Da voz da mãe à voz na clínica Leo mara de Araujo Bürgel
Resumo Compartilhar um pouco da experiência clínica que abriu o desejo de explorar o campo da voz e da linguagem no trabalho co m o éo objetivo deste texto. O artigo discorre, inicialmente, sobre a mudança de abordage m clínica quando se considera o sujeito do inconsciente proposto por Freud em vez do sujeito cartesiano. Na sequência, em u m recorte da clínica psicanalítica co m crianças, o tema da na constituição psíquica do serve de introdução para apresentar a questão central do texto, ou seja: co mo a voz poderia ser aproveitada enquanto ferramenta clínica na convocação do sujeito do desejo, na clínica com crianças pequenas, sobretudo aquelas que se encontram e m algu m impasse na constituição subjetiva, o qual se expressa no laço co m o outro, o que inclui a maneira co mo se co munica co m este. Palavras-chave: clínica psicanalítica com crianças, pulsão invocante, efeito da voz, ato analítico. Abstract This article aims to share some clinical experience that stimulated the desire to explore the field of voice and language when working with the . Firstly, the paper describes the change in clinical approach when the subject of the unconscious proposed by Freud is taken int o consideration instead of the Cartesian subjec t. Next, when considering the psychoanalytical clinic for children, the theme of the invocatory drive in the psychic constitution of the works as an introduction t o present the central issue of the text, which is: how the voice could be used as a clinical tool when summoning the subject of desire in the clinic for young children; especially those who are at an impasse over the subjective constitution, which is expressed in the bond with the other, including the way the child co mmunicates with this other. Keywords: psychoanalytic clinic for children, invocatory drive, effect of the voice, psychoanalytic act.
1
1
Introdução
A partir da psicanálise, sabemos da importância da voz materna na captura do sujeito na linguagem; sabemos também q ue só haver voz não basta para que o sujeito nasça na linguagem. A estrutura do Outro primordial, que realiza os cuidados de maternage m e apresenta esse aspirante a sujeito ao mundo e vice-versa, é fundamental para que a engrenage m desejante se constitua, co mece a funcionar e, em decorrência disso, o discurso se estabeleça. Por muito tempo, falar de linguage m e de voz era feito a partir do enigma da gagueira. Há alguns anos, em função da experiência clínica, seguindo o fio do desejo, co mecei a direcionar o foco para a importância da pulsão invocante na constituição do sujeito. Hoje, na pretensão de avançar mais um pouquinho no entendimento da clínica co m crianças pequenas, trago algumas reflexões sobre o uso da voz nessa clínica. 2 Da clínica do sujeito do enunciado à clínica do sujeito da enunciação Este texto é, de certa maneira, a continuação de outros textos, representantes da discussão de algu mas questões oriundas da clínica e escritos em outras épocas. Textos que releio sempre que me proponho a escrever um novo. Parada necessária para rever os rumos, as rotas e, observando a direção do vento, escolher a próxima aventura, sabend o dos desafios e da empreitada de tentar transmitir um pouco sobre a clínica pelo viés da escrita, principalmente quando nesta modalidade algo da voz se perde. E o novo, co mo não poderia deixar de ser, conté m o antigo e o escolhe novamente, de uma outra posição. O antigo no caso (ou seria um antigo caso?), é um tema que me convoca a produzir clinicamente desde a primeira vez que me deparei co m pacientes que se apresentavam co m dificuldades na sua fala /voz / discurso. Esta é uma história que co meçou na fonoaudiologia, especificamente no trabalho co m pacientes que gaguejavam, ou que eram laringecto mizados e precisavam adquirir uma voz esofágica, ou que se tornaram afásicos em função de algu m traumatismo crânio-encefálico, ou que eram disfônicos, ou seja, apresentavam algum problema vocal, relacionado a fatores orgânicos e /ou funcionais. Tal trabalho de reabilitação fonoarticulat ória e discursiva utilizava-se de técnicas e métodos específicos propostos pela fonoaudiologia. A lógica da utilização de tais ferramentas para a supressão ou co mpensação de cada distúrbio seria de fácil co mpreensão