RA LEITORES DE 4 A 14 AN A P B A I OS GUIA
Clรกssicos da Literatura Universal Clรกssicos Brasileiros
RIO Á M U S
GUIA IAB PARA LEITORES DE 4 A 14 ANOS I. Clássicos da Literatura Universal ...................................... 03 II. Clássicos Brasileiros ........................................................ 08 III. Por que um Guia de Clássicos?
João Batista Araujo e Oliveira .....
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I. Clássicos da Literatura Universal
3 FAIXA ETÁRIA
AUTOR
TÍTULO
4a6 Pré
Alexandre Dumas
• Os três mosqueteiros (adaptação Telma de Castro Andrade, Scipione) • Os três mosqueteiros (adaptação Ana Maria Machado, Global)
6 a 10
10 a 14
Séries Iniciais
Séries Finais
• Histórias das mil e uma noites (Ruth Rocha, Salamandra) • As mil e uma noites (Ferreira Gullar, Ed. Revan) • As mil e uma noites (Julieta de Godoy Ladeira, Scipione)
As mil e uma noites
• As mais belas histórias das mil e uma noites (tradução Alexandre Flory, Cosac Naify) • Contos e lendas das mil e uma noites (tradução Rosa Freire d'Aguiar, Cia. das Letras)
• Alibabá e os quarentas ladrões (Monteiro Lobato, IBEP Nacional) • Simbá: uma história das mil e uma noites (Ana Maria Machado, Ed. Projeto Poa)
C. S. Lewis
• As crônicas de Nárnia (tradução Paulo Mendes Campos/Silêda Steuernagel, Ed. Martins Fontes) • Pinóquio (adaptação Tatiana Belinky, Martins Editora) • Pinóquio (adaptação Cecília Casas, Scipione) • Pinóquio (adaptação Rodrigo Pontes Torres, Paulus Editora)
Carlo Collodi
• Pinóquio (tradução Monteiro Lobato, IBEP Nacional) • As aventuras de Pinóquio (tradução Marina Colasanti, Cia. das Letrinhas)
• As aventuras de Pinóquio (tradução Ivo Barroso/posfácio Italo Calvino, Cosac Naify)
Charles Perrault
• • • • •
Contos Contos Contos Contos Contos
de de de de de
fadas (apresentação Ana Maria Machado, Zahar) Perrault (Ruth Rocha, Salamandra) fadas – Perrault (tradução Monteiro Lobato, IBEP Nacional) Perrault (tradução Regina Regis Junqueira, Villa Rica) Perrault (tradução Fernanda Lopes de Almeida, Ática)
I. Clássicos da Literatura Universal
4 FAIXA ETÁRIA
AUTOR Charles Perrault
TÍTULO • Contos e Fábulas (tradução Mario Laranjeira, Iluminuras) • Contos de Perrault (Paulus Editora)
6 a 10
10 a 14
Pré
Séries Iniciais
Séries Finais
4a6
• Robinson Crusoe (adaptação Laura Bacellar, Scipione)
Daniel Defoe
• Robinson Crusoe (adaptação Monteiro Lobato, Brasiliense) • Robinson Crusoe (Marcia Kupstas, FTD)
• Fábulas de Esopo (Ruth Rocha, Salamandra) • Esopo – fábulas Completas (tradução Neide Smolka, Moderna)
Esopo
• Fábulas de Esopo (tradução Heloisa Jahn, Cia. das Letrinhas) • Fábulas de Esopo (tradução Lucia Tulchinski, Scipione)
• Fábulas de Esopo (adaptação Fulvio Testa, Martins Fontes) • Fábulas de Esopo (Editora Loyola) • Contos de fadas (apresentação Ana Maria Machado, Zahar) • Contos de Hans Christian Andersen (tradução Silva Duarte, Paulinas)
Hans Christian Andersen
