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Volume 29 n Edição 1 n Janeiro - Fevereiro 2015

PROPOSTO PELA ÍNDIA: UM DIA INTERNACIONAL DO YOGA

PROGRESSO AS NU COMPLETAM 70 ANOS

TRIBUTO SUBHAS CHANDRA BOSE

CONVERSA INSPECTORA SHAKTI DEVI


EVENTOS VINDOUROS PELA ÍNDIA CULTURA COMO TRIBUTO

O Festival Nacional de Dança e Música de Sirpur é um tributo adequado para o local budista de Sirpur. Evoluiu até se tornar no evento mais aguardado a nível nacional, com o Templo Laxman do séc. VII como grandioso pano de fundo. QUANDO: 16-18 de janeiro ONDE: Sirpur, Chhattisgarh

PONGAL

CARNAVAL DE GOA

Um festival de colheita com quatro dias de duração, o Pongal é celebrado em Tamil Nadu como agradecimento à Mãe Terra. As mulheres cozinham pongal, um prato doce com arroz recém- colhido. Adoração de gado, oferta de rezas ao Deus Sol, concursos de dança e de domação de búfalos fazem parte das celebrações.

O festival é uma extravagância de divertimento. O Carnaval de Goa apresenta um frenesim de atividades turísticas - as pessoas comem e festejam durante todo o dia. Os habitantes locais passeiam com indumentárias vibrantes pelas ruas de Goa. QUANDO: 14-17 de fevereiro ONDE: Goa

QUANDO: Janeiro 14-17 ONDE: Tamil Nadu

FESTIVAL DO DESERTO

Este festival de três dias termina numa lua cheia e apresenta a cultura rica e colorida do estado do Rajastão. Vestidos com indumentárias vibrantes e coloridas, os habitantes locais dançam ao som das baladas e das tragédias dos heróis populares. QUANDO: 1-3 de fevereiro ONDE: Jaisalmer, Rajastão

UTTARAYAN

O festival de Uttarayan, também conhecido como Festival Internacional dos Papagaios de Papel, anuncia a chegada da primavera e da época das colheitas. Durante uma semana, um mercado de papagaios aberto 24 horas por dia na capital do estado, Ahmedabad, antecede este festival. QUANDO: 14 de janeiro ONDE: Gujarat

FESTIVAL DE DANÇA DE KHAJURAHO O festival dá as boas-vindas à primavera. A mais brilhante e colorida das formas de dança clássica da Índia oferece um banquete visual durante esta extravagância, que dura a semana toda. Executadas com os templos Khajuraho como pano de fundo, são uma festa visual única. QUANDO: 20-26 de fevereiro ONDE: Khajuraho, Madhya Pradesh


Prefácio Ao participar ativamente em cimeiras multilaterais de topo, como a cimeira G20 na Austrália, a ASEAN em Myanmar e a SAARC no Nepal, a Índia está a mostrar ao mundo que está pronta para ser um elemento ativo no processo de definição de uma nova ordem mundial. O programa de Cooperação Técnica e Económica da Índia (Indian Technical and Economic Cooperation - ITEC), fundamental na disseminação do conhecimento técnico indiano a nível global, completou 50 anos de existência. No meio de todos estes feitos, as Nações Unidas completam 70 anos este ano e o seu lema “Young@70” (Jovem aos 70) promete umas NU revitalizadas, fortalecidas e apoiadas por países emergentes, como a Índia. Rakhigarhi, uma aldeia indistinta em Haryana, tem agora a honra de constar como um dos maiores locais da civilização Harappeana em todo o mundo. A reabertura da Universidade de Nalanda após 800 anos reforça a importância histórica da Índia como destino educacional. As histórias de sucesso continuam com a vitória do prémio Guardião da Paz Internacional, das NU, por parte da Inspectora Shakti Devi, devido ao seu trabalho para melhorar o estatuto das mulheres na polícia, lutando contra a violência baseada no género e apoiando as vítimas de abuso sexual. E Kailash Satyarthi partilhou o Prémio Nobel da Paz devido aos seus esforços contra o trabalho infantil e à luta pelos direitos das crianças. A apreciação global está a aumentar para a Índia, com o músico Shankar Mahadevan a falar da forma como a música indiana tem influenciado notas globais. O festival de Holi será celebrado com o objetivo de partilhar felicidade e construir laços por todo o mundo. O épico indiano Maabárata foi traduzido para Castelhano, aumentado a sua base de leitores e formas de arte tradicionais, como Pipli applique e Pata Chitra têm sido apresentadas no mundo da moda internacional. Visitamos Shekhawati, o destino dos lindíssimos havelis (antigas casas palacianas indianas) que contam histórias de cavalheirismo de tempos idos. E a não perder, os espetáculos de marionetas, cuja história remonta há quase 3000 anos na Índia. O Yoga encontra o seu lugar neste fascículo, através de um artigo que fala sobre a Assembleia Geral das NU que decidiu proclamar o dia 21 de Junho como o Dia Internacional do Yoga, seguindo a proposta do Primeiro-ministro, o Sr. Narendra Modi, no seu discurso em setembro de 2014. Revisitamos os Grandes Mestres do Yoga Indianos, um livro que reconta as origens do Yoga e apresenta os seus maestros. Finalmente, falamos sobre Ayurveda, uma herança indiana que encontrou uso na cozinha, criando comida que cura ao mesmo tempo que fornece sustento. E não perca a nossa cobertura visual do território da união de Puducherry, com arquitetura única influenciada pelos franceses e pelos portugueses.

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Volume 29 n Edição 1 n Janeiro - Fevereiro 2015

Editor: Syed Akbaruddin Editor Assistente: Nikhilesh Dixit Ministro das Relações Exteriores Sala Nº 152, Ala ‘A’, Shastri Bhavan, Nova Deli - 110001, Índia Tel.: +91.11.23388949, 23381719 Fax.: +91.11.23384663 Web: http://www.indiandiplomacy.in Para comentários/ dúvidas: osdpd2@mea.gov.in MaXposure Media Group India Pvt. Ltd. Editor e Diretor de Operações: Vikas Johari Presidente e Diretor-gerente: Prakash Johari Editor Executivo: Saurabh Tankha Sede MaXposure Media Group India Pvt. Ltd. Unit No. F2B, Second Floor, MIRA Corporate Suites, Plot No. 1&2, Ishwar Nagar, Mathura Road, New Delhi - 110 065, India Tel: +91.11.43011111, Fax.: +91.11.43011199 CIN No: U22229DL2006PTC152087 Para comentários/ dúvidas: indiaperspectives@maxposure.in

PARA DÚVIDAS | MMGIPL Tel: +91.11.43011111 FAX: +91.11.43011199 www.maxposure.in

A Índia Perspectivas é publicado em Árabe, Bahasa Indonesia, Inglês, Francês, Alemão, Hindi, Italiano, Pashto, Persa, Português, Russo, Sinhala, Espanhol e Tamil. A Índia Perspectivas é impressa e publicada por Syed Akbaruddin, Secretário Adjunto (XP) e Porta-voz Oficial, do Ministério das Relações Exteriores (MEA), Nova Délhi, Sala Nº 152, Ala ‘A’, Shastri Bhavan, Nova Deli - 110001, e publicado em MaXposure Media Group India Pvt. Ltd. (MMGIPL), Unit No. F2B, Second Floor, MIRA Corporate Suites, Plot No. 1&2, Ishwar Nagar, Mathura Road, New Delhi - 110065, India. A Índia Perspectivas é publicada seis vezes por ano. Todos os direitos reservados. A escrita, o trabalho artístico e/ou fotografia aqui contidos podem ser utilizadas ou reproduzidas com o conhecimento do ‘India Perspectives’. O MEA e o MMGIPL não assumem a responsabilidade por perdas ou danos de produtos não solicitados, manuscritos, fotografias, obras de arte, transparências ou outros materiais. As opiniões expressas na revista não são necessariamente aquelas da MEA ou MMGIPL.

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Para uma cópia da Índia Perspectivas, entre em contato com a missão diplomática da Índia mais próxima de você.

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CONTEÚDOS 20

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INOVAÇÃO

De uma economia emergente para um país emergente................................06

Deixe que a comida seja a sua medicina.....46 INOVAÇÃO

Apelo Appliqué e palete ‘pata’......................50

PARCERIA

Bom governo: Em casa e no estrangeiro.....09

INSTANTÂNEOS

PARCERIA

Riviera Francesa do Oriente.......................... 54

50 anos de cooperação económica e técnica.......................................12

CULTURA

SUCESSO

O ouro branco do país....................................14 PROGRESSO

As NU Jovens aos 70 anos (‘Young@70’)......16 CELEBRAÇÕES

Sombras internacionais de Holi...................20 HERANÇA

Galeria de arte ao ar livre do Rajastão......... 26 HERANÇA

Encontro com a história................................ 34 HERANÇA

A cidade perdida de Rakhigrahi.................... 36 FOCO

O Yoga é o caminho....................................... 42 CONQUISTA

Uma empreitada Nobre................................. 45 J AN EI R O

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A Quarta Volta da Roda do Dharma............. 62 CULTURA

Puxar as cordas certas....................................66 MÚSICA

Descobrir o caminho com ragas....................73 LIVROS

Como foi que o Maabárata recebeu vestes espanholas?.......................... 78 ANÁLISE

Yoga ao longo das eras..................................80 ANÁLISE

Indianos em alta global................................. 82 TRIBUTO

Longa vida ao nosso país.............................. 84 CONVERSA

‘Um pequeno esforço pode fazer uma grande diferença’................................... 88

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De uma economia emergente

para um país emergente

Através da participação robusta em fóruns multilaterais, a Índia está a formar uma ordem global mais equitativa e a estabelecer as suas credenciais texto | Mayuri Mukherjee

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ovembro de 2014 foi um mês sem precedentes na diplomacia multilateral da Índia, com a participação do Primeiro-ministro, o Sr. Narendra Modi, em quatro fóruns internacionais em menos de três semanas. A tournée começou com dois compromissos separados com líderes asiáticos: a Cimeira entre a Índia e a Associação de Nações do

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Sudeste Asiático (Association of Southeast Asian Nations - ASEAN), e a expandida Cúpula do Leste Asiático, em Myanmar. Seguiu-se a reunião com os líderes das 14 nações das Ilhas do Pacífico em Suva, Fiji e todos os chefes de estado das nações do G20 na Austrália. Finalmente, foi altura da cimeira anual da Associação Sul-Asiática para a Cooperação Regional (South Asian Association for Regional

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A 25ª Cimeira ASEAN e Cimeiras Relacionadas em Myanmar

Cooperation - SAARC), no Nepal. Considerados parceiro de sector em 1992, e mudou de estatuto em conjunto com a bem-sucedida Cimeira BRICS para membro de pleno direito em 1996. Desde (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), 2002, a Índia participou em cimeiras anuais com realizada anteriormente neste mesmo ano, estes este grupo de 10 países, e agora partilham uma compromissos oferecem uma visão holística dos parceria estratégica. A relação ASEAN-Índia esforços diplomáticos globais estende-se por uma grande variedade abrangentes da Índia. de sectores desde o comércio e A política Vamos começar com as cimeiras transporte, até à cultura e turismo, atualizada de Agir ASEAN/Cúpula do Leste Asiático. passando pela ciência e segurança. para o Ocidente Estas duas cimeiras partiram com O acordo de comércio livre em marca uma nova era base num princípio de Nova Delhi, serviços e investimentos, que está a de desenvolvimento já com décadas de existência, a poucos passos de ser implementado, económico, política de Olhar para o Ocidente, e é um marco importante na relação. industrialização ajudaram a preparar o caminho para Juntamente com o acordo de e comércio entre o compromisso contínuo da Índia comércio livre em mercadorias, que a Índia e os seus com a sua vizinhança do Sudeste foi operacionalizado em 2011, o novo parceiros ASEAN Asiático. A política atualizada de pacto tem o potencial de revolucionar Agir para o Ocidente, sublinhada os laços ASEAN-Índia. pelo Primeiro-ministro, marca uma nova era de A Cúpula do Leste Asiático, que se seguiu à desenvolvimento económico, industrialização e cimeira ASEAN-Índia, é uma versão aumentada da comércio entre a Índia e os seus parceiros ASEAN. anterior, que junta todas as partes interessadas da A Índia juntou-se ao diálogo da ASEAN como região numa plataforma. Inclui os EUA, a Rússia,

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O Primeiro-ministro indiano encontra-se com os líderes das Ilhas do Pacífico em Suva, Fiji

a China, o Japão, a Coreia do Sul, a Austrália e a de $1 milhão. Através do fundo, a Índia irá Nova Zelândia, e é uma excelente oportunidade fornecer assistência técnica e treino para o para os líderes do Pacífico Asiático enquadrarem desenvolvimento de capacidades na área da as suas questões e preocupações na narrativa alteração climática. O Sr. Modi acrescentou global. De fato, em anos recentes, a Cúpula do que a Índia propôs desenvolver um Projeto Leste Asiático emergiu como um dos fóruns Transversal para as Ilhas do Pacífico para mais poderosos para assuntos telemedicina e teleducação, no asiáticos no contexto internacional. seguimento do sucesso do projeto Um bom exemplo disto é a forma Pan-Africano. Ele disse que a Índia A relação como o Primeiro-ministro indiano já estava a trabalhar num projeto ASEAN-Índia estende-se por utilizou a plataforma para chamar a de energia solar com as Ilhas do uma grande atenção para assuntos de interesse Pacífico a nível comunitário, variedade de global, como a ciber segurança e o e os centros regionais serão sectores, desde terrorismo. A Parceria Económica desenvolvidos nas Ilhas do Pacífico. o comércio e Regional Abrangente que está Outro anúncio importante feito transporte até à atualmente a ser negociada é outro pelo Sr. Modi foi um aumento no cultura e turismo produto importante da Cúpula do subsídio de ajuda que a Índia, de Leste Asiático. momento, concede a cada país das De seguida, o Primeiro-ministro indiano Ilhas do Pacífico para projetos comunitários deslocou-se para Suva, nas Fiji, para participar por eles selecionados, passando dos “ 125.000 no Fórum para a Cooperação Índia-Ilhas do por ano para $ 200.000. Ele também disse que a Pacífico, onde encontrou os líderes das 14 Índia iria conceder vistos à chegada aos turistas nações das Ilhas do Pacífico e anunciou uma de todas as nações das Ilhas do Pacífico para série de medidas para reforçar o relacionamento, evitar qualquer inconveniente causado devido a incluindo um Fundo de Adaptação Especial problemas com vistos.