se este (o distúrbio) não viesse aco mpan hado de uma . Essa foi a questão que marcou o início de meu trabalho clínico e que, em forma de brincadeira, transmitia aos alunos ou aos colegas da área. E na tentativa de entender o que eu deveria fazer co m a pessoa que aco mpanhava o distúrbio, o qual poderia facilmente ser tratado “se ela não atrapalhasse co m as suas peculiaridades”, foi que me deparei co m a psicanálise. Sim, a psicologia co mportamental ou cognitivista, que já era utilizada co mo estofo das técnicas fonoaudiológicas e que, por sua vez justificava a mudança ocorrida nos “co mporta mentos de co municação inadequados”, nem ela, no meu entender, dava conta de explicar os fenô menos e as intercorrências clínicas. Sempre ficava um resto, algo sem ser explicado, e que era jogado fora (mal sabia eu, na época, que era o sujeito). 2
Na angústia de descobrir o que estava sob o tapete, se dá o encontro co m a psicanálise, que me apresenta o do inconsciente e, consequente mente, uma outra possibilidade de abordar a clínica. Lembro, por exemplo, de um paciente laringecto mizado que já se co municava de forma co mpreensível com a voz esofágica (produzida co m o esfíncter esofágico co mo fonte sonora em vez das pregas vocais), mas que ainda se referia a ela com certo ressentimento, certa estranheza... até que num determinado mo mento do trabalho ele conta que estava em casa e nu m cô mo do ao lado algumas pessoas da família estavam assistindo u m vídeo caseiro; ao escutar uma determinada voz, ele se pergunta de quem seria aquela voz. Quando então se dá conta d e que aquela voz era a sua voz laríngea, aquela que perdera e m consequência da cirurgia. Nesse mo mento, a voz na qual ele se reconhece é a voz esofágica. Um luto feito, um sujeito que pode seguir falando melhor, co m a sua voz. Ressonâncias desse encontro t ambé m atingiram o trabalho acadê mico e, nessa época, em sala de aula, construiu-se um quadro classificatório, utilizado co mo um recurso didático que dava suporte à seguinte questão: co mo u ma concepção diferente de sujeito poderia alterar a noção de sinto ma, de clínica e de cura? Tal quadro era aplicado aos diferentes métodos propostos para o trabalho co m sujeitos que gaguejavam, na tentativa de descobrir se o que era proposto por cada autor apresentava uma articulação consistente entre os termos: sujeito, sintoma, trabalho terapêutico e cura. Finalmente, levando-se em conta o título da revista, cabe ainda contar que nu m determinado mo ment o na clínica, algo mudou e m relação ao desejo e em consequência disso, a direção da clínica. Segue um fragmento de um text o, escrito em 20 0 6, que conta sobre essa passagem:
3
A clínica psicanalítica co m crianças
O exercício da clínica exige que situemos do ponto de vista teórico-clínico, a constituição psíquica do sujeito falante. Em que condições ela acontece de uma maneira considerada normal e que sinais 3
dão indícios disso, ou então, ao contrário, de que algo parece estar fora dos confor mes, fora do co mpasso. Tal posicionamento permite u m primeiro eixo de referência para a leitura do que se apresenta nas entrevistas co m os pais e co m a criança, be m co mo para a realização d o trabalho clínico. Para indicar, de maneira muito reduzida, nossa inspiração / orientação teórica, bem co mo manter o fio que pretende conduzir ao tema do trabalho propriamente dito, trago frag mentos da fala de dois autores, sobre a clínica com crianças. Tal recorte preten de salientar a função do campo da fala/ linguage m e do te mpo na estruturação do sujeito falante. Num seminário preferido por Jerusalinski(20 01), sobre as identificações primárias ele diz:
Para Alba Flesler (20 0 8), o psicanalista ao atender à criança, ao adolescente ou o adulto, ocupa-se do sujeito da estrutura borromeana RSI. Um sujeito que se estrutura em te mp os. O objeto da psicanálise é o sujeito e é para ele que se dirige o ato analítico. A autora diz que no seu livro “El niño en análisis y el lugar de lós padres”, esta va interessada e m ressaltar a função que o “ cumpre ao se alternar em ausência – presença:
é ” Segundo ela, essa distinção te mporal orienta as intervenções do analista, no sentido de que estas possam recriar o jogo de objeto para o sujeito existir. 4
Uma voz que cutuca o sujeito