• Hans Christian Andersen – Edição Comemorativa 200 anos (Melhoramentos) • Histórias Maravilhosas de Andersen (tradução Heloisa Jahn, Cia. das Letrinhas) • Histórias e Contos de Fadas – obra Completa (tradução Eugenio Amado, Villa Rica) • Os mais belos contos de Andersen (tradução Marcos Maffei, Salamandra) • Contos de Andersen (tradução Mary França, Ática) • Moby Dicky (adaptação Leonardo Chianca, Ed. Scipione)
Herman Melville
• Moby Dicky (tradução Carlos Heitor Cony, Ediouro)
I. Clássicos da Literatura Universal
5 FAIXA ETÁRIA
AUTOR
TÍTULO
6 a 10
10 a 14
Séries Iniciais
Séries Finais
• Viagens de Gulliver (adaptação Lucia Tulchinski, Scipione)
• Platero e Eu (Tradução de Monica Stahel, Martins Fontes)
4a6 Pré
Jonathan Swift Juan Ramón Jiménez
• Viagens de Gulliver (adaptação Ana Maria Machado, Ática)
• A ilha misteriosa (adaptação Clarice Lispector, Rocco) • Viagem ao centro da Terra (adaptação Lucia Tulchinski, Scipione) • 20.000 Léguas Submarinas (adaptação Elisabeth Teixeira, Scipione) • 20.000 Léguas Submarinas (Tradução Hildegard Feist, Cia. das Letrinhas) • A volta ao mundo em 80 dias (adaptação Cecília Casas, Scipione)
Julio Verne
• A ilha misteriosa (tradução Carlos Heitor Cony, Ediouro) • Viagem ao centro da Terra (tradução Carlos Heitor Cony, Ediouro) • Viagem ao centro da Terra (tradução Walcyr Carrasco, FTD)
• 20.000 Léguas Submarinas (tradução Walcyr Carrasco, FTD) • 20.000 Léguas Submarinas (tradução Paulo Mendes Campos, Ediouro) • A volta ao mundo em 80 dias (tradução Paulo Mendes Campos, Ediouro) • A volta ao mundo em 80 dias (tradução Walcyr Carrasco, FTD) • O mágico de Oz (adaptação Tatiana Belink, Paulinas)
L. Frank Baum
• O mágico de Oz (adaptação Lucia Tulchinski, Scipione) • O mágico de Oz (Tradução William Lagos, L&PM Editores)
• O mágico de Oz (tradução Paulo Mendes Campos, Ediouro) • Alice no país das maravilhas (adaptação de Ruy Castro, Cia. das Letrinhas)
Lewis Caroll
• Alice no país das maravilhas (adaptação Elisabeth Teixeira, Scipione) • Alice no país das maravilhas (adaptação Robert Sabuda, Publifolha)
I. Clássicos da Literatura Universal
6 FAIXA ETÁRIA
AUTOR
TÍTULO
6 a 10
10 a 14
Séries Iniciais
Séries Finais
• Meus contos africanos (Tradução Luciana Garcia, Martins Editora)
• A ilha do tesouro (adaptação João Anzanello Carrascoza, Scipione)
4a6 Pré
(continuação)
Lewis Caroll
• Alice no país das maravilhas (tradução Monteiro Lobato, IBEP Nacional) • Alice no país das maravilhas (tradução Ana Maria Machado, Ed. Ática) • Alice no país das maravilhas (tradução Nicolau Sevcenko, Cosac Naify) • Alice – edição comentada (ilustrações originais John Tenniel, Zahar)
Mark Twain Maurice Druon
• As aventuras de Tom Sawyer (adaptação Ana Maria Machado, Scipione) • As aventuras de Tom Sawyer (tradução Carlos Heitor Cony, Ediouro) • O menino do dedo verde (Tradução Marcos Barbosa, Ed. José Olympio) • Era uma vez Dom Quixote (adaptação Marina Colasanti, Global)
Miguel de Cervantes
