Ano 01 | Nº 04 | novembro de 2019
MANEJO DE CULTURAS EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA Elmar Luiz Floss Engenheiro agrônomo, licenciado em ciências, doutor em agronomia, professor emérito de Passo Fundo, consultor em agronegócios, escritor e membro da Academia Passo-Fundense de Letras. Fundador do Instituto de Ciências Agronômicas Professor Elmar Luiz Floss - Instituto Incia. E-mail: elmar@incia.com.br Luiz Gustavo Floss Engenheiro agrônomo, mestre, consultor, diretor do Grupo Floss. E-mail: luiz.gustavo@grupofloss.com 1 INTRODUÇÃO Um Sistema de Produção Agrícola pode ser definido como o conjunto de atividades econômicas desenvolvidas numa propriedade agrícola, envolvendo a produção vegetal e a produção animal, com o objetivo de aumentar a rentabilidade, de forma sustentável. É a busca da maximização da renda da propriedade, de forma permanente, a visão da propriedade agrícola como um todo (visão holística) e a implantação de sistemas integrados de produção. Para cada realidade da propriedade, deve ser implantado um Sistema de Produção Agrícola, que busque maximizar as potencialidades existentes, como tipo de solo, disponibilidade de água, localização geográfica, aspectos tecnológicos, econômicos e culturais, de acordo com a capacidade de adoção de tecnologias pelo produtor e logística existente. A viabilização de um Sistema de Produção Agrícola envolve vários aspectos, como: a) a diversificação de culturas; b) a adoção do sistema de semeadura direta na palha-SSD; c) o planejamento estratégico cultural (rotação de culturas); d) a consorciação de culturas e culturas intercalares; e) o cultivo de coberturas e adubos verdes de inverno; f) a integração da lavoura, pecuária e floresta–ILPF; e g) a utilização de sistemas integrados de controle de pragas, moléstias e plantas daninhas. 2 DIVERSIFICAÇÃO DE CULTURAS A diversificação na exploração de uma propriedade é importante, pois divide os riscos climáticos, os riscos de mercado e os sanitários. Propicia um melhor aproveitamento de máquinas agrícolas, equipamentos, benfeitorias e mão de obra. Significa adotar um sistema de produção e fazer a gestão técnica e financeira do sistema e não mais a gestão por cultura. Trata-se de um processo administrativo mais complexo. Entretanto, a diversificação de culturas deve obedecer, obrigatoriamente, a um planejamento estratégico cultural (rotação de culturas), especialmente por meio do sistema plantio direto. Na monocultura, aumenta a incidência e a severidade das moléstias necrotróficas, de controle mais difícil. A monocultura também dificulta o controle de algumas espécies de plantas daninhas, bem como de pragas. Além da diversificação de culturas, também deve-se realizar a diversificação de cultivares na mesma área, com diferentes eventos biotecnológicos, a rotação de princípios ativos de fungicidas, inseticidas e herbicidas. A diversificação da produção vegetal com a produção animal (integração lavoura-pecuária) tem uma importância cada vez maior nas propriedades do Sul do Brasil, na produção de leite e carne. Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 04 | novembro de 2019
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Na escolha de culturas para a diversificação, devem ser considerados vários aspectos: viabilidade técnica e econômica (relação custo e receita), aspectos sociais e ambientais, capacidade de adoção de novas tecnologias, mas, especialmente, a existência de mercado. 3 SISTEMA DE SEMEADURA DIRETA 3.1 Generalidades A adoção crescente do Sistema de Semeadura Direta (SSD) ou Sistema Plantio Direto na Palha (SPDp), conservacionista por excelência, pelos produtores da região Centro-sul do Brasil, é a principal e mais positiva mudança no perfil das propriedades agrícolas observada nos últimos anos. Nessa região, grandes quantidades de solo fértil eram perdidas, anualmente, devido à erosão, como consequência da intensa mobilização desses solos para implantação das culturas de inverno e verão, e a falta de cobertura verde/morta no solo. Estima-se que, no Brasil, atualmente, mais de 44 milhões de ha são cultivados sob SSD. Entretanto, nos últimos anos, aumentou a erosão nos solos do Sul do Brasil. Isso se deve ao fato de que em áreas expressivas, o SSD é parcial, pois falta palha e os solos estão compactados, devido a vários fatores: a) redução da área de cereais no sistema de produção (especialmente, milho e trigo); b) vazio outonal, entre a colheita das culturas de verão, como soja e milho, cada vez mais precoces, e o cultivo das culturas de inverno (trigo, cevada, aveia branca, dentre outras); c) uso indiscriminado da grade, que desagrega o solo e acelera a decomposição da matéria orgânica; d) pastejo inadequado de forrageiras (baixa disponibilidade de pasto, pastejo contínuo em dias de chuva e uso até muito próximo da implantação das culturas em sucessão), no sistema de integração lavoura-pecuária; e) solos compactados, o que reduz a infiltração de água e aumenta o escorrimento superficial (maior erosão); f) não realização de operações de cultivo (semeadura, escarificação, pulverizações), em nível; g) redução da produção de palha pelos modernos cultivares, com ciclo cada vez mais precoce e menor estatura de plantas; h) monocultura de soja, com menor produção de palha e de decomposição mais rápida, devido à baixa relação C/N; i) não realização do cultivo em nível. 3.1.1 Importância da palhada Nos anos 1970/1980, a maior preocupação de produtores, técnicos e gestores rurais eram as perdas de solo por erosão, que causavam o empobrecimento das lavouras e o assoreamento de mananciais hídricos, o desmatamento indiscriminado e a poluição das águas. A adoção do Sistema de Semeadura Direta (SSD) pelos produtores foi a maior e mais importante “revolução tecnológica” na agricultura, pois reduziu drasticamente a erosão do solo, melhorou a qualidade das águas, gerou economia de máquinas e equipamentos, de óleo diesel/lubrificantes e de mão de obra. Além da redução de custos, houve um aumento linear do rendimento das culturas, pois a prática melhorou o ambiente solo. O rendimento da soja, por exemplo, que era de aproximadamente 20-30 sacas por ha, na década de 1980, aumentou para mais de 50-60 sacas na safra 2018. No SSD não ganhou apenas o produtor rural, uma vez que contribuiu com a redução do efeito estufa, pelo sequestro de carbono no solo (aumento da matéria orgânica do solo - MOS). A liberação desenfreada de gás carbônico na atmosfera, devido às fases de maior explosão solar e à ação do homem que aquecem as águas, é a responsável pelo efeito estufa que está causando o aumento da temperatura global. A única forma de retirar esse excesso de gás carbônico da atmosfera é pela fotossíntese, realizada pelas plantas. As culturas utilizam a água e os nutrientes absorvidos do solo e o gás carbônico (CO2) absorvido do ar para a síntese dos mais diversos compostos orgânicos que constituem a biomassa, como glicídios, óleos, proteínas, celulose, etc., tendo como fonte de energia, o sol. A maior contribuição da agricultura para a redução do aquecimento global é o aperfeiçoamento do SSD. Quanto mais tempo a lavoura estiver ocupada com culturas, mais essas estarão assimilando gás carbônico do ar e formando biomassa. Ainda, quanto mais palha for produzida, maior o teor de matéria orgânica no solo (MOS), que além de promover a melhoria das propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, evita que o gás carbônico retorne imediatamente ao ar. Quanto maior o teor de MOS, substâncias húmicas (ácido húmico, ácido fúlvico e huminas/humidatos), de natureza coloidal, de muitas cargas negativas, maiores serão a capacidade de troca de cátions (CTC) e a retenção de água no solo. Para exemplificar, uma produção de 10 t/ha/ano de palha seca (milho, soja, trigo, aveia e outras) contém cerca de 5 t de carbono. Como um kg de carbono equivale a 3,67 kg de CO2, isso representa cerca de 18 t de CO2 fixado por ha/ano. Apenas em um ha, a palha fixa, em carbono, o equivalente à liberação de CO2 na combustão de aproximadamente 8 mil litros de gasolina pelos automóveis, pois a combustão de cada litro de gasolina libera 2,34 kg de CO2, na atmosfera. Essa palha é decomposta entre 120 e 150 dias, pelos microrganismos, dependendo da espécie. Para evitar que o carbono fixado na matéria orgânica seja liberado ao ar, deve-se colher a cultura de verão e, imediatamente, implantar uma cultura produtora de grãos ou de cobertura verde/adubo verde do solo. Essas culturas irão assimilar o nitrogênio e o gás carbônico liberado pela decomposição da palhada da cultura anterior. É o sistema agroecológico “colher e semear”, evitando o vazio outononal. Considerando as condições de clima da região (chuva e temperatura), a sustentabilidade do Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 04 | novembro de 2019
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SSD requer a produção anual, entre culturas de inverno e verão, de aproximadamente 9 a 12 t/ha de palha seca. Nessas condições, o solo estará coberto, aumentando a infiltração de água quando chove. A cor clara da palha aumenta a reflexão dos raios solares, diminui o aquecimento do solo, que beneficia o desenvolvimento inicial da soja e do milho, e diminui as perdas de água do solo por evaporação. A decomposição dessa matéria orgânica pelos microrganismos promove a reciclagem de nutrientes, a redução da atividade tóxica do alumínio (complexação) e aumenta a capacidade de troca de cátions (CTC). Numa produção anual de 10 t/ha de grãos de milho e 10 t/ha de palha, são fixadas outras 18 t de CO2. Somando os grãos mais a palha, uma lavoura de milho retira do ar o gás carbônico liberado na queima de 16 mil litros de gasolina. De outro modo, ao adotar o SSD, o agricultor, comparado com o convencional, tem uma economia de, aproximadamente, 40 litros de óleo diesel por ha/ano. Em 40 milhões de ha cultivados com culturas produtoras de grãos no Brasil, economiza-se 1,6 bilhões de litros de diesel/ano. Como a combustão de um litro de óleo diesel libera 2,68 kg de CO2, estamos deixando de emitir mais de 4,288 bilhões de kg de gás carbônico por ano. Por isso, o Sistema Plantio Direto é verdadeiramente conservacionista! O manejo adequado dos solos agrícolas se traduz pela manutenção e a melhoria das propriedades físicas, químicas e biológicas desses, visando à maximização da produtividade das culturas econômicas de forma permanente. A manutenção de restos culturais na superfície do solo, num adequado sistema de rotação de culturas é um importante fator condicionador do solo, refletindo de maneira eficaz no incremento da infiltração da água, na redução da temperatura superficial do solo, no aumento da estabilidade de agregados, na disponibilidade de nutrientes e água e, no estímulo às atividades microbiológicas. Consequentemente, ocorre uma redução das perdas por erosão do solo e água, um aumento gradativo da produtividade das culturas e a redução dos custos de produção. A cobertura do solo com material orgânico, portanto, é essencial para o sucesso da semeadura direta, tornando-se preocupação prioritária dos agricultores pretendentes à implantação desse sistema. Depois da fracassada implantação do SSD no início dos anos 1970 devido, principalmente, à falta de palha na superfície dos solos (cultivo de soja sobre resteva de soja), o sucesso veio com a semeadura das culturas, especialmente de verão (soja e milho), sobre a palha das culturas de inverno, como o trigo, a aveia, a cevada, dentre outas culturas. Com a redução paulatina da área cultivada com trigo, a partir de 1977, a aveia e o azevém passaram a ser as culturas de inverno/primavera mais importantes como produtoras de palha no inverno em toda a região Sul do Brasil, ocupando parte da grande área de solos agrícolas que ficam em pousio nessa época do ano. Pesquisas realizadas na Fundacep, hoje CCGL, em Cruz Alta, durante 9 anos (Ruedel, 1995), demonstraram rendimentos significativamente superiores do SSD sobre o Sistema Convencional, da ordem de 20,7 % no milho, 12,4 % na soja e 5,9 % no trigo (Tabela 1). Tabela 1 – Rendimento de grãos de milho, soja e trigo em resposta ao manejo do solo, resultante de 9 anos de avaliação no período de 1985 a 1994, apontado pela Fundacep, Cruz Alta-RS, 1985 Sistema de Milho Soja Trigo manejo kg.ha-1 % kg.ha-1 % kg.ha-1 % Semeadura direta 5881 a 120,7 3003 a 112,4 2414 a 105,9 Convencional 4872 b 100,0 2671 b 100,0 2279 b 100,0 Coeficiente de 15,9 % 8,7 % 10,8 variação Valor de F de 9,33** 16,33 ** 6,34 ** tratamento Fonte: adaptado de Ruedel, 1995. ** Altamente significativo pelo teste F; médias seguidas de mesma letra não diferem pelo teste de Duncan, ao nível de 5% de significância; os rendimentos foram obtidos seguindo o seguinte sistema de rotação de culturas: aveia/soja, ervilhaca + aveia/milho e trigo/soja. A principal espécie cultivada como cobertura verde/morta do solo, no Sul do Brasil, é a aveia preta (Avena strigosa Schreb). Apesar dos enormes benefícios dessa prática, a necessidade de aumento da renda nas propriedades, seja pelo aumento dos rendimentos dos cultivos ou pela redução de custos de produção, fez com que os produtores aumentassem, ultimamente, o aproveitamento dessa biomassa na produção animal por meio da integração lavourapecuária. Também são alternativas para cobertura verde/morta do solo, o centeio, o azevém e o nabo forrageiro. Com a colheita de milho e soja, cada vez mais cedo, há possibilidade do cultivo intercalar de espécies estivais como milheto, capim sudão, sorgo forrageira, braquiária, dentres outras espécies. Dentre os adubos verdes adaptados à região Sul do Brasil, destaca-se a ervilhaca comum (Vicia sativa L.), a ervilhaca peluda ou vilosa (Vicia villosa) e ervilha forrageira (Pisum sativum subesp. arwense), como culturas de inverno-primavera. A principal alternativa de cultivo de inverno, visando à produção de grãos é o trigo. Outra alternativa para agregação de renda na propriedade é o incremento crescente da área cultivada com aveia branca (Avena sativa L.) e triticale (Triticum turgidum cereale Rimpau), visando à produção de grãos, destinados à alimentação humana ou animal. Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 04 | novembro de 2019
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Essa prática mantém uma boa produção de palha e, de forma suplementar, a produção de grãos de alto valor nutritivo, tendo como principal destino a substituição do milho no arraçoamento animal na própria propriedade ou na região, especialmente nos meses de outubro a fevereiro. Esses grãos de cereais de inverno contribuiriam para reduzir o crescente déficit de grãos de milho observado no RS e SC, principalmente na suplementação da alimentação de vacas leiteiras, equinos, ovinos, suínos e aves. 3.1.2 Descompactação do solo Umas das propriedades físicas dos solos mais importantes é a permeabilidade, que influi na disponibilidade de água, ar e nutrientes, e, no crescimento radicular (quanto maior o volume/superfície raízes em contato com o volume/superfície de solo, maior é a eficiência na absorção de água e nutrientes). A compactação do solo reduz o espaço poroso (especialmente os macroporos), limitando a penetração das raízes e a infiltração de água. As causas principais da compactação são o tráfego de máquinas agrícolas, em excesso ou de forma inadequada, o pisoteio excessivo pelos animais (na integração da lavoura-pecuária) e o impacto direto da gota de chuva sobre um solo desnudo. No caso do efeito do arado ou da grade, há o aparecimento de uma compactação subsuperficial, denominada de “pé-de-arado” ou “pé-de-grade”. A compactação superficial do solo pela ação do impacto direto da gota de chuva (principalmente em solos descobertos) ou pelo pisoteio dos animais, constitui a “crosta superficial”, que prejudica a germinação de sementes, reduz a infiltração de água, oxigênio e nitrogênio e aumenta a enxurrada, a causa principal da erosão do solo. A compactação diferencia-se do adensamento porque, naquela, a textura é a mesma das camadas adjacentes, ao passo que, neste, há migração para baixo de argila das camadas superiores do perfil, modificando a textura. Em solos não compactados, as raízes, ao encontrar dificuldade para o crescimento, tem a capacidade de afastar agregados, aumentando o espaço poroso para a sua passagem; contudo, em solos compactados, a rigidez limita o crescimento das raízes. O diagnóstico da compactação do solo, pode ser realizado de diversas formas: a) abertura de trincheiras e perfurações laterais ao longo do perfil (método expedito, trabalhoso e não quantitativo); b) retirada de amostras indeformadas com cilindros volumétricos, determinando a densidade aparente do solo em laboratório (densidade aparente igual ao peso seco da amostra, dividido pelo volume da amostra indeformada); e, c) determinação do nível de compactação por meio do penetrômetro/penetrógrafo, que mede a resistência à penetração (RP), medindo a pressão pelo manômetro, com versões modernas digitalizadas e georeferenciadas. Um solo ideal deve apresentar uma densidade aparente menor que 1,25 g/cm3; densidades de 1,25 até 1,5 g/cm3 são toleradas e podem ser quebradas pelo crescimento radicular de culturas (descompactação biológica); densidade aparente acima de 1,5 g/cm3, requer a descompactação mecânica, associada à biológica. Quando a compactação é medida por meio da resistência à penetração (RP), considera-se valores ideais, os abaixo de 2 Mega Pascal (MPa); como valores toleráveis, os de 2 a 3,5 Mpa (pode ser resolvido mediante uso de culturas de cobertura verde), e como valores restritivos ao desenvolvimento radicular, os superiores a 3,5 Mpa (associar escarificação/subsolagem com culturas de coberturas). Em levantamento realizado pelo Cesb (Sako; Alves; Moraes; Teixeira; Lima; Shiozaki 2016), em 26 lavouras de soja que produziram mais de 70 sacas/ha (+4.200 kg/ha), a resistência à penetração foi inferior a 1,4 Mpa, avaliando até 120cm de profundidade (Figura 1).
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Figura 1- Resistência do solo a penetração (compactação - MPa) em profundidade de lavouras com rendimento superior a 70 scs./ha (4.200 kg/ha), CESB-safra 2015/16 Fonte: Sako; Alves; Moraes; Teixeira; Lima; Shiozaki (2016). A compactação do solo, além de reduzir a infiltração de água, limita o crescimento de raízes, reduz, significativamente, a absorção de nutrientes pelas culturas como soja (Rosolem; Almeida; Sacramento, 1994a) e milho (Rosolem; Almeida; Sacramento, 1994b). Na cultura da soja, em experimento conduzido em vasos, compactados artificialmente, os resultados demonstram claramente que a inibição de absorção se acentua a partir da densidade superior a 1,48 g.cm-3 e o nutriente mais afetado é o fósforo (Tabela 2). Observa-se que o nutriente com a redução mais significativa na absorção devido à compactação é o fósforo. Tabela 2 – Efeito da compactação do solo sobre a absorção de nutrientes pela cultura da soja Densidade aparente N P K Ca do solo (g.cm-3) ug.cm-3 1,03 86,4 2,47 82,9 90,0 1,25 84,0 2,27 79,6 87,0 1,48 65,8 1,88 61,8 71,0 1,72 38,4 0,91 33,1 41,7 Fonte: Rosolem; Almeida; Sacramento (1994a).
