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Copyright©2020 Inspetoria São Domingos Sávio Todos os direitos reservados ao autor
Inspetor P. Jefferson Luis da Silva Santos Organização Comissão Inspetorial de Comunicação - CIC
Coordenador P. José Ivanildo de Oliveira Melo Delegado para a Pastoral Juvenil Revisão P. José Ivanildo Sr. José Luis (Zeca) Equipe de articulação Animadores de Pastoral Projeto Gráfico Sr. José Luis (Zeca) Articulistas Convidados
T204 O Tapiri: Comunicação Pastoral da Inspetoria São Domingos Sávio BMA / Pe. Jefferson Luís da Silva Santos, SDB (org.); Pe. José Ivanildo de Oliveira Melo (Coord.) Manaus: Editora FSDB, 2020. x, 44 p. II. 15x21cm (Comunicação Pastoral da Inspetoria São Domingos Sávio - BMA) ISSN 2525-3093 Publicação Bimensal 1. Salesianos de Dom Bosco 2. ISMA - Manaus. 3. Comunidade Salesiana. 4. Santos, Pe. Jefferson Luís da Silva. 5. Melo, Pe. José Ivanildo de Oliveira. I. Título.
Elaborada por Zina Pinheiro - Bibliotecária - CRB 11/611
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P José Ivanildo Oliveira Melo Delegado para Pastoral Juvenil Salesiana
Os meses de setembro e outubro costumam ser intensos nas nossas comunidades, especialmente por conta dos círculos bíblicos, atividades missionárias e as novenas preparatórias ao Círio da Rainha da Amazônia, Nossa Senhora de Nazaré. Por conta da Pandemia da Covid-19 muitas coisas precisaram ser repensadas, mas não esquecidas. No segundo artigo da série sobre Dom Bosco, padre José Ivanildo nos apresenta a dimensão presbiteral-educativa do santo dos jovens, seus escritos e a germinação do sistema preventivo; seguindo os passos de Dom Bosco: educador, os pós-noviços salesianos compartilham conosco a experiência pastoral-digital por meio do projeto “no remanso da Amazônia”; padre João Mendonça, Danúzia Aranha e Ir. Antônio Stefani, refletem o Círio de Nazaré em época de pandemia. A Salesiana Cooperadora Márcia Lima conta pra gente a inédita construção, por meio virtual, do Plano de formação unificado dos centros locais; Os testemunhos vocacionais do salesiano Wellington Abreu e do voluntário Wilton Garcez concluem o tom missionário dos nossos artigos. Na sessão Aconteceu você acompanha outras tantas iniciativas e encontros realizados nos vários âmbitos da missão salesiana. Boa leitura!
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BONS CRISTÃOS E HONESTOS CIDADÃOS
DOM BOSCO: Educador dos Jovens1 Palavras Chave: Dom Bosco, Jovens, Educação, Sistema Preventivo. INTRODUÇÃO Vimos no artigo anterior2 que desde tenra idade João Bosco caminhou guiado pelo desejo de fazer o bem aos outros, da busca por realizar a vontade de Deus. A opção pelos jovens não foi acidental, uma adesão ideológica repentina. Suas convicções estavam enraizadas em todas as práticas que desenvolveu ao longo de sua formação. O desejo de possuir um guia, o sonhos dos nove anos, a impressão causada pela distância dos formadores no tempo de seminário, foram elementos de base na sua concepção de uma formação personalizada e humanizante. Uma pedagogia otimista, que acredita na possibilidade de transformação social, sem, contudo, romantizar os males que pode causar. Nesta segunda etapa de seu desenvolvimento nos encontraremos com Dom Bosco, o padre educador, que não teme ir aos canteiros de obras, aos presídios, andar pelas ruas de Turim em busca dos jovens pobres para oferecer-lhes a possibilidade de amizade cristã, abrigo e educação. 1. DOM BOSCO: o padre educador João Bosco foi ordenado presbítero no dia 05 de junho de 1841. Neste Momento, será chamado de Dom Bosco, prefixo próprio de padre na língua italiana. Momento de grande alegria e júbilo, pois todo o caminho que este jovem havia feito chega a bom termo, dia que ficará impresso em sua memória como dia de paraíso (BOSCO, 2005, p. 112).
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Artigo produzido em 2011 como suporte de leitura para as semanas pedagógicas de educadores salesianos das cidades de Manicoré e São Gabriel da Cachoeira, Amazonas. 2 O Tapiri, n° 203, https://issuu.com/inspetoriasaodomingossavio/docs/tapiri_n__203?fbclid=IwAR0FLF-_5eVgscZ0sSPqVg6o_RSVPzGduuV_cELMVoSEuB6daZDS5reVMLo.
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Após sua ordenação Presbiteral, como era de se esperar, recebeu várias propostas de trabalho em paróquias e tutoria particular de meninos de famílias nobres em Gênova, todos com boa remuneração. Após refletir sobre as ofertas e ter se consultado com seu guia espiritual, padre José Cafasso, decidiu dar prosseguimento a sua formação no campo da pregação e moral frequentando as aulas no Colégio Eclesiástico, que era um centro de formação prática para sacerdotes. Ai tinha aulas teóricas enriquecidas por diversos debates de questões trazidas pelos sacerdotes das atividades nas periferias de Turim. Nesse período Dom Bosco, levado pelo padre Cafasso, conhece a dura realidade de uma multidão de adolescentes e jovens encarcerados pela prática de furtos, e outros pequenos delitos. Este contato lhe marca profundamente. Ver uma turma de jovens, de 12 a 18 anos, todos eles sãos, robustos, e de vivo engenho, mas sem nada fazer, picados pelos insetos, à míngua de pão espiritual e temporal, foi algo que me horrorizou. O opróbrio da pátria, a desonra das famílias, a infâmia aos próprios olhos personificavam-se naqueles infelizes (Ibidem, p. 121). A partir deste momento Dom Bosco começa a pensar num modo de colaborar com estes jovens, pois acreditava que se tivessem lá fora um amigo que tomasse conta deles, os assistisse e instruísse quem sabe não mudariam de vida (Ibidem). No fim deste mesmo ano, dia 08 de dezembro de 1841, Dom Bosco tem outro momento marcante e definitivo em sua vida: encontra-se com um jovem, desconhecido, chamado Bartolomeu Garreli com que após um significativo diálogo inicia com um momento de catequese o que será o Oratório Festivo3 de Dom Bosco. 3 O termo oratório já era usado antes de Dom Bosco por outros educadores cristãos. Dom Bosco Consagrou como Oratório Festivo Salesiano o espaço educativo onde os jovens tinham toda a liberdade para correr, brincar, receber formação religiosa e profissional, inicialmente nos finais de semana e posteriormente diariamente. Descrevemos o oratório como obra que realiza hoje a missão salesiana no campo da educação informal, isto é, mais livre e espontâneo do que a escolar institucional (Dicastério para a Pastoral Juvenil, 2005, p. 77).
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Pude então constatar que os rapazes que saem de lugares de castigo, caso encontrem mão bondosa que deles cuide, os assista nos domingos, procure arranjar-lhes emprego com bons patrões e visitá-los de quando em quando ao longo da semana, tais rapazes dão-se a uma vida honrada, esquecem o passado, tornam-se bons cristãos e honestos cidadãos (Ibidem, p. 125). A partir desse momento fica claro para o jovem sacerdote que seu trabalho será em prol da juventude pobre e abandona de Turim, estendendo-se paulatinamente a todos os povos. No início a obra de Dom Bosco não tinha um lugar fixo para os encontros, mas desde já nosso educador havia percebido que sem a distribuição de livros de canto e de leitura amena, as reuniões nos dias de guarda seriam como um corpo sem alma. Aliado ao lúdico havia o comprometimento social de Dom Bosco que durante a semana ia visitá-los em seus trabalhos nas oficinas e fábricas. Isso muito consolava os rapazes, que viam um amigo interessar-se por eles. Nesta atitude Dom Bosco concretizava seu pensamento que não basta querer bem os jovens. O amor ao jovem deve ter uma dimensão concreta, expressa neste caso pelo cuidado e acompanhamento (Ibidem, p. 126).