• Dom Quixote das crianças (Monteiro Lobato, Brasiliense) • Dom Quixote de La Mancha (adaptação Ferreira Gullar, Ed. Revan) • Dom Quixote (adaptação Clarissa Ballario, Scipione)
Nelson Mandela (organizador)
Robert Louis Stevenson
• A ilha do tesouro (adaptação Roser Capdevila, Scipione) • Robin Hood (adaptação Telma Guimaraes de Castro Andrade, Scipione) • Robin Hood (adaptação Roser Capdevila, Scipione)
Robin Hood
(tradição oral)
• Robin Hood (tradução Tatiana Belink, Amarilys) • Robin Hood (tradução Joel Rufino dos Santos, Scipione) • Robin Hood (tradução Hildegard Feist, Cia. Das Letrinhas)
I. Clássicos da Literatura Universal
7 FAIXA ETÁRIA
AUTOR
TÍTULO
4a6 Pré
6 a 10
10 a 14
Séries Iniciais
Séries Finais
• Mowgli, o menino lobo (Monteiro Lobato, Ed. IBEP Nacional)
Rudyard Kipling
• O livro da selva – Histórias de Mogli (adaptação João Anzanello Carrascoza, Scipione) • Kim (Monteiro Lobato, Ed. IBEP Nacional) • Rikki-Tikki-Tavi (Tradução Tatiana Belinky, Editora 34)
Saint-Exupéry
Thomas Malory Wilhem Busch
• O pequeno príncipe (Tradução de D. Marcos Barbosa, Editora Agir)
• Rei Arthur e os cavaleiros da Távola Redonda (adaptação Laura Bacellar, Scipione) • Rei Arthur e os cavaleiros da Távola Redonda (adaptação Ana Maria Machado, Scipione) • Juca e Chico (Tradução Olavo Bilac, Ed. Melhoramentos)
• Sr. William Shakespeare [Romeu e Julieta, Hamlet, Macbeth, Conto do Inverno, A Tempestade, Júlio César e Sonho de uma Noite de Verão] (Ática)
William Shakespeare
• Bravo, Sr. William Shakespeare [Como Gostais, Antônio e Cleópatra, Ricardo III, Noite de Reis, Rei Lear, O Mercador de Veneza e Muito Barulho por Nada] (Ática) • Sonho de uma noite de verão (adaptação Ana Maria Machado, Scipione) • Sonho de uma noite de verão (adaptação Edy Lima, Ed. IBEP Nacional) • Romeu e Julieta (Adaptação Heloisa Jahn, Cia. das Letrinhas) • Romeu e Julieta (adaptação Renata Pallottini, Scipione) • Romeu e Julieta (Ed. IBEP Nacional)
II. Clássicos Brasileiros AUTOR
TÍTULO
8 FAIXA ETÁRIA 6 a 10
10 a 14
Pré
Séries Iniciais
Séries Finais
4a6
• A bonequinha preta • O bonequinho doce
Alaíde Lisboa
• Cirandinha • Era uma vez um abacateiro • Histórias que ouvi contar
Alberto da Costa e Silva
• Lendas do índio brasileiro
• Coleção Mico Maneco • Menina bonita do laço de fita • História meio ao contrário • Alguns medos e seus segredos
Ana Maria Machado
• O gato do mato e o cachorro do morro
• Histórias à Brasileira • Bento que Bento é o Frade • Bisa Bia Bisa Bel • Raul da Ferrugem azul • Uma vontade louca
• Sua alteza a Divinha – um conto do nosso folclore
Ângela Lago
• De morte! • Indo não sei aonde buscar não sei o quê • Chiquita Bacana e as outras pequetitas
Bartolomeu Campos de Queirós
• Onde tem bruxa tem fada • O olho de vidro de meu avô • Indez
II. Clássicos Brasileiros AUTOR
TÍTULO
9 FAIXA ETÁRIA 6 a 10
10 a 14
Pré
Séries Iniciais
Séries Finais
• Contos da Avozinha
Henriqueta Lisboa
• O menino poeta (obras completas)
