INFORME ABIMDE Maio/Junho 2014

Page 1

INFORME Maio/Junho, 2014 - Edição 04

Revista Oficial da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança

O GOL DA INDÚSTRIA DE DEFESA Associadas da ABIMDE marcam presença na Copa do Mundo com tecnologias e equipamentos de alta complexidade

MULHERES NA DEFESA

VERDE AMARELAS

PROJETOS ESTRATÉGICOS

A competência feminina incrementa um setor dominado pelos homens

General Carlos Roberto, do Ccomgex, fala sobre defesa cibernética

Contra-Almirante Roberto Gondim apresenta os desafios da DGePEM


2

SEJA UM ASSOCIADO (11) 3170-1860

Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança

Sindicato Nacional das Indústrias de Materiais de Defesa

Avenida Paulista, nº 460, 17º andar, conjunto B, Bela Vista, CEP 01310-000


INFORME

EXPEDIENTE

Ano 01 – Número 04

CONSELHO DIRETOR DA ABIMDE

ÍNDICE

Presidente Sami Youssef Hassuani 1º Vice-Presidente Carlos Frederico Q. de Aguiar

04 | EDITORIAL Lei 12.598/12 – Financiamento às EEDs

Vice-Presidente Executivo Carlos Afonso Pierantoni Gambôa Vice-Presidentes Antonio Marcos Moraes Barros Celso Eduardo Fernandez Costa Jorge Py Velloso Marcelio Carmo de Castro Pereira Álvaro Henrique Vianna de Moraes

3

Diretores Wilson José Romão Gustavo Ramos José Carlos Cardoso Diretora Administrativa Heloísa Helena dos Santos Diretor Técnico Armando Lemos CONSELHO EDITORIAL Jornalista Responsável e Diretora de Redação Valéria Rossi | MTB: 0280207 Editora Claudia Pereira | MTB: 29.849 Diretora de Arte Luciana Ferraz Repórter Especial Karen Gobbatto Editora de Fotografia Carla Dias Revisora Leo Brioto INFORME ABIMDE é uma publicação da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (ABIMDE) Avenida Paulista, 460, 17º andar, conjunto B, Bela Vista, CEP 01310-000 Tel./Fax: (11) 3170-1860 Escritório Brasília:(61) 8183-0034 Lourenço Drummond Lemos Produção Editorial Rossi Comunicação Correspondência Rua Carlos Sampaio, 157, Mezanino, Bela Vista, CEP 01333-021 Tel.: (11) 3262-0884 informeabimde@rossicomunicacao.com.br Foto capa: Reprodução Gráfica HR – (11) 3349-6444

05 | VERDE AMARELAS General Carlos Roberto de Souza, novo comandante do CCOMGEX, fala sobre a arte de defender o País 09 | POR DENTRO DA ABIMDE Ajustes no Estatuto promovem maior integração com o SIMDE e ampliam mandatos para três anos 10 | TECNOLOGIA Simulação de cenários de combate como estratégia para treinar tropas e comandos 11 | ESPECIAL Histórias de mulheres que quebraram paradigmas e abriram caminhos para uma transformação no setor de defesa 16 | NOVO COMANDO Os desafios do novo diretor da DGePEM, ContraAlmirante Roberto Gondim Carneiro da Cunha 18 | INVESTIMENTOS Atuando cada vez mais forte no Brasil, IAI busca novas frentes de negócios e parcerias 20 | TRAJETÓRIA Avibras, fazendo história há 53 anos

34 | MERCADO INTERNACIONAL Brasil ganha pavilhão próprio na FIDAE 2014 e tem recorde de empresas participantes 36 | INOVAÇÃO Albergo oferece abrigos sustentáveis para uso civil e militar 37 | ASSESSORIA JURÍDICA Comentários Sobre a Lei Anticorrupção 38 | SEMINÁRIO DE DEFESA ABIMDE e SIMDE têm participação expressiva em evento sobre Projetos Estratégicos das Forças Armadas 40 | NOTAS CPqD e comitês da ABIMDE em destaque 42 | TÚNEL DO TEMPO IACIT: tradição, modernidade e constante evolução fazem da companhia uma das principais aliadas do governo na busca pela soberania nacional 46 | PONTO DE VISTA Base Industrial de Defesa: Visibilidade das Medidas Viabilizadoras no Congresso Nacional

INFORME Maio/Junho, 2014 - Edição 04

29 | PARCERIA Deputada Perpétua Almeida fala da luta para se ter uma indústria de defesa forte no País

Revista Oficial da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança

O GOL DA INDÚSTRIA DE DEFESA Associadas da ABIMDE marcam presença na Copa do Mundo com tecnologias e equipamentos de alta complexidade

32 | CSA ABIMDE lança Comitê de Segurança Alimentar 33 | ARTIGO Antonio O. Castro, coordenador do Comitê de VNT, fala da situação atual das Aeronaves Remotamente Pilotadas no Brasil

MULHERES NA DEFESA

VERDE AMARELAS

PROJETOS ESTRATÉGICOS

A competência feminina incrementa um setor dominado pelos homens

General Carlos Roberto, do CCoMGEx, fala sobre defesa cibernética

Contra-Almirante Roberto Gondim apresenta os desafios da DGePEM

22 | CAPA Associadas ABIMDE participam da Copa do Mundo 2014 com tecnologias que auxiliarão governo, Forças Armadas e polícias na segurança do evento


EDITORIAL

LEI 12.598/12

M

(o qual trata da flexibilização de operações financeiras das EEDs) por meio de expedição de normas e procedimentos complementares pelos Ministérios responsáveis pela matéria, de modo a contemplar tais empresas com condições especiais de financiamentos com órgãos públicos e que, dentre outras, podem estipular o seguinte:

4

Divulgação

arco fundamental para a estruturação cada vez mais forte da base industrial de defesa, a Lei nº 12.598/12 trouxe, em seu bojo, importantes conceitos e instrumentos necessários à proteção da indústria nacional, que supre o Brasil com o que há de mais moderno e tecnológico nas áreas de defesa e aeroespacial com plena e total independência externa. Assim é que o Regime Especial Tributário para a Indústria de Defesa (RETID), em fase final de implementação por todas as áreas governamentais ligadas a tão importante tema, vem merecendo aplauso unânime de toda a categoria industrial de defesa. Por outro lado, e em igualdade de importância, torna-se necessária e urgente a implementação, por órgãos governamentais, do tema relacionado ao tratamento diferenciado que deve ser dispensado às EEDs (Empresas Estratégicas de Defesa) no que diz respeito à flexibilidade de aspectos operacionais relativos à obtenção de financiamentos para suas operações (de origem bancária, de agências de fomentos, de órgãos públicos propulsores de incentivos à inovação, etc.). Está claramente explicitado na lei que criou as EEDs o espírito do legislador em outorgar a esta importante categoria de empresas condições de financiamentos especiais ao desempenho de suas atividades, em função, especialmente, da característica implícita da quase totalidade das referidas EEDs que dependem, umbilicalmente, de recursos e de financiamentos (na maioria das vezes oficiais) destinados a suportar importantes programas de desenvolvimento e inovação tecnológica, bem como supri-las do necessário capital de giro, indispensável ao cumprimento de contratos de fornecimento de bens e serviços às Forças Armadas Brasileiras. Assim, necessária a regulamentação dos artigos 17 e 18 do Decreto Federal nº 7.970/13

