Junho/2012
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Associação Brasileira das Entidades Estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural Presidente Júlio Zoé de Brito — iPA/PE Vice-Presidente Jefferson Feitoza de carvalho — Emdagro/sE Diretor da Região Centro-Oeste José Guilherme Tollstadius leal — Emater/ DF Diretor da Região Nordeste Jefferson Feitoza de carvalho — Emdagro/sE Diretor da Região Norte cleide Maria Amorim de oliveira — Emater/PA Diretor da Região Sudeste Marcelo lana Franco — Emater/MG) Diretor da Região Sul Rubens Ernesto niederheitmann — Emater/PR)
sEDE
scln 116, Bloco F, Edifício castanheira, sala 218 — Brasília-DF — cEP: 70.773-500 Telefone: (61) 3274-3051 | Fax: (61) 3347-7114 E-mail: asbraer@asbraer.org.br site: www.asbraer.org.br Diretor executivo: hector carlos leal Barreto Coordenadora Administrativa: Paula Alencar Assessora Administrativa: Mariana Matias Auxiliar Administrativo: ianne Dutra sena Assistente Administrativo: Jaqueline Ferreira santos Assessoria de Comunicação: Rosane A.Garcia Estagiário da Ascom: André lage
Missão TécnicA AsBRAER BRAsil /chinA Realização: AsBRAER Patrocínio: Agência Brasileira de cooperação Parceria: câmara do comércio e indústria Brasil/china Apoio: Embaixada do Brasil em Pequim Publicação da Associação Brasileira das Entidades Estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural (Asbraer) Projeto gráfico, redação e edição: Ascom/Asbraer Revisão: Fernanda Mourão imagens: fotos cedidas pelos integrantes da missão Fotos da capa: centro de Transferência de Tecnologia Moderna de Xangai Tiragem: 1.000 exemplares
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Missão Técnica Asbraer — Brasil/China
Tecnologia chinesa
oportunidades de negócios
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1,4 bilhão de pessoas para alimentar
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opinião / Florindo Dalberto 22 horas de viagem
Entrevista / Presidente da Asbraer
centro de pesquisa
opinião / Jefferson Feitoza
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opinião / Eronildo Bezerra
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opinião / Jorge luiz Fortes
opinião / José Maria Pimenta
opinião / hermínio Resende
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opinião / José Aldo dos santos
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opinião / Alberto Broch
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opinião / Edimar Vizolli
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imagens da china
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Missão Técnica Asbraer - Brasil/China
A Missão
Tecnologia chinesa eleva produtividade da agricultura
O desenvolvimento da agricultura chinesa começou após a reforma rural em 1978. A mudança garantiu aos camponeses liberou e desenvolveu a força produtiva rural, incentivou o rápido crescimento da produção de alimentos e otimizou a estrutura agrícola. Hoje, a China ocupa o primeiro lugar na produção de grãos, semente de colza, algodão, tabaco, carne, ovos, produtos aquáticos e vegetais.
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E
les somam 200 milhões de pessoas — o equivalente à população brasileira. A maioria tem áreas inferiores a 1 hectare e oferta 582 milhões de toneladas de grãos por ano. Como produzir tanto em espaços tão reduzidos, que bem poderiam ser confundidos com o quintal de uma propriedade urbana no Brasil? Conhecer essa realidade da China, o maior país asiático, e compreender as técnicas utilizadas nas pequenas propriedades rurais foi um dos objetivos da Missão Técnica Brasil/China, promovida pela Associação Brasileira das Entidades Estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural (Asbraer), de 16 a 26 de fevereiro de 2012. Com uma população superior a 1,3 bilhão de pessoas, a China tem um território de 9,6 milhões de quilômetros quadrados. Desse total, 7% — 1,27 milhão de quilômetros quadrados — são destinados à agricultura. A área cultivada está concentrada principalmente nas planícies e nas regiões de bacias da zona leste do país. Os principais produtos são arroz, trigo e soja, além de algodão, cana-de-açúcar, colza e beterraba. No conjunto da economia chinesa, a agricultura é o setor mais importante. Diferentemente da agricultura familiar brasileira, a maioria das propriedades rurais chinesas são altamente tecnificadas, o que explica, em boa parte, o elevado índice de produtividade em áreas tão reduzidas. No fim da década de 1990, o socialismo foi deixado de lado e a China aderiu ao sistema capitalista convencional. O regime de propriedade estatal foi substituído por um maciço programa de privatização e o país ingressou na economia globalizada, sendo, em 2001, aceito na Organização Mundial do Comércio. Hoje, 70% das atividades econômicas da China são privadas e a tendência é de crescimento desse percentual. No cenário mundial, a China se coloca como um dos grandes parceiros econômicos do Brasil. Em 2011, o superavit comercial para o Brasil chegou a R$ 11,5 bilhões. Nessa relação, as propostas de cooperação entre os dois países se tornam elementochave para o meio rural brasileiro ampliar a sua capacidade de produção e de comercialização. principal é a troca de conhecimentos e aproximação dos dois países no setor agropecuário.
PARTE AnTiGA DE XAnGAi: a cidade supera Pequim, a capital chinesa, no mundo dos negócios
A ideia de promover uma missão técnica à China foi trabalhada e amadurecida ao longo de 2011 pela direção da ASBRAER. Em novembro, durante a Assembleia Geral da entidade, a proposta foi colocada para os dirigentes das entidades estaduais de ATER e ganhou a adesão da maioria dos participantes, empolgados com a possibilidade de conhecer de perto métodos e tecnologias diferenciadas aplicadas à produção agropecuária no país mais populoso do planeta. No processo de organização da missão, a ASBRAER contou com o apoio da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério de Relações Exteriores e, principalmente, com a equipe brasileira do escritório da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China.
