FILOSOFIA EXISTENCIAL 2019

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Apresentação Falar sobre certos assuntos muitas vezes é complicado. Tem assuntos que não tocamos ao conversarmos com os pais, com familiares, com alguém que conhece nossos pais. A comunicação se torna difícil e o diálogo não acontece. As dúvidas se acumulam e ambiente para saná-las não encontramos com facilidade e segurança. Para isso que o Curso de Filosofia Existencial foi elaborado, para atender a necessidade de se abrir espaço para que se possa trocar ideias, refletir, conversar, sobre as coisas, os sentimentos, as aflições, as expectativas, as pressões, as escolhas e as suas respectivas consequências em nossa vida. Tudo o que se relaciona ao ser humano, ao caminho a percorrer para alcançar um pouco de sabedoria pertence à Filosofia. A coletânea de textos e vídeos são instrumentos para compararmos situações, conhecermos pensamentos diferentes, orientações específicas, enfim, termos pontos de partida para a partilha de experiências.

“A cada alma pertence um mundo diferente. Para cada alma, toda outra alma é um alémmundo. ” Nietzsche

Marcelo Wollenhaupt Menna Barreto

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Sumário AULA 1: COSMOGONIAS, UMA FORMA DE EXPLICAR ............................................................................. 4 Aula 2 - A FILOSOFIA CLÁSSICA .................................................................................................................. 5 Aula 3 - O pensamento medieval ................................................................................................................... 8 A Estrela Setenária ............................................................................................................................................ 9 Aula 4- “É necessário sair da ilha para ver a ilha. Não nos vemos se não saímos de nós.” ............... 11 José Saramago .............................................................................................................................................. 11 Aula 5- COMPORTAMENTOS DESTRUTIVOS ............................................................................................ 14 Aula 6- O Existencialismo ............................................................................................................................ 17 Aula 7 - Friedrich Nietzsche ......................................................................................................................... 20 Aula 8- VIDA PSÍQUICA A porta da felicidade abre só para o exterior; quem a força em sentido contrário acaba por fechá-la ainda mais. ................................................................................................... 22 Aula 9 - Por que a primeira impressão é a que fica? ................................................................................ 27 Aula 10- A relação de amizade ..................................................................................................................... 29 Aula 11- Estereótipo e preconceito ............................................................................................................. 31 Aula 12- O namoro ......................................................................................................................................... 32 Aula 13- SEXUALIDADE, MITO E REPRESSÃO NA CULTURA ................................................................ 35 Aula 14- JUNG, O INCONSCIENTE COLETIVO E OS ARQUÉTIPOS ........................................................ 35 Aula 15- A Filosofia existencial cristã ......................................................................................................... 39 Aula 16- SOCIOPATIA X PSICOPATIA......................................................................................................... 42 Aula 17- PARAFILIAS .................................................................................................................................... 44

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AULA 1: COSMOGONIAS, UMA FORMA DE EXPLICAR As Cosmogonias dos os povos da antiguidade possuem seus mitos dos quais tudo se originou, desde a natureza, os sentimentos, o homem e o Universo. Temos aqui dez exemplos de cosmogonias, tomaremos dois para comparação: Mitologia Tupi-Guarani A figura primária na maioria das lendas guaranis da criação é Iamandu (ou Nhanderu ou Tupã), o deus Sol e realizador de toda a criação. Com a ajuda da deusa Lua Araci, Tupã desceu à Terra num lugar descrito como um monte na região do Aregúa, Paraguai, e deste local criou tudo sobre a face da Terra, incluindo o oceano, florestas e animais. Também as estrelas foram colocadas no céu nesse momento. Tupã então criou a humanidade em uma cerimônia elaborada, formando estátuas de argila do homem e da mulher com uma mistura de vários elementos da natureza. Depois de soprar vida nas formas humanas, deixou-os com os espíritos do bem e do mal e partiu. Mitologia Iorubá Na mitologia iorubá o deus supremo é Olorum, chamado também de Olodumare. Não aceita oferendas, pois tudo o que existe e pode ser ofertado já lhe pertence, na qualidade de criador de tudo o que existe, em todos os nove espaços do Orun. Olorum criou o mundo, todas as águas e terras e todos os filhos das águas e do seio das terras. Criou plantas e animais de todas as cores e tamanhos. Até que ordenou que Oxalá criasse o homem. Oxalá criou o homem a partir do ferro e depois da madeira, mas ambos eram rígidos demais. Criou o homem de pedra – era muito frio. Tentou a água, mas o ser não tomava forma definida. Tentou o fogo, mas a criatura se consumiu no próprio fogo. Mitologia Nórdica Na mitologia nórdica, se acreditava que a terra era formada por um enorme disco liso. Asgard, onde os deuses viviam, se situava no centro do disco e poderia ser alcançado somente atravessando um enorme arco-íris (a ponte de Bifrost). Os gigantes viviam em um domicílio equivalente chamado Jotunheim (Casa dos Gigantes). Uma enorme ábade no subsolo escuro e frio formava o Niflheim, que era governada pela deusa Hel. Este era a moradia eventual da maioria dos mortos. Situado em algum lugar no Sul ficava o reino impetuoso de Musphelhein, repouso dos gigantes do fogo. Outros reinos adicionais da mitologia nórdica incluem o Alfheim, repouso dos elfos luminosos (Ljósálfar), Svartalfheim, repouso dos elfos escuros, e Nidavellir, as minas dos anões. Entre Asgard e Niflheim estava Midgard, o mundo dos homens. 4


A Filosofia da Physis

Os filósofos da physis ou da natureza, no período do século VII – V a.C, buscavam um princípio racional (logos) que explicasse a natureza e o mundo (physis), denominado arché. Observando a matéria chegaram a diferentes respostas passando pela água (Tales de Mileto), pelo ar (Anaxímenes), pelo fogo (Heráclito), pelo indefinido – apeiron (Anaximandro) ou a combinação dos quatro elementos (Empédocles de Agrigento), sendo mais uma Cosmologia. A busca por explicações perpassa ideias como as partículas indivisíveis, o átomo, com Demócrito de Abdera (460a. C.-370 a. C.), e os números, com Pitágoras (570 a. C. – 495 a. C.). O importante é que uma explicação racional é buscada para explicar a natureza, não o Homem. “Paremos de indagar o que o futuro nos reserva e recebamos como um presente o que quer que nos traga o dia de hoje. ” “A sabedoria é a meta da alma humana; mas a pessoa, à medida que em seus conhecimentos avança, vê o horizonte do desconhecido cada vez mais longe. ” ― Heráclito

Aula 2 - A FILOSOFIA CLÁSSICA “Conhece-te a ti mesmo. ”

Após esse período, a Filosofia toma outro caminho voltando-se para o Homem, e assim temos Sócrates (470 a.C. – 399 a.C.), cujo foco se torna o Homem. Nasce uma filosofia antropológica. A frase acima é atribuída a Sócrates, embora alguns digam que tenha sido dita por Tales de Mileto. Mas o certo é que ela estava inscrita no pórtico do Templo de Delfos, em honra a Apolo, deus grego do sol, da beleza e da harmonia, o qual Sócrates visitou buscando resposta para a pergunta: Quem é o homem mais 5 Sócrates


sábio do mundo? E o oráculo responde: Sócrates é o homem mais sábio do mundo. Em resposta ao oráculo, Sócrates diz: “ Só sei que nada sei, e o fato de saber isso, me coloca em vantagem sobre aqueles que acham que sabem alguma coisa”. É um primeiro paço em direção ao conhecimento. Mas conhecimento sobre o que? Sócrates foi um defensor do autoconhecimento. E tentou, durante sua vida, buscar a compreensão sobre sua própria natureza e afirmou que uma pessoa era capaz de praticar o mal consciente e propositadamente, porém, o mal era resultado da ignorância e falta de autoconhecimento. Esse é o ponto de partida, conhecer a si mesmo em primeiro lugar. Conheceremos melhor ao acompanharmos o pensamento de Platão (427 a.C. - 347 a.C.), que fora aluno de Sócrates. Ele afirmava que a origem do Intelecto, estava na alma. A alma seria, então, conforme William B. Gomes: Uma substância simples e indivisível, eterna, possuidora da verdade, princípio de todo o movimento, capaz de reminiscências de existências anteriores, nunca se decompondo. Sua ligação com o corpo era de Platão aprisionamento estando nele por uma espécie de decadência e assim buscando a purificação e a libertação. A tarefa da alma era superar as ilusões das impressões sensoriais e vencer as seduções do corpo para que fossem avivadas suas reminiscências. Através do contado com o mundo e com os outros seres a alma poderia despertar a lembrança do Belo e do Bem Absoluto. Cumprindo esta tarefa, a alma encontraria sua via de libertação. Deste devir (processo de vitória ou derrota) dependeria sua ida para o seu verdadeiro lugar, escapando a roda dos nascimentos ou o retorno ao Hades para, posteriormente, reencarnar em outro humano ou animal”. Havia uma hierarquia nas funções da alma assim organizada: na parte inferior, está o que é típico da sobrevivência da vida, as funções mais elementares sem memória, desejos ou qualquer percepção; na parte seguinte estão subdivididas entre os apetites e luxúrias, e noutra parte as emoções; e na parte mais elevada está a inteligência e a racionalidade.

Aqui instala-se um rompimento entre corpo e alma, razão e emoção, uma dicotomia e, até mesmo uma contraposição ontológica. Em sua obra Fedro, Platão compara a relação entre alma e corpo a uma parelha de cavalos conduzida por um cocheiro “A razão é o cocheiro, e este deve manter o controle sobre os dois cavalos simbolizando, um a energia moral e o outro ao desejo. Já em sua outra obra Timeu, Platão apresenta mais explicitamente a tripartição, onde a cabeça corresponde a razão, o tórax representa a energia moral e o abdômen as paixões. ” "Parelha de cavalos conduzidos por um cocheiro" (Fedro).

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ARISTÓTELES Aristóteles (384 a. C. - 322 a.C.), distanciou-se de seu mestre Platão e assumiu uma posição mais realista e naturalista considerando as características reais, físicas e orgânicas do homem. Existe uma relação entre corpo e alma, mas não de forma separa como era concebida por Platão. A alma é “causa e princípio do corpo vivo”. E os sentimentos e emoções como temor, doçura, coragem, são manifestadas através do corpo, sendo que a alma coordena as funções vitais do organismo que são: sensações, afeições e atividades, sensibilidade e entendimento. “O intelecto é a capacidade humana de conhecer. Aristóteles distingui um conjunto de funções intelectivas ou cognitivas. São elas sensação, imaginação, memória, razão prática e razão criativa. Para ele a inteligência racional é o nous como definido por Anaxágoras. As sensações são definidas como um processo que envolve movimentos físicos, transmissão através dos órgãos dos sentidos e da alma. Qual seria o papel da alma neste processo? Há em cada sensação um objeto sem matéria, ou seja, a sensação sempre contém um elemento de abstração. A alma é que traz este elemento de abstração. “

Aristóteles

Foi Aristóteles quem definiu os cinco sentidos que atuam conjuntamente e que são capazes de produzir informações simultâneas de um mesmo objeto” (Extraído de GOMES, William B.

História da Psicologia – UFMG/FAFICH

Sugestão de vídeo: https://youtu.be/K2mu76u8KKY Nesse contexto Gomes coloca que, a memória e a imaginação surgem com um papel importante no intelecto. Se a sensação envolve um ato com objeto real, a imaginação trabalha com as ausências, pois durante o sono o intelecto continua intermediando a função sensível com a função imaginativa. Mas a memória carrega uma carga de experiências preservando o passado que podem ser recrutadas a qualquer momento. E a razão pode falhar? Aristóteles diz que sim, e nesse caso que toma o controle é o desejo. Com base em seus princípios, Aristóteles oferece-nos um conjunto de sugestões e advertências. Ele antecipa uma teoria de psicopatologia quando diz que a confusão entre a memória e a imaginação produz desequilíbrios pois toma-se imagens como se fossem realidades. No entanto, sua preocupação com a natureza vegetal e com a biologia levou-lhe, certamente, a formular uma concepção moral de que vegetais, animais e seres humanos dirigemse, movidos por um ser supremo, em busca da perfeição. Esta perfeição estimula a busca do conhecimento, da beleza e da verdade, está também no impulso do prazer. Para ele, todas as atividades devem ser fonte de prazer. A felicidade do homem está na sua capacidade racional, pois a razão leva a virtude que é idêntica a felicidade. Numa perspectiva biológica, Aristóteles entende que a função de todos os viventes é crescer, reproduzir-se e conservar a espécie. A liberdade de escolha traz grandes dificuldades para as relações sociais e para a ação política. O bom uso da capacidade de escolha vai depender da formação de hábitos e da inteligência. Por fim, o objetivo da moral é trazer a felicidade para todos. 7


Aula 3 - O pensamento medieval

O pensamento medieval, profundamente marcado pelo cristianismo, com Santo Agostinho (354430) e sua filosofia imprime um caráter platônico e dualista à visão do homem. A dualidade corpo/alma intensifica-se fazendo com que as emoções, os desejos, as inclinações, as vontades sejam submetidas ao crivo da Teologia. Propõe que o homem é uma alma que faz uso de um corpo. Até naquele conhecimento que se adquire pelos sentidos, a alma se mantém em atividade e ultrapassa o corpo. Os sentidos só mostram o imediato e particular, enquanto a alma chega ao universal e ao que é de pura compreensão, como os enunciados matemáticos. Mas se não é através dos sentidos, por qual via a alma consegue alcançar as verdades eternas? Será através do sujeito particular e contingente, ou seja, o homem que muda, adoece e morre? Tudo indica que, se o homem mutável, destrutível, é capaz de atingir verdades eternas, sua razão deve ter algo que vai além dela mesma, não se origina no homem nem no mundo externo, mas em Deus. Portanto, Deus faz parte do pensamento e o supera o tempo todo. Desse modo: “Só pode ser achado e conhecido no fundo de cada um, no percurso que se faz de fora para dentro e das coisas inferiores para as coisas superiores. Ele não pode ser dito ou definido: é o que é, em todos os tempos e em qualquer lugar. ” Santo Agostinho

De acordo com MATOS E GENTILE (2004), na Idade Média, o corpo foi considerado perigoso, em especial o feminino, visto como um "lugar de tentações". Alguns teólogos chegaram a dizer que as mulheres tinham mais conivência com o demônio porque Eva havia nascido de uma costela torta de Adão, portanto nenhuma mulher poderia ser reta”. Sugestão de vídeo: https://youtu.be/6GP_OGHQokQ

A tolerância A palavra tolerância provem do latim tolerantia, que por sua vez procede de tolero, e significa suportar um peso ou a constância em suportar algo. Teve no passado, e com sentido negativo, a função de designar as atitudes permissivas por parte das autoridades diante de atitudes sociais impróprias ou erradas. Hoje em dia, pode ser considerada uma virtude e se apresenta como algo positivo. Esta é uma atitude social ou individual que nos leva não somente a reconhecer nos demais o direito a ter opiniões diferentes, mas também de as difundir e manifestar pública ou privadamente. 8


Tomás de Aquino diz que a tolerância é o mesmo que a paciência. E a paciência é justamente o bom humor ou o amor que nos faz suportar as coisas ruins ou desagradáveis. Ao tratar do tema da justiça, o Aquinate também nos indica que "a paciência - ou tolerância - é perfeita nas suas obras, no que respeita ao sofrimento dos males, em relação aos quais ela não só exclui a justa vingança, que a justiça também exclui; nem só o ódio, como a caridade; nem só a ira, como a mansidão, mas também a tristeza desordenada, raiz de todos os males que acabamos de enumerar. E por isso, é mais perfeita e maior, porque, na matéria em questão, extirpa a raiz. Mas não é, absolutamente falando, mais perfeita que as outras virtudes, porque a fortaleza não suporta os sofrimentos sem se perturbar, o que também o faz a paciência, mas também os afronta quando necessário. Por isso, quem é forte é paciente, mas não, vice-versa. Pois a paciência é parte da fortaleza. A diferença de abordagem, seja ela histórica ou dentro dos diferentes campos das ciências particulares, nos permite observar que dentro das humanidades, a tolerância diz respeito ao ser humano ou a sociedade, enquanto que nas ciências exatas, está baseada em leis físico-químicas e biológicas. Alguns exemplos ilustram o uso da palavra (in) tolerância ao longo dos séculos. No final do séc. XVI, muito se falou de tolerância religiosa, eclesiástica ou teológica. Hoje em dia também se tolera - pacientemente - em pontos que não são essenciais de uma determinada doutrina mesmo que seja em detrimento da mesma, mas para uma melhor convivência social. Fonte: http://www.hottopos.com

