Extra - Vaza - Mente

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Esta publicação é o registo da Exposição EXTRA VAZA MENTE, apresentada no Palacete Pinto Leite, no Porto, em Junho de 2015. A exposição foi organizada pela FBAUP e pelo Pelouro da Cultura da Câmara Municipal do Porto e apresentou uma seleção de obras resultantes da atividade académica realizada no âmbito da Unidade Curricular de Projeto - Ramo Pintura da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto.

Agradecimentos: A exposição e estas obras não teriam sido possíveis sem o enorme apoio dos docentes, tutores, técnicos e funcionários da FBAUP que colaboraram direta e indiretamente no desenvolvimento e materialização dos projetos. Um especial agradecimento aos serviços da Câmara Municipal do Porto, nomeadamente ao Pelouro da Cultura, na pessoa do Vereador Dr. Paulo Cunha e Silva e da Dra. Teresa Castro da Fonseca e Sá, bem como a todos os funcionários e técnicos envolvidos.

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Porto, Junho 2015



O desequilíbrio da Arte Diz-nos a razão que, para haver equilíbrio, são necessárias duas forças contrárias com a mesma intensidade e que o desequilíbrio é o resultado da sobreposição de uma das forças sobre a outra. Dessa diferença resulta o movimento, a ação. Não será necessário perceber muito de Física, ou mesmo de Lógica, para entender que a Arte tem origem no desequilíbrio, particularmente na inquietude, que move a reflexão sobre a anomalia, de intentar à organização do caos, de procurar dialogar com a indisciplina e que leva ao impulso, a necessidade do artista para empreender a obra. A Arte nasce neste desequilíbrio e é, talvez por isso, portadora dum outro princípio, o da desobediência. Paralelamente, a Arte funciona como processo linguístico, como metalinguagem, em que a sua função primordial não será o de veículo de informação concreta e dogmática, algo muito desejado numa época de investigação e de cientistas, mas como propulsor hipotético, que funcione como matéria indutora de reflexão e de experimentação emocional. Como tal, a própria linguagem terá como intenção o desequilibrio, de provocar a inquietação, no seu alvo e interlocutor- o espectador. Trata-se de um jogo constante entre o território da criação artística, numa relação entre autor e autoria, e posteriormente, numa meta comunicação, entre autoria e espectador e entre autor e espectador, em que todos se revestem duma primordial participação como interlocutores. 3


Assim se forma esta exposição que inicia como espaço de reflexão com a Arte e, muito particularmente com a Pintura e que, agora, se apresenta disponível para outras reflexões. EXTRA VAZA MENTE reúne os diálogos de 35 autores com o desequilíbrio, em resposta à inquietude que os moveu para a realização dos objetos apresentados. A exposição, um dos modelos de aproximar artista e espectador, funciona como veículo de comunicação, mas também origina um conjunto de outras possibilidades linguísticas, nomeadamente, com o espaço, o tempo e o contexto. O espaço e o tempo são diferentes daquele onde se iniciou o diálogo, o Atelier. O contexto é diverso daquele particular que é a Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. E por fim, o espectador será naturalmente distinto porque, apesar da nomenclatura invariável, esse nunca será o mesmo. Assim, contrariamente ao princípio da linguagem, a Arte, não se rege pela relação emissor>mensagem>recetor mas por um conjunto de fórmulas sempre diversas: artista>obra>artista; obra>espectador>artista; artista>obra>espectador; espectador>obra>espectador; entre muitas outras e, sem referir a possibilidade da presença de distintos intervenientes como a História da Arte, a Filosofia, a Poesia, entre muitos outros. A origem, o princípio da desobediência é de, certo modo, a conclusão. A motivação que origina as pesquisas e os objetos é semelhante à motivação que leva o espectador a colocar-se perante as obras e a exposição, a de deixar que a inquietude seja o motor da prática e da reflexão, contrariando os processos dogmáticos que frequentemente tentam categorizar e encerrar as práticas e as linguagens. Procuramos encontrar na Arte um motor que acione o nosso pensamento e a nossa prática, numa energia muito semelhante à que aciona o nosso corpo e nos mantém vivos e, por isso, da Arte espera-se, mais do que respostas, que aumente a nossa inquietude, algo que se pode garantir, muito presente nesta exposição.

Domingos Loureiro Junho 2015 4


AGNELO JESUS agneloajesus@hotmail.com

Nasceu em 1981, em Arouca. Concluiu design de comunicação na Escola Artística de Soares dos Reis. Finalista da licenciatura em Artes Plásticas/Pintura na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto.


“S/ título” 70 x 70 cm; acrílico s/tela

Agnelo Jesus • 6


Não há arte, não há criação estética, sem um sentimento de falta, de uma ausência e da necessidade de uma comunidade mesmo improvável, como única justificação da arte. Faz-se arte para o futuro, para uma comunidade que falta. A arte é revolucionária, objectivamente revolucionária, ela tem necessariamente a ver com uma comunidade a construir e não com um público constituído. A arte não é comunicação. Comunicar é comunicar com um público como entidade dada, actual, preexistente. Ao passo que a arte convoca um povo que não está aí. A arte descomunica em relação aos públicos que já existem. Não há arte, não há criação sem uma deslimitação, sem a criação de novos “Ous”, ou opções como prova da “liberdade” humana. Arte consiste no afrontamento de uma impossibilidade e a realização do que, sem ela, teria permanecido não só irrealizado como impossível. Ela é a abertura na ordem do pensar e do sentir. Imaginemos que o Sol é um olho que vê em todas as direcções. Ele não vê o lado escuro dos planetas e transforma o lado escuro em Luz, à medida que os planetas rodam. O Sol nunca vê a sombra e o que vê é uma projecção dele próprio, ou seja, a sua Luz. O mesmo acontece com a nossa visão mental e espiritual, ao vermos o outro. Corrigir o eu, ferir o egoísmo de modo a não ver o lado escuro, porque ele não existe, ou seja, tudo o que acontece tem uma causa e sempre que ultrapassamos um problema 7 • Agnelo Jesus

evoluímos, nem que seja a paciência. Os problemas são necessários e ofertas para correcção do pensamento. Desde o início - “Big Bang” - até ao presente, existe uma soma de tudo o que aconteceu no Universo. Não temos o conhecimento da soma total (inconsciência), logo não sabemos o resultado e sentimos dor. Temos o conhecimento da soma total (consciência), logo sabemos o resultado, porque estamos fundidos com a Luz (consciência). Somos um com o todo, esse momento de união é chamado de consciência.


Agnelo Jesus • 8


ALEXANDRE COXO alexandrecoxo.wix.com/alexandrecoxo a_coxo@hotmail.com

Exposições Finalista da Licenciatura em Artes Plásticas da FBAUP, ramo Pintura.

2012 “Premissas e Primícias”, Museu FBAUP; “Terzo Paradiso, de Michelangelo Pistoletto”, Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura, Guimarães; 2013 “Cara a Cara”, reitoria da UP, Porto; 2014 “Ver, Fazer, Pensar, Editar” museu FBAUP, Porto. 2015 “Tangentre”, Quinta de Monserrate, Matosinhos Ilustração “Clube de Jornalismo 4” e “Nos Tempos de Escola”, José Ribeiro da Costa. Colecções Câmara Municipal da Maia; Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto; Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto.


“Tiro 90” 105 x 105 cm; óleo s/ tela 20 x 30 cm; óleo s/ tela

Alexandre Coxo • 10


Publicidade, estigmas profissionais ou ideais românticos são chavões que caracterizam a sociedade contemporânea. A evolução acontece na ausência de um espaço para o “pessoal”, há uma recusa do silêncio. Contudo esta dimensão psicótica é contraposta pelo desenvolvimento de actividades de lazer. Um ciclo vicioso convida à criação de um mundo paralelo. Um jeito gradual leva à perda de contacto com a realidade. Aqui surge o tiro enquanto lazer, desenvolvido em espaços preparados para a sua prática. Numa natureza idealizada constroem-se momentos sem espectativa. Esta relação tiro/pintura é fundamental, na medida em que permite estabelecer um código estruturante, permite pensar o mundo no loop que faz do atirador o alvo, e do alvo o atirador. Com esta ideia em mente, debruço-me sobre o valor do conhecimento, da realidade ou consciência do real. A actividade referente visual é o tiro, pelos valores referidos, a pintura hiper-realista é o meio que permite condensar e fazer coabitar as duas dimensões. Da observação participativa resulta a pergunta: o que vemos? Melhor: o que vimos? O humano é uma inevitável fonte de viagens delirantes e sensatas, contradições. O valor ontológico ou axiológico de uma afirmação, dum momento ou de uma memória é eternamente posto em causa. Promover um fenómeno meditativo torna necessário estabelecer “uma dupla instância 11 • Alexandre Coxo

na relação com o espectador, impondo um atraso entre o momento em que se vê e a altura em que se compreendem relações, num processo que subentende uma implícita temporalidade” (Marcel Maeyer, 1978). Ou seja, promover o pensamento implica fraccionar o observador, torná-lo sujeito em planos distintos e presentes, permitir que a dimensão psicótica dialogue com a sensorial. “Tal como o corpo de um doente que sofre se arrisca a desaparecer em proveito das suas múltiplas representações visuais, a humanidade e o seu futuro correrão o risco de se perder nas suas «imagens»?” (Martin Joly, 2008)


Alexandre Coxo • 12


ANA CLÁUDIA CIBRÃO cargocollective.com/ClaudiaCibrao claudiaccibrao.tumblr.com

claudia.cibrao@hotmail.com

Participação: Nasceu em 1993 em Barcelos, Portugal. Finalista da licenciatura em Artes Plásticas, Pintura, na FBAUP. Recebeu Bolsa Erasmus na

2013, na performance da Artista Monika Weiss intitulada Anamnesis II. 2011, nos Workshops de: ‘Improvisação, voz e movimento’ ministrado por Jaime Soares; ‘Ilustração’ por Esgar Acelerado; e ‘Workshop/ Performance’ por Vera Mantero.