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o RoTEiRo
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DElEGAção BRAsilEiRA EM PEquiM: Júlio Zoé de Brito (Asbrar e iPA), Jefferson Feitoza de carvalho (Emdagro/sE e AsBRAER), Edimar Vizolli (idam/AM), Eronildo Braga Bezerra (AM), Tanara lauschner (AM), sônia sena Alfaia (AM), Antônio hermínio Bezerra de Resende (cE), José Maria Pimenta (Emater-cE), Alberto Ercílio Broch (contag), Jorge luís de oliveira Fortes (Agerpe/MA), Florindo Dalberto (iPA/PE), José Aldo dos santos (PE), hector carlos Barreto leal (Asbraer) e Mariana Matias (AsBRAER)
22 horas de viagem De Guarulhos a Dubai, rumo a Xangai
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s 14 integrantes da Missão Técnica Brasil/China partiram do Aeroporto de Guarulhos, em 16 de fevereiro, com destino a Dubai, a cidade mais populosa dos Emirados Árabes Unidos (EAU), na costa sul do Golfo Pérsico na Península Arábica, na Ásia. Foram 14 horas de voo. O grupo pernoitou em Dubai e, na manhã seguinte, enfrentou mais oito horas de viagem aérea até Xangai, a maior cidade da China. Na manhã do sábado, 18 de fevereiro, começou a maratona da delegação para cumprir uma intensa programação de encontros e visitas agendadas pela Asbraer. A adaptação à mudança do fuso horário e ao clima — temperatura abaixo de zero grau — ocorreu com o início das atividades a partir da visita ao Bund e Lujiazhui, respectivamente, a parte histórica e o centro econômico de Xangai. O domingo, tradicionalmente dia de descanso, foi dedicado a um seminário com professores e pesquisadores de Sunqiao, Centro de Transferência de Tecnologia Moderna de Xangai, uma área de desenvolvimento da agricultura.
Na segunda-feira, 20 de fevereiro, a delegação brasileira embarcou para Pequim para um encontro com os dirigentes e representantes da Comissão de Agricultura da China — CCPIT Harbin. No dia seguinte, os brasileiros visitaram a empresa que gerencia um projeto agrícola brasileiro e a indústria de grãos Hopefull Sanhe & Oil Co Ltd. Diante de tantas novidades e do volume de informações importantes para uma reflexão comparativa entre o modelo chinês e o brasileiro, o ritmo da missão se manteve acelerado. Em 22 de fevereiro, a comitiva se reuniu com funcionários e acadêmicos de organização agrícola e, logo depois, embarcou para a Província de Heze, onde ocorreria a Feira de Agricultura, com abertura marcada para o dia seguinte. Lá, seria possível encontrar máquinas e equipamentos adequados à agricultura familiar. Encerrada a maratona, os brasileiros se reuniram em Pequin para uma avaliação do périplo pela China. Em 25 de fevereiro, o grupo iniciou o retorno ao Brasil, e embarcou para Dubai com destino a São Paulo.
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País: China Capital: Pequim Cidade mais populosa: Xangai Lígua oficial: Mandarim Governo: Estado unipartidiário Estabelecimento: Declarada República Popular em 1º de outubro de 1949 Área total do país: 9.596.960km² Água: 2,8% do território População: 1,338 milhão de pessoas (estimativa) Densidade: 139.6hab/km² PIB: US$ 6,988 trilhões Renda per capita: US$ 5.184 Expectativa de vida: 73 anos Mortalidade infantil: 23/mil nascidos vivos Alfabetização: 93,3%
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Júlio Zoé de Brito
EnTREVisTA
presidente da Asbraer e do instituto Agronômico de Pernambuco
Mais importante é que nós vimos processos tecnológicos avançados que seriam, como máquinas agrícolas pequenas, compatíveis com a agricultura familiar”
A
Em 2011, a China importou 30 milhões de toneladas de soja do Brasil, metade da produção brasileira. Hoje, os chineses estão construindo um terminal para armazenar 1 milhão de toneladas de soja, e preveem que em 3 anos estarão com capacidade dobrada
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s possibilidades de negócios, os equipamentos e máquinas adequados à agricultura familiar e o grande interesse dos chineses em importar matéria-prima brasileira revelam uma excelente abertura de mercado para o agricultor familiar brasileiro. Para o presidente da Asbraer e dos Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), Júlio Zoé de Brito, esses foram os três grandes eixos verificados durante a Missão Técnica Brasil/China, realizada pela instituição de 16 a 26 de fevereiro deste ano “O produtor brasileiro tem um mercado certo para escoar sua produção”, afirmou Júlio Zoé, ao lembrar que, anteriormente, durante a entressafra havia uma queda no preço das commodities de milho e soja. Atualmente, o mercado chinês adquire a metade da produção de soja. “Isso é muito bom para o agricultor. E não podemos ignorar que a China está aumentando todos os anos em 9% ou 10% a renda da população, permitindo às pessoas comer mais proteína. Para produzir carne ou ovo tem que ter soja e milho, o que significa que o consumo vai aumentar.” Na entrevista, a seguir, o presidente da Asbraer faz uma avaliação da missão, que
conheceu parte da realidade rural chinesa, na qual predomina a agricultura familiar. Como o senhor avalia a Missão Técnica Brasil/China? A missão cumpriu muito bem a nossa expectativa. Até digo: se a Asbraer, todos os anos, fizer uma missão, dificilmente nos próximos 100 anos fará outra melhor. Fomos muito bem recebidos. Tivemos contato com cientistas e professores, que demonstraram desenvolvimento e tecnologias na área da agricultura. Tivemos um encontro com presidente da Câmara de Comércio Brasil/China, que manifestou interesse para a materialização de negócios e ainda tivemos com as autoridades de Heze, na abertura da feira de agricultores, uma exposição fantástica de equipamentos e máquinas, compatíveis com a agricultura em pequena escala, porque na China existem 200 milhões de agricultores que cultivam, no máximo, 2 hectares. A maioria trabalha em meio hectare. A China só tem 140 milhões de hectares cultiváveis. Desses, 2% são ocupados por estatais — grandes empresas que produzem em escala, como ocorre aqui, em Mato Grosso. Ainda há as áreas de reserva, de pasto e o restante é dividido com 200 milhões de agricultores.