A Estrela Setenária

A Estrela Setenária é um instrumento muito antigo, que segundo algumas tradições, remonta a época dos Caldeus. Existem muitas utilidades para esse símbolo, entretanto, é como ferramenta de autoconhecimento que ela se destaca. 9


Seu uso dentro da magia cristã tem relação com os primórdios do cristianismo, onde os chamados “padres do deserto” utilizavam-na como instrumento meditativo e de autoanalise. Mais tarde, São Tomás de Aquino, desenvolveu um grande trabalho sobre as Virtudes e os Defeitos inerentes aos seres humanos, tornando a Estrela Setenária uma ferramenta indispensável para a jornada espiritual. Na prática, a Estrela Setenária é um símbolo que relaciona as influências planetárias entre si, é especialmente útil no que tange as Virtudes e Defeitos Capitais, pois mostra de forma gráfica a relação entre eles. Para cada planeta localizado em uma das pontas, há duas pontas opostas, onde localizam-se os planetas correspondentes, com seus respectivos defeitos e virtudes. Portanto o Defeito relacionado ao planeta de uma ponta, deve ser combatido, desenvolvendose as Virtudes dos planetas das pontas opostas. Assim temos os 7 planetas clássicos da astrologia, cada um em uma das pontas da estrela, sendo que cada um deles representa, entre outras coisas, uma Virtude e um Defeito: O SOL é representado por um círculo com um ponto no centro. Simbolizando a individualidade do encarnado no espaço em que se manifesta. Sua virtude é a MAGNANIMIDADE, a qualidade de quem tem a grandeza da alma, de quem tem a capacidade de iluminar e inspirar todos que estão ao redor. E seu defeito é o famigerado ORGULHO. A LUA é representada por uma Lua crescente, simbolizando o subconsciente. Sua virtude é a HUMILDADE e seu defeito é a PREGUIÇA. MARTE é representado por uma seta em cima de um círculo indicando direcionamento, também pode ser a representação gráfica do falo. Sua virtude é a DILIGÊNCIA e seu defeito é a destrutiva IRA. MERCÚRIO tem como símbolo um semicírculo em cima de um círculo que está sobre a cruz, como se fosse uma espécie de antena captado a inspiração divina. Sua virtude é a PACIÊNCIA e seu defeito a INVEJA. JÚPITER tem o símbolo semelhante ao número quatro, seu símbolo pode ser interpretado como um semicírculo em um dos braços da cruz indicando percepção ou receptividade. Sua virtude é a CARIDADE e seu defeito a GULA. VENUS é o círculo do espírito acima da cruz material, ou também a representação gráfica da vagina. Sua virtude é a TEMPERANÇA e seu defeito a LUXÚRIA. SATURNO é a cruz da matéria acima do semicírculo da alma, indicando a restrição ou limitação. Sua virtude é a CASTIDADE e seu defeito a AVAREZA.

Um dos exercícios mais básicos utilizando da estrela Setenária, consiste em seguir as pontas da estrela para as virtudes associadas dos planetas opostos e meditar sobre quais virtudes podem ser utilizadas para combater os sete pecados capitais. É importante separar alguns minutos do dia, para descobrir onde, ou em que momento, os defeitos se manifestam em sua personalidade, para então desenvolver as virtudes que possam elimina-los.

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Aula 4- “É necessário sair da ilha para ver a ilha. Não nos vemos se não saímos de nós. ” José Saramago Convite à introspecção, voltar para si. Retorno ao princípio de cada um em uma viagem particular de primeira classe. Vamos buscar os elementos que nos compõe biologicamente assistindo, contemplando a maior das construções: o ser humano, nós, cada um de nós com sua particularidade. Quem escolheu nosso nome? O pai, a mãe, irmão, avós. Qual o motivo da escolha do nome? Foi uma homenagem a um parente próximo ou a uma grande amizade? Ou foi tirado de uma história de novela, filme, livro ou da História da humanidade? Por que a escolha desse nome? (Tempo para falar) você gosta do seu nome? Se não, qual você escolheria? Sugestão de vídeo: https://youtu.be/KIamoFwpmVo https://youtu.be/atIDigWP29o

O comportamento humano nas organizações Ao longo do tempo o ser humano vem mudando seu comportamento devido as mudanças no seu olhar para o mundo e para si mesmo. Seja qual for a influência, genética ou por assimilação de comportamento, o importante é estar atento às diferentes formas de comunicação. Se a comunicação é vertical ou horizontal, não importa, é necessário atuar de forma que venha a contribuir para o crescimento do grupo a que pertencemos. Nós assimilamos certos comportamentos devido a repetição de hábitos, e isso é normal para o ser humano, pois assim construímos nossa cultura. Mas a forma como percebemos não é pura, exata. Tudo depende de como vemos, como esperamos que aconteça. É a expectativa.

"Ora veja… é o que sempre acontece às pessoas românticas: enfeitam uma criatura, até o último momento, com penas de pavão, e não querem ver, nela, senão o que é bom, muito embora sentindo tudo ao contrário. Jamais querem, antecipadamente, dar às coisas o seu devido nome.... Essa simples ideia lhes parece insuportável. A verdade, repelem-na com todas as forças até o momento em que aquela pessoa, engalanada por elas próprias, lhes mete um murro na cara." Fiodor Dostoiévsk, CRIME E CASTIGO

A Expectativa Nossas atividades estão inseridas no contexto da expectativa. Spes em latim, significa tanto esperança como expectativa de algo feliz. Um novo emprego, um novo trabalho, uma nova amizade gera expectativas. Alguns defendem a postura de não ter expectativa de nada, e assim, o que ocorrer de bom nos fará felizes. Mas isto não condiz com a etimologia da palavra. Temos esperança de que se agirmos de um modo, seremos felizes. Se nos relacionarmos com alguém, é porque precisamos deste alguém, ou gostamos de estar com ele. O que leva duas pessoas a entrarem em discórdia? A invasão do direito alheio, o ultrapassar o limite de tolerância, a 11


incapacidade de compreensão mútua ou própria, a falta de empatia, a nossa própria natureza, o nosso temperamento. Somos limitados, e isto se manifesta também no modo tosco com que nos relacionamos muitas vezes com as pessoas. A distância que existe entre as pessoas, em parte é criada por cada um. Às vezes percebemos que com alguns, já num primeiro momento, se consegue chegar perto, e falar sem gritar ou mandar mensageiros, mas nem sempre é assim. É preciso usar a inteligência, para encontrar o caminho da comunicação entre as pessoas. Inteligência e vontade de querer se comunicar... ou não. Fonte: http://www.hottopos.com.br

Mas a visão da tolerância esbarra em um ponto que podemos considerar o “calcanhar de Aquiles”: Sugestão de vídeo: https://youtu.be/TGR0J0T34vk https://youtu.be/wyLU51R9n8g

Os limites Nossas limitações são patentes. Não somos o que queremos, não fazemos tudo que sonhamos, não temos o dom de estar onde desejamos. Dentro destes limites é que nos movemos. Conhecer os limites pessoais e os dos outros – pois somos seres que não se repetem - é uma tarefa que dura toda a vida. O limite também não é algo estático, as pessoas mudam. Logo, o sistema de comunicação entre as pessoas é algo dinâmico e tem suas "leis" próprias, que cabe a cada um descobrir em cada momento. Em vez de gastar tempo reclamando que não existe comunicação, poderemos empregá-lo, verificando como estabelecer esta relação. Fonte: http://www.hottopos.com.br

Existe uma inconformidade como que temos, ou como que poderíamos ter e não o temos ainda ou ainda, talvez nunca viremos a ter. Tem certas coisas que dependem de nós, outras independem e outras temos o poder de decidir se dependerão ou não de nós. Aqui, temos dois tipos de visão de mundo:

Tipos de humor Vamos nos conhecer um pouco? Veja os 04 tipos de humor mais comuns e descubra com qual deles você de identifica:

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Agregador É aquela pessoa que conta piadas, faz gracinha e é engraçada com o intuito de unir as pessoas e fazê-las se sentir bem. É o tipo de humor que reduz tensões num grupo – e por isso também costuma ser o mais popular de todos. Agressivo É o humor usado para criticar ou manipular os outros. Sarcasmo, ironia e provocações são as armas favoritas dessas pessoas, que acham graça em rir dos outros para se colocarem numa posição mais bacana. Autodepreciativo Conhece algum gordinho que faz piada com seu peso para que os outros riam? Pois ele tem o humor autodepreciativo, que ri de si mesmo como mecanismo de defesa e para arrancar gargalhadas alheias. Otimista É a pessoa que se diverte sozinha e que mantém um olhar positivo mesmo em momentos de estresse ou nervosismo. É o humor de bem com a vida, mas que não necessariamente faz os outros rir. Fonte: Extraído (www.selecoes.com.br)

Como você se vê? A percepção do outro Cada pessoa enxerga (olha, percebe) a outra de forma diferente. Podemos considerar 03 grandes grupos responsáveis por determinar nossa percepção:

 Valores - É o conjunto de todas as crenças do indivíduo com no que se refere à relação com outras pessoas e o ambiente. É o grande responsável pela interface do indivíduo com a sociedade. 13


 Modelos Mentais - Podem ser estórias ou imagens que existem na mente do indivíduo no seu mais íntimo e que o mesmo carrega consigo no que diz respeito à sua própria existência. É como se fosse o "retrato" que ele enxerga da sua própria realidade, da realidade alheia e o seu conceito de mundo ideal.  Motivos - É interessante utilizar como base o conceito de Eric Maslow da Teoria das Necessidades para entender em que estágio de necessidade o indivíduo encontra-se e, assim, entender o seu grau de percepção em relação aos fatos. Fonte: Extraído de (marisapsicologa.com.br/comportamento-autodestrutivo)

O comportamento humano pode ainda, ser analisado a partir de quatro grandes grupos de acordo com as características de cada pessoa. Também traz informações de como cada líder deve abordar cada grupo de forma a maximizar o desempenho e extrair o melhor de sua equipe de trabalho. Vejamos esses grupos: A) Catalisador - Individuo essencialmente criativo, sendo motivado por reconhecimento à autoestima. É percebido como empreendedor, convincente e vibrante pelo demais. Contudo, é considerado superficial, vaidoso e pretensioso. Tem dificuldades com disciplina e moderação. Tem uma tendência a gostar de coisas exclusivas que o diferencie dos demais. B) Controlador - Indivíduo focado basicamente em resultados efetivos, sendo motivado essencialmente pela realização. É percebido como dinâmico, eficiente e objetivo. Em compensação, é percebido também como crítico, dono da verdade e "mandão". Costuma ter dificuldade em ouvir os outros e esperar a hora certa de executar algo. Função do Líder - Desenvolver no colaborador a escuta ativa mostrando a importância de ouvir, entender e praticar conceitos de terceiros. Estimular o foco em metas e objetivos direcionados ao crescimento sólido. C) Apoiador - Indivíduo com grande foco em relacionamentos, onde o convívio harmônico é sua grande fonte de motivação. É percebido como amável, compreensivo e disponível. Contudo, é percebido também como ineficiente, fingido e bonzinho demais. Tem grande dificuldade em dizer não e trabalhar com metas e objetivos. D) Analítico - Indivíduo apagado a procedimento e normas, onde seu grande motivador é a segurança e a estabilidade. É percebido como disciplinado, sério e cuidadoso. Contudo, é visto também como confuso e perfeccionista. Num processo de decisão busca o máximo de informações possíveis para uma escolha certa. Tem grande dificuldade em tomar decisões rápidas ou que tenham algum tipo de risco. Fonte: Extraído de (www.rh.com.br)

Nós convivemos com pessoas que encaixam nas descrições feitas acima? Como lidamos com essas pessoas no dia a dia? Quais as dificuldades para se conviver com pessoas assim? Sugestão de vídeo: https://youtu.be/Bnoi7Njlw2M

Aula 5- COMPORTAMENTOS DESTRUTIVOS Fazemos coisas contra nós mesmos, nos destruímos sem perceber ou até mesmo por raiva auto imposta. Comportamento autodestrutivo se refere a toda ação que provoca prejuízos para si mesmo. São comportamentos ilógicos, pois infelizmente o ser humano é mais irracional do que gostaríamos. Por exemplo:  Fumo e bebidas.  Dificuldade de controlar o que decidimos comer.  Qualquer dor que sentimos corremos para os remédios sem saber o que realmente temos. 14


 Sentimentos negativos como raiva e ciúmes nos consomem internamente e muitas vezes em silêncio.  Algumas pessoas até usam objetos cortantes sobre a própria pele com a clara intenção de provocar dor em si mesmo. Dez comportamentos destrutivos: Mentira Violência Roubo Traição Vícios Bullying Alterações artificiais no corpo Stress Jogo Fofoca O que mais causa sofrimento no ser humano? Perdas. Perder emprego, perder bens materiais, perder pessoas queridas por morte, por mudança física ou afastamento emocional. Qualquer perda é dolorida, mas perder pessoas muitas vezes são sofrimento quase impossíveis de serem esquecidos. O sofrimento é próprio do ser humano, os problemas existenciais são dores naturais do ser humano. Sofrimento não tem a ver com depressão. Depressão é uma doença. Em alguns países é a primeira causa de incapacitação. Sofrimento faz parte da vida, e devemos aceitar a vida com todas suas vicissitudes, mas não precisamos continuar a sofrer eternamente. Devemos aceitar cada obstáculo como uma oportunidade de crescimento. Se a cada problema que lhe aparecer você se volta para a comportamentos autodestrutivos é sinal de que não está aprendendo com a vida, está se entregando a ela da forma mais cruel que poderia fazer consigo mesmo. As pessoas não sofrem só com o que acontecem com elas, sofrem pela forma como enxergam as coisas que acontecem com elas. A personalidade de cada um filtra o que aconteceu, conforme os recursos que cada um tem para enfrentar e superar os estresses da vida terá um final diferente. Fonte: Extraído de (www.marisapsicologa.com.br/comportamento-autodestrutivo)

O pensamento construtivo Imagine uma situação muito corriqueira: você está no supermercado e de repente alguém passa com o carrinho de compras sobre seu pé. O pensamento positivo vai fazer com que você desvie a atenção da dor, do que está acontecendo e direcione para algo que preencha sua mente. Pode ser as crianças junto com seus pais, um bebê sorrindo dentro de outro carrinho; o pensamento construtivo é diferente, ele faz com que você faça alguma coisa para mudar sua situação.