Accademia di Belle Arti di Bologna, 2013/14.

Expõe desde 2010: “Premissas e Primícias” Museu FBAUP (2012); “Cara a Cara” Galeria dos Leões (2013); “Oh?! Uau!” Fórum Cultural de Ermesinde (2015).

Co-fundadora do projecto artesanal DUAL em 2013, parceria com Catarina Real.


“Onde há luz, há sombras” vinil s/ azulejo

Ana Cláudia Cibrão • 14


Neste trabalho procura-se desenvolver, essencialmente, a temática da Luz e as suas consequências. Como dizia Platão, “chamo imagens em primeiro lugar às sombras, em seguida aos reflexos que vemos nas águas ou à superfície dos corpos opacos, polidos e brilhantes e todas as representações deste género.” Ciente das várias formas de a “representar”, as obras, recaem sobre a tentativa de expor a luz e a sombra como matéria. Partindo da prática inconsciente de registar alguns efeitos produzidos pela luz, de forma descomprometida e ingénua, houve a tomada de perceção da ação, tornando-a assim potencial de exploração e, por consequência, método de trabalho. Através da observação cuidada e contínua do quotidiano, de uma procura incessante por novos desenhos, novas geometrias, novas formas, destacaram-se as imagens onde o recorte da luz/sombra é tão intenso, que não será possível ver a luz de outra forma, a não ser como um desenho no espaço. Num desenho ou pintura, que se pressupõe como uma atuação bidimensional, a luz e a sombra são as matérias que elucidam o volume do objeto, numa representação da tridimensão da realidade. A definição correta do volume de um objeto obviamente excluindo a definição matemática - consegue-se através 15 • Ana Cláudia Cibrão

da observação da intensidade das suas sombras, próprias ou projetadas sobre um espaço ou sobre outros objetos. Existe sempre uma vontade especial de captar essas sombras projetadas, o desenho, a composição/geometria, o bidimensional, o contraste bruto luz/ sombra, o formato/imagem criada pelo objeto ou objetos de origem ou as formas que os objetos em luz produzem nas superfícies vizinhas. Em suma, há uma tentativa de elucidar ou dar destaque a essas presenças que habitam o nosso dia-a-dia e que, por serem consequências da luz e da organização do espaço, não têm a mesma importância que os próprios objetos que as originam. Trata-se de estar alerta ao movimento do sol, percebendo as múltiplas soluções/imagens que nascem a partir do mesmo objeto.


Ana Cláudia Cibrão • 16


ANA PAÇO ana.filipa.dias.paco@hotmail.com

Exposições Coletivas Nasceu em 1993, em Esposende. Trabalha no Porto.

2015 OH!?UAU!? Fórum Cultural de Ermesinde

Finalista do curso de Artes plásticas- Ramo de pintura na Faculdade de Belas Artes da

2014 Pausa, Edifício AXA, Avenida dos Aliados

Universidade do Porto.

2011 7º Mostra de Arte Jovem de Barcelos – Sala Gótica dos Paços do Concelho


“ARKHÉ” medidas variadas; cerâmica, silicone, madeira e mármore

Ana Paço • 18


A história é determinada de acordo com o tempo e o contexto atual. O passado é reformulado de acordo com as condicionantes do presente. Ao arqueólogo é pedido que narre a história de um tempo no qual não viveu, o que potencia as possibilidades do erro, propiciando criativamente a anomalia. Até onde a história narrada é uma realidade possível? Composta por 10 elementos, a instalação surge como parte do processo de pensar a posição e o papel das tradições na arte 19 • Ana Paço

contemporânea. O artista, enquanto indivíduo pertencente a um aqui e um agora e preocupa-se com a sua relação com o mundo e a relação do mundo com a arte. A história e a tradição têm um papel fundamental na arte contemporânea propondo-se como uma resposta às suas necessidades, possibilitando a reflexão sobre o posicionamento humano na sua condição de etapa da História e da Antropologia. Somos um futuro de um passado e um passado de um futuro.


Ana Paรงo โ ข 20


ANA PATRÍCIA MATOS cargocollective.com/ana_patricia_matos ana_patricia_matos@hotmail.com

Patrícia nasceu a Julho de 1985, em Viseu. Em 2009 concluiu o mestrado integrado em Engenharia Biomédica pela Universidade de Coimbra e exerceu-o como bolseira de investigação científica. Em 2011 ingressou na Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto, onde atualmente se encontra no quarto ano da Licenciatura em Artes Plásticas, Ramo de Pintura. Participou em exposições coletivas organizadas pela Instituição que frequenta: em 2013, na Galeria do Convento Corpus Christi (Vila Nova de Gaia) e, em 2015, no Fórum Cultural de Ermesinde.


“specimen#10” 40 x 30 cm; óleo s / mdf

Ana Patrícia Matos • 22


“specimen#7” 60 x 40 cm; óleo s / tela

Por humano não-convencional entenda-se aquele que foi objeto de alterações induzidas artificialmente: exibe um quê de atípico e de bizarro. O humano que foi modificado. Adulterado! Ou apetrechado com estruturas que não lhe eram próprias de origem, à nascença…

Assuma-se, na “modalidade retrato”, que a identidade do indivíduo retratado é, por definição, o fator-chave. Agora, pergunte--se: o que pode surgir se se redefinir o seu peso? Tente-se, por exemplo, esbatê-lo. Será possível consegui-lo através da descaracterização do rosto do retratado, induzindo perturbações na sua morfologia original? Quão longe podem (ou devem) ir tais perturbações? E o retrato em si: o que pode ganhar? E perder? Mais. Poderá a noção de humano nãoconvencional – ou de pseudo-humano, se se preferir – constituir uma solução viável face a estas questões? 23 • Ana Patrícia Matos


“specimen#5” 30 x 20 cm; óleo s / tela

- Por outro lado, outra questão se levanta: o que poderá acontecer se se trouxer o humano não-convencional a uma pintura comprometida q.b. com os moldes convencionais – ou seja, o retrato a óleo sobre tela? Deste modo, o trabalho dos últimos meses tem-se vindo a desenvolver no sentido de averiguar as mais-valias

visuais, estéticas e semânticas resultantes da transfiguração da morfologia facial quando aplicadas na modalidade retrato, aproveitando ainda a oportunidade para integrar dois universos antitéticos e aparentemente imiscíveis entre si: a convencionalidade do retrato a óleo com a não-convencionalidade da fisionomia do indivíduo retratado.

Ana Patrícia Matos • 24


ANDRÉ FERREIRA

Nasceu em 1993 em Felgueiras. Vive no Porto. Frequenta a licenciatura em Artes Plásticas/Pintura na Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto. Participou em eventos como o Guimarães NocNoc e as mostras de pintura no Pavilhão Rosa Mota e na Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto.


“S/ título” 130 x 90 cm; óleo s/ tela

André Ferreira Ferreira •• 24 26 André


“S/ título” 59 x 80 cm; óleo s/ tela

Nas suas pinturas procura explorar a ambiência e a dramatização através do recurso a iluminação diferentes, bem como a representação dos motivos com perspectivas acentuada, com o objectivo de criar um ambiente cénico próprio.

27 • André Ferreira


André Ferreira • 28


ANTÓNIO BAHIA www.antoniobahia.com

mail@antoniobahia.com

Exposições: Português nascido em 1969,

1994 Hotel Solverde, Espinho

a residir no Porto.

1999 Casa do Turismo de Vila Nova de Cerveira Finalista da licenciatura em Artes Plásticas/Pintura na Faculdade de

1998 Fundação Cupertino Miranda, Porto

Belas Artes da Universidade do Porto.

2002 XIX exposição colectiva dos sócios da Árvore, Mercado Ferreira Borges, Porto


“BBV” 60 x 40 cm; óleo s/ tela

António Bahia • 30


“Assente na areia” 60 x 80 cm, óleo s/ tela

A contemplação da paisagem urbana leva a colocar questões sociais e económicas que ao aprofundar o estudo das mesmas despoletam novas questões e diferentes problemáticas que são transversais a todas as grandes cidades, tornando-se num tema globalizante. Importa desde as actividades laborais e lúdicas às condições de habitação que atraem os habitantes das grandes urbes, justificando a sua fixação nas mesmas. Apoiar o trabalho na relação do habitante e a metrópole e o sentimento de integração ou exclusão, que é passível de experienciar pelos que habitam de forma a validar uma prática de pintura baseada na paisagem urbana.

A abordagem da dualidade da imagem, seja pela manipulação, desconstrução, reinterpretação, serve para conferir uma maior liberdade ao trabalho, tanto na execução como na leitura do mesmo. Interessa a possibilidade de várias interpretações de cada trabalho. Apesar de estar contida alguma crítica social e económica, interessa apenas fazer uma reflexão sobre estes assuntos de uma forma ponderada e consciente, atribuindo ao processo pictórico algo mais do que a simples reprodução de imagens, conferindo-lhe tema e conteúdo e simultaneamente criar um discurso mais elaborado da própria pintura, contribuindo assim para uma leitura passiva de subjectividade de cada trabalho.