Sami Youssef Hassuani Presidente da ABIMDE

FINANCIAMENTOS ÀS EEDs

- Obrigatoriedade dos órgãos financiadores de aceitação, como garantia, de recebíveis a que a EED tenha direito, decorrente de contratos de fornecimentos, de bens e serviços, internos e externos. - Isenção de as EEDs apresentarem Certidões Negativas para obtenção de crédito em órgãos públicos, desde que apresentem as garantias legalmente necessárias. - Possibilidade de alienação de acervo tecnológico de material de defesa para garantia de obtenção de financiamentos, contragarantias à obtenção de garantias para apresentação em contratos de fornecimento internos e externos; e pagamento de débitos com a União. - Obrigatoriedade de órgãos financiadores, de disponibilização de créditos a EEDs, em valor de até 25% do faturamento bruto do exercício anterior, sem apresentação de garantias, desde que não haja restrições de acesso a créditos. - Obrigatoriedade de flexibilização de normas internas de órgãos públicos de fomento, para aprovação de projetos de EEDs que contemplem programas destinados à Estratégia Nacional de Defesa. A urgente implementação das normas acima referidas é de fundamental importância, sob pena de o espírito legislativo que contemplou a matéria relativa às EEDs não ser plenamente caracterizado, uma vez que a enorme dificuldade que a quase totalidade das EEDs tem em obtenção de capital/garantias, para implementação de seus programas, pode (e certamente vai) redundar em arquivamento de projetos de defesa imprescindíveis ao Brasil.


5

PÁGINAS VERDE AMARELAS

O

CCOMGEX: do Sisfron à guerra eletrônica, a arte de proteger o País destaca a participação da ABIMDE como sendo fundamental para o esforço de desenvolvimento, recuperação e consolidação de um pujante Parque Industrial de Defesa. “Num momento em que muito se discute um nocivo processo de desindustrialização, avultam de importância as iniciativas da ABIMDE para cooperar com o esforço de nacionalização das aquisições da área de defesa no Brasil, que hoje figura como um significativo mercado com previsão de investimentos da ordem de dezenas de bilhões de dólares”.

Fotos: Divulgação

novo comandante do CCOMGEX (Centro de Comunicações e Guerra Eletrônica do Exército), General Carlos Roberto Pinto de Souza, tem pela frente muitos desafios e uma grande missão: proteger o País em diversas frentes. Seja nas fronteiras, em áreas de favelas, grandes eventos, ou mesmo em “fronts” virtuais, o CCOMGEX é uma das Forças convocadas sempre pronta a apoiar. E sobre essa tarefa, o general fala com orgulho e chama a atenção para os trabalhos e grandes Projetos Estratégicos desenvolvidos pelo Exército Brasileiro, fundamentais para segurança e desenvolvimento do País. Recentemente, por exemplo, o centro anunciou que poderá auxiliar as ações militares no processo de pacificação do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro. O local será monitorado por câmeras e as imagens serão transmitidas em tempo real ao Comando do Exército, em Brasília. Segundo o general, a medida faz parte da expansão dos testes relacionados ao uso da frequência 700 MHz na área de segurança, iniciados em Brasília, em 2012. De acordo com o general, os estudos para uso do sistema devem estar prontos ainda no primeiro semestre deste ano, mas ele não disse quando será o início das operações online na Maré. Em outra frente, não menos perigosa, Carlos Roberto trabalha para a implantação do Sisfron (Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras) na região amazônica. Depois de encerrado o seu Projeto Básico, em 2012, o Sisfron encontra-se no segundo ano de implantação de seu projeto-piloto, na área da 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, que tem sede em Dourados (MS). Fora do terreno físico, o novo comandante do CCOMGEX destaca os perigos, riscos e o que vem sendo feito para combater as guerras virtuais. Ao longo de mais de duas décadas a atividade de guerra eletrônica vem se desenvolvendo e aperfeiçoando dentro do Exército Brasileiro. “No dia 23 de maio formamos o guerreiro eletrônico número 1000, prova inconteste da eficácia da 1ª Escola de GE (Guerra Eletrônica) da América Latina”. Na visão do general, os desafios no setor de defesa são inúmeros e as parcerias são extremamente necessárias para ganhar as batalhas. Nesse contexto, ele

por Valéria Rossi


6

INFORME ABIMDE - O senhor acaba de assumir o comando do CCOMGEX – que abrange alguns dos mais importantes Projetos Estratégicos do Exército Brasileiro, quais as suas expectativas? General Carlos Roberto Pinto de Souza - As expectativas são muitas: grande responsabilidade e grandes desafios. Suceder aos generais Geromel (Antonio Sergio Geromel) e Santos Guerra (Antonino Santos Guerra), chefes exemplares e grandes realizadores, por si só, já representa enorme responsabilidade. Comandar uma organização constituída por cinco Organizações Militares Diretamente Subordinadas (OMDS: CIGE, EsCom, 1º BGE, Cia C2 e Base Administrativa), integradas por cerca de 1.100 homens e mulheres, é um permanente desafio de exercício de liderança e de constante busca da excelência. Nos últimos cinco anos, desde sua criação em fevereiro de 2009, o CCOMGEX contribuiu, decisivamente, para considerável aumento da capacidade operacional das OM de Comunicações e de importantes vetores de atuação estratégica da Força Terrestre (Comando de Operações Especiais, Brigada Paraquedista, Comando de Aviação do Exército e a 11ª Brigada de Infantaria Leve, dentre outras), especificando, avaliando, adquirindo, provendo e mantendo sistemas digitais de comunicações que elevaram sua eficácia no exercício do Comando e Controle de suas operações. Os sistemas empregados nos grandes eventos realizados no Brasil, desde 2011: V Jogos Mundiais Militares (2011), Jornada Mundial da Juventude e Copa das Confederações (2013) e na Copa do Mundo de Futebol, neste ano, foram todos adquiridos e implantados a partir de 2010. Além disso, foram executados os Projetos Básico do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), atualmente em implantação de

seu projeto-piloto, e o Brigada Braço Forte (BBF), que especificou cerca de 100 soluções técnicas para diversos sistemas da Força Terrestre, muitos deles já adquiridos pelo Projeto Recop (Recuperação da Capacidade Operacional). IA – Como e quais são os projetos mais importantes hoje do CCOMGEX? Carlos Roberto -Projeto Sisfron: Projeto Estratégico do Exército (PEEx) consiste em três projetos: Sensoriamento e Apoio à Decisão (executado pelo CCOMGEX), Infraestrutura (executado pelo Departamento de Engenharia e Construção – DEC) e Apoio à Atuação (sob a condução do COTer); -Projeto de Capacitação e de Emprego Operacional de Guerra Cibernética: Integrante do PEEx Defesa Cibernética, de fato um projeto de interesse do Ministério da Defesa sob a coordenação do Exército (executado pelo Centro de Defesa Cibernética), do qual o CCOMGEX participa com suas duas escolas (CIGE e EsCom – na realização de cursos e estágios) e com o 1º Batalhão de Guerra Eletrônica (1º BGE – responsável pela criação e experimentação doutrinária da organização operacional de emprego à nível tático-operacional e em apoio às operações de nível estratégico); -Projeto de Recuperação da Capacidade Operacional (RECOP): Projeto Estratégico do Exército, do qual nos cabe executar as atividades afetas às Comunicações e Guerra Eletrônica. Estamos também apoiando o EME (Estado-Maior do Exército) em projetos de experimentações doutrinárias sobre a nova organização da Arma Comunicações e na elaboração de novos manuais. Face ao processo de transformação do Exército e seus vetores, doutrina, preparo, orçamento e finanças, educação e cultura, ciência e tecnologia, inúmeras atividades acarretam um grande envolvimento de nossas