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(Técnica da folha com quatro faces- positivos e negativos) Os nossos sentidos captam tudo o que está a nossa volta. E por isso ficam gravadas em nossa mente fatos, objetos, situações e experiências que depois serão resgatadas de acordo com a necessidade ou de acordo com as situações vividas. Há uma relação entre o que se pensa, o que se sente e o que se faz. Muitas coisas que classificamos como más, na verdade são fruto de uma interpretação errônea; do mesmo modo, existem situações más que não classificamos como tal porque nos detemos em outras coisas que desviam a atenção. Sugestão de vídeo: https://youtu.be/JvuPweKNruo

Como nos comportamos com o outro? Vejamos o que Léa Michaan, psicóloga nos diz: Para haverem dois é preciso antes de tudo que haja um. E para haver um é preciso que este se relacione consigo mesmo para que esteja o máximo possível inteiro ou integrado e lúcido de suas questões que interferem na relação com o outro. Por isso é necessário que se relacione consigo mesmo uma vez que só por meio do diálogo interno é possível desenvolver uma opinião, se perceber, pensar, ocupar espaço e ser maior, independentemente da idade que possui, só é maior aquele que pensa com apropria cabeça e segue as normas porque lhe faz sentido e não porque lhe foi imposto, e formar uma personalidade que se relaciona com o outro. Diante disso, temos que a relação que travamos com os outros podem ser: 1- Criativas e saudáveis (quando há relacionamento eu-comigo e eu me percebo); ou 2- Contaminadas e prejudiciais (quando atuo sem estar consciente de mim mesmo. Quando penso, não atuo). De tal modo, as relações são boas quando criativas e saudáveis e/ou capengas quando contaminadas e prejudiciais. É claro que entre as relações boas e as capengas, existe um dégradé de opções. Mas vamos nos ater nestes dois aspectos. Para a relação ser criativa e saudável é importante que eu esteja consciente do clima emocional e mental que ronda em mim (mau humor, ódio, sentimento de inferioridade, inveja, raiva, dependência, enfim, sentimentos negativos) para não contaminar o relacionamento, pelo menos não em demasia. Para estar consciente e poder me relacionar livre disso com a outra pessoa preciso me relacionar comigo mesmo: percebendo-me, mantendo um diálogo interno, distinguindo o que é meu e o que é do outro e abrindo a consciência para estar lúcido e perceber se me irrito com o outro, ou com algo que ele faz ou diz, ou se a irritação já estava dentro de mim, e eu uso o outro como desculpa para explicar a minha irritação. Se algo que ele diz me irrita ou me deixa zangado, é porque se engancha em algo que está em mim. Se alguém disser: Acho que seu cabelo verde é ridículo, nem vou me importar porque não tenho cabelos verdes, mas, se a pessoa disser que estou gorda, ou qualquer outra coisa que me irrite, é porque está colocação faz sentido para mim, é porque também penso isso de mim e não estou ok, em paz com isto. O que o outro diz e me incomoda, na realidade só despertou um 16


sentimento quanto a mim mesmo que já me incomodava, e que eu não tratei. Se a pessoa foi rude, grosseira, insensível. Isto é problema dela, afinal, por que eu ficaria tão incomodada com o outro que é grosseiro? Ele tem todo o direito de falar o que quiser já que a boca é dele! Se ele fala algo grosseiro. É ele que é grosseiro. Se enganchou em mim, a solução é me analisar e conhecer meus ganchos. A melhor maneira para resolver esta relação é pensando no que acontece comigo e não naquilo que está ruim com o outro. Afinal, só é possível mudar algo em mim, e é inútil ter a pretensão de modificar o outro. Bater na mesma tecla dizendo e redizendo sobre o que o outro tem que mudar é pura perda de tempo e não leva a nada. – Quando apontamos o dedo para o outro é mais útil olharmos primeiro para nós mesmos. Afinal, embora um dedo esteja apontado para frente, três outros dedos apontam para trás. Quem critica precisa examinar as próprias razões para agir assim. Também é importante ter em mente que se queremos o bem do outro devemos pensar em como fazer a crítica e termos em mente que quando se joga pedras o outro coloca um escudo!

“Como explicar que o homem, um animal tão predominantemente construtivo, seja tão apaixonadamente propenso à destruição? Talvez porque seja uma criatura volúvel, de reputação duvidosa. Ou talvez porque seu único propósito na vida seja perseguir um objetivo, algo que, afinal, ao ser atingido, não mais é vida, mas o princípio da morte. ” Fiódor Dostoiévski

Aula 6- O Existencialismo É um termo aplicado a uma escola de filósofos dos séculos XIX e XX que, apesar de possuir profundas diferenças em termos de doutrinas, partilhavam a crença que o pensamento filosófico começa com o sujeito humano, não meramente o sujeito pensante, mas as suas ações, sentimentos e a vivência de um ser humano individual. No existencialismo, o ponto de partida do indivíduo é caracterizado pelo que se tem designado por "atitude existencial", ou uma sensação de desorientação e confusão face a um mundo aparentemente sem sentido e absurdo. Muitos existencialistas também viam as filosofias acadêmicas e sistematizadas, no estilo e conteúdo, como sendo muito abstratas e longínquas das experiências humanas concretas. O filósofo Søren Kierkegaard, do início do século XIX, é geralmente considerado como o pai do existencialismo. Ele sustentava a ideia que o indivíduo é o único responsável em dar significado à sua vida e em vivê-la de maneira sincera e apaixonada, apesar da existência de muitos obstáculos e distrações como o desespero, ansiedade, o absurdo, a alienação e o tédio. Filósofos existencialistas posteriores retêm esta ênfase no aspecto do indivíduo, mas diferem, em diversos graus, em como cada um atinge uma vida gratificante e no que ela constitui, que obstáculos devem ser ultrapassados, que fatores internos e externos estão envolvidos, incluindo as potenciais consequências da existência ou não existência de Deus. O existencialismo tornou-se popular nos anos após as guerras mundiais, como maneira de reafirmar a importância da liberdade e individualidade humana.

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Responsabilidade, angústia e medo O ser humano não tem como fugir de si mesmo. Sua natureza o impele à busca por sua realização, seja ela construtiva ou destrutiva. Até mesmo o não decidir já é uma decisão por não querer decidir. Sugestão de vídeo: https://youtu.be/DOy1SeO0Auc

“A maneira de ajudar os outros é provar-lhes que eles são capazes de pensar”.

Martin Heidegger (1889-1976) O pensamento filosófico de Martin Heidegger, em sua visão antropológica, desvela a essência do homem e seu significado existencial. Vemos em Heidegger que a essência do homem depende de sua relação com o ser, não de algum tipo de racionalidade Segundo Heidegger; portanto, o homem é o ser-aí (Dasein): o único que existe é o ser individual e finito que está aí e seu modo de ser (essência) é a existência, ou seja, o conjunto de possibilidades de vir a ser. As coisas são, mas não existem, isto é, só o homem existe. A existência, contudo, é o poder ser, ou seja, o ato de projetar-se, utilizando as coisas como instrumentos e elas não são para a contemplação, mas para serem usadas pelo homem, isto é, o ser das coisas é sua utilidade para o homem. O homem compreende as coisas quando descobre para que servem (como utilizá-las) e compreende a si próprio quando descobre o que pode ser. O homem é dotado de racionalidade, porém não é isso que define a sua essência. Na visão heideggeriana, a essência do homem reside na sua ek-sistência e a ek-sistência é a clareira do ser., portanto, a essência do homem é relação com o ser. Tradicionalmente, o homem é visto como envolvendo três constituintes: o corpo (Leib), a alma (Seele, o princípio animar, responsável por estarmos vivos e por nossa vida mais baixa, apetitiva e emocional), e espírito (Geist, nossa razão "capacidade de dizer eu". O Dasein ou a existência significam que nós não apenas somos, mas percebemos que somos, mas nunca estamos acabados, como algo presente. Sugestão de vídeo: https://youtu.be/SuD1vJQxuYs

O que é o Método fenomenológico? O método fenomenológico começa com uma descrição, uma situação vivida no cotidiano (GIORGI,1986). Parte de uma posição anterior à do pensamento reflexivo, chamado de préreflexivo, que consiste na “volta às coisas mesmas”. O pesquisador obtém depoimentos sobre aquilo que está diante dos seus olhos, tal como aparece. Pode-se dizer que os depoimentos descrevem “a presença do dado”, não a sua existência.

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Não existe consciência sem o mundo, e nem o mundo sem a consciência. Mediante a intencionalidade da consciência todos os atos, os gestos, os hábitos, qualquer ação humana tem um significado. Fonte: Extraído de A fenomenologia como método de investigar. A experiência vivida uma perspectiva do pensamento de Husserl e de Merleau Ponty. Maria Lúcia A. Sadala-FM Botucatu/UNESP.

Sugestão de vídeo: https://youtu.be/eQC-MJo-aRo

MITO DE ÍCARO Como usamos nossa Liberdade?

(Leitura de imagem e hermenêutica) Sugestão de vídeo: https://youtu.be/KcCGhxOrcgA

Para orientar um adolescente existem dois caminhos: o da educação e o da proibição. O da proibição sempre é mais tentador por parecer mais simples, porém o da educação é sempre mais correto e eficaz. Apesar da grande maioria dos pais optarem pela forma mais simples, a educação é a forma mais adequada de orientação e criação. Já está mais que comprovado que os adolescentes têm a tendência a fazer tudo o que é proibido baseando-se na famosa frase “tudo que é proibido é mais gostoso. ” Estabelecer limites para a ação do jovem é algo assim como dizer: “você é livre e deve administrar a sua liberdade”. A grande conquista dos jovens deste século é saber administrar a própria liberdade conhecendo os seus limites. Este ponto de vista pressupõe uma correção de rota em relação ao grito que se ouvia em 68: “é proibido proibir”. Os jovens que na época repetiam o slogan são hoje os pais que dizem aos seus filhos: “é preciso que vocês saibam que há limites”. A educação, para Aristóteles, não está em fixar limites, mas em ensinar e viver de acordo com a virtude. Essa perspectiva aplica-se a todos, porém especialmente aos jovens, como manifesta este filósofo no último capítulo de uma de suas obras sobre Ética: “é difícil, quando se é jovem, encontrar a direção reta para a virtude a não ser pela educação, porque a vida moderada e dura não é agradável ao vulgo, e principalmente aos jovens”.

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Ouve-se a expressão “vida loka”. Se pertencer a esse tipo de orientação é não viver segunda uma organização pré-estabelecida, então é viver uma desorganização total. Confunde-se a liberdade com o não querer fazer. Decidir-se por não fazer, por não colaborar, é viver a farsa da fuga das galinhas. Não há como não estar no mundo, não há como não colaborar com algo, seja a seu favor, seja contra. A letra da música “Deixa a vida me levar” não condiz com a essência da natureza humana. Fonte: Extraído de (www.mopinim.wordpress.com

Aula 7 - Friedrich Nietzsche O encontro com o pensamento arcaico, deu a Nietzsche uma visão crítica e bastante ácida do cristianismo e da modernidade. Deste choque surgiu um pensamento afirmativo da vida, que se colocava como uma alternativa às ilusões criadas pela religião e pela ciência. Para Nietzsche não existe nada que salve a história da filosofia. Ele monta uma máquina de guerra contra o pensamento. Para ele, o pensamento e a história do conhecimento humano, são a história da negação da vida, é a história de uma ilusão, da construção de um modelo de homem que não existe e que jamais existirá. Para Nietzsche, o homem construiu uma imagem de si muito superior ao que consegue ser, e corre atrás dessa imagem. Então, Nietzsche tira esse antropocentrismo – que é o homem se sentindo o máximo – e diz: “desce deste lugar. ” Ele olha hoje (século XIX) e vê como as coisas funcionam, e ao compará-las com o homem arcaico ele entende que a vida está presente no pensamento. Um pensamento vivo: cheio de cheiros, de sabores, marcados pelo corpo, pela arte, e que esse grande eixo – que seria o pensamento socrático-platônico (século V a.C) – faz um corte muito grande na história do pensamento. Assim, se antes do século V a.C, Platão – que é onde oficialmente começa a história da filosofia… -se antes desse período o ser humano se relacionava com a vida, como o desconhecimento que a vida é e tinha um certo pudor em relação a ela, exatamente por se tratar de um desconhecimento, de uma intensidade que muda o tempo inteiro, ou seja, se o homem antes do século V a.C não tinha nem o sonho de dominar e controlar as forças da natureza, a partir do V a.C. isso muda radicalmente. Nietzsche exagera sobre Platão. Platão é menos perigoso do que Nietzsche pensa: “em relação a Platão, sou um cético fundamental, e nunca estive em condição de concordar com a admiração que há corrente entre os eruditos… Em meio à grande fatalidade do cristianismo, Platão é esta fascinação dúbia chamada “Ideal”, que tornou possível para as naturezas nobres da antiguidade compreender mal a si mesmas e pôr os pés sobre a ponte que conduziu até a “cruz”. ” Não será o instinto do medo que nos obriga a conhecer? Porque “o que é familiar é conhecido”, Erro dos erros! O que é conhecido é habitual; e o habitual é o mais difícil de ‘conhecer’, isto é, de ver como problema, isto é, de ver como estranho, afastado, ‘fora de nós’…” A verdade não é produto de nossa curiosidade humana, em descobrir como as coisas são. A verdade é produto do nosso medo da morte. A verdade é a necessidade de se estabelecer no mundo a duração, a verdade é produto de uma necessidade psicológica de duração. Então, por não sermos capazes de lidar com a vida como ela é, o que acontece quando abrimos mão do terno e da gravata, e as nossas pulsões e paixões começam a ter o mínimo de chance de aparecer, nós, por não nos sentirmos fortes o suficiente para afirmar a vida como ela é, 20


construímos a ideia de verdade. A história do conhecimento humano é a história da criação e da cristalização da ideia da verdade. A morte de Deus – quando a ciência nasce, a religião perde o valor. Exemplo: antes se rezava para passar uma dor de cabeça, hoje, se vai ao médico. Não é necessário pensar que Deus não existe, mas fato é que ele vai automaticamente para segundo plano. No niilismo negativo… a ciência entra no lugar de Deus… Este é o niilismo da modernidade. Diferente do religioso, ele não quer morrer, mas cria uma nova ilusão: o futuro, onde tudo será melhor. Então, a ideia do devir, do futuro, também tira o homem do tempo e do devir e do conflito que a vida é tanto como a ideia da morte. Esse niilismo cristão-platônico-moderno, fundamentaria nossa moral, a relação que vivemos hoje: negação do corpo, das sensações que levam ao erro e ao pecado, negação do agora e do aqui, negação da contradição e do conflito, negação de tudo o que se transforma e a construção de uma imagem idealizada de si mesmo e do outro. Para Nietzsche, todo idealismo era uma espécie de niilismo, à medida em que o idealista quando adota valores tão elevados, refugia-se num mundo que nega a realidade que o cerca. Em vez de fazer uma filosofia a partir do mundo, como Nietzsche pretendia, o idealista tenta mudar o mundo através de sua filosofia já pré-concebida. Ele escreveu: “O idealista é incorrigível. Se é expulso do seu céu, faz um ideal do seu inferno. ” – Você idealiza o filho, sua própria vida, que nunca atinge – o ideal é a felicidade, a felicidade é o valor ideal. Fantasia-se muito sobre a felicidade… cria-se concepções falsas. O ideal não tem as transformações que o acontecimento tem. Nunca ninguém vai viver um ideal. É impossível atingir um ideal. Tanto no niilismo negativo como o reativo há a desvalorização da vida presente. O primeiro em nome de valores elevados, em nome da verdade, do paraíso. O segundo em nome do progresso que a modernidade garantiria no futuro. A resposta de Nietzsche ao niilismo é a superação do homem no presente. Dia após dia. Quando ele fala do Super-homem, ele se refere ao homem que parte da afirmação da morte, um homem que arquiteta e inventa a si mesmo ao contrário de aceitar um conceito pré-estabelecido, que tem coragem de lidar a cada segundo de sua vida com o conflito que é a escolha de cada situação, e não atribui isso nem a Deus, nem a moral estabelecida, nem aos pais, nem a geração passada. Entende que independente de sua história, existe um instante supremo: este – e esse instante é o seu gesto que determina. Ele não tem consciência deste gesto. Mas é o instante e a capacidade de ler a si mesmo, rever a si mesmo, construir a si mesmo que faz desse homem forte. Nietzsche abre a ideia para o homem que se supera, que se inventa no presente. Esse homem não é representado por Bush nem por Bill Gates, por exemplo. Pelo contrário – o forte vai para o campo de batalha lutar. O poder que se estabeleceu no mundo é o poder da fraqueza, da covardia, não o poder da força. O poder da força é o poder de enfrentamento com as contradições e com a vida e a morte. Esse é o homem-forte, é na verdade, um homem essencialmente frágil, por isso sensível, e por isso ético. “Fiquei magoado, não por me teres mentido, mas por não poder voltar a acreditar-te. ” “O que não provoca minha morte faz com que eu fique mais forte. ” “Não há fatos eternos, como não há verdades absolutas. ” “Há sempre alguma loucura no amor. Mas há sempre um pouco de razão na loucura. ” “Torna-te aquilo que és. ” 21


“As convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras. ” “A vida vai ficando cada vez mais dura perto do topo. ” Sugestão de vídeo: https://youtu.be/FroyMvgYfm0 https://youtu.be/5L2K6HKrEyA

Aula 8- VIDA PSÍQUICA A porta da felicidade abre só para o exterior; quem a força em sentido contrário acaba por fechá-la ainda mais. Nossa vida psíquica tem três instâncias segundo Freud: Id (em alemão es, "ele, isso”) não faz planos, não espera, busca uma solução imediata para as tensões, não aceita frustrações e não conhece inibição. Ele não tem contato com a realidade. Busca satisfação na fantasia e pode ter o mesmo efeito de uma ação concreta para atingir um objetivo. O id desconhece juízo, lógica, valores, ética ou moral. É exigente, impulsivo, cego, irracional, antissocial e egoísta. Id é uma palavra latina com o significado de ele, isto. Ego (em alemão ich, "eu") designa na teoria psicanalítica uma das três estruturas do modelo triádico do aparelho psíquico. O ego desenvolve-se a partir do Id com o objetivo de permitir que seus impulsos sejam eficientes, ou seja, levando em conta o mundo externo: é o chamado princípio da realidade. É esse princípio que introduz a razão, o planejamento e a espera no comportamento humano. A satisfação das pulsões é retardada até o momento em que a realidade permita satisfazê-las com um máximo de prazer e um mínimo de consequências negativas. Superego (al. Überich, "supereu") designa na teoria psicanalítica uma das três instâncias dinâmicas do aparelho psíquico. É a parte moral psique e representa os valores da sociedade. O superego divide-se em dois subsistemas: o Ideal do ego, que dita o bem a ser procurado; e a consciência moral (al. Gewissen), que determina o mal a ser evitado. O superego tem três objetivos:   

Inibir (através de punição ou sentimento de culpa) qualquer impulso contrário às regras e ideais por ele ditados (consciência moral); Forçar o ego a se comportar de maneira moral (mesmo que irracional) Conduzir o indivíduo à perfeição - em gestos, pensamentos e palavras (ideal do ego).