2. ESCRITOS DE DOM BOSCO Mesmo envolvido por uma dezena de compromissos diários suficientes para esgotar qualquer pessoa, Dom Bosco costumava dedicar significativo tempo do dia ou da noite para escrever. Na maioria das vezes tratava-se de responder a cartas de benfeitores, ou enviá-las pedindo auxílio a sua obra, outras vezes era correspondência com o meio eclesiástico e civil. Em dado momento o veremos escrever opúsculos para a orientação dos fiéis católicos, biografias sobre a vida de santos, e até mesmo sobre a matemática. Eclético na forma e na variedade de temas, unitário na preocupação de seus escritos: a educação da juventude. Seus principais escritos são:
a) Com finalidade catequética evangelizadora: , História Sagrada (1847), O Jovem instruído para a prática dos seus deveres de exercícios de piedade cristã (1847), Avisos aos católicos: Fundamentos da religião Católica (1850-1853), Uma disputa entre um advogado e um pastor protestante (1853). Nestes textos vemos Dom Bosco preocupado em oferecer aos católicos, em linguagem simples, material doutrinal dos principais elementos da fé católica. No livro o Jovem Instruído esforça-se para dar as práticas cristãs um tom de alegria e felicidade. O Tapiri 6
b) Obras onde expõe seu método educativo exemplificado na vida dos jovens: Vida do jovem Domingos Sávio (1859), Pequena biografia do jovem Miguel Magone (1861), O pastorzinho dos Alpes ou vida do jovem Francisco Besucco de Argentera (1864), Severino ou aventuras de um jovem alpino (1868), Valentim ou a vocação impedida (1866). Nestes opúsculos Dom Bosco revela a via interior de alguns jovens que com ele conviveram e que foram profundamente tocados pela educação Salesiana. Na biografia de Domingos Sávio encontramos, por exemplo, a fórmula de santidade peculiar a este sistema: Estar sempre alegre, cumprir bem o seus deveres escolares e religiosos, participar ativamente dos momentos de descontração do recreio (BOSCO, 1975, p.122). c) Obras sobre história e matemática: O sistema métrico decimal reduzido à simplicidade (1849); A história da Itália contada à juventude (1855). Nestes escritos Dom Bosco procura oferecer material didático aos seus jovens que seja mais ameno, sem o rigor escolástico dos textos usados até então. d) Obras de caráter lúdico educativas: Cenas de teatro sobre o aprender a História Sagrada (1855); A casa da Fortuna: Apresentação dramática (1865), Novela amena de um velho soldado de Napoleão I (1862), Casos amenos da vida de Pio IX (1871). O teatro, a música e a poesia são elementos essenciais no sistema preventivo de Dom Bosco. Para realizar este objetivo o próprio Dom Bosco tratou de escrever diversos textos aos seus jovens. e) Obra autobiográfica: Memórias do Oratório de São Francisco de Sales (1873-1879). Após certa relutância em escrever sobre a origem do Oratório da Congregação, Dom Bosco viu-se obrigado pela ordem dada pelo papa Pio IX em deixá-la como herança espiritual aos seus filhos. Dom Bosco fez os salesianos prometerem que não as publicariam, pois desejava que fossem apenas confidências de um pai aos seus filhos. O pedido foi obedecido por várias décadas. Fora publicada pela primeira vez somente em 1946. f) Cartas de caráter especificamente pedagógico destinadas aos seus filhos espirituais: Lembranças confidenciais aos diretores (1863); O sistema preventivo na educação da juventude (1877); Regulamentos do Oratório de São Francisco de Sales para os externos (1877); Regulamento para as casa da Sociedade de São Francisco de Sales (1877); Cartas sobre os castigos (… ); Cartas de Roma (de 10 de maio de 1884); e finalmente, Lembranças confidenciais aos diretores (1885). Estas cartas revelam de forma muito paterna os sentimentos e O Tapiri 7
intenções pedagógicas de Dom Bosco que ele gostaria que fossem preservadas em suas casas. Destas destacam-se a Carta de Roma, a Carta sobre os castigos e a sobre o sistema preventivo. Reconstruir as ideias pedagógicas de Dom Bosco não pode se limitar, entretanto, a uma análise de alguns textos mais explicitamente pedagógicos, antes devemos partir da abundante fonte e relatos de todos. Quanto com ele puderam conviver. Trata-se não de refletir sobre o escritor, mas mergulhar nos exemplos concretos deste educador que conseguia com um o olhar, com uma palavrinha pessoal, comunicar-se, fazer-se entender. É preciso ler Dom Bosco narrador de sonhos, organizador de bandas, estimulador de associações juvenis, saltimbanco, visitador de presídios, pregador, peregrino, homem de fé. Nosso educador que recolheu todas estas experiências ao longo de sua vida, pode agora falar em um Sistema Preventivo, não tanto por razões de paixão teórica, mas por convencimento de quem percebe o que pode passar a representar na vida de um aluno um simples gesto do professor. O que pode um gesto aparentemente insignificante valer como força formadora ou como contribuição à do educando por si mesmo (FREIRE, 1996, p. 42).
3. O SISTEMA PREVENTIVO DE DOM BOSCO As expressões prevenir e reprimir não são termos criados por Dom Bosco. Temos visto como a história do conhecimento está marcada por este embate entre a liberdade individual e a formatação social, entre o natural e o contrato, o imperativo e a obrigação, a heteronomia e a autonomia, entretanto, Dom Bosco lhes dará novos significados teóricos e desdobramentos no campo prático. Ao lado da necessidade de instruir a juventude para o mercado de trabalho emergente, de formar culturalmente os jovens com bases nas novas descobertas da psicologia moderna e das técnicas pedagógicas, havia o perigo de formar revoltosos, reclamantes de seus direitos e esta era a última coisa que as autoridades do antigo regime poderiam desejar na Europa na década de 1840,
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período forte de conflitos políticos que lutam pelo retorno das conquistas do período napoleônico. Assim, prevenir e reprimir vão sendo constantemente ligados a ações que o governo efetua no sentido de garantir a ordem, o bem social, a hegemonia do sistema absolutista e o impedimento de revoluções. Pietro Braido, fala de prevenção em cinco dimensões: no campo político, que redesenha o mapa da Europa a partir do congresso de Viena; prevenção social, como medida contra o pauperismo e mendicância; no campo penal como prevenção aos delitos, ou correção aos já presos; prevenção religiosa, a religião como prevenção na medida em que garantia a ordem e a prosperidade, e a prevenção no campo educativo, ora como medida disciplinar, em certos momentos como instrumento de controle (2004, p. 29-45). O aparecimento do termo Sistema preventivo e/ou Sistema repressivo aplicado à educação surgiu inicialmente na Carta Constitucional Francesa de 1830 em torno da discussão a respeito da liberdade da escola. Será citado
em 1831 no artigo 17 da Constituição Belga dentro da mesma temática. O alcance do seu significado referia-se, sobretudo, ao controle que o Estado deveria manter sobre a qualidade do ensino ministrado aos cidadãos, seja ele privado, religioso, ou estatal, tendo a liberdade de fiscalizar, punir e até mesmo suprimir os institutos que não fossem considerados de qualidade e não sobre um método de ensino propriamente (Ibidem, p. 69). O Sistema Preventivo de Dom Bosco não nasceu, portanto, de elucubrações teoréticas, tampouco é uma simples reprodução das ideias já aplicadas à educação no seu tempo por diversos institutos de ensino, inclusive cristão como os Irmãos Cavanis, que trabalhavam com a educação dos jovens pobres e abandonados, dos Irmãos Maristas aos quais prestou serviços espirituais aos alunos, entre outros, nos quais se inspirou e assimilou diversos princípios (Ibidem, p. 89-95). O Tapiri 9
O sistema adotado e reelaborado por Dom Bosco como método educativo é resultado e síntese do conjunto de experiências que ele foi fazendo ao longo de seu trabalho pastoral com os meninos pobres de Turim e a tradição do pensamento cristão. Trata-se de um sistema experimentado, adaptado, trabalhado a partir da convivência com os jovens e do desejo de lhes fazer o bem, sistema dinâmico, flexível, chamado de nosso sistema educativo e por fim sendo identificado com o próprio Espírito Salesiano, ou seja, o centro e a força de toda a intuição carismática de Dom Bosco. Tendo sido por diversas vezes convidado a expressar de modo conceitual em que consistia seu sistema preventivo, já vastamente conhecido e aplicado nas escolas e casas salesianas, Dom Bosco o faz num escrito intitulado: O sistema Preventivo na Educação da Juventude. Neste escrito de relevante importância Dom Bosco nos deixa entre outros elementos as três características basilares deste sistema: Razão, Religião e Amorevolleza. A vantagem do sistema preventivo sobre o repressivo é clara para Dom Bosco. Este sistema não somente visa estabelecer normas a serem cumpridas, mas dialoga com o jovem na observação de tais orientações, compreende sua capacidade de assimilação dos valores como um processo gradual que acompanha sua idade e formação cultural. Não se trata de impor, ou de punir o jovem que infligir uma norma por descuido ou por esquecimento, mas de fazê-lo compreender o valor moral da ação que se dá, de modo a aderir voluntariamente a ela, ao ponto de mesmo desejar realizá-la. Trata-se de falar com o jovem na linguagem do coração, conquistar sua confiança, ter acesso aos seus sentimentos para poder orientá-los ao bem (BOSCO, 1959, p. 137). O sistema preventivo não é um momento pontual na vida do aluno, nem um compromisso passageiro por parte do educador, mas uma atitude permanente de corresponsabilidade e de cuidado do educador para o aluno e vice-versa, de modo que mesmo quando este já estiver plenamente integrado na vida social e profissional, seus conselhos e advertências continuarão a ser bem aceitos (Ibidem, p. 138). Ao falar das três dimensões em que Dom Bosco localiza o cerne do sistema preventivo, não se suponha com isso que uma dimensão possa existir sem a outra, menos ainda de uma se compreenda e origem e desenvolvimento da outra de forma escalonal. As três dimensões: razão, religião e amorevolezza são constantes no processo da educação integral da pessoa O Tapiri 10
e só fazem sentido se entendida uma em relação à outra. O que unifica estes três princípios é a caridade evangélica. Ao identificar o sistema preventivo com o próprio Espírito Salesiano, Dom Bosco tornava patente que sua inspiração mais profunda era de caráter evangélico. O educador, sensível a alguns traços da figura de Jesus Cristo Bom Pastor, deveria ter a mesma solicitude no cuidado com os jovens, conquistando pela mansidão e o dom de si mesmo, entendida como a capacidade da pessoa fazer-se oferta (CONSTITUIÇÕES, 2003, p. 26).