OMDS, sempre sob a direção setorial do DCT (Departamento de Ciência e Tecnologia), do DECEX (Departamento de Educação e Cultura do Exército), do COLOG (Comando Logístico) e, no caso dos Projetos Estratégicos, diretamente do nosso órgão de direção geral, o EME, particularmente sob a coordenação do Escritório de Projetos do Exército (EPEx). IA – O Sisfron está entre os principais Projetos Estratégicos do governo brasileiro, em qual estágio ele se encontra? Carlos Roberto – Depois de encerrado o seu projeto básico, em janeiro de 2012, o Sisfron encontra-se no segundo ano de implantação de seu projeto-piloto na área da 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, em Dourados (MS). Trata-se da execução de um contrato de cinco anos com o Tepro, consórcio formado pelas empresas Savis e Bradar (antiga Orbisat) da ordem de R$ 839 milhões. Hoje, verificamos que sua implantação já contempla o Comando Militar do Oeste, com maior capacidade operacional na área da 4ª Bda C Mec, pela ativação de Pelotões e Esquadrões C Mec mais bem equipados em cidades na Faixa de Fronteira. IA – Os cortes no orçamento afetaram o Sisfron? Carlos Roberto – Até o momento não, mesmo porque o Sisfron foi incluído no PAC. IA – Como o Exército avalia a participação da indústria nacional no projeto? Existe a participação de estrangeiras nesse ponto do programa? Se tivermos, futuramente, a participação de estrangeiras, como será tratada a questão de transferência de tecnologia? General Carlos Roberto - Alinhado com a Estratégia Nacional de Defesa (END), o conteúdo nacional presente no Projeto Sisfron é da ordem de 75%. Efetivamente, há tecnologias críticas


7

de interesse para a defesa que são fornecidas por empresas estrangeiras: a alemã Medav (receptores de guerra eletrônica), a canadense Advantech (equipamentos de comunicações satelitais), a israelense Elbit (optrônicos) e a norte-americana Harris Communications (comunicações táticas). Entretanto, foram celebrados contratos de offset da ordem de US$ 210 milhões, que estão sendo executados no escopo do contrato de implantação do projeto-piloto, que transferem tecnologia para empresas nacionais como a Bradar, a Ibrasat, a Visionbyte e o próprio Exército. IA – Quais as expectativas do senhor em relação ao projeto Sisfron? Quando estará pronto? Carlos Roberto – Em seu projeto básico, o Sisfron teve seu tempo de implantação estimado em 10 anos, desde que alocados recursos da ordem de R$ 1,2 bilhão/ano.

Devemos considerar que se trata de um projeto de extrema complexidade e de amplitude continental, afinal, se fosse um país a área de abrangência do Sisfron seria a 3º maior na América do Sul em extensão territorial (2.533.000 km2). O esforço de implantação não se resume a uma questão puramente orçamentária, sendo imperativo gerenciar inúmeros riscos: capacitação e retenção de pessoal especializado na operação e manutenção dos sistemas; e esforço de especificação de novos sistemas que confiram todo o amplo rol de capacidades operacionais projetadas. Portanto, admite-se que o cronograma estimado no projeto básico possa sofrer alterações no transcorrer da implantação que o acelerem ou que reduzam o seu ritmo em proveito de eventuais correções de rumo, ou mesmo pelo interesse de permitir à indústria nacional de defesa tempo suficiente para obter o retorno

dos investimentos necessários ao esforço de absorção tecnológica. Em 2015, projetamos enfrentar o desafio de iniciarmos a implantação na região amazônica, no que chamamos de piloto de área de selva, no território de responsabilidade da 17ª Bda Inf Sl, sediada em Porto Velho (RO). Simultaneamente, será finalizada a implantação do projeto-piloto do Sisfron na área da 4ª Bda C Mec, em Dourados (MS), bem como a extensão de capacidades operacionais para as outras duas Brigadas do Comando Militar do Oeste (CMO): a 18ª Bda Fron, sediada em Corumbá (MS), e a 13ª Bda Inf Mtz, em Cuiabá (MT). IA – A Guerra Eletrônica vem sendo foco de muitas discussões mundiais, gostaria que o senhor falasse um pouco da formação do Exército para essa área. Como o EB se prepara? Fale um pouco do CIGE?


8

Carlos Roberto - O Centro de Instrução de Guerra Eletrônica (CIGE), primeiro centro de especialização e extensão na atividade de Guerra Eletrônica da América Latina, foi criado pelo Decreto Presidencial n° 89445, de março de 1984. O CIGE ganhou vida com a ativação do Núcleo de Implantação do Centro de Instrução de Guerra Eletrônica (NICIGE), criado pela Portaria do EME n° 07, em fevereiro de 1985. Para viabilizar a implantação do CIGE, foram priorizadas as ações relacionadas à formulação de doutrina e à capacitação de Recursos Humanos. Dentre as atividades realizadas pelo NICIGE, destacam-se: - a realização de cursos no exterior (Alemanha, França, Inglaterra e EUA), com vistas à formação de um núcleo de instrutores no CIGE; - a aquisição de um Módulo Básico Experimental de Guerra Eletrônica (MBEGE) para atender as necessidades de qualificação de militares na atividade de guerra eletrônica; - visitas às instalações fabris e militares no exterior, com o objetivo de colher informações técnicas e doutrinárias; e - a formulação da doutrina de guerra eletrônica do Exército Brasileiro. Ao longo de mais de duas décadas, a atividade de guerra eletrônica vem se desenvolvendo e aperfeiçoando-se, ganhando cada dia maior reconhecimento. Sua missão é capacitar os recursos humanos necessários às atividades de Guerra Eletrônica e realizar estudos visando sua evolução doutrinária. Integrado ao projeto de implantação do Setor Cibernético do Exército, mantém-se em condições de: - Capacitar recursos humanos para o enfrentamento das ameaças cibernéticas aos Sistemas de Informação da Força Terrestre, planejando e conduzindo cursos de especialização e estágios; e