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percebeu ou ainda não adquiriu um grau de Isso quer dizer que a propriedade familiar na confiança para investir em máquinas pequenas, China equivale ao minifúndio no Nordeste? Coloque minifúndio nisso. Geralmente, no Bra- compatíveis com as pequenas propriedades. sil, uma propriedade com 5 hectares ou 10 é considerada pequena demais. Lá, no máximo, tem 2 Quais foram os tipos de equipamentos hectares. Fico sem entender como eles fazem. Mas que mais atraíram a atenção do senhor? Vimos debulhadeiras elétricas de milho que a China é um país que está em um caminho muito firme de desenvolvimento. Os chineses estão fa- custam, na realidade chinesa, R$ 30. Isso significa zendo uma verdadeira reforma na agricultura. Não que o equipamento poderia chegar ao Brasil por é reforma agrária. Percebemos que há um esforço R$ 120 ou R$ 130. Os tratores produzidos pelos chineses também são muito versámuito grande em criar empregos teis. Um trator de 75Hp, que aqui para esses agricultores. Eles têm custa R$ 70 mil, lá o agricultor paga consciência de que só dessa área cerca de R$ 7 mil. Evidentemente, não conseguem viver. Deixaram existem aqueles tratores pequeniclaro que muitas dessas pessoas nos, que são baratos, — comprados plantam, mas também têm outro por R$ 1 mil — e que poderiam cheemprego. Há um projeto do gogar aqui ao preço de R$ 5 mil. São verno chinês de, nos próximos tratores que têm a característica de anos, tirar 200 milhões de pesoperar pequenas máquinas, algo soas do meio rural. Isso significa que não temos aqui. dizer que vivem no campo entre 600 milhões e 700 milhões de Depois dessa missão, quais agricultores. Eles pretendem são as possibilidades de transfereri mais do que um Brasil estreitar as relações do campo para a cidade. Não checomerciais com a China? guei a ver, mas soube que já exisPercebemos que a China tem tem cidades, com shopping, sumuita vontade de conhecer a nossa permercados, lojas, prontas para realidade. Vamos, inclusive, provocar receber pessoas para trabalhar. o nosso ministro do DesenvolviHoje, são verdadeiras cidades deO modelo de mento Agrário para convidar o gosertas. Mais importante é que desenvolvimento do verno da Província de Shandong, que nós vimos processos tecnológicos Brasil trabalhou com nos recebeu muito bem, para partiavançados que seriam compatígrandes máquinas cipar da Feira da Agricultura Familiar, veis com a agricultura familiar. para grandes áreas, que ocorrerá no Rio de Janeiro, em junho próximo. Dessa forma, vamos Considerando que os o que levou a esse criar um ambiente de oportunidade agricultores familiares são a grande boom na de negócios para que esses equipamaior categoria existente no agricultura. Mas mentos possam chegar barato aqui campo, a que o senhor atribui o pequeno no país e, assim, podermos modero fato de o Brasil ainda não agricultor ficou nizar a agricultura familiar. Mas, além contar com essa tecnologia disso, visitamos uma indústria que adequada à exploração da fazendo agricultura processa 8,5 mil toneladas de soja pequena propriedade? com foice e enxada. por dia e que tem muito interesse na Costumo dizer que o hoEle é a máquina, e matéria-prima brasileira. Durante a mem não é máquina. O homem esse modelo não nossa estada, os chineses procuraé para operar a máquina. O ” ram ver a possibilidade de encontrar modelo de desenvolvimento do se sustenta parcerias em alguns estados do NorBrasil trabalhou com grandes máquinas para grandes áreas, deste do Brasil, como Piauí e Marao que levou a esse grande boom na agricultura. nhão, para os quais poderiam financiar máquinas Mas o pequeno agricultor ficou fazendo agricul- e insumos, desde que os agricultores brasileiros tura com foice e enxada. Ele é a máquina, e esse vendessem para eles a soja produzida. modelo não se sustenta. A nossa indústria não
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A China se coloca como um dos grandes parceiros comerciais do Brasil. Em 2011, a balança comercial brasileira obteve superavit de R$ 11,5 bilhões nas transações com os chineses. Nessa relação, as propostas de cooperação entre os dois países se tornam elementochave para o rural brasileiro
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TEcnoloGiA
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A produção de flores no sunqiao, em Xangai é monitorada com equipamentos de alta de tecnologia
centro de pensar para melhor produzir Em 2005, o governo chinês repensou o modelo fundiário, levando em conta as dificuldades para a produção de alimentos, e decidiu doar terras aos agricultores e fornecer, quando necessário, subsídios, como máquinas, equipamentos e insumos.
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Na China, não há serviços de assistência técnica e extensão rural públicos. Eles são terceirizados. Em contrapartida, existem escolas técnicas de formação e são oferecidos cursos via internet para os agricultores. n
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A
elevada produtividade da agricultura chinesa decorre dos investimentos em alta tecnologia voltada para o setor. Essa opção do país ficou evidente na visita da comitiva brasileira ao Centro de Transferência de Tecnologia Moderna de Xangai (Sunqiao). Criada em 1984, a zona desenvolvimento ocupa uma área de 3 hectares com cultivo protegido. Também chamado de casa verde de vegetais, flores e sementes, o espaço tem a função de desenvolver conhecimentos e tecnologias para a produção de alimentos, além de ofertar capacitação técnica aos agricultores. O Sunqiao tem como base a construção de fazendas que levam em conta o desenvolvimento científico e tecnológico, propagado por meio da educação oferecida aos produtores nas unidades demonstrativas. Além de divulgar a modernização das lavouras, o centro é uma referência de orientação para o turismo rural. O intuito é unificar os benefícios sociais, ecológicos e econômicos da atividade agrícola. O centro realiza ainda a certificação de qualidade dos produtos e, assim, promove o hábito da alimentação saudável, a fim de garantir a segurança aos consumidores. O projeto, mantido pelo governo, envolve 8 mil agricultores que, por meio do conhecimento obtido, se apropriam dos avanços tecnológicos alcançados na produção de alimentos.