Mg 11,8 11,0 9,7 5,8
Quando diagnosticada a necessidade de escarificação (até 25 cm de profundidade) ou a subsolagem (acima de 25 cm de profundidade), essas devem ser realizadas após colheita do milho, com palhada abundante, evitando a erosão do solo. A descompacração logo após a colheita da soja deve ser evitada, pois essa cultura produz cada vez menos palha e de relaçao C/N (carbono/nitrogênio) estreita, cuja rápida decomposição, gera erosão do solo. Nesse caso, deve-se colher a soja, semear imediatamente culturas de cobertura, como aveia preta, aveia branca, centeio, milheto, sorgo forrageiro, braquiária, capim sudão ou outra cultura, dependendo da região. Quando essas culturas cobrirem o solo, realizar a operação mecânica, o que reduz significativamente o risco de erosão. As raízes das culturas ocuparão esse espaço poroso, garantindo uma descompactação mais duradoura. São promissores os resultados obtidos, com os novos equipamentos, que ao mesmo tempo que fazem a escarificação ou subsolagem, injetam calcário em profundidade do solo, promovem a melhoria das propriedades físicas (descompactação), propriedade químicas (aumento do pH, neutralização do alumínio tóxico e aumento dos teores de cálcio, em profundidade) e propriedades biológicas (através dos ecxudatos radiculares das culturas). O ideal é que essa operação seja realizada após cultivo de um consórcio (mix) de culturas de coberturas ou adubos verdes, para que suas raízes ocupem o espaço aberto no solo. Os diferentes ecxudatos promovem o desenvolvimento de diversos microrganismos benéficos, no solo, O crescimento de raízes em profundidade é a forma de aumentar a matéria orgânica em profundidade. Quanto maior o teor de matéria orgânica, melhor é a porosidade dos solos, pois há a redução da densidade aparente (aumenta os espaços vazios). Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 04 | novembro de 2019
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3.2 Fatores essenciais para a sustentabilidade do SSD O SSD caracteriza-se pelo controle da erosão, redução da amplitude de variação da temperatura na superfície do solo, aumento da infiltração de água (redução da densidade do solo/aumento da porosidade), redução de plantas daninhas anuais por supressão, reciclagem de nutrientes e complexação do alumínio pela matéria orgânica (redução da necessidade de calcário). Entretanto, essas vantagens do SSD somente ocorrem quando houver palhada na superfície do solo. Nas condições climáticas que normalmente ocorrem na maioria das regiões do Sul do Brasil (altas temperaturas e precipitação), essa palhada somente é obtida pela resteva de gramíneas, como o milho no verão e o cultivo de aveia branca, cevada, centeio, trigo ou triticale no período de inverno. Estima-se, para a região Sul do Brasil, uma necessidade de 9 a 12 t ha-1 de palha seca, entre culturas de inverno e verão, por ano, para que as vantagens do SSD sejam obtidas (Sá, 1993; Ruedel, 1995). Nas regiões mais quentes, essa produção de palha pode ser realizada pelo cultivo de milho, sorgo, milheto, braquiária, dentre outras culturas. Para atingir esses níveis, além da palhada das culturas econômicas, há necessidade do cultivo intercalar (preencher o vazio outonal), com culturas de cobertura ou a consorciação de culturas, com milho e braquiária (sistema Santa Fé) ou milheto e crotalária. 3.3 Importância da relação C/N da biomassa Para o sucesso do cultivo de culturas de verão por meio do Sistema de Semeadura Direta, é fundamental que as culturas de inverno sejam formadoras de grandes quantidades de matéria seca e apresente-se alta relação C/N, permitindo, assim, um maior período de cobertura do solo. As alternativas de inverno são aveia preta, aveia branca, centeio, cevada, trigo e triticale. A aveia tem se destacado dentre as diversas coberturas de inverno pela alta produção de matéria seca e alta relação C/N. É a espécie de cobertura de inverno que, quando manejada na floração, ou especialmente, a palhada após a colheita de grãos, mantém o solo coberto por um maior período de tempo, ocasionado pela lenta decomposição microbiológica da palhada. Estudos experimentais tem demonstrado que a velocidade de liberação de nutrientes a partir da decomposição da biomassa depende principalmente da relação C/N. Conforme Igue; Alcover; Derpsch (1984), quando a relação C/N é superior a 24 a decomposição é lenta e quando é menor que 24, é rápida. A relação C/N das culturas aumenta com o estádio de desenvolvimento. Na aveia, a relação C/N pode variar de 17-20 no estádio vegetativo, 41-50 na floração plena e superior a 90 na colheita. Mesmo entre gramíneas, há diferença na relação C/N para as diversas espécies, o que explica as diferentes velocidades de decomposição das mesmas. Quanto maior a relação C/N, maior é a imobilização de nitrogênio pelos microrganismos ( aproximadamente 5 kg N por tonelada de matéria seca decomposta). Já as leguminosas e o nabo forrageiro apresentam uma relação C/N menor que 24, portanto a decomposição é rápida, com perdas de N por volatilização (amonificação). Almeida, Oliveira e Rodrigues (1985) demonstraram que, após a colheita, ocorrem variações da relação C/N das coberturas mortas, durante a decomposição. Essa diferença de comportamento deve-se à facilidade dos microrganismos em digerir glicídios e à dificuldade de decomporem a lignina e outros compostos complexos. Nos materiais mais lignificados, os microrganismos atacam mais rapidamente os tecidos ricos em nitrogênio, reduzindo o teor deste elemento, enquanto que o teor de carbono é pouco modificado. Em consequência, a relação C/N aumenta e só se reduz quando, finalmente, a lignina e compostos relacionados (fenóis) começam a ser decompostos. As palhadas de alta relação C/N, devido à menor velocidade de decomposição, promovem a melhoria de propriedades físicas (menor densidade do solo, maior aeração, maior estabilidade dos agregados), propriedades químicas (aumento da CTC, aumento dos teores de matéria orgânica e de nutrientes) e propriedades biológicas. São, portanto, condicionadores físicos do solo. Já as palhas de relação C/N estreita são recicladoras de nutrientes no sistema (condicionadores químicos). 3.4 Efeito da biomassa nas propriedades físicas do solo Com a cobertura do solo, diminui a intensidade de radiação solar que incide sobre esse e, em consequência, diminui a temperatura do solo. As menores amplitudes de variação térmica em solos protegidos por cobertura vegetal se traduzem por menor evaporação e maior conteúdo de água, favorecendo o aproveitamento mais eficiente, pelas culturas sucessoras, dos nutrientes disponíveis (Muzzili, 1986), beneficiando também as culturas quando sujeitas a curtas estiagens. Outro efeito da cobertura do solo é a diminuição do impacto direto das gotas de chuva sobre o solo, diminuindo a erosão hídrica. Wünsche e Denardin (1978) verificaram grande eficiência no controle da erosão pela manutenção da palha na lavoura. Ocorreu uma redução nas perdas do solo preparado convencionalmente da ordem de 5 toneladas de solo por hectare/ano apenas pela incorporação da palha. Quando a palha foi conservada na superfície do solo, essa redução foi de 7 toneladas/ha/ano.
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A formação de agregados melhora a estrutura do solo, reduz a densidade e como consequência promove o aumento da porosidade do solo e o aumento da aeração e de teores de água. A diminuição do volume de escorrimento de água é responsável também pela redução das perdas de solo e água por erosão. A incorporação de palhas no solo tem efeitos evidentes sobre a formação de agregados. A formação e a estabilização de agregados no solo, melhorando as condições de aeração e infiltração de água, é uma das funções importantes da matéria orgânica. Os compostos húmicos têm a propriedade de formar complexos com as argilas, possibilitando a formação de agregados. Diversos estudos demonstram que os microrganismos exercem papel importante neste processo pela produção de substâncias mucilaginosas (polissacarídios) que promovem a maior aderência entre partículas (Igue, 1984). A estabilidade dos agregados depende das condições e do tipo de material orgânico utilizado, atividade microbiana, processo de umidecimento e secagem do solo, tipo de cultivo, pH do solo, temperatura e outros. As gramíneas tem sido indicadas como mais eficazes na formação de agregados, pela ação direta das raízes. A superfície total de contato é relativamente grande, provocando mudanças constantes na zona da rizosfera. As constantes pressões que as raízes exercem sobre as partículas do solo ajudam também na formação de agregados estáveis. A agregação do solo geralmente aumenta o volume de macroporos, mas diminui os microporos. Em solos argilosos é vantajosa pela melhoria da porosidade de aeração, devido à diminuição da densidade, favorecendo o desenvolvimento radical. Materiais orgânicos com relação C/N estreita (é o caso das leguminosas) e nabo forrageiro têm um efeito relativamente curto sobre a estabilidade dos agregados do solo, ocorrendo, praticamente, apenas enquanto dura a decomposição do material incorporado (Muzzili, 1986). Biomassas com relação C/N mais ampla (gramíneas) permitirão maior efeito agregante, devido à decomposição mais lenta e à formação de compostos intermediários, consituindo-se como alternativa eficiente de aumento do teor de MO no solo (Muzzili, 1986). Por essa razão, as leguminosas e o nabo forrageiro não são uma alternativa eficiente de melhoria do teor de matéria orgânica no solo. A cobertura do solo com palha é o fator mais importante no controle da erosão de solo, evitando o impacto direto das gotas da chuva sobre o solo (responsável pela desagregação), a redução da velocidade de escorrimento de água (que permite uma maior infiltração de água no solo) e a redução da amplitude de variação da temperatura na superfície do solo, reduzindo a evaporação de água. Pesquisas realizadas por Roth et al. (1987) apud Derpsch, Roth, Sidiras e Köpke (1991), mostraram que o menor escorrimento superficial (13,7% do escorrimento sob pousio) e, consequentemente, a maior taxa de infiltração foi medida sob cobertura de biomassa de aveia preta, na qual 89% do solo estava coberto com resíduos vegetais. Derpsch (1985), em Latossolo Roxo distrófico, demonstrou a elevada capacidade de cobertura morta de aveia preta na manutenção da umidade do solo, na redução das perdas de água durante o verão. Foi verificado que a elevada oscilação térmica na camada superficial do solo, ocorrida, principalmente, em área sem cobertura morta, pode ser amenizada com a cobertura morta de aveia preta. Esse aspecto é importante em função dos efeitos marcantes que a temperatura do solo exerce na atividade biológica, na germinação de sementes, no crescimento radical e na absorção de íons (Walker, 1969; Hatfield; Egli, 1974 apud Derpsch; Roth; Sidiras Köpke, 1991). A maior ou a menor oscilação térmica do solo afeta o desenvolvimento das culturas. 3.5 Efeito da biomassa nas propriedades químicas do solo A quantidade total de nutrientes incorporados ao solo é proporcional à quantidade de biomassa total produzida (Igue; Alcover; Derpsch; Pavan; Mella; Medeiros, 1984). Normalmente, a biomassa total não considera a quantidade produzida na parte subterrânea (raízes) que, em muitas espécies, é superior à parte aérea. Conforme os autores, na prática, a adição de 30-50% de nutrientes por conta das raízes seria uma boa aproximação, até que se tenha dados mais completos. As raízes são a forma mais eficiente de aumentar a matéria orgânica do solo (MOS) em profundidade. De outro modo, geralmente, a relação C/N da biomassa de raízes é maior do que a parte aérea, que significa uma menor velocidade de decomposição. Os “bioporos” formados pelas raízes das cobertruras verdes facilitam a penetração de raízes das culturas econômicas, cultivadas em sucessão. A maior ou a menor quantidade de húmus, proveniente da decomposição de materiais orgânicos, apresenta acentuada influência na capacidade de troca de cátions no solo (CTC), característica química importante na avaliação da fertilidade do solo, bem como na maior retenção de água. O uso de leguminosas tem a vantagem de colocar nutrientes prontamente disponíveis para as culturas sucessoras, devido à rápida decomposição desses resíduos (Primavesi, 1987). Portanto, as leguminosas desempenham um importante papel como fornecedoras de nutrientes quando o SSD já está estabilizado. O interesse principal por leguminosas se deve à fixação biológica de nitrogênio, presente na matéria orgânica que, quando mineralizada, pode ser aproveitada pela cultura seguinte. As palhas de gramíneas também são fornecedoras de nutrientes às culturas sucessoras em médio e longo prazo, especialmente na camada superficial. Como exemplo, pode-se verificar o significativo aumento dos teores de fósforo e potássio nas camadas superficiais do solo conduzidos sob sistema de semeadura direta. As quantidades de N liberadas nesses solos aumentam depois de vários anos. Estudos realizados sobre a mineralização dos resíduos das culturas de inverno mostraram que a amonificação e a nitrificação de N ocorre nos resíduos com relação C/N menor do que 25, de forma tão rápida que, no caso de quantidades altas de restos vegetais, podem ser perdidas quantidades consideráveis de nitrato, por lixiviação e amônia por volatilização. Essa situação está perfeitamente caracterizada pela aveia, como cultura Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 04 | novembro de 2019
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de inverno e o cultivo de soja em sucessão, especialmente, por meio da semeadura direta. Esses esqueletos carbonados derivados da palha de gramíneas são utilizados pelos microrganismos para a retenção no solo do N liberado na decomposição da palha de soja, tornando-se disponível à cultura sucessora depois de algum tempo. Quando não há esqueletos carbonados disponíveis para formação dos compostos húmicos este N fixado simbioticamente pela soja é perdido na forma de amônia e por desnitrificação em solos compactados ou encharcados de água (condições anaeróbias) na forma molecular (N2) e de óxido gasoso (N2O). Para Sá (1993), no cultivo de milho sobre palha de aveia, observa-se uma deficiência de nitrogênio na fase inicial de crescimento, devido ao efeito da palha de aveia, causando sintomas de amarelecimento nas folhas. Esse fato deve-se à imobilização do N do fertilizante pelos microrganismos em função da alta relação C/N da palha das gramíneas. As parcelas adubadas com 30 kg.ha-1 de nitrogênio na semeadura, estavam com crescimento normal e coloração verde intensa. Nos três locais, a compensação de nitrogênio permitiu um melhor crescimento inicial, eliminando a carência induzida pela decomposição da palha de aveia preta e garantiu “estoque” de N para os estádios de elongação e embonecamento do milho. A importância desse resultado foi mostrar o efeito da compensação do nitrogênio, mesmo utilizando uma gramínea como cobertura verde para o milho (Sá, 1993). Em trabalho realizado em Cruz Alta, foram obtidos rendimentos de grãos de milho cultivado sobre ervilhaca 7% superior quando comparados ao milho cultivado sobre a aveia preta. Comparando o tratamento testemunha (sem adubação nitrogenada em cobertura), essa diferença situa-se em torno de 29% a favor do milho cultivado sobre a ervilhaca, com um rendimento médio de grãos de milho de 8.702 kg.ha-1 (Petrere; Arns; Fiorin, 1995). Na sucessão de milho sobre aveia preta, a hipótese apresentada por Sá (1993) para a expressiva resposta a N aplicado no sulco de semeadura, fundamenta-se na maior oferta de N mineral para a planta, reduzindo o efeito de competição pela biomassa microbiana do solo, durante a decomposição dos resíduos com elevada relação C/N, imobilizando o N, que estaria disponível para o milho. Em anos com distribuição adequada de chuvas no ciclo da aveia e durante o desenvolvimento inicial da cultura de milho, observou-se liberação de parte do N acumulado na cultura de aveia preta a partir do florescimento do milho. Nesse caso, somente a adição de N na semeadura foi suficiente para garantir 100% da produção relativa. Entretanto, em anos com distribuição irregular das chuvas, ocorre maior retenção do N, sugerindo a imobilização pela biomassa microbiana por um período mais prolongado, onde o pico de imobilização no solo coincidiria com o máximo de demanda pela planta (Sá, 1996). Esse comportamento tende a minimizar-se com o aumento dos anos de semeadura direta e o aumento da quantidade de compostos húmicos no solo. Dessa forma, baseado nos vários estudos realizados, pode-se afirmar que, na fase inicial da semeadura direta, deve-se, preferencialmente, realizar o cultivo de soja em sucessão a aveia, centeio, azevém, milheto, sorgo, braquiária ou outra gramínea. Caso seja utilizado o cultivo de milho, recomenda-se a aplicação adicional de 5 kg.ha-1 de N para cada tonelada de matéria seca de palha de cereais produzida. O mesmo critério deve ser utilizado no caso do cultivo de trigo, aveia, cevada ou outro cereal após a cultura do milho. Para obtenção de altos rendimentos de soja, cultivados em sucessão a gramíneas ou Poáceas (trigo, aveia branca, cevada cervejeira, centeio, triticale, milho safrinha, sorgo, milheto, capim Sudão, braquiárias, dentre outras), recomendase o uso de 12 a 20 kg de N/ha na semeadura (mais especificamente, 5kg de N/t de palha seca), para compensar a imobilização temporária de N pelos microrganismos decompositores da matéria orgânica. Esse N tem como principal função garantir a nutrição nitrogenada da soja da emergência ao V5-V6, enquanto não ocorre a liberação de N da fixação biológica nos nódulos. O N promove um maior crescimento das primeiras folhas da soja e o aumento do teor de clorofila, fatores essenciais para uma maior fotossíntese. Como até os estádios V5-V6 a prioridade da planta de soja é a partição dos fotoassimilados para as raízes (dreno preferencial), promove um aumento no crescimento radicular (número e comprimento = maior volume de raízes em contato com o volume de solo), a maior disponibilidade de açúcares e aminoácidos (peptídios) para atração de bactérias e a formação de nódulos e o aumento da síntese de citocininas, o mais importante hormônio promotor do crescimento vegetal. Essa adubação nitrogenada é desnecessária caso o cultivo da soja seja realizado após leguminosas (ex. ervilhaca, ervilha forrageira, crotalaria, dentre outras) ou após cultivo de nabo forrageira. Também, em áreas onde foi usado cama de aviário ou outras fontes de matéria orgânica. 3.6 Efeito da biomassa nas propriedades biológicas do solo A presença do material orgânico no solo é determinante na atividade dos microrganismos, bem como no seu montante populacional, uma vez que a matéria orgânica é, antes de mais nada, fonte de energia para os organismos do solo (Derpsch; Roth; Sidiras; Köpe, 1991). Quanto maior o volume de palha na superfície do solo, maior é a atividade microbiana do solo e maior a estabilidade na fixação biológica do nitrogênio pelas leguminosas, favorecendo, assim, a cultura do milho implantada em sucessão, dentro de um sistema de rotação de culturas. Quanto menor o volume de cobertura do solo, maiores serão as oscilações de temperatura e a umidade no solo, consequentemente, menor desenvolvimento de microrganismos. Isso pode ser observado, em particular, no caso da soja sem cobertura do solo, quando há diminuição do número de nódulos por planta, peso individual dos nódulos e peso dos nódulos/planta (Voss; Sidiras, 1985, apud Derpsch; Roth; Sidiras; Köpe, 1991). A biomassa vegetal também tem efeitos sobre as atividades biológicas do solo. A concentração de microrganismos na rizosfera é mais alta nas plantas de cobertura do que a média do solo, principalmente, devido às Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 04 | novembro de 2019
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substâncias liberadas pelas raízes e pela própria decomposição (Martini, 1977). Por essa razão, é importante o consórcio de diferentes espécies de cobertura/adubação verde, pois a liberação de diferentes exsudatos promove um aumento da massa microbiana benéfica, que causa uma supressão sobre outros microrganismos patógenos presente no solo. Uma das razões importantes do cultivo de aveia está no controle de alguns microrganismos fitopatogênicos. Segundo Derpsch (1985), a soja semeada após aveia é menos afetada por Rhizoctonia solani e Sclerotinia sclerotiorum , sendo que o trigo é menos afetado por moléstias radiculares como a podridão comum das raízes e mal-do-pé (Gauenmanomyces graminis var. tritici). O mal-do-pé é uma das moléstias importantes na cultura do trigo, especialmente em áreas com elvado pH do solo. A aveia é o único cereal de inverno que, além de ser imune ao mal-do-pé, não multiplica o inóculo no solo (Turner apud Simons; Murphy, 1961; Klapp, 1967), podendo anteceder ao cultivo de trigo, cevada, centeio e triticale, que são suscetíveis à moléstia. Para Leonard e Martin (1970), na Australia, quando o trigo é infectado 100%, a cevada apresenta 60%, o centeio 25% e aveia somente 4% das plantas atacadas. Em Rathamsted (Inglaterra), Slope e Etheridge (1971), encontaram aumentos de rendimento de ateá 2.887 kg.ha-1 em trigo, quando o cultivo precedente foi aveia em áreas com alta incidência de mal-do-pé. Mielke (1974), na Alemanha, testou 34 cultivares aveia e todas foram resistentes ao maldo-pé, em ensaios a campo e casa de vegetação, enquanto 2.000 cultivares de trigo e 149 cultivares de triticale mostraram-se altamemte suscetíveis, e 15 cultivares de cevada e 30 de centeio apresentaram média de suscetibilidade. Além disso, a precedencia da aveia contribui com a diminuição da população de nematóides (gênero Meloydogine) na cultura da soja. A biomassa de aveia também apresenta controle alelopático sobre várias plantas daninhas. Segundo Rice (1984), a alelopatia pode ser definida como sendo “o efeito inibidor direto ou indireto de uma planta sobre outra planta, incluindo microrganismos, através da produção e liberação de compostos químicos no meio ambiente”. A causa da alelopatia é um grupo de substâncias secretadas pelas raízes de algumas plantas em desenvolvimento ou liberadas pelo material vegetal de decomposição. A alelopatia constitui um método promissor de controle das plantas daninhas nas culturas, por meio de uma adequada sucessão cultural. Fay, Duke (1977 apud Rice 1985) testaram três mil genótipos da coleção de germoplasma de aveia (Avena sp.) do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos – USDA, para observar a habilidade dessa espécie de exsudar escopoletina ou avenacina, que é um composto que possui propriedades inibidoras do crescimento de raízes. Vinte e cinco desses genótipos exsudaram mais substâncias de coloração azul-fluorescentes (características da escopoletina) das suas raízes, em relação a um cultivar padrão de aveia (cv. Garry), e quatro desses genótipos exsudaram até 3 vezes mais escopoletina do que o cultivar padrão. A substância exsudada afetou, significativamente, o crescimento da mostarda silvestre (Brassica sp.). Além disso, as plantas que cresceram em estreita associação com os genótipos com maior liberação de substâncias tóxicas apresentaram sintomas severos de clorose, raquitismo e retorcimento que são indicações dos efeitos do composto químico. Einhellig, Rice, Risser e Wender (1970), trabalhando com a escopoletina, verificaram que essa substância é inibidora da fotossíntese, sem causar efeito significativo na respiração das plantas. Almeida e Rodrigues (1985) realizaram ensaios de germinação com sementes de feijão, milho e soja, usando extratos aquosos de plantas adultas de trigo, aveia, centeio, tremoço e nabo forrageiro. Os autores observaram que a porcentagem de germinação não foi alterada significativamente, mas o comprimento da raiz e da parte aérea das plântulas sofreram reduções acentuadas. Almeida, Oliveira e Rodrigues (1985) estudaram o efeito de extratos aquosos da parte aérea de trigo, triticale, aveia, centeio, nabo forrageiro, tremoço e canola, na germinação e no desenvolvimento das plântulas de capim marmelada, capim carrapicho, amendoim bravo e picão preto. Os resultados evidenciaram que os extratos de nabo forrageiro, tremoço, centeio e aveia, exercem influência acentuada na germinação e no desenvolvimento das plântulas dessas espécies, variando, contudo, quanto à intensidade entre elas. Os estudos sobre efeitos alelopáticos das coberturas mortas realizados pelo Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), no Paraná, especialmente sobre as culturas de inverno, mostram que os restos culturais de aveia, centeio, nabo forrageiro e canola são as que, após a colheita, deixam o terreno mais limpo de plantas daninhas (Almeida; Oliveira; Rodrigues, 1985). São também essas culturas que têm efeito mais prolongado sobre as plantas daninhas, especialmente, a aveia que, aos 85 dias depois da formação da cobertura, ainda mantém o terreno com baixa infestação. A sucessão de diferentes espécies vegetais, com a liberação de diferentes substâncias (exsudatos) na rizosfera, propicia o desenvolvimento de diferentes espécies de microrganismos. 3.7 Produção de grãos e palha de cereais de inverno O cultivo de cereais de inverno, como trigo, aveia branca, cevada cervejeira, triticale e centeio, além da importância econômica, também tem um papel agronômico essencial. Trata-se da produção de uma ampla palhada, com larga relação C/N, importante para a cobertura adequada do solo. Algumas espécies produzem maior quantidade de palha, como a aveia branca e triticale. Outras, devido ao desenvolvimento de cultivares de estatura cada vez mais baixa e precoces, resultam em baixa produção de palha na colheita. A maior parte da biomassa vegetal é produzida no inverno pela aveia preta e azevém, manejados no estádio de floração. Como nesse estádio a relação C/N é de aproximadamente 35-45, a decomposição é relativamente rápida e inferior em quantiadde em relação à palha de milho (Figura 1).