- Realizar estudos a fim de contribuir com a formulação de doutrina para o setor. No mês de maio formamos o Guerreiro Eletrônico número 1.000, prova inconteste da eficácia da 1ª Escola de GE da América Latina. IA – Como o CCOMGEX avalia a tecnologia da indústria nacional se tivermos que enfrentar uma guerra eletrônica? Carlos Roberto – Em todo o mundo são, ainda hoje, poucos os países que detém tecnologia de ponta em GE. Podemos dizer que, fruto dos esforços do Sistema de C&T do Exército nos últimos 20 anos, a partir do Projeto Sitage (Sistema Tático de GE), que conduziu a aquisição do sistema da 1ª Cia GE, nos anos 90, adquiriu-se a capacidade de integração de sistemas de MAGE/Com (Medidas de Apoio à GE), meios passivos que permitem realizar a busca de interceptação, a localização eletrônica e a identificação e a análise técnica dos parâmetros que individualizam um determinado emissor. Com o offset de GE do projeto-piloto do Sisfron veremos a concretização da absorção de tecnologia que habilitará uma empresa brasileira, a Bradar, a produzir os primeiros receptores de MAGE/Com em território nacional. IA – Recentemente, durante um evento para debater o uso de bandas da frequência de 700 MHz para a área de defesa e segurança das infraestruturas críticas, realizado no CCOMGEX, falou-se da participação do centro no apoio ao processo de pacificação do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro. O que será feito? Carlos Roberto - As imagens poderão ser usadas para planejamento das operações e também como prova nos casos de conflito envolvendo os militares. As imagens vão permitir que não haja dúvida quanto ao que está

ocorrendo e darão maior proteção ao militar que está no front. A nossa experiência com o emprego do LTE (sigla em inglês para Long Term Evolution, uma tecnologia 4G), em Brasília, feito pela Motorola, ampliou a capacidade operacional e a eficácia dos nossos militares na Copa das Confederações e em exercícios. Para a missão que o Exército está desempenhado na Maré, é fundamental. IA - Como o senhor considera a participação da ABIMDE no setor de Defesa do Brasil? Carlos Roberto - A participação da ABIMDE é fundamental para o esforço de desenvolvimento, recuperação e consolidação de um pujante Parque Industrial de Defesa, que possa prover às Forças Armadas as capacidades operacionais necessárias ao cumprimento de sua missão constitucional, com elevado grau de independência, além de contribuir para a ampliação de nossa pauta de exportação, com produtos de elevado valor agregado e conteúdo de emprego dual. Suas iniciativas relacionadas aos assuntos de defesa abarcam importantes e amplos aspectos de estudos e propostas de incentivos tributários, logística e mobilização, fomento à ciência, tecnologia e inovação, e a sugestões para a viabilização da implementação da Política e da Estratégia Nacional de Defesa pela criação de organizações públicas para a sua efetiva gestão. Num momento em que muito se discute um nocivo processo de desindustrialização, avultam de importância as iniciativas da ABIMDE para cooperar com o esforço de nacionalização das aquisições da área de defesa no Brasil, que hoje figura como um significativo mercado, com previsão de investimentos da ordem de dezenas de bilhões de dólares.


9

POR DENTRO DA ABIMDE

Ajustes no Estatuto promovem maior integração com o SIMDE e ampliam mandatos para três anos

C

Carla Dias

oncluímos, em abril, dois importantes ajustes ao nosso Estatuto, possibilitando uma melhor dinâmica em nossos trabalhos internos e tornando ainda maior a integração da ABIMDE com o SIMDE. Com a extensão dos mandatos da ABIMDE para três anos, simplificamos sobremaneira os procedimentos das eleições para ambas as entidades, além de mostrarmos à sociedade a solidez das relações entre a Associação e o Sindicato Patronal, que a representa perante as Federações de Indústrias. Conseguimos também ajustar a substituição de Vice-Presidentes e Diretores, mantendo assim a força de trabalho necessária para a tomada de decisões de responsabilidade do Conselho Diretor da ABIMDE. Estamos agora com o time completo. Não temos dúvida quanto ao sucesso alcançado nas feiras internacionais diante da participação das Associadas e do apoio da Apex-Brasil. Concluímos o Planejamento Estratégico voltado para exportação e recebemos o primeiro relatório sobre o diagnóstico da BID (Base Industrial de Defesa), produzido pela UFF (Universidade Federal Fluminense) o qual estamos ampliando com maiores informações sobre as empresas. Estamos trabalhando para retomarmos as missões comerciais lideradas pelos MD (Ministério da Defesa) e MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), as quais respaldam as nossas empresas junto aos governos de países amigos. Ampliamos nossos contatos com os poderes constituídos incorporando a presença de

Carlos Afonso Pierantoni Gambôa Vice-Presidente Executivo

representantes do Legislativo e do MDIC em nossas reuniões, além das já tradicionais parceiras BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento) e FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos). No âmbito interno, estamos aprimorando o “Diretório ABIMDE”. Apresentando-o não só por empresa, mas também por produto ou serviço, o que facilita a pesquisa pelos interessados, principalmente os estrangeiros. Nossa página na internet está ganhando nova roupagem para facilitar a interação com os inúmeros visitantes. Nossos Comitês têm obtido relevantes conquistas e reafirmado as suas posições de destaque perante as decisões de cada setor. Estamos convictos de que as demandas coletivas são mais eficazes que as individuais e, com esta postura, prosseguimos atuando junto a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) e a ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações) para que sejam estabelecidas normas que possibilitam voos de VANT de pequeno porte em áreas não urbanas; participamos ativamente das recomendações fiscais elaboradas pela CPI da Espionagem, visando resguardar os segredos de Estado; estamos propondo a criação de um Centro de Simulação para as Forças Armadas e apresentamos à Secretaria Nacional de Defesa Civil uma solução bastante completa para ser empregada em caso de desastres, composta por cozinha móvel, alimentação adequada, processo para aquecimento da alimentação, purificação de água e abrigo para pessoal. Chegamos ao quarto número de nosso INFORME ABIMDE trazendo interessantes e atuais matérias relevantes para a Base Industrial de Defesa. Os comentários sobre o conteúdo dos INFORMES são bastante estimulantes. Temos também a consciência de que sempre restará muito a fazer, mas com a colaboração das Associadas, diretrizes do Conselho Diretor e entusiasmo de nossa equipe administrativa, cumpriremos as metas estabelecidas para o presente exercício. Aqui na sede permanecemos à disposição.


10

Simulação como estratégia de defesa

TECNOLOGIA

por Karen Gobbatto

A

Paula Miranda

simulação de cenários de combate tem sido uma das estratégias adotadas pelo Exército Brasileiro (EB) para treinar tropas e comandos, principalmente nesse período que antecede os grandes eventos internacionais que serão sediados no Brasil. Para contribuir com essa qualificação está a empresa brasileira RustCon, especializada em consultoria de engenharia voltada para o implantação de sistemas complexos de defesa. As soluções da RustCon já vêm sendo aplicadas pelo EB desde 2010, na manutenção da segurança em eventos internacionais. Dentre eles, destacam-se os Jogos Mundiais Militares e a Rio+20, com a adoção dos Sistemas de Comando e Controle que contribuem com dados para dar suporte na tomada de decisões em tempo real. Com a expertise já testada e aprovada, a organização prova sua capacidade de contribuir com projetos de segurança para os próximos grandes eventos, como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos. “Como uma Empresa Estratégica de Defesa (EED), a RustCon está apta a colaborar com as Forças Armadas, oferecendo as soluções mais modernas existentes no mundo. Nossa missão é desenvolver projetos que beneficiem a sociedade como um todo e ajudem o nosso País na conquista dessa autonomia tecnológica”, ressalta o presidente da empresa, Carlos Rust.