Há alguns anos, um menino de 5 ou 6 anos me pergunta: “ O inusitado daquela pergunta me atingiu de várias maneiras; até en tão, ele não havia feito perguntas; ele brincava com temas repetidos e me mandava fazer coisas que possibilitassem a sua brincadeira – mas, ao menos, nesse tempo já me deixava participar. Depois de alguns instantes, olhando para ele, reto mei a palavra, e muito surpresa lhe disse “ Ele responde que sim, co m u ma expressão de desagrado e dá a entender que faço isso co m frequência. Percebo que esse traço diferente da minha voz (vou chamá-lo: ) que co mparecia nas sessões e segundo ele “ ”, o havia marcado no decorrer de um te mpo. Nesta sessão, ele estava desenhando uma pista de corrida, o que fazia e m to dos os encontros, sem modificações e co m a mesma cor. Nesse dia, algo acontece de diferente no traço no papel e ele quer uma borracha. Nesse mo mento de intervalo na busca da borracha desaparecida, cantarolo uma frase interrogativa: “ Foi aí, nesse intervalo, que ele me atingiu co m a sua pergunta. No meu espan to o te mpo parou... ligou de novo e nada mais foi igual. Esse menino, aí nesse incô mo do co m a minha cantoria, recuperou a sua voz e me 4
inquiriu: “ Esse foi um episódio que sempre me intrigou e hoje, quando lembro dele, consigo contornar algo de um at o que ali aconteceu. Recentemente, numa sessão co m um menino que já não gagueja mais, ao conversar co m sua mãe, ele interro mpe sua brincadeira com u m mosaico e me interroga: Nova mente surpreendida por u ma questão que me é feita em função de um som que produzo e que provoca um efeito de interrogação nu ma criança pequena, lhe digo: . Ao que ele responde afirmativamente. Não é preciso dizer que a ressonância de sua pergunta afetou os meus . A importância da voz na captura do sujeito na linguagem te m mo tivado alguns autores que trabalham na clínica co m bebês, a pesquisar sobre a pulsão invocante no processo de alienação separação, fundamentais num primeiro tempo de constituição do psiquismo. Segundo Catão (20 05, p. 224), a voz faz litoral:
Ciente de que não se trata apenas da voz enquanto so m emitido pelo aparato fonoarticulatório, mas da voz enquanto algo que veic ula e transmite a falta, tenho me ocupado em explorar um pouco mais o efeito que a voz do analista provoca em crianças pequenas, sobretudo aquelas nas quais algo na sua maneira de fazer laço co m o outro mostra que elas ainda não são autoras do seu discurso. Isso pode ser observado e m crianças que se recusam ao laço, que ignoram a presença do outro, vivendo nu m mundo de sons e gestos repetitivos e que se inco mo da m co m qualquer aproximação ou tentativa de ruptura de sua bolha, be m co mo naquelas que fazem o laço co m o outro, porém se apresentam de uma for ma característica na linguagem: apresentando traços de infantilização na voz, aco mpanhadas ou não de algu mas o missões fonemáticas. Por exemplo, crianças que levam muito tempo para adquirir o vibrante, falando “ ou “ em vez de “ , o que parece indicar que algo ficou em u m determinado tempo da estrutura. Ou ainda crianças que se apresentam de maneira na linguage m. Disso decorre, no meu ponto de vista, que a maneira co mo a criança usa a linguagem, dá sinais do te mpo de estruturação psíquica do sujeito, o que pode orientar o trabalho clínico. Recente mente, numa sessão co m u m menino de quatro anos, brincávamos de montar um edifício co m peças retangulares de madeira e depois derrubá-lo ao som de muita come moração co m palmas e co m expressões vocais: “ . Num determinado mo mento, ele pega uma peça maior, de um outro jogo, e me diz num to m meio interrogativo: “ ao perceber a diferença de tamanho e de espessura das peças. Faço u ma expressão negativa co m a cabeça e repito: “ Imediatamente ele afirma: “ Rimos da sua invenção e continuamos a brincadeira. Esse uso criativo da linguage m, este estar à vontade para se servir da língua singularmente, 5
