos publicados, estão cientes e autorizaram a publicações de seus trabalhos. Além desses ensaios ainda contamos com, textos e estrevistas com convidados.

INDEPIN INSTITUTO O Instituto de Desenvolvimento Educacional e Profissional Integrado – INDEPin – oferece cursos livres em diferentes áreas e atua como Editora, através de publicações colaborativas em formato impresso sob demanda e em formato digital para download gratuito. O Instituto não visa lucro com essas propostas de publicação, apenas busca contribuir para que produções de diferentes áreas sejam disponibilizadas facilitando o acesso. Agradecemos a colaboração e interesse de todos os participantes! Att; Miriam Piber Campos Wagner Ferraz


SUMÁRIO

Trabalhos de Estudantes de Moda e Convidados!

A arte de (não) fazer um blog de moda Por: Vander Corrêa Pág. 09

Sombra e Arte Por: Lu Trevisan UFRGS Pág. 13

Uma entrevista e um agradecimento (Com Gustavo Werner) Por: Vander Corrêa Pág. 29


Arte Vintage Por: Maiara Rosa FACULDADE SENAC/POA Pág. 35

Ludic Trip Por: Bruna Rockembach Cheveste UNIVERSIDADE FEEVALE Pág. 47

Traços da filmografia de Almodóvar nas costuras de Martins Paulo Por: Cláudia Campos ULBRA Pág. 59

Traços da filmografia de Almodóvar nas costuras de Martins Paulo Por: Anderson Luis de Souza UNIVERSIDADE FEEVALE Pág. 73



TEXTO CONVIDADO

A arte de (não) fazer um blog de moda Vander Corrêa

Eu falhei. Miseravelmente. Meu blog de moda masculina não durou seis meses :( e olha que eu estava empolgado. Tudo começou porque curto o tema e decidi que, como jornalista, com um texto razoável, seria capaz de manter um blog assim e ainda ter muitos leitores e curtidores. E, enfim, chegaria o dia do estrelato (bah, eu podia sentir o cheiro do vento na Torre Eiffel, onde eu obviamente cobrira as semanas de moda em looks descoladérrimos, claro). Mas, aí, né?, vem a hora de colocar a mão na massa. E comecei bem, sério mesmo. Antes de colocar o blog no ar, fiz um monte de post e deixei eles reservados para “ter uma gordurinha”. No dia da estreia, estava nervoso. Coloquei ele no ar e um batalhão de fiéis amigos que tenho fez um serviço lindo e em poucas horas eu já tinha mais de uma centena de curtidas. Arrasei. Estava chegando lá, a caminho do topo. Passados os dois primeiros meses, as coisas começaram a estabilizar e, por mais que eu me empenhasse nos textos, a audiência não subia, muito menos as curtidas no Facebook. Comentários, então, raríssimos. Não desisti e perseverei, firme. Postando todos os dias e acreditando. Mas o retorno que eu queria não vinha. Comecei a ficar com “ódio” dos leitores. “Essa gente uó não entende o trabalho que estou fazendo”, pensava eu, humilde. Faltou, naquela ocasião, eu entender que essas coisas estavam acontecendo, sim, só que em uma velocidade muito menor do que a minha expectativa, que era altíssima. Não me liguei que estava falando para um público bem restrito e homens curtindo artigos de moda não é a coisa mais comum do mundo. Além disso, não tem jeito, o internauta é cruel, se ele não se interessar pelo tema, não vai entrar no post. Se se interessar e ler e gostar, nem sempre vai voltar para curtir. Paralelamente a isso, uma coisa terrível aconteceu. Lembra dos “posts gordurinha” que fiz? Pois é, como passou muito tempo desde que eu os havia escrito e demorei para publicá-los, quando precisei as informações estavam ok, 9


mas a linguagem..., um horror! Minha escrita e a maneira como eu pensava o tema tinham evoluído de mais e aquilo, na tela do meu computador, parecia um texto de um adolescente sem noção. Resultado, quase vinte posts colocados fora ou editados um milhão de vezes, o que não é muito sábio quando se está de cara. E aí, a empolgação, que já não estava lá aquilo tudo, diminuiu mais. Nos dias em que não dava para escrever (sim, você precisa planejar um momento todos os dias, eu disse todos os dias, para escrever, caro leitor), eu simplesmente não publicava nada. Um pouco mais de um mês depois de deixar de publicar diariamente, parei com o blog. De repente, a inspiração foi embora e todos os temas pareciam esgotados. Criei aversão até a entrar na página do blog. Balanço final: sem vento, sem torre Eiffel, sem glamour. Olhando para trás, identifico dois erros cruciais: primeiro, faltou originalidade e criatividade. Meu blog não tinha uma novidade, algo que fizesse com que o cara quisesse me acompanhar e não acompanhar outro blogueiro qualquer. Eu era mais do mesmo. A segunda coisa que faltou foi aprimorar uma linguagem. Eu estava escrevendo de uma forma muito burocrática e chata. O internauta não quer, em sua maioria, informação com todos os detalhes. Ele quer se entreter e quer um teaser sobre um assunto. Se for o caso de querer saber mais, ele já conhece o caminho do Google. Ou seja, eu era mais do mesmo e, ainda por cima, era chato (#porravander). Mas o que faltou, mesmo? Planejamento e mais estudo e dedicação. Não adianta, podem xingar a Anitta do que for, mas a pinta estuda e ensaia mais de oito horas por dia para fazer o que faz e ter retorno. Nem ser funkeira (amo a Valeskinha #beijinhonoombrohino) é fácil hoje em dia. Então, se você quer ter um blog de moda bem sucedido, faça o que eu não fiz, ou, pelo menos, não faça o que eu fiz. Tem que estudar muito. Tem que ser ágil, estar ligado no mundo e tem que querer muito. Há um universo de blogs lixo na internet que perduram mais do que blogs com conteúdo bom. E por que isso acontece? Por que as pintas estudam e estudam e fazem parcerias e metem as caras. Escrever bem não é sinônimo de sucesso. Perseverança, eu acho, deve ser (snif, Paris!).