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Quando o conflito é muito grande e o EGO não consegue satisfazer o ID este é rejeitado determinando o processo chamado repressão. Mas o que foi reprimido não permanece no inconsciente e reaparece então sob a forma de sintomas. Sugestão de vídeo: https://youtu.be/XxDP90soZJk https://youtu.be/MZxykE_YihI

Desenvolvimento psicossexual As descobertas de Freud sobre a sexualidade infantil provocaram grande espanto na sexualidade conservadora do final do século XIX, sendo que nesta época a criança era como um símbolo de pureza, um ser assexuado. Com o tempo, a sociedade vem, pouco a pouco, familiarizando-se e compreendendo as diferentes formas de expressão da sexualidade infantil. Sexualidade esta que evolui, segundo Freud, de acordo com etapas de desenvolvimento que ele denominou de fase oral, anal, fálica, latência e genital. Embora as características de cada uma destas fases estejam amplamente difundidas nos meios de comunicação, de tal forma que os pais possam reconhecer as manifestações desta sexualidade em seus filhos, persiste ainda muito equívoco na forma como eles lidam com esta questão. É comum encontrarmos pais que se espantam ao se defrontarem com seus filhos a masturbarem-se, ou que explicam com meias verdades as clássicas perguntas infantis sobre a origem dos bebês. A sexualidade na criança nasce masculina - feminina, macho ou fêmea, futuramente sendo homem ou mulher. Entram fatores culturais para modelar. Durante a infância ocorre desenvolvimento de jogos corporais aonde as crianças vão se descobrindo e amadurecendo. A sexualidade é reconhecida como um instinto com o qual as pessoas nascem e que se expressa de formas distintas de acordo com as fases do desenvolvimento psicossexual, segundo Freud são: Veremos então os cinco estágios da evolução psicossexual: - Fase oral: Período da vida em que, praticamente, a única fonte de prazer é a zona oral do corpo, e que apresenta como principal característica psicológica a dependência emocional. Representado pela boca, experimentamos o prazer e sensações gustativas como o comer e o beber e, às vezes, utilizamos para obter prazeres sexuais, como o beijo. Qualquer parte do nosso corpo pode ser utilizada de duas formas: ou para nos dar prazeres específicos, como os gustativos ou para dar prazeres sexuais. Todas as vezes que uma determinada parte do corpo é transformada em fonte de excitação sexual, Freud dá a essa parte do corpo o nome de zona erógena, ou seja, zona que é capaz de gerar erotismo. - Fase anal: Caracterizada pela retentividade. - Fase fálica: Na qual surge o Complexo de Édipo, e o que se caracteriza pelo exibicionismo. - Fase latente: Em que a energia libidinosa é canalizada para outros fins. É no período de latência que aparecem as forças do superego que provocam a sublimação do instinto sexual. Nessa fase surgem os sentimentos de vergonha e de pudor em relação ao sexo. - Fase genital: Que representa o alvo “ideal” do desenvolvimento humano. 23


No processo evolutivo o indivíduo pode parar numa fase imatura. Nesse caso se diz que houve uma fixação. O indivíduo pode, também, voltar a formas imaturas do comportamento, em cujo caso se diz que houve uma regressão. Mecanismos de defesas são formas pelas quais o eu procura manter sua integridade. Dentro de certos limites são considerados normais. Quando, porém, ultrapassam esses limites, tornam-se patogênicos. Sugestão de vídeo: https://youtu.be/uJcEEdD1g4c

ERIK ERIKSON E O DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL Erik Erikson (1902-1994) foi um psicanalista alemão, responsável pela teoria do desenvolvimento psicossocial. Erikson propõe sua concepção de desenvolvimento em oito estágios, perspectivados por sua vez em oito idades que decorrem desde o nascimento até à morte, pertencendo as quatro primeiras ao período de bebê e de infância, e as três últimas aos anos adultos e à velhice, cada estágio é atravessado por uma crise psicossocial entre uma vertente positiva e uma negativa. Erikson dá especial importância ao período da adolescência, devido ao fato ser a transição entre a infância e a idade adulta, em que se verificam acontecimentos relevantes para a personalidade adulta. Na Teoria Psicossocial do Desenvolvimento, este desenvolvimento evolui em oito estágios. Os primeiros quatro estágios decorrem no período de bebê e da infância, e os últimos três durante a idade adulta e a velhice. Cada estágio contribui para a formação da personalidade total, sendo por isso todos importantes mesmo depois de se os atravessar. O núcleo de cada estágio é uma crise básica, que existe não só durante aquele estágio específico, nesse será mais proeminente, mas também nos posteriores a nível de consequências, tendo raízes prévias nos anteriores. A formação da identidade inicia-se nos primeiros quatro estágios, e o senso desta negociado na adolescência evolui e influencia os últimos três estágios. Erikson perspectivava o desenvolvimento tendo em conta aspectos de cunho biológico, individual e social. A teoria psicossocial em análise enfatizava o conceito de identidade, a qual se forma no 5º estágio, e o de crise que sem possuir um sentido dramático está presente em todas as idades, sendo a forma como é resolvida determinante para resolver na vida futura os conflitos. Sugestão de vídeo: https://youtu.be/0QsY7Pf8v8Q

Esquema de Desenvolvimento de Erik Erikson

1. Confiança X Desconfiança (até um ano de idade) Durante o primeiro ano de vida a criança é substancialmente dependente das pessoas que cuidam dela, requerendo cuidado quanto à alimentação, higiene, locomoção, aprendizado de palavras e seus significados, bem como estimulação para perceber que existe um mundo em movimento ao seu redor. O amadurecimento ocorrerá de forma equilibrada se a criança sentir que tem segurança e afeto, adquirindo confiança nas pessoas e no mundo. 24


2. Autonomia X Vergonha e Dúvida (segundo e terceiro ano) Neste período a criança passa a ter controle de suas necessidades fisiológicas e responder por sua higiene pessoal, o que dá a ela grande autonomia, confiança e liberdade para tentar novas coisas sem medo de errar. Se, no entanto, for criticada ou ridicularizada desenvolverá vergonha e dúvida quanto a sua capacidade de ser autônoma, provocando uma volta ao estágio anterior, ou seja, a dependência. 3. Iniciativa X Culpa (quarto e quinto ano) Durante este período a criança passa a perceber as diferenças sexuais, os papéis desempenhados por mulheres e homens na sua cultura, entendendo de forma diferente o mundo que a cerca. Se a sua curiosidade “sexual” e intelectual, natural, for reprimida e castigada poderá desenvolver sentimento de culpa e diminuir sua iniciativa de explorar novas situações ou de buscar novos conhecimentos. 4. Construtividade X Inferioridade (dos 6 aos 11 anos) Neste período a criança está sendo alfabetizada e frequentando a escola, o que propicia o convívio com pessoas que não são seus familiares, o que exigirá maior sociabilização, trabalho em conjunto, cooperatividade, e outras habilidades necessárias. Caso tenha dificuldades o próprio grupo irá criticá-la, passando a viver a inferioridade em vez da construtividade. 5. Identidade X Confusão de Papéis (dos 12 aos 18 anos) O quinto estágio ganha contornos diferentes devido à crise psicossocial que nele acontece, ou seja, Identidade Versus Confusão. Neste contexto o termo crise não possui uma acepção dramática, por tratar-se de a algo pontual e localizado com pólos positivos e negativos. 6. Intimidade X Isolamento (jovem adulto) Nesse momento o interesse, além de profissional, gravita em torno da construção de relações profundas e duradouras, podendo vivenciar momentos de grande intimidade e entrega afetiva. Caso ocorra uma decepção a tendência será o isolamento temporário ou duradouro. 7. Produtividade X Estagnação (meia idade) Pode aparecer uma dedicação à sociedade à sua volta e realização de valiosas contribuições, ou grande preocupação com o conforto físico e material. 8. Integridade X Desesperança (velhice) Se o envelhecimento ocorre com sentimento de produtividade e valorização do que foi vivido, sem arrependimentos e lamentações sobre oportunidades perdidas ou erros cometidos haverá integridade e ganhos, do contrário, um sentimento de tempo perdido e a impossibilidade de começar de novo trará tristeza e desesperança. Fonte: https://psicologado.com/psicologia-geral/desenvolvimento-humano Sugestão de vídeo: https://youtu.be/snNehBxn_W0 https://youtu.be/wQaqOArKqIY

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A importância das regras para o bom convívio familiar Em nossa sociedade, a família ainda representa o primeiro contexto em que se dá o desenvolvimento infantil. O papel dos pais, ou cuidadores responsáveis, torna-se imprescindível para que as crianças se desenvolvam de forma saudável, tornem-se maduras e responsáveis. No entanto, a função educativa dos pais não é simples de ser cumprida. Nesse sentido, uma das tarefas mais difíceis de serem executadas pelos pais para garantir o bom convívio familiar, e para ensinar às crianças atitudes moralmente adequadas, diz respeito ao estabelecimento e cumprimento de regras de conduta. Como o primeiro contexto em que ocorrem as interações familiares é a família, a forma como ela se organiza influencia diretamente a criança em desenvolvimento, especialmente em relação às práticas educativas parentais, ou seja, às tentativas dos pais de controlar e socializar seus filhos. A forma como os pais e outras pessoas importantes para a criança agem, serve de modelo para o seu próprio comportamento, auxiliando-a a identificar quais comportamentos são adequados ou não a determinados ambientes. A criança aprende quais regras de conduta garantem o bom convívio e, consequentemente, o bem-estar das pessoas nas interações sociais. O equilíbrio entre o controle e o afeto por parte dos pais parece ser a melhor forma de se monitorar e socializar as crianças. Dessa forma, os pais não são considerados agentes fiscalizadores a quem se deve obediência incondicional, e nem pessoas faltosas de amor e interesse por seus filhos; eles têm autoridade com afeto e responsabilidade. As crianças, filhas de pais que se comportam assim, demonstram ser mais competentes social e instrumentalmente, apresentando maiores chances de atingir seus objetivos com sucesso, além de apresentarem autoestima mais elevada. Um cuidado que se deve ter, entretanto, é quando os pais almejam metas muito altas para serem atingidas pelos filhos, ou querer que o filho seja sempre o “melhor”, sem ser este o desejo da própria criança. Diante do insucesso de se “fazer cumprir a regra”, a criança pode passar a acreditar que o fracasso é uma falta de habilidade dela própria, e experimentar alto nível de ansiedade pela perda de controle de uma situação e pela desistência de fazer algo antes de ter tentado. As regras devem ser coerentes com a idade, sexo (gênero), temperamento e capacidades da criança. Assim, crianças de menor idade, até aproximadamente 6 anos, necessitam de maior controle e monitoramento dos pais, pois ainda não sabem avaliar suas maiores necessidades e situações de perigo. A partir dos 6 anos, quando as crianças entram na chamada “segunda-infância”, elas passam a ser mais independentes, autônomas. Nessa fase, as crianças tornam-se mais flexíveis com relação a certas regras. A criança pode opinar sobre o vestir, comer, horários e algumas atividades, desde que o contexto em que isso ocorra ainda seja possível de ser acompanhado pelos pais, mesmo que indiretamente. Na fase adolescente, portanto, os pais devem estar conscientes de que seus filhos estão passando por momento de mudança significativa, em que surgem muitas dúvidas em relação às convenções sócias, à sexualidade, ao que é certo e errado. Consequentemente, é um período em que novas regras serão feitas, como: nova estipulação de horários (especialmente quando o 26


adolescente sai à noite), acordos sobre novas atividades (como festas) e modos de lidar com a sexualidade (o “ficar”, namorar, ter relações sexuais, etc.). É importante entender que as regras devem sim existir dentro de casa, de forma a facilitar e otimizar o ambiente familiar. Porém, elas devem ser estabelecidas gradualmente e, no início, fáceis de serem cumpridas. Outro fator a que se deve atentar é para o seguimento das regras por parte dos pais. Às vezes pode parecer fácil ditar regras para que os outros cumpram; no entanto, os pais também devem seguir as regras que eles mesmos estabelecem. Assim, a importância das regras reside no fato de elas terem a função de organizar o ambiente, não só familiar, mas social de modo geral. Num ambiente mais estruturado, com regras claras, coerentes e consistentes, as pessoas são capazes de se comportar de forma a obterem sucesso em suas atividades, respeitando o espaço do próximo. O papel dos pais, nesse sentido, é ensinar os filhos, desde a mais tenra idade, como entender, aplicar e seguir regras que estejam adequadas para melhorar as relações entre as pessoas e, portanto, para serem mais felizes. Fonte: Extraído de (www.books.scielo.org)

Ao criarmos contato com uma pessoa, não recolhemos toda a sua informação, mas antes aquela que se nos afigura mais importante e mais óbvia. Assim, depois de termos as primeiras impressões, vamos proceder à categorização da pessoa em questão, agrupando-a segundo características que achamos pertinentes. Esta atribuição inicial de grupos, influencia vivamente o nosso comportamento seguinte para com essa mesma pessoa porque acaba por nos mostrar, genericamente, o perfil psicológico dela. A categorização permite um comportamento mais adequado à situação em questão e ajuda-nos a poupar tempo nas relações interpessoais.

Aula 9 - Por que a primeira impressão é a que fica? Para a categorização são necessárias 3 avaliações:   

A afetiva – Percebemos se gostamos ou não da pessoa, à primeira vista. A moral – Ponderamos os valores da pessoa e analisamos o seu caráter. A instrumental – Averiguamos se é competente, capaz e responsável.