“Infante D. Henrique” 60 x 40 cm, óleo s/ tela

31 • António Bahia


Antรณnio Bahia โ ข 32


BENEDITA SANTOS cargocollective.com/beneditasantos benedita.ribeiro.santos@gmail.com

Exposições: Nasceu em 1993. Vive e trabalha no Porto.

2015 Março Exposição coletiva Mostra da UP I Edifício da Alfândega do Porto.

Desenvolve trabalho no campo da pintura e exploração de desenho da figura humana; impressão serigráfica e gravura; ilustração e fotografia. 2011/2015 Licenciatura em Artes Plásticas - Ramo Pintura na Faculdade de Belas Artes da

2014 Julho Exposição coletiva Projeções2014 O Desenho da FBAUP | Lugar do Desenho - Fundação Júlio Resende. 2014 Junho Exposição coletiva Põe-te na Shair! - 3ª exposição | Galeria dos Emergentes, Braga.

Universidade do Porto.

2013 Dezembro Exposição coletiva de pintura da FBAUP | Espaço Corpus Christi. 2013 Maio Participação na performance Anamnesis II de Monika Weiss | FBAUP.


“S/ título” 90 x 100 cm; óleo s/ tela

Benedita BeneditaSantos Santos• •32 34


“S/ título” 80 x 100 cm; óleo s/ tela

Trabalho desenvolvido em torno da identidade, o corpo humano e a perceção humana. Revela uma preocupação pela problemática da autorrepresentação na Arte, que se traduz processualmente numa investigação sobre esta, a identidade e a representação do género feminino, conduz uma análise compreensiva e de contextualização da representação do ser feminino através de uma perspectiva da evolução histórica na arte figurativa até ao trabalho que está a ser desenvolvido atualmente, com incidência especial em artistas femininas, das quais retira a maioria de referências visuais e inspiração. Produz um corpo de trabalho que se propõe a pensar os problemas de género dentro do enquadramento generalizado da 35 • Benedita Santos

investigação histórica. Esta abordagem às inflexões únicas do significado do corpo feminino, ao mesmo tempo cita e evoca a arte clássica, para a analisar em termos de morfologia, iconografia, função e significado; e as suas repercussões na arte contemporânea. Refletir sobre a autorrepresentação feminina na arte e personificação da mulher na Arte pela mão e perspectiva da própria, após séculos de preponderância da perspectiva masculina que definiu o género feminino a nível conceptual e artístico na arte figurativa. Refletindo no debate entre o modernismo e o pós-modernismo e como ambos os períodos se afirmam responsáveis pelo movimento feminista, é possível demonstrar uma evolução na flexibilidade dos conceitos sociais que rodeiam noções como identidade e género, em eras que, enquanto todo, são frequentemente acordadas como sexistas. Com o reconhecimento histórico da importância de artistas femininas que desafiam uma noção de sujeito único e universal baseado nas construções sociais da visão masculina ocidental, oferecendo uma perspectiva das falhas intrínsecas nos objetivos do modernismo e os seus ideais de evolução social.


“Figurações” 120 x 200 cm; óleo s/ tela

De forma generalizada realiza um levantamento da questão do problema posicional da figura representada que permita uma interpretação subjetiva do que é representado na Arte Ocidental. Com uma associação específica ao íntimo da artista e das suas preocupações gerais que a inserem numa linha de trabalho feminino e pessoal que contínua a ser uma produção secundária na História da Arte.

Benedita Santos • 36


CAROLINA TAVARES carolina.mbt@hotmail.com

Exposições colectivas Nasceu em 1993. Vive e trabalha no Porto. Finalista da licenciatura em Artes Plásticas ramo de Pintura na Faculdade de Belas Artes da

2015 “OH?!UAU!” Fórum Cultural de Ermesinde; 2014 “Transversal” na Semana das Artes da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto;

Universidade do Porto. Trabalha principalmente retrato, sobretudo a óleo sobre tela, mas também em desenho com materiais variados inclusive desenho digital. Para além da pintura e do desenho, tem formação em áreas como a fotografia e meios digitais.

2014 “Mostra da UP” Pavilhão Rosa Mota;


“overload” 65 x 92 cm, óleo s/ tela

Carolina Tavares • 38


“Looked out” 110 x 160 cm; óleo s/ tela

O trabalho artístico tem como ponto de reflexão o retrato e a sua capacidade de captar a condição humana. Para tal são utilizadas imagens fotográficas da autoria do artista, que captam momentos de amigos, conhecidos e familiares. Procura-se preservar a autenticidade dos momentos e a naturalidade dos movimentos, sem forçar qualquer olhar ou expressão. Após a seleção, a imagem é passada para a pintura, sem rejeitar o lado fotográfico original, contudo, o objetivo do trabalho, é utilizar a imagem fotográfica como instrumento e não como modelo de cópia.

39 • Carolina Tavares

As imagens são trabalhadas no sentido de uma materialização de um lado transcendente nas obras, despindo-as de informações desnecessárias à narrativa, dando maior predominância à presença do corpo. São corpos enquadrados num lugar vazio, simultaneamente integrandoos e isolando-os desse mesmo espaço. Há um isolamento, por parte do sujeito, um olhar interior perante a realidade presente. É portanto a capacidade de criar ambientes mais abstratos que vai transportar a imagem para esse lado mais transcendental.


Carolina Tavares • 40


DANIELA VIEIRA danielapmvieira@hotmail.com

Nasceu em 1992. Vive em Amarante. Finalista da licenciatura em Artes Plásticas, Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Bolseira Erasmus na Accademia di Belle Arti di Brera- Milano, Itália. 2014/15 Exposição Coletiva de Pintura, “OH?! UAU!”, Forum de Ermesinde, 2015.


“S/ título” 184 x 123 cm ; técnica mista s/ mdf

Daniela Vieira • 42


O projeto pessoal aborda temáticas relacionadas com a arte minimal e abstrata, fundidas na busca de um território espiritual. Pretende-se valorizar as texturas, relevos e volumes, podendo assim oferecer ao espectador um maior espectro sensorial e táctil. O resultado será uma estimulação de vários sentidos através da visão. As pinturas procuram integrar, através da reflexão do espaço e da luz ambiente, uma maior complexidade no modo como estas são apreendidas pelo espectador. Trata-se de obras pictóricas reduzidas ao essencial numa simbiose em que a luz é, tanto a fonte física, pela representação e refração, como conceitual, pela procura da captação de uma luz espiritual. “S/ título” 100 x 70 cm ; téc. mista s/ mdf

“S/ título” 100 x 80 cm ; téc. mista s/ mdf

43 • Daniela Vieira


Daniela Vieira • 44


EDUARDA ALVES eduarda-ad@hotmail.com

Exposições: Nasceu em Barcelos em 1992.

2008 Mostra de Arte Barcelos, Casa da Juventudede de Barcelos, Barcelos.

Finalista da Licenciatura em Artes Plásticas, no ramo de pintura, na FBAUP.

2012 Mercado das Artes, Associação Cultural e Artística Limiana, Ponte de Lima.

Participou no ano de 2013 no whorkshop “A Razão das Coisas” com o artista Plásticos

2013 Mercado das Artes, ACAL, Ponte de Lima.

Samuel silva.

2014 Mostra da UPEdifício da Alfandega do Porto, Porto. 2015 XXVIII Salão de Primavera, Galeria de arte do Casino do Estoril, Estoril.


“S/ título” 170 x 120 cm; óleo s/ tela

Eduarda Alves • 46


Desde sempre é inerente ao ser humano uma condição animal, sendo empiricamente “ um ser de instintos, incompleto a nível racional e imensamente influenciado pela sua inconsciência”. Efetivamente o seu passado transportou não só uma bagagem evolutiva mas também aptidões que o diferenciam das outras espécies. A relação do homem especificamente com o animal torna-se ambígua quando se trata de emoções, Darwin acredita que o animal sente tanto como o homem, contudo afastados intelectualmente. Ao longo dos tempos o ser humano desenvolve uma humanização de tudo 47 • Eduarda Alves

o que o rodeia, seja através da atribuição de características animais a alguém ou a alguma coisa criando assim o fenómeno denominado de Zoomorfismo, ou viceversa como no Antropomorfismo. A busca pela emoção e pelo entendimento intelectual cabe ao homem, mas o instinto no seu apogeu traz ao animal um verdadeiro entendimento da natureza e consecutivamente das emoções. Este projeto traz uma “animalização” da expressão humana, adequa a essência do animal ao corpo do homem e não querendo suscitar qualquer mal-entendido, não é o pensamento do homem que prevalece mas sim uma tentativa de exteriorizar o instinto do animal e representá-lo.


“S/ título” 170 x 120 cm; óleo s/ tela

Eduarda Alves • 48


FILIPA TOJAL filipa1@msn.com

Nasceu em 1993 em Freamunde. Finalista da licenciatura em Pintura na FBAUP. Efetuou estudos de desenho e gravura na Middlesex University, Londres, ao abrigo do programa Erasmus. Estudou desenho e pintura na FAUP, na Accademia Europea di Firenze, entre outros. Em 2013 participou numa residência artística na Île d’Ouessant, França, organizada pela Accademia di Belle Arti di Macerata. Em Maio de 2015 foi galardoada com o Prémio de pintura “Rainha Isabel de Bragança”, atribuído pela Galeria de Arte do Casino Estoril. Participou em exposições colectivas tanto em Londres como no Porto, cidade onde vive.