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A arte de (não) fazer um blog de moda

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Sombra e Arte


ENSAIO FOTOGRÁFICO

Sombra e Arte By Lu Trevisan

Este editorial de moda é elaborado por meio da fotografia artística. Mobiliza elementos de práticas artísticas e estética de vanguarda. A modelo assume personagens em quadros teatrais com figurino e cenário em preto e branco, destacando contrastantes que podem ser vistos como uma brincadeira com o próprio processo fotográfico e maquiagem gráfica lembrando o surrealismo.

FICHA TÉCNICA Fotógrafa: Lu Trevisan Hair: Lu Trevisan Make: Lu Trevisan Modelo: Gabriela Trevisan Joias do designer Jewelry: Bernardo Rillo 13




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ENTREVISTA

Uma entrevista e um agradecimento Vander Corrêa

Há muito tempo, conheço Gustavo Werner. E tenho uma certeza (e muitas dúvidas) a seu respeito: ele pertence a uma categoria rara de pessoas. É daqueles que transforma a vida de quem cruza seu caminho. E talvez essa seja a explicação para que todos sejam tão passionalmente apaixonados por ele ( minha conclusão é empírica, sem dados científicos, mas gastei bastante tempo em busca dela e sei que é a mais razoável).

consequência

e

não

meio”.

A entrevista que segue é, antes de tudo, uma homenagem e um agradecimento. Por todas as coisas simples que ele me ensinou. (Um alerta: se você vai realmente ler esta entrevista, saiba de antemão que o entrevistado sempre diz o que pensa. O que ele busca não é consenso, pelo contrário, o Gustavo é, essencialmente, um sedutor

Foi o que ele fez comigo, por exemplo. O contato com este criativo (chamá-lo de estilista, empresário, professor, produtor de moda e de eventos, palestrante... seria reduzi-lo a categorias pequenas demais para ele) foi um divisor de águas para mim. Com ele, entre milhões de outras coisas, aprendi algo simples, mas real e que parece fora de moda para os novos modistas: “nada nessa vida se faz sem paixão, sem verdade e sem dedicação. Holofote é 29


provocador. Ele sempre nos tira da zona de conforto e nos faz pensar. E isso é raro hoje em dia.)

Vander Corrêa: Qual a grande ilusão que quem estuda moda tem? (ele está costurando, depois que papeamos horas sobre outros assuntos e que fizemos uma revisitada básica em todo o seu currículo)

Gustavo Werner: O aluno acha que tudo vai dar certo da noite para o dia. Que ele vai criar algo revolucionário, sem muito esforço, e que vai vender horrores. Ele, em geral, se considera criativo de mais e não se dá conta de que o início é apenas o início. Tem muita poeira pelo caminho. Trabalho desde os 18 anos com moda. São 15 anos me reinventando todos os dias para poder viver dela e, para isso acontecer, você tem que ser um apaixonado.

VC: Como se destacar no mercado brasileiro? Ele tem futuro? (agora ele já está sentado no sofá, mas continua lidando com as peças que está produzindo)

GW: Sim, tem futuro. Mas ele vai demorar a chegar. Estamos apenas no início dessa história toda, pensar em design é algo muito novo no Brasil, por isso essas crises que acontecem no mercado nacional são normais e esperadas. Apenas os perseverantes sobreviverão.

Agora, no momento atual, estou pessimista com a moda brasileira, porque parece que ainda estamos procurando uma identidade dentro da identidade brasileira. Ela precisaria ser mais livre e menos preconceituosa. No Brasil, até a roupa é carregada de preconceitos.

Além disso, o material é caro. A mão de obra é escassa. Costureira 30


qualificada, por exemplo, é artigo de luxo. Ninguém mais quer ser costureira, todas querem ser estilistas. Estamos dando uma bela patinada.

VC: A moda brasileira é inovadora? (pausa dramática do entrevistado...)

GW: Há alguns nomes que, sim, trabalham com inovação, mas não é a maioria. A moda brasileira não é conhecida pela inovação. Ainda não temos história e tradição para tanto.