Pesquisador chinês explica ao presidente da AsBRAER, Júlio Zoé (c), e ao secretário de Agricultura do Amazonas, Eron Bezerra, o processo de funcionamento do sunqiao
Em sunqiao, testes para elevar a produtividade das lavouras
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Jefferson Feitoza de carvalho
oPinião
vice-presidente da Asbraer e presidente da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de sergipe
o vice-presidente da Asbraer, Jefferson Feitoza (E), com o secretário executivo da secretaria de Agricultura Familiar de Pernambuco, José Aldo dos santos, durante a visita à Feira de heze (acima). E, ao lado, com o presidente da câmara de comércio e indústria Brasil/china, chales Tang
Alta tecnologia a serviço do agricultor familiar
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presidente da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro) e vice-presidente da Asbraer, Jefferson Feitoza de Carvalho, avaliou como uma das mais importantes missões técnicas já realizadas. “Cumprimos uma programação vasta, que nos permitiu conhecer a realidade da China, as relações com o produtor familiar e o que representa a agricultura para aquele país que tem uma superpopulação”. Segundo ele, foi possível conferir a alta tecnologia aplicada à agricultura, as políticas públicas de capacitação, de planejamento da produção
por causa da demanda. Para o presidente da Emdagro, não é possível aplicar a mesma tecnologia no Brasil, exceto a de máquinas e implementos destinada à agricultura familiar. Em relação ao modelo de planejamento chinês, o vice-presidente da Asbraer lembrou que lá existe uma equipe para a realização desse trabalho. Identificadas as demandas, o grupo de planejamento orienta o que cada área deve produzir, diferentemente do que ocorre no Brasil. Para Jefferson Feitoza, a criação do Sistema Brasileiro de Assistência Técnica e Extensão Rural (Sisbrater) poderá coordenar esse planejamento, levando em conta as necessidades do Brasil.
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Cumprimos uma programação vasta, que nos permitiu conhecer a realidade da China, as relações com o produtor familiar e o que representa a agricultura para aquele país que tem uma superpopulação” Jefferson Feitoza
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XAnGAi
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1 - Delegação brasileira no centro antigo da cidade de Xangai. 2 - no centro comercial é possível encontrar restaurantes com a típica culinária chinesa e muitas lojas, com enorme variedade de produtos. 3 - canal entre as antigas edificações de Xangai. 4 - lanternas usadas para marcar a chegada do ano-novo chinês.
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inTEREssE
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Da esquerda para a direita: Eronildo Bezerra (AM); Jorge luis Forte (MA); José Maria Pimenta (cE); charles Tang, presidente da câmara de comércio e indústria da china; Júlio Zoé de Brito (PE), presidente da Asbraer; e José Aldo (PE)
china vê oportunidades de negócios no campo brasileiro Câmara de Comércio e Indústria se oferece para mediar acordo no setor de equipamentos e máquinas para a agricultura
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iante da limitação de áreas agricultáveis e da maior de densidade demográfica do planeta — a população chinesa é sete vezes maior do que a brasileira —, o gigante asiático tem enorme interesse em estreitar as relações comerciais com o Brasil. Esse desejo ficou evidente no encontro dos integrantes da Missão Brasil/China com os dirigentes da Câmara de Comércio e Indústria da China, em 20 de fevereiro, em Xangai. O presidente da Câmara, Charles Tang, revelou que a China movimenta US$ 4 bilhões em negócios no mundo nos mais diversos setores econômicos. Em relação ao Brasil, a instituição está disposta a intermediar acordos comerciais, caso haja demanda de produtos chineses, como tratores, implementos, veículos e outros equipamentos, inclusive a instalação de montadoras em solo brasileiro. A China avalia como boas as perspectivas do setor agropecuário brasileiro. Estima também que a tecnologia de suas máquinas pode elevar ainda bem mais ganhos dos agricultores brasileiros. Entre os integrantes da Missão Brasil/China, a representação do Amazonas manifestou interesse
pelos equipamentos de energia solar. O estado enfrenta dificuldades para expandir o programa Luz para todos devido à falta de estrutura dos equipamentos e ausência de estradas. De acordo com o secretário de Agricultura, Eronildo Braga Bezerra, o Amazonas atingiu apenas 20% da meta estabelecida pelo programa.
PRoJETos chinEsEs Na manhã do dia seguinte (21 de fevereiro), o grupo brasileiro se reuniu com a secretária executiva Sun Yonghua e Liu Shuwang, que fizeram um relato sobre a agricultura chinesa. Segundo ela, o governo pretende investir US$ 100 bilhões no campo; abrir 370 mil postos de trabalho, por meio da educação; e implantar redes de saneamento básico, um dos grandes problemas do país. A cada cinco anos, a China revê seu planejamento estratégico. Entre as metas mais recentes do Ministério do Agricultura daquele país está a de aumentar a produção de alimentos, a fim de elevar o crescimento econômico, e melhorar a qualidade de vida da população.
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Área média das propriedades na China: 0,5 hectare para uma família de três pessoas (pai, mãe e filho) Cada família pode cultivar 0,2 hectare Educação: 30% dos filhos de agricultures têm curso superior Terras: o governo é o dono e responsável pela distribuição das áreas para agricultura Área plantada: 110 milhões de hectares Existem 103 fazendas estatais com alta tecnologia Produção: 582 milhões de toneladas de alimentos
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DEsAFio chinês
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comitiva brasileira reunida com o vice-presidente da oriental lameurasia international Economy and Trade company ltd., Zhang Yan hua, em Pequim. A empresa estatal é responsável pela produção de máquinas para o setor agropecuário chinês Zhang Yanhua e o presidente da Asbraer, Júlio Zoé de Brito, assinam acordo de cooperação. o mesmo documento foi subsescrito pelos demais integrantes da delegação brasileira
Alimento para 1,4 bilhão de pessoas
Para atender a demanda interna, a China é o terceiro maior importador de alimentos do mundo, embora a sua produção chegue a 582 milhões de toneladas por ano
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arantir alimentos para quase 1,4 bilhão de pessoas não é nada fácil, sobretudo quando há limitações espaciais para o avanço das atividades agropecuárias. Vencer essa dificuldade levou os chineses ao desenvolvimento de tecnologias adequadas à agricultura em pequenas áreas. O setor industrial de máquinas e implementos agrícolas é estatal na China, subordinado ao Ministério da Agricultura. Com um estafe de 101 funcionários — 45 no setor técnico e 35 engenheiros —, a empresa cuida da coordenação, fiscalização, controle e certificação dos equipamentos agrícolas do país. De acordo com o ministério, as máquinas são
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desenvolvidas e produzidas a partir da necessidade dos agricultores, que pagam pelos equipamentos. Na China, as máquinas podem ser adquiridas por meio de financiamento direto, nas empresas ou cooperativas. O governo banca 30% do custo final. Todos os equipamentos recebem certificação com base nos padrões internacionais. Embora tenha uma produção anual de 582 milhões de toneladas de alimentos, a China se coloca como terceiro maior importador do mundo. O país mantém reciprocidade comercial com 64 nações, uma relação amparada no intercâmbio tecnológico, treinamento e capacitação de mão de obra no campo, livre comércio e redução de 15% dos impostos.