José Lins do Rego
• Histórias da velha Totônia
Cecília Meireles Chico Buarque
• Ou isto ou aquilo • Giroflê, Giroflá
4a6
• Chapeuzinho amarelo • A vida íntima de Laura
Clarice Lispector
• A mulher que matou os peixes • O segredo do coelho pensante • O fantasma no porão
Elias José
• Caixa mágica de surpresas • Quem lê com pressa tropeça • As aventuras do avião vermelho • Os três porquinhos pobres
Érico Veríssimo
• Rosa Maria no castelo encantado • O urso com música na barriga • A vida do elefante Basílio • Cacoete
Eva Furnari
• Coleção Bruxinha • Coleção do Avesso
Figueiredo Pimentel
• Contos da Carochinha
II. Clássicos Brasileiros AUTOR
TÍTULO
10 FAIXA ETÁRIA 6 a 10
10 a 14
Pré
Séries Iniciais
Séries Finais
4a6
• É isso ali
José Paulo Paes
• Poemas para brincar • Um passarinho me contou
Luís Câmara Cascudo
• Lendas Brasileiras • O sofá estampado
Lygia Bojunga Nunes
• A bolsa amarela • Seis vezes Lucas
Marcelo Xavier
• O dia a dia de Dadá • Tem de tudo nesta rua
• O rapto das cebolinhas • Pluft, o fantasminha
Maria Clara Machado
• O cavalinho azul • A bruxinha que era boa • A menina e o vento
Marina Colasanti
• Uma ideia toda azul • Ana Z., aonde vai você?
• O Batalhão das Letras • Pé de Pilão
Mário Quintana
• Lili inventa o Mundo • Nariz de vidro • O Sapo Amarelo • Sapato Furado
II. Clássicos Brasileiros AUTOR
TÍTULO
11 FAIXA ETÁRIA 4a6 Pré
Martha Azevedo Pannunzio Mary e Eliardo França
• Veludinho • Coleção gato e rato
6 a 10
10 a 14
Séries Iniciais
Séries Finais
• O Saci • Fábulas • As aventuras de Hans Staden • Peter Pan • Reinações de Narizinho • Viagem ao céu • Caçadas de Pedrinho • História das invenções
Monteiro Lobato
• Dom Quixote das crianças • Memórias da Emília • Serões de Dona Benta • O poço do Visconde • Histórias de Tia Nastácia • O Picapau Amarelo • O minotauro • A reforma da natureza • A chave do tamanho • Os doze trabalhos de Hércules
II. Clássicos Brasileiros AUTOR
TÍTULO
12 FAIXA ETÁRIA 4a6 Pré
(continuação)
Monteiro Lobato Olavo Bilac e Coelho Neto Pedro Bandeira Pedro Bloch
6 a 10
10 a 14
Séries Iniciais
Séries Finais
• História do mundo para as crianças • Emília no país da gramática • Aritmética da Emília • Geografia de Dona Benta • Contos pátrios
• Teatro infantil • O dinossauro que fazia au-au • O fantástico mundo de Feiurinha
• A droga da obediência • Pai, me compra um amigo • Dois idiotas sentados cada qual no seu barril...
Ruth Rocha
• Faca sem ponta galinha sem pé • Marcelo, marmelo, martelo e outras histórias
• A menina que aprendeu a voar • 111 poemas para Crianças
Sérgio Caparelli
• Um elefante no nariz • A árvore que dava sorvete
Vinícius de Morais
• A arca de Noé • O menino maluquinho
Ziraldo
• Uma professora muito maluquinha • Flicts
III. Por que um Guia de Clássicos? João Batista Araujo e Oliveira O QUE É UM CLÁSSICO?
POR QUE LER OS CLÁSSICOS?
Um clássico é um livro que se recusa a morrer. Esta é uma das várias definições do que seja um livro clássico.