Carlos Rust Presidente da RustCon

Simulação Dentre os projetos mais importantes da companhia está o SIMOC (Simulador de Operações de Guerra Cibernética), instalado no CIGE (Centro de Instrução de Guerra Eletrônica), do EB.

O equipamento foi desenvolvido com tecnologia 100% nacional e é voltado para treinar e simular situações para as tropas contra possíveis ataques cibernéticos. Operando com uma solução pioneira de uso dual, integra ativos de redes virtuais e componentes reais. O SIMOC permite o acompanhamento e a avaliação de todas as atividades executadas pelo aluno em tempo real, otimizando o resultado dos treinamentos. O software disponibiliza suporte para especialização de recursos humanos em análises de vulnerabilidades de redes, permitindo a execução de ações, em ambiente controlado, de proteção cibernética e defesa ativa, além do treinamento baseado em cenários reais de catástrofes e comprometimentos de infraestruturas críticas nacionais. Além do SIMOC, a RustCon está implantando o Simulador Construtivo em parceria com o Comando de Operações Terrestres (COTer). O Sistema de Simulação Construtiva é voltado para treinar os comandantes e Estados-Maiores em simulações de defesa externa e segurança integrada no território nacional. Além de implementar e gerenciar o sistema, a companhia atua na adequação do simulador às doutrinas militares do EB. “Este projeto envolve gerenciamento, construção, modelagem e também possui uma grande demanda de treinamento que será ministrada por nossa equipe para capacitar diferentes níveis de usuários do Exército Brasileiro”, destaca Rust. Trata-se de um sistema de simulação construtiva voltado para ações de combate, apoio e de não guerra. O sistema permite a visualização de situações complexas envolvendo comportamento humano coletivo tais como guerrilha, operações humanitárias e controle de multidões, proporcionando resultados de grande realismo. Para o presidente, a empresa está pronta para outros desafios. “Estamos orgulhosos em participar de programas tão importantes para o Exército. Isso nos capacita ainda mais para contribuir com a segurança e o desenvolvimento de nosso País”, conclui. Entre as principais competências da equipe da RustCon, destacam-se a customização de softwares, a integração de sistemas e o desenvolvimento e testes de sistemas.


11

ESPECIAL

H

á três anos, uma mulher tornava-se pela primeira vez o Comandante-em-Chefe das Forças Armadas do Brasil, quando Dilma Rousseff assumiu a presidência da República. Em novembro de 2012, a nomeação de Dalva Maria Carvalho Mendes como Contra-Almirante, passando a ser a primeira mulher a chegar ao posto de oficial-general das Forças Armadas, também foi um marco na história da Defesa Nacional. Já o início de 2014, foi marcado pela apresentação das doze mulheres que compõem a primeira turma feminina da Escola Naval. São as primeiras mulheres a pisarem, como aspirantes, na Ilha de Villegagnon. Essas são apenas algumas histórias de uma “revolução” silenciosa que começou em 1823, quando se tem o registro da primeira mulher a compor o quadro do Exército Brasileiro, e que só tem aumentado com o passar dos anos. As mulheres já são realidade na área de defesa e, cada vez mais, conquistam cargos e desafios antes reservados apenas aos homens. Dados publicados no Portal Brasil, no início de 2013, dão conta de que esse efetivo já passa dos 22 mil, o que representa mais de 6% do total de militares. Civis ou militares, elas têm conquistado um espaço cada vez maior e de mais destaque nos projetos que buscam ampliar a soberania nacional. Uma dessas mulheres que fizeram história é a Major Linda Soraya Issmael. Engenheira Cartográfica por Hoje, elas representam pouco mais de 6% do efetivo formação, Soraya viu no Exército Brasileimilitar e já conquistam cargos antes restritos aos horo a oportunidade de avançar na carreira mens. Conheça as histórias de algumas mulheres que e trabalhar com sua paixão – os mapas e quebraram paradigmas e abriram caminho para uma cartas. transformação no setor. “A minha grande conquista é minha expepor Karen Gobbatto riência profissional, que graças ao Exército tem crescido a cada dia”, comenta a Major, que se sente orgulhosa por ter feito parte desse processo de inserção da mulher nas Forças Armadas. Atualmente, Soraya trabalha no Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República e lidera projetos relacionados à infraestrutura de dados espaciais como a elaboração de especificações técnicas para a Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais (INDE), a Comissão Nacional de Cartografia (Concar), além de modelagens conceituais e lógicas de dados geoespaciais para a defesa. “Também estamos trabalhando nas especificações técnicas e metodologias relacionadas à produção cartográfica do Exército. Esses projetos garantirão a padronização e interoperabilidade de dados geoespaciais do País”, destaca Soraya. Quem a vê falando com tanta naturalidade e simplicidade sobre processos complexos não imagina o quanto a Major contribuiu para a quebra de paradigmas no Exército. Além de ter sido a primeira mulher militar a compor a equipe cartográfica do Exército, Soraya também esteve à frente de importantes projetos como a transição da cartografia analógica para a digital, a criação da Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais (INDE Brasil) e um dos projetos de inclusão mais significativos - Cartografia Tátil, voltada para a produção de mapas para crianças com deficiência visual. “O principal desafio foi chefiar indivíduos em um ambiente de trabalho que nunca recebeu mulheres. Mas o tempo foi passando, e tudo se ajustou. Hoje, o Exército está integralmente adaptado à presença de mulheres”, ressalta. E a missão de abrir caminhos para a presença feminina não

MULHERES NA DEFESA


12

Fotos: Carla Dias e Divulgação

deve ficar com as conquistas já obtidas até o momento. Soraya pode chegar a ser a primeira mulher cartógrafa a obter a patente de General de Divisão do Exército Brasileiro. Fortalecimento da Defesa Quando optou por seguir a carreira de engenheira civil, a amazonense de Itacoatiara, Jocirene Chagas, não imaginava que o destino e os desafios profissionais a direcionariam para a área de defesa. Após se formar pela Universidade Federal do Amazonas, Jocirene tinha traçado planos de desenvolver sua vida profissional na área de construção, quando foi surpreendida por um convite para trabalhar como responsável pelo planejamento do projeto do Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam), pela então Fundação Atech, que era a empresa integradora do projeto. “Gostei do desafio e aceitei. Esse programa foi um divisor e, a partir dele, fui me envolvendo cada vez mais com a área de defesa”, explica. Na Atech assumiu, alguns anos depois, a gerência do Sivam. Na sequência, os desafios foram aumentando com a revitalização dos Cindactas (Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo), o desenvolvimento de sistemas de Guerra Eletrônica, de Comando e Controle, entre outros projetos, além de trabalhar na área comercial. Enquanto atuava na empresa, teve a oportunidade de cursar MBA em Gerência de Projetos pela Fundação Getúlio Vargas. Hoje, Jocirene é a vice-presidente de negócio no Brasil da Tecnobit, empresa de origem espanhola, sendo responsável pela filial brasileira desde o início de 2014. Também vem se dedicando ao MBA Executivo Empresarial na Fundação Dom Cabral. “Recebi o convite da Tecnobit pelo meu currículo e experiência no mercado e estou certa que não