“Sobre jardins I” 184 x 126 cm; óleo s/ tela

Filipa Tojal • 50


“Sobre jardins II” 184 x 126 cm; óleo s/ tela

A natureza enquanto algo a ser contemplado, apreciado, utilizado ou representado, ocupou ao longo de todos estes séculos, uma das principais inquietações dos pintores. Durante mais de um ano, refletiu-se sobre jardins, numa aproximação motivada quer pelo seu carácter intimista quer pela sua simplicidade e complexidade ambivalentes. Primeiramente numa relação de referência mas progressivamente afastada dela quase que, por fim, servindo como justificação de aproximação à prática da pintura. Compreendendo pintura como genuinamente dito por Maurice Denis, uma superfície plana coberta de tinta com uma determinada organização. A pintura aqui assumindo quase um grau de performatividade, numa valorização do gesto e da pincelada, aliada à força 51 • Filipa Tojal

da cor. Atitude libertadora de pintar sem reproduções, numa criação de espaços e atmosferas que surgem claramente desses tais jardins. Valorizando a posição do espectador, que com as suas experiências e expectativas pode esclarecer uma natureza forçosamente incompleta em termos representativos. Da admiração de pintores que celebraram a beleza do mundo como Claude Monet, Pierre Bonnard, Berthe Morisot, ou de outros mais recentes que refletiram ou refletem sobre a força pictórica da natureza como Joan Mitchell ou João Queiroz, resulta esta assumidamente pintura. Aparentemente jardins, ou florestas, ou somente espaços, nos quais se quer entrar mas, sob desilusão, são só tintas, transparências, pinceladas, cores.


Filipa Tojal • 52


INÊS BARRETO RODRIGUES inesrodrigues22@hotmail.com

Exposições Coletivas: Nasceu em 1992 no Porto, onde

2010, Desenho. Ermesinde

reside e trabalha. 2011, Desenho. Ermesinde Frequenta o quarto ano do curso de Artes Plásticas, ramo de

2013, Convento Corpus Christi, Gaia

pintura, da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto.

2015, Oh! UAU!? Forum Cultural de Ermesinde

Complementou ao seu curso unidades curriculares como Fotografia, Animação,

Ilustrou o livro “A Música com histórias de

Cenografia, Cerâmica

vida” de Adérito Gomes Silveira (2014).

e Ilustração.


“Jogo de homens valentes povos asiáticos ditadores monstruosos” 153 x 132 cm; técnica mista

Inês Barreto Rodrigues • 54


“Sem Ti Maria Velha comer sopa congelada por becos escuros olhos doces” 130 x 41,5 cm; técnica mista

o objetivo principal deste projeto. Partindo destas questões sobre o desenho, identificou-se uma prática recorrente, nomeadamente ao nível do desenho, resultando na atribuição de uma designação de Desenhos Mentais Aleatórios, processo semelhante ao Cadavre Exquis dos artistas surrealistas.

“Automatismo psíquico pelo qual alguém se propõe a exprimir, seja verbalmente, seja por escrito, seja de qualquer outra maneira, o funcionamento real do pensamento” (fragmento do Manifesto do Surrealismo André Breton).

O movimento Surrealista, do ponto de vista teórico, levantou algumas questões como a problemática do “desenho automático”, o apelo pela libertação intelectual na sua forma mais própria, entre outras. Do ponto de vista artístico insistia na importância do automatismo (maneira de criar/produzir sem o controlo consciente) que era usado para despertar o imaginário inconsciente e criar linguagens próprias e inconfundíveis, sendo este, no fundo, 55 • Inês Bareto Rodrigues


Processo: Numa folha de papel inicia-se escrevendo duas palavras, deixando apenas a segunda visível para a próxima pessoa a escrever. Esta, por sua vez, respondendo ao estímulo/sugestão que a palavra lhe proporcionar, continua a frase e escreve mais duas palavras tapando a frase completa e deixando apensa visível a última palavra, e assim consecutivamente. Os resultados finais são frases estranhas e aleatórias, que vão criar uma reação à artista que esta canaliza para a pintura. Partindo duma possível interpretação da mensagem construída pelos diversos intervenientes, desenvolve-se uma pintura. O processo não é, contudo, linear já que o impulso e a aleatoriedade continuam presentes, não só ao nível do desenvolvimento da imagem, como também dos recursos técnicos utilizados. A pintura é, neste sentido, a compilação de um processo contínuo de intervenção do acaso, do aleatório e do impulsivo, apresentando-se no final, ao espectador, como um registo de tudo o que aconteceu, induzindo pistas da origem, mas não funcionando como um mapa esclarecido, mas promovendo o livre arbítrio e o pensamento desimpedido. Inês Barreto Rodrigues • 56


IRENE CARRIÓN irecarri93@gmail.com

Exposições: Estudante do último curso em Belas Artes na Universidad Complutense de Madrid

2014 Exposição coletiva na Fundación Santa María de Albarracín. Julio-setembro de 2014.

(2011- 2015), e a fazer Erasmus em Porto atualmente, na Faculdade de Belas Artes

Menção honrosa, pela pintura Albarracín vivo, na exposição coletiva de Albarracín, Espanha.

da Universidade do Porto.

Encomenda pública de obra para a igreja de Villanueva del Pardillo, Madrid. Setembro de 2014. Exposição coletiva ANOME, Alcobendas e San Sebastián de los Reyes, Madrid. 2015 Exposição coletiva no Forum Cultural de Ermesinde


“S/ título” 130 x 160 cm; acrílico s/ tela

Irene Carrión • 58


A paisagem une as pessoas. A palavra “terra” é utilizada para nos referirmos à nação, região ou lugar em que uma pessoa nasce, o lugar onde se sente identificado. “Um país não é mais do que uma paisagem e, entre um e outro, está o desenvolvimento da arte”. Este conceito de “paisagem” remonta ao século XV, pois até então não existia um termo específico para se referir ao seu país, à sua terra. Mas foi devido à criação das cidades quando se começou a precisar de um termo diferente para designar este pedaço de terra, que até então se chamava “país”. O momento que vivemos é caracterizado pela crise econômica e pela corrupção, o avanço supersônico da tecnologia e uma liberdade tão grande que nos faz ficar loucos. Vivemos numa queda livre constante. Temos de manter o que nos faz ficar “com os pés na terra”. Acho que uma destas âncoras é a pintura de paisagem. É impossível dissociar-se da terra, daquilo que nos une, e do que somos realmente orgulhosos. “O pintor não deve apenas pintar o que vê diante de si, mas também o que ele vê em si mesmo. Se nada vê em si, o melhor será deixar também de pintar o que vê diante de si.” “Fecha o olho corporal para que possas ver primeiro a imagem com o olho espiritual. Em seguida, deixa vir à luz o que tens assistido na escuridão, para 59 • Irene Carrión

exercer o seu efeito sobre os outros de fora para dentro.” Estas duas frases de Friedrich abordam o que um pintor contemporâneo deve alcançar., tal como o fizeram os mestres do sublime abstrato -Still, Pollock, Rothko e Newman-. Com o objetivo de representar a uma paisagem, não devemos ficar apenas na intenção de captar uma realidade objetiva, mas estudar profundamente a paisagem, para saber como é funciona, as suas estruturas, as suas composições,


“S/ título” 130 x 160 cm; acrílico s/ tela

e a interação das cores para, depois, fazer o que Friedrich chama de “olho espiritual”, perceber o que temos dentro e traduzi-lo numa linguagem artística, dando a esta uma identidade pessoal e da paisagem. “A paisagem tem sido vista de inúmeras formas, porque cada momento tem diferentes tessituras; porque o homem é tempo, é o tempo e a paisagem pode revelar cada temporalidade sentida e sofrida e, ainda mais, no momento problemático atual em que estamos

afundados. Afundados e ativos.” Portanto, vamos parar e olhar para o que a paisagem nos transmite. Aproveitemos o tempo em vez de o desperdiçar numa sociedade capitalista. Deixemo-nos unir pela natureza, e, portanto, estaremos a unir pessoas.

“S/ título” 21 x 30cm; aguarela s/ papel

Irene Carrión • 60


JIYOUNG KIM icepaper0217@gmail.com

Exhibitions 2015 1982 born in Korea. Lives and works in Portugal

Portuguese independent magazine ‘Carne e Osso’ as kimmi ahformu,

and Germany.

Studies since 2015 Exchange Student, Fine Art, FBAUP, Porto, PR since 2011 Diplom, Fine Art, Hfbk Dresden, DE 2010-2011 Guest Student Grant. Fine Art, AKK Stuttgart, DE 2001-2006 BFA Industrial Design. Fine Art of Hongik Univ., Seoul, KR

Live coding Live cinema, Centro de Memoria, Villa do Conde Fora e dentro, Gnration, Braga


“How far is our moment between here and there?” 70 x 100 cm; pigmento natural português s/ papel

Jiyoung Kim • 62


I try to evoke poetic visual or sound images and make multi-dimensional space on 2 dimensional media, paper. I draw a lot since when i was a child and I am not so interested in showing my own style and present some material objective. Why I think that drawing is a way which gives me a lot of spiritual freedom. The image beyond imagination could be born unexpectedly, very spontaneous and intuitively at a short moment. I am looking for unexpected outcomes by intuition and subconsciousness rather to have an exact idea about the image before starting drawing.I abandoned the rigorously structured propositions. When I draw, I enjoy a lot when i encounter unpredictable space and time in images. The work, ‘how far is our moment between here and there’ lays 63 • Jiyoung Kim

on somewhere between nonobjective and figurative. My attitude in a drawing is to approach ambivalent point beyond our visionary. Two other drawings, which are titled as ‘Untertauchen ( Submerge )‘ are in a different context from the other drawing what i present. They are personal portrait drawings of me in Portugal. These are about the speechless mood as a stranger who lives far away from home and has a different mother language. Since 2010 i live in Germany and currently I live and work in Portugal.