a) RAZÃO O primeiro aspecto do sistema preventivo é a razão. Com esta palavra, bem conhecida pelos pensadores iluministas e fortemente recorrida nas teorias pedagógicas de seu período, Dom Bosco indicava os aspectos psicológicos da existência do indivíduo, sua capacidade de compreender a si mesmo e ao mundo que o envolve. Um jovem intelectualmente saudável será capaz de compreender corretamente as orientações e prescrições do educador, evitando assim qualquer necessidade de punição por infrações, até os mais leves, pois este tem consciência moral do ato lícito e ilícito, e se por fraqueza, ou esquecimento repentino vier a faltar, ele mesmo sentirá necessidade de ser punido, pois diante de si mesmo sente-se fautor (BOSCO, 2004, p. 9). É bem mais significativa a famosa observação de Sócrates a um escravo, com quem não estava satisfeito: Se não estivesse irado, bater-te-ia. Esses pequenos psicólogos, que são os nossos alunos, descobrem, à mais pequena e leve alteração do rosto ou da voz, se foi o zelo do dever ou do ardor da paixão que acendeu em nós aquele fogo. Neste último caso, não seria preciso mais nada para anular o fruto do castigo. Embora pequenos, eles descobrem e percebem muito bem que só a razão é que tem direito de os corrigir (BOSCO, 2004, p. 26). A razão torna-se assim um meio de conquistar a autonomia enquanto capacidade de se expressar com liberdade e autenticidade, de poder vir a desenvolver suas capacidades no campo intelectual, mas também relacional, sentimental, espiritual. A razão abre o jovem ao universo de possibilidades e desafios de ser ele mesmo, que O Tapiri 11
em Dom Bosco significa também realizar o projeto de Deus para o homem. De uma saudável racionalidade depende a saúde emocional e criativa da pessoa, seu amadurecimento humano e sua compreensão crítica da realidade (SCARAMUSSA, 1993, p. 3). Em Dom Bosco, portanto, a razão não é somente a capacidade de elaboração mental, produção do conhecimento científicos, mas é uma modalidade integrante da consciência do ser como pessoa integral. A razão é uma forma de ser no mundo, que corresponde ao desejo de realização e felicidade que cada jovem traz dentro de si. Por mais difícil que seja seu comportamento ele tem algo de bom. Por tal motivo ele insiste para que o educador não se canse de buscar este ponto acessível em cada jovem e através de um processo dialético maiêutico o faça florescer. Razão e coração não se contrapõem no sistema preventivo, ao contrário, são duas realidades que falam da pessoa a partir do seu núcleo íntimo, da parte central de existência. O coração como sede dos sentimentos e a razão como capacidade de deixar-se mover pelo belo, pelo sublime, pela arte, e de decidir pelo bem colaboram mutuamente na formação do caráter do jovem. Neste sentido constatamos, aliadas à proposta educativa formal de Dom Bosco, tantas atividades de cunho artístico-lúdico, como as atividades teatrais, as organizações juvenis dentro do oratório, os dias festivos com jogos e brincadeiras diversas. É a razão trabalhando a emoção, gerando conhecimento. No sonho dos nove anos, Joãozinho já havia recebido a indicação de que à instrução dos jovens, que lhe parecia algo impossível dado sua condição de menino pobre e ignorante, era necessário adquirir espírito de obediência e ciência. Estes dois meios tornarão possíveis não somente assimilar conhecimentos, mas tornar-se sábio. Que no mesmo sonho percebemos é uma combinação de várias características humanas espirituais colocadas ao serviço dos jovens (BOSCO, 2004, p. 5-6). Razão é sinônimo de razoabilidade, capacidade de sentido crítico, de leitura do mundo que leva o aluno a descobrir o valor autêntico das realidades temporais e espirituais. Constrói a autonomia responsável onde o sentido da dignidade da pessoa está em primeiro lugar.
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b) RELIGIÃO Para Dom Bosco a formação humana de um jovem só é plena se no seu conteúdo estiver presente a dimensão religiosa. Não concebe como poderá fazer bem ao aluno o educador que o priva da dimensão transcendente da existência, que reduz sua função a um mero informar das coisas temporais e esquece que o homem é igualmente espírito. Se na dimensão intelectual a pessoa compreende a si mesmo e o mundo, por meio da religião ele é conduzido a descobrir o sentido da vida e sua última finalidade. Somente a religião pode em qualquer tempo e em todas as idades tornar o homem feliz no tempo e na eternidade (LEMOYNE, 1984, p. 833). A religião possuiu para Dom Bosco a missão de salvar a pessoa, provocar uma profunda mudança no seu comportamento moral, que a educação secular, por si só não pode fazer, pois esta é resultado da graça de Deus. Assim podemos entender o papel da religião na educação preventiva de dois modos: A) A salvação da pessoa: favorecida por uma vida Sacramental regular e espontânea introduzia o jovem no mistério da graça de Deus que perdoa e fortalece o ânimo. Nos momentos de aconselhamento espiritual o educador tem uma oportunidade privilegiada de orientar o jovem na prática da moralidade, indicar-lhe caminhos, estabelecer um vínculo de confiança e respeito. Mas a piedade fortemente promovida por Dom Bosco nos seus ambientes educativos nada possuía da mentalidade fechada de seu tempo, não consistia em certo sentimentalismo, ou ar de tristeza, ao contrário. Cultivada no pátio era simpática, florescia com jovialidade e jamais era imposta (CERIA, 1962, p. 196). Os jovens que Dom Bosco acolhe nos seus centros e casas não são somente pessoas quem se deve oferecer formação técnico-profissional, estes eram meios, o nosso fim supremo, dizia Dom Bosco. “E fazê-los bons e salvá-los eternamente”. (Ibidem, p. 187), a transformação moral da pessoa, que tem como fundamento a vida de Jesus Cristo. Assim escreve um de seus maiores biógrafos, Eugênio Ceria, citando monsenhor Cavigioli: A vida ética do homem, depois de Jesus Cristo, tem de se desenvolver na esfera sobrenatural; a educação, que pretendesse para a atmosfera natural, representaria um abaixamento de nível. Quem desce do plano da graça verifica imediatamente o erro, O Tapiri 13
porque não para no patamar da natureza, mas cai infalivelmente muito mais baixo (1962, p. 186). A conhecida frase do sistema preventivo: Educar evangelizando e evangelizar educando, expressa de modo impar como razão e religião estão intimamente ligadas no pensamento de Dom Bosco. A dimensão espiritual não é uma secção da existência, um apêndice que contempla valores capazes de serem desenvolvidos por outras vias. A realidade espiritual no sistema preventivo tem a função de dar unidade às diversas capacidades da pessoa. Sua autonomia só poderá ser completa se for capaz de despertar para o sentido da existência, para a dignidade que possui como homem, e as responsabilidades que derivam deste seu Ser para. Mas a religião em Dom Bosco é sempre uma proposta, nunca uma imposição. A ela o jovem deve ser atraído pelos exemplos do educador e pela visão positiva que descobre no ser cristão. Nunca se obrigue os jovens a frequentar os Santos Sacramentos, mas animem-se apenas e se lhes proporcione facilidade de se aproveitarem deles. Nos Exercícios Espirituais, tríduos, novenas, pregações, catecismos ponha-se em relevo a beleza, a sublimidade, a santidade da religião, que oferece meios tão fáceis, tão úteis à sociedade civil, à paz do coração, à salvação da alma, como são precisamente os Santos Sacramentos. Dessa maneira, estimulam-se os meninos a querer espontaneamente essas práticas de piedade, e haverão de cumpri-las de boa vontade, com prazer e fruto (BOSCO, 2008, p. 77- 6). Salvar sua alma, termo que Dom Bosco recorre com frequência, expressa esta preocupação com a totalidade da pessoa, pois só salva-se, quem participa da salvação dos seus. A alma é identificada com a realidade essencial da existência, o dom precioso que deve estar à cima de todo interesse. Tenho uma alma. Se eu a perder, perdi tudo. O que me adiantaria ganhar o mundo todo se perco minha alma? (BOSCO, 1940, p.140).