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Figura 2 – Palhadas de aveia preta, dessecada na floração (esquerda), e palhada de milho (direita) Fonte: Elmar Luiz Floss Na substituição do cultivo de aveia preta por aveia branca, objetivando a produção de grãos, obtem-se os mesmos benefícios quanto à melhoria das propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, acrescida pelo produção de grãos de alto valor nutritivo e custos baixos. Graças aos programas de melhoramento genético de aveia existentes no sul do Brasil, há disponibildade de cultivares com altos potenciais de rendimento e melhor adaptação às diferentes condições edafoclimáticas quando comparado com alguns anos atrás. Quando comparado o rendimento médio de palha da aveia branca (3.928 kg ha-1) com o rendimento total de biomassa de aveia preta na floração (6.629 kg ha-1), verifica-se que essa representa 59% em relação à aveia preta. Apesar da quantidade de a palha de aveia branca ser significativamente inferior, a relação C/N desta é superior a 90, o que significa uma menor velocidade de decomposição pelos microrganismos e a manutenção da palha na superfície do solo por maior período de tempo. Apesar da menor quantidade de palha colhida, quando a cultura da aveia é conduzida com uma densidade adequada de plantas (300-350 plantas.m-2) e um desenvolvimento normal das plantas, pode não ser necessária a utilização de herbicidas dessecantes antecedendo a semeadura da soja, o que representa uma redução de custos de produção dessa leguminosa. Analisando 13 cultivares de aveia branca durante cinco anos em Passo Fundo, verificou-se uma produção média, na colheita, de 3928 kg ha-1 de matéria seca de palha (Floss, 2001 – trabalho não publicado). Os cultivares UPF 15 (4894kg ha-1) e UPF 17 (4761kg.ha-1) apresentaram um rendimento de palha superior aos demais, enquanto os cultivares UFRGS 7 (2960 kg.ha-1), UFRGS 10 (3229 kg.ha-1) e UFRGS 14 (3275 kg.ha-1) apresentaram um rendimento de MS de palha inferior. Portanto, o agricultor tem a possibilidade de escolher cultivares de aveia branca que além do alto potencial de rendimento de grãos, também apresentem altos rendimentos de palha na resteva, mantendo a cobertura do solo e o sucesso do SSD (Tabela 3). Tabela 3 – Rendimento de palha (kg MS.ha-1) de cultivares de aveia branca, em Passo Fundo, 1992/1996 Cultivares 1992 * 1993* 1994* 1995** 1996** Médias 4839 6660 4293 6619 5714 4894 S UPF 15 UPF 17 5972 6217 3665 6692 4814 4761 S UPF 16 4313 4308 3496 7431 5456 4368 Ufrgs 16 5836 3560 3462 6428 4755 4183 UPF 13 4464 5051 4534 6603 3304 4168 UPF 14 4723 4530 3777 5327 5382 4131 Ufrgs 17 6602 4503 3254 5377 3932 4118 Ufrgs 15 3117 4503 4320 5357 5264 3926 UPF 7 1987 3273 4027 6954 4185 3554 Ufrgs 18 4223 2475 3766 3766 4887 3500 Ufrgs 14 3859 4325 2515 4539 3582 3275 I Ufrgs 10 3303 3227 2738 4524 4768 3229 I Ufrgs 7 3077 2957 2511 4355 4111 2960 I Médias 3769 3787 3102 4957 4026 3928 Fonte: Floss, 2001 (trabalho não publicado). * sem fungicida; ** com fungicida; S= média mais um desvio padrão e I = média menos um desvio padrão.
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4 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO CULTURAL O planejamento estratégico cultural (PEC), ou a rotação de culturas (RC), é recomendável em qualquer sistema de manejo de plantas de lavoura. No entanto, é, absolutamente, obrigatória em sistemas de semeadura direta. A manutenção da palhada propicia o desenvolvimento de patógenos necrotróficos, causadores de danos nas principais culturas como as manchas foliares em cereais de inverno (Drechslera teres, em cevada; Drechslera avenae., em aveia; Drechslera trtitici-repentis em trigo, cevada, triticale e centeio; Bipolaris sorokiniana, em trigo, cevada, triticale e centeio), o mal-do-pé (Gauenmanomyces graminis tritici, em trigo, cevada, centeio e triticale), Rizoctonia solani, Fusarium, Screotínia, Phytophtora e Phomopsis, em soja, dentre outras. A rotação de culturas é uma matriz, tendo como fatores o tempo e o espaço. O espaço é a divisão da propriedade em glebas. O número de glebas (espaço) representará o número de anos (tempo) para completar cada ciclo. Portanto, a rotação de culturas exige obrigatoriamente o rodízio de áreas e a sucessão cultural em cada gleba. A simples sucessão cultural, por mais importante que seja sob o ponto de vista da fertilidade do solo ou do controle fitossanitário, não caracteriza uma rotação de culturas, pois representa o monocultivo no ano agrícola, quando o objetivo de um sistema de produção agrícola é a diversificação de culturas e outras explorações na propriedade. Na Tabela 4, é apresentado um modelo de rotação de culturas (sucessão cultura e rodízio de áreas) para a região fria do Sul do Brasil. A propriedade é dividida em 3 glebas, completando-se o ciclo em 3 anos. No verão, 2/3 da área é ocupada com soja, a cultura econômica principal, e 1/3 com a cultura do milho. No inverno, 1/3 da área é ocupada com a cultura do trigo ou cevada cervejeira ou aveia branca, após o milho, tendo como cultura intercalar o nabo forrageiro, antecedendo a soja. Outra gleba cultivada pelas coberturas verdes nabo forrageiro ou ervilhaca + aveia preta, após soja e antecedendo o milho. A terceira gleba, cultivada com aveia preta como cobertura verde de inverno, entre dois cultivos de soja. Nas propriedades com integração lavoura-pecuária, ao invés de coberturas verdes, podem ser utilizadas como forrageiras. Como no modelo, 1/3 da área é cultivada com trigo, não é indicado o cultivo de coberturas como centeio e azevém, pois são culturas multiplicadoras de patógenos necrotróficos, também incidentes nas culturas do trigo e da cevada. Tabela 4 – Modelo de sistema de rotação de culturas indicado para a região Sul do Brasil Anos Glebas 2016 2017 Verão Inverno Verão Inverno Verão 1 Soja Aveia preta Soja Nabo ou ervilhaca Milho +Aveia preta 2
Soja
Nabo ou ervilhaca + Aveia preta
Milho
3
Milho
Nabo/Trigo ou nabo/cevada ou nabo/aveia branca
Soja
Nabo/Trigo ou nabo/cevada ou nabo/aveia branca Aveia preta
Soja Soja
2018 Inverno Nabo/Trigo ou nabo/cevada ou nabo/aveia branca Aveia preta Nabo ou ervilhaca + Aveia preta
A sequência de culturas a serem utilizadas em sucessão em cada área deve considerar, além do potencial de rentabilidade do sistema, a suscetibilidade da espécie à infestação de pragas e plantas daninhas, a incidência de moléstias, a disponibilidade de equipamentos para o manejo das culturas e de seus restos culturais, o histórico e o estado atual da lavoura quanto à fertilidade dos solos e ao estado nutricional das plantas (Comissão..., 2004). Trabalhos realizados durante 8 anos pela Fundacep (Ruedel, 1995), demosntraram que o rendimento médio da soja foi 13,3% superior (375 kg ha-1), quando utilizada a rotação de culturas, comparada com o cultivo sem rotação de culturas (Tabela 5). Tabela 5 – Rendimento de grãos de soja em resposta ao manejo do solo e à rotação de culturas com milho no período de 1986 a 1994, Fundacep, Cruz Alta Sistemas de rotação Semeadura direta Convencional de culturas kg ha-1 % kg ha-1 % Com rotação 3.196 a 113,3 2.911 a 104,2 Sem rotação 2.821 b 100,0 2.795 b 100,0 C.V. (%) 7,0 3,8 F de tratamento 12,64** 4,69* Fonte: adaptado de Ruedel (1995).
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* Significativo pelo teste F ao nível de 5% de significância; ** significativo ao nível de 1% de significância; médias seguidas pela mesma letra diferem pelo teste de Duncan, ao nível de 5% de significância; o rendimento da soja foi obtido pela média das áreas com a cultura no seguinte esquema de rotação: aveia/soja, ervilhaca + aveia/milho e trigo/soja. Em relação à cultura do trigo, no mesmo trabalho realizado pela Fundacep (Ruedel, 1995), verificou-se que o cultivo em rotação proporcionou um aumento de 38,5% quando comparado ao tratamento sem rotação, ou seja, um aumento de 710 kg ha-1 (Tabela 6), na semeadura direta, e de 38,4% (667 kg ha –1), no sistema convencional. Tabela 6 – Rendimento de grãos de trigo em resposta ao manejo do solo e à rotação de culturas no período de 1986 a 1994, Fundacep, Cruz Alta Sistemas de rotação de culturas Semeadura direta Convencional kg ha-1 % kg ha-1 % Com rotação 2.552 a 138,5 2.370 a 138,4 Sem rotação 1.842 b 100,0 1.713 b 100,0 C.V. (%) 8,9 11,2 F de tratamento 52,85** 32,92** Fonte: adaptado de Ruedel (1995). ** Altamente significativo pelo teste F; médias seguidas de mesma letra não diferem pelo teste de Duncan, ao nível de 5% de significância; o trigo com rotação ocupava 1/3 da área no seguinte esquema de rotação: aveia/soja, ervilhaca + aveia/milho e trigo/soja; o trigo sem rotação era a sucessão trigo/soja. Na Universidade de Passo Fundo, foi conduzido um experimento com o objetivo de avaliar um sistema de rotação de culturas de inverno e verão, sob dois sistemas de manejo do solo (direto e cultivo mínimo), num Latossolo Vermelho distrófico típico (Floss; Wentz; Boller; Klein; Possa, 2005). As culturas de inverno avaliadas foram aveia branca, trigo e pastagem de inverno (aveia branca forrageira, aveia preta e ervilhaca) e as culturas de verão, soja e milho. O sistema de rotação de culturas foi constituído pela monocultura de inverno, a rotação dupla e a rotação tripla, sendo que no verão as culturas de trigo e aveia branca eram seguidas pela soja e a pastagem de inverno, pelo milho. No início do ciclo de três anos, foi feita uma escarificação em um dos tratamentos, seguindo-se a semeadura direta nos demais anos, em todas as parcelas. O tratamento de semeadura direta foi conduzido por seis anos sem revolvimento do solo. Quanto à cultura do trigo, verificou-se que o rendimento nas diferentes rotações foi significativamente superior em relação à monocultura, independente do sistema de manejo (Tabela 7). A média de rendimento no cultivo mínimo foi significativamente superior em relação à semeadura direta, apesar de uma diferença de apenas 39 kg.ha-1. Em relação ao peso do hectolitro (PH), não houve diferenças significativas entre os tratamentos de manejo e rotação. Tabela 7 - Rendimento de grãos (kg.ha-1) e peso hectolitro (kg.hL-1) de trigo sob sistema de manejo e rotação de culturas, Passo Fundo, 2004 Cultura anterior Rendimento de grãos Peso do hectolitro Inverno Verão Plantio direto Cultivo mínimo Plantio direto Cultivo mínimo Trigo (M) Soja 2459 b 2600 b 73,0 ns 69,1 ns Aveia (R1) Soja 2719 a 2740 a 72,5 72,4 Pastagem (R2) Milho 2673 a 2676 a 72,9 72,2 Pastagem (R3) Milho 2762 a 2750 a 72,4 71,7 Médias A2653 A2691 72,74 71,36 C.V. (%) Sistema (a) 0,64 1,57 C.V. (%) Rotação (b) 3,11 2,59 Fonte: Floss; Wentz; Boller; Klein; Possa (2005). Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de significância; M (monocultura trigo/soja); R1 (aveia/soja, trigo/soja); R2 (pastagem/milho, trigo/soja); R3 (aveia/soja, pastagem/milho, trigo/soja). Quanto ao peso de mil grãos (PMS), o tratamento de dupla rotação, sem diferir dos demais tratamentos de rotação, foi significativamente superior em relação ao monocultivo (Tabela 8). Não houve diferença significativa na comparação da semeadura direta contínua e o cultivo mínimo (uama escarificação a cada três anos). Tabela 8 - Peso de mil sementes (g) de trigo sob sistema de manejo e rotação de culturas, Passo Fundo, 2004 Cultura anterior Peso de mil sementes Inverno Verão Plantio direto Cultivo mínimo Trigo (M) Soja 36,6 b 35,6 b Aveia (R1) Soja 36,5 ab 37,4 ab Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 04 | novembro de 2019
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Pastagem (R2) Milho 38,6 a 37,0 a Pastagem (R3) Milho 36,0 ab 36,9ab Médias 36,9 36,7 C.V. (%) Sistema (a) 3,20 C.V. (%) Rotação (b) 2,43 Fonte: Floss, Wentz, Boller, Klein e Possa (2005). Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de significância; M (monocultura trigo/soja); R1 (aveia/soja, trigo/soja); R2 (pastagem/milho, trigo/soja); R3 (aveia/soja, pastagem/milho, trigo/soja). Em relação à cultura da aveia, observa-se na Tabela 19, que os resultados observados com o tratamento de rotação da aveia com trigo no inverno e com soja no verão, sem diferir dos demais tratamentos de rotação, foram superiores aos observados no monocultivo. Quanto ao peso do hectolitro de grãos (PH), não houve diferença significativa entre os tratamentos. Também não foi observada diferença significativa, quanto ao sistema de semeadura direta contínua e o cultivo mínimo. Tabela 9 - Rendimento de grãos (kg.ha-1) e peso do hectolitro (kg.hl-1) de aveia branca sob sistema de manejo e rotação de culturas, Passo Fundo, 2004 Cultura anterior Rendimento de grãos Peso do hectolitro Inverno Verão Plantio direto Cultivo mínimo Plantio direto Cultivo mínimo Aveia (M) Soja 2869 b 2677 b 45,7 ns 48,6 ns Trigo (R1) Soja 2969 a 3098 a 46,9 45,8 Pastagem (R2) Milho 2919 ab 3007 ab 45,0 46,7 Trigo(R3) Soja 3075 ab 2457 ab 44,3 45,4 Médias 2958 2924 45,53 46,65 C.V. (%) Sistema (a) 5,69 5,97 C.V. (%) Rotação (b) 4,89 4,24 Fonte: Floss; Wentz; Boller; Klein; Possa (2005). Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de significância; M (monocultura aveia/soja); R1(aveia/soja, trigo/soja); R2 (pastagem/milho, aveia/soja); R3 (trigo/soja, pastagem/milho, aveia/soja). No rendimento de matéria verde - MV (Tabela 10), observa-se que não houve diferenças significativas entre os tratamentos no primeiro corte. No segundo corte, os tratamentos de rotação, foram superiores ao monocultivo, independente do sistema de manejo. No total de MV produzida, o tratamento de rotação trigo/pastagem, sem diferir dos demais tratamentos de rotação, foi superior ao monocultivo. A escarificação, não diferiu do sistema de semeadura direta. Tabela 10 - Rendimento de massa verde (kg.ha-1) da pastagem de inverno sob sistema de manejo e rotação de culturas, Passo Fundo, 2004 Cultura anterior MV 1ºcorte MV 2ºcorte MV Total Inverno Verão Plantio direto Cultivo Plantio Cultivo Plantio Cultivo mínimo direto mínimo direto mínimo Pastagem(M) Milho 10436 ns 10033 ns 12166 b 12260 b 22603 b 22293 b Trigo (R1) Soja 12606 12383 15590 a 14860 a 28196 a 27243 a Aveia (R2) Soja 11380 10903 15330 a 14453 a 26710 ab 25356 ab Aveia (R3) Soja 11776 10746 15643 a 16146 a 27420 a 26893 ab Médias 11550 11016 14682 14430 26232 25446 C.V. (%) Sistema (a) 5,13 7,85 5,69 C.V. (%) Rotação (b) 14,85 4,52 7,39 Fonte: Floss; Wentz; Boller; Klein; Possa (2005). Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de significância; M (monocultura pastagem/milho); R1(trigo/soja, pastagem/milho); R2 (aveia/soja, pastagem/milho); R3 (trigo/soja, aveia/soja, pastagem/milho). Quanto ao rendimento de matéria seca (MS), não houve diferença significativa entre os tratamentos no primeiro corte. No segundo corte, o tratamento de rotação tripla foi significativamente superior em relação aos demais tratamentos. No rendimento total de MS, a rotação tripla, sem diferir dos demais tratamentos de rotação, foi significativamente superior em relação ao monocultivo (Tabela 11). Não houve diferença significativa entre os sistemas de manejo, tanto no rendimento de matéria verde, quanto de matéria seca.