houve uma análise de gênero, o que é uma demonstração clara de que algo está mudando no mercado”, comenta a executiva. Mesmo contribuindo para a abertura de espaços para a consolidação da presença feminina no setor, Jocirene analisa que o mercado ainda é formado predominantemente por homens. “Veladamente, ainda pode existir algum tipo de discriminação com as mulheres, mas posso dizer que sempre me senti respeitada e nunca tive problemas quanto a isso.” Mas a amazonense destaca que as empresas ainda possuem poucas mulheres nesta área, principalmente exercendo cargos executivos. “Espero que esta realidade mude em um curto espaço de tempo”, reflete. Para isso, Jocirene mostra o potencial feminino ao elencar as conquistas obtidas à frente da Tecnobit. Em apenas dois anos de um “árduo trabalho da equipe”, a empresa já tem o reconhecimento não só dos clientes como também das empresas brasileiras parceiras, especialmente as chamadas integradoras. Com isso, a empresa começa a ser convidada a participar dos processos licitatórios nas áreas de defesa e segurança no País e também em países vizinhos. “Mais do que torcer para que as mulheres vençam neste mercado, torço para que os investimentos na defesa e segurança no Brasil sejam vistos como prioridade, assim certamente bons profissionais, sejam homens ou mulheres, poderão continuar atuando e contribuindo nesta área”, conclui.

Tecnologia e oportunidades Um dos projetos mais importantes em execução pela Marinha do Brasil na atualidade, o Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz), conta com a consultoria técnica da Fundação Ezute, que tem a engenheira civil e doutora em Ciências da Computação, Andrea Silva Hemerly, à frente dessa empreitada. Diretora de Programas da Marinha pela Fundação Ezute, Andrea lidera as equipes responsáveis pela concepção do sistema integrado que formará uma rede extensa de sensores terrestres e marítimos, além de centros de controles diversos para o monitoramento aéreo e ambiental da Amazônia Azul. O projeto envolve uma infraestrutura tecnológica complexa e de última geração, que possibilita a vigilância, o monitoramento e a proteção da riqueza marítima brasileira, incluindo o pré-sal. Segundo Andrea, o perfil conciliador, cooperativo e agregador, típico das mulheres, contribui para um bom desempenho, principalmente em projetos de grande complexidade como o SisGAAz, e que envolvem muitas partes interessadas. “Mas sou meio avessa a arquétipos de gênero, entendo que estes sejam mais de fundo cultural do que biológico”, destaca Andrea. Major Linda Soraya Issmael, do EB A diretora da Fundação Ezute atua na área


13

Jocirene Chagas, da Tecnobit

Equilíbrio e Diversidade Na área de defesa, muitas empresas civis têm contribuído para o desenvolvimento de projetos e o fomento de fornecedores. Uma dessas é a Tarobá, cujo foco de atuação está baseado no aumento de conteúdo local a partir da viabilização de negócios de empresas estrangeiras no Brasil. À frente da Tarobá está a engenheira de produção mecânica, Beatriz Xavier da Silveira Rosa. A diretora explica que o objetivo principal da companhia é fortalecer a indústria nacional, trazendo tecnologia de última geração para o País ao viabilizar parcerias entre empresas de interesses mútuos. “São grandes as perspectivas de crescimento do setor de defesa”, comenta a executiva. Um dos recentes projetos em que esteve envolvida foi o de aproximar fornecedores do setor elétrico, para que o nível tecnológico e de conhecimento das indústrias brasileiras seja beneficiado. “Desenvolvemos uma maneira própria de relacionamento com as empresas estrangeiras e conseguimos aumentar o nível de conteúdo nesses projetos”, explica. Beatriz fala com propriedade dos avanços das indústrias brasileiras e, principalmente, do setor de defesa. Segundo ela, há alguns anos, o empresariado tinha dificuldades em apresentar projetos para as Forças Armadas. “Houve uma mudança nos últimos cinco anos, com o fortalecimento da nossa indústria e a percepção de que todos temos os mesmos objetivos – a soberania nacional”, ressalta. Para a diretora da Tarobá, a tendência é que haja cada vez mais abertura e que o diálogo entre civis e militares seja intensificado. O fato de ser uma mulher participando das discussões, hoje, já não causa tanto estranhamento e Beatriz tira de letra. “Minha família tem muitos homens. Sou ‘PhD’ em relação a isso”, brinca. E complementa, “às vezes acho mais fácil lidar com homens devido a trajetória de vida que tive”.

de defesa desde o início da década de 1990. Começou já com um grande e complexo projeto, o Sistema de Vigilância da Amazônia (SIVAM). Trabalhou inicialmente na elaboração da proposta e, anos depois, voltou a se envolver com o programa, no desenvolvimento de SW, pela AmazonTech, empresa americana sob o controle da antiga Fundação Atech. Em 2011, assumiu o atual cargo, justamente quando foi convidada a participar do SisGAAz. “Estava trabalhando em uma start-up quando fui apresentada ao SisGAAz e me empolguei com o desafio que esse projeto representava”, explica. Segundo Andrea, o setor de tecnologia tem crescido no País e no mundo e vem recebendo incentivos, inclusive governamentais, o que denota a compreensão de que essa área é fundamental para o desenvolvimento do País. Ela cita a carência de profissionais capacitados no mercado, como engenheiros, e iniciativas como o Ciências Sem Fronteiras para suprir tal deficiência, como exemplos dessa visão sobre a importância do setor. Conquistas do segmento com a Estratégia Nacional de Defesa (END) é outro exemplo disso, de acordo com a executiva. “Nesse contexto amplo, vemos todo o setor crescendo e, consequentemente, com uma maior participação feminina nas Forças Armadas, mas ainda somos minoria”, enfatiza. Sobre esse tema, a diretora da Fundação Ezute destaca que a participação feminina tem sido debatida e a conclusão a que se tem chegado é que a presença de mulheres na área de tecnologia da informação é estratégica para o avanço do setor. “Há três anos, participei de um painel no Congresso da Sociedade Brasileira de Computação (CSBC), realizado em Natal (RN). Foi um evento do Women in Information Technology (WIT), cujo objetivo principal é promover um fórum para discussão de estratégias visando aumentar a participação de mulheres no setor de TI. A conclusão é que a ausência da força de trabalho feminina provoca atrasos na eco- Andrea Silva Hemerly, da Fundação Ezute nomia”, conclui Andrea.


14

Ela também nota o aumento da presença feminina no segmento de defesa como em outras áreas produtivas. Para ela, a percepção é clara nos últimos nove anos, desde que ingressou nesse setor, com aumento inclusive da presença de líderes mulheres. “Mas noto que o avanço é mais lento para cargos executivos nesta área. Ainda há predominância masculina nos cargos de comando”, avalia. Na Tarobá, a diversidade de gênero está bem equilibrada, tendo em média metade da equipe sendo composta por homens e metade por mulheres. “Nunca deixei de me posicionar e nunca fiquei receosa em lidar com alguém de uma hierarquia acima da minha. Acho que temos que buscar sempre o melhor de cada um e aproveitar isso para fortalecer nossas relações e nossos projetos em prol de um objetivo único”, conclui Beatriz. Doutrina de quartel Filha de militar, a Diretora Administrativa da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (ABIMDE), Heloísa Helena dos Santos, cresceu aprendendo a doutrina militar, ou de “quartel”, como costuma falar, na qual a disciplina rígida e a responsabilidade são os motores das ações. Administradora de empresas por formação, mesmo sem seguir a carreira militar, Heloísa não ficou por muito tempo longe da área de defesa e, desde 2007, ingressou no setor por meio da ABIMDE. Atualmente, coordena a área financeira e operacional da entidade, com o objetivo de otimizar sua atuação para contribuir com o crescimento das empresas afiliadas, em busca da consolidação do setor. Sua rotina engloba a comunicação com as associadas, o acompanhamento do grau de satisfação das companhias com relação à Associação e a gerência das atividades da ABIMDE para promover o setor.