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c) AMOREVOLEZZA A palavra amorevolezza não é de fácil tradução ao português. Seu sentido pode ser aplicado a mais de três dezenas de palavras em nossa língua. Comumente se traduz amorevolezza por: amabilidade, carinho, amor, cordialidade, todavia nenhuma delas chega a esgotar seu significado. Aqui além do termo no italiano, seguiremos a definição de Tarcísio Scaramussa que a define por amor educativo, expressão da caridade pastoral do educador que gasta toda a vida, até o último suspiro para cumprir sua missão. Esta postura de amabilidade do educador para com o educando, não é um simples gostar do jovem, um sentimentalismo superficial. A amorevolezza como afetividade surge da síntese: razão e religião. É simultaneamente animado pela caridade do pastor, do pai que quer bem o filho, ao mesmo tempo em que se apóia em motivos da razão: promover o jovem. Meus caros, eu os amo de todo o coração. Basta que vocês sejam jovens para que os ame profundamente. Encontrareis autores muito mais virtuosos e mais ilustrados do que eu, mas dificilmente podereis achar alguém que mais do que eu vos ame em Jesus Cristo e mais do que eu deseje a vossa verdadeira felicidade (BOSCO, 1940, p. 9). Razão é como capacidade de estar próximo fisicamente e afetivamente do jovem, fazendo-o amadurecer humanamente num espaço saudável. Isto supõe posturas claras, firmes, mas sem autoritarismo. Amorevolezza é familiaridade no trato com o jovem, é não só amá-lo, fazer com que ele perceba que é amado, que é querido (BOSCO, 2007, p. 183). A religião enquanto caridade pastoral, ou seja, o zelo do educador que deseja ver o jovem realizado nesta vida e na futura. Assim como Dom Bosco consagrouse a este trabalho, desejou que os seus salesianos fossem homens consagrados à educação dos jovens mais pobres e abandonados (SCARAMUSSA, 1993, p. 2-3). Amorevolezza é ainda a familiaridade de chamar o jovem pelo nome, personalizar a amizade com ele. Assim fez o Homem do sonho dos nove anos – me chamou pelo nome, assim fará Dom Bosco com os seus jovens durante toda a vida, causando em cada um daqueles que com ele entravam em contato a impressão de serem os únicos na consideração do mestre. O Tapiri 15
Amorevolezza é também assistência educativa. Estar próximo ao jovem como amigo e mestre. Orientá-lo no seu processo de conhecimento, partilhar suas dúvidas. O educador é pai carinhoso que fala com bondade, dá conselhos e corrige quando necessário. O Sistema Repressivo pode impedir uma desordem, mas dificilmente melhorará os culpados, se o educador lhe conquista o coração poderá amigavelmente levá-lo a refletir em qualquer circunstância sobre seus atos alcançando êxito. Para Dom Bosco o mais importante não é punir, é provocar mudança de atitude (BOSCO, 2004, p. 8). Hoje paramos por aqui. Até um próximo encontro!
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NO REMANSO DA AMAZÔNIA
Fonte: Antônio Veiga Neto Período de estudos de filosofia de forma remota e adaptação do serviço pastoral de forma digital, fizeram os 10 pós-noviços da Inspetoria São Domingos Sávio, atualmente em Campo Grande/MS, criarem o projeto “No Remanso da Amazônia”, que contempla três frentes: “Animação Vocacional”; - manifestação de diversos ministérios na região no mês de agosto com live e testemunhos; “Remanso da Amazônia”, - no mês de outubro com histórias e desafios missionários de ser igreja na região; “Cagliero 11 Amazônia”; - para a propagação das intenções mensais da congregação na inspetoria. Para o Ir. Raynery Augusto este meio é um evento que lhe anima em aproximar-se dos jovens do norte do Brasil, porque a animação juvenil da congregação deve estar presente em todos os ambientes. A particularidade da região é sempre uma novidade para mostrar ao mundo, o modo de como o carisma de Dom Bosco se manifesta nesta localidade e como a região ensina a igreja que está presente no mundo. Raynery falou em vídeo introduzindo o projeto Remanso da Amazônia sobre a saída do padre Bálzola do Mato Grosso para Manaus partindo para São Gabriel da Cachoeira, “pude aprender e me aventurar na história, me localizar no tempo de fé em que missionários deram a sua vida de trabalho a serviço da congregação”, disse o irmão. Walter Filipe sente que a turma respondeu ao objetivo do projeto a partir da presença salesiana junto aos destinatários, propondo através do próprio modo de ser missionário na Amazônia e de ter um retorno de satisfação por parte deles. A oração foi bem difundida tendo como base o convite à uma amizade mais profunda a pessoa O Tapiri 17
de Jesus Cristo. Walter ficou na organização da live vocacional e se sente feliz em saber que estes instrumentos onde os jovens estão são meios de evangelização, sempre difundindo a mensagem da alegria. O projeto em seu estilo jovial é valorizado pelas inspetorias do Brasil e às próprias plataformas da congregação como boletim salesiano (BS) e agência nacional salesiana (ANS). O canal do youtube dobrou o número de seguidores e a página no facebook passou a ter mais interações, o instagram com sua dinâmica de rapidez passou a ser bem mais visitada. A motivação primeira deste projeto foi um desafio da formação somado com o protagonismo dos formandos que hoje estão presentes no mundo digital de modo consciente, alegre e criativo.
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AS MARIAS: A FÉ DO POVO NA PANDEMIA
Fonte: Padre João Mendonça, sdb Profª. Danúzia Aranha A duas mãos, professora Danúzia e eu, escrevemos este artigo movidos pela fé e pelo cenário que contemplamos. A pandemia nos alcançou e “puxou os tapetes” de qualquer expectativa para a vida em 2020. Muitas coisas, especialmente, os planos feitos e as ideias sobre si mesmo foram alteradas. Expectativas quebradas, falta de contato humano, isolamento. O contato virtual, considerado tão pouco, passou a ser tudo o que tínhamos para o momento. Olhando para a morte, baixamos a cabeça e levamos a nossa impotência para conversar com a nossa fé. E ficamos apreensivos dentro de nós, muitas vezes nos perguntando se a nossa fé venceria esse diálogo e nos impulsionaria a dar passos firmes no caminho da esperança e da superação.