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Tabela 11 - Rendimento de massa seca (kg.ha-1) da pastagem de inverno sob sistema de manejo e rotação de cultura, Passo Fundo, 2004 Cultura anterior MS (1ºcorte) MS (2ºcorte) MS Total Inverno Verão Plantio Cultivo Plantio Cultivo Plantio direto Cultivo Direto mínimo direto mínimo mínimo Pastagem(M) Milho 1976 ns 1932 ns 2706 b 2525 b 4682 ns 4457 b Trigo (R1) Soja 2073 2061 3457 a 3028 b 5530 5090 ab Aveia (R2) Soja 2014 1832 3186 ab 3103 b 5201 4935 ab Aveia (R3) Soja 2032 1827 3486 a 3812 a 5518 5640 a Médias 2024 1913 3209 3117 5233 5030 C.V. (%) Sistema (a) 21,05 4,81 5,40 C.V. (%) Rotação (b) 15,3 7,85 9,22 Fonte: Floss; Wentz; Boller; Klein; Possa (2005). Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de significância; M (monocultura pastagem/milho; R1(trigo/soja, pastagem/milho); R2 (aveia/soja, pastagem/milho); R3 (trigo/soja, aveia/soja, pastagem/milho). Os resultados demostram que os tratamentos de rotação foram superiores ao monocultivo. Considerando o custo do cultivo mínimo em relação à semeadura direta, a escarificação não demonstrou ser vantajosa após dois anos de cultivo. Resultados obtidos por Floss, L.G. (2008), na avaliação do rendimento de grãos e palha de diversas alternativas de cultivo de inverno, em sucessão à cultura da soja, mostraram que o rendimento de trigo, com o nabo forrageiro como cultura intercalar, foi, significativamente, superior ao rendimento do trigo sem a cultura intercalar (+350 kg.ha-1). A aveia branca, não diferiu do trigo, mas foi, significativamente, superior ao rendimento da canola e ervilha (Tabela 12). Quanto à produção de palha, a de trigo, após nabo forrageiro, canola e aveia branca + nabo forrageiro foram significativamente superiores à produção de palha do trigo (sem nabo forrageiro), aveia branca, ervilha e pousio. Tabela 12 – Rendimento de grãos e de palha das culturas econômicas no período de inverno/primavera, subsequentes à cultura da soja, safra 2006/2007 Rendimento (kg.ha-1) Culturas Grãos % Palha % Nabo forrageiro/trigo 3.436 a 242 5.956 a 278 Trigo 3.086 b 218 3.018 b 141 Aveia branca 2.975 b 210 2.704 bc 126 Ervilha 1.475 c 104 1.919 d 89 Canola 1.416 c 100 5.583 a 261 Aveia branca+nabo forrageiro 0 d 0 5.626 a 263 (cobertura) Pousio coberto 0 d 0 2.140 cd 100 C.V. (%) 4,82 6,31 DMS 243 694 Fonte: Floss, L.G. (2008). Médias seguidas da mesma letra, dentro de cada coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade de erro. Quanto ao rendimento de grãos da soja após diferentes culturas de inverno, esse foi significativamente superior quando a cultura de cobertura foi aveia branca mais nabo forrageiro, se comparado às culturas da ervilha, nabo forrrageiro/trigo, pousio coberto, aveia branca, trigo e canola, conforme Tabela 13 (Floss, L.G., 2008). Destaca-se o efeito da presença do nabo forrageiro, em consorciação com aveia branca ou como cultura intercalar entre a colheita da soja e a implantação do trigo no inverno, sobre o rendimento da soja, de 426 kg.ha-1 (+11%) e 77 kg.ha-1 (+2%), respectivamente, em relação ao pousio coberto. Tabela 13 – Rendimento de grãos de soja após as culturas de inverno/primavera, subsequentes à cultura da soja, safra 2006/2007 Culturas antecessoras Rendimento de grãos (kg.ha-1) % Diferença (kg.ha-1) Aveia branca + nabo forrageiro (cobertura)
4.090
a
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1.687 14
Ervilha 3.760 b 102 1.357 Nabo forrageiro/trigo 3.741 b 102 1.338 Pousio coberto 3.664 bc 100 1.261 Aveia branca 3.398 c 93 995 Trigo 3.382 c 92 979 Canola 2.403 d 65 0 C.V. (%) 3,21 DMS 319 Fonte: Floss, L.G. (2008). Médias seguidas da mesma letra, dentro de cada coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade de erro. Em relação ao rendimento de milho, após as culturas de inverno/primavera, subsequente à cultura da soja, safra 2006/2007 (Floss, L.G., 2008), conforme Tabela 14, observou-se um rendimento superior após as culturas de ervilha e aveia branca + nabo forrageiro, em relação às culturas de canola, aveia branca, pousio coberto, nabo/trigo, as quais não diferiram entre si, e superior no tratamento em sucessão ao cultivo do trigo. O rendimento do milho após ervilha ou a cobertura aveia branca + nabo forrageiro, foi 16% superior ao tratamento poisio coberto. Destaque-se que o rendimento do milho após ervilha foi de 2.586 kg.ha-1 superior ao rendimento após trigo. O rendimento do milho em sucessão a cobertura aveia branca + nabo forrageiro foi superior em 2.571 kg.ha-1, quando comparado à sucessão ao trigo. Tabela 14 – Rendimento de grãos de milho após as culturas de inverno/primavera, subsequentes à cultura da soja, safra 2006/2007 Rendimento de Diferença (kg.ha-1) Culturas antecessoras grãos % (kg.ha-1) Ervilha 12.593 a 116 2.586 Aveia branca + nabo forrageiro (cobertura) 12.578 a 116 2.571 Canola 11.374 b 105 1.367 Aveia branca 11.349 b 105 1.342 Pousio coberto 10.819 bc 100 812 Nabo forrageiro/trigo 10.558 bc 97 551 Trigo 10.007 c 92 0 C.V. (%) 3,01 DMS 975 Fonte: Floss, L.G. (2008). Médias seguidas da mesma letra, dentro de cada coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade de erro. Na Tabela 15, observa-se o rendimento de diversas culturas de inverno/primavera, em sucessão à cultura do milho (Floss. L.G., 2008). Verifica-se que o rendimento do trigo, tendo o nabo forrageiro com cultura intercalar após o milho, foi significativamente superior ao rendimento da aveia branca e trigo, sem cultura intercalar. Esses tratamentos também foram significativamente superiores ao rendimento das culturas de girassol, ervilha e canola. Destaca-se que o rendimento do trigo, após milho, tendo como cultura intercalar o nabo forrageiro, foi de 1.084 kg.ha-1 quando comparado ao rendimento após milho, sem o nabo forrageiro como cultura intercalar. O rendimento do trigo, tendo o nabo forrageiro com cultura intercalar, após milho no verão anterio, foi superio ao rendimento do trigo, após soja (Tabela 11), em 474 kg.ha-1. Tabela 15 – Rendimento de grãos das culturas econômicas no milho, safra 2006/2007 Rendimento de Culturas grãos (kg.ha-1) Nabo forrageiro/trigo 3.910 a Aveia branca 2.953 b Trigo 2.826 b Girassol 1.561 c Ervilha 1.533 c Canola 536 d Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 04 | novembro de 2019
período de inverno/primavera, subsequentes à cultura do Diferença (kg.ha-1) % 100 75,5 72,2 39,9 39,2 86,3
0 957 1.084 2.349 2.377 3.374 15
Aveia branca + nabo forrageiro 0 e 0 3.910 (cobertura) Pousio coberto 0 e 0 3.910 C.V. (%) 4,57 DMS 220 Fonte: Floss, L.G. (2008). Médias seguidas da mesma letra, dentro de cada coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade de erro. Quanto ao rendimento de soja, após as culturas de inverno/primavera, subsequentes à cultura do milho, safra 2006/2007 (Floss. L. G., 2008), o rendimento após a cobertura aveia branca+nabo forrageiro e aveia branca para produção de grãos, sem diferir do cultivo trigo, tendo o nabo forrageiro com cultura intercalar, foi significativamente superior aos tratamentos pousio coberto, ervilha, trigo sem cultura intercalar, canola e girassol (Tabela 16). Tabela 16 – Rendimento de grãos de soja após as culturas de inverno/primavera, subsequentes à cultura do milho, safra 2006/2007 Rendimento de grãos Diferença (kg.ha-1) -1 Culturas antecessoras (kg.ha ) % Aveia branca + nabo (cobertura) 3.888 a 118 1.135 Aveia branca 3.682 a 112 929 Nabo/trigo 3.608 ab 110 855 Pousio coberto 3.286 bc 100 533 Ervilha 3.256 c 99 503 Trigo 3.104 cd 94 351 Canola 2.861 de 87 108 Girassol 2.753 e 84 0 C.V. (%) 3,46 DMS 329 Fonte: Floss, L.G. (2008). Médias seguidas da mesma letra, dentro de cada coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade de erro. O rendimento do feijão, após o trigo, tendo como cultura intercalar nabo forrageiro, a aveia branca+nabo forrageiro (cobertura) e trigo, sem diferir dos tratamentos após girassol e aveia branca, foi superior aos tratamentos pousio coberto, canola e ervilha, subsequentes à cultura do milho, safra 2006/2007 (Floss, L.G., 2008), conforme Tabela 17. Tabela 17 – Rendimento de grãos de feijão após as culturas de inverno/primavera, subsequentes à cultura do milho, safra 2006/2007 Rendimento de Diferença (kg.ha-1) Culturas antecessoras grãos % (kg.ha-1) Nabo forrageiro/trigo 2.448 a 120 863 Aveia branca + nabo 2.436 a 120 851 forrageiro (cobertura) Trigo 2.354 a 116 769 Girassol 2.250 ab 110 665 Aveia branca 2.247 ab 110 662 Pousio coberto 2.034 bc 100 449 Canola 1.958 c 96 372 Ervilha 1.585 d 78 0 C.V. (%) 3,93 DMS 245 Fonte: Floss, L.G. (2008). Médias seguidas da mesma letra, dentro de cada coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade de erro.
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5 COBERTURAS E ADUBOS VERDES DE INVERNO 5.1 Introdução Por muito tempo havia restrições no Brasil ao uso de outras espécies como coberturas verdes de solo ao invés do cultivo tradicional de leguminosas. Apirava-se copiar o modelo europeu, onde as culturas principais são cereais, de palhas abundantes e alta relação C/N. Então, para baixar essa relação C/N e acelerar a decomposição são utilizadas leguminosas/fabaceas (ervilha, fava, ervilhacas, Lathirus, serradela, trevos, etc.), fixadoras de N da atmosfera, por meio da fixação biológica, Define-se como adubos verdes “as espécies leguminosas/fabaceas, que além da reciclagem dos nutrientes absorvidos do solo, ainda acrescentam nitrogênio fixado via simbiose com bactérias”. As demais culturas são meramente “coberturas do solo pois há reciclagem apenas dos nutrientes que haviam sido absorvidos do solo”. Assim, “toda cultura é uma cobertura do solo, mas apenas as leguminosas são adubos verdes”. A prática do cultivo de leguminosas como adubos verdes é realizada há muitos séculos na Europa e outros países desenvolvidos, como cultura intercalar, entre duas culturas principais, evitando o pousio. O cultivo de cereais como aveia, trigo, cevada, centeio, azevém e outros e, a manutenção da resteva (palhas), ao longo de muitos anos, incrementou o teor de matéria orgânica dos solos dessas regiões. A larga relação C/N das palhas de cereais e as baixas temperaturas que ocorrem nessas regiões reduzem a atividade microbiana e a consequente degradação das palhas. De outro modo, no sistema de cultivo europeu, raramente está inserida uma leguminosa produtora de grãos em larga escala. Assim, o cultivo de leguminosas como adubo verde tem como objetivo principal o fornecimento de nitrogênio no sistema, obtido por meio da fixação simbiótica efetuada pelas bactérias do gênero Rhizobium. Como a palha das leguminosas tem uma relação C/N menor, a decomposição dessa matéria orgânica é rápida, liberando ainda outros nutrientes, diminuindo, assim, os custos da fertilização das culturas sucessoras. Por essa razão, as leguminosas, não são formadoras de grandes quantidades de húmus no solo, mas fornecedoras de nutrientes, enquanto as palhas de gramíneas produzem mais cobertura morta e húmus, portanto são mais condicionadoras do solo. No Sul do Brasil, a principal função das plantas de cobertura do solo é a manutenção ou a melhoria da estrutura física do solo e a estabilidade de agregados, proteção do solo contra a erosão e inclusive, a descompactação de camadas compactadas sub-superficialmente. Em todo Sul do Brasil, a principal cultura de lavoura é a soja que produz anualmente, grandes quantidades de palhas, acrescentando ao solo mais de 100kg.ha-1 de nitrogênio, fixado simbioticamente. Como a decomposição dessa palha é rápida, devido às condições climáticas que ocorrem e à baixa relação C/N, é difícil a formação de adequada palhada na superfície e o aumento do teor de matéria orgânica no solo. Grande parte desse nitrogênio é perdido por desnitrificação, volatilização e lixiviação, não ocorrendo a formação da camada de palha na superfície do solo. Dessa forma, para viabilizar o SSD, há necessidade de acrescentar ao solo materiais de relação C/N mais larga (esqueletos orgânicos), como a palha de cereais e o cultivo de leguminosas como adubos verdes quando o sistema está estabilizado. Com a semeadura de soja sobre a resteva da própria cultura, sem o cultivo no inverno, não ocorre a formação dessa cobertura morta no solo, pela rápida decomposição da palha dessa leguminosa. Consequentemente, não são obtidos os enormes benefícios do sistema de semeadura direta, quanto ao controle da erosão, aumento da infiltração de água, redução do aquecimento do solo (que reduz as perdas de água por evaporação), melhoria da estrutura física do mesmo e aproveitamento de nutrientes pelas plantas. Esses problemas não ocorrem, quando se cultiva um cereal no inverno, como aveia, trigo, cevada, triticale, centeio ou outro, conservando a resteva na superfície e realizando a semeadura direta das culturas de verão sobre essa palhada. Essas palhas, de maior relação C/N, e, portanto, mais resistentes à decomposição, são responsáveis pela formação da cobertura do solo (“mulching”), fazendo com que as vantagens do sistema apareçam já a partir do segundo ano. Em regiões mais quentes, essas culturas intercalares podem ser o milheto, a braquiária, o sorgo forrrageiro, o capim Sudão, dentre outras. Entretanto, devido a problemas sanitários e limitações de mercado, os solos do Sul do Brasil não são ocupados integralmente no inverno com cultivo de cereais produtores de grãos, enquanto no verão, os solos são, totalmente, cultivados com milho, arroz, feijão, sorgo, e, principalmente, soja. Por essa razão, parte desses solos podem ser cultivados no inverno com coberturas ou adubos verdes, dependendo da cultura de verão a ser implantada em sucessão. Uma área expressiva é cultivada com forrageiras de inverno nas propriedades que têm a integração da lavoura-pecuária. 5. 2 Coberturas verdes de inverno Na busca de soluções para a deficiência de palha para garantir o sucesso do Sistema de Semeadura Direta (SSD) muitos produtores rurais do Paraná e, posteriormente, em várias regiões do Rio Grande do Sul e outros Estados iniciaram em meados da década de 1970, experiências com o cultivo de gramíneas como aveia preta, aveia branca, centeio e azevém, para utilização como coberturas verdes de inverno. Também pode ser utilizado o cultivo de nabo forrageiro, que tem uma ampla adaptabilidade, cresce rapidamente e cobre adequadamente o solo. O cultivo dessas espécies evita o pousio neste período do ano, protegendo o solo contra erosão, além da produção de grandes quantidades de matéria seca. O manejo adequado dos solos agrícolas se traduz pela manutenção e pela melhoria das propriedades físicas, químicas e biológicas desses, visando à maximização da produtividade das culturas econômicas, de forma permanente. A manutenção de restos culturais na superfície do solo, num sistema de rotação de culturas, é um importante fator Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 04 | novembro de 2019
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melhorador da estrutura do solo, refletindo de maneira eficaz no incremento da infiltração da água, na redução da temperatura superficial do solo, no aumento da estabilidade de agregados e na disponibilidade de nutrientes e água, podendo ser considerado um estímulo às atividades microbiológicas. Consequentemente, ocorre uma redução das perdas de solo por erosão e de água, um aumento gradativo da produtividade das culturas e a redução dos custos produção. A adoção crescente do SSD pelos produtores da região Centro-sul do Brasil é a principal e mais positiva mudança no perfil das propriedades agrícolas observado nos últimos anos. Nessa região, grandes quantidades de solo fértil eram perdidas anualmente devido à erosão, consequência da intensa mobilização (arado e grade) desses solos para implantação das culturas de inverno e verão e da falta de cobertura verde/morta no solo. A prática do cultivo de aveia preta, tendo como único objetivo a cobertura verde do solo e a produção de biomassa, visando à semeadura direta de soja, tem tido um papel fundamental para o sucesso do sistema. Como a colheita das culturas de soja e milho ocorrem cada vez mais cedo, em função da disponibilidade de cultivares cada vez mais precoces, a semeadura da aveia preta, ou qualquer outra cobertura deve ser realizada logo após a colheita dessas culturas. Como a dessecação deve ser realizada preferencialmente de 14-21 dias antes da semeadura, os cultivares de aveia preta que melhor se adaptam ao sistema de produção são o Iapar 61-Ibiporã, UPFA 21 – Moreninha, Neblina, Bagual e Madrugada, pois apresentam um ciclo longo. Essa característica também é desejável na integração lavoura-pecuária, pois permitem um maior número de pastejos antes da floração. Para ganhar tempo, cobrir o solo mais cedo e aumentar a produção de biomassa, indica-se a realização da sobressemeadura na soja, quando inicia a senescência e queda das folhas. Essas folhas cobrem as sementes, de modo que tendo adequada disponibilidade de água, a germinação ocorre. Sugere-se, nesse caso, aumentar a quantidade de sementes em 20-30%. Dessa forma, quando realizada a colheita da soja, as coberturas já estão estabelecidas, aproveitando melhor o nitrogênio e outros nutrientes liberados pela decomposição/mineralização biológica da palha de soja. 5.2.1 Cultivo da aveia preta A principal espécie cultivada como cobertura verde/morta no Sul do Brasil é a aveia preta (Avena strigosa Schreb). Apesar dos enormes benefícios dessa prática, a necessidade de aumento da renda nas propriedades, seja pelo aumento dos rendimentos dos cultivos ou pela redução de custos de produção, fez com que os produtores aumentassem, ultimamente, o aproveitamento dessa biomassa na produção animal por meio da integração lavoura–pecuária (Figura 3).
Figura 3 – Aveia preta em estádio de floração (esquerda), palhada desecada e cultivada com soja em sucessão (direita). Fonte: Elmar Luiz Floss. Atualmente, áreas expressivas de solos na região Sul do Brasil são cultivadas com aveia preta visando à implantação, em sucessão, de soja e outras culturas de verão, especialmente por meio da semeadura direta. Essa cultura possibilita, além da cobertura verde e morta do solo, a formação de pastagens anuais de inverno e a elaboração de feno e silagem. Na produção de grãos, cultiva-se a aveia branca e também há cultivares com duplo propósito: produção de forragem verde no inverno e a posterior colheita de grãos do rebrote. Estima-se que somente no Estado do Rio Grande do Sul sejam cultivados, aproximadamente, 2.000.000 ha de aveia destinada à cobertura verde/morta do solo, de forma isolada ou consorciada espontaneamente com azevém anual. A preferência pela aveia preta para esta finalidade deve-se: (a) à facilidade de obtenção de sementes; (b) ao menor custo de implantação em relação a outras coberturas/adubos verdes; (c) à maior capacidade de formação de cobertura morta devido à larga relação C/N; (d) à rusticidade quanto a exigência de pH, disponibilidade de nutrientes no solo e condições climáticas; e) à adaptação às diferentes regiões; (f) ao alto potencial de rendimento de matéria verde e seca; (g) à apresentação de um sistema radicular agressivo e melhorador das propriedades físicas do solo; (h) ao controle alelopático sobre várias plantas daninhas, através de exsudações radiculares de escopoletina ou avenacina; e (i) à melhoria da sanidade do solo, diminuindo a população de patógenos causadores do mal-do-pé (Gauenmanomyces graminis tritici) e Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 04 | novembro de 2019
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podridões radiculares do trigo (Bipolaris sorokiniana e Drechslera tritici-repentis) e esclerócios (Sclerotinia sclerotiorum), rizoctoniose (Rhizoctonia solani) e nematóides (Meloidogyne incognita) da cultura da soja. Considerando as condições climáticas que ocorrem na região, a principal função das plantas de cobertura verde/morta do solo é a manutenção ou a melhoria da estrutura física do solo e a estabilidade de agregados, a proteção do solo contra a erosão e, inclusive, a descompactação de camadas compactadas sub-superficialmente. O cultivo de nabo forrageiro é importante alternativa como cultura intercalar, entre a colheita das culturas de verão (fevereiro/março) até a implantação das culturas de inverno (junho/julho). O potencial de rendimento de fitomassa da aveia, rendimento de matéria verde e seca, foi avaliado em experimentos conduzidos pela Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Passo Fundo, no período de 1992 a 1996 (Floss, 1993; Floss; Ceccon, 1994a; Floss; Ceccon, 1994b; Floss; Ceccon, 1996; Floss; Ceccon, 1997; Floss; Grapiglia, 1995) (Tabela 18). Foram avaliados todos os genótipos disponíveis de aveia preta e os experimentos foram conduzidos sem adubação, implantados pela semeadura direta, sendo que o corte foi realizado na floração plena. Apesar da variabilidade observada na comparação entre anos, obteve-se um rendimento médio de 26 t ha-1 de matéria verde e 6,6 t ha-1 de matéria seca. A amplitude de variação entre anos foi de 20 t ha-1 de matéria verde em 1994 e 1995 para 36 t ha-1 em 1992, enquanto a variação da matéria seca foi de 5,2 t ha-1 em 1993 para 9,3 t ha-1 em 1992. Na comparação da produtividade dos genótipos avaliados, verifica-se uma amplitude de variação de 3,8 (1993) a 11,2 t ha-1 (1992) de matéria seca. Tabela 18 – Rendimento de biomassa verde (RMV) e seca (RMS) de genótipos de aveia preta, no estádio de floração, em Passo Fundo, 1992/1996 Número de Anos genótipos RMV Variação RMS Variação avaliados (kg ha-1) (kg ha-1) (kg ha-1) (kg ha-1) 1992 17 29.565 (20.931-36.167)** 6.822 (5.073-6.220) 9 36.067 (21.447-40.533)* 9.343 (5.627-11.236) 1993 22 22.409 (17.625-28.677) 5.214 (3.858-6.328) 1994 23 20.182 (14.380-24.698) 5.500 (4.067-6.727) 1995 22 20.064 (14.133-26.596) 5.385 (3.773-6.782) 1996 15 28.293 (20.530-34.420) 7.509 (5.949-9.693) Médias 26.097 6.629 Fonte: adaptado de Floss, 1993; Floss; Ceccon, 1994a; Floss; Ceccon, 1994b; Floss; Ceccon, 1996; Floss; Ceccon, 1997; Floss; Grapiglia (1995). * Ensaio regional; ** Ensaio preliminar. Considerando a necessidade do aumento da rentabilidade da propriedade, uma das estratégias mais eficientes é a redução dos custos de produção. Como o sucesso do sistema de semeadura direta depende da produção de palhas, surge o desafio de atingir esse objetivo, aliado ao aumento da renda com a utilização da aveia como forrageira ou na produção de grãos. Com o objetivo de avaliar a produtividade de diferentes espécies para cobertura verde e morta do solo, bem como determinar o potencial para elaboração de feno ou silagem, foi conduzido um experimento no Campo experimental da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária/Universidade de Passo Fundo, na safra 2006 (Gazzoni; Floss, 2007). Foram avaliados 4 cultivares de aveia preta (Iapar 61-Ibiporã, UPFA 21-Moreninha, Preta Comum e Agrozebu), 2 cultivares de aveia branca (UPF 18 e UPFA 20-Texeirinha), 2 cultivares de centeio (BR 1 e BRS Serrano), um cultivar de azevém (Comum), 4 cultivares de trigo de duplo propósito (BRS Guatambu, BRS Tarumã, PF990423, BRS Umbu e BRS Figueira), um cultivar de nabo forrageiro e uma consorciação de aveia preta cv. UPFA 21-Moreninha + ervilhaca comum. Os cortes ocorreram quando cada cultivar atingiu o estádio de florescimento pleno. Quanto ao rendimento de matéria verde (MV), o cultivar de aveia preta Iapar 61 (39.533 kg ha-1), sem diferir do cv. Agrozebu, da consorciação UPFA 21-Moreninha + ervilhaca e do cv. Preta comum, foi superior aos demais genótipos avaliados (Tabela 19). A média do ensaio foi de 27.746 kg ha-1, observando-se uma amplitude variação de 10.197 kg ha-1 no cv. Iapar 61, para 3.504 kg ha-1 no nabo forrageiro (Tabela 19). Em relação ao rendimento de matéria seca (MS), os cultivares Iapar 61 e Agrozebu, sem diferir da consorciação UPFA 21-Moreninha + ervilhaca, superaram significativamente os demais genótipos. A média do ensaio foi de 6.095 kg ha-1 e a amplitude de variação foi de 3504 kg ha-1 no nabo forrageiro e 10.917 kg ha-1 no cv. Iapar 61. Quanto à porcentagem de matéria seca, o genótipo BRS Tarumã, sem diferir dos cultivares de aveia-preta Agrozebu e Iapar 61, dos cultivares de trigo BRS Guatambu, PF990423, da consorciação UPFA 21-Moreninha + ervilhaca, foi superior aos demais genótipos avaliados. A média do ensaio foi de 22,17%. Conclui-se, com isso, que os cultivares de aveia preta, apresentaram maior potencial de rendimento de biomassa seca, comparado com cultivares de trigo de duplo propósito e nabo forrageiro, ficando os cultivares de centeio, azevém e aveia branca, em situação intermediária, considerando as condições climáticas ocorridas nessa safra e o estádio em que foi realizado o corte (Tabela 19).