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Bom governo: Em casa

e no estrangeiro

Na Cimeira do G20, a hábil diplomacia da Índia presenciou a convergência da agenda de reforma que vai ser implementada pelo Governo de Narendra Modi domesticamente, e as suas prioridades no plano internacional texto | Mayuri Mukherjee

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s acontecimentos na mesa global têm geralmente pouco interesse para o público em geral, e a forma como afetam a vida do homem comum é raramente clara. Mas se observarmos atentamente, veremos como, no meio de toda a pompa da alta diplomacia, os líderes das 20 maiores economias do mundo, incluindo o Primeiroministro indiano, o Sr. Narendra Modi, se centraram em assuntos que têm o potencial de melhorar as nossas vidas quotidianas no encontro do G20 em Brisbane, a 15-16 de novembro de 2014. No topo da lista estava a questão do crescimento económico e do emprego. Notavelmente, foi em resposta à crise financeira debilitante de 20072008, que levou a que a sobrevivência do sistema internacional fosse questionada, que o G20 foi atualizado para um fórum de líderes. Desde essa altura, a economia global virou uma página e tem avançado seguramente pelo caminho da recuperação, mas o estado atual permanece desafiador. O G20 está a procurar manter uma taxa de crescimento global anual de dois porcento e a Índia (juntamente com a China), que se estima que terá um crescimento de cinco a seis porcento, terá um papel fulcral para ajudar o grupo a atingir o seu alvo, especialmente tendo em conta que algumas economias desenvolvidas estão a ter dificuldades para recuperar. A este respeito, o processo de reformas domésticas, colocado em

Sr. Tony Abbott, Primeiro-ministro da Austrália, cumprimenta o Primeiro-ministro da Índia, o Sr. Narendra Modi

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Líderes mundiais na Cimeira G20 de 2014 na Austrália

marcha pelo Primeiro-ministro indiano, será um Em termos de resultados concretos da cimeira, fator determinante. as conquistas chave da Índia foram no campo da Um pilar importante deste processo de reformas lei fiscal. Em primeiro lugar, o G20 comprometeué o desenvolvimento de infraestruturas, também um se a adotar o sistema de erosão de base e de dos temas centrais da cimeira do G20. Internamente, desvio de lucros que procura evitar a evasão a Índia já começou a trabalhar neste fiscal transfronteiriça por parte aspeto, começando com o orçamento das multinacionais, até 2015. Isto O G20 está a de 2014 e a abertura de setores irá reforçar a mão da Índia quando procurar manter económicos fulcrais ao investimento negociar com paraísos fiscais em uma taxa de direto estrangeiro, por exemplo. relação à expatriação de dinheiro sujo. crescimento Agora, introduziu com sucesso o Em segundo lugar, o fórum apoiou o global anual de assunto no contexto internacional, padrão de denúncia comum e a partilha dois porcento, exigindo que os excessos de produção automática de informação fiscal que e a Índia terá mundiais sejam redirecionados para irá ajudar a tornar as transações um papel o desenvolvimento de projetos de internacionais mais transparentes. fundamental infraestrutura por todo o mundo. De facto, após uma intervenção Adicionalmente, na cimeira do G20, a efetiva do Sr. Modi, que foi apoiada Índia continuou a reivindicar mudanças estruturais por outros líderes, uma cláusula em separado para dentro da economia global, particularmente nas sublinhar a transparência nas políticas fiscais foi instituições financeiras globais que ainda não adicionada ao comunicado G20, resultando numa fornecem representação adequada às economias boa vitória para a Índia. Num assunto relacionado, emergentes. a declaração anticorrupção do G20 também refletiu

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infraestruturas, que Nova Delhi marcou como uma área prioritária. Outros assuntos que receberem atenção especial incluem o Plano de Ação Anticorrupção do G20 para 2015-2016 e um enquadramento para combater a evasão fiscal transnacional. Notavelmente, a intervenção forte e substancial do Sr. Modi em relação a este assunto também encontrou reflexo no comunicado final emitido no final da cimeira. Isto prova como a Índia, através da sua robusta participação em fóruns como o G20 e a Cúpula do Leste Asiático, está a demonstrar ao mundo que está disposta a assumir maior responsabilidade, e mesmo a liderar o processo para reformular uma nova ordem global. Uma economia emergente, a Índia assumiu-se agora como uma potência emergente. Tendo dito isto, no entanto, é importante manter em consideração que a o registo de diplomacia multilateral algumas das principais preocupações da Índia. A da Índia é anterior à sua recente transformação em outra conquista significativa da Índia foi no campo potência económica. Muito antes da liberalização das remessas. Com um valor de $70 mil milhões, a dos anos 90 ter colocado este país no caminho da Índia é o maior recetor de remessas de dinheiro, mas recuperação económica, a Índia já se estava a fazer perde uma grande parte desse dinheiro ouvir desde a altura da independência. pelo caminho, por assim dizer, pois Por exemplo, apesar de empobrecida Do ponto de vista alguns países cobram até 10 porcento e com poucos trunfos, a Índia tinhada Índia, o ponto em taxas de transferência. O G20 se estabelecido como voz de outros mais importante reforçou o compromisso para baixar países recém descolonizados através do na agenda do esse número para cinco porcento o que Movimento Não-Alinhados. Também G20 era atrair irá significar mais dinheiro na mão dos desempenhou um papel importante investimentos indianos em casa. na configuração das estruturas de para Este agrupamento das 20 principais governo global através da participação desenvolvimento economias do mundo ganhou ativa nas NU. de infraestruturas importância em 2008, quando Delhi fez uma contribuição subiu de nível para um fórum de significativa para o estabelecimento líderes no seguimento da crise financeira global da Conferência das NU sobre Comércio e desse ano. Desde essa altura, o G20 tornou-se Desenvolvimento e para a Organização de um dos fóruns mais importantes sobre assuntos Desenvolvimento Industrial das Nações Unidas económicos globais. Do ponto de vista da Índia, no final dos anos 50. Posteriormente, também o ponto mais importante na agenda do G20 era desempenhou um papel chave na marcante Convenção atrair investimentos para desenvolvimento de do Rio sobre Alterações Climáticas em 1992.

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50 anos de cooperação

económica e técnica

O programa de Cooperação Técnica e Económica da Índia (ITEC), ao longo de cinco décadas, focou-se nas necessidades dos países em desenvolvimento através de cooperações inovadores entre a Índia e uma nação parceira

A Ministra de Assuntos Externos da União, a Sra. Sushma Swaraj, o Ministro de Estado para Assuntos Externos, o General VK Singh e a Secretária de Relações Exteriores, a Sra. Sujatha Singh na divulgação da brochura ITEC durante as celebrações do Jubileu Dourado do ITEC

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avia entusiasmo e festividades por toda a parte à medida que a noite do dia 21 de outubro começa a chegar, e os convidados da Índia e do estrangeiro começaram a chegar ao Kamal Hall, do ITC Maurya Sheraton, em Nova Delhi. Foi uma ocasião memorável quando o programa de Cooperação Técnica e Económica da Índia (ITEC), o esquema porta-estandarte do Governo da Índia para o desenvolvimento de capacidades, celebrou as bodas de ouro. Numa cerimónia colorida e

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verdadeiramente internacional, a Ministra dos Assuntos Externos da União, a Sra. Sushma Swaraj, inaugurou as celebrações no meio das celebrações. O Ministro do Estado para Assuntos Externos, o General VK Singh, a Secretária de Relações Exteriores, Sujatha Singh e a Secretária (Relações Económicas) Sujata Mehta marcaram presença no evento. Embaixadores dos países parceiros do ITEC, oficiais sénior de ministérios e departamentos do Governo da Índia, assim como participantes ITEC de vários países e continentes

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Atuações culturais durante as celebrações do Jubiléu Dourado do ITEC

a receber treino em Delhi-NCR também estiveram a sua gratidão ao Governo da Índia por lhe oferecer a presentes. Dirigindo-se ao grupo, a Ms Swaraj destacou oportunidade de receber treino na Índia. O novo portal o papel do ITEC no fortalecimento da solidariedade da de internet do ITEC iria simplificar o processamento Índia com os países em desenvolvimento parceiros. Ela das candidaturas ITEC, disponibilizar uma plataforma incentivou os alunos ITEC a manterem-se em contacto para que os alunos ITEC interajam e fornecer feedback uns com os outros, e com os seus institutos, após às Missões Indianas e aos agentes do Ministério dos regressarem a casa, para manter viva a rede de amizade Assuntos Externos (MEA). A Sra. Swaraj também lançou criada pelo ITEC. a brochura do ITEC que apresenta em detalhe os cursos O ITEC foi instituído pelo Ministério da Índia a civis do ITEC para 2014-15, e divulgou um documentário, 15 de setembro de 1964. As celebrações Lições de Amizade, que sublinha o percurso estão planeadas para decorrer ao longo do de 50 anos do ITEC. O portal de ano até 15 de setembro de 2015 na Índia e As celebrações ecoaram a popularidade internet do em embaixadas e consulados da Índia no do ITEC, que é refletida no entusiasmo e na ITEC iria estrangeiro. Em 2013-14, mais de 10.000 afetuosidade dos participantes, que levam a disponibilizar vagas para bolsas foram oferecidas aos boa vontade em relação à Índia nos corações. uma plataforma parceiros ITEC ao abrigo do programa. Participantes de nove países africanos, para os alunos Para além dos cursos de treino, a delegação vestidos com roupas tradicionais dos seus interagirem, de peritos no estrangeiro, viagens de países, executaram danças culturais dos seus e fornecer estudo, oferta de equipamento e estudos de respetivos países, que terminaram com as feedback aos viabilidade/serviços de consultoria etc, são batidas de uma canção indiana. A isto seguiuagentes do MEA outras das atividades do ITEC. se uma versão da canção We are the World, De forma a acelerar o processamento que manteve os espetadores enfeitiçados, e de das candidaturas ITEC e para fornecer uma melhor seguida uma dança tailandesa, Loy Khratong. experiência em rede, tanto para os participantes ITEC O programa cultural terminou com uma dança de como para as instituições indianas, iniciaram-se os um número popular, Made in Índia (Feito na Índia). A trabalhos, pela divisão DPA (Administração de Parceria audiência estava cativada pela visão dos participantes para o Desenvolvimento) -II do Ministério dos Assuntos estrangeiros a cantar e a dançar ao número intemporal Externos para criar um portal de internet novo e de Alisha Chinai. De cada vez que os participantes ITEC melhorado. A ministra de Assuntos Externos da União apresentavam uma canção Hindi, a plateia desfazia-se em pré-lançou este novo portal ao sancionar uma candidatura aplausos, apoiando os seus esforços. O programa cultural, de um candidato do Nepal. Um dos candidatos nepaleses dessa forma, simbolizou verdadeiramente a solidariedade entrou em contacto por videoconferência e transmitiu da Índia com os países em desenvolvimento parceiros.

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SUCESSO

O ouro branco

do país

A indústria dos laticínios apresentou um desenvolvimento notável na última década- O país é hoje em dia o maior produtor de leito do mundo

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e acordo com o levantamento económico anual do Governo da Índia, compilado pelo Ministério das Finanças, a Índia ultrapassou a União Europeia em 2013-2014, tornando-se o maior produtor de leite mundial. A taxa de crescimento anual é de 4,04 porcento, quase o dobro do resto do mundo, uma prova do crescimento sustentável na disponibilidade de leite e de laticínios. Tudo começou com a Revolução Branca de 1970. Também conhecida como Operação Enchente, foi lançada para ajudar os produtores de leite a controlar o seu próprio desenvolvimento, colocando o controlo dos recursos que criavam nas suas mãos. A experiência do padrão Anand, no grupo Amul, uma única cooperativa de laticínios sediada em Gujarat (a maior na Ásia), foi o motor por trás do sucesso do programa. O Dr. Verghese Kurien, presidente da Comissão Nacional de Desenvolvimento de Laticínios (National Dairy Development Board - NDDB), deu o impulso necessário, utilizando as suas capacidades

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(Esquerda) Fábrica Amul em Anand, Gujarat (abaixo) Um selo de 1982 apresentando a produção de leite na Índia

de gestão profissionais em prol do programa, e é lançada em 2012 em Anand, Gujarat. Envolve um reconhecido como o arquiteto do mesmo. investimento total de 22 milhões de rupias, e procura A produção de leite e laticínios (incluindo aumentar a produtividade dos animais produtores de manteiga, queijo, creme, leite desnatado...) contribui leite. O Banco Mundial também está a financiar este em grande medida para o crescimento industrial do plano. O leite desempenha um papel especial devido país. A produção anual de leite na às muitas vantagens nutricionais, Índia tinha mais do que triplicado assim como fornecedor de nos primeiros 30 anos da Operação rendimento adicional para cerca Enchente, crescendo de 21 milhões de 70 milhões de agricultores de toneladas em 1968 para 80 em mais de 500 mil aldeias milhões de toneladas em 2001. Este remotas. Gujarat, Uttar Pradesh, rápido crescimento e modernização Maharashtra, Himachal Pradesh, é atribuído em grande medida à Madhya Pradesh, Punjab, Rajastão contribuição de cooperativas de e Tamil Nadu são as áreas de maior laticínios, assistidas por agências produção de laticínios na Índia. multilaterais, incluindo a União O subcontinente asiático Europeia, o Banco Mundial, e o está também equipado com RAZÕES POR TRÁS DO SUCESSO DA Programa Alimentar Mundial materiais para a exportação de “REVOLUÇÃO BRANCA” (World Food Program - WFP). laticínios para todo o mundo, l Adoção de novos métodos Atualmente, a NDDB está sendo o Bangladesh, o Egito, para melhorar a produção do a administrar um programa os Emirados Árabes Unidos, a gado no setor da pecuária denominado Plano Nacional Argélia, a República do Iémen e o l Mudança da composição de Laticínios para aumentar a Paquistão os maiores destinos de dos ingredientes do produto, assim como das produção de leite, com o objetivo exportação. No ano de 2013-14, a proporções de ir de encontro à crescente exportação indiana de laticínios foi l Fixação do custo do procura, que se estima que aumente de 1.59.228,52 toneladas métricas, produto de acordo com para 180 milhões de toneladas em o que equivale a um valor de padrão de riqueza 2021-22. A Fase-1 do plano foi 33.180,53 milhões de rupias.