O Círio de Nazaré deste ano e a festa de Nossa Senhora Aparecida, momentos fortes de demonstração de fé e sempre de grandes celebrações e aglomerações, foi também repensado e adaptado. Devido à pandemia, a Igreja, sempre responsável e a favor da vida, preferiu organizar O Tapiri 19
de forma mais “íntima” as manifestações religiosas. Contudo, a grande nota foi a fé do povo. Diante do dragão, para usar a imagem do Apocalipse da festa da Aparecida, costumes foram quebrados por receio e cuidado, mas a fé do povo não quebrou! E sim, lutou bravamente. O povo de Deus carregou seus sonhos e esperanças, caminhou quilômetros com os pés no chão, cantou e rezou para chegar até os santuários marianos para, assim, poder reverenciar a casa da Mãe Querida, Nazaré e Aparecida. O Círio 2020 foi mais do que nunca o protagonismo do romeiro, do povo simples. A festa nos doou a sua essência: a força da busca do povo de Deus, desde as crianças até os mais idosos, pelo olhar da mãe. A corda do Círio foi a energia do caminhar do povo conectado, entrelaçado pela fé. Foi ela que marcou o passo, moveu e alimentou a esperança de chegar mesmo com mais um obstáculo no caminho: o vírus. Não foi necessário o show das varandas culturais, dos cantos líricos, dos artistas famosos, que chamam a atenção dos turistas curiosos quando passam, para fazer vibrar a fé. Nada disto. Apenas o compasso do silêncio, das orações, dos “vivas” e dos cânticos dos romeiros e romeiras, em caminhada determinada e cheia de amor para ir até a casa da mãe, para homenageá-la, agradecê-la e então, voltar renovado e fortalecido ao encontro das famílias para o almoço festivo do domingo. As imagens da virgem de Nazaré se multiplicaram no meio da multidão. As berlindas desta imagem foram, muitas vezes, os braços dos romeiros. Foi emocionante ver os grupos organizados caminhando e rezando. Os rostos exaustos e marcados pelo sofrimento em procissão. O Tapiri 20
A simplicidade do povo fiel deixou um questionamento para o nosso aparato celebrativo e muitas vezes glamouroso. Por outro lado, Aparecida proporcionou o encontro do romeiro com a mãe negra querida. O que une tanta força e tanto amor se não a obediência ao que Maria disse e continua dizendo aos discípulos missionários de hoje “Façam tudo o que ele disser” (Jo 2,5). O vinho bom, o vinho do banquete do casamento, da Aliança definitiva não faltou e não faltará. Vimos o traje da festa, ou seja, o manto da fé que cobre a vida sofrida do nosso povo vitimado pelo coronavírus, com tantas mortes neste nosso Pará e nosso Brasil. Certamente a Mãe comum, as Marias, não ficaram indiferentes diante das covas e de seus filhos e filhas enterrados sem o devido respeito e cuidado. A mãe nunca abandona o filho e filha que chora, por isso, o profeta Isaías nos diz que nossas lágrimas serão enxugadas e voltaremos a sorrir. Nestes momentos, é importante a sensibilidade pastoral. Nosso povo é afetuoso, romântico, aguerrido, vitorioso e respeitador. Mesmo encontrando as grades e portas da Basílica de Nazaré fechadas, o romeiro, o promesseiro viveu sua paixão. Ali mesmo se ajoelhou, cantou com a garganta sedenta de Deus e deixou seu voto, sua fita e marcou a sua presença na casa da mãe. Os limites do templo foram superados com a criatividade da fé, com o profetismo da fidelidade e perseverança nos valores que estão no coração e na profissão de fé de cada um. Em Aparecida, o Santuário que apresenta os biomas do Brasil - um verdadeiro mosaico ecológico, pequenos grupos foram organizados para entrar e reverenciar o nicho da mãe querida. Quantos sentimentos, lágrimas de alegria e verdadeira emoção brotaram dos olhos daqueles que com os pés doloridos caminharam pela fé. Depois de meses de isolamento, de não poder frequentar as celebrações, de não viver os sacramentos presencialmente e não pisar no chão sagrado do Santuário, aquele momento foi emocionante; assim como quando Moisés ouviu a voz que dizia “tira as sandálias porque este lugar é sagrado” (Ex 3,5). O Tapiri 21
Diante do sagrado, apenas o silêncio da contemplação e o júbilo da ação de graças porque “cada povo é o criador da sua cultura e o protagonista da sua história. Aqui ganha importância a piedade popular, verdadeira expressão da atividade missionária espontânea do povo de Deus. Trata-se de uma realidade em permanente desenvolvimento, cujo protagonista é o Espírito Santo” (EG, 122). E por falar em júbilo, tenho certeza que cada romeiro, tanto em Aparecida como diante da Basílica em Belém do Pará, voltaram para a casa com a alma lavada, com o coração em chamas e com a perseverança de voltar em 2021. O almoço do Círio, a mesa farta e preparada com carinho por tantas mães, tantas Marias, deram o tom que faltava para o júbilo total. Esperamos que tudo isto tenha deixado para nós uma lição pastoral. Círio é festa da fé do povo, como diz a canção, “o menino Deus chega para se lambuçar de açaí” e quer ficar no meio do povo. Aparecida é festa da mãe que providencia o peixe abundante e liberta seus filhos e filhas da escravidão e humilhaO Tapiri 22
ção do opressor. Cuidemos sempre para que não roubem do povo a ousadia profética da fé. Caminhar é a atitude permanente da Igreja. Às vezes ela cansa. Mas, o Espírito Santo não deixa que os filhos e filhas caiam no desânimo. A graça de Deus no alcança! E, como Maria, permaneçamos ao pé da cruz, acolhendo o sacrifício redentor. Ela, sempre nos estimulando com a frase lapidar “façam tudo o que ele disser” (Jo 2,5). É a Palavra feita carne e osso entre nós. A Igreja católica, neste mundo dilacerado por discórdia, está viva. Nesse sentido, recorda o Papa Francisco: “Somos todos irmãos e irmãs! Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças” (Fratelli Tutti,1; EG, 49). Igreja é este povo de fé que caminha abrindo novos horizontes com A Mãe: exemplo de perseverança e espera na vontade de Deus.
Padre João Mendonça, sdb
Profª. Danúzia Aranha
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SALESIANOS COOPERADORES: PLANO DE FORMAÇÃO UNIFICADO PARA OS NOVE CENTROS LOCAIS Fonte: Márcia Lima O Plano Provincial de Formação é um documento solicitado pela Associação dos Salesianos Cooperadores em âmbito mundial. A construção e formatação foi abraçada pela província de Manaus, e conduzida pela formadora Provincial, Tânia Jacó. Com engajamento dos formadores dos nove centros locais presentes nos três estados que compõe a Província de Manaus: Pará, Amazonas e Rondônia. Esse tipo de construção de um plano de formação com ampla abrangência e formatado pelos próprios Salesianos Cooperadores das diversas regiões e províncias, é inédita em 179 anos de existência da Associação. Durante quase dois séculos, a formação dos Salesianos Cooperadores passou por diversas transformações, do aprendizado direto nos oratórios, das práticas exercidas ao lado de Dom Bosco, dos textos carinhosos escritos a mão pelo fundador e disseminados pelo Boletim Salesiano, até a formatação onde vivenciam períodos de estudo, onde o aspirante a Salesiano Cooperador reflete sobre temas como fé e igreja católica, a prática e a vida de Dom Bosco e o sonho incansável de amar os jovens acima de tudo, repassados através de livros com pistas e roteiros de leituras que ajudam no amadurecimento do caminho formativo. No sábado, dia 31 de outubro de 2020, em reunião on-line, a formadora provincial e os formadores dos centros locais, da Província de Manaus, puderam dividir um pouco da experiência de planejar uma formação com características tão próprias da salesianidade e cultura local. O evento de lançamento do Plano Provincial de Formação foi acompanhado por Delegados das FMA’s e SDB’s, além da participação do Salesiano Cooperador encarregado pelo âmbito da formação, na região Brasil, Evânio Santinon. A Salesiana Cooperadora e formadora provincial, Tânia Jacó, aponta que a importância de um plano desses é construir a unidade entre os centros locais. O Tapiri 24
“O que mais buscamos é solidificar a unidade dos processos formativos, para o fortalecimento da nossa associação. É necessário romper com o isolamento – construir UNIDADE com os centros locais e com a província. Construir um novo modelo formativo que contemple os quatro âmbitos da formação (formação inicial, permanente, dos formadores e para a responsabilidade de animação e governo na associação); as três dimensões (humana, cristã e Salesiana), e os quatro pilares da experiência formativa (o saber, o saber fazer, o saber ser e o saber viver em comunhão), isso exige, em especial dos formadores, estudo, aprofundamento de conhecimentos específicos, que lhes possibilitem articular os referenciais e orientações do plano provincial de formação com as realidades locais”, explica a formadora Provincial.