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Florindo Dalberto
oPinião
Presidente do instituto Agronômico do Paraná (iapar) e representante do conselho nacional das Entidades Estaduais de Pesquisa Agropecuária (consepa)
o presidente do iapar, Florindo Dalberto, ao lado de sônia Alfaia, chefe de Gabinete da secretaria de Produção do Amazonas, durante a visita ao centro de Transferência de Tecnologia Moderna de Xangai (sunqiao)
A
o avaliar a Missão Técnica Brasil/China, realizada pela Asbraer, o presidente do Instituto Agronômico do Paraná, Florindo Dalberto, destacou a importância de conhecer os avanços de novas referências e
os movimentos que comandam o setor agrícola mundial. Para ele, é fundamental ter contato com as inovações tecnológicas voltadas ao setor levando em conta a globalização. Abaixo, a íntegra da análise do pesquisador e integrante do Consepa.
A evolução recente da economia da República Popular da China — hoje a segunda potência econômica do mundo — desperta, com razão (e algum temor), o interesse e a curiosidade de atores da economia do mundo inteiro. A Missão Técnica Asbraer Brasil/China, integrada por dirigentes de entidades agrícolas brasileiras, na maioria envolvidas com o tema do desenvolvimento tecnológico, representou uma oportunidade incomum de observação privilegiada do processo de transformação acelerada pela qual passa a economia agrícola chinesa e, é claro, as implicações decorrentes para as demais economias baseadas na agricultura, especialmente a do Brasil. Como dirigente de entidade de pesquisa
agropecuária, é fundamental estar permanentemente referenciado com os avanços e os movimentos que regem o setor agricola no âmbito mundial, notadamente no campo tecnológico, em face da incontestável globalização do setor. A construção dessa referência em torno da agricultura chinesa proporcionada pela Missão, será importante para as entidades do Consepa na tomada de decisões estratégicas, especialmente sobre a agenda de pesquisa agropecuária que desenvolvemos. Um ganho adicional da missão é, sem dúvida, a constituição de uma rede de informação e colaboração entre os dirigentes participantes, partilhando conhecimento nos diversos fóruns que integram.”
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A Missão Técnica Asbraer Brasil/China, integrada por dirigentes de entidades agrícolas brasileiras, na maioria envolvidas com o tema do desenvolvimento tecnológico, representou uma oportunidade incomum de observação privilegiada do processo de transformação acelerada pela qual passa a economia agrícola chinesa Florindo Dalberto
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Eronildo Braga Bezerra
oPinião
secretário de Agricultura do Amazonas
Produção para todos os bolsos A indústria chinesa oferece mercadorias compatíveis para os diferentes perfis financeiros de consumidores
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secretário de Agricultura do Amazonas, Eronildo Bezerra, integrante da Missão Brasil/China, afirmou que a expectativa dele em relação à viagem foi superada. Ao observar os aspectos voltados à agricultura familiar, ele notou que a China está preparada para os diferentes cenários da economia. A produção de equipamentos e o desenvolvimento de tecnologias são flexíveis, pois variam
de acordo com o poder aquisitivo dos consumidores. “Isso desmistifica aquela ideia de que a China só produz produtos de baixa qualidade”, diz o secretário. Segundo ele, a visita permitiu ainda constatar que o maior país asiático acumula riquezas e distribui renda. “O que se viu lá foi a construção de uma sociedade socialista, de acordo com a teoria preconizada, que não divide miséria.” A seguir a íntegra da entrevista:
vimos desmistificada — por meio Qual é a avaliação que o dos equipamentos, como tratores, senhor faz da viagem à China? máquinas e automóveis — a ideia de Na minha visão, qualquer interO que vimos que o país só produz mercadorias de câmbio é sempre algo importante e lá foi a construção baixa qualidade. A China tem todos esclarecedor sobre vários aspectos. de uma sociedade os tipos de produtos, e o cliente esEm relação à viagem à China, a misocialista, colhe aquele que pode pagar. É por nha expectativa foi amplamente sude acordo com a essa razão, de uma maneira geral, perada. Evidentemente, poderíamos teoria preconizada que no Brasil há vários produtos chiter tido contatos mais diretos com os que não permite a neses de qualidade questionável. É produtores rurais, porém foi muito li” claro que existem esses produtos, mitada a agenda dos organizadores divisão da miséria mas estão ao lado de vários outros chineses. Isso, no entanto, não reEronildo Bezera de qualidades diferentes. Isso serve duziu o alcance da visita, que nos para bolsas, sedas, casas etc. Você vê permitiu ver um conjunto de apartamentos luxuosos ao lado de ações, desde a gestão e a produção, passando por tecnologias, até os em- unidades simples. Esse é o modelo chinês, que preendimentos. Conhecemos vários mo- permitiu a todos presenciar bem de perto. Não delos, como as altas tecnologias conheço ninguém que foi à missão que não tenha desenvolvidas em casa de vege- ficado impressionado. Até mesmo eu que cotação, que são economica- nheço o modelo chinês, por meio de intercâmbio mente impraticáveis para os e conversas bilaterais há muito, o que vi na China padrões comerciais, digamos superou as minhas expectativas. Assim, fico a assim, tradicionais, até os imaginar o que não terá sido o impacto da viagem modelos rústicos, feitos para aqueles que tinham uma ideia deturpada, de barro com preço sim- completamente distorcida, da sociedade chibólico. A China, portanto, nesa. O que vimos lá foi a construção de uma mostra que se prepara sociedade socialista, de acordo com a teoria para todos os cenários preconizada que não permite a divisão da miséda mesma maneira. Nós ria. A China procura crescer acumulando riqueza
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A China procura crescer acumulando riqueza e distribuindo renda, pois você só pode melhorar o padrão de vida se as pessoas tiverem dinheiro. Sem recurso, você não pode fazer absolutamente nada” Eronildo Bezera
2 e distribuindo renda, pois você só pode melhorar o padrão de vida se as pessoas tiverem dinheiro. Sem recurso, você não pode fazer absolutamente nada. O que o senhor achou da organização da Asbraer? Não tenho nenhum reparo a fazer. Em certa medida, foi uma atividade na qual pegamos carona, pois era mais focada para o pessoal da assistência técnica e extensão rural. Aproveitei que era um período, que jamais poderia dispor em
outro momento de uma agenda tão alongada, como o do carnaval. Encontramos tradutores fluentes em português, inglês e chinês, o que facilitou muito o nosso deslocamento na China. Estávamos em um país com uma cultura totalmente diferente da nossa, onde se fala várias línguas, e a oficial é o mandarim, que não é da nossa tradição. Se você vai a um país de língua inglesa, bem ou mal, você entende alguma coisa. A língua não foi uma dificuldade em razão do que a organização nos propiciou. Quero parabenizar os colegas da Asbraer pela eficiência.