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PROGRESSO

As NU Jovens aos 70 anos As Nações Unidas tiveram os seus sucessos e os seus falhanços, mas o poder da sua visão, que a Índia partilha, de um mundo pacífico e unido com direitos e desenvolvimento sustentável para todos, permanece claro texto | Kiran Mehra-Kerpelman

Sir VT Krishnamachari, representante dos estados indianos, assinando a Carta das Nações Unidas numa cerimónia realizada no Edifício Memorial dos Veteranos de Guerra, a 26 de junho de 1945

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ano de 2015 marca 70 longos anos desde a fundação das Nações Unidas (NU) Foi um percurso vasto, mas os propósitos e princípios das NU estão mais fortes hoje do que na assinatura da Carta em São Francisco, em 1945. Índia, um dos assinantes original da “Declaração pelas Nações Unidas” de 1942 e membro da Liga das Nações ainda antes disso, tornou-se um dos 51 membros fundadores da Organização das Nações Unidas mesmo antes de conquistar a Independência. Os ideais em que se baseava a formação de uma nação indiana sempre partilharam muito em comum com a visão normativa das NU de um mundo O Primeiro-ministro indiano, o Sr. Narendra Modi,dirige-se à Assembleia Geral pacífico. A garantia de justiça, liberdade, igualdade e fraternidade da Constituição Indiana para com os seus cidadãos assemelha-se profundamente com se para liderar, facilitar e executar cooperação a dedicação da Carta das NU para com os direitos internacional numa vasta gama de assuntos, humanos, a justiça e o progresso social numa particularmente o desenvolvimento internacional maior liberdade. nos anos 70, encorajando uma combinação Um membro extremamente vocal e participativo estruturada de comércio e auxílio para ajudar os países em desenvolvimento a prosperar. das NU em anos recentes, a Índia defender as causas da descolonização e o direito Após o final da Guerra Fria, da autodeterminação do povo, e da implementação indiana da Um membro desarmamento geral e completo, o Nova Política Económica, foi participativo fim da discriminação e mais nos anos reconhecido que as estruturas das NU das NU, a Índia 40 e 50. As contribuições da Índia institucionalizavam um equilíbrio defendeu causas para as missões de manutenção da de poder que refletia as realidades de descolonização paz das NU, enraizadas e legitimadas do pós-guerra, e não do mundo tal e o direito de pela sua postura não-alinhada, como se apresentava no momento. autodeterminação começou com a Coreia em 1950 As tentativas para reformular as NU e foram crescendo até tornarem a Índia o terceiro país que mais contribui com tropa em todo o mundo. Os anos 60 assistiram ao aumento dos membros das Nações Unidas à medida que os países descolonizados por toda a África e Ásia foram conquistando a Independência, mudando a a inclinação da balança da Assembleia Geral, de uma maioria de nações desenvolvidas para uma maioria de nações em desenvolvimento. Isto refletiu-se nas agendas dos principais órgãos, e a Índia esforçou-

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ganharam força com a Agenda da Paz e a Agenda para o Desenvolvimento, mas uma reforma significativa continuava elusiva. A começar em 2000, um grupo de conferências, a começar com a Cimeira do Milénio, passando para os direitos humanos, direitos das mulheres, desenvolvimento sustentável e mais, estão a definir a agenda de cooperação internacional. O mandato das NU expandiu-se bem para além do seu papel original de manter a paz e a sociedade internacional, passando a incorporar os três pilares

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PROGRESSO

SAIBA MAIS Para o ano do 70º aniversário, o Centro de Informação das NU para a Índia e o Butão planeou uma campanha anual, denominada Young@70 (Jovem aos 70), incluindo um projeto de livro-e-exibição que irá sublinha a história partilhada da relação Índia-NU desde 1945 até 2015.

(No sentido do relógio, a partir do topo) Nova bandeira indiana levantada no Lago Sucesso, vista geral da sessão de abertura da cimeira Milénio e Sir A Ramaswamy Mudaliar, membro de Abastecimento do Conselho Executivo do Governador-Geral, assina a Carta das NU em São Francisco, a 26 de junho de 1945

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(Esquerda) Dançarinas Sharanya Chandran e R. Amritha Sruthi apresentam uma dança clássica com o tema da segurança das mulheres no lançamento do ano do 70º aniversário das NU na Índia (direita) Tropas UNEF da Índia em patrulha

das NU - paz, desenvolvimento e direitos humanos. segurança pairam sobre o desenvolvimento global, As agências especializadas e outras organizações a necessidade de cooperação internacional está que compõem a família das NU – UNDP, UNICEF, destinada a aumentar. UNESCO e as NU Mulheres - aumentaram as suas Face a um mandato constantemente em operações, alinhando o seu trabalho expansão para lidar com desafios para o desenvolvimento os Objetivos cada vez maiores, as NU teve os seus Num mundo de Desenvolvimento do Milénio sucessos e fracassos, mas o poder da em que doenças (Millennium Development Goals sua visão - mundo pacífico e unido em evolução - MDG). OS avanços tecnológicos com direitos e desenvolvimento e as ameaças nas comunicações aceleraram a taxa sustentável para todos - permanece de segurança do ponto de globalização para um claro. É olhando para um futuro ameaçam o mundo cada vez mais interligado, partilhado baseado nestes princípios desenvolvimento interdependente e dinâmico. que a Índia e as NU devem dirigir as global, a cooperação A agenda de desenvolvimento suas energias. Umas NU revitalizadas internacional está pós-2015 está a tomar forma com - com capacidade de resposta, ágeis, destinada a crescer lições chave dos MDG, incluindo fortalecidas e apoiadas por líderes uma abordagem largamente emergentes como a Índia - será o participativa para esboçar objetivos para os países meio mais poderoso para coordenar a resposta desenvolvidos. Num mundo que o clima em global aos inúmeros desafios que o mundo mudança, as doenças em evolução e as ameaças de enfrenta, agora e no futuro.

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Sombras

internacionais

de Holi

O festival das cores transcendeu fronteiras, espalhando energia vibrante e felicidade por todo o mundo

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Um Splash de diversão na Califórnia, EUA

Sunnyvale, na Califórnia, EUA, vive todos os anos uma dança da chuva Hindu para celebrar Holi – a Splashomania. Milhares de pessoas da área da Baía de S. Francisco juntam-se no Bayland Park para esta celebração da cor única. A juntar às festividades de alta energia, que envolvem mais de 2.200 kg de tinta biodegradáveis, existem também splash mobs a dançar ao som dos êxitos dos filmes de Bollywood. Asha Holi, organizada pela Asha para a Educação, uma organização sem fins lucrativos fundada pela Universidade de Berkley, em Stanford, conta com mais de 2.200 kg de corantes alimentares durante dois dias de música e dança. Há também jogos divertidos e inúmeras iguarias para se deliciar.

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CELEBRAÇÕES

Festival “Feliz” na Coreia

O profissional do marketing baseado em Seoul, Sookyung, diz que o Holi é um festival “feliz”, em que a troca de cores significa a partilha de felicidade enquanto se constroem laços duradouros. O expresidente da comunidade indiana na Coreia, Imtiaz Ali, afirma que o Holi já não é celebrado apenas pelos indianos. “Desde 2012, cortesia de uma iniciativa comunitária voluntária por

parte dos indianos na Coreia, pessoas de todas as comunidades têm participado ativamente. Atualmente, o Holi é um festival internacional,” partilha ele. Os coreanos personalizaram o gulal (pó colorido) ao verdadeiro estilo indiano misturando, por exemplo, pó de açafrão-da-terra com farinha de trigo. As atividades obrigatórias incluem dançar ao som das músicas de Bollywood e deliciar-se com as iguarias indianas. —­Angely Sumi

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Dubai sempre em evolução

Mais de 22.000 pessoas de todas as idades celebraram o Holi no Parque Aquático Wonderland no ano passado, e eu e a minha família consideramo-nos uns felizardos por lá termos estado. Enquanto nos entretínhamos com as atividades tradicionais - atirar cores uns aos outros, as diversões incluíam um DJ a passar

música Holi e bancas de comida a vender doces indianos. Apesar do festival ser celebrado numa escala muito maior na Índia, conseguimos “sentir” um pouco do festival. A melhor parte foi o facto de as nossas crianças terem experimentado o significado do Holi, visto que nasceram aqui. Foi diversão pura e colorida. — Anil Verma

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União em Joanesburgo, África do Sul

Aparte das celebrações caseiras das famílias indianas na África do Sul, os eventos organizados fazem do Holi um festival muito discutido aqui. O primeiro festival da cor da África do Sul - Jo’burg Holi One - atrai pessoas de todas as camadas sociais. O traje recomendado é branco, e são utilizados pós coloridos biodegradáveis, nãotóxicos e hipoalergénicos - feitos de farinha de arroz misturada com corantes alimentares. O evento promove a união e a cor nas nossas vidas. O próximo está agendado para o dia 11 de abril.

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Celebrações no Cairo, Egito

Desde os tempos dos Faraós, os egípcios têm celebrado a chegada da primavera com o “Sham El Nessim” ou “cheire a brisa fresca”. Deslocam-se em grupos enormes para os parques para ver as flores a desabrochar, e levam refeições especiais como ovos coloridos e peixe fumado. Recentemente, os egípcios começaram a celebrar o Holi à maneira indiana, com um splash de cor. Um Festival da Cor anual é organizado no Cairo (desde 2010), com mais de 16.000 participantes a atirarem gulal (pó colorido) uns aos outros. São servidos snacks indianos enquanto os participantes dançam ao som de músicas indianas e egípcias. — Mahmoud Rostom

Cores em Rangum, Myanmar

Quando me mudei para Rangum, estava excitada. Novo lugar, nova cultura e novo povo. Mas também estava triste, pois sentia falta do meu país, e mais ainda dos festivais. Mas rapidamente me apercebi que onde quer que os indianos estejam, juntam-se para celebrar os festivais. Em Rangum, celebramos o Holi, o Diwali, o Dussehra e o Navratri com igual fervor. Enquanto o Diwali é sobre fogode-artifício e luzes, o Navratri é sobre garba (dança tradicional de Gujarat). Mas o Holi é o nosso preferido, pois brincamos com cores enfiadas em tambores e canos de água. No ano passado houve uma divertida competição em que a pessoa mais colorida ganhava o título de “Pessoa Mais Colorida de Rangum” De seguida desfrutamos de um almoço totalmente indiano - dal makhni (caril de legumes rico), arroz, roti (pão indiano), shahi paneer (queijo fresco com molho rico). A iguaria mais deliciosa era gujiya (sobremesa Holi fria), que não esperava ter aqui! — Ruchi Aggarwal

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Galeria de arte ao ar

livre do Rajastão

Os lindos e complexos Frescos fazem dos havelis de Shekhawati um deleite visual. Estas estruturas desafiam o tempo para contar histórias de bravura e coragem de uma era passada texto | Supriya Aggarwal

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e for um amante da arte interessado diferentes formas de arte e cultura durante em comprovar a rica herança e séculos. Portanto, é chamada de Shekhawati a linda arquitetura das pinturas (o jardim de Rao Shekha). A história conta a fresco, então Shekhawati, no que nos sécs. XVIII e XIX mercadores Rajastão, deverá estar no topo Marwari, atraídos para a região da sua lista de itinerários. A devido à quantidade enorme cerca de 165 km da capital do de comércio que passava por A história relate estado de Jaipur, a região de Shekhawati, construíram estes que nos séc. Shekhawati, com milhares de havelis palacianos ou casas XVIII e XIX aldeias e cidades em Nawalgarh, fortificadas. Mergulhados mercadores Sikar, Jhunjhunu e em partes em riqueza, decoraram os Marwari de Churu, Nagaur e Jaipur, é o interiores e os exteriores construíram local com maior concentração de destes havelis com murais estes havelis palacianos frescos em todo o mundo. pintados, retratando temas A região recebe o seu nome desde os épicos de Ramayana do herdeiro do clã Shekhawat e Mahabharata e também Rajput, Maha Rao Shekha Ji, que estabeleceu Krishna Leela (esboço da vida do Senhor o seu domínio no séc. XV com a sua bravura Krishna). Acredita-se também que os e valentia. Após Maha Rao Shekha Ji, os frescos foram introduzidos por Shekhawati seus descendentes coloriram a região com Rajputs. Enquanto a praça exterior destes

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(Acima) Pinturas a fresco de Radha Krishna no museu haveli Ramnath A Podar (Página oposta) Pintura de reias no museu Morarka Haveli

havelis se chama mardana para os homens, Portanto, a conservação era a única solução. a parte interior é denominada zenana para A ajuda veio da Fundação Morarka que as mulheres. A maioria destes frescos foi iniciou os trabalhos de conservação na região pintada durante 1900 e 1930 por chiteras Nawalgarh. O maior desafio, no entanto, foi (artistas) da comunidade kumhar (oleiros). tratar os frescos com materiais tradicionais Os frescos Shekhawati foram influenciados com o mínimo de intervenção possível. pelas escolas de pintura Persa, Após se iniciar a conservação Jaipur Mughal e eram baseados com a limpeza do pó, vegetação O maior desafio, em mitologia, cenas de caça e e do crescimento biológico, no entanto, foi retratos da vida quotidiana. seguiu-se com a consolidação e tratar os frescos Mudaram drasticamente reforço dos danos em diferentes com materiais com a influência Britânica e segmentos da arquitetura dos tradicionais com o impacto da tecnologia. havelis. Com esforço constante, com o mínimo Na viragem do séc. XIX, os havelis estão quase em de intervenção temas como carros, aviões, perfeito estado. Enquanto uns possível gramofones e homens ingleses foram convertidos em museus, fizeram notar a sua presença. outros são agora hotéis. O No entanto, estas pinturas começam a Museu Morarka Haveli, um haveli com dois deteriorar-se com a exposição constante pátios, foi construído em 1900 por Jairam aos elementos. Aconteceu sob a forma de Das Morarka. É uma galeria ao ar livre com escamação e descoloração da tinta, erosão, cerca de 700 frescos executados na parede. O eflorescência dos sais e algas pretas. portão de entrada abre para o átrio. Um lance

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(Sentido contrรกrio aos ponteiros do relรณgio, da esquerda) Uma galeria pintada e a entrada de um pรกtio no Museu Ramnath A Podar Haveli, coloridas jharokas (janelas) no Uttara Haveli e cenas do casamento do Senhor Rama no Museu Morarka Haveli

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de escadas conduz para outro portão de entrada dentro do pátio zenana. Os frescos aqui incluem reis e rainhas, flora e fauna, o Senhor Ganesha e o Senhor Krishna. O Uttara Haveli, construído em 1890 por Keshar Dev Morarka, foi usado como casa de hóspedes e foi agora conservado. Pode ver cenas de uma procissão do exército, RadhaKrishna Rasleela, Shiv Parvati num touro e retratos de realeza. As principais características decorativas são frescos ao estilo Mughal e Rajput requintados, com técnica do Rajastão, executados em gesso molhado com o uso de espelhos. “As cores nos frescos

RAJASTHAN

Shekhawati

COMO CHEGAR O Aeroporto Sanganer, em Jaipur, é o mais próximo de Shekhawati. Shekhwati tem boas ligações ferroviárias de Delhi, Jaipur e Bikaner.

O pátio Jenana (mulheres) no Museu Morarka Haveli Museum

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MELHOR ALTURA PARA VISITAR Outubro-março DISTÂNCIA DA CAPITAL NACIONAL E DA CAPITAL DO ESTADO Nova Delhi - 281 km Jaipur - 170 km


(Esquerda) Parede belissimamente pintada no Museu Moraka Haveli (direita) portão complexamente esculpido no Haveli Uttara

Shekhawati duraram durante anos mas até que os complexos frescos regressassem sabemos pouco sobre eles. O que deles à sua glória original. O trabalho envolveu sobra é lindíssimo, como se a utilização de cores vegetais tivesse sido pintado ontem,” e minerais. Alguns havelis diz o presidente da Fundação Para promover a arte e em Nawalgarh Morarka, Kamal Morarka. a cultura de Shekhawati, foram Aparte da conservação, e também como atração restaurados. Os alguns havelis em Nawalgarh turística, a região celebra frescos foram foram restaurados. Os frescos o Festival Shekhawati em novamente originais foram novamente fevereiro. Organizado em pintados com pintados com cores orgânicas conjunto pelo departamento cores orgânicas para lhes dar uma nova vida. de turismo do estado e pela para lhes dar O Haveli Dr Ramnath A Fundação Morarka, o Festival uma nova vida Podar, agora um museu, é inclui visitas organizadas, um dos exemplos em que o artes e ofícios, uma feira de trabalho de restauro foi efetuado sobre gado, praças de alimentação orgânica e supervisão de peritos, e demorou 10 anos jogos rurais.