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UM CÍRIO DIFERENTE
Fonte: L Antônio Stefani Neste ano, por conta da pandemia, não aconteceu o CÍRIO de Nossa Senhora de Nazaré em Belém. Não aconteceu? Como assim? Pois é, não aconteceram todas aquelas manifestações com milhares de pessoas, não aconteceu a grande procissão de dois milhões de peregrinos. Mas o Círio aconteceu, sim, porque o Círio é para os paraenses um estado de espírito por tudo o que desperta nas pessoas: da atmosfera modificada da cidade à alegria incontida nos lares, porque, afinal, é um momento singular, está encrustado no DNA dos paraenses. Mesmo não contando com o público, uma intensa programação foi montada e executada pela diretoria da festa: A bênção da corda, a descida da imagem, a missa da transladação e a missa do Círio no segundo domingo de outubro, vários bispos foram convidados para celebrar todos os dias, e tudo sendo trans-
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mitido pela TV. O símbolo mais importante, a corda, foi dividida em 95 pedaços e distribuídos às 95 paróquias da Diocese. Cinco metros desta corda abençoada foram entregue na Igreja do Carmo na cidade Velha e com ela as crianças do colégio salesiano fizeram o seu mini-Círio na escola com o Pe. Gennaro à frente. A imagem peregrina percorreu o estado todo: escolas, repartições públicas, hospitais, paróquias, sobrevoou a cidade de Belém de helicóptero levando a bênção da Mãe querida. Enfim tudo foi modificado adaptando-se, por causa da pandemia, para que todos os devotos pudessem se sentirem tocados e abençoados. E também os Salesianos foram à casa da Mãe Maria na sua basílica no dia 20 de outubro para lhe render sua homenagem de filhos queridos. Todos os Salesianos e Filhas de Maria Auxiliadora, da área estavam presentes com seus alunos. O grupo das Ex-Alunas deu um show de presença, VDB, CCSS, ADS, todos presentes para honrar nossa Mãe Maria. Muito bonita a participação especialmente dos alunos da EST, a turma mais numerosa. Só foi o Pe. Sadeck lançar o convite à dezena de grupos do seu celular e a resposta veio pronta e entusiasta. Todos os colaboradores da EST estavam presentes, assim como os professores e funcionários do Carmo. Dom Antônio Assis Ribeiro, sdb, Bispo auxiliar, presidiu a celebração com os salesianos padres. Os salesianos irmãos, Dernival e Antônio, celebraram também junto ao povo. Foi muito bonita e emocionante ver a presença dos nossos alunos que responderam de maneira maravilhosa ao convite. De fato, desde março, eles estão afastados da nossa obra devido à pandemia, mas este afastamento físico não causou o afastamento afetivo. Eles mostraram com sua presença que acreditam na gente e no nosso método educativo que tem em Maria um de seus pilares. Parabéns a todos eles. Um CÍRIO diferente, mas sempre O CÍRIO. VIVA NOSSA SENHORA DE NAZARÉ!!!!
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VOCACIONADO, EU? Meu nome é Wilton Abrahim Gomes Garcez, tenho 23 anos, nascido em Manaus. Sempre morei no Bairro de São Francisco, na casa da minha mãe adotiva Raimunda Luciete Brasil e suas filhas que são minhas irmãs, além da minha avozinha, a quem devo toda minha vida cristã católica. Minha mãe biológica mora no Bairro de Petrópolis e meu pai conheci a pouco tempo atrás. Sempre participei da Paróquia São Francisco de Assis, por ficar perto de casa. Ai fiz a Primeira comunhão, fui coroinha, fiz a crisma e continuei fazendo parte da equipe de liturgia, entre outras funções possíveis de serem participadas. Minha mãe me orientou a participar da Igreja, assim fui crescendo com esse vínculo forte. No início foi um pouco difícil, mas com o tempo assimilei as responsabilidades cada vez mais, na verdade passei a gostar e me sentir bem participando das atividades pastorais na comunidade. Meu primeiro contado com os Salesianos foi com o saudoso Pe. Cânio, depois conheci o Pe. Marcelo e o jovem Wellington. Recentemente conheci o Pe. Ivanildo e Pe. Felipe. Foi com eles que participei dos encontros vocacionais. Eles me indicaram livros de Dom Bosco para leitura, além disso fiz pesquisas na internet sobre a vida dele, sua história e missão com os jovens e fui me identificando cada vez mais. Em junho de 2020 me formei em Licenciatura plena em História, pela Universidade Federal do Amazonas. Minha família sempre me dá incentivo para continuar na carreira acadêmica. O apoio familiar é importante em qualquer caminho que eu escolher. Enfim, neste mês de setembro, após 4 anos de acompanhamento vocacional, compartilho minha história de vida com vocês, na esperança de ajudar no discernimento vocacional de algum jovem que já sentiu o desejo de ser religioso. Vou iniciar nesta semana a etapa do Voluntariado Vocacional, onde o jovem que já terminou seus estudos é enviado para uma casa salesiana para viver e conhecer bem de perto a missão de Dom Bosco e lá iniciar uma experiência de encontro com Deus, atrás do carisma salesiano. Eu estarei fazendo está experiência do voluntariado na cidade de Manicoré/AM, nas margens do Rio Madeira. Deixo minha família, mãe e avó com o coração apertado e cheio de saudades, ao mesmo tempo agradeço a Deus Pai por tudo o que sou, tudo devo a Divina Providência e a minha família. O Senhor sempre nos chama, para trabalhar na Sua messe. O Senhor nos ajudará e Maria, Auxilio dos cristãos, ficará ao nosso lado. O Tapiri 28
VOCACIONADO, EU? Cara Família Salesiana e amada juventude de Dom Bosco, me chamo Wellington Batista de Abreu, tenho 28 anos, nasci na cidade de Presidente Médici no estado de Rondônia e venho da Paróquia Salesiana São José da cidade de Ji-Paraná. Estou na formação salesiana a 10 anos, tenho 7 anos de profissão religiosa e no último mês de agosto professei perpetuamente assumindo a vida salesiana para sempre. Atualmente sou estudante de teologia na Universidade Pontifícia Salesiana em Roma. Eu nasci em um recanto muito feliz, bem distante da povoação, foi ali que vivi 16 anos, com o papai, mamãe e os irmãos. Nossa casa não era pequena, circundada de pastos, agricultura e animais. No quintal tinha um forno de lenha e um pomar onde aves cantavam, os vizinhos eram todos parentes e o trabalho nunca faltava. Todos os dias me levantava junto com o cantar do galo, as 4h da manhã, para “ganha o pão”. As vaquinhas já estavam mugindo esperando que viéssemos tirar o leite antes da alvorada surgir. Eu vim de lá desse interior, “a onde a religião ainda é importante, lá se alguém passa em frente da igreja, se benze e pensa em Deus e não sente vergonha de ter fé”. Ali cresci em uma pequena capela, comunidade de Nossa Senhora da Glória, simples mas muito viva. Desde pequeno andávamos ao culto nos dias de preceito e em todas as iniciativas da paróquia e das comunidades vizinhas. Para meus pais os eventos e atividades religiosas foram sempre prioridade. Os dois são grandes testemunhas de vida em comunidade e serviço aos demais. Papai atualmente é Ministro da Palavra e Ministro Extraordinário da Comunhão e mamãe sempre coordenou a comunidade e atualmente é catequista e do grupo de canto. Ainda me lembro dos grupos de reflexão da Palavra de Deus, das Romarias, dos encontros de catequistas, das Santas Missões Populares, dos terços nas casas e das lindas festas dos padroeiros. O padre vinha muito pouco, até os meus 12 anos uma vez em cada seis meses. Porém, fomos sempre muito unidos e perseverantes, guardo vivo na memória quando vinha o pároco ou um outro salesiano e ficava admirado com o fervor daquela pequena comunidade que sobrevivia da Palavra e da comunhão entre os irmãos e irmãs. É vivo em mim o testemunho de alguns salesianos como o Padre Moisés Marques, Padre Romano Klinkolsvik, Padre José Sagues, Padre Alberto Rypel, Padre Edmundo O Tapiri 29