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Tabela 19 - Rendimento de matéria verde (MV), matéria seca (MS) e porcentagem de matéria seca (%MS) do ensaio de coberturas verdes com diferentes espécies, em Passo Fundo, Famv/UPF, 2006 Genótipos MV (kg ha-1) MS (kg ha-1) % MS Aveia preta cv.IAPAR 61 39533 a 10917 a 27,62 ab Aveia preta cv. Agrozebu 37267 ab 10603 a 28,46 ab Aveia preta cv. UPFA 21 + ervilhaca 36200 ab 9272 ab 25,62 ab Aveia Preta cv. Comum 35467 ab 8300 b 23,36 bc Aveia preta cv. UPF 21 – Moreninha 35133 b 7924 bc 22,73 bc Centeio cv. BRS Serrano 27267def 6181 cd 22,66 bc Aveia branca cv..UPF 18 28133 de 5132 de 18,24 cde Aveia branca cv. UPFA 20 – Teixeirinha 30800 cd 5052 de 16,40 def Azevém cv. Comum 22000 g 4926 de 22,37 bcd Centeio cv. BR 1 25200efg 4786 de 19,01 cde Trigo cv. BRS Guatambu 17000 h 4664 de 27,47 ab Trigo cv. BRS Tarumâ 14067 h 4398 e 31,30 a Trigo cv. PF990423 16533 h 4288 e 25,96 ab Trigo cv. BRS Umbu 22533 g 3990 e 17,68 cde Trigo cv. BRS Figueira 23467 fg 3579 e 15,22 ef Nabo forrageiro cv. Comum 33333 bc 3504 e 10,59 f Médias 27746 6095 22,17 C.V. (%) 5,04 9,40 9,08 Fonte: Gazzoni; Floss (2007). Médias seguidas da mesma letra, minúscula na coluna, não diferem pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de significância. Derpsch; Roth; Sidiras; Köpke (1991) encontrou 90 kg.ha-1 de N, em resíduos de aveia, representando um total de quase 30 kg.ha-1 superior à ervilhaca peluda e chícharo (Lathirus sativus L.), pois apesar do menor teor no tecido na aveia, apresentou uma produtividade de biomassa muito superior. Na incorporação de 5.590 kg.ha-1 de matéria seca de parte aérea e 3.809 kg.ha-1 de matéria seca de raízes de aveia preta, foram encontrados 147 kg.ha-1 de N. Isso demonstra que as espécies não leguminosas quando utilizadas como coberturas verdes podem deixar em seus resíduos quantidades de N - total iguais ou superiores às leguminosas. Para implantação da aveia preta, sugere-se um espaçamento de 17-20cm entre linhas, com uma densidade de 250-350 sementes aptas por metro quadrado. O peso de mil sementes varia de 12 a 17g, dependendo do cultivar e das condições de produção. Para calcular o número de sementes por metro linear, usar a fórmula: Número/sementes/m linear = Densidade x Espaçamento (cm) Poder germinativo (%) Para exemplificar, considerando uma densidade de 250 sementes/m2, espaçamento de 20 cm entre linhas e um poder germinativo de 80%, a semeadora deve ser regulada para semear 63 sementes por metro linear. Pois: Número/sementes/m linear = 250 x 20 (cm) 80 (%) Número/sementes/m linear = 63 Quanto à quantidade de sementes necessária (kg/ha) aplicar a fórmula: kg sementes/ha = Densidade x Peso de mil sementes - PMS(g) Poder germinativo (%) Considerando u densidade de 250 sementes/m2, um PMS 15g e um poder germinativos de 80%, seriam necessários: kg sementes/ha = 250 x 15g 80 (%) kg sementes/ha = 46,9kg
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Na Tabela 20, são apresentadas as indicações de semeadura de diversas espécies de coberturas verdes de inverno, indicadas para a o Sul do Brasil (Floss, 1988; Calegari, 2016; Monegat, 1991 e Derpsch; Calegari, 1992). Tabela 20 – Indicações de espaçamentos, profundidade, densidade e peso de mil sementes, na semeadura de diferentes coberturas verdes Culturas de cobertura Espaçamento Profundidade de Densidade Peso de mil sementes (cm) semeadura (cm) (sementes aptas/m2) (g) Aveia branca 17-20 3-4 250-300 30-40 Aveia preta 17-20 3-4 250-350 12-17 Azevém 17-20 3-4 800-1000 2-3 Capim Sudão 17-45 3-4 250-325 10-15 Centeio 17-20 3-4 250-350 16-20 Milheto 17-34 3-4 250-300 3-4 Nabo forrageiro 17-34 3-5 90-120 8-14 Sorgo forrageiro 30-34 3-5 60-75 6-9 Trigo forrageiro 17-20 3-4 250-300 35-45 Fonte: adaptado de Floss (1988); Monegat (1991); Derpsch e Calegari (1992); Calegari (2016). 5.2.3 Cultivo da aveia branca Outra alternativa econômica para agregação de renda na propriedade é o incremento crescente da área cultivada com aveia branca (Avena sativa L.). Essa prática mantém uma boa produção de palha e de forma suplementar a produção de grãos de alto valor nutritivo, tendo como principal destino a substituição do milho no arraçoamento animal na própria propriedade ou na região, especialmente nos meses de outubro a fevereiro (Figura 4).
Figura 4 - Lavoura de aveia branca no estádio de floração, de maturação, semedura direta e emergência e soja sobre palahada de aveia. Fonte: Elmar Luiz Floss.
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Indica-se uma semeadura no espaçamento de 17-20 cm entre linhas e uma densidade de 250300 sementes aptas/m2 (Tabela 20). Também é recomendável uma aplicação de nitrogênio, na ordem de 25kg/ha, em cobertura, no estádio de 3-4 folhas, especialmente, em sucessão à cultura do milho. Dessa forma, a cobertura do solo é mais rápida, a produção de biomassa produzida é maior e a relação C/N diminui. 5.2.4 Cultivo do centeio O centeio (Secale cereale L.) apresenta grande rusticidade, como tolerância a solos ácidos e com elevados teores de alumínio tóxico e alto potencial de rendimento de biomassa verde e seca, com alta relação C/N. Os únicos cultivares disponíveis são o BR 1 e o BRS Serrano (Figura 5). A densidade recomendada é de 200-250 sementes aptas/m2, utilizando o mesmo espaçamento de aveia-preta (Tabela 20). A cultura pode ser cultivada como cobertura verde/morta do solo, produção de grãos, para pastejo (de forma isolada ou consorciada com outras forrageiras ou a elaboração de feno e silagem (Baier, 1988). A desvantagem do centeio é o alto custo das sementes devido à baixa disponibilidade e ao fato de ser multiplicador de moléstias como mal-do-pé (Gauenmanomyces graminis tritici) e podridões radiculares (Bipolaris sorokiniana e Drechslera tritici-repentis) das culturas do trigo, cevada e triticale, caso o cultivo dessas culturas esteja previsto no sistema de rotação de culturas.
Figura 5 – Lavoura de centeio, em fase de floração Fonte: Elmar Luiz Floss. 5.2.5 Cultivo do azevém anual O azevém anual (Lolium multiflorum L.) é uma gramínea espontânea de inverno em praticamente todas as regiões do Sul do Brasil, apresentando um ciclo mais longo que o centeio e a aveia. Outra característica desse cultivo é o crescimento inicial mais lento. A quantidade de sementes utilizada é de 300-350 sementes aptas/m2 (Tabela 20). O azevém comum tem como restrição a resistência crescente ao glifosato. Quanto ao rendimento de matéria verde e seca, o cultivar mais indicado é o BRS Ponteio (Figura 6). Essa gramínea também tem a desvantagem de multiplicar algumas moléstias do trigo, da cevada, do centeio e de triticale, como o mal-do-pé. O azevém tem como característica um crescimento inicial mais lento no outono. Portanto, não deve ser utilizado quando a previsão de dessecação ocorre muito cedo.
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Figura 6 – Azevém comum verde e dessecado Fonte: Elmar Luiz Floss e Luiz Gustavo Floss, respectivamente. Os genótipos de azevém que predominam são diploides e têm como característica negativa a resistência ao glifosato. Atualmente, já estão disponíveis no Brasil, cultivares de azevém anual tetraploides, originários da Noza Zelândia e Austrália (ex. Winter Star, KLM), que apresentam um crescimento inicial mais rápido, maior potencial de produção de biomassa, sistema radicular melhor desenvolvido e não resistente a herbicida glifosato. 5.2.6 Cultivo de nabo forrageiro O nabo comum (Raphanus raphanistrum) ou nabo forrageiro (Raphanus sativus L.) apresenta como vantagens o rápido crescimento, o baixo custo das sementes, o alto rendimento de matéria verde e a baixa relação C/N, reciclando rapidamente os nutrientes absorvidos do solo. Como consequência, a cobertura morta dessa espécie é pequena, além de ser multiplicadora de moléstias da cultura da soja, como esclerotínia. A densidade recomendada é de 110-200 sementes/m2, que representa aproximadamente, 20-25 kg.ha-1 (Tabela 20). Para evitar a multiplicação da esclerotínia, recomenda-se adquirir sementes livres de esclerócios e dessecar ou rolar o nabo no início da formação de silíquas, pois a formação de esclerócios e silíquas é paralela. O nabo é a mais importante cultura intercalar indicada para cultivo imediatamente após a colheita das culturas de verão, como milho, soja e feijão, como cobertura antecessora da semeadura da aveia branca para produção de grãos, trigo, triticale ou cevada (Figura 7).
Figura 7 – Foto de lavoura e plantas de nabo forrageiro, no estádio de floração Fonte: Elmar Luiz Floss. 5.2.4 Coberturas de verão Com a colheita da soja e milho cada vez mais cedo, no Sul do Brasil, há espaço para o cultivo de coberturas verdes de verão ou estação quente, como milheto, capim Sudão, sorgo forrageiro, braquiária, dentre outras espécies, com cultivo intercalar às culturas de inverno. Nas demais regiões do Brasil, essas são alternativas para cultivo após a colheita das culturas econômicas mais importantes. Essas espécies tem alta capacidade de produção de biomassa seca, rápido crescimento inicial, cobrindo rapidamente o solo, e excelente crescimento de raízes, especialmente, em profundidade. Essas espécies podem ser consorciadas com nabo forrageira ou leguminosas de estão quente, como crotalarias.
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5.3 Adubos verdes de inverno Os adubos verdes são as fabaceas (leguminosas), pois além de reciclar os nutrientes absorvidos do solo, acrescentam o nitrogênio, fixado por meio da simbiose com com bactérias do gênero Rhizobium. 5.3.1 Cultivo da ervilhaca A ervilhaca comum (Vicia sativa L.) e a ervilhaca peluda (Vicia villosa L.) são as mais cultivadas devido à maior disponibilidade de sementes, à precocidade e ao menor custo dessas (Figura 8). A densidade recomendada no sistema solteiro é de 120-150 sementes/ m2 (60 - 80 kg ha-1) e quando consorciada é de 80-120 sementes aptas/m2 de ervilhaca mais 80-120 sementes aptas/m2 (25-35 kg ha-1) de aveia preta (Tabela 21). A desvantagem dessa cultura é a baixa tolerância à deficiência hídrica no outono, o que reduz significativamente o rendimento de matéria seca.
Figura 8– Fotos de lavouras com ervilhaca comum, a esquerda, e, ervilhaca peluda ou vilosa, a direita Fonte: Elmar Luiz Floss. Na Tabela 21, é apresentado o espaçamento, a profundidade de semeadura, a densidade de sementes e o peso de mil sementes, das principias leguminosas indicadas para cultivo no Brasil, como adubos verdes. Tabela 21 – Indicações de espaçamentos, profundidade, densidade e peso de mil sementes, na adubos verdes Culturas de cobertura Espaçamento Profundidade de Densidade (cm) semeadura (cm) (sementes aptas/m2) Crotalaria spectabilis 17-34 3-5 70-80 Crotalaria acroleuca 17-34 3-5 160-170 Crotalaria juncea 17-34 3-5 90-110 Ervilhaca comum 17-20 305 60-75 Ervilhaca peluda 17-20 3-5 130-160 Ervilha forrageira 17-20 3-5 75-90 Tremoço bramco 17-20 3-5 25-35 Trevo subterrâneo 17-20 2-3 120-130 Fonte: adaptado de Monegat (1991); Derpsch e Calegari (1992); Calegari (2016).
semeadura de diferentes Peso de mil sementes (g) 16-19 6-8 30-43 30-50 35-40 95-125 300-460 6-7
5.3.2 Cultivo da ervilha forrageira A ervilha forrageira (Pisum sativum subesp. arwense) apresenta um potencial de rendimento de biomassa verde e seca maior que as ervilhacas, bem como o crescimento inicial mais rápido (precocidade), conforme Figura 9. Mas ainda é pequena a disponibilidade de sementes e, por isso, esse cultivo apresenta maior custo e a desvantagem de ter maior sensibilidade às geadas, comparando-se à ervilhaca. Segundo Derpsch e Calegari (1992), a densidade recomendada é de 75 sementes aptas/m2, variando a quantidade de sementes de 80 a 120 kg ha-1, dependendo do cultivar (Tabela 21).
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Figura 9 – Lavoura de ervilha forrageira, no estádio de floração, em Passo Fundo Fonte: Elmar Luiz Floss. 5. 3.3 Cultivo do chícharo O chícharo ou sincho (Lathyrus sativus L.) apresenta bom rendimento de matéria verde, mas também há pequena disponibilidade de sementes (Figura 10). A densidade recomendada é de 40-60 sementes aptas/m2 (120-180 kg ha-1), de acordo com Derpsch; Calegari, (1992), conforme Tabela 21.
Figura 10 – Chícharo (Lathirus sativus L.), no estádio de floração, com flor azul e branca Fonte: Elmar Luiz Floss. 5.3.4 Outras leguminosas A serradela (Ornithopus sativus Brot.), está bem adaptada a algumas regiões do Paraná, mas apresenta baixo rendimento de matéria seca (Figura 11). Outra limitação é falta de sementes no mercado. As espécies de tremoço branco (Lupinus albus), amarelo (Lupinus luteus) e azul (Lupinus angustifolius), não têm sido mais cultivadas no Sul do Brasil, com exceção do norte do PR, devido à alta suscetibilidade a moléstias da parte aérea, como antracnose e pleochaeta (Figura 11). Quando a tremoço (amarelo, branco e azul) é usada em consorciações com aveia, centeio e outras gramíneas, a incidência e severidade de tais moléstias é menor.
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Figura 11 – Plantas de serradela, tremoço azul, tremoço branco e tremoço amarelo Fonte: Elmar Luiz Floss. 5.3.5 Consorciações de coberturas/adubos verdes A consorciação de coberturas verdes tem como principais vantagens o aumento da produção de biomassa, diversidade de sistemas radiculares, raízes pivontantes e raízes fasciculadas, que melhoram as propriedades físicas dos solos (formação de bioporos), reduzir a incidência/severidade de patógenos e a liberação de diferentes exsudatos radiculares, que melhoram as propriedades biológicas dos solos. Na escolha das espécies na consorciação deve ser dada preferência aquelas mais adaptadas na região edafoclimática, alta capacidade de produção de biomassa da parte aérea e radicular. Cuidado especial para as quantidades de sementes de cada espécie, para que efetivamente haja crescimento de todas as espécies. Nas regiões frias são exemplos de consorciações: aveia preta ou centeio ou azevem tetraploide + ervilhaca comum ou ervilhaca vilosa ou ervilha forrageira + nabo forrageiro (Figura 12).
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Figura 12 - Consorciação de centeio, nabo forrageiro e ervilhaca comum. Fonte: Elmar Luiz Floss Para estações ou regiões mais quentes, são alternativas de consorciação o milheto ou sorgo forrageiro ou capim Sudão ou braquiárias + nabo forrageiro ou fabaceas (leguminosas) como crotalarias (Figura 13).
Figura 13 – Consorciação de braquiária e crotalaria. Fonte: Elmar Luiz Floss 5.4 Efeito das coberturas/adubos verdes no rendimento das culturas em sucessão O cultivo de gramíneas de inverno, deve anteceder preferencialmente às culturas de leguminosas no verão, como soja e feijão. Nesse sentido, Derpsch (1984) relata o efeito de diversas coberturas de inverno sobre o rendimento de feijão, milho e soja em sucessão. O melhor rendimento de feijão foi obtido após nabo forrageiro (830 kg.ha-1) e após Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 04 | novembro de 2019
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aveia preta (800 kg.ha-1) em comparação com rendimentos em torno de 500 kg ha-1, após pousio invernal, girassol, trigo e chícharo, sendo que as diferenças se mostram estatisticamente significativas. Em relação à soja, o rendimento mais alto (3.090 kg.ha-1) foi obtido pelo efeito da aveia preta sobre esta leguminosa de verão, único tratamento estatisticamente superior sobre os demais. Os rendimentos mais baixos foram obtidos após trigo (1.730 kg.ha-1), centeio (1.700 kg.ha-1) e ervilhaca peluda (1.810 kg.ha-1). Para Floss (1989), sob o ponto de vista da nutrição de plantas, o interesse principal por leguminosas como cultura antecessora do milho deve-se à fixação biológica de nitrogênio cuja matéria orgânica, quando mineralizada, pode ser aproveitada pela cultura sucessora. As quantidades de N encontradas variam conforme a espécie. Na Tabela 22, são apresentados os teores de N encontrados na parte aérea de algumas coberturas de inverno em ensaio executado, na safra de 1983, em Passo Fundo, RS (Floss, 1984). Verifica-se que a maior quantidade de N foi incorporada com um rendimento de 38.917 kg.ha-1 de matéria verde e 8.266 kg.ha-1 de MS na ervilhaca comum, totalizando 215 kg.ha-1 de nitrogênio, apenas considerando a parte aérea. Nesse ensaio, a aveia preta acumulou apenas 54 kg.ha-1 de N, devido ao baixo rendimento de MS apresentado (4.664 kg.ha-1). Os teores de N, na MS, variaram de 2,60% (ervilhaca), 2,28% (tremoço amarelo), 2,55% (trevo subterrâneo) e 1,17% (aveia). Tabela 22 - Rendimento (kg/ha) de matéria verde, matéria seca e teor de nitrogênio da parte aérea de diferentes coberturas de inverno Coberturas de Matéria Matéria Seca* Nitrogênio incorporado* inverno verde* (kg/ha)
%
kg/ha
%
kg/ha
21.24
8.266 a
2,60
215 a
5.654 b
2,28
129 b
Ervilhaca
38.917 a
Tremoço amarelo
35.833 a
Trevo subterrâneo
26.917 b
17.00
4.576 b
2,55
114 b
Aveia preta
14.750 c
31.62
4.664 b
1,17
54 c
Pousio coberto
4.917 c
40.25
1.979 c
1,35
25 c
15.78
Médias 24.267 5.006 C.V. (%) 21.55 25.28 * Tratamentos seguidos da mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de Duncan (P >0,05). Fonte: Floss, 1984 (dados não publicados).