VC: Apesar de ser professor há bastante tempo, tu nunca foi um teórico, nem parece acreditar muito na importância dela para a moda... (concordando muito com a cabeça, nem me deixa terminar de perguntar)

que apenas a ideia já basta. Não basta! A ideia sem execução não vale absolutamente nada porque tudo se modifica quando tu faz, quando tu torna real, inclusive o pensar. Eu, particularmente, não acredito em um profissional que só pensa e não mete a mão na massa.

VC: Tua moda é bastante comercial, mas teu estilo é bem particular. Como tu entende o que é estilo e o que é moda? (lisonjeado, faz um pouco de filosofia...)

GW: Estilo é aquilo que permanece e amadurece com o tempo. É mutante mas mantém a essência que permanece e tende a não se modificar. A maior parte das pessoas acabam não tendo estilo pois é algo muito sutil e sensível.

GW: Eu sou da prática. Para a coisa existir, ela precisa ser pensada. Isso é diferente de “encher linguiça”. É muito mais importante tornar o pensamento real do que ficar pensando, indefinidamente. A coisa tem que virar 3D, tem que se tornar real. As faculdades ficam no campo teórico e os alunos acham 31


É difícil explicar, mas se percebe com facilidade. Já a moda é uma coisa usada para vender produtos. Tu pode passar a vida na moda, mas nunca ter um estilo.

VC: O que tu pensa sobre os blogs de moda? (nesta pergunta, ele respira fundo antes de responder e mexe a cabeça num movimento de negativa. Eu acho graça.)

GW: Acho um saco.Respeito algumas coisas, mas na maioria das vezes, são muito rasos e... como tem coisa ruim nessa internet... É sempre a mesma receita de bolo, manjada e sem graça. Hoje em dia, qualquer um que quer “viver de moda”, pensa: “vou fazer um blog”. O pior é que o mercado ouviu essa gurizada e deu muita importância para ela porque tudo virou curtida. O mercado se prostituiu por um dedo em riste. Agora que pariu esse monstro não sabe o que fazer com ele. E o pior é que a criatura é capaz de engolir o criador.

VC: Por que tu não acredita em quem fala em tendências? (Esta pergunta também foi feita só para sacanear e ele volta a suspirar. Eu me divirto de novo) 32

GW: Porque quem fala em tendência não se dá conta de que não consegue falar em comportamento. Ficam olhando o que as grandes marcas estão fazendo e afirmam que aquilo é tendência. Acredito que isso é um instrumento de manobra para aumentar vendas e não para entender o que o consumidor realmente quer. Ele é induzido pelo mercado a comprar aquilo que é vendido como tendência para a grande massa, mas acredito, sim, em tendência de comportamento como por exemplo, os filmes, os livros, as músicas... e como isso reflete no teu desejo de compra. Aí começa uma tendência de comportamento, que vem antes de tendência de roupa.

VC: O que tu pensa a respeito das faculdades de moda? (cauteloso, para não generalizar.)

GW: Tudo vai depender do que você faz com ela, mas, geralmente, em moda, quem faz apenas a faculdade perde o emprego para quem não tem medo de aprender na prática. Fora isso, o mercado de educação brasileiro também está prostituído porque tem uma oferta enorme de cursos e virou


moda fazer moda. O professor acaba não tendo autoridade, não tem como motivar e dirigir o aluno, que, hoje em dia é visto como um cliente. E o curso não é mais um curso é um produto.

VC: O que os estudantes de moda precisam hoje em dia? (rápido. A resposta já parece pronta.)

GW: Eles precisam, essencialmente, de quatro coisas que dependem só dele e de mais ninguém: superar o medo de meter a mão na massa; conhecimento técnico (a teoria não é suficiente); sede por entender o mercado; aprender a refletir em cima do pensamento e torná-lo real.

VC: Tu começou fazendo só moda masculina, depois foi para a feminina e agora está se virando entre as duas. O que isso quer dizer a teu respeito? (antes de responder, ele pensa um pouco, parece que buscou lá atrás algum subsídio para responder)

momento. Se erro, não tenho o menor pudor em recomeçar e faço isso o tempo todo. Ao longo destes 15 anos, as coisas foram se remodelando e fui surfando a onda. Hoje estou aqui, amanhã posso estar lá. Não me importo muito com isso. O que me interessa mesmo é seguir meu instinto.

VC: #temcomonaoamar? (esta pergunta é pra você, nobre leitor)

OBS: A loja do Gustavo, a Makumba, fica na João telles, 531 (em frente ao Ocidente, em Porto Alegre). No Facebook: https://www. facebook.com/makumba.gw

GW: Significa que eu não estou nem aí para receitas. Faço o que acredito ser certo naquele 33



ENSAIO 1

Arte Vintage By Maiara Rosa

Com sutil toque barroco o editorial “Arte Vintage”, trás fotos em um antiquário onde a moda atual e urbana se mistura a peças com mais de 200 anos, mostrando que o antigo é atual, e que o vintage é moda.

FICHA TÉCNICA Fotógrafo: José Luis de Paula Hair: Maiara Rosa Make: Maiara Rosa Locação: Riboli Antiguidades Assistente de Produção: Camila Luise Borba Modelo: Marina Ariane Pozza

Colete de pele: Ateliê Maiara Rosa Saia de Couro: Ateliê Maiara Rosa Cinto, Sapatos e Meias: Acervo da produtora.