Ler os clássicos é obter o passaporte para o mundo da cultura. É obter a chave que abre as portas da compreensão do mundo, a partir da ótica da civilização ocidental. Ler os clássicos tem a ver com várias dimensões das funções da formação das pessoas, no sentido mais amplo do que educação. Uma delas é transmitir o saber, as tradições, a cultura adquirida pelas gerações anteriores. A outra é transmitir critérios para avaliar a produção cultural da humanidade. Numa era em que a internet torna tudo horizontal, sem critérios explícitos que ajudem o leitor a se situar diante da informação, e em que as pessoas podem até mesmo editar uma "Wikipedia", a escola terá um papel cada vez mais importante em ajudar os alunos a selecionar e avaliar a informação, seu valor, sua autenticidade e sua qualidade. A boa literatura traz consigo a aprendizagem de critérios de apreciação.
Clássico é um livro que se recusa a sair da estante. O matemático e filósofo Bertrand Russel conta seu pesadelo — cem anos após a sua morte ele via o bibliotecário retirando livros da estante da Grande Biblioteca. Na medida em que ele se aproximava dos autores com letra R o sonho foi se transformando em pesadelo … Autores e críticos literários como Mortimer Adler, Harold Bloom, Umberto Eco, Marisa Lajolo e Ana Maria Machado apresentam diferentes definições do que seja um clássico, mas todos concordam que, quando se trata de literatura existe uma hierarquia, nem tudo é igual, nem tudo tem o mesmo valor. Há livros que atravessam gerações, séculos, há livros que ficam para sempre. As razões podem ser diferentes, e têm a ver tanto com o conteúdo quanto com a forma. Os clássicos, em geral, abordam os problemas fundamentais das pessoas e da vida, questionam e refletem sobre as questões do dia a dia que afetam todos os seres humanos em todos os tempos e em qualquer lugar: a vida e a morte, o amor e o ódio, amizade e solidão, encontros e desencontros, conquistas e perdas, o falso e o verdadeiro, sucessos e decepções, crime e castigo. E também o fazem de forma literariamente superior. Clássicos são livros escritos com qualidade literária diferenciada - são feitos para durar. Esses livros fazem parte do nosso patrimônio cultural, são livros não apenas que merecem ser lidos, mas que precisam ser lidos.
O QUE UMA CRIANÇA GANHA QUANDO LÊ OS CLÁSSICOS? E O QUE ELA PERDE QUANDO NÃO OS LÊ? Ela ganha o mesmo que todos nós: a oportunidade para aprender sobre a condição humana. A literatura — em sua grande maioria — não é escrita para crianças ou adultos, ela é escrita para todos nós. Harold Bloom publicou uma coleção intitulada Contos e poemas para crianças extremamente inteligentes de todas as idades. Ler os clássicos é usufruir do patrimônio cultural da humanidade, é beber água de fonte limpa, é uma oportunidade para estabelecer padrões sobre o que vale ou não vale a pena ler, o que tem melhor qualidade e o que significa qualidade literária. Quem não lê os clássicos fica à margem de sua própria história e de seu patrimônio cultural, e bebe na mão dos outros.
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III. Por que um Guia de Clássicos? João Batista Araujo e Oliveira QUAIS CRITÉRIOS FORAM USADOS NA SELEÇÃO DO IAB PARA DEFINIR OS CLÁSSICOS?
QUAIS CRITÉRIOS FORAM USADOS NA SELEÇÃO DO IAB PARA DEFINIR AS IDADES?
Com relação aos clássicos da literatura universal, o primeiro critério foi definir o público-alvo, escolhemos livros para crianças dessas 3 faixas etárias (pré-escola, séries iniciais e séries finais do Ensino Fundamental). Ao mesmo tempo procuramos selecionar livros que são considerados clássicos da literatura universal, pelo menos no mundo ocidental e cujas versões encontram-se disponíveis no mercado. Terceiro, procuramos identificar livros que estão disponíveis no mercado editorial, que podem ser adquiridos pelas bibliotecas e pelas pessoas interessadas. Há uma exceção: a coletânea de contos africanos compilada por Nelson Mandela. Trata-se de uma aposta nossa de que esse livro vai se tornar um clássico, só não teve ainda o tempo suficiente para ser destilado.