apareceu após a perda de um to m bem infantilizado co m o qual se apresentava no laço co m o outro. Percebo co m muita frequência, nas crianças que atendo, inclusive em algumas co m dez anos de idade, que durante um diálogo ou nu m mo ment o da brincadeira, por alguns instantes, ela fala co m u ma voz muito infantilizada. Reajo de diferentes maneiras ao seu aparecimento: “ Ou seja, interrogo quem aparece aí. Numa dessas interrogações, ao perguntar a um menino(estávamos brincando sobre algo da história do Pinóquio) que voz era aquela, ele me responde: “ Ao que respondo: “ . Desse dia em diante, esse não mais foi usado nem nas sessões e nem co m sua mãe. Já há algu m te mpo, mas principalmente após um trabalho sobre a escuta do traço na clínica psicanalítica co m crianças, escutar para alé m do sentido passou a incluir també m u m prestar certa atenção em co mo a criança se servia da língua e co mo a utilizava co m os outros ao seu redor.Tal observação se estendeu a ouvir a fala dos pais, percebendo os tons e os semitons, a velocidade, o afeto, a autoridade, enfim algo da materialidade da voz (que talvez devesse chamar de gesto vocal – a voz nunca vem sozinha, ela faz coro co m o corpo e com o olhar) que atingia a criança. Da mesma forma, comecei a prestar atenção na maneira co mo minha expressão vocal afetava a participação da criança no sentido de se posicionar diante da palavra do outro. Segundo Gratier (2011):
Continuamos, co m alguma ressalva, a fazer isso no decorrer de nossas vidas – a fazer uso de nossa voz nos laços sociais e afetivos. , até mesmo quando pensamos em alguém que já morreu. É disso que se valem certos cursos de oratória e de aperfeiçoamento das habilidades de co municação verbal, ao saberem que algo disso que passa na voz pode ser modelado, modificado a partir de um trabalho específico de propriocepção corporal e aprendizagem de novos co mporta mentos vocais e de fala. É certo que isso tem os seus limites. Justamente aqueles do sujeito. Quando ainda trabalhava na clínica fonoaudiológica, mas já interrogada pelas questões da psicanálise, atendi um rapaz, músico, que cantava ao mesmo tempo em que tocava bateria. Algo to talmente contrário aos princípios da saúde vocal. Numa entrevista, ele me conta que pigarreia muito. Explico -lhe o quanto tal hábito é agressivo às pregas vocais e que devia ser evitado. Ao que ele me diz: “esse pigarro é igual ao do meu pai... que já está morto”. A escuta me cochicha:“ops!”, não se trata de qualquer pigarro. Mais calma em dar sumiço nele”. No exercício da clínica, fui observando que as crianças prestava m mais atenção, de um modo geral, quando a maneira como me expressava era mais musical, quando transparecia na voz um to m mais dramático, de suspense, mais ao estilo do contos de fada. A expressão facial, incluindo o olhar e a postura corporal, se juntavam ao coro. Percebia, que falas muito longas e explicativas desligavam o sujeitinho. Em alguns casos, comentava co m os pais que as crianças pareciam co m secretárias eletrônicas: ao se falar co m elas, a mensagem deve ser curta 6
e direta, caso contrário o te mpo se esgota. Noutro dia, ao sair do consultório, um menininho de 3 anos queria abrir o guarda -chuva no corredor; a mãe e o pai tentara m explicar que isso não poderia ser feito pois era perigoso, ao mesmo tempo que tentavam impedir corporalmente o acontecimento. Nesse mo mento interro mpo co m u ma voz forte e co mpassada: . O menino me olha surpreso co m o cutucão de minha voz e aproveito: Ao que ele responde, balançando a cabeça e repetindo o que falei, em for ma interrogativa: “faz tuc -tuc?”. Respondo que sim e dou continuidade à cena, dizendo-lhe que já pode chamar o elevador. Relembro aos pais que é importante que eles façam contato co m a criança (esse é o nosso problema nesse caso) e que explicações muit o longas não ajuda m nisso. Às vezes uma interjeição faz um efeito de convocação para daí uma frase ser dita. Um som pode abrir um espaço para a palavra poder ser dita. Por exemplo, quando uma criança no consultório vai mexer no aparelho de som ou no co mputador e eu faço: “ ” Que soa co mo u m musical. Ou então um “ ” be m curtinho e intenso e mesmo de costas para mim, a criança para, interrogada por aquele som e eu posso dizer: “ ”. Ou ainda, quando em certas ocasiões emitia um som na queda ou arremesso de algu m objeto, e a criança, achando muit o engraçado, ria e pedia para eu repetir. Às vezes gargalhava e eu també m me divertia muito em provocar novas gargalhadas. Podia observar que em pouco tempo, logo em seguida ou na sessão seguinte, a criança já havia incluído a brincadeira sonora em seu repertório e a co municação ganhava um novo sup orte e novas possibilidades. Esses sons irro