Agradecimentos: Riboli Antiguidades 35






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ENSAIO 2

Ludic Trip By Bruna Rockembach Cheveste

Na arte o homem cria beleza ao se esforçar por dar expressão ao mundo material ou imaterial que o inspira. O lúdico refere-se a uma dimensão humana que evoca os sentimentos de liberdade e espontaneidade de ação. Abrange atividades despretensiosas, descontraídas e desobrigadas de toda e qualquer espécie de intencionalidade ou vontade alheia. É livre de pressões e avaliações. O editorial Ludic Trip é o convite a uma viajem que traz o libertar, a fantasia, a arte em seu íntimo.

FICHA TÉCNICA Fotógrafo: Daniel Cheveste Rosano Hair: Bruna Rockembach Cheveste Make: Bruna Rockembach Cheveste Modelo: Bruna Rockembach Cheveste Locação: Museu do Trem - São Leopoldo

Looks cedidos pelo acervo da loja Brilha Noivas Canoas e acervo pessoal. 47




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FICHA TÉCNICA Fotógrafo: Graziela Vicente, Bruna Flores, Marcelo Zucchi, Laura Haddad e Emanuel Marques (Alunos do curso superior em Fotografia/ ULBRA) Hair: Cláudia Campos e Priscila Oestraich (Curso superior em Design de moda/ULBRA) Make: Stéfani Paes (Curso superior em Estética e Cosmética/ULBRA) Modelo: Alexandrina Chaves Tavares, Bianca Alethea e Priscila Oestraich Locação: Auditório do Prédio 11/ Campus ULBRA

O ensaio fotográfico foi feito em parceria com os alunos do curso superior de fotografia, também, com a aluna do curso superior em Cosmética e Estética. Essas parcerias com o curso de Design de Moda são comuns nos trabalhos que desenvolvemos dentro da Universidade Luterana ULBRA. Cada curso fica responsável por sua área de atuação e cada um com seus créditos no editorial. Os looks utilizados nas fotos são peças confeccionadas pelas alunas do curso superior em Design de Moda/Ulbra, nas disciplinas de Moulagem e montagem, Acessórios e customização, ambas com a Professora Mariana Castro. Foram utilizadas as peças produzidas pelas alunas, com intuito de apresentar o trabalho feito dentro da Universidade. Os looks pertencem: o corselet vermelho e saia, aluna Kelly Mattos, o corselet branco, aluna Ana Paula Rangel; o corselet amarelo e ceroulas, aluna Cláudia Campos; os acessórios, as alunas Júlia Nunes e Cláudia Campos. 58


ENSAIO 2

Releitura da obra de Toulouse Lautrec: Cabaret By Cláudia Campos e Danielle Araújo

O editorial de Moda, “releitura da obra de Toulouse-Lautrec: Cabaret” buscou inspiração na obra desse artista vanguarda do modernismo e do art Nouveau. Nesse período artístico, os artistas saíram do atelier e começaram a pintar ao ar livre, registrar a sociedade e os momentos fugazes. Toulouse-Lautrec conviveu com a boemia e seus personagens do Bairro de Montmatre, em Paris. Foi neste bairro que tirou suas inspirações para produzir suas obras. Pintou os cartazes de Moulin Rouge, registrou em seus quadros a boemia parisiense, destacando a individualidade das pessoas que vivia naquele ambiente. É nesse espírito parisiense reproduzido pelo artista, que esse ensaio fotográfico vem mostrar uma releitura contemporânea da sua obra. O cabaret não é mais o mesmo, são os auditórios de espetáculos e, as prostitutas/dançarinas, são atrizes formosas, respeitadas pela sociedade. A roupa e a individualidade das pessoas ainda mantêm, com a sexualidade e beleza daquela época, sendo valorizado na atualidade. A produção do ensaio fotográfico foi realizada pelas alunas do Curso Superior em Design de Moda, Cláudia Campos e Danielle Araújo, com uma parceria com o curso superior de Fotografia e o curso superior em Cosmética e Estética. Tendo como direção de Fotografia o professor Fernando Pires, que orientou seus alunos a realizar as fotos.

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TEXTO

Traços da filmografia de Almodóvar nas costuras de Martins Paulo Anderson Luis de Souza

O artigo a seguir, foi originalmente publicado na edição 05 da revista digital Informe C3 em 2009, e aqui é revisitado apresentando uma breve análise sobre uma criação em moda que tomou como referência para sua composição parte da filmografia do diretor de cinema espanhol Pedro Almodóvar.

1. Imagem As imagens são meios de expressão que fazem parte da cultura humana desde seu início mais remoto, sejam estas imagens expressas como pinturas rupestres, tatuagens na pele de múmias, desenhos pintados ou estampados sobre materiais têxteis, figuras impressas sobre papel, etc. São imagens que acabam vindo a ser objeto de estudo de várias áreas do conhecimento humano, já

que tais imagens possibilitam e apresentam uma infinidade de relações, contatos e movimentos na vida daqueles que de alguma maneira entram em contato com tais imagens.