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Encontro com a

história

A restauração das aulas na Universidade Nalanda em Rajgir acrescentou charme ao circuito Budista de Bihar texto | Anjana Chatterjee

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00 anos depois deste antigo local de aprendizagem ter sido destruído, a restauração da Universidade Nalanda em Rajgir promete enriquecer ainda mais o circuito Budista de Bihar. A nova versão da antiga universidade arrancou no dia 1 de setembro de 2014 no Centro Internacional de

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Convenções de Rajgir, a 15 km das ruínas da antiga instituição e 110 km a sudeste da capital estadual, Patna. A cidade universitária em crescimento irá ocupar 61 hectares, perto da mundialmente famosa Estupa Vishwa Shanti em Ratnagiri Parvat. A distância entre a estupa branca de 39 metros, conhecida como o Pagode

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da Paz, e a cidade universitária de Nalanda 2.0, em construção, é de 7.5 km. A ideia para a nova universidade surgiu pela primeira vez ao então Presidente Dr. APJ Abdul Kalam em 2006, e foi levada avante pelo Dr. Amartya Sen, materializada com 11 alunos. A Ministra dos Assuntos Externos da União, a Sra. Sushma Swaraj, inaugurou formalmente a universidade a 19 de setembro de 2014. Fundada no séc. V D.C., a antiga Nalanda foi uma das primeiras universidades globais, que sobreviveu até 1193. Dedicava-se aos estudos do Budismo, mas ensinava também medicina, matemática, astronomia, política e belas artes. Entre os seus primeiros estudantes encontra-se o viajante chinês do séc. VII Hiuen Tsang – foi construído um hall em sua memória a 1 km das ruínas de Nalanda - que estudou e mais tarde ensinou neste antigo local de aprendizagem. No entanto, a universidade começou a sofrer com a falta de apoio dos reis indianos entre os sécs. XI e XII. O final chegou em 1193 quando Ikhtiyar-uddin Mohammed Bin Bakhtyar Khilji, um general do governante da dinastia dos escravos, Qutbuddun Aibak, lhe pegou fogo. Esta era a altura em que universidades como a de Oxford (RU) e a de Bolonha (Itália) eram fundadas - cerca de 500 anos iriam passar ate Harvard ou Yale serem estabelecidas. Nos seus tempos áureos, acreditase que a Universidade Nalanda tenha albergado

10.000 estudantes e 1.500 professores. O vicereitor da Universidade Nalanda, Gopa Sabharwal, afirma, “A nova universidade terá vestígios da antiga Universidade Nalanda e centrar-se-á num nível de energia zero, emissão de poluição zero e um ambiente verde.” O novo complexo irá funcionar numa cidade universitária improvisada nas instalações de uma unidade de saúde e pesquisa perto da paragem de autocarro de Rajgir, a pouco mais de 5 km de Silao, famoso pelos seus khajas (sobremesa indiana). As ruínas do centro de aprendizagem histórico incluem os vestígios de seis templos de tijolo e 11 mosteiros, escavados pelo Levantamento Arqueológico da Índia durante 1915-37 e 1974-82. Uma breve paragem em Silao para provar os khajas é outra opção, assim como visitar a estupa em Zuafardih, semelhante à encontrada em Vaishali. A estátua de Buddha em Mustafapur, a 3 km das ruínas, é uma visita obrigatória. Outro local a visitar é Nalanda Mahavihar. O governo de Bihar estabeleceu o local no contexto da rica tradição educacional da cidade. Ou podemos parar em Venuvan, a primeira oferenda de Bimbisara para o Buda Gautama. Uma outra excursão interessante pode ser Pawapuri, um local religioso do Jainismo, a 25 km de Rajgir. Mahavira foi cremado aqui. Jalmandir e Samosharan, dois lindos templos do Jainismo estão aqui localizados.

COMO CHEGAR Trilho Rajgir tem uma estação ferroviária Existem comboios diretos de Deli e Patna Ar O aeroporto mais próximo é Patna. 110 km por estrada até Rajgir Melhor altura para visitar: Outubro a março A Ministra dos Assuntos Externos da União, a Sra. Sushma Swaraj inaugura a universidade, representação artística do Centro de Internacional de Convenções de Nalanda J AN EI R O

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A cidade perdida de

Rakhigarhi

Espalhada ao longo de 350 hectares, esta aldeia indistinta em Haryana é o maior local da civilização Harappeana no mundo. É o único sítio com ruínas das fases inicial, madura e tardia da Civilização do Vale do Indo no mesmo local texto | Saurabh Tankha

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história da nossa civilização será provavelmente reescrita em Rakhigarhi, perto de Hisar, no estado de Haryana. Com o acrescento de dois novos montes, a juntar aos sete já escavados, Rakhigarhi tornou-se no maior local conhecido da civilização Harappeana ou do Vale do Indo, ultrapassando o bem-conhecido local de Mohenjo-daro no Paquistão. De facto, os arqueólogos acreditam que o início da Civilização Harappeana teve lugar na bacia de Ghaggar, em Haryana, e rapidamente se espalhou para o Vale do Indo.

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Foi em 1963 que Rakhigarhi apareceu pela primeira vez no mapa dos arqueólogos quando foram identificadas as ruínas da Civilização do Vale do Indo. Foi em 1997 que o Levantamento Arqueológico da Índia (Archaeological Survey of India - ASI) tomou os montes sob sua proteção, um acontecimento que foi seguido de escavações entre 1998 e 2001 para revelar uma cidade maior do que Mohenjo-daro e Harappa. Os arqueólogos também encontraram numerosos artefactos, alguns com mais de 5.000 anos. “Rakhigarhi foi ocupada durante os tempos iniciais da civilização Harappeana pois encontramos sinais de estradas pavimentadas, sistemas de esgotos, recolha em grande escala de água da chuva, sistemas de armazenamento, tijolos Os arqueólogos de terracota, produções acreditam de estátuas e trabalhos em que o início bronze e metais preciosos da Civilização com grande destreza. Harappeana Joalharia, incluindo teve lugar pulseiras feitas de terracota, na bacia conchas, ouro e pedras hidrográfica semipreciosas, também foi de Ghaggar, em encontrada. De facto, o local Haryana fica no centro da Bacia de Ghaggar, a região com maior densidade populacional da civilização Harappeana (2600-1900 A.C.),” partilha o Professor Vasant Shinde, o arqueólogo sénior responsável pelas escavações em Rakhigarhi. Anteriormente, no ano passado, estes dois novos montes, espalhados por mais de 25 hectares cada um, foram escavados, aumentando a área total para 350 hectares. Em termos de tamanho, dimensão, localização estratégia e significado da povoação, Rakhigarhi ultrapassa Harappa e Mohenjo-daro. Até esta altura, os especialistas acreditavam que Mohenjo-daro era o maior de entre os 2.000 locais conhecidos da civilização Harappeana na Índia, Paquistão e Afeganistão. De facto, Rakhigarhi é o único sítio com ruínas das

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No sentido dos ponteiros do relógio, a contar to topo superior esquerdo Um dos locais escavados, brinquedos de terracota, pedaços de pulseiras partidas, objetos de cobre e selos Harappeanos, artigos de cerâmica escavados de Rakhi Khas

fases inicial, madura e tardia da Civilização do Vale do Indo no mesmo local. Aliás, Rakhigarhi é um dos poucos locais Harappeanos com uma história contínua de colonização - comunidades agrícolas Harappeanas iniciais de 6000 a 4500 A.C., a fase de urbanização inicial da sociedade Harappeana madura, entre 4500 e 3000 A.C. e a era Harappeana madura desde 3000 A.C. até ao seu misterioso colapso por volta de 1800 A.C.. “O monte principal em Rakhigarhi, que parece ser a parte da cidadela, está sobre as aldeias modernas de Rakhi Khas e Rakhi Shahpur. As escavações nas trincheiras índice (escavadas pelo ASI em 1999) revelaram a fase madura Harappeana,” acrescenta o Prof. Shinde. A cerâmica recolhida de todas as cinco trincheiras escavadas tem características da fase Harappeana madura, incluindo cerâmica simples e pintada de

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Topo: Ornamentos feitos de esteatite, osso de marfim e cornalina (Abaixo) No local de escavação e uma casa de banho escavada

vermelho, cerâmica perfurada, cerâmica com engobes, de cerâmica ser muito semelhante à de Kalibangan cerâmica preta e vermelha, cerâmica vermelha rustica, e Banawali. Enquanto Kalibangan estava localizada cerâmica vermelha com appliqué em junto à margem sul do Rio Ghaggar, lama, cerâmica com engobe a creme, Banawali, pertencente ao período da Estátuas de cerâmica cinzenta, cerâmica bicromada, Civilização do Vale do Indo, estava terracota, artefactos cerâmica com engobe de chocolate e situada 120 km a nordeste. de bronze, anzóis cerâmica com engobe de reserva. “Não Também foram escavados poços de cobre, selos existem vestígios da fase Harappeana rodeados por paredes, que se acredita de terracota, um tardia nesta parte do monte. Visto terem sido usados para cerimónias recipiente de que não escavamos até aos níveis religiosas ou sacrificiais e escoamentos bronze decorado inferiores, não existe informação sobre a revestidos a tijolo para lidar com os a ouro foram aqui sequência cultural abaixo dos depósitos esgotos. Estátuas de terracota, pesos, encontrados Harappeanos maduros,” revela o artefactos de bronze, pentes, anzóis Prof. Shinde. de cobre, agulhas e selos de terracota As escavações revelaram a existência de uma cidade também foram encontrados, assim como um recipiente bem planeada com estradas de 1,92 m de largura, de bronze decorado a ouro e prata. Uma fundição ligeiramente mais largas que as de Kalibangan, apesar de ouro, com cerca de 3.000 pedras semipreciosas

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Uma lareira descoberta em Rakhigarhi

por polir, foi descoberta aqui juntamente com várias de taipa de terra coberta de lama, pertencente à fase ferramentas utilizadas para polir pedras e uma madura Harappeana (2600 A.C. a 2000 A.C.) com fornalha. Um cemitério, com 11 esqueletos com as sete câmaras rectangulares ou quadradas foi também cabeças apontadas para norte, foi também escavado. aqui encontrado. Restos significativos de cal e relva Utensílios de uso quotidiano eram decomposta foram localizados na parte guardados perto das cabeças. Três inferior da parede do celeiro, o que Um cemitério, com esqueletos femininos tinham pulseiras indica que poderia ter sido um armazém 11 esqueletos, foi de conchas e um bracelete de ouro de grãos, com a cal a ser utilizada como descoberto com as foi encontrada perto de uma delas. inseticida e a relva para impedir a entrada cabeças apontadas Algumas peças semipreciosas também de humidade. para norte. Perto foram encontradas, demonstrando que Foi descoberto um cemitério, com oito das cabeças eram parte de um colar. campas, do período eram guardados Foi encontrado um número Harappeano maduro. utensílios para Like impressionante de selos e carimbos, Frequentemente, MEA INDIA uso diário também com grossos depósitos campas cobertas de de “Cerâmica Hakra” (típica de relva continham povoações anteriores às fases iniciais do Vale do um caixão de madeira. Eram Follow Indo e do Vale do Rio Sarasvati, que entretanto entrecortados diferentes tipos @MEAINDIA secou). Também continha artefactos das fases inicial de poços para formar um beiral e madura Harappeanas. A Hakra e as fases inicias de terra, e o corpo era colocado estão separadas por mais de 500-600 anos. O povo debaixo disto. O topo da campa era Channel Hakra é considerado os habitantes Indus mais enchido com tijolos para formar MEA INDIA antigos. Um celeiro, feito de tijolos de lama e chão uma estrutura de telhado por cima.

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FOCO

O Yoga 茅 o

caminho

A Assembleia Geral das NU decidiu proclamar o dia 21 de junho como o Dia Internacional do Yoga, ap贸s a proposta do Primeiroministro Indiano, o Sr. Narendra Modi em setembro de 2014 texto | Birad Rajaram Yajnik

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meu interesse no yoga começou em 2005 quando embarquei numa jornada à volta do mundo para capturar esta antiga forma de arte com a minha câmara. Desde as ilhas de Koh Phangan até às ruas de Nova Iorque, Los Angeles e Frankfurt, conhecer pessoas de todos os continentes e ouvi-las falar sobre a sua paixão pelo yoga fez-me procurar profundamente, no interior de mim mesmo. Estabeleci a perspetiva de que o yoga é uma prática global, e a sua adoção mundial é devido à afinidade com a mudança. O yoga é flexível, não só nas suas asanas mas também na forma e no método como é praticado. O yoga tem uma qualidade única, pode ser adaptado a qualquer região, cultura e período no tempo. Recentemente, o The Huffington Post anunciou que o yoga hoje em dia é uma indústria de US$27 mil milhões. “As pessoas estão a tomar conta das

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O yoga fez incursões por todo o mundo através de revistas, consumíveis e workshops

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FOCO

suas vidas espirituais de forma yogica. Isso está Ao longo dos últimos anos, as minhas interações a mudar a face da espiritualidade”. Travel and pessoais têm sido muito diversas, desde conhecer Leisure, uma publicação da Time Inc., lista 25 a heptacampeã da WWE Trish Stratus que é uma destinos globais de topo. Curiosamente, nestes veterana do yoga desde há nove anos e responsável destinos é possível praticar yoga em 11 idiomas por um dos maiores estúdios de yoga de Toronto, internacionais: Khmer, Japonês, Castelhano, até Mari Myllykoski da Finlândia, praticante de Tailandês, Francês, Italiano, Alemão e yoga durante mais de metade da sua Dinamarquês, apenas para enumerar vida. Cada vez que entro numa loja Apercebendo-se alguns. Uma pesquisa por yoga no Lululemon, uma empresa de roupa do potencial desta google maps mostra a sua presença de yoga, fico surpreendido. Criada marca indiana desde a cidade mais a oriente, Kamui, em Vancouver em 1998, tem mais de mil milhões no Japão até Halibut Cove, Alasca no de 2.800 empregados e uma receita de dólares, o ocidente. Desde Norge, na Noruega, de US$1,3 mil milhões. Na semana Primeiro-ministro a norte até à Antártica Chilena, no passada, na Tailândia, encontrei Indiano propôs Chile, a sul: Uma marca uma taça de iogurte com uma asana a declaração do global inquestionável. de yoga na embalagem. Ainda estou Like Dia Internacional Talvez apercebendopor visitar uma cidade no mundo MEA INDIA do Yoga se do potencial que esta onde não tenha encontrado um marca indiana de mil estúdio de yoga. milhões de dólares pode trazer para o À medida que o mundo encolhe até uma Follow mundo, o Primeiro-ministro Indiano, entidade integrada de informação e interação, @MEAINDIA o Sr. Narendra Modi propôs que se com as redes sociais, os telemóveis e a internet a declarasse um Dia Internacional do esbaterem as linhas da diferenciação, não podia Yoga na Assembleia Geral das NU, concordar mais que precisamos de um Dia do Yoga, Channel descrevendo esta ciência antiga como um dia em que todo o mundo reflita sobre esta MEA INDIA uma prenda da Índia para o mundo. forma de arte antiga e aumente a sua adoção.