“My hypercamp is nobody’s land” 2 x A4; pigmento natural coreano e óleo s/ papel

Jiyoung Kim • 64


JOÃO PAULO LIMA joaopartes@gmail.com

Exposições 34 anos, Brasil. Formação

2012 Exposição no Saguão do teatro Municipal de São Carlos; Projeto Maré.01, Galeria de Arte da UNICAMP. Exposição coletiva no âmbito da residência artística de Ernesto Bonato.

2005-2007 ABRA – Academia Brasileira de Artes

Ilustração

2011-13 UNICAMP – Universidade

2000 a 2011 Ilustrador da editora Poliedro.

Estadual de Campinas – Instituto das Artes 2013-15 FBAUP- Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto.


“Arquipélago de S. Victor” dimensões variadas; óleo s/ madeira

João Paulo Lima • 66


“Arquipélago de S. Victor” dimensões variadas; óleo s/ madeira

As famosas ilhas da Rua de São Victor foram criadas há mais de um século para acolher os operários fabris vindos dos campos. São Victor não se encontra nos destinos turísticos da Cidade do Porto, porém, atrai olhares cada vez mais encantados com sua beleza peculiar e sua atmosfera curiosa e cheia de cores, cantos, detalhes, vida... De São Victor, alguém disse ser “o maior arquipélago da cidade”. E quem passa despercebido pela rua nem imagina que ali moram mais de 2 mil pessoas. «Faltam 14 mil fogos de habitação social na cidade do Porto.», lia-se na edição de 29-10-92 do jornal Público; este problema, que não é actual, parece constituir um mal com um passado já relativamente longo. 67 • João Paulo Lima

Assim, se nos reportarmos aos finais do século XIX, a mesma questão então se colocava. Populações insolventes habitando alojamentos que não ofereciam as condições mínimas de higiene e salubridade, existindo uma percentagem significativa de portuenses que viviam em ilhas, em alojamentos superlotados e outras formas degradantes de habitação.As «ilhas», que surgem, provavelmente nesta altura, como uma forma específica de alojamento para o operariado. Resultaram, em parte, do tipo de loteamento então definido para a cidade. Na base deste loteamento encontrava-se um lote com 25 palmos (5,5 m) e um comprimento podendo atingir 100 m, o que permitiu uma ocupação de fileiras de pequenas habitações, geralmente de um só piso, ao longo destes lotes estreitos e que abriam directamente para um corredor, o qual fazia a ligação para a rua, encontrando-se geralmente nas traseiras das habitações da classe média.Os bairros sociais no espaço urbano do Porto: 1901-1956Fátima Loureiro de Matos* Análise Social, vol. XXIX (127), 1994 (3.0), 677-695

O texto de Fátima Loureiro descreve uma problemática histórica a respeito das ilhas e de outras formas de conjuntos habitacionais no espaço urbano do Porto. A rua de São Victor é uma das inúmeras ruas na cidade do Porto famosas por


suas diversas e antigas ilhas. Hoje, muitas ilhas vivem uma pulsante ação dos moradores, ação pela qual sentem-se cada vez mais orgulhosos de fazerem parte dessas histórias. Conhecer o universo das ilhas é conhecer seus protagonistas, pessoas que vivem há 50, 60 e até 70 anos nas mesmas ilhas, até mesmo nas mesmas casas. O Sr. Zé do Afonso, dono de uma mercearia desde de 1949 é um exemplo, entrar em sua mercearia é viajar um bocadinho no tempo, ouvir inúmeras histórias e versos que ressoam no ar. Também temos a Dona Lourdes Castelo, moradora de umas das ilhas há 70 anos. José Castelo é com certeza outro protagonista dessas inúmeras histórias, amigo e conhecedor das ilhas. A Sr. Lúcia, ativa no desfile das Rusgas em 2014, na qual a Freguesia do Bonfim foi a ganhadora na Festa do São João. Dona Catarina, Sr. Júlio, Sr. Nuno, Dona Antónia e seu cão o Deco,

Dona Ana, a costureira Maria Teresa, Sr. Armando da ilha das Amoras, e muitos, muitos outros moradores... muitas histórias... gratidão a todos!

João Paulo Lima • 68


JOSÉ JOÃO GOMES

joaogomesss10@gmail.com

Exposições Nasceu em Barcelos, em 1993.

2011, Exposição coletiva – Marte. Barcelos

Finalista da Licenciatura do curso

2014, Exposição coletiva – Na Academia. Maia

Artes Plásticas, ramo pintura, na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto.

2014, Exposição coletiva – Ver, Fazer, Pensar, Editar. Museu FBAUP, Porto 2014, Exposição coletiva – Sem Título. Shair, Braga

Obras em colecção na: Câmara Municipal da Maia Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto


“S/ título” 60 x 40 cm; óleo s/ tela

José João Gomes • 70


“S/ título” 60 x 80 cm; óleo s/ tela

A área da pintura usa, cada vez mais como ferramenta de trabalho, a fotografia para facilitar e acelerar o processo de trabalho dos artistas. Este trabalho não busca copiar a fotografia literalmente como se fosse apenas um exercício de mera representação de um objeto bidimensional, e que por isso já é uma representação, mas sim servir-se de características da própria fotografia - o registo imediato e seletivo de um dado enquadramento.

71 • José João Gomes

A fotografia é aqui usada como meio para obter composições que remetam para o cinematográfico e, uma vez transportadas para a tela, colocam o espectador dentro da cena, que é uma cena que remete para o lugar privado das figuras representadas. O dinamismo da composição e a atmosfera “poluída”, dado principalmente pela ausência de verticais e pelos tons saturados da pintura, respetivamente, aparecem aqui em dualidade com a serenidade que as figuras transmitem ao espectador. Figuras estas que se tornam o foco principal da minha pintura.


José João Gomes • 72


JULIANA SILVA jlsjuly@me.com

Exposições Coletivas:

Nasceu em Barcelos em1992.

2012/2013, “Premissas e Primícias”, Museu FBAUP, Porto.

Finalista de Pintura da Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto. Bolseira Erasmus na Accademia di Belle Arti di Brera, 2013/2014.

2013/2014, Mostra UP, Palácio de Cristal, Porto; 2015, XXVIII Salão de Primavera, Galeria de Arte do Casino do Estoril, Estoril. Distinções: Menção Honrosa de Desenho - Mostra de Arte Jovem de Barcelos, 2008/2009 Menção Honrosa de Pintura - Mostra de Arte Jovem de Barcelos, 2009/2010


“S/ título” 150 x 120 cm; acrílico s/ aglomerado

Juliana Silva • 74


“S/ título” 150 x 120 cm; técnica mista s/ aglomerado

“ No meu trabalho, há sempre qualquer coisa que não bate certo. Uma coisa sem erro é pouco interessante” Jorge Molder

Esta frase sintetiza uma ideia muito importante na definição do projeto artístico. Algo que siga as “regras” na sua totalidade não é interessante e detentor da sua atenção, pelo menos não por muito tempo. Pretende que se aceite o caracter experimental do projeto, assumindo acidentes, acontecimentos, etc.. A obra deve falar por si dispensando um caracter conceptual, previamente definido. No seu trabalho observam-se diversos pontos de atração, imagens que não acabam, elementos que se sobrepõe, obrigando-nos a um olhar mais atento e tentando ainda que desperte-mos um desejo de percorrer a obra, despertar uma vontade de ver tudo o que está acontecer de uma só vez.

75 • Juliana Silva

Faz uso da mancha e do seu caracter imprevisível, assumindo a sua aleatoriedade, tirando partido da mesma. As obras deste projeto têm o objetivo de viver por si. Valer pela forma e não através do conteúdo, o trabalho que progride pela sua própria construção usufruindo dos acidentes e da aleatoriedade. O espectador terá por isso a oportunidade de se deixar envolver e interpelar pelos diferentes elementos, tanto plásticos como formais, para desvendar ou reconstruir a pintura, num percurso, provavelmente diverso daquele que foi seguido durante a execução, mas certamente, muito revelador.


Juliana Silva • 76


JÚLIO VANZELER julio.vanzeler@gmail.com

Ilustrou vários livros para a infância tendo recebido um número significativo de prémios. Nomeado para o prémio ” Melhor livro de Ilustração Infantil” do Festival BD Amadora com o l ivro ” Sua Majestade o Príncipe” e ”Os Negócios do Macaco”. Co-realizou a curta metragem de animação “O Gigante”, tendo sido atribuídos a esta animação vários prémios e seleções para festivais, entre eles o Prémio do público melhor curta metragem no Festival de Brasília (2012) e um dos finalistas dos Goya(2013). Colaborou como ilustrador com diversas revistas e jornais. Colabora com o Teatro de Marionetas do Porto desde 1997.


“S/ título” 100 x 70 cm; óleo s/ tela

Júlio Vanzeler • 78


“S/ título” 150 x 100 cm; óleo s/ tela

Partindo de fotografias tipo passe de quatro mulheres pertencentes à mesma família é construído um novo rosto recorrendo a técnicas de colagem digital, explorando desta forma as possibilidades de representação quer da entidade família quer de um possível novo membro dessa família. A imagem resultante é o retrato de uma possibilidade sem deixar de ser também o retrato individual dessas quatro 79 • Júlio Vanzeler

mulheres. É uma reflexão sobre cada um dos elementos e das suas características físicas e psicológicas enquanto individuo e enquanto elemento de um corpo maior. São retratos onde se pode dizer “sou eu” mas onde também se pode dizer “Somos nós”.