“as investigações das imagens se distribuem por várias disciplinas de pesquisa, tais como a história da arte, as teorias antropológicas, sociológicas, psicológicas da arte, a critica de arte, os estudos das mídias, a semiótica visual, as teorias da cognição. O estudo da imagem é assim, um empreendimento interdisciplinar.” SANTAELLA (2005, p.13)

É importante compreender que a imagem não é apenas um fenômeno sensório proporcionado pela visão. Pois segundo SANTAELLA (2005) as imagens podem ser divididas em dois domínios. O domínio das 73


imagens como representações visuais, onde as imagens partem de objetos materiais identificados pelo órgão olho, como por exemplo, desenhos, pinturas, gravuras, esculturas, fotografias, imagens cinematográficas, televisivas, holográficas e infográficas. E o segundo domínio que existe a partir de imagens imateriais. Domínio que parte das imagens geradas na mente humana, imagens que surgem como representações mentais, imaginações. E estes dois domínios da imagem não podem existir sozinhos, pois dependem um do outro para existir.

“Não há imagens como representações visuais que não tenham surgido de imagens na mente daqueles que as produziram, do mesmo modo que não há imagens mentais que não tenham alguma origem no mundo concreto dos objetos visuais.”. SANTAELLA (2005, p.15)

E retomando o que foi dito anteriormente, imagem não é apenas visual é também olfativa, auditiva, gustatória, vindo a ser uma imagem que se dá no pensamento. Pois segundo 74

Damásio, apud GREINER,2005:

“se refere, portanto ao termo “imagem” quer dizer um “padrão mental” com uma estrutura construída com sinais provenientes de cada uma das modalidades sensoriais (...). Essa modalidade somatosensitiva inclui várias formas de percepção: tato, temperatura, dor, percepção muscular, visceral, vestibular.” (p.72).

São muitas as teorias sobre o assunto “imagem”, muitas delas se opõem e outras se complementam. Porém dentro destas teorias destaco as percepções de SANTAELLA (2005) ao comentar sobre o quanto é relativo interpretar uma imagem. Pois com base no pensamento da autora, para cada imagem a forma como ela será interpretada dependerá de como esta imagem poderá ser apresentada, e/ou dependerá do contexto onde esta imagem está inserida.

1.1 Imagens e Moda Na sociedade contemporânea, falar de moda


é falar diretamente de imagens específicas geradas pela mídia impressa, digital meios de comunicação e eventos de moda. A Moda é algo que tem movimentado as sociedades que são regidas de alguma forma pelo sistema capitalista. Seres que diariamente são bombardeados com milhões de informações sejam estas imagens apresentadas na televisão, em revistas, jornais, outdoors, internet. Os geradores dessas imagens se utilizam de artifícios não apenas visuais, mas outras formas de proporcionar sensações, interpretações e representações, como por exemplo, o cheiro de um perfume doce, o odor de café passado na hora, a fumaça de cigarro, o som da buzina de um carro, a música ouvida no rádio, o gosto peculiar de um queijo tipo gorgonzola, o azedo de um limão siciliano, o amargo do café sem açúcar, ou mesmo o cheiro de suor. E é bem provável que quando um indivíduo se depara com exemplos como os citados, seja tocado ao menos por uma sensação proporcionada pelos casos apresentados. A moda, em especial a que trata de produtos do vestuário, estabelece uma

relação praticamente inseparável com a imagem. Pois para uma determinada marca de roupas levar seu produto ao conhecimento do consumidor se faz necessário apresentá-lo de alguma maneira, proporcionar o contato deste consumidor com este produto. Este contato pode se dar de diversas maneiras, por exemplo, através de fotos impressas nas páginas de uma revista ou publicadas em um site na internet, de uma propaganda na televisão, do produto exposto em uma vitrine, através de um desfile de moda ou entre tantas outras formas. O desfile é um artifício muito utilizado para apresentar os produtos de moda, possibilitando que um grande número de pessoas possa ter acesso às informações sobre a marca e os produtos desfilados, pois embora, em sua maioria, os desfiles sejam assistidos presencialmente por uma plateia com número limitado de pessoas (com exceção das transmissões ao vivo). A partir de um desfile são geradas muitas imagens, registros visuais (fotográficas, textuais e/ ou audiovisuais) que podem vir a serem apresentados em revistas, jornais, sites na internet e programas de televisão, tendo 75


começa sua pesquisa partindo de uma ideia inicial ou mesmo de um mix de informações que lhe são potentes para sua criação. Uma das técnicas de desenvolvimento de coleção consiste em pesquisar o assunto que se pretende abordar, e ir juntando imagens que possibilitarão a construção de painéis de inspiração, painéis temáticos. Painéis de onde serão extraídos os elementos que irão compor esta coleção, como cores, formas e detalhes, elementos que possibilitarão complementar a criação dando sentido a golas, bolsos, calçados, estampas, acessórios etc.

um alcance de disseminação da informação muito maior.

E uma inspiração pode surgir de qualquer coisa, de uma foto antiga desgastada pelo tempo, de uma xícara de porcelana trincada, ou a exemplo do estilista Alexandre Herchcovitch que para sua coleção masculina do verão 2007/2008 teve como inspiração bandas de Death Metal e a apologia ao horror, que era representado na coleção por “botas pesadas, com apliques de metal e sola-trator; acessórios contrastantes, camuflagem; maquiagem pesada, uso insistente do capuz” HERHCOVITCH (2007, p.22).