A primeira impressão é muito emocional e, por isso, tem grande influência no nosso comportamento futuro: se a pessoa me pareceu intriguista, malformada e mesquinha, o meu comportamento para com ela não será, de certo, tão simpático e aberto como com aquelas pessoas que me pareceram simpáticas, honestas e humildes. Assim, podemos afirmar que a categorização que provém da formação de impressões facilita e orienta o nosso comportamento, fazendo mesmo com que criemos determinadas expectativas em relação à pessoa, que encaixam na sua categoria. As primeiras impressões são extremamente determinantes para o desenrolar de uma relação pessoal, do mesmo modo que permitem a emissão de juízos de valor muitas vezes precipitados. Por outro lado, as primeiras impressões são essencialmente influenciadas pela primeira informação que obtemos da pessoa. 27


Sugestão de vídeo: https://youtu.be/Uge0GkewDKc Fonte: Extraído de (www.notapositiva.com)

E depois que tudo acontece, depois que a gente se machuca, sofre, chora, se magoa, esbraveja e xinga todos e não alcançamos a paz, o que fazer? Existe alguma fórmula para fazer com que doa menos? Como administrar a frustração, a incompreensão? Tem gente que escreve no diário, escreve em um caderno suas impressões e suas dores. Você pode ler e reler todas as mensagens enviadas e recebidas, comparar as primeiras com as últimas e acompanhar toda a trajetória. Mas não espere que a outra pessoa venha lhe pedir desculpas. Lembre-se que estamos observando toda a situação em relação a você e não em relação ao outro. Existem palavras que doem muito mais do que um murro. Elas podem nos magoar ou até provocar confusões que trazem prejuízos pessoais ou profissionais. Para isso existem profissionais que poderão ajudá-lo, como psicólogos. Não se deve mandar recadinhos, nem pelas redes sociais. Isso não vai resolver nada. Você acaba se expondo demais. Os fatores que influenciam a atração interpessoal. Os fatores que influenciam a atração podem ser:  Proximidade: a proximidade geográfica é um fator poderoso na medida em que são as pessoas mais próximas aquelas por quem poderemos sentir-nos mais atraídas.  Familiaridade: relaciona-se, também, com a proximidade; a atração relativamente a uma pessoa pode aumentar se estivermos frequentemente com ela. São as pessoas com quem lidamos com mais frequência que nos são mais acessíveis e, portanto, susceptíveis de nos atraírem mais.  Atração física: constata-se que as pessoas fisicamente mais bonitas – por relação com o padrão cultural de beleza – são mais populares, causam melhores impressões iniciais. Há, inclusive, uma associação de beleza com a atração e também a modos de ser positivos. Este estereotipo está muito presente nas relações sociais, afetando-as fortemente.  Semelhanças interpessoais: sentimo-nos atraídos por pessoas que têm sentimentos, comportamentos, atitudes, opiniões, interesses e valores semelhantes aos nossos. As pessoas que têm afinidade aproximam-se.  Qualidades positivas: gostamos mais das pessoas que apresentam características que consideramos agradáveis do que com características que consideramos desagradáveis.  Complementaridade: as semelhanças interindividuais são um fator de aproximação, no desenvolvimento de uma relação, as pessoas são atraídas por características que elas não possuem; são as assimetrias das características que tornam o outro atraente, na medida em que se complementam.  Reciprocidade: gostamos das pessoas que nos apreciam, que gostam de nós: simpatizamos mais com quem simpatiza conosco. Esse reconhecimento leva a que reajamos com mais calor e afeto, o que desencadeia, por sua vez, mais simpatia. As apreciações positivas dos outros têm um efeito muito forte na atração que os outros exercem sobre nós. A reciprocidade facilita o estabelecimento de relações significativas e de confiança. Fonte: texto extraído de (www.notapositiva.com) Sugestão de vídeo: https://youtu.be/8q5Qf8A_W8A

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Aula 10- A relação de amizade A amizade (do grego philia) é uma das quatro formas de amor. Os homens podem amar de maneira erótica, familiar, fraterna e abnegada Uma relação de amizade é uma relação pessoal, informal, voluntária, positiva, de confiança e lealdade, de longa duração, que facilita os objetivos que os envolvidos querem atingir. Envolve atração pessoal e implica reciprocidade. As relações de amizade correspondem a um importante suporte psicológico, a sua ruptura é um fator de grande perturbação. O significado de uma ruptura não é sempre o mesmo porque as amizades são diferentes umas das outras e variam de importância ao longo da vida. A língua grega antiga é constituída de muitos vocábulos conceituais. Assim, em grego antigo, não há uma única palavra para descrever o amor. Iremos conhecer algumas: Érōs, de Eros (ἔρως): remete à palavra grega moderna “erotas”, com a sua significação de “amor romântico". Entretanto, eros não necessariamente evoca uma natureza sexual, embora muitas vezes esteja associado ao desejo, à atração física, ao prazer e ao sexo propriamente dito. O eros pode ser interpretado como um amor a quem se ama mais do que o amor de philos, podendo também se aplicar a definição de relacionamentos afetivos propriamente ditos. Seria o amor entre os apaixonados. Filosoficamente, Platão refina uma definição própria de eros: para ele, embora esta forma de amor seja sentida inicialmente em disposição a uma pessoa, contemplando-se este alguém o amor é transformado numa apreciação da beleza trazida na alma, ou mesmo na apreciação da beleza formalmente definida. Deve-se apontar que Platão não observa na atração física uma parte necessária do amor erótico, donde o "amor platônico" significa um amor sem atração física. Para Platão, o eros promove o conhecimento da recordação da beleza da alma e contribui para a compreensão da verdade espiritual. Os amantes e os filósofos são, para ele, inspirados a procurar a verdade pelo eros. O trabalho mais famoso de Platão sobre o assunto é O Banquete, tratando-se de uma discussão entre os estudantes de Sócrates sobre a natureza do eros. Philos, de Philia (φιλία): "amizade" no grego moderno, indica um amor virtuoso e desapaixonado. É o tipo de amor relacionado à amizade e companheirismo, onde não há a presença do eros. É descrito como o amor entre amigos e irmãos. Foi desenvolvido conceitualmente por Aristóteles, a incluir a lealdade aos amigos e à comunidade e requerendo igualdade e familiaridade. Esta é a única outra palavra para o “amor” usada nos textos antigos do Novo Testamento além de ágape, mas é usada substancialmente com menor frequência. Aristóteles diz que a philia é necessária como um meio para atingir a felicidade ("ninguém escolheria viver sem amigos mesmo se tiver todos os outros bens, a nobreza ou gentileza para si"). Agapē, de agápi (αγάπη): significa “amor” no grego moderno. A palavra foi usada de maneiras diferentes por uma variedade de fontes contemporâneas e antigas, incluindo os escritores da Bíblia. Muitos pensavam que essa palavra representava apenas o amor divino, incondicional, com auto sacrifício, pela vontade e pelo pensamento, embora também possa ser praticado por humanos inspirados por esse sentimento, mas em grau bem inferior, obviamente, em função das imperfeições e limitações humanas. Os filósofos gregos nos tempos de Platão e outros autores antigos usaram o termo para denotar uma afeição em contraste com philia (uma afeição que poderia ser encontrada entre amigos e de forma não sexual) e eros (uma afeição de natureza sexual e romântica). Aparece no Novo Testamento e descreve, entre outras coisas, o relacionamento entre Jesus e os seus discípulos. Na literatura bíblica, seus significados são ilustrados como auto sacrifício e a disposição de amor a todas as pessoas, amigos e inimigos, o 29


chamado amor ao próximo. Por causa do seu uso frequente no Novo Testamento, os escritores cristãos desenvolveram uma quantidade significativa de teologia baseada unicamente na interpretação desta palavra. Ludus: (em grego, seria αναψυχή, recreação, απλά να γελάσω, brincadeira). Esta era a ideia dos Gregos de amor divertido, que se referia à afeição divertida entre crianças ou jovens amantes. Todos tivemos um gosto dele no flerte e provocação nos estágios iniciais de um relacionamento. Mas também vivenciamos nosso ludus quando sentamos em roda em um bar contando piadas e rindo com amigos, ou quando saímos para dançar. Dançar com estranhos pode ser a mais fundamental atividade lúdica, quase um substituto divertido para o sexo em si. As normas sociais torcem o nariz para esse tipo de frivolidade adulta divertida, mas um pouco mais de ludus pode ser justamente o que precisamos para apimentar nossas vidas amorosas. Pragma: Outro amor Grego era pragma ou amor maduro. Este era o profundo entendimento que se desenvolvia entre casais de longo casamento. Tinha a ver com fazer acordos para ajudar o relacionamento a funcionar ao longo do tempo, e demonstrar paciência e tolerância. O psicanalista Erich Fromm disse que gastamos muita energia “caindo na paixão” e precisamos aprender mais como “ficar de pé no amor”. Pragma tem precisamente a ver com ficar de pé no amor – fazer um esforço para dar amor ao invés de apenas recebê-lo. Com as taxas de divórcio atualmente na casa dos 50 por cento, os Gregos certamente pensariam que deveríamos trazer uma dose séria de pragma para nossos relacionamentos. Philautia: A variedade final de amor era philautia ou auto amor. Os espertos Gregos perceberam que havia dois tipos. Um era uma variedade não saudável associada com narcisismo, onde você se tornava obcecado consigo, e focado em ganhar fama pessoal e fortuna. Uma versão mais saudável de philautia elevava a sua capacidade mais ampla de amar. A ideia era que se você gosta de si mesmo e se sente seguro em si mesmo, você terá amor suficiente para dar aos outros (hoje isto é refletido no conceito inspirado no Budismo de “autocompaixão”). Ou como disse Aristóteles, “Todos os sentimentos amigáveis por outros são uma extensão dos sentimentos do homem por si mesmo”. Storgé, de Storge (στοργή): "afeição" do grego moderno. É usada para indicar a afeição natural como aquela que os pais sentem pela prole. É considerado o mais benéfico dos afetos. Acontece especialmente na família, entre seus membros. Normalmente é a caracterizada como o amor dos pais aos filhos e outros membros do núcleo familiar. É o tipo de amor que nasce naturalmente, muitas vezes biologicamente e diferentemente de philia e eros, em que o amor aparece de formas circunstanciais. É um amor considerado "pronto", do nascimento. Fatores que determinam as amizades. O Homem tende a fazer amizades com os outros avaliando primeiro todo um conjunto de fatores que passam por:  Idade: Apesar de serem necessárias relações de amizade em qualquer faixa etária, estas são demonstradas e encaradas de forma totalmente distinta. Na infância, são grandes orientadoras do desenvolvimento cognitivo e socioafetivo, tendo um importante papel da construção da autonomia das crianças. Introduzem-se nas crianças os valores da lealdade, cooperação, afeição e segurança. Na adolescência, os amigos assumem um papel importantíssimo no processo de socialização e afirmação do indivíduo. As amizades assumem o maior grau de importância e funcionam como centro de apoio numa fase complicada da construção do indivíduo. Na fase adulta, os amigos não são tão relevantes como na adolescência. A não ser que já advenham de outras fases da vida, não é comum haver muita intimidade. São relações estruturadas e ocupam um lugar muito mais periférico do que a família que, entretanto, se forma. 30


 Género: Os homens e as mulheres têm formas diferentes de encarar a amizade. As mulheres são muito mais confidentes, íntimas e cúmplices do que a maioria dos homens.  Contexto Social: As amizades variam no espaço e no tempo e o significado que lhes atribuímos variam com o tempo e com a cultura em que nos inserimos.  Características individuais: normalmente, as pessoas tendem a procurar amigos que os entendam, que percebam as suas características psicológicas e que se enquadrem nelas. O papel das amizades no desenvolvimento e equilíbrio. As amizades têm grande influência no nível do crescimento e individuação do ser humano. As crianças estabelecem as primeiras relações de amizade na creche e é a partir daí que começam a interiorizar os conceitos de união, cooperação, interajuda e que começam a aprender as primeiras formas de defesa social. Os amigos, nesta fase, têm grande importância no desenvolvimento da criança e na estimulação da sua autonomia. Uma criança com amigos tornase sociável, extrovertida e feliz. À medida que crescem, os amigos vão adquirindo cada vez mais importância no equilíbrio do indivíduo. Na idade jovem, é a relação mais importante. Há uma enorme necessidade de amizades que funcionam como porto de abrigo, fonte de confidências, compreensão e diversão. É com os amigos que os jovens mais gostam de estar porque é com eles que se identificam e é com eles que se conseguem encontrar enquanto pessoas e passar pelas situações que lhes conferirão a maturidade necessária à idade adulta. Um jovem sem amigos será um adulto frustrado, com imensas dificuldades nas relações interpessoais e comportar-se-á como um incompreendido. Normalmente, ou se fecha e se torna um adulto reservado, ou se esconde atrás da sua insegurança comportando-se imaturamente, com laivos infantis e de desinteresse pelas regras e pelos outros. Na fase adulta, os amigos perdem parte da sua importância porque tendemos a refugiarmo-nos mais na família que criamos recentemente. No entanto, é importante manter relações de amizade, seja com amigos de longa data, seja com amigos do trabalho ou do infantário do filho. Isto porque a vida familiar e a vida laboral têm sempre os seus problemas e os adultos também precisam de um confidente que não o companheiro e de diversão que não seja em família. Quando chegam os problemas no lar, na intimidade ou no emprego, é importante ter pessoas com quem desabafar e com quem arranjar força e soluções para resolvê-los. Da mesma forma que nas outras faixas etárias, a falta de amigos leva à introversão do indivíduo, à depressão e, muitas vezes, à arrogância e afastamento dos outros como meio de proteção. Assim, é essencial manter relações de amizade durante toda a vida de modo a que possamos crescer em harmonia, equilíbrio e interação com os outros.

Aula 11- Estereótipo e preconceito Estereótipo é o conjunto de crenças que dá uma imagem simplificada das características de um grupo ou dos membros dele. São crenças a propósito de características, atributos e comportamentos dos membros de determinados grupos, são formas rígidas e esquemáticas de pensar que resultam dos processos de simplificação e que se generalizam a todos os membros do grupo. «Os brasileiros são alegres», «As mulheres têm um sexto sentido apurado», «Os indianos são inteligentes». Preconceito é a atitude que envolve um pré-juízo, pré-julgamento, na maior parte das vezes negativo, relativamente a pessoas ou grupos.

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Embora o preconceito também esteja assente na categorização social, difere do estereótipo porque para além de atribuir as características ao grupo, ainda as avalia, emitindo, na maior parte dos casos, juízos negativos a esse respeito. No entanto, é possível relacionar os dois conceitos na medida em que o estereótipo fornece os elementos cognitivos de um grupo e o preconceito lhes acrescenta a componente afetiva, crítica, valorativa. Relação entre preconceitos e discriminação O preconceito é uma atitude que envolve um pré-juízo, um pré-julgamento, na maior parte das vezes negativo, relativamente a pessoas ou grupos sociais. O nosso comportamento pode refletirse numa opinião que verbaliza um desejo. O preconceito pode refletir-se num comportamento mais ativo concretizando atos de discriminação. A discriminação designa o comportamento dirigido aos indivíduos vidados pelo preconceito. Na base da discriminação está o preconceito, que sendo uma atitude sem fundamento, injustificado, dirigida a grupos e aos seus membros, geralmente desfavorável, pode conduzir a discriminação. Contudo, não se pode confundir discriminação com preconceito: enquanto este é uma atitude, a discriminação é o comportamento que decorre do preconceito. Então, o tipo de discriminação está ligado ao preconceito que lhe esta subjacente. Sugestão de vídeo: https://youtu.be/7m-yuzFljpc https://youtu.be/yYLaXcV-Srg

Aula 12- O namoro

Precisamos compreender que nossas expectativas são formadas a partir de nossos desejos e fantasias e, não possuem, muitas vezes, nenhuma relação com a realidade. Nossas expectativas estão ligadas à nossa imaginação e por isso podem assumir proporções muito difíceis de serem atendidas. As expectativas são nossas, mas podem depender de ação de outras pessoas e acontecimentos para se concretizarem, portanto estamos esperando por algo sobre o qual não temos controle efetivo. Expectativas estão associadas à imaginação, sentimentos, emoções e experiências anteriores. Expectativas sofrem a ação da nossa ansiedade e dos outros aspectos psicológicos que compõe a nossa personalidade. Fonte: Extraído de (www2.uol.com.br ) 32