Agrupamos os livros de acordo com os ciclos escolares: pré-escola, séries iniciais e séries finais do Ensino Fundamental. Com isso, queremos apresentar sugestões concretas para as escolas, professores e para os pais a respeito de livros que vale a pena comprar, ler, reler, emprestar e estimular as crianças. Em outra publicação — Guia IAB de Leitura desde o Berço — listamos os 600 livros que toda criança deve ler antes de entrar para a escola. A maioria dos livros recomendados para crianças de 4 a 6 anos na Seleção IAB de clássicos da literatura para crianças de 4 a 14 anos já estava incluída no Guia. Acrescentamos apenas algumas obras e autores, mas sobretudo, fizemos um detalhamento maior de editoras e edições, citando várias versões de um mesmo livro. A presente seleção, contou com a colaboração de Juliana Cabral Junqueira de Castro e Dayhane Alves Escobar Ribeiro.
Com relação aos autores brasileiros, procuramos identificar aqueles que se distinguiram até o momento por sua afinidade com o público infanto-juvenil, mas que, além disso, têm recebido o reconhecimento dos seus pares, pelos muitos prêmios e menções que recebem. Temos a segurança de que não cometemos nenhum erro de comissão, ou seja, não incluímos ninguém que não mereça estar nessa categoria. Mas possivelmente cometemos erros de omissão, deixando de citar alguns livros e autores importantes. Cabe lembrar que esta não é uma lista exaustiva, nosso propósito não é criar um "canon" de leituras obrigatórias, e sim exemplos de livros que vale a pena ler. Certamente há muitos outros, e ainda haverá muitos mais.
POR QUE CITAR EDIÇÕES, NÃO BASTA CITAR O TÍTULO? POR QUE CITAR EDIÇÕES DIFERENTES DE UM MESMO TÍTULO? Nem tudo que reluz é ouro. Nem todo livro é bem editado. É necessário examinar a qualidade editorial, inclusive o aspecto físico e ilustrações. Clássicos não são eternos em sua versão original: eles precisam ser atualizados, seja por meio de re-escritas, rodapés, prefácios, glossários, apresentações, edições anotadas. A palavra “tradição” significa trazer, e não congelar. Nos livros estrangeiros, cabe um cuidado adicional com a qualidade da tradução e da versão original. Também vale a pena comparar diferentes edições de livros nacionais. Finalmente, professores e crianças devem se habituar a comparar diferentes variantes de uma história: isso nada mais é do que o “avesso” de uma atividade de re-escrita.
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III. Por que um Guia de Clássicos? João Batista Araujo e Oliveira POR QUE UM MESMO LIVRO É INDICADO PARA DIFERENTES FAIXAS DE IDADE?
QUANDO E ONDE ESSES LIVROS DEVEM SER LIDOS (E RELIDOS)?
Cabe citar de novo Harold Bloom: os bons livros são escritos para crianças de todas as idades. O que procuramos fazer foi indicar a idade em que as crianças começam a se interessar e possuem capacidade de entender os conteúdos desses livros. No caso dos livros para crianças que ainda não sabem ler, levamos em conta se o livro é adequado para leitura oral. Aliás esta é uma das marcas dos bons livros — um bom livro normalmente é aquele que também se presta para a leitura oral. Mas há alguns livros de alta qualidade literária que são mais difíceis de acompanhar oralmente — em particular os livros em que há diálogo entre muitos personagens diferentes.
Em casa, na escola, na sala de aula, na biblioteca e em muitos lugares. Sozinho, com os pais, com os colegas. Em sala de aula a leitura deve ser sempre oral, de preferência feita pelo professor, que serve de modelo. A leitura silenciosa deve ser feita em outros momentos e locais — não é um bom uso do tempo didático.