Alguns elementos utilizados na passarela auxiliam na construção da imagem que o estilista deseja transmitir. A cenografia, a iluminação, os acessórios, as modelos, a maquiagem, os penteados, a música, ou seja, um conjunto de elementos que permitirá ao estilista apresentar ou mesmo dar indícios (se for de seu interesse) de como se deu sua criação e quais foram as referencias usadas na composição de sua coleção.

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O desfile de moda acaba sendo um dos principais meios através do qual o criador pode apresentar seu produto de maneira que o consumidor venha a ter o desejo de consumir o produto apresentado na passarela. As roupas apresentadas em desfiles possibilitam a apresentação de imagens que indicam modelos representacionais de estilos de vida, ou mesmo que possam servir de elementos que auxiliem na composição de diferentes estilos de vida.

Ao iniciar o desenvolvimento de uma coleção de artigos de vestuário, o estilista


E uma das características que popularizaram o trabalho de Alexandre e de tantos outros estilistas, tem sido a busca pelo inusitado, criando a partir de temas inesperados, fugindo do senso comum, ou mesmo se utilizando deste senso comum, porém de maneira diferente ao que já foi feito até então.

2. Imagens criadas por Almodóvar que inspiram a moda

A partir dos anos 30 a moda passou a se popularizar por intermédio do cinema. Neste período de pós-guerra e recessão econômica, o cinema passou a construir modelos idealizados de vida como forma de aquecer a economia. O que resultou no aparecimento das grandes Divas como Marlene Dietrich, Greta Garbo, Marilyn Monroe, entre outras que inspiram a criação de moda até hoje. Entre tantos trabalhos cinematográficos que acabam por potencializar muitas criações em moda, pode se destacar o trabalho do cineasta espanhol Pedro Almodóvar que ao longo

de sua carreira como diretor criou uma maneira singular de contar suas histórias. Sempre pontuadas por dramas familiares, acontecimentos absurdos, criticas sociais, sexo, humor sarcástico, comédia, suspense, violência e realismo. Sendo capaz de prender a atenção do espectador com longos diálogos sem precisar explodir um carro sequer. E embora possa parecer que a receita seja a mesma para todos os seus filmes, o resultado de cada trabalho possui características distintas. E tomando como referencia algumas imagens de filmes criados por Almodóvar, em 2009 o piauiense Martins Paulo, naquele momento, certificado em Design de Moda e estudante de Artes Visuais na Universidade Federal do Piauí (UFPI), desenvolveu para a 11ª edição do Prêmio Rio Moda Hype(1) uma coleção intitulada Mujeres em rojo sangre. Coleção basicamente de roupas femininas que visava representar de maneira intensa e complexa as mulheres de Almodóvar de uma Espanha Kitsch e pop.

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da Espanha onde nasceu o Almodóvar) e por detalhes de trajes folclóricos, como a exemplo dos babados das saias do flamenco.

2.1 - O “rojo sangre”

Imagem 01 - 11º Prêmio Rio Moda Hype, desfile Martins Paulo, look 01. 2009. Foto: Anderson de Souza.

Nos filmes de Almodóvar, as tramas apresentadas têm como cenário sempre a Espanha, retratando de forma detalhada hábitos e costumes da população local. Martins Paulo divulgou no release de sua coleção, que suas inspirações partiam da primeira fase da filmografia do diretor, ou seja, período que compreendeu os anos oitenta e início dos anos noventa, complementadas por referencias das roupas tradicionais da região de La Mancha (região 78

A cor rojo sangre que traduzido do espanhol para o português vem a ser “vermelho sangue” e que dá nome a coleção do estilista, está presente em todos os dez looks(2) apresentados, e também se trata de uma cor presente em todos os cartazes da filmografia do diretor espanhol. Em ambos os casos a cor aparece hora em grandes imagens, hora em pequenos detalhes.


Imagem 02 - 11º Prêmio Rio Moda Hype, desfile Martins Paulo, look 01. 2009.

rapidamente que o objeto em si.

Foto: Anderson de Souza.

E analisando a fotografia do primeiro look(3) apresentado por Martins Paulo em seu desfile, pode ser observado que o vermelho sangue pontua praticamente todo o look, estando presente nos óculos, em praticamente todo o top (parte superior do conjunto), e em detalhes nas camadas de babados da saia. O uso desta cor que chama tanto a atenção em relação às demais cores seria uma forma de causar impacto? O vermelho em torno aos olhos que se espalha pelo restante da peça seria um pedido de atenção? Afinal de contas, esta cor é comumente utilizada dentro do contexto de se chamar a atenção para algo, seja no trânsito nos faróis dos veículos automotores, nas placas de atenção, sinais de perigo ou mesmo na moda através de cartazes de liquidação. E é provável que esta cor que causa tanto impacto, tenha esta propriedade de reagir sobre o individuo exatamente por remeter o imaginário do observador a outros objetos que tenham esta cor. A cor é percebida mais