Heloísa Helena dos Santos, da ABIMDE

“É bastante gratificante trabalhar pela soberania e segurança do meu País”, destaca Heloísa. E, nessa trajetória, a Diretora Administrativa pode acompanhar o crescimento tanto da Associação quanto da indústria de defesa. “Não crescemos apenas em número de associadas, mas principalmente em respeitabilidade frente a todos os segmentos da sociedade brasileira. E o crescimento do setor também foi sentido, juntamente com a presença da mulher na área de defesa”, analisa. Segundo ela, a participação feminina tem se multiplicado em todas as áreas produtivas e isso também é uma realidade nesse segmento tão particular. “A área de defesa exige competência, tecnologia e seriedade. Quem deseja ingressar neste setor deve ter isso em mente, e a mulher tem mostrado competência para isso. Os dons femininos fluem naturalmente e se destacar aqui é consequência disso”, finaliza.

Sucessão Outro exemplo de que a conquista de espaço pelas competências supera qualquer julgamento de gênero é visto na empresa Cecil S.A. Laminação de Metais, especializada em fundição e laminação e também fornecedora de matéria-prima para o mercado de defesa. Fundada pelo patriarca da família Cervetto, em 1961, hoje é comandada pela filha caçula, Maria Antonietta Cervetto, que assumiu no final de 2008 o cargo de diretora-presidente. Ela lembra que ingressou na empresa em 1987 como estagiária, mesmo contra a vontade do pai, que não queria a filha se envolvendo com a fábrica, justamente por ser mulher. “Ele tinha uma visão um pouco machista, mas também de cuidado com a filha, mas mantive minha determinação em conhecer todas as áreas da empresa e consegui quebrar essa resistência ao mostrar que desempeBeatriz Xavier da Silveira Rosa, nhava minhas funções com competência”, comenta. da Tarobá Durante dois anos, Maria Antonietta cumpriu


15

seu objetivo, atuando em todos os departamentos para conhecer a rotina da empresa. Ela conta que se identificou com as áreas comercial e de controladoria, onde se estabeleceu por alguns anos. “Sempre gostei de processos e nesses setores pude adquirir um conhecimento mais amplo do negócio”, destaca. No final da década passada, em plena crise econômica mundial, Maria Antonietta precisou novamente reforçar suas competências quando o processo de sucessão familiar foi conduzido e assumiu o cargo que ocupa desde então. “Todo o cenário gerou certo receio internamente, principalmente porque gerencio de maneira diferente, não sou centralizadora e todos percebem que fazem parte do processo e têm responsabilidades sobre resultados”. Atualmente, a Cecil conta com cerca de 20% do quadro de funcionários composto por mulheres e, muitas delas, estão em cargos de liderança. Nessa nova gestão, o foco nos treinamentos e na adoção de ferramentas de gestão tem feito parte de um processo contínuo de aperfeiçoamento e evolução. Os resultados já são sentidos tanto comercialmente quanto em relação ao clima organizacional. “As mulheres estão ganhando espaço no mercado de trabalho por suas múltiplas competências. Sabemos desempenhar liderança com firmeza, sem sermos rudes, apresentando melhores resultados. E o mais importante, a mulher atua com correção e sem corporativismos”, conclui. Pioneirismo Hoje, a Marinha do Brasil (MB) conta, pela primeira vez, com uma mulher no posto de Contra-Almirante, assumido em novembro de 2012. A médica por formação e apaixonada pelo mar, Dalva Maria Carvalho Mendes, sempre foi pioneira na MB, tendo ingressado na corporação em 1981, quando integrou a primeira turma do Corpo Auxiliar Feminino da Reserva da Marinha (CAFRM), fruto da visão vanguardista do Almirante-de-Esquadra Maximiano da Silva Fonseca, Ministro da Marinha à época. A primeira turma admitiu 203 mulheres, de nível superior, vindas de todos os estados do Brasil. Em 1997, houve uma redistribuição das mulheres pelos CAFRM já existentes. Como resultado, a participação da mulher nas atividades da MB foi significativamente ampliada. Na época em que ingressou na Marinha, havia muita curiosidade e admiração pela presença feminina. Nesse cenário, onde as mulheres consolidavam suas conquistas, a MB admitiu 512 mulheres, entre Oficiais e Praças. Neste ano, como parte do contínuo processo de atualização e aprimoramento da administração do seu pessoal, a Força admitiu a primeira turma de Aspirantes femininas da Escola Naval. “Os pioneiros em qualquer área de atuação, certamente, impulsionam a história”, reflete. Atualmente, a MB conta com 6.923 mulheres militares o que corresponde a 9,57% do efetivo total da Força. Segundo a Contra-Almirante Dalva, esse percentual posiciona o País próximo ao percentual

Contra-Almirante Dalva Maria Carvalho Mendes, da MB

médio dos países que possuem mulheres em suas Forças Armadas, que é de 10%. Essas militares prestam serviço no Corpo de Engenheiros, nos Quadros do Corpo de Saúde, no Corpo de Intendentes, nos Quadros Técnico e Auxiliar, no Corpo Auxiliar de Praças e no Quadro de Músicos do Corpo de Praças de Fuzileiros Navais. ”A mulher, em decorrência de seus papéis de mãe e esposa, desenvolve naturalmente habilidades muito necessárias para qualquer ambiente profissional, como a empatia, a flexibilidade, a firmeza na medida certa e a capacidade de conciliação. Essas características também são aplicáveis e necessárias nas mais variadas atividades da vida militar, além de favorecerem o exercício da liderança, virtude essencial para qualquer militar”, avalia a Contra-Almirante.

Maria Antonietta Cervetto, da Cecil


Os desafios do diretor da DGePEM

16

NOVO COMANDO

O

por Valéria Rossi

novo diretor da DGePEM (Diretoria de Gestão de Programas Estratégicos da Marinha), Contra-Almirante Roberto Gondim Carneiro da Cunha fala dos desafios para implementar os programas estratégicos da Marinha. Em entrevista à revista INFORME ABIMDE, ele também ressalta suas expectativas, preocupações com contigeciamentos e o futuro do SisGAAz. Roberto Gondim assumiu o cargo no dia 03 de abril. Ele é responsável pelo órgão que gerencia todos os programas estratégicos da Marinha. “Tenho certeza da importância da nossa Diretoria que, com seu portfólio atual de Programas Estratégicos, contribuirá diretamente para o fortalecimento do Poder Marítimo, para a expansão do Poder Naval, bem como para o desenvolvimento das Indústrias de Defesa Nacional”.