Júlio Vanzeler • 80


MAFALDA ROCHA mmpsrocha22@gmail.com

Exposições Reside em Oldrões, Penafiel

2015 Bibl. Mun.Penafiel

Frequenta o Curso de Pintura da FBAUP.

2010 Bibl. Mun. Penafiel 2013 6ª Bienal “Mascararte” Bragança Saúde Oral - FMDP 2009 4ª Bienal “Mascararte”, Bragança 2009 Rev. “Folium”, nº2, Arq. Mun. PNF 2008 Ovar Paredes Sª M. da Feira 2007 Paredes C. C. D. V., Porto Lousada 2006 Paredes Penafiel 2003 Penafiel 2002 Penafiel


“Freedom” 64 x 80 cm; acrílico s/ tela

Mafalda Rocha • 82


O artista é mero observador que regista as suas impressões do mundo, traduzindo-as em pinceladas, cores, valores, em que a imagem e a palavra associadas ou dissociadas, acabam sempre por estar interligadas. Há uma dicotomia nesse processo de liberdade, em que a palavra cria uma imagem e vice-versa, uma condiciona sempre a outra. É durante o processo de ordenamento desse mundo caótico, que forma e conteúdo emergem como síntese do que o artista expressa. Assim, a pintura adquire, por consequência, o status de pensamento e expressão.

83 • Mafalda Rocha


Mafalda Rocha • 84


MARIA JOÃO ALMEIDA maria_joao_almeida_@hotmail.com

Nasceu no Porto, em 1992. Vive em Vila do Conde e trabalha no Porto. Finalista da licenciatura de Pintura na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Participou no Workshop de animação 2D com Lorenzo Degl’Innocent em 2008. Participou na exposição coletiva no Espaço Corpus Christi, em 2013, assim como na exposição “Oh!? UAU!” no Fórum de Ermesinde em 2015.


“S/ título” 150 x 100 cm; acrílico

Maria João Almeida • 86


“S/ título” 55 x 46 cm; acrílico

No seu trabalho podemos encontrar cor, matéria, transparências e texturas, sem usar os materiais, suportes e técnicas tradicionais usadas na Pintura. Procura desenvolver a imprevisibilidade do material, focando-se mais na espontaneidade do ato criativo do que no seu resultado estético. 87 • Maria João Almeida


Maria João Almeida • 88


MARIA JOSÉ SILVA mariajosesilvalouro@gmail.com

Exposições Portuguesa, nascida em 1946, e a residir em V.N. Gaia. Finalista do Curso de Artes Plásticas da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, no ramo da pintura.

2015, “Oh!? UAU!” – Fórum Cultural de Ermesinde 2015


“Ribeira do Porto” 60 x 80 cm; acrílico s/ tela

Maria José Silva • 90


“Cais de Gaia” 60 x 80 cm; acrílico s/ tela

Partindo da realidade urbana da cidade do Porto, desenvolveu-se um trabalho em que a composição assenta em grandes estruturas geométricas. Essa composição É explorada e posteriormente intervencionada por um cromatismo que remete a uma relação expressiva - emocional com o tema da cidade. A pintura estabelece assim como um cruzamento entre uma construção abstrata e uma forte componente emotiva. Espera-se que tal como a cidade influência e estimula a pintura, também o espectador se sinta interligado.

91 • Maria José Silva


Maria José Silva • 92


MARIA NANIM maria.a.nanim@gmail.com

Exposições

em 1990.

2015 Exposição coletiva “Oh?! Uau!!” no Fórum Cultural de Ermesinde

Finalista do curso de Artes Plásticas

2014 Exposição coletiva “Pausa” – no edifício AXA

Estuda e vive no Porto onde nasceu

- Pintura na FBAUP. Formação extracurricular:

2013 xposição coletiva “Ver, Fazer, Pensar, Editar” no museu da FBAUP

2014 – Workshop de Ilustração

2013 Exposição coletiva “artiCOLAR” na FMDUP.

Científica com Pedro Salgado – Formação Contínua FBAUP; 2013 – Workshop de Ponta Seca com o artista Japonês Naoji Ishiyama - PURE PRINT; 2013 – Workshop “Printing with Glass” com a artista Esin Küçükbiçmen – PURE PRINT.


“S/ título” spray e acrílico s/ madeira

Maria Nanim • 94


“S/ título” spray e acrílico s/ madeira

decisão, interagindo fisicamente como suporte tornando-o a obra. O forte interesse pelo Desenho e pelas técnicas de Impressão Clássica andam a par e servem como base nesta investigação em Pintura. A grande atenção aos pormenores do mundo natural que nos rodeia é a principal motivação para a constante exploração e para a realização das obras. Estas estão intrinsecamente ligadas ao material em que são trabalhadas, sendo este suporte e obra ao mesmo tempo. A ação realizada sobre a madeira (neste caso) visa dar a conhecer a sua energia e movimento naturais, sendo que cada gesto realizado e métodos utilizados surgem da sugestão que cada novo pedaço de material/suporte proporciona. As obras nascem da forte relação pessoal com cada pormenor e do seu tratamento individual e cuidado para que este se torne evidente entre os seus semelhantes. A cor e o gesto funcionam enquanto meios transformadores do suporte, criando atmosferas visuais e texturas a partir do mesmo. A ação humana assenta essencialmente na escolha e

95 • Maria Nanim

Projeto em exploração constante com respostas em diferentes direções e meios que se preocupa com questões visuais e relacionais da Pintura. O espectador é assim convidado a olhar o suporte enquanto contentor de particularidades e movimentos intrínsecos potencialmente interessantes.


“S/ título”

“S/ título”

spray e acrílico s/ madeira

spray e acrílico s/ madeira

Maria Nanim • 96


MARIANA LEMOS mariana4578@hotmail.com

Exposições Nasceu em 1993, no Porto e vive em Vila do Conde.

2013 Exposição coletiva A pintura e os afetos, ilustrações de Barcelos, Galeria Municipal de Arte de Barcelos.

Finalista do curso de Artes Plásticas do ramo de pintura da FBAUP. Formação 2011 Participação na criação do filme de animação para a música Infra- herói, do projeto Disco Voador dos Clã, inserido na programação da ANIMAR 6. 2013 Desenhar no Diário de Viagem, ministrado por Eduardo Salavisa, Bloco Formativo em Turismo da TerraFirme.

2015 “Oh!? Uau!!”, exposição coletiva, organização FBAUP, Forum Cultural de Ermesinde.


“Passadiço 2” 162 x 100 cm; óleo s/ tela

Mariana Lemos • 98


“Passadiço 1” 162 x 100 cm; óleo s/ tela

A capacidade expressiva da pincelada, do traço e do gesto, como processo construtivo de uma imagem. Através da gestualidade e dos tons, enquanto qualidade experimental, criam-se pinturas de locais que são familiares, construindo imagens constituídas por diversas sensações e espontaneidade, através de um possível processo inconsciente. Pinturas que aparentam um caráter experimental mas que, a cada pincelada adquirem um sentido e relação específica com o todo da obra. Através de meios plásticos, como pontos de luz, marcação de direções, movimento, repetições, cores e tons, pretende-se uma imagem orgânica onde o olhar necessite de acompanhar o gesto imposto no quadro. Assim, existe uma procura em representar aquilo que é naturalista e universal, de forma a criar composições capazes de moldar interpretações, através de movimentos e atos espontâneos. Trata-se da valorização e procura de uma atmosfera, pinceladas e da capacidade de decisão, de forma a compreender melhor a sua liberdade, assim como as suas possíveis 99 • Mariana Lemos

limitações. Pinturas que assumem também uma perceção psicológica e um sentimento poético, conseguindo construir uma narrativa através de situações que são familiares e íntimas.


Mariana Lemos • 100


MARISA NÓBREGA marisatatiana@hotmail.com

Nasceu em 1992 na Região Autónoma da Madeira. Vive e trabalha no Porto. Finalista da licenciatura de Pintura na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Participou num workshop em sand casting: VICARTE, Lisboa, 2015 e exibiu na exposição coletiva: 2015, “XXVIII Salão de Primavera/ Prémio Rainha Isabel de Bragança”, Galeria de Arte do Casino Estoril.


“S/ título” 175 x 117 cm; óleo s/ tela

Marisa Nóbrega • 102


“S/ título” 130 x 160 cm, óleo s/ tela

Através de uma ligação particular com a natureza, a pintura é resultante de uma reflexão de locais familiarizados desde a sua infância. Um olhar, uma sensação, uma memória que reinventa a imagem. Não uma mera representação material do local mas antes, uma dimensão pessoal e sensorial. O corpo funciona como médium que executa estabelecendo a convicção de que um traço e uma mancha são ações tornadas visíveis, onde cor, luz e movimento se entretêm na criação de uma atmosfera, revelando uma libertação corporal, da consciência e da pincelada. Os elementos visuais, mais ou menos identificáveis entre pinceladas, ora mais salientes ora mais desfocadas, perdem-se por lugares desconhecidos propondo ao espectador uma revisitação às suas próprias realidades e vivências.

103 • Marisa Nóbrega


Marisa Nรณbrega โ ข 104


MARIYA NESVYETAYLO mashyta2006@hotmail.com

Ex-posições Nasceu.

