#1 Revista traço-a-traço EDIÇÃO dezembro
R E V I S TA
DE
ILUSTRAÇÃO
SUMÁRIO JOANA CAÇADOR
YARA KONO 2 | traço-a-traço | dezembro
EDITORIAL
Ao longo deste semestre foi-nos proposto que desenvolvessemos um trabalho prático. Consequentemente teriamos que escolher um dos temas que viria a ser o nosso projecto/trabalho prático, trabalho esse que consistia em elaborar uma revista. Dos vários temas propostos eu escolhi fazer uma revista sobre ilustração. Na primeira fase tivemos que pesquisar sobre o tema seleccionado, e numa segunda fase fizemos aquilo que podemos chamar de ‘‘rascunho’’, um fase inicial daquilo que viamos a corrigir posteriormente. Tive bastantes dificuldades com este trabalho, pois é um exercício muito complexo. Envolve vários conceitos, várias componentes. Onde tive mais dificuldade foi na conjugação das imagens com o texto. Posso dizer que esta revista é sobre ilustração e não “ é de ilustração”, quero dizer com isto que nao é perceptivel de que uma revista de ilustração se trata até quarta/quinta página, mas o seu conteúdo é sobre o tema escolhido. A estrutura da revista está simples, não muito elaborada, com muito texto talvez.
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ILUSTRAÇÃO EM PORTUGAL novas tendências da ilustração contemporânea portuguesa A “nova ilustração portuguesa” dá o mote à segunda edição da UIVO Mostra de Ilustração do Fórum da Maia, que inaugurou no passado sábado, 2. “Comunicar com precisão uma mensagem, um conceito, uma ideia, um desejo, através do recurso à expressão como meio” estará na base dos trabalhos de quase duas dezenas de artistas. André Caetano, Drumond, Miguel Ministro, Pedro Fernandes, Mariana a Miserável, Marta Monteiro, Rui Sousa, Mesk (no graffiti), são alguns dos ilustradores. Pedro Ruíz, um dos responsáveis pela mostra, sublinha tratarem-se de “ilustradores de uma nova geração que tem vindo a publicar trabalhos ao nível da ilustração e design gráfico”. “Pretendemos mostrar novas tendências da ilustração contemporânea portuguesa”, lembra. Quanto ao nome, UIVO, alude ao “sentido de grupo, de matilha de lobos, quase como uma marca identitária entre os ilustradores”. Como se tratassem de “um grupo de resistência”, cuja arte se pode misturar com tantas outras.
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JOANA CAร ADOR
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onde brinca simplesmente com a fisionomia e vestes das suas personagens Joana Rosa Caçador nasceu a 10 de abril de 1990 e desde muito cedo demostrou interesse pelas artes, em especial pelo desenho e pintura. Frequentou o curso de Artes Visuais na Escola Secundária Pluricurricular de Santa Maria Maior, que lhe permitiu desenvolver o gosto e a sua capacidade criativa. Licenciou-se em Design do Produto pelo Instituto Politécnico de Viana do Castelo [IPVC] em 2011, e encontra-se atualmente no segundo ano do Mestrado de Ilustração na ESAP, em Guimarães. 6 | traço-a-traço | dezembro
Realizou trabalho significativo na área da ilustração infantil, a sua verdadeira paixão, explorando novas técnicas e suportes como a serigrafia, os papercutts, o scratchboard e o desenho digital. As suas ilustrações representam, na maioria das vezes, mulheres e o universo feminino, onde brinca simplesmente com a fisionomia e vestes das suas personagens; ou então explora os seus temas e manias mais comuns desse mundo tão complexo e caricato.
Ilustração é uma imagem pictórica utilizada para acompanhar, explicar, interpretar, acrescentar informação, sintetizar ou até simplesmente decorar um texto. Embora o termo seja usado frequentemente para se referir a desenhos, pinturas ou colagens, uma fotografia também é uma ilustração. Além disso, a ilustração é um dos elementos mais importantes do design gráfico. São comuns em jornais, revistas e livros, especialmente na literatura infanto-juvenil, sendo também utilizadas na publicidade e na propaganda.
Existem também ilustrações independentes de texto, onde a própria ilustração é a informação principal. Um exemplo seria um livro sem texto, não incomum em quadrinhos ou livros infantis. Em princípio, o que distingue a ilustração das histórias em quadrinhos é não descrever, necessariamente, uma narrativa sequencial, mas sintetizar ou caracterizar conceitos, situações, ações ou, até mesmo determinadas pessoas.
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yara kono
Yara Kono, que integra a equipa da Planeta Tangerina e está também representada na exposição Como as Cerejas, recebeu o apoio da DGLB para se deslocar a Bolonha, tal como os vencedores das duas menções honrosas, Afonso Cruz e Marta Madureira. Este incentivo financeiro está, 8| traço-a-traço | dezembro
aliás, na génese da criação do Prémio Nacional de Ilustração, em 1995, quando a então secção portuguesa do IBBY, considerou relevante a visita à Feira de Bolonha como parte do enriquecimento cultural e artístico dos ilustradores portugueses.
Em 2001 veio viver para Portugal, onde se estreou como designer, e em 2004 entrou no Planeta Tangerina, onde tem trabalhado sobretudo na área do design de identidade e editorial. Foi também aqui que a ilustração se foi tornando um assunto cada vez mais sério.