Schutz, Padre José Raimundo, Padre Miguelito, Padre Augusto Bartoli, Padre Atílio Bellandi e do Padre Victor Lobos que muitas vezes, a pé, visitavam as famílias e as diversas comunidades. Sempre alegres e atenciosos com as crianças, com os jovens e anciões. Aquilo nos fazia sentir-se amados e cuidados pelos pastores e me abria o horizonte da vida sacerdotal. Sempre sonhei em ser veterinário, amo o trabalho com os animais e andar a cavalo, mas a vida e o bom Deus nos fazem surpresas que não esperamos. Nunca pensei em ser sacerdote. Juntamente com meus pais vivi e cresci em uma experiência forte de serviço a Igreja. Em 2008 ocorreu meu primeiro chamado, no dia 13 de setembro, meu aniversário, me chamou pra conversar um ministro da Eucaristia dizendo que sempre me viu sacerdote, confesso que ri e não levei a sério. No dia 21 do mesmo ano recebi um convite para o seminário diocesano de um padre da Diocese. No mês de novembro me convidaram os Irmãos Maristas e os Padres Verbitas. Mas foi no dia 13 de dezembro que vivi uma experiência forte do chamado. Estava na missa na comunidade de Santa Luzia e foi no momento do abraço da paz que o Padre José Sagues me abraçou e ao invés de me dar a paz de Cristo me perguntou se eu não gostaria de ser salesiano. Aquilo veio como um empurrão e fiquei sem respostas. Sentei, fiz a comunhão e tomei coragem de no fim da missa fui esclarecer um pouco das dúvidas que surgiram em mim. Ele foi muito feliz nas palavras e me mandou falar com o pároco Padre Alberto Rypel. Aquela angustia ficou somente comigo e um amigo vizinho, não partilhei com mais ninguém. De dezembro a abril de 2009 meditava e rezava sozinho pedindo ao bom Deus a coragem de me abrir com o pároco e, foi quando surgiu a oportunidade e pedi a ele essa ajuda. O mesmo muito atencioso me encaminhou para Porto velho no mês de julho e foi ali que conheci três salesianos marcantes na minha caminhada: P Zema, P Jefferon e P Alexandre que naquele fim de semana me deram uma ideia de salesiano e de sacerdote fantástica. Experiência fundamental para o meu discernimento. Uma outra coisa que me marcou foi o cuidado e a atenção do Padre Rypel comigo depois que partilhei aquela desejo. O padre que vinha em minha comunidade uma vez a cada seis meses, passou a vir quase todo mês na nossa casa e no final do ano de 2009 quase toda semana. Partilha, incentivo, confissão e credibilidade, foram os elementos que me deram segurança para dizer sim no último encontro vocacional do ano no mês de novembro quando Padre JefO Tapiri 30
ferson me perguntou se queria começar o aspirantado em janeiro de 2010. Confesso que deixar a família não foi nada fácil, sempre fui muito ligado aos meus pais, não havia ficado mais de dois dias fora de casa e ver minha mãe e meu pai chorando por mim foi muito difícil. Mas Deus e Dom Bosco já estavam agindo em todos os nossos corações e nos fizeram mesmo com a dor da distância e da saudade aceitar como família a vontade do Senhor em nossas vidas. Hoje mesmo estando tão longe posso dizer que somos muitos mais em comunhão. Foi assim que no dia 10 de janeiro de 2010 entrei no aspirantado de Ananindeua com mais oito maravilhosos irmãos e amigos de caminhada. Aquele ano foi fantástico e posso dizer que crucial para ficar com Dom Bosco. Neste sentido devo muito o Padre Francisco Sadeck que com seu jeito particular me fez crescer. Em 2011 fiz meu pré-noviciado em Manaus no CESAF-Zumbi e em 2012 o noviciado em Indápolis-MT. Agradeço meu amigo e guia espiritual P José Benedito (Benezão), meu diretor Padre Sucarrats e meu Mestre P Augusto Kian. Todos muito simples, mas ricos de espiritualidade, salesianidade e humanidade no acompanhamento pessoal. Meu pós-noviciado fiz no CESAF-Zumbi (2013-2015). Um ano e meio na Faculdade Salesiana Dom Bosco – Centro e a outra metade já nas novas instalações da Zona Leste. Neste tempo vivi diversas experiências pastorais na Zona Leste, na Pastoral Universitária e também como inspetoria, foi um tempo de grande graça e vivência pratica da vida salesiana e a fraternidade com os irmãos. Recordo com muito carinho cada companheiro de caminhada e dos meus amigos e formadores: P Sinval Marques, P Reginaldo Cordeio e do Irmão José Gulli. Em 2016 realizei o meu primeiro ano de tirocínio no CESAF como assistente dos aspirantes e pré-noviços e em 2017 fui destinado ao noviciado de Barbacena como assistente dos noviços. Em 2018 terminando a experiência do tirocínio a inspetoria me destinou para o estudantado de Teologia Gerini da Pontifícia Universidade Salesiana em Roma e atualmente continuo meus estudos na mesma. Agradeço a Deus por me fazer conhecer Dom Bosco e os salesianos, agradeço por ser salesiano e viver todas essas maravilhosas experiências, sou grato a ISMA pela fantástica acolhida, fraternidade e por todas as oportunidades oferecidas. Agradeço ao bom Deus por meus pais que me apoiaram e me apoiam em todas as decisões para ser feliz e agradeço por cada jovem e por cada pessoa que o Senhor me concedeu conhecer e me realizam como consagrado salesiano, fazendo-me muito feliz por escolher seguir Jesus de Nazaré com o jeito de Dom Bosco.
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ACONTECEU DICASTÉRIO DA PASTORAL JUVENIL REÚNE DELEGADOS
Aconteceu do dia 24 a 27/10 o encontro Regional América Cone Sul com os delegados para a Pastoral Juvenil. O encontro foi coordenado pelo Dicastério, através Conselheiro geral, Padre Miguel Angel García Morcuende. Foram quatro dias de estudo e reflexão, referente aos desafios pastorais apresentados por cada delegado nas visitas individuais com o Conselheiro Geral. A inspetoria São domingos Sávio foi representada pelo Padre José Ivanildo.
INSPETORES DA AMERICA CONE SUL PARTICIPAM DE ENCONTRO VIRTUAL De 26 a 28 de outubro, os 11 inspetores salesianos da região América Cone Sul Argentina e Brasil: Belo Horizonte, Campo Grande, Manaus, Porto Alegre, Recife e São Paulo se encontraram, virtualmente, para a reunião anual do grupo. Os inspetores foram acompanhados pelo conselheiro da região, padre Gabriel Romero. O encontro teve como objetivo partilhar as experiências de animação e governo dos inspetores, assim como a atualização de temas relacionados com a Comunicação, Formação, Pastoral Juvenil e Vocacional e Missões. Ao longo da reunião, o grupo se dedicou a uma pauta intensa de trabalhos, da qual se destaca a organização da região, sobretudo no que diz respeito à formação salesiana e ao calendário de atividades do sexênio 2020-2026. O Tapiri 32
Também participaram da reunião os padres Gildásio Mendes dos Santos, do Dicastério da Comunicação, Miguel Ángel Garcia, do Dicastério da Pastoral Juvenil, Alfred Maravilla, do Dicastério das Missões, e Ivo Coelho, do Dicastério da Formação. Além do Reitor-mor, padre Ángel Fernández, que dirigiu fraternas e esperançosas palavras às inspetorias da região.
CURATORIUM NA TEOLOGIA
O encontro do Curatoriun aconteceu no dia 23 de outubro no Instituto Teológico Pio XI na Lapa, em São Paulo. O momento contou com a participação presencial de cinco inspetores, além da participação virtual do Conselheiro Regional da América Cone Sul, Padre Gabriel Romero, do Inspetor de Recife Padre Luiz Pessinatti, da equipe formadora e os formandos. Os inspetores se reuniram com a comunidade para apontar os elementos que devem manter e acenaram pontos a crescer. Foi uma oportunidade rica de avaliação e fraternidade, os inspetores apreciaram a lista de observações elaborada pelos estudantes de teologia e da equipe formadora que reside no Instituto Teológico. O Tapiri 33
NOTÍCIAS DO PRÓ-MENOR FIRMA PARCERIA COM YAMAHA: O Pró-Menor Dom Bosco recebeu, no dia 14 de outubro, representantes da empresa YAMAHA para conhecer as novas instalações do Pró Menor Dom Bosco, onde está desde o início do ano na Zona Leste de Manaus. A equipe do Pró-Menor Dom Bosco, junto com o padre Felipe Bauzière apresentaram ao Gerente executivo, Anderson Chaves e sua equipe, as novas instalações da sede para consolidação de uma parceria com Programas de aprendizagem no curso Mecânica de motocicleta que já dura mais de 12 anos. Com a inclusão e capacitação de adolescentes e jovens, oriundos de famílias em vulnerabilidade social. Essa parceria já rendeu à YAMAHA premiações nacionais e internacionais por acreditar e capacitar jovens que se tornaram grandes profissionais e por abrir portas para o mercado de trabalho. INSCRIÇÕES DE INDÍGENAS VENEZUELANOS: No dia 14 de outubro de 2020, foi realizado o processo de inscrição de 36 adolescentes e jovens indígenas Venezuelanos da etnia Warao, para inclusão dos mesmos nos projetos sociais do PRÓ- MENOR DOM BOSCO em parceria com a CARITAS. O objetivo é capacitá-los com inclusão digital, reforço de aprendizagem da língua portuguesa e prepara-los para o mercado de trabalho. O Tapiri 34
CURATORIUM CAMPO GRANDE
Entre os dias 18 e 21 de outubro, o secretário inspetorial, Pe. José Ivanildo, visitou o Curatorium do Pós-Noviciado Salesiano, no Instituto São Vicente, em Campo Grande/ MS, onde atualmente 10 jovens da Inspetoria São Domingos Sávio realizam o processo de estudo filosófico. Eles se juntam a um total de 31 jovens das Inspetoria São Luiz Gonzaga (Recife), Inspetoria São Domingos Sávio (Manaus), Inspetoria São João Bosco (Belo Horizonte) e a Inspetoria Santo Afonso Maria de Ligório (Campo Grande).