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Agricultora no Centro de Transferência de Tecnologia Moderna de Xangai (Sunqiao) se dedica ao cultivo de flores (foto 1). Um dos principais pontos turísticos da China, a Cidade Proibida (foto 2) foi o palácio imperial desde meados da Dinastia Ming até o fim da Dinastia Qing. Localizada no centro da antiga Pequim, abriga o Palácio Museu. O título Cidade Proibida deve-se ao fato de somente o imperador, a família e empregados especiais poderem ter acesso ao conjunto de prédios construídos entre 1406 e 1420. O complexo, formado por 980 edifícios, com 8.707 salas em uma área de 720 mil m², foi reconhecido como Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco em 1987.
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Missão Técnica Asbraer — Brasil/China
Jorge luiz de oliveira Fortes Presidente da Agência Estadual de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural do Maranhão – Agerp/MA
oPinião
Encontro para fortalecer parcerias O presidente da Agerp avalia que a missão Brasil/China estreitou as relações entre os dois países e revelou a possibilidade de ações para aprofundar o desenvolvimento da agricultura
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missão foi de grande valor sob o aspecto institucional e pessoal, pois fortaleceu os laços entre o Brasil e a China em relação às parcerias que podem ser construídas para o desenvolvimento da agricultura familiar de ambos os países. O que se encontrou em Heze (Feira Agropecuária) foram equipamentos para beneficiamento de grãos e tratores. Além disso, implementos de pequeno porte para uso em pequenas áreas nos chamaram a atenção, pelo preço praticado e pela disponibilidade, pois, no Brasil, não temos fabricantes de tais implementos. Particularmente, o Maranhão foi citado, em Pequim como um local estratégico, pela localização do seu porto (Porto do Itaquí, em São Luís), para ser o ponto de saída da soja do Brasil (Maranhão) para a China. O Maranhão está mais próximo daquele país asiático do que os estados do Sul do Brasil, de onde é exportada a soja com destino à China, chegando a 50% do que é beneficiado pelos chineses. O que mais me impressionou foi a cultura do povo chinês. Eles têm uma capacidade espetacular de organização e de trabalho coletivo. Há que se aprender muito com essa cultura milenar.”
Equipamentos e máquinas agrícolas de pequeno porte adequados às propriedades rurais familiares, que poderiam ser desenvolvidos no Brasil
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O que mais me impressionou foi a cultura do povo chinês, com uma capacidade espetacular de organização e de trabalho coletivo” Jorge Luíz Fortes
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Missão Técnica Asbraer — Brasil/China
José Maria Pimenta Presidente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do ceará - EMATERcE
Diante da nova ordem econômica, o Brasil tem levado vantagem devido à agricultura moderna e à oferta de minério de ferro que complementam a economia chinesa
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á se foram mais de 200 anos quando o grande estrategista Napoleão Bonaparte falou que deixassem a China dormindo porque se ela acordasse iria dominar o mundo. Esse despertar começou na década de 1970 quando os Estados Unidos, depois de eleger Nixon como presidente, determinou a outro estrategista contemporâneo Henry Kissinger que começasse uma aproximação lenta e gradual com a China. Com certeza, Nixon já cobiçava naquela época um mercado de mais de 1 bilhão de habitantes para vender produtos com a marca ‘made in USA’. Esqueceram eles que os chineses, há mais de mil anos, tinham inventado a bússola, a pólvora, o astrolábio e o sextante. Com essa abertura e aproximação, a China alargou as suas porteiras para que centenas e milhares de estudantes chineses fossem se aperfeiçoar nas universidades americanas e buscassem o conhecimento para sedimentar o estupendo crescimento pelo qual passa aquele país. Felizmente, nossa presidente está copiando essa ideia e mandando os nossos estudantes e pesquisadores para as melhores universidades estrangeiras a fim de assegurar a nossa independência tecnológica e científica. A grande realidade é que o dragão de três cabeças, que é o símbolo da China, está assombrando o mundo, porque uma delas engole energia; a outra, matérias-primas; e a terceira, vomita produtos industrializados, inundando o mundo com mercadorias a preços deprimidos por conta de um sistema de produção de altíssima escala, mão de obra barata, disciplina e ajuda de um câmbio fictício. Diante desse quadro e da nova ordem econômica, o Brasil tem levado vantagens por conta da sua agricultura moderna e do minério de ferro. Os dois fizeram com que a nossa economia se complementasse com a chinesa, tornando aquele país o maior importador de nossos alimentos e
produtos exportados pela Vale do Rio Doce. Mesmo assim, é preciso colocar as nossas barbas de molho. Os chineses estão invadindo o continente africano, arrendando e comprando terras agricultáveis e tentando se familiarizar com o que há de mais moderno na agricultura brasileira, que é a precisão, o plantio direto e a automação dos equipamentos para, em um curto espaço de tempo, se libertarem também das importações de produtos agrícolas. É com essa visão que, pode até ser míope, se não tomarmos cuidado, o mundo, além de se tornar um depósito de produtos industrializados ‘made in China’, passará a ser também um grande armazém de produtos agrícolas produzidos pelos chineses.”