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Para Castro (1988)1, em ensaio realizado pelo IAC, em São Paulo, na safra 1985/86, a maior produção de palha após colheita de grãos foi obtida com aveia branca (10,3 t ha-1). Em sucessão foram efetivadas as culturas de soja e milho. A cobertura deixada pela gramínea garantiu um melhor controle da umidade e das plantas daninhas resultando num maior rendimento. O milho após a gramínea aparentemente não apresentou deficiência de N, provavelmente, por ser um ano muito seco em que a decomposição da palha foi muito lenta. A necessidade de N para a cultura do milho, na sucessão com a aveia preta, é superior à sucessão leguminosa. O ideal é uma adubação suplementar de 5 kg.ha-1 de nitrogênio para cada tonelada de matéria seca de palha. A discussão recai não somente sobre o rendimento de grãos, mas principalmente, em relação à eficiência do sistema de produção. Em geral, a implantação do plantio direto tem sido em áreas com elevado estado de degradação e teores de carbono bem abaixo do originalmente encontrado. Dessa forma, a preocupação em adicionar material orgânico para a formação do “mulching” sobre o solo é um fator preponderante no sucesso do sistema. Assim, a sequência de culturas que aportam elevadas quantidades de resíduos com maior perenicidade tendem a melhorar o balanço de carbono e nitrogênio no solo (Sá, 1996). Na fase inicial de adoção do plantio direto, observa-se maior necessidade de utilização de N devido ao processo de imobilização, em função da oferta de carbono ao sistema, proporcionando o aumento da atividade da biomassa microbiana. Após o quarto ano de implantação, parece ocorrer o início do restabelecimento do equilíbrio das transformações que ocorrem no solo, à medida que a reposição dos resíduos culturais proporciona acúmulo na camada de 0-2,5 cm (Sá, 1993). Observa-se, após 9 a 12 anos de plantio direto, maior liberação de N ao sistema, com menor resposta à adubação nitrogenada (Sá, 1996).
1
Castro, O. M. de. Avaliação do efeito da rotação de culturas no sistema de plantio direto sobre parâmetros físicos do solo e nos rendimentos das culturas em sucessão. Campinas, IAC, 1988 (Informação pessoal).
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Observa-se, claramente, que as gramíneas reduzem o rendimento do milho em relação ao uso das culturas latifoliadas e que esse prejuízo pode ser minimizado se for dado um intervalo entre o manejo da cobertura e a semeadura do milho. No cultivo de milho, pela semeadura direta, indica-se a aplicação de no mínimo 30 kg.ha-1 de N na semeadura do milho após gramíneas (trigo, aveia, cevada, centeio, azevém ou triticale) e 15 kg ha-1 de N, quando o cultivo for após leguminosas (ervilhaca, chícharo, ervilha forrageira) e, também, em sucessão a nabo forrageiro. As doses de N indicadas devem ser ajustadas quando o milho for precedido por uma cobertura de leguminosas ou quando precedidas por gramíneas. As biomassas de gramíneas (Tabela 23) apresentam uma relação C/N larga. Na medida em que avança o estádio de desenvolvimento, essa relação é cada vez maior, chegando a ser superior a uma relação C/N de 90 na palha após a maturação de grãos. Por essa razão a decomposição pelos microrganismos é lenta e, para compensar a falta de N na palha, parte do N do fertilizante aplicado é imobilizada. A biomassa de leguminosas e nabo forrageiro apresenta relação C/N menor que 25 (Tabela 22) razão da rápida decomposição pelos microrganismos. Quando a relação C/N é muito baixa, há perda de N por amonificação (NH3). Para aumentar a eficiência de uso do N pelo milho, esse deve ser semeado imediatamente após o manejo dessas culturas de cobertura. Pela disponibilidade de sementes e adaptabilidade na região, a ervilhaca comum (Vicia sativa L.) é a leguminosa mais indicada para anteceder o milho. Entretanto, para que bons resultados sejam obtidos é necessário que seu cultivo seja efetuado com pelo menos 110-120 dias antes da semeadura do milho. Nesse estádio, a ervilhaca apresenta mais biomassa seca e a máxima quantidade de nitrogênio. Tabela 23 - Teores de nitrogênio, carbono na matéria seca e relação C/N na biomassa de diversas culturas Coberturas verdes C (%) N (%) C/N Estádio de amostragem Aveia preta 42,38 1,00 42,37 Grão leitoso Centeio 43,10 1,92 22,44 Grão leitoso Palha de milho 47,0 0,93 64.38 Resíduos de colheita Ervilhaca comum 42,74 2,83 15.10 3ª floração Ervilhaca peluda 43,10 2,30 18.74 Floração plena Lentilha 45,66 2,20 20.75 3ª floração Nabo forrageiro 35,43 2,18 16.25 Pré-floração Serradela 41,49 2,25 18.63 Floração plena Tremoço azul 42,74 2,24 19.08 2ª floração Tremoço branco 44.93 2.58 17.41 2ª floração Fonte: adaptado de Monegat (1991). Derpsch, Roth, Sidiras e Köpke (1991) encontraram 90 kg ha-1 de N, em resíduos de aveia, representando um total de quase 30 kg ha-1 superior à ervilhaca peluda e chícharo (Lathirus sativus L.), pois apesar do menor teor no tecido, essa apresentou uma produtividade muito superior. Na incorporação de 5.590 kg ha-1 de MS de parte aérea e 3.809 kg ha1 de raízes de aveia-preta, foram encontrados 147 kg ha-1 de N. Isso demonstra que as espécies não leguminosas, quando utilizadas em cobertura verde, podem deixar em seus resíduos quantidades de N - total iguais ou superiores às leguminosas. Estudos realizados no mesmo experimento sobre a mineralização dos resíduos das culturas de inverno mostraram que, mesmo sem incorporação do vegetal ao solo, a mineralização e nitrificação de N ocorrem nos resíduos de relação C/N menor do que 25, de forma tão rápida que, no caso de quantidades altas de restos vegetais, podem ser perdidas quantidades consideráveis de nitrato, por lixiviação. Por esse motivo, Derpsch, Roth, Sidiras e Köpke (1991) recomendam que, quando a relação C/N dos resíduos for menor que 25, a semeadura das culturas de verão deve ser o mais breve possível, após o corte da adubação verde, para aproveitar o N mineralizado. Já para Heinzmann (apud Derpsch; Roth; Sidiras; Köpke, 1991), quando culturas não leguminosas como milho, arroz, sorgo e outras são semeadas após a adubação verde, os resíduos dessa deveriam apresentar uma relação C/N média (23-24) com a finalidade de se obter uma mineralização uniforme de N. O ideal é dessecar ou rolar e realizar a semeadura do milho imediatamente, com adequadas condições de umidade no solo. O crescente aumento da área cultivada com aveia para formação de cobertura para o SSD deve-se a fatores como rusticidade da cultura, baixo custo de implantação, facilidade na aquisição de sementes, efeito alelopático sobre determinadas plantas daninhas, grande capacidade de promover melhorias nas propriedades químicas e físicas do solo e longo período de duração da palha. Porém, os resultados para fornecimento de nitrogênio e de sua compatibilidade para a cultura do milho é relativamente baixa. Já as leguminosas ou culturas latifoliadas (nabo forrageiro) têm a grande vantagem de fornecer nitrogênio prontamente disponível quando antecedem ao milho, podendo reduzir o custo de produção da cultura. A decomposição dos resíduos orgânicos é um processo essencialmente biológico, sujeito à interferência de diversos fatores, entre os quais a relação C/N assume importante papel na mobilização e imobilização do N-mineral da solução do solo. O cultivo de milho na sequência de espécies com elevada e/ou baixa relação C/N apresenta respostas diferenciadas quanto à utilização de nitrogênio e ao fluxo de liberação de N ao sistema será sensivelmente influenciado por essa relação (Sá, 1996). Muzilli (1986) constatou deficiência de nitrogênio no tecido foliar de milho e trigo, em plantio direto, com diferenças significativas em relação ao preparo convencional, quando a sequência de culturas era predominantemente de gramíneas (sucessão milho/trigo/milho). Entretanto, somente com a inclusão de uma leguminosa, Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 04 | novembro de 2019
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a soja (sucessão soja/trigo/milho), a carência de N nessas culturas não foi observada. Posteriormente, Derpsch, Roth, Sidiras e Köpke (1991) observaram que as leguminosas (tremoço, ervilhaca) proporcionaram maior rendimento de grãos do que as gramíneas. Perceberam, ainda, que, sem o uso de nitrogênio, o rendimento de grãos de milho, quando adotada a sequência soja/tremoço/milho, foi de 6,13 t ha-1 e o efeito da leguminosa equivalente a 90 kg ha-1 de N. Heinzmann apud Sá (1996) acompanhou a dinâmica de N após o corte de coberturas verdes de inverno (aveia preta, nabo forrageiro, ervilhaca peluda, tremoço e trigo) em nove datas, para avaliar a influência dessas sobre as culturas de verão (soja, milho e feijão). Foram observados, também, menores teores de NO3 - no solo nas parcelas com aveia preta durante o corte (cerca de 30 kg ha-1), sendo que os maiores teores foram encontrados nas parcelas com pousio (cerca de 90 kg ha-1). Porém, 20 dias após o corte, os teores de NO3 - elevaram-se sensivelmente, atingindo valores de 60, 90 e 110 kg ha-1 de N, nas parcelas com aveia preta, tremoço branco e nabo forrageiro, respectivamente. Os teores de NO3- mais elevados (240 kg ha-1) ocorreram aos 56 dias após o corte do nabo forrageiro. Entretanto, na aveia preta ocorreram outros picos aos 120 e 160 dias após o corte. Pode-se dizer que a liberação de N, a partir dos resíduos de leguminosas e do nabo forrageiro, ocorre nas primeiras semanas após o corte, enquanto que na aveia preta coincidirá com o estádio de florescimento e enchimento de grãos. Medeiros, Mielniczuk e Pedó (1987) concluiu que a absorção de N fixado pelas leguminosas precedentes ao milho é muito baixa, na faixa de 10-15% do N contido no tecido (14-27 kg ha-1 de N). No entanto, Ebelan (apud Medeiros; Mielniczuk; Pedó 1987) observou que dos 208 kg ha-1 de N contidos na ervilhaca que antecedeu o milho, foram absorvidos 100 kg ha-1, ou seja, uma recuperação de 48% do N fixado pela leguminosa. Esses resultados experimentais explicam, também, o efeito da adubação nitrogenada em cobertura no aumento da produção de milho cultivado após ervilhaca, obtidos por Floss (1984 – dados não publicados), em Passo Fundo. Mesmo com a incorporação de 215 kg/ha de N, somente da parte aérea de ervilhaca, a adubação com 44 kg ha-1 de N em cobertura, ainda proporcionou um aumento de 9% no rendimento do milho. Esses resultados de pesquisa justificam a implantação do milho logo em seguida à dessecação ou à rolagem dos adubos verdes. Mitchel e Teel (apud Floss, 1989) verificaram que um terço do N- total encontrado nas coberturas mortas foi recuperado pelo milho, numa estação, sendo que cerca de 90% desse é derivado de adubo verde. O rendimento de milho com 112 kg ha-1 de nitrogênio e implantado por meio de semeadura direta foi semelhante ao rendimento obtido após a consorciação de trevo encarnado ou ervilhaca peluda, com aveia ou centeio. Em boas condições de umidade, os autores verificaram uma recuperação pelo milho de aproximadamente 80% de N aplicado, tanto no solo descoberto, quanto naquele por misturas de aveia e centeio. O nitrogênio da cobertura verde (aveia + ervilhaca) supriu 86% do total de N em 1975 e 88% em 1974. Em experimento realizado na Fundação ABC (Carambei-PR) (Tabela 24), durante 4 safras, avaliando 13 culturas de inverno, gramíneas e leguminosas, praticamente não foram encontradas diferenças no rendimento do milho. Tabela 24 - Rendimento de milho sobre diferentes coberturas de inverno (kg ha-1) Safras Coberturas 89/90 90/91 91/92 92/93
Médias
Aveia branca
10.398
9.531
10.128
9.042
9.775
Aveia preta Serradela Ervilhaca Tremoço azul Nabo forrageiro Ervilha Triticale Trigo * Centeio * Azevém Melilotus albus Canola
9.650 9.265 9.982 10.172 9.793 10.731 8.921 9.798 8.763 -
7.346 7.367 8.791 8.477 7.487 8.090 8.827 8.920 8.543 -
10.108 10.410 10.335 10.979 10.004 10.335 10.229 9.595 9.595 -
8.041 9.237 7.860 9.724 6.656 8.530 9.175 9.175 9.055
8.786 9.070 9.242 9.838 8.985 9.719 9.127 9.359 8.653 9.385 9.385 -
* Coberturas com adubação. Fonte: Fundação ABC, 1994 (apud Sá, 1996). Vários experimentos sobre adubação verde, realizados em distintas regiões do Paraná, mostraram superioridade do tremoço azul, da ervilhaca comum, da serradela e do nabo forrageiro no rendimento do milho em relação à aveia preta. Muzilli, Oliveira e Calegari (1989), citando os estudos realizados por Calegari (1989), na safra 1987/88 em Pato Branco-PR (Tabela 25), mostraram esses efeitos. O menor rendimento do milho após aveia preta deve-se à imobilização inicial de N. Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 04 | novembro de 2019
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Tabela 25 - Produção de grãos de milho em cultivo mínimo sobre cobertura verde de inverno. Pato Branco - PR Coberturas Verde Doses de Nitrogênio (kg ha-1) 0 40 80 120 kg ha-1 Aveia preta 3490 4323 5204 5796 Ervilhaca peluda 6951 7080 7216 7059 Pousio invernal 5565 6109 6198 6705 Fonte: Calegari, 1989 (apud Muzzili; Oliveira; Calegari, 1989). Sá (1993), avaliando as respostas de milho a nitrogênio, após a cultura de aveia preta em sistema plantio direto (Tabela 26), observou que doses mais elevadas de N na semeadura, compensaram a carência inicial do milho. A resposta ao N aplicado em cobertura, nesse experimento, foi inferior ao aplicado na semeadura. A precipitação pluvial durante a semeadura foi normal, favorecendo a germinação e o desenvolvimento inicial das plantas. Durante e após a aplicação de nitrogênio em cobertura, ocorreu baixa precipitação, com elevadas temperaturas, interferindo na maior eficiência da utilização do nitrogênio. Segundo Derpsch (1991), a aveia preta possui alta capacidade de extração e de acumulação de nitrogênio na matéria seca (147 kg ha-1) e neste caso, a adição de 30 kg de N no momento da semeadura, teria reduzido o efeito da alta relação C/N, aumentando a decomposição dos resíduos com maior liberação de nitrogênio, no período de maior demanda pela planta de milho (Tabela 26). Assim, doses de 20 até 30 kg ha-1 de N no momento da semeadura (ao lado e abaixo das sementes) tem proporcionado excelentes resultados (Sá, 1993). Tabela 26 - Efeito da aplicação de nitrogênio no rendimento de milho, em sistema plantio direto após aveia preta (Avena strigosa Schreb) como adubo verde, em três locais da região em Campos Gerais N na Tibagi (2) Carambei(3) Castrolanda(4) -1 (1) semea-dura N em cobertura (kg ha ) (kg.ha-1) 0 60 120 0 60 120 0 60 120 0 7951aA 8252aA 9146aB 8178aA 8495aA 8061aA 8156aA 10009aC 9305aB 30 9116cA 9128bA 8978aA 9146bA 9413bA 9197bA 10987A 11217A 11462c B 60 8673bA 9389bB 9148aB 8781aA 8737aA 8500aA 10349A 9948aA 10473ª Médias 8580 8923 9090 8699 8881 8586 9830 10391 10413 As letras minúsculas, na coluna vertical e as letras maiúsculas, na coluna horizontal, referem-se à comparação das médias por Tukey a 5%; C.V. % - Tibagi = 9,5; Carambei = 6,5; Castrolanda = 7,4; (1) 100% da dose de N aplicada aos 35-40 dias após a germinação; (2) Rotação adotada: aveia preta/soja/trigo/soja/aveia preta/milho (PD iniciado em 1982); (3) Rotação adotada: Pastagem/correção com calcário/aveia preta/milho. P.D. iniciado em 1988, após cultura da aveia preta; (4) Rotação adotada: aveia preta/soja/trigo/soja/aveia preta/milho (PD iniciado em 1986). Fonte: Sá (1993). Pelos resultados obtidos por Holtz (apud Sá, 1996), por meio da análise de tecido, no momento do manejo mecânico da aveia preta, verificou-se que a palhada continha aproximadamente 129 kg ha-1 de N e após 205 dias, restaram apenas 32 kg ha-1. Durante esse período, presume-se que ocorreu uma mineralização de 97 kg/ha. Nessa mesma região, foi realizado um trabalho para avaliar a amplitude de resposta a N pela cultura do milho em plantio direto. A parcela foi constituída pelas seguintes rotações de culturas: 1 - ervilhaca/milho/aveia preta/soja/trigo/soja; 2 – aveia preta/milho/aveia preta/soja/trigo/soja. Na subparcela, foram aplicadas diferentes doses de nitrogênio (0; 60; 120; 180; 240 kg ha-1). Nos tratamentos com nitrogênio, foram aplicados 30 kg ha-1 no sulco de semeadura e o restante da dose em cobertura na 6ª folha, a lanço, usando ureia como fonte de N. Quando comparada à média de todas as testemunhas de milho sem N, após leguminosa (ervilhaca comum - tremoço azul) e aveia preta (Figura 14), os resultados mostraram que a contribuição média no rendimento de grãos de milho da sucessão com leguminosa foi superior à sucessão aveia preta/milho em 977 kg ha-1, no período de cinco anos. Isso significa um ganho anual de 195,4 kg ha-1 (Sá, 1996).
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Produtividade (t/ha)
10 b
9 ,5
b
b
b
b
9 8 ,5 8
a
7 ,5 7 0
120
D o s e s d e N (k g /h a )
240
A v e ia p r e t a L e g u m in o s a
Figura 14 - Efeito de doses de N no rendimento de grãos de milho em plantio direto após ervilhaca comum tremoço e aveia preta comum (média de cinco anos). Fonte: Sá (1996). A utilização de uma leguminosa antecedendo o milho proporcionou redução na dose de N em relação à sucessão aveia preta/milho em 50 a 60%. A faixa com a maior frequência de resposta a N situou-se entre 26 e 50 kg ha-1, para rendimentos de grãos entre 8.500 a 10.500 kg ha-1 (Sá, 1996). A amplitude de resposta a N pelo milho em sucessão com aveia preta foi maior, situando-se entre 34 e 143 kg ha-1. A faixa com a maior frequência de resposta foi entre 34 e 120 kg ha-1. A dose de 210 kg ha-1 na sucessão aveia preta/milho proporcionou o mesmo rendimento que a dose de 60 kg ha-1 na sucessão leguminosa/milho (Sá, 1996). Na sucessão com aveia preta, a hipótese apresentada por Sá (1993) para a expressiva resposta a N aplicado no sulco de semeadura, fundamenta-se na maior oferta de N mineral para a planta, reduzindo o efeito de competição pela biomassa microbiana do solo, durante a decomposição dos resíduos com elevada relação C/N, imobilizando o N, que estaria disponível para o milho. Em anos com distribuição adequada de chuvas no ciclo da aveia e durante o desenvolvimento inicial da cultura de milho, observou-se liberação de parte do N acumulado na cultura de aveia preta a partir do florescimento. Nesse caso, somente a adição de N na semeadura foi suficiente para garantir 100% da produção relativa. Entretanto, em anos com distribuição irregular de chuvas, ocorre maior retenção do N, sugerindo a imobilização pela biomassa microbiana por um período mais prolongado, no qual o pico de imobilização no solo coincidiria com o máximo de demanda pela planta (Sá, 1996). Portanto, a sucessão aveia/milho deve ser realizada quando o objetivo principal é a formação de palhada na superfície do solo na fase inicial de implantação do sistema de semeadura direta. O acréscimo do custo com o fertilizante nitrogenado representa um investimento para a melhoria das propriedades químicas e físicas do solo. Em sistemas de semeadura direta já consolidada, com maiores teores de matéria orgânica, a influência da cultura anterior é menor e a utilização de leguminosas representa uma significativa economia de fertilizante nitrogenado. Os resultados obtidos em Latossolo Vermelho Escuro distrófico, localizado no Campo Demonstrativo e Experimental de Carambeí (Ponta Grossa), referente a um período de sete anos (Tabela 27), ilustra a variação quanto à resposta a nitrogênio. Na fase inicial de adoção do plantio direto, observa-se maior necessidade de utilização de N devido ao processo de imobilização, em função da oferta de carbono ao sistema, proporcionando o aumento da atividade da biomassa microbiana. Após o quarto ano de implantação, parece ocorrer o início do restabelecimento do equilíbrio das transformações que ocorrem no solo, na medida em que a reposição dos resíduos culturais proporciona acúmulo na camada de 0-2,5 cm (Sá, 1993). Observa-se, após 9 a 12 anos de plantio direto, maior liberação de N ao sistema, com menor resposta à adubação nitrogenada (Sá, 1996). Tabela 27 - Rendimento de grãos de milho em sucessão com aveia preta, em função de doses de N no período de 1988/89 a 94/95 em um Latossolo Vermelho Escuro, sob plantio direto Doses Anos N 89 90 91 92 93 94 95 Médias ---------------------------------------------------- (kg ha-1) ------------------------------------------------0 8066 6930 9095 8424 7002 8159 7339 7859 (100%) 60 8782 9204 9645 9512 9262 8711 8768 9126 (117%) 120 9456 9130 9611 10417 10401 10757 9950 9963 (128%) Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 04 | novembro de 2019
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180 9535 9486 9330 10872 10235 11354 9985 240 10508 9155 8883 10655 10227 11621 10248 Médias 9269 8781 9312 9976 9425 10120 9258 Nota: a dose de N foi aplicada da seguinte forma: semeadura 30 kg/ha cobertura restante da folhas; número nos parênteses são referentes ao índice de produtividade. Fonte: Sá (1993).