Vive : poesia audio-visual experimentaç ão com luz e sombra som e silêncio sobre todo o tipo de suporte

Morrerá.

constantes


“S/ título” instalação - quarto

Mariya Nesvyetaylo • 106


(posição actual): perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua 107 • Mariya Nesvyetaylo

perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua perpétua

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MARTA PENEDA www.facebook.com/thegoredungeon martaspeneda@hotmail.com

Formação:

Exposições

2015 Finalista em Artes Plásticas/

2015 “OH?! UAU!” Fórum Cultural de Ermesinde

Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto

2015 “Exibição” VIII Salão Erótico do Porto - ErosPorto

2010 FCT Oficina Teresa e Miguel Vaz D’Almada

2014 Mostra da UP - Pavilhão Rosa Mota

2010 Curso de Produção Artística/

2010 “When a Stone becomes a Jewell” Palácio das Artes & Salónica, Grécia

Ourivesaria pela Escola Secundária Artística de Soares dos Reis

Ilustração/ outros: 2015 “Star Whores” - Serrabulho (banda) 2014 ”Ass Troubles” - Serrabulho (banda) 2012 Logótipo Serrabulho


“O Coelhão” 185 x 70 cm; acrílico sobre tela

Marta Peneda • 110


É Porno-Pimba-Popular. É Pimba, pimba, pimba, pimba, pimba... Brejeiro? É uma arte. -Eu gosto. “O gelado é sempre bom ao almoço e ao jantar há quem diga que não mas por trás o vá chupar.” Rosinha- Eu chupo

“O Paulo está a ficar duro” 185 x 70 cm; acrílico sobre tela

111 • Marta Peneda


Marta Peneda • 112


NELSON DUARTE

Nelson Duarte, estudante finalista de pintura da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, anteriormente estudante de design gráfico pela Escola Artística e Profissional Árvore. De facto pouco pintor de pincel, um pintor mental, que usa o que tem á mão para poder expressar o que vai na alma, com calma usa o que tem na palma. Recorrente a emoções expressa-as como razões para interpretações do seu mundo, da sua galáxia, com todas as estrelas, cosmos e planetas que o rodeiam, que de certa forma usa como inspiração para poder reverter as emoções em algo palpável.


“S/ título” instalação

Nelson Duarte • 114


Existe a realidade que todos assumimos como real, que maior parte das vezes não passa de uma transmissão dos nossos sentidos, do que vemos do que ouvimos do que tocamos, mas como tudo, essa realidade pode ser alterada pela nossa percepção dos sentidos, deformando toda esta concepção do verdadeiro. Desta maneira, procuro uma alteração da realidade, ou seja, uma apresentação do meu real, do meu mundo, da minha bolha, do que não existe, embora grande parte das vezes tenha parecido existir mas apenas dentro de mim, da minha cabeça. Sentir as coisas que não estão presentes, passar do não palpável imaginário para o factual presente. Esta passagem do meu mundo passa essencialmente por materiais pobres, com um pouco de desleixe. Normalmente recorro á colagem, talvez pelo poder de massificação da imagem, da reutilização de imagens e fotografias que podem corresponder á suposta realidade, com esta transformo-a na minha realidade, no meu mundo, na minha instalação mental. Recorro normalmente a imagens e frases que estão presas na minha cabeça e que de certa maneira procuram uma saída, esta acontece como uma explosão, um puzzle que explode e se remonta com uma outra organização, recorrendo a imagens e palavras.

115 • Nelson Duarte


Nelson Duarte • 116


PEDRO CUNHA pedro_svc@hotmail.com

Nascido em 1993. Vive em Guimarães. Finalista da Licenciatura em Artes Plásticas no ramo de Pintura na FBAUP. Expôs nas últimas 3 edições do Guimarães Noc Noc. Participou na Exposição colectiva no Espaço Corpus Christi. Participou na exposição e respectivo catálogo resultante do Concurso Jovens Criadores Aveiro 2013. Participou na Semana das Artes na Exposição Transversal, entre os dias 26 e 30 de Maio de 2014. Integrou ainda na exposição na Galeria de Arte do Casino Estoril, XXVIII Salão Primavera.


“S/ título” 86 x 45 cm; óleo s/ madeira

Pedro Cunha • 118


“S/ título” 86 x 45 cm; óleo s/ madeira

O sacrilégio, protagonizado pelo Homem, de imiscuir no que naturalmente deveria ser intocável é o que aproxima a vida e a arte. A arte assume-se como algo transcendente no momento em que ultrapassa as barreiras físicas e toca o intocável, assim como a medicina se assume transcendental no momento em que impede, adia, ou simplesmente muda o sentido natural da vida. O desejo de descoberta do meio intrínseco à pele, a tentativa de compreensão do mecanismo humano, o anseio por um tratamento, o combate à ignorância e à conformidade, a necessidade de transcendência, tornou-se a obsessão do meu trabalho. “A cirurgia eleva o imperativo fundamental da profissão de médico àquele extremo limite onde o humano se confunde quase com o divino. (…) E Deus, podemos supô-lo, previu o homicídio, mas não a cirurgia. Nunca lhe passou pela cabeça que, um belo dia, o homem se atrevesse a meter as mãos no mecanismo que ele inventara e cuidadosamente embalara, selara e fechara com pele para melhor furtar aos seus olhos. Quando Tomas poisou pela primeira vez o bisturi na pele de um homem anestesiado, e depois a rasgou com um golpe enérgico e a descoseu com uma incisão regular e precisa (…) foi acometido por uma curta mas intensa sensação de sacrilégio.” Milan Kundera

119 • Pedro Cunha

Pretendo construir uma perspectiva idiossincrática e contemporânea do Humano apoiado por ideologias e técnicas de artistas como Goya e Basquiat, assim como Mahler e Beethoven; procurar a compreensão e significação do Homem através de um ponto de vista visceral, interno e desconhecido; criar uma visão do Homem que sobreponha tanto a nossa fragilidade, como a nossa eternidade, através do que se mantém em todas as fases do ser humano mesmo após o nosso fim – o nosso esboço interior.


“S/ título”

“S/ título”

74 x 22 cm; óleo s/ madeira

125 x 200 cm; óleo s/ madeira

Pedro Cunha • 120


PEDRO SANTOS Pedro Santos, nasceu no Porto (Portugal), cidade onde atualmente reside e trabalha. Com formação na área jurídica, política e artística pela FBAUP, inicia a sua produção, ainda nos anos 90 do séc. XX, com a formação do coletivo Mikado. Através da desconstrução dos discursos artístico, social e político, promove experiências que questionam os limites da percepção, numa dinâmica que estimula a descodificação e interpretação do que se constrói para lá do visível. A sua investigação resulta numa prática artística híbrida, que desenvolve a relação entre globalização e identidade. Apresenta-se como uma viagem, que ao transpor as barreiras temporais, constitui-se num espaço de reformulação de como pensar a imagem.


“Dream Land” aguarela, lápis de cor, impressão e jato de tinta s/ papel

Pedro Cunha • 122


Dream Land apresenta-se como reflexão crítica à dicotomia revelada pela migração latente no sul da europa, expõe a sensação de apatia que a distancia evoca, expondo a fronteira como o limite da indiferença. Nesta série de trabalhos, a manipulação da cor descontextualiza a imagem, provocando uma desdramatização do tema, reformulando a lógica de impacto e propondo uma aproximação diferente que se constrói na estranheza da sensação.

123 • Pedro Santos


Pedro Santos • 124


RAFAEL FÉLIX rafsilf91@gmail.com

Exposições Nasceu no Porto em 1991.

2007 Cineteatro Esmoriztur (Esmoriz)

Formação:

2011 Centro Comercial Dolce Vita (Ovar)

Colégio Liceal de Santa Maria

2012 Galeria Arte com Pinta (Cortegaça)

de Lamas Faculdade de Belas Artes da

2013 Absolutribut (Porto) Pontas Soltas

Universidade do Porto - Pintura.

2014 Casa da Cultura de Paranhos (Porto) 3 Linhas de Pensamento 2014 Fórum Cultural de Ermesinde (Porto) Oh?! UAU!


“Sintético/ Natural” 80 x 75 cm; madeira s/ cartão

Rafael Félix • 126


A madeira como referente identitário e plástico da pintura. A Pintura potência a exploração e experimentação de uma variedade de meios criativos, com os diferentes materiais de forma a estimular a perceção de si próprio, o autodesenvolvimento e o crescimento pessoal como base para uma interação saudável no contexto social. Leva ao desenvolvimento de uma metodologia pessoal de forma a introduzir no dia-a-dia pressupostos artísticos e criativos como forma de lidar com situações do quotidiano, promovendo a criatividade, a concentração e a aprendizagem. Estimula, igualmente, a comunicação e a expressão artística do Ser. “A cabeça é o lugar onde se come e se fala.” Jean Piaget

Por elemento entendem-se partes constituintes do universo, como a água, a terra, o fogo e o ar. Um corpo simples, meio ou ambiente em que os seres vivem, que entra na formação de alguma coisa, ou seja, uma substância/ recurso/ matéria-prima. O elemento madeira surge neste projeto como uma necessidade de aproximação a uma forma “natural” de expressão, desta forma a madeira assume a importância de elemento autorreferencial que atua com diferentes matérias, substituindo-as ou não, acrescentando informação ou não. A madeira possui a relevância de referente identitário e plástico na pintura, no entanto 127 • Rafael Félix

enquanto não fosse encarado como tal o discurso não estava a ser coeso e existia uma constante inquietação. Após esta tomada de consciência os resultados serão melhores. A madeira funciona como uma personificação do eu, um exercício de auto-representação, no qual se exploram estados de alma e inquietações do momento. O método de trabalho que consiste no seu corte efetuado exclusivamente de forma manual e a forma com que é aplicada, mesmo quando são utilizadas tintas acrílicas, todos estes têm de ser utilizados do modo


mais metódico possível, que transmita clara e inequivocamente a personalidade no trabalho. O modo de trabalho passa primeiro pela experimentação prática das ideias, o seu questionamento é posterior a esta etapa, é um método de trabalho que perdura ao longo do tempo. Desta forma, existe uma maior produção de obras e a criação de um banco de referências visuais ou séries de trabalho, que por sua vez levam a um refinamento da técnica.