mpe m o silêncio, modificam o ambiente, abrindo u m espaço, ao criar um intervalo no te mpo. Este intervalo cria um suspense no qual o sujeito é preso, envolto nu ma expectativa: o tempo para. Algo está por vir. O que será?Todos a postos! E quando esse algo vem, uma surpresa! Surpresa que produz no corpo um efeito, um estremecimento e que convoca o sujeito a responder, a se posicionar, a co mparecer co m algo de sua autoria. Certa vez, ao final de uma sessão, depois d e tentar de muitas maneiras entrar na brincadeira co m u m menino, sem ter mui to êxito, me dirijo aos pais que estão na sala e digo de uma for ma pausada: “ ”. Nesse mo mento, o menino para co m a sua brincadeira solitária, olha para mim e fala algo que não entendo muito be m. Pergunto: “ ”. E pausadamente ele repete: “ ”. Enfim ele me deu a senha do que havia ocorrido naquela sessão e me fez interrogar sobre co mo teria eu acionado o campo de força; talvez co m excessos. A sua afirmação també m direcionou para a questão sobre os campos de força que a família criava para evitar a presença dos outros. E assim na lida co m a clínica, várias interrogações, observações e i magens iam se construindo no meu pensamento e para além dele: o que na voz produz esse efeito de abrir a carapaça do sujeito, furá -la e, dessa forma, permitir a entrada do significante. A voz atuando co mo u m quebra -gelo, um caminho, um trilho pra a cadeia significante se estabelecer e se ordenar. Uma voz cuja ressonância atinge o sujeito, causando surpresa (voz que espanta, tira o fôlego, para o tempo) e o coloca em causa, em questão. Atinge o corpo e o convoca a co mparecer no discurso, tirando o do anonimato da repetição de frases alheias. Ressaltamos novamente que apenas usar a voz modificand o intencionalmente a prosódia e fazendo “caras e bocas”, não basta para 7
que se abra um lugar para o sujeito. Em seu texto “O corpo da criança, o significante e a voz”, Manfroni (1998), diz
Mas, alé m disso, o que po dería mos apro veitar d os estu d os que vê m sen d o realiza dos so bre as ressonâncias prosó dicas entre as vozes de mães e de bebês e m interação ou da prosó dia na dinâ mica co municativa, que nos per mi tisse maior co mpreensão da voz co m o ferra men ta clínica? Nas palavras de Gratier (2 011):
Além dos aprofunda mentos teóricos que precisam ser feitos e m relação ao te ma, sabemos que a reflexão sobre os efeitos de subjetivação que o uso da voz na clínica pode pro mover, some nte poderá prosseguir no campo psicanalítico se co meçarmos a articular teoricamente as questões aqui apresentadas ao campo do ato analítico. No seu seminário de 1967-1968, Lacan diz:
REFERÊNCIAS BÜRGEL, L. de A. (2 0 0 6) Associação Psicanalítica de Curitiba, em Anais da IX Jornada de Apresentação de Trabalhos, p.49-54. ___________
(20 0 8) Associação Psicanalítica de Curitiba. Texto apresentado na XI Jornada de Apresentação de Trabalhos. ___________( 2010) . Letra - associação de Psicanálise. Texto apresentado no Colóquio: A Angústia. CATÃO, I. (20 0 9) São Paulo: Instituto Langage.
8
FLESLER, A. (20 08) Porto Alegre, em Revista, n.35, p.178-192. ____________(2 010) Aires: Paidós.
Associação psicanalítica de . Buenos
GUARNERI, L. (1990). Em Cadernos do CED, Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de ciências da Educação, 15, p.59-88. _____________ (1995). Biblioteca Freudiana de Curitiba, em Revista do Departamento de psicanálise de Crianças,ano II, 2 : 24-28. _____________ (20 02). Na clínica fonoaudiológica da gagueira:um sinto ma atropelado, explicado ou decifrado? Em MEIRA, I. (org). (pp.91-112 ). São Paulo: Cortez. _____________ (20 03). Dissertação de mestrado em psicologia clínica- área de concentração psicanálise. Curitiba, Pr: UTPPr. JERUSALINKY, A. (20 05) . Instituto de Psicologia- Lugar de Vida, em Seminários II, São Paulo:USP. LACAN, J. (1967-1968) . Publicação da Escola de Estudos Psicanalíticos, Porto Alegre. LASNIK, M.C. e COHEN, D. (orgs), São Paulo, Instituto Langage, 2011. MANFRONI, A.C. (1998). . Em site, www.tempofreudiano.co m.br. Este texto foi publicado na revista 25 da Associaçao Psicanalitica de Curitiba, intitulada A direçao da clinica em 2012.
SOBRE O AUTOR Leo mara de Araujo Bürgel é psicanalista. Membro da Associação Psicanalítica de Curitiba e da Letra - associação de psicanálise.
9