E foi em 2009 que ganhou uma Menção Honrosa no I Prémio Compostela para Álbuns Ilustrados e em 2010 ganhou ainda o Prémio Nacional de Ilustração. 9 | traço-a-traço | dezembro
''A ILHA'' JOÃO GOMES DE ABREU YARA KONO A história de uma grande empreitada Será que um livro para crianças pode falar, sem causar aborrecimento ou inspirar a vontade a trocar de história, dos dias preocupantes em que hoje vivemos, dos sonhos loucos que são trazidos para a realidade e se tornam autênticas caricaturas? A resposta é sim e, para quem esteja a torcer o nariz em sinal de descrédito, fica um conselho em formato turístico: visitem “A Ilha” de João Gomes de Abreu (texto) e Yara Kono (ilustrações) e sairão de lá convencidos. O livro recebeu uma Menção do Júri na categoria Opera Prima, nos Bologna Ragazzi Awards deste ano, que distinguem primeiras obras de autores ou ilustradores (neste caso é a primeira obra de João Gomes de Abreu). 10 | traço-a-traço | dezembro
''UMA ONDA PEQUENINA'' ISABEL MINHÓS YARA KONO Molhar os pés é melhor quando bem acompanhado Depois de “O Que Há” e “Este Livro está a chamar-te (não ouves?)”, seguese agora “Uma Onda Pequenina”, com texto de Isabel Minhós Martins e ilustrações de Yara Kono (que ilustrou “A Ilha”, que a RDB elegeu como o melhor livro infantil de 2013 com edição nacional).
Aqui, há um menino que nada despreocupadamente no mar até se sentir ameaçado por uma daquelas palavras tão assustadoras e carregadas de água que, para não revelarmos tudo, apenas dizemos que termina em “ão”. Só a simples ideia de que na água se esconda uma dessas coisas faz com que a criança não queira mais entrar no mar, refugiando-se no fundo do areal virando costas a toda a ondulação. Com um texto em forma de poema e ilustrações que nos trazem à memória o cheiro do lápis de cera, “Uma Onda Pequenina” é mais um hino aos livros como veículo de sonhos e experiências, às histórias como uma forma de acabar com os medos que vão surgindo ao longo da vida. 11 | traço-a-traço | dezembro
Matéria Negra é um projecto de ilustração, entrevistas e histórias. Todas as semanas publicamos uma nova entrevista com pessoas com boas histórias de vida para contar, sendo que um dos ilustradores do projecto fará sempre uma ilustração do entrevistado ou de um elemento a si associado. Fundado em 2014, Matéria Negra pretende fundir a ilustração com as palavras, de qualquer forma que nos apeteça.
Nesta semana a nossa convidada para a entrevista ilustrada foi Mallu Magalhães com ilustração de João Augusto. 12 | traço-a-traço | dezembro
Fala-me sobre um momento da tua infância que te tenha marcado bastante. Certa vez, como de costume, resgatei um insecto da piscina. Ele estava longe e demorei algum tempo a achar um galho que a ele chegasse. Assisti às suas últimas tentativas de nadar, as suas patinhas a ficarem cansadas até parar quando consegui, finalmente, alcançá-lo com uma folha comprida. Quando o coloquei no chão não acreditava que aquela coisinha que há tão pouco estava com vida tinha realmente morrido e, heroicamente teimosa, soprei o mais calmamente que consegui. Como vês o actual panorama cultural no Brasil? E em Portugal? A nível musical. Acho mesmo muito curioso como dois países do mesmo idioma e de raízes irmãs possam ter desenvolvido musicalidades tão particulares mas que agora se voltam gradualmente a encontrar. A estética moderna, existencial, que mistura os tradicionais instrumentos acústicos com os actuais sons e formatos eletrônicos apresentase em várias formas nos dois países… A internet deu-nos esse privilégio de acompanhar tudo de qualquer lugar. Actuaste várias vezes no estrangeiro. Nunca pensaste fazer carreira a cantar apenas em inglês, para chegar a um público mais vasto? A questão é mesmo a falta de tempo. Queria poder fazer tudo o que imagino. Procuro separar algumas semanas no ano para essas turnês nos Estados Unidos e no Canadá. São países com infraestruturas admiráveis e com um público surpreendente.
Como é que olhas para todo este sucesso com apenas 22 anos? Fico mesmo orgulhosa. Sei bem quanto trabalho tive, pelo que passei… e sintome orgulhosa. Assim como me sinto orgulhosa dos meus pequenos grandes sucessos diários: um bom soufflé, um sorriso de alguém amado, um chocolatinho no pires do cafezinho… O que podemos esperar do projecto Banda do Mar? A Banda do Mar é um encontro inevitável. Somos um trio de grandes amigos. Somos três músicos. Sempre que quisermos estaremos nesse formato, por prazer e por profissão. Agora começamos uma tour no Brasil que segue logo para Portugal. Acho que essas viagens darão mais vida e forma à Banda. Que música ouvias quando eras mais nova? Eu já cresci com a internet a expandir-se. Pesquisava muito, via documentários, anotava os nomes, e corria para as lojas de discos ouvir o que encontrasse. Ouvia muito Bob Dylan, Johnny Cash, Chuck Berry, Elvis Presley, Tom Waits… e muito Jack Johnson. Era perfeito para as nossas viagens de carro em família. Todos gostavam, e até hoje é a minha banda sonora para várias ocasiões. Tens acompanhado o mercado Português? Quais são os teus artistas preferidos? Gosto muito e acompanho a Capicua, o Nick Nicotine, Orelha Negra, Os Quais…
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