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CONQUISTA

Uma empreitada

Nobre

Kailash Satyarthi partilhou o Prémio Nobel da Paz de 2014 devido à sua cruzada contra o trabalho infantil e aos seus esforços para a proteção dos direitos das crianças

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om o anúncio do Prémio Nobel da Paz de 2014 um nome, que tinha vindo a trabalhar em silêncio em prol dos direitos das crianças há mais de três décadas, veio para a ribalta. Foi em 1980 que Kailash Satyarthi abdicou da carreira como professor e se tornou secretáriogeral da Bonded Labour Liberation Front (Frente de Libertação da Escravidão por Dívida). Mais tarde, nesse mesmo ano, fundou a Bachpan Bachao Andolan (Missão Salvar a Infância). Satyarthi partilhou o prémio com Malala Yousafzai, uma ativista da educação das mulheres no Paquistão. Satyarthi tem estado envolvido na Marcha Global Contra o Trabalho Infantil e com o seu corpo de defesa internacional, o Centro Internacional sobre Trabalho Infantil e Educação - (International Center on Child Labour and Education - ICCLE), as coligações mundiais de ONGs, professores e sindicatos. Também estabeleceu a GoodWeave International como o primeiro sistema voluntário de etiquetagem, controlo e certificação para tapetes fabricados sem trabalho infantil no Sul da Ásia. Foi maioritariamente devido aos seus esforços que a Organização Internacional do Trabalho adotou a Convenção Nº 182 sobre o pior do trabalho infantil, que se tornou uma diretriz para os governos de todo o mundo.

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Deixe que a comida seja a

sua medicina

Uma das mais antigas, e ainda assim das com mais evolução, ciências sobre como viver bem, a ayurveda está a ascender novamente, como uma fénix texto | Madhulika Dash

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urante séculos, este era o aforismo com que as civilizações vivam de forma feliz, pelo menos até à invenção da “medicina”. A ascensão da medicina como corrente separada criou uma cisão no sistema de saúde baseado predominantemente na comida. De repente, a comida e a medicina tornaram-se duas entidades separadas. Os recursos eram bifurcados. Os medicamentos não podiam ser consumidos enquanto alimentos, e os alimentos significavam materiais com fraca potência, mas comestíveis. A Índia, no entanto, permaneceu uma exceção a esta regra, pois a comida e a medicina mantiveram-se unidas e eram frequentemente usadas para melhorar a digestão e a capacidade de absorção do corpo humano, e a sua longevidade. Baseada no conceito de equilibrar os seus três doshas (elementos) – vata, pitta e kapha – a ayurveda era, no seu tempo, a base na qual a cultura e os hábitos alimentares da sociedade estavam assentes. A comida da época não era uma questão de sustento, mas da manutenção do equilíbrio da constituição energética do corpo. Os hábitos alimentares da época eram diferentes das visões modernas de uma dieta equilibrada, que

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incitam todos a comer os mesmos grupos alimentares básicos (carne, laticínios, fruta, cereais e vegetais) e a atingir os mesmos níveis “padrão” de vitaminas, minerais e micronutrientes no corpo. A Ayurveda, por outro lado, Agnivesa que recusou esta abordagem por apresenta um afirmar que era “insuficientemente relato detalhado individualizada”, determinava a sobre como a dieta de um indivíduo baseada no ayurveda encarava que equilibrava os três doshas do a comida, e como corpo. Curiosamente, é a mesma era capaz de a abordagem que esta ciência antiga categorizar para segue quando apresenta um plano se adequar aos alimentar ou quando combate uma indivíduos doença hoje em dia. A ayurveda, por exemplo, ao contrário da medicina tradicional para tratar dores de para tornar a comida saborosa, ao mesmo tempo estômago, irá determinar a causa e depois sugerir que mantinham os seus nutrientes. Alimentos como uma composição alimentar que irá ajudar a eliminar coalhada, paneer e dal (legumes) existiam na dieta o problema, enquanto fortalece o sistema. Apesar de indiana já em 200 A.C. O painço era já um ingrediente este método não produzir a “gratificação instantânea” conheçido e era frequentemente utilizado em dietas da medicina convencional, é um tratamento eficaz de desintoxicação como kitchari (originalmente para a maioria das doenças. Agnivesa, que data a khichdi – arroz cozido e legumes). O óleo vegetal e a presença da ayurveda na Índia a partir de 100 A.C., gordura de laticínios como ghee (manteiga clarificada) apresenta um relato detalhado sobre a forma como do leite da vaca não eram encarados como alimentos a ayurveda encarava a comida e como era capaz de a gordos, mas como nutrientes eficazes para ajudar a categorizar para encaixar num biossistema individual. De fato, o livro menciona a utilização de especiarias criar imunidade. O Ghee era essencial para arrefecer o corpo que assimilava boas propriedades da comida como pimenta, raiz de gengibre, cravo e flores para com que estava misturada e as adicionava, sem perder tratar certas doenças. as suas próprias propriedades. É por este motivo que Um segundo livro escrito em 200 A.C., Charaka a maioria dos textos ayurvedicos usava o ghee como Samhita, menciona a existência de técnicas como escaldar, grelhar, coalhar e saltear, que eram utilizadas forma de cozinhar/misturar.

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CIÊNCIA DO SABOR De acordo com a Ayurveda, o sistema de sabor do corpo ajuda a determinar alimentos bons ou maus para ele. O sabor doce dá força aos tecidos, é bom como nutrição e harmoniza a mente. Os produtos com sabor doce não são apenas os que sabem a açúcar, mas também incluem o arroz, o ghee e as frutas. A comida doce é de digestão pesada.

O Chyavanprash é um dos melhores exemplos do sistema de saúde ayurvedico e de como usava a combinação de diferentes ervas, plantas, raízes e alimentos para melhorar a saúde. O emparelhamento alimentar era efetuado baseado em cinco princípios de bem-estar - sabor (rasa), propriedade (guna), potência (veerya), efeito metabólico (vipaaka) e potência especial (prabhaava). Isto era importante visto que qualquer combinação inferior poderia prejudicar o sistema do corpo que, mesmo hoje em dia, é considerado uma rede de tecidos. É por este motivo que a ayurveda aconselha que a comida cozinhada seja consumida dentro de uma hora após a sua preparação e considera os restos de comida, ou comida já velha, tamsik aahar, o que causa estragos máximos ao corpo. A Ayurveda trabalhou no princípio da saúde, que avalia cada alimento com base no sabor (rasa), numa energia de cozedura ou de refrigeração (veerya) e no efeito pós-digestivo (vipaka). E, dessa forma, foi capaz de produzir uma lista de combinações boas e más, que afetavam o corpo. A ciência das diferentes enzimas alimentares que necessitavam das suas próprias enzimas digestivas era bem conhecida já na altura. Era sabido, por exemplo, que comer bananas com leite podia diminuir o agni (fogo), mudar a flora intestinal que produz toxinas e podia causar congestão nasal, constipação, tosse e alergias. Um facto que a medicina convencional descobriu apenas há algumas décadas!

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O sabor azedo estimula os fogos e as enzimas e a comida amarga, por exemplo a lima e o tamarindo, são de digestão fácil e boas para o coração. O vinagre e o ácido cítrico não fazem parte desta lista. O sabor salgado estimula a digestão, limpa a obstrução nos canais do corpo, provoca o suor e aumenta o poder da digestão mas tem tendência a esgotar as secreções reprodutoras. Um excesso de sal provoca cabelos brancos e rugas. Os sabores pungentes, como a cebola, a pimenta e o alho, ajudam a digestão, melhoram o metabolismo e dilatam os canais do corpo. As comidas com sabor amargo eliminam os elementos bacteriais, purificam o sangue e são de digestão leve. As substâncias que têm um sabor predominantemente adstringente como as batatas, as maças, folhas de pimenteira betel, a maioria dos vegetais verdes e a comida com taninos, como chá, possuem propriedades para curar úlceras e feridas. Elas secam a humidade e a gordura no corpo e funcionam como absorventes de água.

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Apelo Appliqué e

palete ‘pata’

As formas de arte tradicionais, como o Pipli appliqué e Pata Chitra entraram no mundo da moda, criando ondas a nível nacional e internacional texto | Niroj Ranjan Misra

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Candelabros decorativos feitos utilizando trabalhos em appliqué Pipli

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Senhor Jagannath (a reincarnação do a arte de Odisha tradicional brilha, o Pata Chitra, Senhor Vishnu), o culto Jagannath com a sua “anasara Pati” tríptica, retem a parecença e a Jagannath dham (residência) com a sua glória original. Este tipo, com imagens inspiram e revigoram a vasta e variada de Narayana, Bhubaneswari e Ananta, substitui as arte e cultura de Odisha. A panóplia pictural de divindades de madeira de Jagannath, Balabhadra Raghurajpur Pata Chitra e a finura do tecido Pipli e Subhadra “doentes”. Esta fase é denominada têm uma íntima afinidade com este triângulo anasara, quando as divindades estão doentes, com sagrado. Por um lado, os chitrakaras febre, para depois surgirem durante (pintores) de Raghurajpur, a cerca o mundialmente famoso Car Festival. A Pata Chitra de 14 km de Puri, representam a Mas são os Jatri pati (pinturas de é ilustrada Krishna Leela (a história de vida do peregrinos) que narram o Krishna em tecido e Senhor Krishna) e as divindades Hindu Leela e esse tipo registou voltas e tem camadas Jagannath, Balabhadra e Subhadra. Por reviravoltas nas suas limitações lineares grossas de outro lado, os darzis (artesãos) de Pipli, e na composição de cor. cal e goma de a cerca de 40 km de Puri, apresentam “A Pata Chitra é ilustrada em tamarindo o seu apelo appliqué com retalhos de tecido com grossas camadas, com giz para garantir a tecido, cozendo padrões de flora e e goma de tamarindo para garantir a longevidade fauna nos seus tecidos base. Ambos são longevidade. É pintada em paredes de complexos e requintados. templos e em bases,” diz o chitrakara A antiguidade de ambas as formas de Purna Maharana. arte remonta ao séc. XII D.C. quando o Rei Como a Pata Chitra, o trabalho appliqué é uma Anantavarman Chodagangadeva construiu arte de templo. Enquanto a chandua (cobertura) é o Templo Jagannath em Puri. Floresceram mantida por cima das divindades, o chhatri (guardagradualmente, lidando com a disseminação do chuva) é usado durante festivais como Chandan culto Jagannath sobre o patrocínio real. Enquanto Jatra do Senhor Jagannath e Seus irmãos. De

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(Esquerda) Uma pintura Pata Chitra (abaixo) Guarda chuvas e ventoinhas com trabalho em appliqué Pipli

forma semelhante, a alata (ventoinha grande operada manualmente) e a kothali (bolsa de dinheiro) e muito outros artigos com bordados intricados compõem a matéria dos trabalhos appliqué tradicionais. Hoje em dia, quebra-luzes, coberturas para televisões, tapeçarias, guarda-chuvas de jardim e outros artigos de uso diário, com vasta utilização de plástico, fibras, rendas e adornos e bugigangas semelhantes aumentam o grosso para sublinhar a variedade e a variabilidade. A Pata Chitra incorporou múltiplas metamorfoses no seu género. Anteriormente, o negro de fumo, o branco concha, o vermelhão, o ocre vermelho e o amarelo cádmio eram cores rudimentares. Agora a palete inclui cores misturadas como cinzentos, rosas e violetas. Os novos sujeitos apresentam o núcleo das narrações pictóricas da Pata Chitra’s. As 64 kalas” (formas de arte) do pintor Sudhir Maharana que delineiam retratos de diferentes atividades, como dança, canto, caça e brincadeiras não só as exemplificam, como as amplificam. A “História da Via de Laxmi, filha de Odia”, de Chitrakaar Bhikari Maharana, sumariza sucintamente esta inclinação em curso dos eventos sociais. Similarmente, a professora associada Sushmita Behera, do Instituto Nacional de Estilismo de Bhubaneswar, recebeu prémios em Mumbai há alguns anos pelo seu trabalho Raízes de Orissa, composto por designs de Pata Chitra com relevo em tussar com a ajuda de tinta para tecidos. Os exemplos mais recentes, no entanto, não chamam a atenção dos académicos e dos artistas tradicionais mais afeiçoados. O que os provoca é o “compromisso” com combinações de cor básicas e a diluição

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(Esquerda) Um artista a fazer uma recordação baseada em appliqué Pipli (direita) um chitrakaar a dar os retoques finais a uma pintura Pata Chitra

do estilo tradicional. “As poses, as posturas e pincel de plástico torna as linhas dos desenhos as ornamentações do estilo Odissi estão a ser Pata Chitra mais finas e melhores,” diz ele. atenuadas,” lamenta Bhikari Mahararan que Chitrakaar Karan Sahu defende que “inovações nas coisas antigas” foi um processo apelidou a atração de nova experimentação. de melhoramento e improvisação, e não deve A antiga secretária da Lalit Kala Akademi de Odisha, RN Ratha, diz, “O uso de tintas de esmalte ser tratado como anátema para a popularidade crescente das formas de arte. “Enclausurada pelo e cores acrílicas em vez das cores vegetais e tradicionalismo radical, pode a criatividade do minerais resulta deletério para a estética básica.” No entanto, o diretor adicional do Diretório artista ter um fluxo livre?” argumenta ele. Estadual de Artes Manuais e Quando académicos e artistas tradicionais lamentam a “erosão” da Indústrias Caseiras, BK Panda, Quando originalidade do Pata Chitra, estão advoga mudanças que concedam um os artistas aspeto contemporâneo às formas descontentes com a introdução de lamentam a novos designs e tecidos em trabalhos tradicionais para aumentar os “erosão” da appliqué. Apesar do tecido servir campos nacionais e internacionais. originalidade, “O Governo planeia pedir o auxílio como base, o uso atual do veludo, estão igualmente da seda, da renda, dos plásticos e das do Instituto Nacional de Design, descontentes fibras é ressentido pelos puristas. de Ahmedabad, para ajudar a com os designs e “O uso de materiais sintéticos e de melhorar o aspeto contemporâneo tecidos outras coisas em trabalhos appliqué e tradicional destas formas de arte,” diz ele. Por outro lado, chitrakaar resulta deletério,” partilha Ramahari Sudhir Maharana acredita que a “novidade” não Jena. O artesão PC Mahapatra, no entanto, diz, “Se os designs tradicionais, como dhapa, gula e só acelera o trabalho como também alivia a dor ganthichauka forem usados, apenas podem ser que um pintor sofre. “Tome como exemplo a preparação da cor branca. Um pinto mói a concha feitas duas chanduas por ano. Um produto assim custa cerca de `10,000. Quem o iria comprar em pó, ferve-a e deixa-a em repouso durante até quatro dias para a tornar em pasta. Isto prejudica quando uma variedade semelhante se encontra à o cumprimento de prazos. Da mesma forma, o venda por `500?” diz ele.