“Sintético/ Natural” 40 x 55 cm (x3); madeira, acrílico e caneta s/ cartão

Rafael Félix • 128


RITA SÁ LIMA rita.sa.lima@gmail.com

Exposições colectivas: 1992, Ponte de Lima. Finalista da Licenciatura em Artes Plásticas - Pintura - FBAUP. Trabalha o desenho cego, forma prematura de desenhar que aplica à pintura,

2011, 2012, 2013 e 2014 Mercado das Artes, AC CAL, Ponte de Lima e Arte na Leira, Casa do Marco, Arga de Baixo, Caminha; 2014 – Põe-te na shair! 3ª Exposição, Galeria emergentes dst, Braga; 2015 XXVIII Salão de Primavera, Galeria de Arte Casino Estoril.

usando a gestualidade e cor como foco principal.

Exposições individuais: 2013 “Identidades”, Favas Contadas, Ponte de Lima Menção honrosa: XVIII Salão de Primavera, Galeria de Arte Casino Estoril 2015


“S/ título” 180 x 160 cm; tinta de esmalte s/ tela

Rita Sá Lima • 130


“S/ título” 180 x 150 cm; tinta de esmalte s/ tela

A base do trabalho é o desenho cego. Este é uma vertente do desenho que serve para nos ajudar a ter uma boa perceção da realidade, onde desenhamos o movimento daquilo que observamos, sem nunca olhar para o papel, e que, consequentemente, nos faz ficar mais atentos àquilo que estamos a representar. A pintura acaba aqui por ser um espaço: um espaço onde fui encorajada – a arriscar, a falhar, a não ter medo de tomar decisões mesmo que erradas e ultrapassar as minhas inibições. Pela natureza subjetiva da pintura, da arte e o grande potencial desta para a individualidade, há sempre muitas alternativas para fazermos obras diferentes e melhores. De certa forma, pinto aquilo que sou e esta é uma manifestação visível da minha personalidade, do meu processo de procura e de decisão. Encontro a harmonia no meu trabalho através da relação entre as cores e as várias camadas

131 • Rita Sá Lima

de matéria. A gestualidade e a cor são importantes para esta comunicação nãoverbal, isto é, o propósito na combinação discursiva, torna a cor o sujeito da pintura, que ganha assim forma pela ação gestual que é manipulada na conceção da obra - é a cor que constrói a forma e o impacto procurado. A partir das composições obtidas, cada observador e eu mesma farei reflexões sobre a importância da pintura em si. Esta, no meu trabalho, é bastante descomplicada, a linha que define o desenho cego é, em alguns momentos, densa e destaca-se determinando os espaços entre cada mancha arquitetando a conexão entre os elementos.


Rita Sรก Lima โ ข 132


RITA VIEITE ritavieite@hotmail.com

Rita Vieite nasceu na freguesia da SĂŠ, Porto, em Outubro de 1991. Frequentou a Academia de Belas Artes Pietro Vannuci (Perugia, ItĂĄlia). Finalista do curso de Pintura da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto.


“Gémea” 200 x 75 cm; óleo s/ tela

Rita Viete • 134


Apesar de ser um elemento só, Gémea representa a dualidade do outro-eu; pressupõe outra parte, que está para além da figura representada: uma entidade inteligível. Paira nesta imagem a ambiguidade do inconsciente individual projectado num objecto. A sua posição invertida torna-se o ponto de viragem em que se condescende a uma nova perspectiva. Da sugestão de invisibilidade é criada uma cena hostil, onde a figura se encontra suspensa num lugar neutro, no vácuo. Este espaço transforma-se num limbo e a figura na forma de comunicação entre dois momentos, dois lugares: a consciência e a obliteração. Gémea procura uma representação simbólica a partir da utilização da figura humana. legenda para fotografia no local — “Situada nas caves do palácio, a sua dualidade individual é absorvida na decadência do espaço abobadado”

135 • Rita Viete


Rita Viete • 136


ROSA ALVES rosaalvesgomes@hotmail.com

Nasceu e vive em Penafiel. Frequenta a Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto no curso de Pintura. Selecionada para a VII Bienal de Pintura Pequenos Formatos da Moita, 2015 (catálogo). Participou na Mascararte, Bragança 2013 (catálogo) Participou no concurso “Articolar saúde oral e arte” da Bial, 2013 (catálogo).


“S/ título” 24 x 13 cm; aguarela s/ papel

Rosa Alves • 138


Caminho entre as ruas e vejo mais do que casas, do que muros, do que pessoas. Vejo com os ouvidos, através dos cheiros, no toque da pele. Vejo com todos os sentidos. A descrição de um lugar é muito mais do que aquilo que o olhar nos apresenta, e corresponde a um tempo, um espaço, um estado emocional, que deve ser compilado quando se fala de uma memória. A pintura por seu lado corresponde a um outro lugar, que descreve e que se autonomiza numa realidade própria, ela também um lugar físico e emocional. Nesse sentido a descrição aparente 139 • Rosa Alves

de um espaço físico, a cidade, num outro espaço físico, o papel, é muito mais complexo do que a simplicidade da imagem que a visão nos concede. A pintura é um acontecimento em que os sentidos são explorados e sobrepostos com as memórias do lugar real, da rua, da cidade. Resulta, então, neste conjunto de pinturas, o cruzamento das duplas realidades emocionais: o ato de andar pela cidade e o ato de pintar, agora numa terceira realidade, aquela que é dada ao espectador. Este tem, assim, a possibilidade de interagir com a imagem e atribuir à pintura aspetos da sua própria condição de ser emocional.


“S/ título”

“S/ título”

29 x 13 cm; aguarela s/ papel

42 x 16 cm; aguarela s/ papel

Rosa Alves • 140


SABINA COUTO sabina.couto@hotmail.com

Nasceu em 1993. Vive em Marco de Canaveses e trabalha no Porto. Finalista da licenciatura de Pintura na Faculdade de Belas Artes da UP. Participou num workshop em sand casting: VICARTE, Lisboa, 2015. Exposições coletivas: 2015, “Oh!? UAU!” Fórum Cultural de Ermesinde. 2015, “Mostra UP” Museu dos Transportes e Comunicações do Porto; 2014, “Pausa” Edifício AXA; 2013, Espaço Corpus Christi; 2012, “Premissas e Primícias” Museu da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto; 2011, Câmara Municipal de Marco de Canaveses; 2011 e 2009, Museu Municipal Carmen Miranda; 2009, Museu Amadeo de Sousa Cardoso;


“Dentro do isolamento 2” 118 x 115 x 107 cm; cascas de eucaliptos e alfinetes

Sabina Couto • 142


Tratam-se de objetos autorreferenciais, que compreende a fisicidade do corpo e da matéria na relação com o sentido cognoscitivo e reflexivo. O material reflete parte do meio onde nasceu e cresceu. Representa o contexto e a interação que estabelece com o espaço, numa lógica não só vivencial e empírica, mas, particularmente, espiritual. Expor um olhar próprio de quem está habituado a uma relação com o natural e que não se reduz à mera visão contemplativa de uma paisagem. O importante é o modo como os valores simbólicos evidenciam outras realidades mais complexas. Simples elementos que proporcionam recordações e sensações fortes: espaço angustiante e paralelamente de silêncio e tranquilidade. Procura traduzir o medo do isolamento que sente aquando de uma experiência direta com a natureza, mas da qual é profundamente dependente pela sua

qualidade de revelação pessoal. O simbolismo e a matéria dialogam. O interior/ exterior, intemporalidade/ presente e orgânico/ industrial. A partir da memória do passado, da intemporalidade da natureza sucede o presente e a manifestação do futuro.

“Sobre o isolamento 2” 90 x 75 x 90 cm; cascas de eucaliptos, alfinetes e vidro

143 • Sabina Couto


Sabina Couto • 144




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FICHA TÉCNICA Organização FBAUP, Pelouro da Cultura CMP, Coordenação Francisco Laranjo e Domingos Loureiro Curadoria Alexandre Coxo e Ana Patrícia Matos Texto Domingos Loureiro Fotografia António Bahia Design Inês de Oliveira oliveira.fonseca.ines@gmail.com | cargocollective.com/inesoliveira Editor Alexandre Coxo, Ana Patrícia Matos, Domingos Loureiro ISBN 978-989-20-5898-6

Apoio

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Palacete Pinto Leite, Porto 2015



EXTRA VAZA MENTE reúne os diálogos de 35 autores com o desiquilíbrio, em resposta à inquietude que os moveu para a realização dos objetos apresentados. A exposição, um dos modelos de aproximar artista e espectador, funciona como veículo de comunicação, mas também origina um conjunto de outras possibilidades linguísticas, nomeadamente, com o espaço, o tempo e o contexto. O espaço e o tempo são diferentes daquele onde se iniciou o diálogo, o Atelier. O contexto é diverso daquele particular que é a Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. E por fim, o espectador será naturalmente distinto porque, apesar da nomenclatura invariável, esse nunca será o mesmo.


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