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oPinião
As três cabeças do dragão
A grande realidade é que o dragão de três cabeças, que é o símbolo da China, está assombrando o mundo, porque uma delas engole energia, a outra engole matérias-primas e a terceira vomita produtos industrializados, inundando o mundo com mercadorias a preços deprimidos ” José Maria Pimenta
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Missão Técnica Asbraer — Brasil/China
Antônio hermínio Bezerra de Resende
oPinião
Deputado da Assembleia legislativa do ceará
“não podemos perder esse cavalo selado” Para o deputado cearense, a China oferece boas oportunidades de negócios, além de equipamentos e maquinários adequados ao desenvolvimento da agricultura brasileira
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Vimos máquinas com capacidade de debulhar 600kg de milho por hora. Esse tipo de equipamento é um bom exemplo do que poderíamos importar” Hermínio Resende
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Missão Brasil/China, promovida pela Asbraer, contou com a participação do deputado estadual do Ceará Hermínio Resende. Embora seja médico, com especialização em oftalmologia, ele tem raízes no meio rural, o que explica a sua atuação na Assembleia Legislativa, como presidente da Comissão de Agropecuária, em que busca fazer a interlocução entre os anseios dos agricultores e os poderes locais. Para ele, participar da missão foi uma “experiência ímpar”. “Fomos muito bem recebidos pelas autoridades e técnicos chineses” diz ele, ao acrescentar que o Brasil pode tirar muito proveito das relações com o dragão asiático por meio da agricultura. A mostra de equipamentos agrícolas, realizada em Heze, impressionou o deputado, sobretudo no que se refere à qualidade e aos preços das máquinas. “Vimos máquinas com capacidade de debulhar 600kg de milho por hora. Esse tipo de equipamento é um bom exemplo do que poderíamos importar.” Segundo ele, 58% da soja beneficiada pelos chineses são comprados do Brasil para a produção de farelo e óleo. A delegação conheceu as estufas de hortifruticultura dos chineses. Embora não sejam tão diferentes das brasileiras, surpreende pela elevada produtividade, resultado de uma tecnologia mais avançada. “A produção de soja também é o dobro da nossa em áreas bem pequenas”, observou o deputado Hermínio Resende, que elogiou a determinação chinesa de dominar técnicas que aumentam a produção de alimentos. E sugeriu: “Não podemos perder esse cavalo selado”. O parlamentar exaltou ainda a organização da Asbraer em todo o processo, a fim de propiciar à delegação brasileira a oportunidade de conhecer a realidade agropecuária da China, o maior país asiático com 1,4 bilhão de habitantes.
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José Aldo dos santos secretário executivo de Agricultura e Reforma Agrária de Pernambuco
oPinião
Pesquisa e indústria chinesas são aliadas dos agricultores Para o secretário, é possível uma parceria entre as indústrias chinesa e brasileira a fim de ofertar ao produtor brasileiro equipamentos que reduzam o esforço humano exigido nas lavouras
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Integrante da Missão Brasil/China, o secretário executivo da Agricultura Familiar de Pernambuco, José Aldo dos Santos, identificou, naquele país, uma estreita parceria entre a indústria e a pesquisa voltada à inovação tecnológica de equipamentos agrícolas, a fim de reduzir o esforço físico exigido do produtor por diversas culturas. Na comparação com o Brasil, ele afirmou que essa preocupação ainda não está na pauta das empresas nacionais. “Acho que é possível uma articulação entre as indústrias brasileira e chinesa para ofertar à agricultura familiar colheitadeiras, implementos agrícolas, tratores e maquinários que facilitem e dinamizem esse segmento emnosso país”, e acrescentou que o Pronaf Mais Alimento contempla linha de crédito que permite tornar real essa interação entre a indústrias e a pesquisa, a fim de diminuir o desconforto imposto ao homem do campo pelo trabalho nas lavouras. Além dos equipamentos destinados ao produtor familiar, José Aldo ficou impressionado com os aspectos da cultura milenar chinesa e o papel da agricultura na construção do país. “Isso ficou muito forte para mim e reafirmou a minha convicção de que que a agricultura pode ter no desenvolvimento econômico do meu estado, Pernambuco, e do país.” Segundo ele, essa constatação se deve ao roteiro da missão coordenada pela Asbraer. “Conseguimos visitar propriedades, centros de pesquisas, conversar com empresas que regulam a questão do maquinário na China, participamos de uma feira de implementos agrícolas e
tivemos vários encontros com autoridades e técnicos”, completou José Aldo. De acordo com o secretário, hoje, a China consome 60% da sua produção de alimentos, e a meta é chegar a 90%. “Em relação a Pernambuco, esse dado mostra que precisamos elevar a produção para atender o mercado local. Atualmente, produzimos de 45% a 50% do que é consumido, o que significa que temos uma grande estrada pela frente.” José Aldo realçou o aspecto eclético da Missão Técnica Asbraer — Brasil/China, que reuniu representantes das entidades oficiais de Ater, da pesquisa, dos trabalhadores rurais e do Legislativo, o que garantiu um alto nível de debate. “A viagem nos permitiu conhecer as diversas possibilidades da agricultura familiar chinesa e suas ramificações.”