Ao reagir à cor, o indivíduo sofre ação do objeto: é uma atitude passiva. Ao contrario, ao perceber a forma, ele tem que examinar o objeto, definir sua estrutura, e elaborar uma resposta: é uma atitude ativa, e é isso que caracteriza a mente mais ativamente organizadora. FARINA apud SCHACHTEL (1986, p.104)

E relacionando a presença do vermelho neste primeiro look(4) de Martins Paulo, com a utilização desta mesma cor nos filmes de Almodóvar, podese chegar a interpretações semelhantes, pois esta cor está presente nos cartazes dos filmes podendo ser uma forma de chamar a atenção para os títulos, sendo utilizados não apenas nas fontes, mas também nas imagens que insinuam sexo, violência, perigo, calor, sangue entre outras possíveis leituras que dependem da memória de cada indivíduo. O que pode ser confirmado por Farina ao citar Gérard ao dizer que a “memória é a modificação do comportamento pela experiência” (1986, p.109) 79


uma primeira impressão que fosse marcante? Pois analisando a foto deste look, uma das impressões que pode se ter é que a modelo caminha ao encontro dos olhos do observador, demonstra intenção de se aproximar mesmo sendo a foto uma imagem estática.

Imagem 03 - 11º Prêmio Rio Moda Hype, desfile Martins Paulo, look 01. 2009. Foto: Anderson de Souza.

E a cor que predomina nesse primeiro modelo e que se dissemina por todo o restante da coleção de Martins Paulo, também pode ser referenciada ao sentidos simbólicos da cor, pois segundo FARINA (1986), esta cor simboliza aproximação, seria uma cor que proporciona um encontro. Seria o encontro dos olhos com esta primeira sensação? Seria o encontro dos presentes no desfile com este primeiro look da coleção? Seria a intenção de 80

Imagem 04 - Cartaz PEDRO ALMODÓVAR - (Pepi, Luci,Bom y otras chicas del montón) - 1980; color. Disponível em: <http://ssrj-musica-livros. blogspot.com/2009/04/baixar-filmes-pedroalmodovardescarga.html>. Acesso em 15 de junho de 2009.

Além das leituras apresentadas até então, é importante frisar que o vermelho é uma cor que apresenta diversos significados em muitas culturas. E


na cultura ocidental, pode estar associado a um vasto repertório de imagens e termos correlatos como a vida, a morte, a paixão, a amor, a sensualidade, a calor, etc. Leitura que pode ser feita em decorrência do vermelho ser a cor do sangue, sangue que da vida, o sangue que circula pelos corpos sendo bombeado pelo coração, o sangue que aquece, o sangue da menstruação, o sangue que escorre do nariz ou da boca ao se levar um soco, o sangue que cristo derramou na cruz, etc. E que segundo Goethe (1993), é a cor que apresenta alta-energia, estando associada a pessoas enérgicas, sadias e brutas, observada entre povos tidos como selvagens e em crianças. Sendo que todas estas leituras podem ser facilmente associadas à filmografia de Almodóvar.

Laberinto de Pasiones (1982) (6) na cena onde ele aparece cantando algo ao estilo New Wave oitentista. A cintura marcada também pode fazer referência ao filme ¡Átame! (1989)(7) , onde Marina Osorio (personagem vivida por Victoria Abril) uma atriz pornô que é raptada e amarrada por um admirador obcecado. E esta imagem da cintura marcada pode ser associada às imagens de espartilhos e corpetes que aprisionavam as mulheres em seus interiores, modelando e deformando suas silhuetas, o que muito além da busca pela sensualidade, pode ser relacionado a uma repressão feminina(8), a um sufocamento causado pela prisão a modelos e valores tradicionais equivocados e ultrapassados e, de certa forma, uma prisão ao passado.

2.2 - As formas A cintura alta e marcada por um cinto largo, assim como os recortes que dão estrutura e valorizam as curvas do corpo feminino, complementado por um abotoamento frontal, pode remeter ao trenchcoat(5) usado pelo próprio Almodóvar em

Imagem 05 - Cartaz PEDRO ALMODÓVAR -

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(Labirinto de Pasiones) - 1982; color. Disponível em: <http://ssrj-musica-livros.blogspot. com/2009/04/baixar-filmes-pedro-almodovardescarga.html>. Acesso em 15 de junho de 2009.

este período. Embora em alguns conceitos de moda os babados possam ser interpretados como referência de romantismo e feminilidade.

Imagem 06 - Cartaz PEDRO ALMODÓVAR (¡Átame!) - 1989; color. Disponível em: <http://ssrj-musica-livros. blogspot.com/2009/04/baixar-filmes-pedroalmodovardescarga.html>. Acesso em 15 de junho de 2009.

As camadas sobrepostas dos babados da saia podem referenciar as saias de dança flamenca, muito tradicional na Espanha, como as saias que compõem o figurino do filme La Flor de mi Secreto (1995)(9) . Ou mesmo aos exageros dos anos oitenta, presente em praticamente todos os filmes do diretor durante 82

Imagem 07 - Cartaz PEDRO ALMODÓVAR – (La Flor de mi Secreto)- 1995; color. Disponível em: <http://ssrj-musicalivros. blogspot.com/2009/04/baixar-filmes-pedroalmodovardescarga.html>. Acesso em 15 de junho de 2009.