Para quem ama de verdade é bem mais fácil tentar corrigir os pequenos defeitos da sua cara metade, do que terminar tudo e apostar numa outra relação. Há muita gente que pensa que não tem qualquer defeito, nem tem nada a mudar e que é o seu namorado (a) quem se deve adaptar à sua forma de ser, este pensamento é errado e deve ser repensado em benefício do relacionamento. Existe sempre algo que pode mudar para se tornar um (a) melhor amante, amigo (a) e companheiro (a). À medida que o amor se intensifica e o convívio se desenvolve, começamos a reparar em certos pormenores comportamentais no nosso par que não nos agradam particularmente, mudanças de comportamento no namoro são essenciais para o seu sucesso, especialmente se estiverem a pensar em morar juntos. Não há nada a temer pois o amor ultrapassa todas adversidades e conflitos relacionados com maus hábitos, personalidade e forma de ser, no entanto é sempre mais fácil conhecer bem uma pessoa antes de apostar num namoro, daí que o ideal é procurar alguém que combine o máximo possível com aquilo que você procura. Se o seu namorado ou namorada exigem demasiadas mudanças de si, é importante comunicarem abertamente acerca do assunto e decidir se as alterações de comportamento são assim tão importantes para o vosso amor. Mediante o sacrifício que lhe for exigido, terá de comparar o quanto gosta do seu par atual e escolher se vale a pena mudar, uma vez que não faz sentido alterar toda a sua personalidade apenas para agradar, é criar um equilíbrio perfeito entre a sua forma de ser e a adaptação ao seu novo amor. Ninguém gosta de uma pessoa que se recusa ou é incapaz de se adaptar à evolução natural de uma relação amorosa e às crescentes responsabilidades. A sustentabilidade de uma relação reside em estarem ambos plenamente satisfeitos com ela, por isso não deixem de falar e procurem saber ceder um pouco em nome de um bem maior, o vosso amor. SUGESTÃO DE VÍDEO: https://youtu.be/Zt4us5SD--s

Cinco armadilhas do início de namoro

Achar que vai mudar o outro, adiar as conversas e deixar de lado os próprios interesses: armadilhas de início de namoro podem ser evitadas. Os erros, assim como os acertos, fazem parte de qualquer relação. Mas alguns equívocos comuns podem ser evitados para que o relacionamento seja satisfatório para o casal e se desenvolva de maneira saudável. Confira alguns deles a seguir. 33


• Abrir mãos dos próprios interesses Muitas vezes o namoro começa tão intenso que fica difícil prestar atenção em qualquer outra coisa que não seja o seu alvo de desejo. Assim, amigos, família e trabalho acabam ficando de lado. “O erro está em tornar-se uma pessoa desinteressante, que só sabe falar da própria relação com o parceiro, não tendo nada de novo e interessante para contar para ele no fim do dia”. “Ninguém quer viver com uma continuação de si próprio”, alerta Margareth Signorelli, coach de relacionamentos. “Nós admiramos e respeitamos pessoas que tenham seus compromissos, interesses próprios e que, muitas vezes, os coloquem como prioridade. Isso demonstra personalidade da parte delas e as torna atraentes”, completa. •Achar que ele (a) vai mudar Esse é um erro clássico dos relacionamentos. Quem nunca ignorou uma conduta muito incômoda do (a) parceiro (a) na esperança de que ele (a) mudaria no futuro? “Você pode tentar mudar alguns comportamentos simples, pedindo, por exemplo, que ele pare de colocar a toalha molhada em cima da cama ou deixe de jogar roupas no chão”, dizendo que não é possível fazer o mesmo com as características de personalidade de uma pessoa. “Tentar mudar isso vai te tornar uma pessoa repetitiva e frustrada”, diz. Para quem se depara com uma situação como essa, a coach de relacionamentos aconselha fazer uma lista com as cinco qualidades e os cinco defeitos do (a) parceiro (a), fazendo assim um balanço para ver ser o positivo compensa o negativo. “Isso ajuda a deixar claro na cabeça o que queremos e o que definitivamente não queremos de alguém”. .Cobrar demais do outro Quando se sentem inseguras a respeito do futuro da relação, é comum surgirem as cobranças excessivas sobre o (a) parceiro (a). Essa não é a melhor maneira de identificar as intenções de alguém. Segundo ela, o foco deve estar nos comportamentos e nos sinais que o outro nos envia, não apenas no que ele nos diz. “É fácil perceber se alguém está interessado em continuar um relacionamento. Basta prestar atenção, por exemplo, em comportamentos mínimos, como receber ligações com frequência, fazer planos para o final de semana ou mesmo ouvir com atenção o que você fala”, descreve a coach de relacionamentos. .Subestimar os conflitos As brigas não devem ser evitadas a qualquer custo numa relação. Pelo contrário, muitas vezes elas são uma maneira de manifestar e tentar resolver alguma insatisfação da vida a dois. Mas se no início do namoro esses embates entre o casal são constantes e muito intensos, é preciso ligar o sinal de alerta. “Perceba quais são os motivos dos conflitos e como eles são resolvidos”, indicando uma autoanálise para o casal. A coach de relacionamentos diz que nessa autoanálise é preciso identificar se a dinâmica entre o casal é baseada na confiança e numa comunicação saudável. “Se os conflitos não têm motivos claros e as resoluções acontecem sempre após exaustivas discussões, este é um grande indício de que esse será um relacionamento conturbado sempre”, explica. .Adiar a conversa inevitável Se o outro não dá sinais e muito menos diz o que quer da relação, não há outro jeito: é preciso solucionar essa dúvida por meio de uma conversa séria. “Não é bom ficar adiando eternamente esse papo. Uma hora ele precisa acontecer. Do contrário, você vai acabar ficando irritada e até agressiva com o (a) parceiro (a). É importante saber se os dois querem o mesmo da relação”. Mas a abordagem deve ser acertada. “Diga o que sente e não o que você espera que ele faça”, acrescentando que a conversa deve ser feita calmamente e não em tom de cobrança. “Você irá 34


mostrar que respeita os sentimentos dele, sugerindo que ele faça o mesmo com os seus”, prossegue a coach de relacionamentos. Independentemente dos erros e acertos, aponta-se quatro fatores fundamentais para uma relação dar certo: atratividade, compatibilidade, comunicação e mesma visão de futuro. “Se esses pontos não forem saudáveis, provavelmente, esse relacionamento não chegará a lugar algum e você estará perdendo seu tempo”, finaliza.

Aula 13- SEXUALIDADE, MITO E REPRESSÃO NA CULTURA A repressão sexual em outras culturas Voltemos à questão central do texto: a participação dos mitos de origem nos destinos da repressão sexual. Nessa perspectiva, é lícito supor que “a vida sexual” de uma sociedade – ou seja, as práticas sexuais às quais os seus membros se entregam, com os aspectos conscientes e inconscientes, com suas possibilidades, limites e proibições – será fortemente determinada pelo lugar atribuído à sexualidade nos mitos de origem. Na cultura ocidental, os mitos fundadores apresentam a sexualidade, sobretudo, a partir da “sexualização” do pecado original feita por Santo Agostinho, como responsável pela perda do paraíso, com todos os desdobramentos que se seguem, em particular, o lugar atribuído às mulheres. É necessário se fazer entender que a análise sobre repressão sexual em determinadas culturas seja feita com base nos mitos existentes entre elas, ou seja, nas justificativas que permeiam as gerações da sociedade, procurando justificar o que é certo, o que é errado e qual a origem das coisas. Sugestão de vídeo: https://youtu.be/fnw7yB7tYkU

Aula 14- JUNG, O INCONSCIENTE COLETIVO E OS ARQUÉTIPOS Carl Gustav Jung nasceu na Suíça a 26 de julho de 1875. A concepção de Jung sobre o inconsciente pessoal é semelhante ao inconsciente da teoria psicanalítica. O inconsciente pessoal é composto de memórias esquecidas, experiências reprimidas e percepções subliminares. Jung formulou também o conceito de inconsciente coletivo, também conhecido como impessoal ou transpessoal. Seus conteúdos são universais e não-estabelecidos em nossa experiência pessoal. Este conceito constitui, talvez, a maior divergência em relação a Freud, e ao mesmo tempo, sua maior contribuição à Psicologia. Jung escreve que nós nascemos com uma herança psicológica, que se soma à herança biológica. Ambas são determinantes essenciais do comportamento e da experiência. Exatamente como o corpo humano representa um verdadeiro museu de órgãos, cada qual com sua longa evolução histórica, da mesma forma deveríamos esperar encontrar também, na mente, uma organização análoga. Nossa mente jamais poderia ser um produto sem história, em situação oposta ao corpo, no qual a história existe. Nossa mente inconsciente, assim como nosso corpo, é um depositário de relíquias do passado. O inconsciente coletivo é constituído por conteúdos formados de maneira pessoal; não são aquisições individuais, são essencialmente os mesmos em qualquer lugar e não variam de homem para homens. Este inconsciente é como o ar, que é o mesmo em todo lugar, é respirado por todo o mundo e não pertence a ninguém. Seus conteúdos 35


(chamados arquétipos) são condições ou modelos prévios da formação psíquica em geral. Dentro do inconsciente coletivo há "estruturas" psíquicas ou arquétipos. Tais arquétipos são formas sem conteúdo próprio que servem para organizar ou canalizar o material psicológico. Jung também chama os arquétipos de imagens primordiais, porque eles correspondem frequentemente a temas mitológicos que reaparecem em contos e lendas populares de épocas e culturas diferentes. Uma extensa variedade de símbolos pode ser associada a um dado arquétipo. Por exemplo, o arquétipo materno compreende não somente a mãe real de cada indivíduo, mas também todas as figuras de mãe, figuras nutridoras. Isto inclui mulheres em geral, imagens míticas de mulheres (tais como Vênus, Virgem Maria e Mãe Natureza) e símbolos de apoio e nutrição, tais como a Igreja e o Paraíso. O arquétipo materno inclui não somente aspectos positivos, mas também negativos, como a mãe ameaçadora, dominadora ou sufocadora. Na idade média, por exemplo, este aspecto do arquétipo estava cristalizado na imagem da bruxa. Referência: Teorias da Personalidade, 1939. James Fadiman, Robert Frager . Sugestão de vídeo: https://youtu.be/FUG3DXZcvks

Jean-Paul Charles Aymard Sartre (Paris, 21 de junho de 1905 — Paris, 15 de abril de 1980) foi um filósofo, escritor e crítico francês, conhecido como representante do existencialismo. Acreditava que os intelectuais têm de desempenhar um papel ativo na sociedade. Era um artista militante, e apoiou causas políticas de esquerda com a sua vida e a sua obra. Repeliu as distinções e as funções problemáticas e, por estes motivos, se recusou a receber o Nobel de Literatura de 1964. Sua filosofia dizia que no caso humano (e só no caso humano) a existência precede a essência, pois o homem primeiro existe, depois se define, enquanto todas as outras coisas são o que são, sem se definir, e por isso sem ter uma "essência" que suceda à existência. Sugestão de vídeo: https://youtu.be/uL4UVvN5C6g

O Em-si É importante postular que a forma como Sartre entende aquilo que ele batiza de "Em-si", termo emprestado de Hegel, é diferente daquilo que outros pensadores da existência, como Heidegger, irão compreender o mesmo campo. Segundo o existencialismo sartriano, o mundo é povoado de "Em-si". Podemos entender um Emsi como qualquer objeto existente no mundo e que não é nada além daquilo que é. Este modo de aparição do ser, que não é o único, é fundamentado em três características: o ser é, o ser é o que é, o ser é em-si. Estas três características poderíamos resumir dizendo que este ser é opaco a si mesmo, absoluta plenitude de ser, retomando, segundo Gerd Bornheim, a ideia de um ser esférico presente em Parmênides, que não pode ser penetrado por nada externo a ele. A grosso modo, podemos dizer que possuem o modo de ser do em-si todos aqueles "objetos", que não possuem consciência, que não se fundam na alteridade, na presença do outro. Um ser em-si não tem potencialidades nem consciência de si ou do mundo. Ele apenas é.

O Para-si A consciência humana é um tipo diferente de ser, por possuir conhecimento a seu próprio respeito e a respeito do mundo. É uma forma diferente de ser, chamada "Para-si". 36


É o "Para-si" que faz as relações temporais e funcionais entre os seres "Em-si", e ao fazer isso, constrói um sentido para o mundo em que vive. O "Para-si" não tem uma essência definida. Ele não é resultado de uma ideia pré-existente. O existencialismo sartriano desconsidera a existência de um criador que tenha predeterminado a essência e os fins de cada pessoa. É preciso que o "Para-si" exista, e durante essa existência ele define, a cada momento o que é sua essência. Cada pessoa só tem como essência imutável, aquilo que já viveu. Posso saber que o que fui se definiu por algumas características ou qualidades, bem como pelos atos que já realizei, mas tenho a liberdade de mudar minha vida deste momento em diante. Nada me compete a manter esta essência, que só é conhecida em retrospecto. Podemos afirmar que meu ser passado é um "Em-si", possui uma essência conhecida, mas essa essência não é predeterminada. Ela só existe no passado. Por isso se diz no existencialismo que "a existência precede e governa a essência". Por esta mesma razão cada Para-si tem a liberdade de fazer de si o que quiser. Liberdade em Sartre Sartre defende que o homem é livre e responsável por tudo que está à sua volta. Sartre dizia "Somos inteiramente responsáveis por nosso passado, nosso presente e nosso futuro". Em Sartre, temos a ideia de liberdade como uma pena, por assim dizer. "O homem está condenado a ser livre". Se, como Nietzsche afirmava, já não havia a existência de um deus que pudesse justificar os acontecimentos, a ideia de destino, passava a ser inconcebível, sendo então o homem o único responsável por seus atos e escolhas. Para Sartre, nossas escolhas são direcionadas por aquilo que nos aparenta ser o bem, mais especificamente por um engajamento naquilo que aparenta ser o bem e assim tendo consciência de si mesmo. Em outras palavras, para o autor, o homem é um ser que "projeta tornar-se deus". Segundo o comentário de Artur Polônio, "se a vida não tem, à partida, um sentido determinado, não podemos evitar criar o sentido da nossa própria vida". Assim, "a vida obriga-nos a escolher entre vários caminhos possíveis [mas] nada nos obriga a escolher uma coisa ou outra". Assim, dentro dessa perspectiva, recorrer a uma suposta ordem divina representa apenas uma incapacidade de arcar com as próprias responsabilidades. Sartre não nega por completo o determinismo, mas determina o ser humano através da liberdade, no fim das contas, não somos livres para não ser livres. Não é deus, nem a natureza, tampouco a sociedade que nos define, quem define o que somos por completo ou nossa conduta. Somos o que queremos ser, o que escolhemos ser; e sempre poderemos mudar o que somos. O quem irá definir. Os valores morais não são limites para a liberdade. Em sua conferência "O existencialismo é um humanismo", Sartre afirma que o ser humano é o único nesta condição; nós existimos antes que nossa essência seja definida. Esse seria um dos preceitos básicos do existencialismo. Assim, o autor nega a existência de uma suposta "essência humana" (pré-concebida), seja ela boa ou ruim. As nossas escolhas cabem somente a nós mesmos, não havendo, assim, fator externo que justifique nossas ações. O responsável final pelas ações do homem é o próprio homem. Nesse sentido, o existencialismo sartriano concede importante relevo à responsabilidade: cada escolha carrega consigo a obrigação de responder pelos próprios atos, um encargo que torna o homem o único responsável pelas consequências de suas decisões. E cada uma dessas escolhas provoca mudanças que não podem ser desfeitas, de forma a modelar o mundo de acordo com seu projeto pessoal. Assim, perante suas escolhas, o homem não apenas torna-se responsável por si, mas também por toda a humanidade. Essa responsabilidade é a causa da angústia dos existencialistas. Essa angústia decorre da consciência do homem de que são as suas escolhas que definirão a sua essência, e mais, de que essas escolhas podem afetar, de forma irreversível, o próprio mundo. A angústia, portanto, vem da própria consciência da liberdade e da responsabilidade em usá-la de forma adequada. 37