NÃO É MAIS IMPORTANTE O ALUNO LER QUALQUER COISA, DESDE QUE ELE ESCOLHA? COMO MOTIVAR OS ALUNOS PARA LER OS CLÁSSICOS? Sim, é verdade. E não vale a pena forçar a leitura de livros goela abaixo, mesmo que sejam por uma boa causa. Felizmente existe uma forma infalível de conquistar leitores: o exemplo. O exemplo de pais e professores é irresistível. Crianças pequenas gostam de ler com os pais porque gostam dos pais. A partir disso, elas passam a gostar dos livros também. O mesmo acontece na escola, os professores que transpiram leitura, que vivem lendo, que comentam as passagens dos livros que leem, transmitem isso para os seus alunos de maneira natural. Além disso, uma leitura oral bem feita — em casa ou na sala de aula — pode criar momentos inesquecíveis e desejados. Nada melhor para conquistar novos leitores do que um bom livro de aventuras, lido dia a dia, capítulo a capítulo, emoção por emoção.
OS LIVROS DEVEM SER LIDOS NUMA CERTA ORDEM? Não é necessário, o importante é a criança querer ler e ler com gosto. Se a criança não gostar, ela pode parar e retomar a leitura depois. A aproximação deve ser amistosa, depois que pegar o gosto, isso se torna um hábito. E quando a criança aprende a discriminar um livro bom de um livro qualquer, ela ficará mais exigente nas suas escolhas. A ordem torna-se totalmente irrelevante. E não faz nenhum mal se a criança também ler outros livros, gibis e informações de todos os tipos e formas.
E SE O PROFESSOR NÃO CONHECE OS CLÁSSICOS? Esta é uma boa oportunidade para conhecê-los. Existem muitos livros que podem servir de introdução aos clássicos — inclusive os clássicos da literatura infantil. Também existem livros que permitem ao professor compreender melhor os vários tipos e gêneros de livros — esse conhecimento permite entender melhor as características dos vários textos e, desta forma, apreciá-los melhor. E existem livros que ajudam a entender como se deve analisar os diferentes tipos de texto. O Instituto Alfa e Beto oferece algumas dessas publicações, que se encontram na bibliografia apresentada ao final desta entrevista.
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III. Por que um Guia de Clássicos? João Batista Araujo e Oliveira COMO RELACIONAR ESSAS LEITURAS COM O PROGRAMA DE ENSINO? Há várias formas de responder a esta pergunta. A mais radical seria dizer que esses livros são o programa de ensino, ou, pelo menos, são um programa de ensino de qualidade excepcional. Afinal, o objetivo da escola não é aprender a ler, a ler os livros, e a partir dos livros, a ler o mundo? A criança que ler esses livros entre os 4 e 14 anos de idade terá adquirido uma bagagem cultural e linguística que nenhum currículo é capaz de suprir. Há estudos rigorosos que mostram o seguinte: crianças que crescem em casas onde há mais de 500 livros apresentam um desempenho escolar diferenciado — independentemente da escolaridade e do nível sócio econômico dos pais. Isso ilustra o poder dos livros em geral. Imagine o poder dos bons livros. Mas há uma outra forma de responder a essa pergunta, e que não conflita com a anterior. Nas séries iniciais, é possível relacionar essas leituras com o programa de ensino. Por exemplo, na pré-escola e nas séries iniciais, o professor pode ler uma ou mais versões diferentes de uma mesma fábula ou lenda, para ensinar as crianças a apreciar diferentes abordagens e pontos de vista. Textos também podem ser usados para introduzir ou aprofundar temas que estão sendo abordados nas diversas disciplinas. Mas mesmo na escola e a partir da escola esses livros devem ser lidos sobretudo por eles mesmos, como um fim em si mesmos. E, sempre que possível, o professor deve conversar com os alunos antes, durante e depois da leitura, procurando entender o que o aluno entende, aprecia, seus gostos, preferências, de forma a poder recomendar outros livros e ampliar os horizontes de interesse dos alunos. Por isso os professores precisam conhecer bem os clássicos, da mesma forma que precisam conhecer os seus alunos.