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Riviera Francesa

do Oriente

Calmo e sereno, Puducherry é um caldeirão cultural com arquitetura de inspiração global e belas vistas costeiras

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uducherry, Karaikal, Yanam e Mahe, em conjunto, formam o Território da União de Puducherry. Um destino para quem tem uma mente espiritual, é o berço do Aurobindo Ashram, um dos mais ricos ashrams da Índia. Foi estabelecido em 1926 pelo filósofo-poeta Aurobindo Ghosh. O seu seguidor, a mística parisiense Mirra Alfassa, ficou encarregue da gestão após a sua morte em 1950. Conhecida como “A Mãe”, ela concebeu Auroville, uma “cidade experimental” única conhecida como a cidade internacional da união. Nos arredores

Matrimandir em Auroville – um local para concentração silenciosa J AN EI R O

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Esquerda: A Igreja da Nossa Senhora dos Anjos Direita: O Templo Vedhapureeswarar foi construído nos anos 70 (Página oposta) Topo: A Catedral da Imaculada Conceição é uma das mais antigas em Puducherry; Fundo: Os interiores da Basílica do Coração Sagrado de Jesus

de Puducherry, Auroville é o lar de pessoas de todo o mundo. Na sua inauguração, em 1968, solo de 124 países foi colocado numa urna em forma de lótus para simbolizar a união universal. Foi projetada pelo arquiteto francês Roger Anger para ser uma combinação de elementos modernos do Ocidente e elementos tradicionais indianos. Um local para “concentração silenciosa”, o Matrimandir tem uma câmara interior em mármore branco, com 12 lados. Alberga um globo de

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vidro de qualidade ótica, no qual é focado um raio de luz solar para fazer um ponto de concentração.

Influência francesa

Puducherry é o lar de vários templos e igrejas influenciados pelos franceses, que são parte da sua história há quase 300 anos. O Templo Kanniga Parameswari, dedicado à deusa Shakti, é mistura de arquitetura Tamil e francesa fora do habitual. A bela

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O Museu Pondicherry alberga esculturas soberbas Esquerda: A estátua de Gandhi na Promenade Beach é um marco da cidade

Igreja da Nossa Senhora dos Anjos, construída em 1865 em branco e dourado, alberga uma rara pintura a óleo da Nossa Senhora da Assunção, oferecida pelo Imperador Francês Napoleão III.

Efeito global

Puducherry tem ruas perpendiculares baseadas num padrão em grelha francês. Está dividida no Bairro Francês e no Bairro Indiano. O Bairro Francês tem casas de estilo colonial com janelas altas arqueadas e tetos altos; o Indiano tem casas alinhadas com varandas típicas da Índia. Apesar do Tamil ser o idioma principal, as pessoas também são versadas em Inglês e Francês, para além de outras línguas sul-indianas como Telugu e Malayalam.

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Ao cimo à esquerda: Memorial de Guerra na Promenade Beach Ao cimo à direita: Pilar de pedra na Promenade Beach (Página oposta) Ao cimo: Os barcos são populares nas praias de Puducherry Em baixo: Um dos muitos cafés ao estilo francês

Encanto da praia

Localizada perto da costa, Puducherry oferece vistas marítimas pitorescas. A beleza do nascer e pôr do sol aqui é lendária. A Auro Beach é um destino popular para um mergulho. A Paradise Beach é conhecida pela sua boa manutenção, assim como pelas cabanas que servem comida deliciosa e boas instalações. A Promenade Beach, com 1,5 km, é um destino popular para

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passear, correr, fazer patinagem e yoga. Outros marcos incluem o memorial de guerra, a histórica câmara municipal, o farol e estátuas de Joana Dárc, Mahatma Gandhi e Marquis Dupleix, governador-geral do acampamento francês na Índia. Le Cafe, aberto durante o dia, é uma visita obrigatória. O surf é popular na Serenity Beach, enquanto a Veerampattinam Beach é uma das maiores e mais populares praias.

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CULTURA

A Quarta Volta da

Roda do Dharma

Apesar do interesse dominante no Budismo ter sido expresso em termos de ética, religião, misticismo e filosofia antes da Segunda Guerra Mundial, o interesse na atitude Budista em relação à vida em geral veio para a linha da frente após o fim da guerra texto | Dusan Pajin

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Budismo foi raramente visto no seu História Asiática do Budismo papel de mediador pancultural, não só Existem algumas conclusões gerais que podem na Ásia, mas também na disseminação ser retiradas da história asiática do Budismo. Em da influência cultural da primeiro lugar, algumas características Ásia na Europa, ou no ocidente em gerais do Budismo enquanto religião que Em poucos geral, durante os dois últimos séculos. se espalharam da Índia até outros países países, o Ofereceu inspiração abundante e asiáticos. Em alguns desses países, o Budismo Budismo empurrou para segundo plano apresentou um desafio em muitos empurrou para os cultos populares de origem xamânica campos de interesse cultural - a segundo plano os incluindo nas suas práticas e rituais filosofia, a religião, arte e literatura, cultos populares algumas das funções desses cultos, psicologia e psicoterapia. Aparte das de origem transformando as divindades indígenas divisões académicas, a sua influência xamânica animalescas em personagens do panteão foi maioritariamente sentido no campo da ética (entendida como um “modo de Budista, e ligando as festividades locais a vida”), com ênfase especial no alargamento da ética feriados Budistas. Em países que já tinham tradições (como sistema de valores que governa as relações religiosas estabelecidas, foi fundado como uma interpessoais) para um sistema de valores que religião paralela, segunda (ou terceira) religião, por vezes em coexistência pacífica e, em outras alturas, engloba a relação do homem com a natureza, ou em conflito com a tradição doméstica. com a vida em geral.

Árvore de Bodhi no Templo Mahabodhi em Bodhgaya, Bihar

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CULTURA

Estátua de Buda a dormir em Ajanta Caves, Maharashtra

O Budismo foi traduzido para os idiomas ou até a religião oficial de um estado, como na domésticos e elaborou novas tradições Índia na época de Ashoka, as outras religiões não textuais que foram adicionadas ao corpo de eram banidas nem perseguidas, nem recebiam textos traduzidos de origem indiana. A ética o estatuto de heresias. No Tibete e no Japão, e a disciplina dos monges foram parcialmente o Budismo interligou-se em grande medida adaptadas aos costumes locais. Até à altura da com o poder político ou com a ética militar. No invasão muçulmana (entre 1000Tibete, isto deveu-se ao facto de 1200 D.C.), quando (sob forte não se ter desenvolvido qualquer O Budismo pressão dos invasores) o Budismo administração em separado, não agiu como entrou em declínio na Índia, onde portanto os lamas tinham que supressor dos os peregrinos iam para recolher cumprir o papel de burocratas valores culturais inspiração e “estudar na fonte”, estaduais. No Japão, foi devido ao nacionais. Em especialmente na Universidade facto de o governante ter de unir a vários países, Nalanda. Alguns destes peregrinos, nação. tinha escolas como os Budistas Chineses HsuanSe fossemos a comparar, por e seguidores tsang e I Tsing (durante o séc. exemplo, três obras-primas próprios VIII), deixaram registos valiosos esculturais - o Buda em pé do das suas viagens e das práticas e período Gupta (Séc. V), a imagem ensinamentos Budistas. Estes acontecimentos sentada de Miroku (Maitreya) do templo Chugureforçaram o papel do Budismo como mediador ji no Japão (séc. VII), e a cabeça de Jayavarman cultural interasiático que transcendia fronteiras VII do Cambodja (séc. XII), iriamos encontrar estaduais, interesses políticos e conflitos, a mesma expressão de serenidade pura e espalhando o dharma desde a Ásia Central até compaixão, apesar de estas esculturas possuírem Java e dos Himalaias até à Terra do Sol Nascente. diferentes características em relação à época, ao Quando o Budismo era a religião dominante, local e à nacionalidade.

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Da esquerda para a direita: Buda com uma auréola de lótus em Mathura; Miroku do templo Chugu-ji Japão Japan; Rei Jayavarman VII do Cambodja

A Quarta Volta

de personalidade, para além da mera “normalidade” A segunda fase do Budismo como mediador ou da saúde mental, que eram os objetivos cultural (entre o oriente e o ocidente) ou a Quarta tradicionais da psicoterapia. Esta receção foi parte Volta da Roda do Dharma teve lugar no início do de um alargamento geral do interesse em formas séc. XIX e chega até à nossa altura (as primeiras Budistas e não-Budistas de “autorrealização” ou três voltas são as fases Theravada, Mahayana e “psicologias transpessoais.” Apesar de alguns Tantrayana da história Budista). autores terem interpretado vários Durante os últimos 150 anos, podemos conceitos Budistas a partir de um Novas gerações comprovar uma alteração significativa ponto de vista psicológico, outros de investigadores nos interesses e atitudes em relação tentaram deduzir, ou adaptar - a partir consideraram ao Budismo. Até à Segunda Guerra do enquadramento conceptual ou a meditação Mundial, o interesse dominante práticas de meditação do Budismo uma das formas expressava-se em termos de ética, - novos conceitos de crescimento possíveis de religião, misticismo e filosofia. de personalidade e técnicas de autorrealização Após a Segunda Guerra Mundial, o psicoterapia, ou as que passam para e autointeresse na atitude Budista em geral além da terapia propriamente dita. atualização em relação à vida e à meditação veio Com o quarto grupo de autores, para primeiro plano. Por exemplo, R Ornstein, A Maslow, R Walsh e D gerações de Budologistas tentaram interpretar e Shapiro, deixamos a receção específica do Budismo compreender nirvana a partir de vários pontos de na psicologia e temos que lidar com conceitos e vistas, mas a “psicologia do nirvana” tornou-se um métodos que representam o que RH Robinson artigo familiar em bibliografias. denominou a etapa final de assimilação, quando Novas gerações de investigadores consideraram o sistema (Madhyamaka na China; no contexto a meditação uma das formas possíveis de indiano – psicologia Budista no ocidente) foi autorrealização, auto-atualização ou de crescimento criticamente avaliado e transcendido.

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CULTURA

Puxar as

cordas certas Com a chegada do Festival Internacional de Teatro de Marionetas de Ishara a Nova Delhi, em abril, analisamos a forma como as marionetas mantêm a importância na Índia texto | Neharika Mathur Sinha

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aso tenha tido a oportunidade de visitar qualquer cidade no Rajastão – Jaipur, Jodhpur, Kota ou Bikaner – não teve hipótese de perder um espetáculo de kathputli (marionetas). Uma arte que se acredita ter mais de mil anos, podemos encontrar referências a espetáculos de marionetas em baladas e contos populares do Rajastão. Nenhuma feira, festival ou celebração no Rajastão está completa sem um espetáculo de marionetas. A rica história da Índia no que diz respeito a marionetas tem mais de 3.000 anos. No séc. II, o poeta Tamil, Tiruvalluvar mencionou “marionetas movidas por cordas” nas suas composições. No Bhagavad Gita (texto religioso Hindu), Deus foi comparado a um marionetista com três cordas – sattva, rajas e tamas. A personagem principal nas peças em Sânscrito Indiano antigas era chamada sutradhaar (detentor das cordas). Ao longo dos anos, a tendência abriu caminho até às vilas, cidades e metros. Mas

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as histórias de realeza foram substituídas acreditam ser o berço das marionetas. Ao longo por mensagem socialmente e moralmente dos anos, o público foi exposto a vários artistas, relevantes. realizadores e formas inimagináveis, Em abril a Índia vai organizar rompendo com os estereótipos No Bhagavad a 13ª edição do Festival no teatro de marionetas clássico Gita, um texto Internacional de Teatro de e moderno,” diz Dadi Pudumjee, religioso Hindu, Marionetas de Ishara, e espera-se fundador da Fundação de Teatro de Deus foi ligado a que participem mais de cem grupos Marionetas de Ishara. um marionetista internacionais. “Este festival foi O teatro de marionetas com três cordas:: possivelmente uma das forças tradicional da Índia destaca-se sattva, rajas e impulsionadores para juntar porque, com uma orientação visual tamas teatros de marionetas tradicionais e de linguagem, tem público nas e modernos numa plataforma regiões a que pertence. A nova comum, construindo uma mudança de geração de marionetistas é um desenvolvimento atmosfera consciente em relação a esta forma bem recebido. “Os marionetistas mais jovens de arte, especialmente num país que muitos estão a questionar as técnicas e as tradições.

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CULTURA

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Estão a criar e a procurar novo repertório, Andhra Pradesh técnicas e materiais. A arte está constantemente a Marionetas sombra chamadas tholu bommalata evoluir,” diz ele. (tholu significa couro e bommalata significa dança Pudumjee acredita que o que consideramos de marionetes), feitas de pele de cabra, atingem hoje tradicional foi mudando lentamente ao longo tamanhos entre 1,5 e 1,8 m. A pele de cabra recebe do tempo: patrocínios, público e um tratamento especial para tornar requisitos. “Devemos considerar as marionetas translúcidas e coloridas “Os marionetistas qualquer forma de arte como uma utilizando tintas vegetais . Articulações mais jovens estão continuidade cultural holística, tal nos ombros, cotovelos, joelhos, cinta, a questionar como seria nas suas formas e espaços pescoço e tornozelos permitem um as técnicas e as regionais. Quando considerados e movimento amplo. tradições... a vistos fora do contexto, perde-se um arte está sempre pouco tanto para o artista como para o Kerala a evoluir com público,” diz ele. Thol pavakuthu, como é chamado novas técnicas e nesta zona, é executado com Kamba materiais” NOS OUTROS ESTADOS Ramayana encenada tradicionalmente. Rajasthan A atuação começa à noite e continua As marionetas são denominadas kathputli, kath até ao raiar do dia, durante até 21 dias. Cerca de significa madeira e putli significa boneca. O 160 marionetas de pele, com 90 cm de altura, são marionetista produz vozes estridentes ao soprar manipuladas por trás de um ecrã de algodão num numa cana de bambu. Assuntos sociais como os palco de quase 13 metros. Vinte e um candeeiros dotes, o analfabetismo, a pobreza e o desemprego de óleo feitos de metades de coco, colocados a são retratados. uma distância equidistante numa tira de madeira

Esquerda: Marionetas de vara na produção “Heer Ke Waris”, da Fundação Ishara de Teatro de Marionetas Direita: Marioneta de cordas (Página oposta) Marioneta de vara em ação

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Esquerda: G Venu, um praticante pavakuthu de Kerala Direita: Espetáculo de marionetas sombra – ravanchhaya Abaixo à direita: Dr R Bhanumathi do Centro de Marionetas de Pavai

por trás do ecrâ, fazem com que as sombras sejam projetadas no mesmo. Pava-kuthu (fantoches de mão) é apresentado ao fim da tarde no distrito de Palghat, contando episódios de Mahabharata. Estes fantoches de madeira coloridos têm uma maquilhagem facial semelhante a uma máscara, acessórios na cabeça e fatos coloridos, semelhantes a dançarinos Kathakali.