Sartre nega, ainda, a suposição de que haja um propósito universal, um plano ou destino maior, onde seríamos apenas atores de um roteiro definido. Isto implica que apenas nós mesmos definimos nosso futuro, através de nossa liberdade de escolha. Porém, Sartre não se restringe em "justificar" a angústia dos existencialistas, fruto da consciência de sua responsabilidade, mas vai além, e acusa como má-fé a atitude daqueles que não procedem de tal forma, renunciando, assim, a própria liberdade. De acordo com o autor, a má-fé é uma defesa contra a angústia criada pela consciência da liberdade, mas é uma defesa equivocada, pois através dela nos afastamos de nosso projeto pessoal, e caímos no erro de atribuir nossas escolhas a fatores externos, como Deus, os astros, o destino, ou outro. Nesse sentido, Sartre considerava também a ideia freudiana de inconsciente como um exemplo de má-fé. Podemos dizer, então, que para os existencialistas a má-fé compreendia a mentira para si próprio, sendo imprescindível para o homem abandonar a má-fé, passando então a condição de ser consciente e responsável por suas escolhas. Ao fazer isso, o homem passa, invariavelmente, a viver num estado de angústia, pois deixa de se enganar, mas em compensação retoma a sua liberdade em seu sentido mais pleno. O outro As outras pessoas são fontes permanentes de contingências. Todas as escolhas de uma pessoa levam à transformação do mundo para que ele se adapte ao seu projeto. Mas cada pessoa tem um projeto diferente, e isso faz com que as pessoas entrem em conflito sempre que os projetos se sobrepõem. Mas Sartre não defende, como muitos pensam, o solipsismo. O homem por si só não pode conhecer-se em sua totalidade. Só através dos olhos de outras pessoas é que alguém consegue se ver como parte do mundo. Sem a convivência, uma pessoa não pode perceber-se por inteiro. "O ser Para-si só é Para-si através do outro", ideia que Sartre herdou de Hegel. Cada pessoa, embora não tenha acesso às consciências das outras pessoas, pode reconhecer nelas o que têm de igual. E cada um precisa desse reconhecimento. Por mim mesmo, não tenho acesso à minha essência, sou um eterno "tornar-me", um "vir-a-ser" que nunca se completa. Só através dos olhos dos outros posso ter acesso à minha própria essência, ainda que temporária. Só a convivência é capaz de me dar a certeza de que estou fazendo as escolhas que desejo. Daí vem a ideia de que "o inferno são os outros", ou seja, embora sejam eles que impossibilitem a concretização de meus projetos, colocando-se sempre no meu caminho, não posso evitar sua convivência. Sem eles o próprio projeto fundamental não faria sentido Sobre a moral sem Deus Sartre responde a isso na conferência "O existencialismo é um humanismo" em que afirma que o existencialismo não pode ser refúgio para os que procuram o escândalo, a inconsequência e a desordem. O movimento, segundo este texto, não defende o abandono da moral, mas a coloca em seu devido lugar: na responsabilidade individual de cada pessoa. O existencialismo reconhece, assim, a possibilidade de uma moral laica em que os valores humanos existem sem a necessidade da existência de Deus. A moral existencialista pretende que as escolhas morais não sejam determinadas pelo medo da punição divina, mas pela consciência da responsabilidade. Sugestão de vídeo: https://youtu.be/_yNP9n_YK8o

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Aula 15- A Filosofia existencial cristã Gabriel Honoré Marcel (7 de dezembro de 1889, Paris – 8 de outubro de 1973, Paris) foi um filósofo, dramaturgo e compositor francês ligado à tradição fenomenológico-existencial. É um pensador que, desde o início de século, influenciou toda uma geração de intelectuais como Paul Ricoeur, Merleau-Ponty, Jean-Paul Sartre, Lévinas, entre outros. Marcel situa o seu pensamento como neo-socrático ou socrático-cristão Motivos fundamentais do pensamento filosófico A defesa da singularidade irrepetível do existente e do mistério do ser, contra o racionalismo que pretende reduzir a existência à experiência conhecida pelo método da verificação empírica; Reconhecimento da inobjetividade fundamental do sentido corpóreo. O homem é um ser encarnado. Analisa a proposição “eu existo” e segundo ele, a reflexão metafísica revela que esta proposição significa “eu sou o meu corpo”. Corpo que não é só a matéria visível, mas também a intimidade – concretização do eu, isto é, a individualização do existir. A pesquisa do homem encarnado de Marcel orienta-se para a descoberta de um sentido para a vida, o qual é sempre o sentido da minha vida. Recusar-se a esclarecer o sentido da vida é renunciar a própria identidade profunda, é dissolver-se no Ter. O Ter e o Ser Esta distinção é fundamental na ontologia de Marcel. Ter diz respeito a coisas que me são externas e que de mim não dependem, embora eu seja proprietário e delas me disponho. Ser é fonte de alheamento: os objetos que possuímos possuem significados que ameaçam tragar-nos. Os que estão apegados ao Ter estão prestes a sofrer de deficiência ontológica com a perda do Ser. Para quem vive na dimensão do Ter todas as coisas são problemas. Exemplo: Dom Juan vive na zona do Ter: vê a mulher do ponto de vista da posse sem poder saciar-se com nenhuma. O corpo e o Ter-típico: é a exterioridade em comunicação com o “eu” interior. Entre a realidade e mim, o corpo é mediador absoluto. O corpo é a primeira coisa possuída. O Ser tem a primazia na pesquisa metafísica em relação ao pensamento e ao Ter. Não há e não pode haver passagem do pensamento ao ser; esta passagem é impensável; o pensamento já está no ser e não pode sair dele, não pode fazer abstração dele. É necessário dizer que o pensamento é interno ao ser, que ele é certa modalidade do ser. O pensamento está para o ser assim como os olhos para a luz. O Ser tem primazia sobre o Ter. O Ter é aquilo que é objetivável, é a exteriorização do Ser, ele é o coisificar-se do Ser, o seu vir para fora. O Ter, acentuando a si mesmo anula o Ser; mas tornando-se instrumento, subirá ao plano do Ser. Somente assim é que poderemos abordar o Ser sem transformá-lo em Ter, em objeto, em espetáculo, em suma, a relação Ser-Ter é uma relação de essencial tensão dialética na qual o Ser está sempre ligado ao Ter e deve purificá-lo, não se deixando absorver por ele, mas orientando-o para si. O Ser e a Fidelidade O Ser é o lugar da fidelidade e se faz presente na fidelidade. Marcel entrevê que a fidelidade não é fidelidade a si mesmo, mas do Ser sobre os outros. Nietzsche diz que o homem é o único animal que faz promessas e que a fidelidade é a mais jovem das virtudes. O ser humano tem a faculdade de obrigar-se a si mesmo. Se prometo algo sob certa situação de desejo e noutro momento mudo o meu desejo, me forço a cumprir a promessa apesar de. Prometi ante mim mesmo. A fidelidade implica uma participação do Ser no que excede minha vida e suas situações. 39


O Ser é disponibilidade Estar indisponível é estar ocupado de si mesmo, é estar fechado para os outros é só estar ocupado consigo mesmo, com sua saúde, fortuna, êxito, etc. O indisponível está sempre inquieto e isto o põe em insegurança, medo e cuidado. Na raiz da inquietude Marcel vê uma desesperança. Está fechado por trás dos muros de si mesmo e não pode esperar de mais ninguém. Desta maneira de ser, indisponível, se compreende as raízes metafísicas do pessimismo. O Ser verdadeiro é participação, é disponibilidade, júbilo, esperança, amor e fidelidade que são antídotos para o pessimismo e a indisponibilidade. Todas elas implicam exceder-se rumo a um mais participado: Deus. O problema e o mistério O problema é algo que encontro diante de mim, que posso objetivamente delimitar e reduzir. Mistério é algo em que meu próprio ser está implicado e comprometido. Diante do problema sou espectador, no mistério eu mesmo sou ator. Problema é, simplesmente um dado externo que me é proposto enquanto mistério não está inteiramente ante mim. Todo sobrenatural é mistério, mas nem todo mistério é sobrenatural. Marcel afirma que só os mistérios interessam à filosofia e estão fora do alcance do conhecimento objetivo. A fé “Toda fé autêntica está enraizada no ser e no mistério”. O indivíduo só se realiza quando reafirma a transcendência de Deus e sua própria condição de criatura de Deus. A fé se converte então no ato ontológico mais significativo. Não existe o problema de Deus, isso implica tratar Deus como objeto, como ausente. Não falamos de Deus, mas com Ele. Deus é presença absoluta. Deus só me pode ser dado como presença absoluta na adoração. Para Marcel crer é sentir-se como no interior de Deus. Contudo a relação ao Eu Creio com a divindade, não pode ser pensada, pois trataria o crente como sujeito e a divindade como objeto. Esta relação estaria contida em um ato de fé. Ato que supõe mais do que a subjetividade. O pensar em Deus é encarado como uma relação absolutamente incluída no ato de fé. Deus é o tu absoluto. O outro absoluto. E na fé, agora chamada invocação, eu construo a realidade do meu espírito, a minha realidade do sentir-me sendo no interior da divindade. Diz Marcel: “Eu sou mais quanto mais Deus é para mim. A crença em Deus é um modo de ser e não opinião sobre a existência de uma pessoa”. Esta transformação, plenitude que sobrevém à invocação, esta participação no amor é o ser – a forma mais alta da realidade. Este ser fala a linguagem da intimidade, de ser possuído, da plenitude, da saborosa ligação, vínculo, afeto e comunhão. Gabriel Marcel é considerado um dos maiores pensadores e filósofos franceses da época. O Deus de Marcel não é objeto susceptível de demonstração objetiva (racionalismo) nem uma mera função (subjetivismo), mas o “Indemonstrável Absoluto”. O drama da existência humana é um encontro pessoal entre Deus e o eu e alterna entre o sim e o não, entre a fidelidade e a infidelidade, entre o amor e o ódio e ao homem é dado o poder único de decidir, afirmar ou negar. O dilema sempre persiste como a essência de sua liberdade. Sugestão de vídeo: https://youtu.be/7bN9UROLA6g

Arthur Schopenhauer (1788 - 1860) Schopenhauer revestiu à vontade com a essencialidade metafísica, daí um dos pontos de discordância de Nietzsche. O elementar existente em toda vida é a vontade. Mas o que é a 40


vontade? A vontade é um impulso cego presente em todos os seres vivos, ela não é acessível à razão, mas se mostra através da razão. O objetivo da vontade não é senão a satisfação, que também não é da ordem cognoscente. Porém o mundo não permite que essa vontade seja satisfeita em sua plenitude, há obstáculos demais, de tal forma que é exatamente nesse contexto que devemos entender o mundo como sendo sofrimento e dor para Schopenhauer. Não há nenhuma forma de satisfação da vontade em sua integridade, quando não muito um pouco de gozo, mas que tão logo dissipa no surgimento de outras necessidades. É nesse movimento incessante pela busca de satisfação, sendo ela jamais obtida de forma integral, que a vida é uma sucessão de sofrimentos com alguns pontos de prazer. São na alternância entre sofrimento e prazer, desejos e decepções que surgem com o devir que a vontade se manifesta. A vida em total equilíbrio é impossível, a vontade é movimento constante em busca da satisfação, é o nascer e o perecer incessantemente sendo renovado. Nesse sentido, somos eternos, pois sendo vontade a essência da vida para Schopenhauer, ela é sempre sucessão infinita presente na Vida, um eterno ciclo renovável. A vontade reside fora do campo das aparências e não habita o espaço-temporal. Somente no corpo é que podemos perceber as suas manifestações em essência, para Schopenhauer, o homem é vontade. Mas se habitamos um espaço-temporal, isto é, fora das acomodações da vontade, como ela se apresentará no mundo? A vontade se apresenta pelas representações. Como anseio ávido, impulso básico e cego da espécie, ela se objetiva através do mundo das ideias. É por meio do princípio da individuação e da razão que a vontade usa “roupagens” múltiplas para ser-no-mundo. A representação se mostra como expressão da vontade disfarçada que disputa a matéria em um espaço-temporal. Freud, na construção do inconsciente, apoiou-se fundamentalmente na filosofia de Schopenhauer. Nietzsche, como já dito, também se apropriou da vontade, porém, desvestida de essência e verdade, e para além de sua função cega e negativa da vida, fez da vontade a força criadora que permite ao homem fazer de si uma obra de arte ou se quebrar nela mesma: a vontade de potência. É ingênuo atribuir a Schopenhauer o termo pessimista tal como ele costuma ser significado para nós: fazendo oposição à felicidade inventada pelos homens modernos, que tem como essência a crença em um terno estado de perfeito gozo ou a leviana ideia de que somente “pensamentos positivos” devem fazer parte do nosso itinerário. Schopenhauer oferece nada mais que uma interpretação para a vida. Uma vida que é vontade cega num devorar-se a si mesma, sem cessar. A dor e a destruição são intrínsecas a essa vida, pois a vontade é indiferente à individuação, de tal forma que ela necessariamente acarreta o sofrimento do outro e de si. Um corpo habitado pela vontade não vê outro senão como inanimado, um meio para satisfação como qualquer objeto, decorrendo daí, tal como em Hobbes, uma natureza onde o homem é o lobo do homem. Com essa ideia terrível de vida, Schopenhauer não está sentenciando a vida no conformismo, não está dizendo para nós fazermos guerra uns com os outros. Conhecendo essa vontade cega que reside nos subterrâneos da nossa existência, para Schopenhauer, podemos buscar formas mais satisfatórias de relacionamento com o mundo e com as outras vontades, isto é, com os outros seres vivos. 41


Como caminhos possíveis que Schopenhauer nos oferece para escapar do incessante devorar-se a si mesmo imposto pela vontade, há a contemplação estética e o ascetismo. O primeiro é a possibilidade de o homem transcender sua percepção de mundo, libertar-se do desejo e, temporariamente, contemplando a aparência do belo, suprimir o sofrimento. A arte, por excelência, é para Schopenhauer um meio para contemplação capaz de ofuscar à vontade. A contemplação pura da arte, descompromissada, faz o sujeito perder-se de si, ela é independente do princípio da razão e atemporal. Por meio da arte o homem pode “apagar”, momentaneamente, o mundo que é sofrimento e trazer a visão confortante da percepção artística. Sugestão de vídeo: https://youtu.be/mTkWDlb-mXE Fonte:www.eternoretorno.com/a-filosofia-de-schopenhauer

Essa cadeia de geração de vontade e sofrimento só pode ser superada através da arte. Na experiência estética o homem se anula como vontade esquecendo-se de si mesmo e do seu sofrimento. Sentenças: - A vida é luta contínua pela existência, com a certeza da derrota final. - A vida é um velejar em direção ao naufrágio. - A vida é necessidade e dor. - A vida oscila entre a dor e o tédio. - Dos sete dias da semana, seis são de dor e necessidade e um é de tédio. - O homem é o único animal que faz os outros sofrerem só para os ver sofrer. - O homem sente prazer com o mal alheio. - Na vida humana a infelicidade é a regra. - A vida é esmola que prolonga a vida para seguirmos no tormento. - A história é acaso cego e o progresso é ilusão. fonte:www.filosofia.com.br Aula 16- SOCIOPATIA X PSICOPATIA Muitos psicólogos forenses e criminologistas usam os termos sociopatia e psicopatia indistintamente. Muitos especialistas discordam sobre se há diferenças significativas entre as duas condições. Veremos algumas distinções significativas entre eles. A quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), divulgado pela Associação Americana de Psiquiatria em 2013, relaciona tanto sociopatia e psicopatia sob o título de Transtornos da Personalidade Antissocial (TPAS). Esses transtornos compartilham muitos traços comportamentais comuns que levam à confusão entre eles. Características que tanto os sociopatas quanto os psicopatas apresentam incluem:    

Desrespeito pelas leis e costumes sociais Desrespeito pelos direitos dos outros Incapacidade de sentir remorso ou culpa Tendência a apresentar um comportamento violento

Além de suas semelhanças, tanto os sociopatas quanto os psicopatas também têm características comportamentais que os diferenciam. Os sociopatas tendem a ficar nervosos e facilmente agitados. Eles são voláteis e propensos a explosões emocionais, incluindo acessos de raiva. Eles são susceptíveis de ser ignorantes e viver à margem da sociedade, incapazes de manter um emprego estável ou ficar em um lugar por muito tempo. 42