MAS COMO FICA A COMPREENSÃO DE TEXTOS? Essa é uma preocupação que não deve atrapalhar a leitura dos clássicos. O adulto pode ajudar nas escolhas ou oferecer escolhas que sejam adequadas à capacidade da criança. Antes de a criança aprender a ler, o adulto que lê terá muitas oportunidades para explicar eventuais dificuldades — limitando as explicações ao estritamente essencial. Lobato é um mestre para nos ensinar como fazer isso bem e com parcimônia. Nada de complicações! Este período constitui uma enorme vantagem, pois a criança pode ouvir histórias muito mais difíceis do que ela seria capaz de ler sozinha. A criança que está acostumada a ouvir histórias normalmente continua a gostar que se leia para ela — em casa ou na escola — mesmo depois que ela se alfabetiza. E quando ela adquire fluência de leitura, ela também vai adquirindo a capacidade de regular a velocidade à dificuldade do texto. A maioria dos textos indicados na nossa lista não apresenta maiores dificuldades de compreensão, ao contrário, ao ler muito, a criança vai adquirindo vocabulário que lhe permite compreender textos cada vez mais complexos.
E A LEITURA DE TEXTOS INFORMATIVOS E DESCRITIVOS? Essa leitura também é muito importante, e precisa ser mais introduzida e valorizada em casa e na escola. A internet de certa forma amplia muito o acesso a esse tipo de informação. Mas este é um assunto de que trataremos em outra oportunidade.
João Batista Araujo e Oliveira Presidente, Instituto Alfa e Beto
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III. Por que um Guia de Clássicos? João Batista Araujo e Oliveira REFERÊNCIAS A- Publicações do IAB
B- Referências Bibliográficas
Coletânea e Manual da Coletânea A Coletânea apresenta um conjunto de leituras de gêneros e tipos literários variados e o Manual ajuda o professor a explorar um texto em profundidade. Este pode ser um bom guia para você aprender a explorar bem os clássicos.
BLOOM, Harold. Contos e poemas para crianças extremamente inteligentes de todas as idades. Tradução José Antônio Arantes. São Paulo: Objetiva, 2003.
Usando Textos em sala de aula Esse livro apresenta ao professor as características dos diversos tipos e gêneros de textos, e, dessa forma, ajuda o professor a desenvolver as chaves que ajudam na sua compreensão.
BLOOM, Harold. O cânone ocidental. São Paulo: Objetiva, 1995.
BLOOM, Harold. Como e porque ler. São Paulo: Objetiva, 2001.
CALVINO, Ítalo. Porque ler os clássicos. São Paulo: Teorema, 1993. LAJOLO, Marisa. Monteiro Lobato livro a livro. São Paulo: UNESP, 2008.
Livros Gigantes A Coleção IAB de Livros Gigantes oferece vários livros para crianças a partir dos 4 anos, bem como guias para pais e professores iniciarem a criança no mundo das letras e dos livros. Guia IAB de Leitua: os 600 livros que toda criança deve ler antes de entrar para a escola Como o nome indica, trata-se de um guia com sugestões de leitura para cada ano de vida da criança. São 100 livros por ano, 2 livros por semana. Para Ler e Reler Feito para encantar e desenvolver a fluência de leitura! Este livro contém 142 textos, em verso e prosa, cuidadosamente selecionados, atendendo a características semânticas, morfológicas e sintáticas, de forma a promover o desenvolvimento da fluência de leitura.
LAJOLO, Marisa. Descobrindo a literatura. São Paulo: Ática, 2003. LAJOLO, Marisa. O que é literatura. São Paulo: Brasiliense, 1995. MACHADO, Ana Maria. Como e por que ler os clássicos universais. São Paulo: Objetiva, 2002. MORTIMER, Adler & VAN DOREN, Charles. Como ler livros: um clássico para a leitura inteligente. São Paulo: É Realizações, 2010. OLIVEIRA, Ieda de (org.). O que é qualidade em literatura infantil e juvenil. São Paulo: DCL, 2011. ZILBERMAN, Regina. Como e por que ler a literatura infantil brasileira. São Paulo: Objetiva, 2002.
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