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Acho que é possível uma articulação entre as indústrias brasileira e chinesa para ofertar à agricultura familiar colheitadeiras, implementos agrícolas, tratores e maquinários que facilitem e dinamizem esse segmento em nosso país” José Aldo dos Santos
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Alberto Ercílio Broch
oPinião
Presidente da confederação nacional dos Trabalhadores na Agricultura - contag
Eles conseguem produzir mais de 500 milhões de toneladas de alimentos, em que o universo agrário é formado por propriedades, em média, de meio hectare. Isso chama a atenção de qualquer latino-americano, europeu e mostra que há outra dimensão cultural e técnica” Alberto Broch
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“A agricultura familiar é altamente viável” Após conhecer a China, o sindicalista se diz mais convencido de que o modelo contribui para o desenvolvimento sustentável no país asiático e em parte do mundo
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lberto Ercílio Broch, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), uma das maiores entidades sindicais da América Latina, a convite da Asbraer, integrou a Missão Brasil/China. Os agricultores familiares são expressivos na composição do universo de filiados à confederação. Entre eles, está o Alberto Broch, que explora uma propriedade familiar no Rio Grande do Sul, sua terra natal. Ele afirma que a viagem superou todas as expectativas levadas na bagagem. “Nós conseguimos compreender o modelo agrário, a forma de produção e o papel que o Estado dispensa à agricultura”, declara o presidente da Contag, ao avaliar a viagem à China. Abaixo os principais trechos da entrevista:
o quE MAis chAMou A ATEnção “A reforma que os chineses fizeram na agricultura cedeu grande parte das terras para os agricultores. Eles conseguem produzir mais de 500
milhões de toneladas de alimentos, em que o universo agrário é formado por propriedades, em média, de meio hectare. Isso chama a atenção de qualquer latino-americano ou europeu, e mostra que há outra dimensão cultural e técnica. Os produtores rurais da chineses conseguem ter uma altíssima produtividade em minúsculas propriedades e, ao mesmo tempo, o estado chinês mantém em torno de 2,5% do seu território com grandes empresas estatais altamente tecnificadas com agricultura de precisão.”
AGRiculTuRA, uM sEToR EsTRATéGico “Conseguimos constatar que os chineses estão se especializando, do ponto de vista tecnológico, muito mais do que nós (brasileiros) imaginamos. Conhecemos as diretrizes governamentais voltadas à agricultura para os próximos anos e, com certeza, na China, no Brasil ou em qualquer parte do mundo, a agricultura tem que ser vista como um setor estratégico para o seu povo e o país.”
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cultivador: equipamento fabricado pelos chineses para o plantio em pequenas áreas em exposição na Feira de heze
APoio EsTATAl “Para que o setor estratégico de produção de alimento, o Estado sempre terá que prestar seu apoio, seja técnico, financeiro ou na área da comercialização. Diferentemente do Brasil, na China o agro não tem muitos modelos. Lá a fazenda é estatal ou os agricultores têm acesso à terra de forma quase horizontal, pois há pouca diferença de tamanho entre as propriedades.”
o quE TRARiA DA REAliDADE chinEsA “Eu, cada vez mais, estou convicto disso, mas, para reforçar, traria a ideia de que a agricultura familiar é altamente viável no Brasil e em qualquer parte do mundo. Onde tem agricultura familiar hádesenvolvimento sustentável, produção de alimentos e de cultura, gente no campo, comunidades e municípios fortes. A partir do modelo chinês, comprovamos que as pequenas propriedades, com apoio, tecnologia, assistência
técnica e extensão rural, pesquisa, cooperativismo, se tornam mais viáveis.
AGRADEciMEnTo “Gostaria de fazer um agradecimento à Asbraer, não somente pelo fato de ter me convidado para essa missão, o que foi uma grande honra, mas pela iniciativa de promover esses intercâmbios. O presidente Júlio Zóe disse-nos que não começou na China nem vai terminar lá, pois se trata de uma política da Asbraer levar adiante os encontros de intercâmbio de conhecimento técnico com as várias experiências existentes no mundo. Acho isso altamente positivo. Nós vivemos em um mundo globalizado, e precisamos disseminar também as nossas experiências. Creio que o Brasil tem muito a mostrar e, ao mesmo tempo, temos muito a aprender com as demais experiências. Essa iniciativa é altamente positiva e deveria ser apoiada pelos órgãos governamentais.”
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Edimar Vizolli
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Presidente do instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal sustentável do Estado do Amazonas (idam)
O Brasil dispõe de tecnologia, mas os preços dos equipamentos são muito caros. Seria importante que o país colocasse essas máquinas a preços mais acessíveis para os agricultores familiares”
o norte precisa de política diferenciada Para o presidente do Idam, a região tem muitas semelhanças com a China, mas falta uma visão distinta, considerando principalmente as peculiaridades da região amazônica
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oi uma experiência pessoal e profissional extremamente importante. A China é um país que está conseguindo elevar a qualidade de vida com políticas públicas tanto nos campos da saúde e da educação quanto no social. É um país determinado, que segue um planejamento.” Essas foram as impressões do presidente do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam), Edimar Vizolli, que integrou a comitiva da Missão Técnica Brasil/China, promovida pela Asbraer. Para ele, apesar das áreas de cultivo serem pequenas — cerca de meio hectare —, os chineses conseguem elevada produção de alimentos, e as políticas voltadas para o meio rural têm elevado o padrão de vida dos agricultores. “Percebemos que o Brasil também possui excelentes políticas públicas que têm muito a contribuir para o agricultor familiar. Na Região Norte temos uma realidade mais parecida com a da China.” Na opinião do presidente do Idam, em razão dessa diferenciação entre o Norte e as demais regiões brasileiras, há necessidade de políticas distintas, considerando as pecu-
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liaridades nortistas, com destaque para o fato de o principal meio de locomoção ser fluvial. Vizolli também ficou impressionado com os equipamentos voltados para a agricultura familiar chinesa, cujos valores são bastante reduzidos. “O Brasil dispõe de tecnologia, mas os preços dos equipamentos são muito caros. Seria importante que o país colocasse essas máquinas a valores mais acessíveis para os agricultores familiares”, diz ele. Na região amazônica, onde o cultivo da mandioca se destaca entre os demais, o agricultor ainda faz uso da queimada para a limpeza da capoeira. Segundo Vizolli, a possibilidade de uso de máquinas semelhantes às produzidas na China, adequadas à agricultura familiar, teria um forte e positivo impacto regional, com a eliminação do risco de queimadas descontroladas. Hoje, o preço de um trator fica em torno de R$ 80 mil no Brasil, um valor proibitivo para a maioria dos produtores familiares. Ele defende concessão de subsídios, de modo que o agricultor possa, a exemplo dos chineses, mecanizar a atividade. Para Vizolli, é indispensável uma política diferenciada para o Norte do Brasil.
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1 - A futura csa do Brasil na china foi apresentada à delegacação brasileira (da esquerda para a direita): Alberto Broch, Florindo Dalberto, Júlio Zoé de Brito, YuMin, Zhang Yanhua, e José Aldo dos santos 2- Fábrica de óleo de soja em Pequim 3- Flores cultivadas no centro de Transferência de Tecnologia Moderna de Xangai
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