10113 (130%) 10185 (131%) 9449 (126%) dose no estádio de 6 a 8
6 INTEGRAÇÃO LAVOURA – PECUÁRIA 6.1 Introdução A integração da lavoura com a pecuária leiteira, pecuária de corte ou ovinocultura, são importantes alternativas para agregar renda às propriedades rurais no Sul do Brasil. No verão, há culturas de grande valor econômico (soja, milho, feijão, arroz) e há necessidade de aumentar a renda da propriedade, também no inverno. O crescimento da produção de leite foi significativo nos últimos anos, fazendo do Rio Grande do Sul o segundo maior produtor brasileiro de leite. O RS, de maneira especial a região Norte, apresenta condições de solo e clima extremamente favoráveis à exploração da bovinocultura leiteira, especialmente, quanto ao potencial de produção de forragem, em quantidade e qualidade, durante os 12 meses do ano, e, também, a maior expressão produtiva de vacas de origem europeia. Utilizando os solos apenas no período de meados de outono a meados da primavera, sem prejudicar as culturas de verão, é possível produzir de 5 a 9 t por ha de matéria seca, dependendo da espécie/cultivar utilizada, das condições de solo e clima e do manejo utilizado pelo produtor. Isso representa um potencial de produção de 4 a 7 mil litros de leite por ha durante esse período, de frio e pouca luz. Atualmente, somente no Planalto Sul-Rio-Grandense, são cultivados mais de 2 milhões de ha com forrageiras de inverno (como as gramíneas, aveia preta, aveia branca, azevém, centeio, triticale e trigo forrageiro, e, as leguminosas, ervilhaca comum, ervilhaca peluda, trevo vesiculoso, dentre outras), de forma isolada ou consorciada, em sucessão às culturas de verão. Para cultivo no verão, após culturas de inverno, existem várias alternativas, como o milheto e o sorgo forrageiro. É importante, que o produtor mantenha uma área com pastagens permanentes, como o tifton, a pensacola, o quicuio ou outras, especialmente, para manter os animais no verão, quando as lavouras são ocupadas com as culturas produtoras de grãos. Essas forrageiras são utilizadas nas mais diferentes formas, como pastejo, elaboração de feno ou silagem e a produção de grãos de alguns cereais, visando a seu uso de forma suplementar na alimentação dos animais. Considerando a instabilidade climática na região, além do planejamento com forrageiras que cubram a maior parte do tempo, há necessidade da elaboração de feno e silagem para alimentar adequadamente as vacas em períodos de escassez de pasto, devido a geadas ou estiagens. O sucesso da integração lavoura-pecuária, exige uma gestão técnica e administrativa cada vez mais moderna, objetivando, ao mesmo tempo, o aumento da produtividade (por área e por vaca), a melhoria da qualidade do leite produzido, enfrentar a competividade internacional e obter a sustentabilidade (econômica, social e ambiental) do empreendimento. O mais importante é a rentabilidade da propriedade, que melhore a qualidade de vida da família do produtor e a mantenha produzindo no meio rural. Sob ponto de vista técnico, os principais fatores limitantes ao desenvolvimento da integração da lavoura com a pecuária leiteira é a inadequada alimentação dos animais em determinadas épocas do ano, problemas sanitários e reprodutivos no rebanho, e, a necessidade da melhoria da qualidade do leite produzido, considerando os padrões internacionais. Por isso, nossos índices de produtividade ainda são muito baixos diante do potencial existente. As tecnologias desenvolvidas nas universidades gaúchas ou introduzidas de outros países e adaptadas às nossas condições de solo e clima, bem como por outras instituições de pesquisa, permitem um salto nos índices de produtividade e qualidade. Os esforços dos técnicos da área de nível superior como engenheiros agrônomos, médicos veterinários e zootecnistas, além dos técnicos em agropecuária, têm procurado levar essas tecnologias às propriedades e buscando a sua adoção pelos produtores. Nesse sentido, ainda há um grande vácuo entre os conhecimentos ou tecnologias existentes e as tecnologias efetivamente adotadas pelos produtores. Por essa razão, há necessidade de esforços continuados, de forma integrada entre a pesquisa e agentes de assistência técnica e extensão rural. As grandes preocupações são ainda: a) escolha de cultivares forrageiras de baixa produção de forragem, especialmente, para uso no início do outono; b) a não adubação das pastagens; c) a colocação dos animais em pastejo antes do tempo (disponibilidade de forragem menor que 1.500 kg.ha-1 de matéria seca); d) a falta de um pastejo rotativo, utilizando cerca elétrica; e) a compactação do solo sob pastejo em dias de chuva e com baixa disponibilidade de forragem; f) a falta de cobertura com palha para a semeadura direta de soja ou milho em sucessão às forrageiras; g) a retirada de feno e silagem, todos os anos, na mesma área, acarretando a perda rápida da fertilidade do solo; h) a não inclusão das pastagens anuais num sistema rotação de culturas.
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6.2 Alternativas forrageiras A inclusão de cereais de inverno e leguminosas no sistema de cultivo das lavouras do Sul do Brasil tem sua importância aumentada a cada ano que passa, especialmente, com o avanço da utilização do sistema de semeadura direta (SSD). As pastagens constituem a base fundamental da exploração pecuária, de leite ou de corte, para garantir altos rendimentos de forma contínua em todas as estações do ano e com rentabilidade ao produtor. Entretanto, a instabiliadde climática no Sul do Brasil, limita a produção contínua de forragem, em todas as estações do ano. O período crítico na produção animal no Brasil tem sido o inverno. No Sul, este período úmido e frio, provoca uma insuficiência na disponibilidade de forragem, em quantidade e qualidade, devido ao crestamento da pastagem nativa pelas geadas. Essa baixa produção das pastagens nativas ocorre, aproximadamente, durante seis meses (março a setembro), sendo em média o rendimento de forragem de apenas 16% nesse período em relação ao volume de forragem verde produzida em dezembro (CCGL, 1980). No Centro do Brasil, a baixa disponibilidade de forragem no inverno é causada pela deficiência hídrica, especialmente no período compreendido entre junho e outubro, caracterizando-se a escassa forragem existente nas pastagens por ser fibrosa, de baixa digestibilidade e pobre em nutrientes digestíveis totais. A estacionalidade da produção das pastagens observada no Sul devido às baixas temperaturas e, no Centro do país, pela deficiência hídrica, causando a falta de alimento para os animais, se reflete diretamente nos índices produtivos, tanto da exploração de leite como de carne. As forrageiras hibernais ou estivais constituem a base fundamental da exploração pecuária, para garantir altos rendimentos de forma contínua em todas as estações do ano e com rentabilidade ao produtor. A alimentação dos animais pode ser realizada por meio de pastejo, corte e fornecimento no cocho, na forma conservada como feno ou silagem, em circunstâncias especiais, o uso da palha, e, de forma suplementar, os grãos, de forma integral ou processados. Existem diversas alternativas de forrageiras anuais que podem ser utilizadas no período outono/inverno/primavera no Sul do Brasil como as Poaceas (gramíneas), aveia preta (Avena strigosa Schreb), aveia branca (Avena sativa L), azevém anual (Lolium multiflorum), centeio (Secale cereale L.) e trigo forrageiro (Triticum aestivum L.), e, as Fabaceas (leguminosas), ervilhaca (Vicia sativa L.), ervilha forrageira (Pisum sativum var. arvensis), trevo branco (Trifolium repens), trevo vermelho (Trifolium pratense), trevo vesiculoso (Trifolium vesiculosum), cornichão (Lotus corniculatus) e trevo subterrâneo (Trifolium subterraneum). A aveia preta é a mais importante forrageira utilizada na produção animal, na região Centro-Sul do Brasil, durante o período de inverno–primavera, especialmente, por meio da integração lavoura-pecuária, cultivada de forma isolada ou consorciada com outras forrageiras de inverno, especialmente com o azevém. Essa gramínea fornece uma forragem palatável, suprindo integralmente as necessidades de vacas secas ou vacas em início de lactação ou produção de até 16 litros/vaca/dia. Infelizmente, no momento de máximo rendimento de matéria seca não é obtida a melhor qualidade nutritiva da forrageira. A quantidade de forragem produzida também é afetada pelo número de pastejos. Essa gramínea (poacea), cultivada de forma isolada ou consorciada com outras forrageiras de inverno, garante a alimentação de animais nesta época do ano, quando as pastagens nativas, predominantemente de hábito de crescimento estival, são injuriadas pelo frio, garantindo a produção de leite e carne nas propriedades que adotam o seu cultivo. Além da utilização da aveia em pastejo ou corte para fornecimento no cocho, essa forrageira pode ser armazenada na forma de feno ou silagem, para fornecimento aos animais em outras épocas do ano. Considerando os baixos custos de produção, os grãos de aveia também são importantes alternativas para alimentação de animais como bovinos de leite, ovinos, equinos e, em menor proporção na ração, para suínos, em substituição ao milho. 6. 3 Integração lavoura-pecuária em sistema de semeadura direta Mediante um manejo adequado do pastejo e do solo, é perfeitamente possível a integração lavoura-pecuária em sistemas de semeadura direta. Esse procedimento significa a garantia de alimentação dos rebanhos no período em que as geadas crestam completamente as pastagens nativas (hábito estival de crescimento), possibilitando a produção de carne na entressafra e a estabilização da produção leiteira a custos, significativamente, inferiores em relação à utilização de concentrados ou silagem de milho. Representa um aumento significativo da oferta de forragem na propriedade para alimentação dos animais no verão/outono quando os solos estão ocupados com as culturas de verão, como soja e milho e o consequente aumento da produção de leite e carne na propriedade. Para evitar a compactação do solo e a perda muito elevada de forragem pelo pisoteio é recomendado o pastejo rotacionado por meio da divisão da área em piquetes mediante o uso da cerca elétrica. Os animais somente devem entrar na pastagem quando houver uma disponibilidade de, aproximadamente, 1500 kg ha-1 de matéria seca (MS), ou seja, aproximadamente 900 g de forragem verde por metro quadrado, deixando uma resteva de 7 cm acima do solo. É fundamental que os animais sejam retirados da lavoura com uma antecedência mínima de 21 dias antes da dessecação para que haja um rebrote das plantas e a produção de biomassa para não prejudicar a semeadura direta da soja em sucessão. Com esse rebrote, além da formação de palha na superfície, o crescimento radicular reduz a compactação superficial do solo. Em sistemas de semeadura direta já consolidados é possível a elaboração de feno (floração) e silagem, na forma pré-secada ou diretamente no estádio de floração plena da aveia. Na produção de feno ou silagem pré-secada, recomendase que o corte seja realizado na fase de elongação ao emborrachamento para permitir o rebrote das plantas e a produção de biomassa. Para evitar prejuízos ao SSD, recomenda-se ainda que a retirada de forragem na forma de feno ou silagem Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 04 | novembro de 2019
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seja realizada, somente em 20% da área, repetindo-se a retirada da biomassa de 5 em 5 anos. Para a ensilagem, recomenda-se o cultivo, preferencialmente, de cultivares de aveia branca com alta estatura de plantas e alto potencial de rendimento de forragem, devido ao maior potencial de rendimento e à melhor qualidade nutritiva da forragem. 6.3.1 Produção forrageira Os cereais forrageiros de inverno podem ser utilizados de diversas formas: pastoreio, cortada e picada para fornecimento no cocho, feno, silagem ou em grãos inteiros ou moídos. Nas bacias leiteiras ou terminação de bovinos e ovinos, o uso mais consagrado é o pastejo, forma em que ocorre uma razoável perda de forragem pelo pisoteio. Nas pequenas propriedades, a aveia, o centeio ou azevém são cortados e picados, sendo ministrados aos animais nos cochos, sem perdas, de modo que uma pequena área possa alimentar maior número de animais por períodos mais longos. O pastejo deve ser efetuado a uma altura de cerca de 5-7 cm acima do solo, para facilitar o rebrote, quando as plantas atingem de 35-45 cm de altura. O tempo necessário para se atingir esse rendimento varia entre 30 e 60 dias após a emergência, dependendo das condições climáticas, do cultivar/espécie, e da fertilidade do solo. Para a fenação, o corte da aveia pode ser realizado quando a gramínea estiver no estádio de floração plena. O teor de proteína é, então, de aproximadamente 16-18% em relação à matéria seca. Entre o emborrachamento e o estádio de grão de massa, o teor de proteína da matéria seca diminui de 14% para 8%. A palha de aveia apresenta em torno de 68% de proteína bruta (Thurman; Stallcup; Sthefens; Justos, 1957). Para o armazenamento de aveia em silos de fermentação (silagem), recomenda-se fazer a colheita no estádio de floração plena, pois esse é o momento em que a planta apresenta baixo teor de fibra, alto teor de proteína e alto teor de açúcar, fundamental para que o processo fermentativo ocorra. Para eliminar o excesso de umidade, é necessário promover um pré-murchamento ou uma pré-secagem, deixando o material de duas a cinco horas ao sol após o corte, dependendo do teor de MS do material. Para obtenção de uma boa fermentação, é desejável que o teor de MS seja no mínimo de 30-32%. Quando esse é realizado na fase de grão pastoso, o pré-murchamento é dispensável, pois o teor de umidade encontra-se no ponto ideal para a silagem. Mantém-se, então, o valor energético, mas é menor o teor de proteína (Floss, 1988b). Na avaliação de cultivares de aveia branca, em Passo Fundo, com corte na antese (50% das panículas emitidas), durante 8 anos, observa-se um rendimento de 32,8 (1992) a 15,4 t.ha-1 (1998) de matéria verde (MV), conforme Figura 15 (Floss, 2000, dados não publicados). A média entre anos foi de 24t.ha-1. O rendimento de matéria seca (MS) variou de 8,1 t/ha (1992 e 1999) a 2,3 t.ha-1 (1998), com uma média de 6,1 t.ha-1. Essa variabilidade deve-se às condições climáticas. Os melhores rendimentos são obtidos em anos de La Niña (1992 e 1999) e os piores rendimentos em anos de El Niño (1998). A média de rendimento de MV foi de 32,8 t.ha-1, em 1992 (ano de La Niña) e o pior (15,4 t.ha-1), em 1998 (ano de El Niño muito intenso).
Figura 15 – Produção de matéria verde (MV) e matéria seca (MS) de cultivares de aveia branca, em Passo Fundo, de 1991 a 1999. Fonte: Floss (2000) – resultados não publicados.
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Foram também avaliados diversos cultivares de aveia preta, durante nove anos (1991 a 1999), na Universidade de Passo Fundo, e o rendimento de MV variou de 20 t/ha a 36 t.ha-1 (1999), com uma média entre anos de 27.446 kg.ha-1, conforme Figura 16 (Floss, 2000 – dados não publicados). O rendimento de MS variou de 5,3 t.ha-1 (1995) para 8,5 t.ha-1 (1991), com uma média de 5.877 kg.ha-1. 40000 36202
RMV (kg/há) 35000
32568
33088
RMS (kg/há)
30000
28293
kg/ha
25000
26630
27386
22409 20182
20000
20064
15000 10000
8550
8002
7509 5214
5000
5500
5385
6657
8402 6018
0 1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
Ano
Figura 16 – Produção de matéria verde (MV) e matéria seca (MS) de cultivares de aveia preta, em Passo Fundo, de 1991 a 1999. Fonte: Floss (2000) – resultados não publicados. 6.4 Consorciação de aveia com outras gramíneas No Sul do Brasil é comum a consorciação da aveia preta (A. strigosa Schreb), de centeio forrageiro (Secale cereale L.) e de azevém (Lolium multiflorum L.). Apesar de serem três gramíneas, a consorciação permite o pastoreio por um período maior de tempo. Conforme pode ser observado na Figura 17, é marcante a diferença que ocorre na distribuição da produção de forragem das três forrageiras. Nota-se que o centeio é a gramínea mais precoce, concentrando 55% de sua produção em maio e junho, o azevém mais tardio com 70% da sua produção nos meses de agosto-setembro, ficando a aveia numa posição intermediária com 60% da sua produção nos meses de junho e julho, em ensaio realizado pelo Iapar nos Campos Gerais do Paraná, na média de três anos (Postiglioni, 1982).
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Figura 17 - Distribuição mensal da produção de matéria seca de centeio, aveia e azevém, 1976/78 Fonte: adaptado de Postiglioni (1982). Em resultados obtidos em Passo Fundo (Fontanelli; Floss; Fontanelli; Polese, 1993b; Fontanelli; Floss; Basso; Belaver; Pierdoná, 1994a; Scheffer-Basso; Fontanelli; Rossai, 1995a), na consorciação de aveia preta, azevém e centeio, durante as safras de 1992 a 1994 (média de três anos), com cortes realizados sempre que a estatura de plantas chegava a 35cm de altura, observou-se que os maiores rendimentos de forragem seca ocorreram nas consorciações azevém+centeio (6.151 kg.ha-1), aveia preta + azevém (6.120 kg.ha-1) e aveia preta + centeio + azevém (5.943 kg/ha), conforme a Tabela 28. O melhor ano foi 1993 com 6.052 kg/ha e o menor em 1994, com 4.857 kg/ha.
Tabela 28 - Potencial de rendimento de matéria seca de gramíneas consorciadas, em Passo Fundo, 1992/1994 Tratamentos 1992¹ 1993² 1994³ Médias AZ +CE 5.586 7.019 5.849 6.151 AP + AZ 5.521 6.586 6.254 6.120 AZ + CE +AP 5.245 6.346 6.238 5.943 Azevém (AZ) 5.174 7.031 4.561 5.588 AP + CE 5.140 5.196 3.925 4.723 Aveia Preta (AP) 4.764 4.742 3.768 4.424 Centeio (CE) 4.565 5.044 3.403 4.337 Médias 5.142 6.052 4.857 5.350 Fonte: adaptado de Fontanelli; Floss; Fontanelli; Polese (1993b); Fontanelli; Floss; Basso; Belaver; Pierdoná (1994a); Scheffer-Basso; Fontanelli; Rossai (1995a). 6.5 Consorciação da aveia com leguminosas de inverno Com relação à consorciação de aveia com leguminosas, além do aumento do teor de proteína na forragem, pode também ser aumentado o rendimento de forragem. Do ponto de vista econômico, a inclusão de leguminosas (fixadoras de nitrogênio atmosférico) permite uma economia na aplicação de nitrogênio para as gramíneas. Nessse sentido, Scholl (1976) observou que 8 kg de sementes de trevo vesiculoso tiveram o mesmo efeito sobre o rendimento de aveia que a aplicação de 90 kg.ha-1 de nitrogênio. A consorciação azevém com trevo vermelho, foi equivalente no rendimento de forragem da gramínea singular com 60 kg.ha-1 de N, sendo, no entanto, inferior ao tratamento com 90 kg. ha-1 de N. Em pesquisas realizadas na Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Passo Fundo, no período de 1992 a 1994 (Fontanelli; Fontanelli; Felizari, 1993a; Fontanelli; Basso; Prates; Silva, 1994b; Scheffer-Basso; Fontanelli; Baptistela; Trentin, 1995b), verificou-se que a melhor consorciação foi aveia preta + azevém + trevo Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 04 | novembro de 2019
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vesiculoso (7.052kg/ha), conforme expressa a Tabela 29. Tanto nas consorciações de gramíneas com leguminosas os maiores rendimentos foram obtidos quando a aveia ou o centeio de produção precoce de forragem foram consorciadas com o azevém ou o trevo vesiculoso que apresentam um hábito tardio de crescimento. Em regiões de clima frio, onde o ciclo de crescimento das forrageiras é mais longo, a utilização do azevém ou trevo vesiculoso podem não ter atingido o seu potencial na época de instalação das culturas de verão por meio da integração lavoura-pecuária. Nessa situação, é preferível a consorciação de aveia-preta ou aveia branca com leguminosas precoces, como ervilhaca, ervilha forrageira, trevo subterrâneo ou trevo vermelho. Tabela 29 - Rendimento de MS de consorciação de gramíneas e leguminosas, em Passo Fundo, 1992/1994 Tratamentos 1992¹ 1993² 1994³ Médias ----------------------------kg.ha-1--------------------------AP + azevém + trevo ------5.174 8.940 7.052 vesiculoso AP + azevém + centeio 6.614 3.687 8.305 6.202 AB + azevém + trevo 5.371 4.202 8.256 5.943 vesiculoso Centeio + ervilhaca 4.157 3.839 3.062 3.686 AB UPF 14 (AB) 4.0554 2.858 4.1184 3.677 Aveia preta (AP) 5.688 2.534 2.656 3.626 AP + ervilhaca 4.639 2.344 2.846 3.279 UPF 15 (AB) + ervilhaca 3.045 2.062 3.134 2.747 Médias 4.796 3.337 4.789 4.207 AP+aveia preta; AB=aveia branca. Fonte: adaptado de Fontanelli; Fontanelli; Felizari (1993a); Fontanelli; Basso; Prates; Silva (1994b); Scheffer-Basso; Fontanelli; Baptistela; Trentin (1995b). Pelos resultados apresentados, pode-se concluir que é possível obter de 4,2 a 6 t.ha-1 de matéria seca, na média de anos. Considerando a alta qualidade das forrageiras de clima temperado, isoladas ou consorciadas, pode-se estimar a produção de 1 kg de leite para cada 1 kg de matéria seca. E, 1 kg de peso vivo, para cada 10 kg de matéria seca. Isso representa um potencial de produção de 3 a 4 mil litros de leite por ha, somente durante o período de meados do outono até meados da primavera, sem prejudicar a produção de grãos no verão. Essa produção de matéria seca, estima-se uma produção de 300 a 400 kg.ha-1 de peso vivo. 6.5.1 Utilização na alimentação animal Na utilização de aveia sob pastejo, na terminação de novilhos foram obtidos ganhos de peso vivo de 990g/animal/dia com uma oferta de 1.500 kg ha-1 de matéria seca (Coser; Carvalho; Gardner, 1981); 600g/animal/dia de peso vivo na Argentina (Petroni; Carrillo, 1964) e 1.068 g/animal/dia em Ijuí/ RS (Silva; Groff; Medeiros, 1980). Esses resultados comprovam o alto potencial da aveia na produção de leite e terminação de novilhos em pastagem de aveia no inverno, prática que permite evitar a grande ociosidade dos solos, hoje observada, nesse período do ano, propiciando a integração da lavoura com a pecuária. Essa prática é, particularmente, indicada para a grande região do Planalto Sul-RioGrandense, integrando a produção animal (leite ou carne) com a extensiva produção de grãos. Para obter os melhores resultados econômicos, é importante o manejo adequado do pastejo. Segundo Blaser (1988), quando a disponibilidade de forragem é baixa, ocorre um superpastejo, com baixa produção da vaca e baixa produção por ha (Figura 18). Isso por que o animal não consegue encher o rúmem nas 8-9 horas de pastejo. Além disso, como as plantas são muito jovens e com um sistema radicular pouco desenvolvido, há muito arranquio de plantas, prejudicando o próximo pastejo. Quando a disponibilidade de pasto é de média a alta, ocorre muito desperdício de forragem devido ao pisoteio e à perda da qualidade da forragem (subpastejo). Isso determina uma queda na produção de leite por vaca e na produção de leite por ha.