Maharashtra

Tamil Nadu

Odisha

Marionetas de corda, chamadas bommalattam, são das maiores e mais pesadas na Índia - cerca de 1,4 m de comprimento e 8 kg de peso. Os espetáculos são encenados em templos durante festivais, e duram 10 dias. As cordas estão amarradas a um anel de ferro que é utilizado à cabeça pelo marionetista. Algumas marionetas têm membros articulados manipulados com varas. Apresentam cenas de épicos e de histórias engraçadas.

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No kalasutri bahulya, pequenas marionetas de corda sem pernas são usadas para narrar episódios da Ramayana através de canções populares. As marionetas sombra de Maharashtra, denominadas chamadyache bahulya, são pintadas com tintas vegetais. Não possuem membros articulados e são manipuladas com uma unica vara ao centro.

Recortes de cartão são usados em ravanachhaya para contar episódios da Ramayana. Mover estas marionetas requer muita habilidade, pois não possuem articulações. Lamparinas de terra iluminam o ecrã para criar sombras. Em kundhei nach, são feitos fantoches de mão com três pedaços de madeira - cabeça e duas mãos com buracos para dedos. Uma vestimenta longa e fluída esconde as articulações e a mão do marionetista. Ele toca

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CONHEÇA AS MARIONETAS SOMBRA Um tecido branco bem esticado com uma luz por trás serve de tela para estas marionetas lisas. Tradicionalmente, estas marionetas eram feitas de pele de animal, com uma cana ou bambu presa verticalmente para permitir a manipulação.

VARA Uma vara principal, escondida dentro da roupa, suporta o corpo da marioneta Varas mais pequenas estão presas às mãos, e são manipuladas para a ação.

LUVA Estas são usadas na mão e manipuladas com os dedos para fazer com que as mãos e os braços da marioneta se mexam.

CORDA São feitas de madeira, ou arame, ou tecido enchido com algodão, trapos ou serradura. As cordas são presas ao corpo e os membros destas marionetas são puxados para as animar.

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Fantoches tradicionais do Rajastão

o dholak com a outra mão e narra uma história. Em kathi kandhe, marionetas de vara com entre 30-45 cm são manipuladas por trás de uma tela, e a maioria dos diálogos são cantados.

Bengal Oeste

O teatro de marionetas de varas chamado putul nach (bonecas dançantes) é normalmente encenado como uma jatra (peça folclórica). Estas marionetas de 1,5 m têm uma base em bambu, são cobertas e engessadas com palha e casca de arroz, onde as características faciais são pintadas. Os marionetistas ficam por trás de uma cortina de bambu da altura da cabeça, movendo e dançando enquanto manipulam marionetas presas pela cintura.

Assam

Os espetáculos de marionetas de cordas putal nach usam marionetas de madeira suave para contar as histórias dos épicos indianos. Saias largas escondem a ausência de pernas destas marionetas de 60 cm.

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Karnataka

A Gombe atta, ou dança das bonecas, utiliza marionetas com articulações nas pernas, nos ombros, nos cotovelos, nas ancas e nos joelhos para encenar episódios baseados nas peças Yakshagana tradicionais. Cinco ou mais cordas ligam os membros a uma vara, que é controlada pelo marionetista. A música de acompanhamento mistura elementos populares e clássicos. Marionetas de pele ou de sombras, chamadas localmente togalu (pele) gombe-atta (dança de marionetas) encenam épicos. No mínimo 10 marionetas estão no palco ao mesmo tempo agricultores, mulheres... até mesmo árvores, plantas, sol e lua... Os tamanhos das marionetas são em proporção ao estatuto social - os reis e as personagens religiosas são maiores do que o povo. Duas folhas são esticadas ao longo de quatro postes de bambu. Lamparinas de barro, bronze e ferro são utilizadas com óleo de castor para criar luz para a atuação, que continua durante nove dias.

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MÚSICA

Descobrir o caminho

com ragas

Algumas bandas de rock ocidentais começaram a fazer experiências com música indiana nos anos 60. Vamos descobrir porque é que este fascínio cresceu com o tempo... texto | Shankar Mahadevan

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MÚSICA

Três dos criadores e compositores mais intemporais: Bela Fleck (banjo), Zakir Hussain (tabla) e Edgar Meyer (contrabaixo)

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Índia foi abençoada com duas formas eventualmente, a música indiana tem um número de música clássica – a shastriya sangeet infinito de escalas para oferecer, cada uma com (música tradicional) diferente humor e disposição, que Hindustani a norte e tocam uma corda diferente do nosso A música indiana a sangeet Carnática a sul. Apesar coração de cada vez! Quando esta base tem um número de ser uma forma de música de dados musical se torna disponível infinito de escalas monofónica (melodia simples, sem para o mundo ocidental, os seus para oferecer, acompanhamento), com as suas horizontes expandem-se subitamente, cada uma com complexas inflexões, shrutis e padrões as possibilidades são maiores e os diferente humor, rítmicos complexos, a música indiana sentidos criativos experimentam uma que tocam uma criou uma tempestade no mundo da nova tela para pintar, ao contrário corda diferente do música ocidental. do normal, os modos maior ou nosso coração Vamos falar dos ragas, por menor das escalas pentatónicas ou os exemplo. Temos uma escala de modos dóricos ou lídios das escalas 72 ragas principais, a partir dos quais se podem que utilizam. O aspeto mais importante e mais formar milhares de ragas derivados. Portanto, interessante da música indiana é o ritmo. Os

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O percussionista inglês Pete Lockett numa tabla

PANDIT RAVI SHANKAR: SINÓNIMO DE MÚSICA CLÁSSICA INDIANA NO OCIDENTE A lenda da Sitar, Pandit Ravi Shankar, é quase unicamente responsável pela popularização da música indiana no ocidente. A sua sitar, com o seu zumbido hipnotizante, tornou-se num aliado acústico natural dos sons da guitarra elétrica da era. George Harrison dos The Beatles recebeu um curso intensivo de sitar com ele. Grupos de rock como os Cream, Jimi Hendrix, The Greatful Dead e The Doors utilizaram as suas melodias e improvisações altamente expressivas em sessões de improvisação prolongadas. Em 1950, Shankar reuniu uma orquestra que juntou os instrumentos indianos e ocidentais. Gravou albúms em 1966, 1968 e 1976 com o violinista clássico Yehudi Menuhin. À medida que Shankar construía a sua audiência através de tournées pela Europa e pelos EUA, tornouse o primeiro músico indiano a compor para um filme ocidental. J AN EI R O

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MÚSICA

ritmos indianos são tecnicamente e teoricamente necessário neste mundo stressante. A Índia tem muito mais avançados. Músicos de todo o uma enorme mina de ouro musical chamada lok mundo têm conhecimento disto. Querem sempre sangeet - música popular. Isto é verdadeiramente aprender mais sobre os ritmos indianos, e estão uma extensão da nossa cultura e da nossa tradição sempre dispostos a aplicá-los nos seus próprios - existem canções para todas as ocasiões na instrumentos rítmicos básicos. Por maioria dos estados indianos. Estas exemplo, os complexos cálculos vozes rústicas terrenas e músicos sem Os cânticos rítmicos utilizados em instrumentos treino tornaram-se verdadeiramente e os mantras como o mridangam e a tabla são populares em colaborações com em Sânscrito fascinantes para o mundo ocidental. músicos ocidentais - adicionam uma encontraram Muitos bateristas e percussionistas textura para além da imaginação. Um um repouso fazem um estudo completo do ritmo cantor de música popular do Rajastão exótico na música indiano, e aplicam-no nos seus com uma banda de jazz e um ocidental, sempre espetáculos. acompanhamento rítmico complexo que se pretende Olhando para a origem da seria um sonho de se ouvir, e é algo comunicar música indiana e para a sua relação que acontece frequentemente em sentimentos de paz com a nossa energia espiritual, os festivais de música do mundo e de cânticos e os mantras em Sânscrito música jazz por todo o mundo. encontraram um repouso exótico na música Tudo o que podemos dizer é que no fundo ocidental. Sempre que desejam comunicar existem sete notas, e o que conta é a moda como sentimentos de paz e tranquilidade, os cânticos que se toca ou se canta! É o que faz a diferença e os shlokas indianos são utilizados como uma entre ser indiano ou ser ocidental. Estas notas e ferramenta importante. Levam-nos para um ritmos belos são como a água, que encontra o seu mundo de meditação profunda - lindo e muito lugar, o seu nível, em qualquer sítio. O autor é um dos principais músicos e cantores em playback da Índia

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Shankar Mahadevan a tocar com músicos do ocidente

A VIAGEM PARA O OCIDENTE A música ‘Hindustani’ indiana foi apresentada nos EUA ainda nos 30 pela troupe de dança do músico Uday Shankar. Baseada nos ragas indianos, o Raga emergiu no ocidente, com o seu início frequentemente ligado ao lançamento de 1965 de See my friends, pelos The Kinks, no RU. O guitarrista Jeff Beck também apresentou um riff semelhante ao de uma star no seu álbum, Heart Full of Soul. A Paul Butterfly Blues Band elevou o conceito de música rock com influência indiana com um instrumental oriente-ocidente de 13 minutos, na faixa que deu o nome ao seu álbum de 1966, East West.

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MÚSICAS COM INFLUÊNCIA DA MÚSICA CLÁSSICA INDIANA Ø  Norwegian Wood, Love You To, Within You Without

You, The Inner Light e Tomorrow Never Knows dos The Beatles Ø  Paint It Black e Gomper dos The Rolling Stones Ø  Black Mountain Side e White Summer dos Led Zeppelin Ø  Behind the Sun dos The Red Hot Chili Peppers Ø  Setting Sun dos The Chemical Brothers Ø  Who Feels Love?, 2000, dos Oasis Ø  Taste of India dos Aerosmith Ø  Knees of My Bees, Eight Easy Steps e Citizen of the Planet de Alanis Morissette Ø  Wherever I May Roam dos Metallica

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LIVROS

Como foi que o Maabárata recebeu

vestes espanholas?

O épico existente mais longo foi traduzido para Castelhano texto | Lic. Hugo Labate

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o vasto universo da literatura clássica, o Maabárata é o épico mais longo, sete vezes maior do que a Ilíada e a Odisseia em conjunto. Escrito em Sânscrito, a obra é um símbolo da cultura Hindu porque as personagens e as histórias que a habitam foram difundidas para lugares longínquos, como a Indonésia, onde é representada como teatro de sombras tradicional. Receando que a linguagem clássica pudesse funcionar como uma barreira à apreciação do livro por uma audiência mais vasta de leitores, foi completamente traduzido, há vários séculos atrás, para vernáculos indianos como Malaiala, Tâmil e Telugu.

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Épicos como o Maabárata pertencem a um estilo literário em que o conhecimento popular era ensinado oralmente em forma poética, para garantir que o ouvinte o pudesse “sentir com o coração”, devido ao impacto emocional esperado ao ver as façanhas de personagens que representavam o darma, boas ações e o destino dos que praticavam o contrário. Hoje em dia, no séc. 21, podemos suspeitar que não há lugar para épicos a não ser na nossa atração pelo cinema, especialmente no apelo dos filmes em que o herói luta contra obstáculos inultrapassáveis até que o bem prevaleça. Por volta de 1988, um excerto de um livro foi-me oferecido por um querido instrutor

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dos cursos de Filosofia e Religião Indiana na Fundación Hastinapura, como uma introdução contextual para a leitura de Bagavadguitá. Essa foi a minha introdução a Arjuna, Dhritarashtra, Yudhishthira, a todos esses nomes, à longa saga familiar, ao enredo repleto de tantos incidentes e à antiga, pesarosa linguagem do sentimento cavalheiresco, a incitar o meu desejo de conhecer em profundidade o livro completo. No entanto, na época apenas existia uma versão resumida em castelhano, com dois volumes. Nessa altura, a Sra. Oriana Popovich, diretora da Filial de Belgrano da Fundación Hastinapura, sugeriu que eu traduzisse a versão em Inglês, resumida em um volume por Kamala Subrahmanyam. Quando terminei, senti-me ainda mais estimulado para conhecer melhor a obra completa. Senti que a língua Castelhana, com os seus mais de 400 milhões de falantes, estava de certa forma em falta por não ter este livro maravilhoso e, juntamente com ele, um melhor entendimento da cultura Hindu. Portanto, em 1997, planeamos uma tradução completa

da melhor versão em Inglês e escrevemos ao Embaixador da Índia na Argentina a pedir permissão para consultar e copiar os 12 volumes que se encontravam na altura na biblioteca da Embaixada. O Embaixador concedeunos, em vez disso, um conjunto completo e assim começou a tradução. Os meus colegas tradutores, por vários motivos, não conseguiram concluir a tarefa. Portanto com a ajuda e encorajamento da Prof. Popovich, e três reencarnações de um portátil, esta versão foi lentamente crescendo, onde quer que estivesse e sempre que me pudesse sentar ao teclado. Em 2004, quando ainda faltavam alguns capítulos, estava a pensar numa data auspiciosa para fazer a secção final, pois inicialmente não planeávamos fazer uma cerimónia de bênção formal. Finalmente, a última meia página foi traduzida num caderno de papel durante o Ganesha Shaturthi, na Base Internacional da Fundación Hastinapura, sete anos mais tarde. Lic. Hugo Labate é o tradutor da edição completa do Maabárata em Inglês para Castelhano

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ANÁLISE

Yoga ao longo

das eras

Os Grandes Mestres Indianos do Yoga é uma expressão da antiga arte do yoga e fala sobre os seus praticantes famosos texto | Seema Sondhi

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sucesso do yoga tem sido a sua aceitação por todo o mundo. Isto deve-se à sua adaptabilidade a qualquer região ou cultura. Se for praticado todos os dias com fé e paciência, o yoga pode ajudar-nos a mudar. Apesar da génese do yoga poder ter raízes profundas na mitologia e religião Hindu, não propaga, de forma alguma, a religião Hindu. É quase um POP, ou procedimento operacional padrão, para a vida. É uma forma de vida. Isto e muito mais foi incluído em Os Grandes Mestres Indianos do Yoga: A seguir 2500 anos de Yoga, de 500 A.C. até ao séc. XXI. Escrito por Birad Rajaram Yajnik, o livro é um tributo aos grandes mestres do yoga. Escrito num estilo simples e lúcido, com fotografias cativantes, começa com um capítulo sobre a origem do yoga, continua para falar sobre os gurus de tempos idos, incluindo Paramhansa Yogananda, Swami Sivananda Saraswati, Tirumalai Krishnamacharya até aos mestres