É difícil, mas não impossível para um sociopata formar ligações com os outros. Muitos sociopatas são capazes de formarem vínculos com um indivíduo ou grupo particular, embora eles não tenham nenhuma consideração com a sociedade em geral, ou com as suas regras. Aos olhos dos outros, o sociopata parecerá muito perturbado. Quaisquer crimes cometidos por um sociopata, incluindo assassinato, tenderão a ser casual e espontâneo, em vez de planejado. Psicopatas, por outro lado, são incapazes de formar ligações emocionais ou sentir empatia real com outros, embora muitas vezes eles tenham personalidades encantadoras. Psicopatas são muito manipuladores e podem facilmente ganhar a confiança das pessoas. Eles aprendem a imitar emoções, apesar de sua incapacidade de realmente senti-las, e vão parecer normais para pessoas inocentes. Psicopatas são muitas vezes bem-educados e mantêm empregos estáveis. Alguns são tão bons em manipulação e mimetismo que têm famílias e outros relacionamentos de longo prazo, sem que aqueles que o rodeiam suspeitem da sua verdadeira natureza. Quando cometem crimes, os psicopatas planejam cuidadosamente cada detalhe com antecedência e muitas vezes têm planos de contingência em vigor. Ao contrário de suas contrapartes sociopatas, criminosos psicopatas são frios, calmos e meticulosos. Psicopatia é o mais perigoso de todos os transtornos de personalidade antissocial por causa da maneira que os psicopatas dissociam suas emoções das suas ações, independentemente de quão terríveis sejam. Muitos serial killers prolíficos e notórios, incluindo o falecido Ted Bundy e John Wayne Gacy, e Dennis Rader (“Bind, Torture, Kill” ou BTK) são psicopatas sem remorso. Assassinos psicopatas visualizam suas vítimas inocentes como objetos desumanos a serem abusados para sua diversão. A palavra "psicopata" designa, a rigor, um indivíduo clinicamente perverso, com personalidade psicopática. A psicopatia é um distúrbio mental grave caracterizado por um desvio de carácter, isto é, ausência de sentimentos genuínos, frieza, insensibilidade, manipulação, egocentrismo e falta de remorsos. Apesar de ser mais frequente em indivíduos do sexo masculino também se conhecem casos de mulheres afetadas, embora não possuam características tão específicas como as dos homens. Por vezes, a psicopatia é também denominada de sociopatia; cientificamente, a doença é classificada como sendo um transtorno de personalidade antissocial. Os assassinos em série são, normalmente, indivíduos com boa aparência, bem-sucedidos, membros ativos da comunidade - cidadãos responsáveis à primeira vista. Geralmente demonstram três comportamentos durante a infância, conhecidos como "Mcdonald triad" (tríade Macdonald): urinam na cama, provocam incêndios e são cruéis com animais. Ainda em criança, tem tendência a destruir propriedades, a masturbação compulsiva, isolamento social, mentiras crônicas, rebeldia, pesadelos constantes, acessos de raiva exagerados, fobias, dores de cabeça constantes e automutilações. A maioria das pessoas é incapaz de perceber como é possível existirem seres humanos com uma personalidade antissocial e criminosa, como a de um serial killer. A personalidade dos psicopatas é frequentemente descrita como se tratando de um encantamento superficial e manipulador, as mentiras sistemáticas e o comportamento fantasioso são recorrentes, bem como a ausência de sentimentos afetuosos, a amoralidade, a impulsividade e a incorrigibilidade. No entanto, existem diferentes tipos de psicopatas que, apesar de terem características das referidas em comum, diferem em alguns aspectos: •Amorais: Indivíduos insensíveis, arrogantes, antissociais ou perversos, destituídos de compaixão, de vergonha, de sentimentos de honra e conceitos éticos, que não sentem simpatia pelas pessoas do seu grupo social e que praticam condutas lesivas ao 43


bem-estar e à ordem estabelecida. Sendo inútil qualquer tipo de recuperação a estes indivíduos. •Astênicos: Sensitivos e assustadiços, insatisfeitos, perturbações das funções orgânicas. •Fanáticos: indivíduos que se caracterizam pela extrema importância que concedem a certas constelações idealistas, sejam relacionadas com a própria personalidade, sejam ligadas a determinados sistemas religiosos, filosóficos ou políticos. •Inseguros: Indivíduos marcados pela falta de confiança em si mesmos e pela sensação de insuficiência que os domina. São pessoas honestas, escrupulosas e de carácter impoluto. •Ostentativos: Indivíduos mentirosos mórbidos, afáveis, solícitos, inteligentes, simpáticos, instáveis, vaidosos, excêntricos, que procuram aparentar mais do que aquilo que na realidade são e que, quando descobertos na sua delinquência, costumam alegar amnésia ou ignorância. •Sexuais: Indivíduos que possuem perversões ou aberrações sexuais primitivas, caracterizadas tanto pela intensidade do instinto como pelo desvio deste em natureza e finalidade. •Reatividade Múltipla: Indivíduo em que os caracteres anormais exibem várias formas de reação psicótica, logo não é possível enquadrá-los em nenhum dos tipos descritos anteriormente. Os psicopatas são incapazes de aprender com a punição ou de modificar os seus comportamentos. Podem esconder, mas nunca suprimem; limitam-se a disfarçar, de forma inteligente, as suas características de personalidade. Para o especialista Robert Hare, a diferença entre sociopatia e psicopatia consiste unicamente na origem do transtorno: quando o distúrbio é originado a partir do próprio meio social (por exemplo, ter pais violentos, ter sido vítima de maus tratos), designa-se sociopatia; se o transtorno “nascer” com o indivíduo, então designa-se psicopatia. Estes autores consideram que psicopatia e sociopatia são, parcialmente, sinônimas. Sugestão de vídeo: https://youtu.be/j6jMrAL3ZzQ

Aula 17- PARAFILIAS Parafilias é uma palavra decorrente, da junção de para+philia; para significa “fora de” e philia, “amor”. O termo parafilias, é usado para substituir as chamadas “perversões sexuais”, essas que são consideradas experiências surpreendentes e, na maioria das vezes, grotescas. Ao falarmos de parafilias veremos um leque de subtemas que podemos abordar, mas, basicamente, é impossível não associarmos os transtornos sexuais, as perversões, os anseios sexuais, as fantasias, comportamentos sexuais intensos e variantes do erotismo. Traduzindo, são meios não tradicionais utilizados por algumas pessoas para que consigam ficar excitadas e/ou chegarem ao orgasmo, são práticas para obtenção de prazer, sem que seja caracterizado um transtorno. A quinta edição do Manual Diagnóstico dos Transtornos Mentais (DSM-V) considera que a parafilia não é, por si só, transtorno mental e a distingue do transtorno parafílico. As parafilias passam a ser consideradas como transtornos mentais quando causa sofrimento ou prejuízo ao indivíduo e, também, danos pessoais ou riscos de danos a outros. Tais atitudes parafílicas podem estar presentes em pessoas com vida sexual normal. A parafilia é apenas uma maneira alternativa de obter o prazer, sem que caracterize um transtorno mental. Para se tornar patológica, essa alternativa deve ser de grande intensidade e exclusiva (quando exclui o normal), e daí o parafílico não obtém ou sente prazer com outras maneiras de praticar a atividade sexual. Apenas uma pequena porcentagem da população tem ou realiza algum tipo de ritual parafílico, mas como essas atitudes são repetitivas e frequentes, é significativo o número de vítimas delas. Em geral as perversões sexuais são mais vistas em homens. Ainda que mostre alguma diversidade na obtenção do prazer, não podemos determinar como parafilia. Existem diferentes intensidades dessa variação do prazer como:

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Mínima – relaciona-se mais à fantasia espontânea do que ao ato propriamente dito, não perturbando as atividades sexuais convencionais; Acentuada – também acontece no nível da fantasia, mas, neste caso, o indivíduo é quem busca fantasiar, pois sabe que só assim conseguirá satisfazer às suas necessidades sexuais; Preferencial – expressão da fantasia em atos reais, que são eleitos como a forma preferencial ou única para obter excitação erótica, interferindo assim na atividade sexual convencional. Algumas parafilias estão descritas abaixo: Andromimetofilia: o homem que sofre de andromimetofilia prefere transar com mulheres que representem e se relacionem sexualmente como se fossem homens. Ginemimetofilia: parecido com a andromimetofilia. Mas nesse caso, a preferência é por homens que se relacionem eroticamente como mulheres. Autonepiofilia: a pessoa se excita ao fingir que é um bebê de fraldas e seu parceiro precisa tratala como tal. Já quando a pessoa finge que é uma criança, o caso é de infantilismo parafílico, e quando é uma adolescente, estamos falando de juvenilismo parafílico. IMAGEM Voyeurismo: são pessoas que gostam de observar pessoas nuas ou tendo relações sexuais, sem o consentimento destes. É um risco, e é isso que provoca a excitação nos voyeuristas. Enquanto assistem, eles se masturbam. Agalmatofilia: nesse caso, a excitação não é com pessoas, mas com a observação de uma estátua ou modelo representativo de pessoa nua. Quando acontece da pessoa não apenas observar, mas também usar a estátua, chamamos de pigmalionismo. Pictofilia: excitação obtida através da visualização de fotografias, imagens ou vídeos de atividades pornográficas ou obscenas, na presença do parceiro. OUTRO Exibicionista: Sabe aqueles homens nojentos que às vezes, seja na praia ou em um canto da rua, mostram seus órgãos genitais e começam a se masturbar? Pois é, esse é o chamado exibicionista, e geralmente são homens tímidos que têm medo de contato sexual e, para sentir prazer, precisam chocar mulheres desconhecidas. Algumas vezes, essas pessoas têm a fantasia de que o observador ficará sexualmente excitado, o que só aumenta sua própria excitação. Biastofilia: o indivíduo se excita quando, ao atacar uma pessoa desconhecida, esta aparenta estar aterrorizada. Frotteurismo: pessoas que tocam e se esfregam em uma pessoa sem seu consentimento, geralmente em locais de grande movimento. Ele esfrega seus genitais contra as coxas e nádegas ou acaricia com as mãos a genitália ou os seios da pessoa, fantasiando um relacionamento exclusivo e/ou carinhos com essa. Escatofilia: é quando a pessoa precisa ter conversas íntimas com pessoas conhecidas ou desconhecidas, com um linguajar vulgar. Também conhecida como telefonescaptofilia. Somnofilia: o indivíduo só consegue se excitar quando acorda um desconhecido fazendo-lhe carícias eróticas, até mesmo o sexo oral, mas sem que seja preciso o emprego da força ou violência. Narratofilia: A pessoa só obtém excitação se contar histórias eróticas ao parceiro, principalmente aquelas consideradas sujas, pornográficas ou obscenas. IDADE Pedofilia: Pedófilos são aqueles que se excitam com crianças ou pré-adolescentes, geralmente menor de 13 anos. Essa excitação pode ter natureza homossexual ou heterossexual e, 45


geralmente, são homens tímidos que não se satisfazem com mulheres adultas, mas com crianças eles se sentem no controle da situação. A pedofilia pode se limitar a atividade de despir e observar a criança, ou tocá-la e afagá-la, ou mesmo exibir-se e masturbar-se na presença dela. Efebofilia: atração por parceiros púberes ou adolescentes. Gerontofilia: atração sexual por parceiros muito mais velhos (com a idade de seus pais ou avós, por exemplo). ANIMAIS Zoofilia: praticar sexo com animais ou assistir momentos de cópula é o que dá prazer ao praticante da zoofilia. Pode parecer estranho, mas isso acontece em regiões rurais. Normalmente, a prática desaparece quando a pessoa inicia um relacionamento com humanos. Formicofilia: consiste na excitação através do contato com pequenos animais, tais como caracóis, rãs, formigas e outros insetos que deslizam, arrastam-se ou mordam os genitais, a região do períneo e os mamilos. OBJETOS Fetichismo: o fetichismo é um tipo de parafilia bastante comum, e nem sempre é prejudicial. Os meios que despertam o interesse sexual costumam ser calcinhas, soutiens, meias, sapatos, botas ou outras peças do vestuário feminino. O fetichista normalmente pede para que o parceiro use o objeto durante as relações, ou pode ter uma relação especial com tal objeto, como se masturbar enquanto o segura, esfregá-lo ou cheirá-lo. Algumas vezes, o objeto de fetiche pode ser partes do corpo – com tanto que não sejam diretamente ligadas ao sexo. Ou seja, mãos e pés podem ser um objeto de fetiche, mas não os seios ou a vagina. Hifefilia: é quando a pessoa fica excitada por meio do toque ou roçar na pele de materiais que sejam utilizados nas áreas eróticas do corpo, tais como pelo, couro e tecido. Misofilia: cheirar, mastigar ou realizar outra ação com roupas sujas, suadas ou com artigos de higiene menstrual é o que deixa o misófilo excitado. CHEIROS E EXCREÇÕES Olfatofilia: é a excitação a partir de odores das diferentes partes do corpo, principalmente os órgãos genitais. Coprofilia: Outra doidera da parafilia são as pessoas que gostam de um sexo com fezes, urina ou vômito. O indivíduo excita-se e obtém prazer através do contato com excrementos ou inalação de seu cheiro. Quando a estimulação erótica se dá através do cheiro da urina, pode ser chamada de renifleurismo; se a urina for ingerida, chama-se urofilia. MORTE E DOR Necrofilia: pessoas que tem preferência por ter relações sexuais com cadáveres. São considerados psicóticos. Acrotomofilia: preferência por pessoas que tenham alguma parte de seus corpos amputada, pois a excitação é proporcionada justamente pela falta daquela parte. Quando a excitação acontece quando um membro do próprio corpo é amputado, chama-se apotemnofilia ou amelotatista. Sadomasoquismo: geralmente, para que o ato sadomasoquista aconteça, precisa ter um sádico e um masoquista. Mas é possível que haja uma relação apenas de sadismo ou de masoquismo, e nesse caso o outro parceiro não necessariamente entra na dança. O sádico é quem sente prazer quando provoca dor, sofrimento e humilhação moral a outra pessoa, que pode ou não consentir. Essa dor pode ser desde pequenas dimensões, como tapas e palmadas, passando por chicote, queimaduras, cortes, estupro, até a morte. O importante é que esses atos não são simulados, mas sim reais. Já o masoquista fica excitado com sofrimento. 46


Algemas, roupas de couro e chicotes fazem parte da sua fantasia sexual. Assim como o sadismo, há o masoquismo “leve”, mas também há o masoquismo do tipo “heavy”. A mistura dessas duas práticas consiste no sadomasoquismo. Ora a pessoa causa a dor, ora a pessoa sofre. O sadomasoquismo de maneira leve é considerado uma prática comum. Asfixiofilia: também conhecido como hipoxifilia, é quando a pessoa tenta intensificar o estímulo sexual pela privação de oxigênio, seja através da utilização de um saco plástico amarrado sobre a cabeça ou de alguma técnica de estrangulamento. Estima-se que só nos Estados Unidos entre 500 a mil pessoas morram acidentalmente por ano vítimas desta prática. Autoasesinofilia: é a excitação relacionada à possibilidade de encenar ou manejar uma morte masoquista de si mesmo por assassinato. Erotofonofilia: quando o sujeito se excita com a possibilidade de matar o companheiro, sendo a morte o seu momento de orgasmo. Simforofilia: A excitação advém da possibilidade de ocorrência de um desastre, como um acidente de trânsito. ROUBO Hibristofilia: é a atração por criminosos perigosos, que tenham cometido crimes como violação, assassinato ou roubo armado. Crematistofilia: o indivíduo se excita quando é obrigado a pagar ou então é roubado por sua parceira sexual. Kleptolagnia: é a gratificação erótica provocada pelo roubo. Quando o roubo é na casa de um desconhecido ou parceiro em potencial, pode ser chamado de Kleptofilia. CORPO

Estigmatofilia: atração por parceiros que tenham tatuagens, cicatrizes ou perfurações no corpo com finalidade de uso de joias de ouro, principalmente na região genital. Morfofilia: atração sexual por parceiros que possuam uma ou mais características particularizadas no corpo. Clismafilia: refere-se à excitação erótica provocada pela injeção de alguma substância no reto, geralmente água ou solução medicamentosa. Acrotomofilia: excitação por pessoas que tenham uma parte do seu corpo amputada. Nesse caso a excitação é pela parte que falta nesse corpo. NORMALIDADE Normofilia: por incrível que pareça, ser certinho demais também pode ser considerado um parafílico. A normofilia é a excitação através da plena concordância com os padrões sociais, religiosos e legais.

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