Os detalhes entrelaçados em azul, vermelho e preto, presentes nas laterais do top, podem se referir a toda a trama construída nos filmes de Pedro.


Trama envolvente que acaba hipnotizando pela minúcia como é construída. Tramas como a de Yolanda no filme Entre Ti-nieblas (1983)(10) onde a personagem, vivida pela atriz Cristina Sánchez Pascual, cantora e aventureira, que sofre o drama de perder o noivo, morto por overdose, passa a ser perseguida pela polícia, acaba se refugiando em um convento. Porém, entre as irmãs encontra a mesma vida que conhecia no mundo exterior, incluindo uma madre superiora viciada em heroína que se apaixona por ela. Além de outras irmãs que também possuem seus hábitos viciosos.

Disponível em: <http://ssrjmusica-livros.blogspot. com/2009/04/baixar-filmespedro-almodovardescarga.html>. Acesso em 15 de junho de 2009.

O calçado, um par de escarpins pretos, abertos na frente com tiras cruzadas e salto médio, um modelo que pode ser considerado tradicional entre as mulheres, podendo remeter a uma tradição, uma formalidade, a um modelo. E assim como o corpete, modelando e possivelmente proporcionando uma nova silhueta ao corpo, lhe projetando mais alto do que ele realmente é. Seria este sapato um elemento que proporcione uma superioridade? Uma supremacia feminina? Que reforce a importância da imagem desta mulher por onde ela caminhe?

Conclusão

Imagem 08 - Cartaz PEDRO ALMODÓVAR – (Entre Tinieblas)- 1983; color.

A análise deste look apresentado por Martins Paulo dentro do 11º Prêmio Rio Moda Hype, possibilita um grande número de interpretações, questionamentos e até mesmo devaneios. Questionamentos que não possuem a necessidade nem obrigação de serem 83


respondidos, mas que talvez torne possível a criação de novos questionamentos, que leve a pensar. O uso de cores, formas, texturas, recortes e caimentos foram compostos de tal modo, que vejo neste trabalho de moda algo de muito criativo e inventivo, onde nenhum dos simbolismos e interpretações mencionadas aqui, assim como as possíveis referencias fílmicas são representados de maneira obvia e/ou utilizadas de modo clichê. Ao rever este texto escrito por mim a aproximadamente 5 anos atrás, vejo que o que me chamou a atenção no trabalho deste estilista, foi exatamente a minha capacidade de não poder descreve-lo, pois por mais que eu tenha tentado traduzi-lo em palavras utilizando-o como um exemplo de criação em moda, vejo o quanto deixou de ser dito e quanto todo este não dito é movente, e é violência que me avassala criando e compondo novas imagens, a cada vez que me coloco em contado com as imagens e informações sobre este desfile. Sendo tal violência o que torna este trabalho de Martins Paulo tão potente para mim. Por 84

me colocar a pensar. Talvez esta força não tenha a mesma potência para outras pessoas, talvez algum dia esta força deixe existir para mim, ou talvez ainda apenas eu tenha visto força nesta criação. Penso que a potência deste artigo está exatamente em tudo que não foi dito.

Notas: (1) - Disponível em : http://www. riomodahype.com.br/ Acessado em 15 de junho de 2009. (2) - O termo look está sendo empregado aqui no sentido de conjunto de peças de vestuário, é o estilo, o resultado da soma de roupa, acessórios, maquiagem e cabelo, que se percebe numa


única olhada. Sinônimo de visual – disponível em http://dicionario. babylon.com/LOOK Acessado em 15 de junho de 2009. (3) - Ver imagens 1,2 e 3. (4) - Ver imagens 1,2 e 3. (5) - Casaco oitocentista em estilo militar, com dragonas e uma pala dupla nos ombros. No século XX, a versão civil do casaco de soldado da Primeira Guerra Mundial tornouse conhecida como trenchcoat. Feito de lã leve ou misturado à algodão, é usado como capa de chuva ou como sobretudo. Disponível em http://dicionario. babylon.com/ Acessado em 15 de junho de 2009. (6) - Ver imagem 5. (7) - Ver imagem 6. (8) - Ver imagem 4. (9) - Ver imagem 7. (10) - Ver imagem 8

Referências Bibliográficas FARINA, Modesto. Psicodinâmica das cores em comunicação. São Paulo: Edgard Blücher, 1986.

GOETHE, Johann Wolfgang Von. Doutrina das Cores. São Paulo: Nova Alexandria, 1993.

HERCHCOVITCH, Alexandre. Coleção Moda Brasileira: Alexandre Herchcovitch. São Paulo: Cosac Naify, 2007.

SANTAELLA, Lúcia. Imagem: Cognição, semiótica, mídia. São Paulo: Iluminuras, 2005. Sites Pesquisados<http://www. martinspaulo2.blogspot.com/> Acesso em 15 de junho de 2009.<http://www.allmodovar. com.br/filmes/film.htmAcesso em 15 de junho de 2009.

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O INDEPIn agradece a participação de todos e parabeniza os que persistiram em todo o processo demonstrando proficionalismo e responsabilidade!

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