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Várias posturas da mão que devem ser seguidas ao praticar yoga

modernos como K Pattabhi Jois, BKS Iyengar, autor explicou tudo de forma a que qualquer pessoa TKV Desikachar, Bikram Choudhury e o possa compreender o assunto. Conta também Mestre Kamal, e termina com um capítulo sobre com uma análise profunda dos oito membros o seu futuro. ou passos para o yoga, incluindo O autor compilou e fotografou yama (moralidade universal), niyama O que o sábio meticulosamente posturas do yoga (observações pessoais), asanas (posturas Patanjali em nove países que ele considera corporais) até samadhi ou união com escreveu no seu “fascinantes”. “O que sobressai o divino. Yogasutras foi é o seguimento gigante do yoga O autor também chama a atenção completamente por todo o mundo. O Yoga foi dos leitores para o facto de que apesar explicado no adaptado em várias regiões e é da indústria milionária construída livro, incluindo agora um fenómeno mundial. à volta de materiais de exercício, os caminhos do Pode ter originado na Índia, há ginásios, equipamento, medicina e yoga, bhakti, 2.00 anos atrás, mas hoje em dia é psicologia desportiva, psicoterapia gyaan e rajayoga propriedade do mundo,” escreve o e mais, o yoga destaca-se por uma autor no seu prefácio. excecional simplicidade. Notavelmente O que o sábio Patanjali, considerado o independente da tecnologia moderna, o yoga pai do yoga, escreveu no seu Yogasutras, foi continua a reparar uma falha no mundo moderno. completamente explicado no livro, incluindo os Certamente, uma adição obrigatória caminhos do yoga, bhakti, gyaan e rajayoga. O à sua biblioteca. O autor é um praticante de yoga sediado em Delhi

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ANÁLISE

Indianos em

alta global

Como parte da iniciativa de Diplomacia Pública do Ministério dos Assuntos Externos, dois documentários perfilam a importância crescente da empreitada indiana no RU e nos EUA texto | Aarti Kapur Singh

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om uma população indiano no estrangeiro em rápido crescimento, é altura de celebrar a contribuição que os indianos estão a fazer para a economia mundial- E com isto, referimo-nos não só a afirmações pomposas, mas a exemplos reais de pessoas que obrigaram o mundo a saudar as suas histórias de sucesso. Produzidos pela Fundação Surabhi, dois filmes (de uma série de 10) propõem-se a gravar estas histórias de vida inspiradores em documentários sobre indianos residentes no RU e nos EUA. A Ligar Mundos Um Encontro de Mentes: A História de Indianos no Reino Unido e A Ligar Mundos: A História de Indianos nos Estados Unidos da América; Um Lugar ao Sol traçam o perfil da natureza e importância crescente da empreitada indiana em duas das nações líderes do mundo. Através de indivíduos notáveis, como o empresário Sir Gulam Noon, o educador e escritor Lord Meghnad Desai, o barão da cerveja Karan Billimoria, a culinária Monisha Bharadwaj, o farmacêutico Dr Kartar Singh Lalwani, o filantropo Swraj Paul, o guru

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espiritual Deepak Chopra, o cientista social Jagdish Bhagwati e artistas como As Gêmeas Singh, San2 e outros, os filmes de 45 minutos capturam a forma como a diáspora indiana se está a tornar parte da cultura de estas duas nações, e como foram bem recebidos pelos nativos. Os documentários apresentam a crónica da história dos emigrantes indianos - desde a resistência inicial nos EUA até à boa receção no RU, num esforço para salvar uma economia devastada pela guerra. A Baronesa Shreela Flather e Membro do Parlamento de Leicester, Keith Vaz, relembram como aconteceram as referências cruzadas da Os indianos na identidade cultural ao longo América, até dos anos no Reino Unido. agora apenas Os indianos na América, considerados para até agora apenas considerados cargos comerciais, para cargos comerciais, ascenderam ao ascenderam ao topo de topo de campos campos de atividade como a de atividade como lei, a política, a arte, a música a lei, a política, e os meios de comunicação. a arte, a música Se todos os países em que e os meios de os indianos construíram comunicação a sua residência, o Reino Unido tem talvez a relação mais antiga e certamente a mais complexa com a diáspora. A começar com o legado de colonização, continuando com a abertura da imigração após a guerra, a imigração hoje em dia gira em torno das oportunidades económicas e dos grandes negócios, com empresas indianas na linha da frente do investimento na Grã-Bretanha. Ultrapassando legados dolorosos, construindo pontos comuns e histórias partilhadas, os indianos e os britânicos aproximaram-se como aliados, criando verdadeiramente um “Encontro de Mentes”. O sucesso da diáspora foi ajudado pelas relações entre países, ao mesmo tempo que criaram um profundo apreço pela Índia. Estes dois filmes enriquecem o futuro partilhado que as pessoas de etnias polares estão a construir - em conjunto com a antiga filosofia indiana vasudhaiva kutumbakam (O mundo é uma família).

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TRIBUTO

Longa vida ao

nosso país

No aniversário do nascimento do lutador pela liberdade Subhas Chandra Bose, a 23 de janeiro, e no Dia da República da Índia, a 26, trazemos-lhe o significado histórico do slogan Jai Hind e como Bose o imortalizou

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ubhas Chandra Bose, famoso líder e lutador da liberdade indiano a quem se atribui um enorme impacto na Luta Pela Independência da Índia, era conhecido pelos seus slogans e saudações inspirados. Num congresso de indianos na Birmânia (agora Myanmar) a 4 de julho de 1944, ele afirmou, “Concedam-me sangue, e eu conceder-vos-ei a liberdade.” Outro slogan, Dilli Chalo (Seguir para Delhi), tornou-se o chamamento registado dos membros do Exército Nacional Indiano (Indian National Army - INA) sob o seu comando. Mas Bose é mais conhecido pela frase Jai Hind (Longa Vida à Índia), que foi imortalizada durante a sua liderança. Durante a luta indiana pela Independência, Jai Hindustan Ki foi frequentemente utilizado pelos lutadores pela liberdade. Significava “vitória para a Índia” ou “viva o país”. A versão mais curta, Jai Hind, começou A versão mais a ser usada depois de Bose curta, Jai Hind, a ter adotado como a forma passou a ser de saudação oficial do INA. usada por todos, Algumas pessoas acreditam especialmente que Zain-ul Abideen, filho de depois de Bose a um colecionador de Hyderabad ter adotado como que desistiu dos estudos em forma oficial de engenharia na Alemanha para se saudação do INA tornar secretário e intérprete de Bose, sugeriu o slogan. Outras afirmam que Chempakaraman Pillai, que também fez parte do movimento de Independência da Índia, cunhou o termo. No entanto, Jai Hind mantém-se popular e é muito utilizado pelos indianos, especialmente no Dia da República (26 de janeiro) e no Dia da Independência (15 de agosto). A 15 de agosto de 1947, no dia em que a Índia conquistou a Independência, um selo comemorativo da Índia Independente - o selo Jai Hind - foi emitido pela primeira vez. Mais recentemente, em outubro de 2012, todas as patentes do Exército Indiano, de forma a incorporar verdadeiros valores do exército e a aderir estritamente aos seus valores fundamentais, foram instruídas a usar Jai Hind como forma de saudação habitual ao encontrar colegas soldados, oficiais civis e membros de serviços relacionados.

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ARTE

A Natureza é a sua

melhor amiga

Raízes e ramos são a matéria-prima para as expressões criativas do artista diplomata Bimal Saigal

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uando consegue libertar tempo dos seus compromissos diplomáticos, Bimal Saigal, vice-chefe da Embaixada da Índia em Mascate, encontrase envolvido numa missão apaixonantelibertar formas humanas e animais emprisionadas em ramos e raízes de plantas e árvores. Durante quase um quarto de século, criou residência para perto de 80 dessas formas nas prateleiras de sua casa. Saigal atribui o crédito à natureza e a sua

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mãe, que encontrou um conjunto de raízes de videiras antigas com aspeto interessante. Ciente das capacidades artísticas do seu filho, levou-as para casa. Saigal olhou para elas e criou uma obra de arte maravilhosa Um breve olhar para a madeira ou para as raízes de diferentes perspetivas é tudo o que o diplomata precisa para criar formas artísticas. De seguida, apara os ramos indesejados e equilibra as peças para que as imagens se tornem mais aparentes. Algumas destas imagens encontram-se

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colocadas em pedras para lhes dar uma início dos anos 90. Entre elas encontramse várias espécies de pássaros, cavalos, aparência mais fundamentada. Acreditase que ele é o pioneiro desta forma de cães, lagartos, veados e cervos, esquilos, arte, já apreciada tanto na Índia como no camelos, um hipopótamo, elefantes, estrangeiro. leopardos, roedores, cabras, Saigal afirma que trabalhou preguiças, até dinossauros Existem perto na maioria das peças durante e outros animais extintos e de cem peças de vários homens e mulheres em a sua colocação no Paquistão. arte, que Saigal diferentes posições corporais “Procurei formas escondidas recolheu desde e estados de espírito. em ramos podados pelo que sentiu a jardineiro no recinto da Curiosamente, existe atração por esta Embaixada. Algumas das até uma mulher a cavalo arte no início dos outras criações foram feitas com uma criança presa às anos 90 durante as minhas colocações costas. É surpreendente que em Nova Deli e Toronto,” muitas destas formas animais partilha ele. têm parecenças incríveis com as suas Existem perto de cem peças deste tipo, correspondências reais. “É arte baseada na que Saigal meticulosamente recuperou imaginação,” diz o artista que é também desde que sentiu a atração por esta arte, no pintor, escultor, escritor e poeta.

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CONVERSA

‘Um pequeno esforço pode fazer

uma grande diferença’

O mais recente elemento da liga de mulheres excecionais que conquistaram objetivos incontáveis com distinção é a vencedora do prestigioso Prémio de Guardião da Paz Internacional das Nações Unidas deste ano, a Inspetora Shakti Devi texto | Ajuli Tulsyan

Shakti Devi no seu destacamento atual na Missão de Assistência ao Afeganistão das NU

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ão só trabalhou diligentemente para melhorar o estatuto das mulheres polícia, mas também ajudou a polícia do Afeganistão a atingir os seus objetivos em relação à adoção de princípios democráticos de policiamento. Ela também ajudou vítimas de violência baseada no sexo e no género a obter justiça. Mas a notícia, de ter sido a vencedora do prestigioso Prémio de Guardião da Paz Internacional das Nações Unidas, foi recebida com surpresa pela Inspetora Shakti Devi. “Pensei que estava a sonhar. Abri o meu e-mail vezes sem conta, pois não conseguia acreditar que era a vencedora deste ano. Sinto que não fiz nada de extraordinário. Como qualquer rapariga de uma remota aldeia indiana com antecedentes modestos, não tinha qualquer sonho. Apenas queria tornar-me num bom ser humano. No entanto, aceitei o prémio com toda a humildade!” confessa a agente de polícia que, atualmente, está destacada com a Missão de Assistência ao Afeganistão das NU (UN Assistance Mission in Afghanistan - UNAMA). Esta honra é um prémio competitivo, atribuído a uma agente policial feminina extraordinária, destacada numa operação da paz das NU. Os objetivos são promover um entendimento da polícia nas operações de paz mundiais, sublinhar os esforços das agentes policiais femininas nessas operações, aumentar o entendimento do papel das mulheres polícia em vários países e encorajar a participação de todos os países em operações da paz das NU. Nascida no seio de uma família alargada na aldeia de Bharnara em Udhampur, no distrito de Jammu e Caxemira, Shakti é a quarta de cinco irmãos. A infância de Shakti foi passada a recolher lenha da floresta, a ajudar o pai, dono do moinho

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de farinha da vila e a criar gado. “Como não existia consciencialização relativamente à educação das mulheres, a maioria desistia da escola antes de chegar ao 5º ano. Eu decidi que nunca iria desistir dos estudos. Caminhava 20 km todos os dias até à minha escola, a Escola Secundária Superior do Governo, em Majalta,” recorda ela. Shakti perdeu a mãe quando tinha 16 anos. Como as suas irmãs mais velhas já estavam casadas, as responsabilidades das tarefas caseiras caíram nos jovens ombros de Shakti. “Mas o meu pai apoiou a minha decisão de continuar com os estudos, caso contrário não teria conseguido alcançar o que tenho hoje,” diz Shakti. No entanto, ela nunca pensou em juntar-se à polícia. “Foi na faculdade que me senti inspirada pela primeira mulher na Polícia Indiana, Kiran Bedi,” conta ela. Inicialmente, a família de Shakti não aprovou a sua decisão. Recordando a conversa de “ou vai ou racha” com o pai, Shakti diz, “Ele queria que seguisse o ensino, e aconselhou-me a não entrar para a polícia, dizia que não ia ser fácil por eu ser mulher. Ele deu-me o seu consentimento, com a condição de que eu trabalhasse honestamente e não abusasse dos meus poderes.” Shakti serviu como Responsável pela Esquadra (Station House Officer - SHO) em Jammu e Caxemira, incluindo numa esquadra só de mulheres em Jammu. Ela era a SHO da Célula das Mulheres (2009-2012), e durante esse período ela lidou com mais de 3.000 queixas relacionadas com mulheres desde disputas matrimoniais até violência doméstica e violações. Sobre a sua colocação no Afeganistão, Shakti diz que a família não queria que ela tomasse parte da missão. “Devido aos problemas da região, eles estavam preocupados com a minha segurança. Após ter recebido este prémio, eles ficaram orgulhosos com o meu êxito e com o meu compromisso

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Abordando as preocupações das mulheres afegãs

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com o dever”, diz Shakti, que ajudou a fazer no caminho de Shakti Devi mas ela, com crescer o estatuto das mulheres polícia no a sua bravura e resistência, derrubou-os Afeganistão, ao mesmo tempo que lutava em facilmente. Uma mulher disciplinada, Shakti prol de programas comunitários de segurança encoraja toda a gente a juntar-se à sua causa nas escolas, para proporcionar para ajudar os desprivilegiados, segurança às estudantes femininas. especialmente as mulheres. Ao longo dos De fato, ela tornou-se um ídolo “Quero que todos se apercebam últimos 14 anos para várias raparigas afegãs que da sua própria essência de a vida colocou desejam seguir os seus passos. “O liberdade e dignidade, e também inúmeros desafios meu objetivo é lutar que respeitem a dignidade dos no caminho contra o crime contra outros. É fundamental que de Shakti Devi as mulheres, dando-lhes as pessoas, principalmente as mas ela, com segurança e trabalhando mulheres, tomem consciência a sua bravura para um ambiente de da sua força inerente para e resistência, segurança, onde elas lutar contra as dificuldades derrubou-os possam trabalhar para sociais, económicas e políticas, facilmente o desenvolvimento da entre outras. Peço a todos sua família, sociedade e que ajudem, pelo menos, uma nação.” partilha Shakti. pessoa desprivilegiada, e trabalhem para a sua Ao longo dos últimos 14 anos, ascensão. Um pequeno esforço pode fazer uma a vida colocou inúmeros desafios grande diferença,” diz ela.

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