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Figura 18 – Desempenho animal em função da disponibilidade de forragem, quanto a produção por vaca e produção por ha. Fonte: adaptado de Blaser (1988). Em pesquisa realizada por Gardner (1978 apud Coser; Carvalho; Gardner, 1981), avaliando o ganho de peso vivo de novilhos (g/ha/dia) e a disponibilidade de matéria seca (kg.ha-1), verificou-se que o melhor aproveitamento ocorreu quando a disponibilidade de MS foi de 1500 kg.ha-1 (Figura 19). Isso representa uma disponibilidade de, aproximadamente, 800 a 1000 g de pasto verde por metro quadrado, cortado a 7 cm de altura.
Figura 19 – Ganho de peso vivo de novilhos (g/ha/dia) em função da disponibilidade forrageira (kg de MS/ha) Fonte: Gardner (1978 apud Coser; Carvalho; Gardner, 1981). Quanto à utilização da aveia na produção leiteira, diversos trabalhos de pesquisa têm demonstrado a sua viabilidade técnica e econômica (Coser; Gardner, 1980; Ferreira, 1980; Vilela, 1981; Marshal, 1967; Pereira, 1985; Ragsdale, 1974). Em Minas Gerais, foram obtidos até 13 kg de leite vaca/dia em animais alimentados somente em pastagem de aveia (Coser; Gardner, 1980) e superior a produção leiteira quando a alimentação foi silagem de milho (Figura 20). Também Marshall (1957), utilizando pastagem de aveia, obteve uma produção média diária de 14 kg de leite/vaca, corrigida para 4% de gordura.
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Figura 20 – Comparação da produção leiteira entre pastejo em aveia preta e alimentação das vacas com silagem de milho. Fonte: Coser; Gardner (1980). Na formação de pastagens de inverno, cultivada de forma isolada ou consorciada com outras forrageiras de clima temperado, a aveia é a principal forrageira utilizada devido à alta produção de matéria seca e à qualidade nutritiva da forragem, à resistência ao pisoteio e ao baixo custo de produção, possibilitando, ainda, a elaboração de feno e silagem durante o inverno. De outro modo, a produção de leite por meio do pastejo também é a forma mais barata de produzir leite na propriedade. Trabalho realizado por Abraão (1991), realizado em Lages-SC, com 4 pastejos de aveia preta, obteve uma produção de leite de 3.835 kg.ha-1 de leite (Tabela 30). A produção de leite decresceu do primeiro ao quarto pastejo, em função da redução da oferta de forragem e da perda de qualidade dessa. O desempenho das vacas decresceu de 19,5 a 11,2 kg de leite por vaca.dia-1. Tabela 30 - Produção de leite de vacas pastejando aveia em Lages-SC Pastejos Produção de leite Produção de leite Produção média de leite (kg/vaca/dia) (kg em 2,5 ha) (kg ha-1) 1 2.286 915 19,5 2 2.643 1.057 17,6 3 2.906 1.163 16,1 4 1.749 700 11,2 Total 9.586 3.835 Fonte: Abrão (1991). Na avaliação da produção leiteira comparada entre pastejo em aveia preta, pastejo e aveia preta + silagem de milho e somente uso de silagem de milho, realizado no CTC da Cotrijui, em Ijui-RS (Souza; Cardoso. Olávio; Guth, 1992), verificou-se que a produção de leite foi maior quando as vacas foram alimentadas com aveia preta, com ou sem silagem de milho. Sem dúvida, a produção em pastejo de aveia preta tem um custo menor do que o custo da alimentação com silagem de milho (Tabela 31). Tabela 31 - Tratamentos, número total de animais e produção média diária do leite. CTC -Ijui/RS, 1990 Tratamentos Nº de Produção de leite animais (kg/vaca/dia) Pastagem de aveia preta 9 11,65¹ a Pastagem de aveia preta + silagem de milho 9 11,62 a Silagem de milho 9 9,28 b Média (kg/vaca/dia) 10,85 C.V. (%) 13,16 Fonte: Souza; Cardoso; Olávio; Guth (1992). Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 04 | novembro de 2019
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No entanto, na integração da lavoura com a pecuária, é importante maximizar a produção de leite ou carne nas pastagens, sem prejudicar o rendimento da soja em sucessão. Para evitar a compactação do solo e a perda muito elevada de forragem pelo pisoteio, é recomendado o pastejo rotacionado por meio da divisão da área em piquetes mediante o uso da cerca elétrica. Outra prática é deixar os animais pastejando somente por algumas horas pela manhã e também à tarde. Também é fundamental que os animais sejam retirados da lavoura com uma antecedência mínima de 21 dias antes da dessecação para que haja um rebrote das plantas e a produção de biomassa para não prejudicar a semeadura direta da soja em sucessão. Com esse rebrote, além da formação de palha na superfície, o crescimento das raízes reduz a compactação superficial do solo. Para que o rebrote seja mais vigoroso, é importante a adubação nitrogenada, logo após a retirada dos animais, com aproximadamente 20 kg.ha-1 de nitrogênio. 6.6 Conservação de forrageiras A região Sul do Brasil, caracteriza-se pela instabilidade climática, ou seja, há períodos de estiagem alternados com épocas de excesso de chuva, além das geadas. Essa estacionalidade da produção de forragem reflete-se no desempenho animal, provocando a redução na produção de leite e na rentabilidade do produtor. Devido à falta de alimentos, observa-se o pastejo antecipado das forrageiras de inverno, diminuindo significativamente o potencial de rendimento de leite. Diante dessa problemática, há necessidade da conservação de alimentos, produzidos na própria propriedade, como feno, silagem e grãos. Considerando a enorme área de terras ociosas no período de inverno na região, o potencial de rendimento forrageiro existente e a alta qualidade da forragem, a fenação, a ensilagem ou a produção de grãos de cereais de inverno é promissora, além da silagem de milho ou sorgo realizada tradicionalmente no verão. Em sistemas de semeadura direta já consolidados é possível a elaboração de feno (floração) e silagem, na forma pré-secada no estádio de emborrachamento-floração plena da aveia ou diretamente no estádio de grão em massa. O ideal é que o corte seja realizado na fase de elongação ao emborrachamento para permitir o rebrote das plantas e a produção de biomassa. Para evitar prejuízos ao SSD, recomenda-se, ainda, que a retirada de forragem na forma de feno ou silagem seja realizada anualmente em 20% da área, repetindo-se a retirada da biomassa de 5 em 5 anos. 6.6.1 Fenação Apesar de muito usado em outros países, os fenos são pouco utilizados na alimentação de bovinos de leite no Brasil. Quando fornecido diariamente na proporção de 0,5 kg a 1,0 kg por 100 kg de peso vivo, além da silagem à vontade, as vacas em lactação ingerem maior quantidade de matéria seca e produzem mais leite, em comparação com o uso de silagem como único volumoso. Para a fenação das forrageiras de inverno (aveia preta, aveia branca, centeio, azevém), o momento de corte é no início de floração, obtendo-se, além da quantidade, uma adequada qualidade da forragem. A composição química e o valor nutritivo médio do feno de aveia forrageira é: teor de MS (69,8%), proteína bruta (11-15,0%), fibra bruta (31,8%), cálcio (0,47%), fósforo (0,28%), energia bruta (4,7% cal/g), digestibilidade da matéria seca (63,3%, in vitro) e nutrientes digestíveis totais (50,7%), conforme Silva (1975). A maior limitação para a fenação é o clima frio e o excesso de chuva no inverno/primavera. 6.6.2 Ensilagem Pode-se fazer dois tipos de silagem de forrageiras de inverno, como aveia branca, triticale, centeio e trigo. A de alto valor nutritivo para a produção leiteira, no início da floração. Como a forrageira tem muita umidade nesse estádio, é preciso ser cortada e pré-secada por 4-6 horas, para depois ser recolhida e picada por ensiladeira com recolhedor, compactando-a no silo. O segundo tipo é feito no início do grão pastoso, diretamente recolhido com ensiladeira, não sendo necessária a pré-secagem (Figura 21). O teor de matéria seca ideal da silagem varia de 32 a 38%. Apesar da vantagem da pouca umidade, o segundo tipo tem valor energético semelhante, mas de proteína inferior à silagem de milho. Tanto a silagem de milho quanto a de aveia, triticale ou centeio, são bons alimentos, quando usados como únicos volumosos da dieta. Combinados, a deficiência em proteínas da silagem do milho é compensada pelo maior teor desse nutriente da aveia.
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Figura 19 – Ensilagem de pre-secado (estádio de emborrachamento) e ensilagem direta (em estádio de grãos pastososo) de aveia branca Fonte: Elmar Luiz Floss. A ensilagem no emborrachamento – início do florescimento, colhe-se menor quantidade, mas de qualidade nutritiva superior, que destina-se a animais com alta exigência de energia, por exemplo vacas com produção de leite superior a 20 litros/dia. No estádio de grão em massa, há maior rendimento/por hectare, mas com menor qualidade nutritiva, recomendada para animais com menor exigência de energia, vacas secas e novilhas. A consorciação de gramíneas (aveia, azevém, centeio ou triticale) e leguminosas (ervilhaca e trevo vesiculoso), promove melhor desempenho dos animais do que na pastagem somente de gramíneas. O triticale é um cereal muito utilizado para elaboração de silagem no período de inverno no Sul do Brasil, aproveitando a disponibiliadde de solos e o clima favorável (Baier, 1986). Também pode ser realizada a ensilagem com cultivares de trigos sem arista.
6.6.3 Complementação com grãos Os grãos de aveia branca ou triticale podem ser utilizados como suplementação da alimentação de vacas leiteiras, especialmente quando se usa a silagem ou o feno produzido no inverno-primavera. Os grãos de cereais de inverno colhidos entre outubro e novembro na região Sul tornam-se, economicamente, competitivos, reduzindo os custos de produção de leite nessa época. Quanto à forma de fornecimento dos grãos de aveia branca para as vacas, pesquisas demonstraram que há um aumento da ingestão dos grãos que foram processados (laminados ou “machacados”) para bovinos de leite, não sendo recomendado a moagem dos grãos destinados à alimentação de vacas leiteiras. A forma mais econômica é o fornecimentos dos grãos na forma integral, previamente umedecidos (por 12 h), na razão de um litro de água para cada kg de grão. Recomenda-se que também seja misturado o sal mineral. Os grãos dos demais cereais de inverno devem ser moídos. Outra alternativa importante é realizar a silagem de grão úmido de aveia branca ou triticale. Realiza-se a colheita mais cedo, liberando a área para a implantação das culturas de verão, de modo que se obtém um grão nutritivo e de alta palatabilidade. Na colheita de grãos de aveia branca, é produzida uma grande quantidade de palha, o que é importante para a sustentabilidade do sistema de plantio direto (Figura 22).
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Figura 22 – Lavoura de aveia branca em estádio de maturação (esquerda) e soja recém semeada sobre palhada após colheita de grãos (direita) Fonte: Elmar Luiz Floss. Em experimento conduzido na Esalq/USP, Piracicaba, em 1989 (Floss; Soares Filho; Palhano; Primazzi, 2007), com o objetivo de avaliar a qualidade da forragem aveia branca (Avena sativa L. cv. UPF 7), com cortes realizados rente ao solo, de 14 em 14 dias, em parcelas inteiramente casualizadas com 2,0 m2, em três repetições, uma amostra de 500 g de matéria verde foi separada, sendo fracionada a partir do estádio de elongação (70 dias após a emergência-DAE), em lâmina foliar, bainha + colmo e em panícula a partir dos 98 DAE (antese). O teor de PB na MS foi calculado com base nos teores de N total (micro-Kjeldhal), conforme descrito por Sarruge; Haag (1974), bem como a determinação do teor de cinzas, cálcio e fósforo. A análise da digestibilidade in vitro (DIVMS) foi realizada no Instituto de Zootecnia, Nova Odessa, SP, utilizando a metodologia descrita por Goering e Soest (1970). O teor de proteína bruta (PB) decresceu linearmente com o desenvolvimento das plantas, variando de 24,9 % aos 14 DAE para 4,9% na maturação (Tabela 32). Quanto ao acúmulo de PB, a equação que melhor se ajustou foi a quadrática (P>0,001 e R2=96,1%), variando de 35 kg PB ha-1 aos 14 DAE para 617 kg PB ha-1 na maturação. O acúmulo máximo de proteína bruta (PB), estimado pela equação, ocorreu aos 98 DAE (818 kg.ha-1). Não houve diferença significativa (P<0,05) quanto aos teores de cinzas durante o desenvolvimento da cultura, variando de 13,8% aos 14 DAE para 9,5% na maturação, comportamento expresso por meio de uma equação quadrática (P>0,01 e R2= 76,1%)). Os teores de cálcio e fósforo foram em média 0,25% e 0,34%, respectivamente. A DIVMS decresceu linearmente (P>0,01 e R2=92,8%) com o desenvolvimento, variando de 82,2% aos 14 DAE para 36,8% na maturação (Tabela 32). Tabela 32 - Teor e acúmulo de proteína bruta, teores de cinzas, cálcio (Ca) e fósforo (P) e digestibilidade “in vitro“ (DIVMS) da matéria seca de forragem seca de aveia branca (cv. UPF 7) em diferentes estádios de desenvolvimento, em Piracicaba, 1989 Épocas de corte Proteína bruta Cinzas Ca P DIVMS DAE (%) (kg ha-1) (%) 14 24,9 35 13,8 28 23,2 204 13,8 42 17,9 391 11,5 56 17,9 619 13,8 70 18,9 699 13,2 84 10,4 601 12,5 98 8,9 818 10,3 112 5,9 599 8,8 126 4,9 617 9,51 Médias 15,1 504 11,9 DMS2 6,6 377 2,1 C.V. (%) 15,2 25,2 5,9 Fonte: Floss; Soares Filho; Palhano; Primazzi (2007).
(%) 0,29 0,28 0,26 0,28 0,28 0,25 0,17 0,18 0,22 0,25 0,11 15,0
(%) 0,40 0,53 0,31 0,33 0,37 0,37 0,25 0,20 0,26 0,34 0,18 18,5
(%) 82,2 79,0 75,1 71,0 68,0 49,3 40,7 38,7 36,81 60,1 12,0 5,7
Quanto ao fracionamento da PB, observa-se que, nas folhas, o teor decresceu linearmente de 22,1% aos 70 DAE para 3,8% na maturação. O acúmulo também decresceu linearmente, variando a contribuição de 75% aos 70 DAE para apenas 12% na maturação. Nos colmos + bainha, o teor variou de 13,2% aos 70 DAE para 2,6% na maturação sem variação quanto à contribuição no acúmulo no mesmo período. O teor de PB na panícula decresceu linearmente (13,0 a
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8,6%), da antese (98 DAE) até a maturação. A contribuição das panículas aumentou linearmente, de 21 na antese para 64% na maturação (Tabela 33). Tabela 33 - Fracionamento do teor e acúmulo de proteína bruta das diferentes partes da planta e estádios de desenvolvimento da aveia branca (cv. UPF-7), em Piracicaba, 1989. Épocas de Fracionamento Corte Folhas Colmo + bainha Panícula (DAE) % kg/ha % kg/ha % kg/há 70 22,1 523 (75)1 13,2 176 (25) 84 16,1 439 (73) 5,4 162 (27) 98 12,9 298 (37) 6,3 345 (42) 13,0 175 (21) 112 7,7 129 (21) 3,4 178 (30) 9,6 292 (49) 126 3,8 76 (12) 2,6 147 (24) 8,6 394 (64) Médias 12,5 293,1 6,6 201,7 10,4 287,2 DMS2 10,3 290,9 4,2 206,8 5,2 221,1 C.V. (%) 30,6 37,0 24,0 38,2 13,7 21,1 1 O número entre parênteses representa a participação em percentagem de cada parte em relação ao rendimento total de PB (%); 2Tukey (P>0,05). Fonte: Floss; Soares Filho; Palhano; Primazzi (2007). A DIVMS correlacionou-se positivamente com os teores de PB total e da folha, do colmo + bainha, da relação folha/colmo e com o rendimento de PB da folha, não se correlacionando com o rendimento de PB total e do colmo + bainha (Tabela 34). Concluiu-se que, no momento da disponibilidade de forragem de 1.500 kg MS/ha, estimada pela equação aos 37 DAE, a composição foi de 21,4% de PB, 0,4% de P, 0,27% de Ca e uma DIVMS de 75,5%. Tabela 34 - Coeficientes de correlação (r2) entre diversos parâmetros qualitativos avaliados de aveia branca (cv. UPF 7), em Piracicaba, 1989. Correlações RPF Digestibilidade APBT in vitro RPF 0,91** 0,93** TPBFOL 0,83** 0,76** 0,91** TPBCB ns 0,84** 0,96** TPBT 0,93** 0,89** ns APBFOL ns 0,71* ns APBCB ns ns ns APBT ns ns RPF= relação folha/colmo; TPBFOL=teor de proteína bruta das folhas; TPBCB= teor de proteína bruta de colmos+bainha; TPBT=teor de proteína bruta planta inteira; APBFOL=acúmulo de proteína bruta nas folhas; APBCB=acúmulo de proteína bruta nos colmos+bainha; APBT=acúmulo de proteína total; * e ** significativo, respectivamente, ao nível de 5 e 1%, ns= não significativo. Fonte: Floss; Soares Filho; Palhano; Primazzi (2007). Conclui-se, pelos resultados de pesquisa obtidos, nas mais diferentes instituições, a grande importância da integração lavoura-pecuária, na região Sul do Brasil, integrando a produção de grãos no verão com a produção animal no inverno. Referências ABRAÃO, J. J. S. Produção de leite a pasto. In: CURSO DE ATUALIZAÇÃO EM PASTAGEM. Anais. Cascavel: Ocepar, 1991. ALMEIDA, F. S. Controle de plantas daninhas em plantio direto. Londrina: Iapar, 1991. ALMEIDA, F. S. de. Influência da cobertura morta do plantio direto na biologia do solo. In: ATUALIZAÇÃO EM PLANTIO DIRETO. Campinas: Fundação Cargill, 1985. p. 102-44. ALMEIDA, F.S. de; RODRIGUES, B.N. Plantio direto. In: IAPAR. Herbicidas: contribuição para o uso adequado direto e convencional. Londrina: IAPAR, 1985. p. 341-99. ALMEIDA, F.S. de; OLIVEIRA, V. F.; RODRIGUES, B.N. Influência da cobertura morta na intensidade e composição do complexo florístico que se desenvolve nas culturas de verão. In: Resultados de pesquisa da área de herbologia: safra 1983-84. Londrina: IAPAR, 1985. p.8-32. BAIER, A. C. Centeio. Passo Fundo: Centro Nacional de Pesquisa de Trigo – Embrapa, 1994. BAIER, A. C. Triticale. Passo Fundo: Embrapa, CNPT, 1986. BAIER, A. C. Centeio. In: BAIER, A.C.; FLOSS, E.L.; AUDE, M.I. As lavouras de Inverno, 1. Rio de Janeiro: Editora Globo, 1988. p.107-30. Agronegócio em Foco | Ano 01 | Nº 04 | novembro de 2019
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