APRESENTAÇÃO DA LOGO DA JMJ 2023 Foi apresentado no dia 16 de outubro o logotipo da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023. Nesse mesmo dia se comemora a eleição papal de São João Paulo II, fundador deste encontro internacional de jovens que tem marcado gerações em todo o mundo. O novo logotipo da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) foi inspirado pelo tema escolhido pelo Papa Francisco para a edição da JMJ, que terá lugar em Lisboa («Maria levantou-se e partiu apressadamente», Lc 1, 39) e pelos traços da cultura e religiosidade portuguesas. A autora é Beatriz Roque Antunes, jovem designer portuguesa de 24 anos. Estudou Design em Londres e atualmente trabalha numa agência de comunicação, em Lisboa. O Tapiri 35
CONSELHO INSPETORIAL DE OUTUBRO
No período de 08 a 09 de outubro aconteceu, a reunião do Conselho Inspetorial de forma presencial. A reunião contou com a participação do novo Vice-Inspetor, padre Felipe Bauzière e o novo Ecônomo, padre Franciclei Martins. Devido ao momento de Pandemia, as reuniões aconteciam por vídeo conferência. Na ocasião, houve a reinauguração da biblioteca inspetorial Dom Miguel D’Aversa, com a presença dos conselheiros, da comunidade local e do Pré Noviciado. A biblioteca foi reformada e modernizada, é direcionada especialmente aos salesianos e formandos para pesquisas e estudos. A reforma teve a ajuda financeira do Reitor Mor padre Angél Fernandez Artimes.
RETIRO PRÉ-NOVIÇOS No período de 01 a 05 de outubro os Pré-noviços da Inspetoria São Domingos Sávio-Manaus-AM realizaram o retiro anual na casa de encontro Crostarosa, que fica localizado na AM 010. O retiro teve como tema: A vocação de Natanael e o Jovem Rico, que consiste no aprofundamento de seu chamado vocacional: “Deus chama, e cada um de nós precisa responder”. O retiro iniciou com a Celebração Eucarística, motivados e animados pela memória de Santa Terezinha, patrona das missões, e em seguida o pregador Padre Sedney Manja, da inspetoria São João Bosco de Belo Horizonte, ressaltou a importância de manter uma relação saudável entre o discípulo e o mestre, ilustrada no filme: O Karatê Kid – Hora da Verdade, no qual é relatada a importância de deixar-se aprender pela voz da experiência do mestre (Jesus) e da mestra (Maria). O Tapiri 36
INAUGURAÇÃO CASA MUSEU EM TURIM O Capítulo Geral 27 havia solicitado ao Reitor-Mor e seu Conselho que assumissem os Lugares salesianos e fizessem deles algo especial para o mundo salesiano. Aquela solicitação deu origem a uma nova realidade: ao ‘Museu Casa Dom Bosco’, inaugurado solenemente, com três dias de eventos, em Torino-Valdocco, no fim da semana passada.
LANÇAMENTO PÔSTER ESTREIA 2021
“Movidos pela esperança: "Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21,5) é o tema que o Reitor-Mor, padre Ángel Fernández Artime, escolheu para a mensagem de sua Estreia para 2021. Como todos os anos, sua mensagem vem acompanhada por um pôster que traduz graficamente as intuições e orientações que o ‘pai e centro de Unidade da Família Salesiana’ deseja oferecer a todos os seguidores de Dom Bosco. Entre os vários projetos propostos, o escolhido foi o do ilustrador argentino Gustavo Daguerre, 41 anos e uma vida passada nos ambientes salesianos, o qual atualmente trabalha como coordenador pastoral de um instituto das Filhas de Maria Auxiliadora e, no passado, já ilustrou as páginas do Boletim Salesiano do seu país. O Tapiri 37
FORMAÇÃO DE COMUNICAÇÃO
No dia 25/09, aconteceu na comunidade São João Bosco-Zumbi (Manaus), a formação em comunicação com a comunidade do Pré-noviciado, abordando o tema: linguagem jornalística, com a presença do Delegado para a Comunicação o Sr. José Luis (Zeca). A formação é uma oportunidade para se ter uma base de aprendizagem com dicas e técnicas no campo da comunicação. O pré-noviço Edvaldo Campos, falou um pouco da experiência de participar da oficina: aprender as técnicas de como criar uma notícia para que ela seja atraente para o público é muito legal, praticar em sala de aula com os irmãos criando a notícia, foi importante e facilita muito na escrita. Serão cinco encontros todas as sextas feiras, no formato de oficina, trabalhando temas como: notícia, fotografia, vídeo e formatação de texto para impressão de folhetos e livrinhos.
ENCONTRO DE ATUALIZAÇÃO TEOLÓGICA De 22 à 24 de setembro, ocorreu o encontro de atualização teológica para o clero na cidade de Ananindeua no Pará. Participaram as duas Regiões Episcopais: Região Menino Deus e Nossa Senhora do Ó, sob a direção dos dois vigários episcopais, padre Ederaldo Silveira e padre Hélio Fronczak. A paróquia N.S das Graças contou com a participação do padre Josué Nascimento (Pároco), padre Daniel Cunha (Vigário) e os diáconos paroquiais, Octávio Quaresma e Flamaiano Magno. Nos dois primeiros dias o tema abordado foi sobre o Novo Diretório de Catequese que contou com a partilha do padre Evandro Rosendo (Providentino) no que tange a catequese hoje nesta inspiração catecumenal que propõe a Igreja. Encerrando o encontro, no último dia, padre Josué Nascimento, abordou o tema, a evangelização no contexto de pandemia, onde destacou os vários problemas que também assolam a vida eclesial, como o suicídio, solidão, entre outras preocupações. O Tapiri 38
ANIMAÇÃO BÍBLICO-CATEQUÉTICA No mês de setembro, dedicado à Bíblia, a paróquia São José Operário, situada na Zona Leste de Manaus realizou a gincana bíblica virtual com os catequistas e catequizandos, o objetivo foi gerar consciência de que para anunciar Jesus é preciso conhecê-lo, ter intimidade e fazer a experiência pessoal com Ele, a partir de sua Palavra. Graças ao engajamento dos catequistas e as redes sociais, a gincana não ficou somente na paróquia, alcançou espaços e pessoas próprias dessa realidade, além da participação presencial de crianças e adolescentes com encenações bíblicas, atraindo e envolvendo seus familiares.
REUNIÃO DA COMISSÃO FORMADORA DA REGIÃO CONE SUL AMÉRICA Roma, RMG - setembro de 2020 - Realiza-se de 14 a 18 de setembro o encontro virtual da Comissão para a Formação da Região Cone Sul América, que reúne os Delegados Inspetoriais para a Formação de 11 Inspetorias salesianas da região, e é presidido pelo pe. Ivo Coelho, Conselheiro Geral para a Formação, coadjuvado pelo P. Francisco Santos, do mesmo dicastério, e pelo padre Gabriel Romero, Conselheiro para a Região Cone Sul América. nos próximos seis anos, sugestões de revisão da Razão e dos Critérios e Normas de admissão. Foram apresentadas estatísticas sobre a formação 2020 e a importância da formação de formadores. Foi traçado o Plano Regional de Formação para o próximo sexênio e as Inspetorias compartilharam as estratégias que estão desenvol-
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vendo para a difusão de materiais sobre o Diretor Salesiano e o Acompanhamento Pessoal Salesiano. O último dia é dedicado à informação sobre as etapas da formação que se compartilham entre as Inspetorias, sobre o Dicastério para a Formação e, sobretudo, sobre a organização do calendário semestral.
NOMEAÇÃO DE ECÔNOMO E VIGARIO INSPETORIAL O Reitor-Mor dos Salesianos nomeou para o triênio (2021-2023), o Padre Felipe Bauzière para Vigário Inspetorial e Padre Franciclei Martins Borges para Ecônomo Inspetorial.
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