Divulgação

INFORME ABIMDE – O senhor assumiu recentemente o comando da DGePEM, quais são suas expectativas? Contra-Almirante Roberto Gondim Carneiro da Cunha - Inicialmente, gostaria de agradecer a oportunidade de poder contribuir, de alguma forma, para a divulgação dos Programas Estratégicos da Marinha, e de forma particular com a ABIMDE, ao mesmo tempo em que divulgo de forma direta a minha diretoria. Como disse na assunção como Diretor de Gestão de Programas Estratégicos da Marinha, atuar como órgão executivo central de gerenciamento dos Programas Estratégicos da MB, definidos pela Alta Administração Naval, em coordenação com as Diretorias Especializadas e demais Organizações Militares (OM) envolvidas, servindo de repositório do conhecimento institucional adquirido nessa gestão, sem sombra de dúvidas, representa um rumo promissor, repleto de desafios, aprendizagem e realizações. Tenho certeza da importância da nossa diretoria, que com seu portfólio atual de Programas Estratégicos, contribuirá diretamente para o fortalecimento do Poder Marítimo, para a expansão do Poder Naval, bem como para o desenvolvimento das Indústrias de Defesa Nacional. IA - Um dos grandes projetos da DGePEM é o SisGAAz, como está esse processo? Roberto Gondim - O Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz) é considerado e definido pela MB como um sistema de defesa estratégico para a defesa nacional, a ser desenvolvido totalmente no Brasil e com forte índice de nacionalização. Apesar de seu nome referenciar a expressão “Amazônia Azul”, sua cobertura abrangerá, também, as Águas Jurisdicionais Brasileiras (AJB), incluindo cerca de 22.000 Km de rios navegáveis das bacias hidrográficas brasileiras, e, ainda, as áreas internacionais de responsabilidade para Operações de Busca e Salvamento (SAR – Search and Rescue). O Programa SisGAAz está previsto para ser executado em três etapas: conceituação, contratação e desenvolvimento. A etapa de conceituação envolveu as fases de


17

concepção operacional, de especificação do sistema e do projeto de arquitetura de alto nível, e foi encerrada em dezembro de 2013. Atualmente, nos encontramos na etapa de contratação, iniciada em janeiro deste ano. Em 19 de março do corrente ano, na Escola de Guerra Naval, houve a publicação de uma RFP (“Request for Proposal”), ou seja, foi apresentada uma solicitação de propostas a ser respondida pelas chamadas empresas integradoras (“Main Contractors”). Essas companhias, que deverão estar credenciadas como Empresas Estratégicas de Defesa (EED) de modo a usufruir de um regime tributário diferenciado e, consequentemente, reduzir o custo do programa, deverão apresentar suas propostas até 16 de julho de 2014. A partir do recebimento das propostas das candidatas a “Main Contractors”, iniciar-se-á um processo de avaliação por meio de uma comissão composta por especialistas de diferentes setores da MB, e com a aplicação de uma metodologia especialmente desenvolvida, que culminará com a escolha da melhor solução e, consequentemente, da empresa vencedora. Após essa fase, deverá ser iniciado o processo de contratação. Por fim teremos a etapa de desenvolvimento, que ocorrerá a partir da assinatura do contrato, cuja previsão é dezembro de 2015. IA - O corte de orçamento feito pelo governo afetou o SisGAAz? Pode vir a comprometer o futuro do programa? Roberto Gondim - Como mencionado anteriormente, o Programa SisGAAz recentemente saiu de sua fase de conceituação, somente agora sendo iniciada a fase de contratação. Os custos envolvidos em todo o programa ainda não são plenamente conhecidos, pois estão diretamente relacionados à solução tecnológica que irá ser proposta pelas empresas que se candidatarem ao seu desenvolvimento. Não pode ser esquecido que se trata de um grande programa, que trará diversos benefícios ao País. Sua consecução ensejará a mobilização de recursos físicos, econômicos e humanos voltados para o investimento no potencial produtivo do Brasil e a independência nacional, impulsionando a indústria de material de defesa na busca da desejável autonomia tecnológica, de modo a eliminar, progressivamente, a compra de serviços e produtos importados. Além de contribuir para o controle da exploração dos recursos minerais e vivos existentes no mar, e para o funcionamento regular e contínuo dos portos e vias de comércio marítimo e fluvial, o Sistema propiciará a criação de conhecimento afeto à produção de serviços e produtos de alto valor agregados. Não obstante, vislumbra-se que o SisGAAz seja capaz de gerar significativo volume de empregos diretos e indiretos. Assim, diante dos benefícios que podem ser auferidos com a implementação do programa, espera-se que os eventuais cortes e/ou contingenciamentos orçamentários não afetem a condução e

a implementação do programa, uma vez que sua operação viabilizará ao País, além da ampliação da capacidade de cumprimento dos compromissos internacionais de busca e salvamento (SAR), a possibilidade de reafirmação de sua soberania, aumentando a presença do Estado Brasileiro nas suas águas e a consciência situacional marítima. IA - Essa redução poderá afetar outros projetos da Marinha? Quais? Roberto Gondim - Obviamente qualquer corte ou contingenciamento tem um efeito complicador no planejamento, principalmente em projetos de longa duração e com volume significativo de recursos envolvidos. Esse é um problema que vem postergando a condução e a conclusão de programas importantes para a MB, o que exige um esforço muito grande da Força, principalmente nos casos em que existem compromissos contratuais previamente firmados. É importante mencionar que há vários anos a Marinha convive com cenários restritivos de recursos, e, graças a um planejamento acurado e criterioso, vem conseguindo cumprir sua missão. Atualmente a Marinha passa por um momento de renovação. Além do Programa Nuclear da Marinha, do PROSUB (Programa de Desenvolvimento de Submarinos), e do SisGAAz, grandes programas estratégicos estão previstos, como o Programa de Obtenção de Navios-Aeródromos (ProNAe), o Programa de Obtenção de Navios-Anfíbios (ProNAnf) e o Programa de Obtenção de Navios de Superfície (PROSUPER), dentre outros. IA - Como o senhor vê a participação da ABIMDE junto às Forças Armadas? Roberto Gondim - A atuação da ABIMDE é de extrema importância para as Forças Armadas, pois contribui para o estreitamento da relação entre as empresas Associadas e as organizações militares. Com a ABIMDE verificamos uma possível agilização e incentivo da comercialização, do desenvolvimento e da qualidade dos produtos de defesa fabricados no País, fomentando, assim, a criação e a manutenção de uma Base Industrial, Logística, Científica e Tecnológica voltada para a Defesa e Segurança, que é um dos eixos estruturantes da Estratégia Nacional de Defesa (END). Em essência, a soberania nacional está diretamente relacionada à existência dessa indústria de defesa forte, capacitada a oferecer produtos de qualidade, tecnologicamente avançados e adequados à crescente importância do País no cenário mundial. Para tal, o Brasil precisa se desenvolver e investir na sua própria defesa. Durante diversos anos, os investimentos em defesa foram aquém das necessidades das Forças, havendo, todavia, fortes motivos para crer em uma tendência a reverter esse quadro. Nesse caso, uma entidade como a ABIMDE, e suas Associadas, podem contribuir significativamente para o seu atendimento.


18

INVESTIMENTOS

IAI do Brasil visa expansão no mercado brasileiro por Karen Gobbatto

Faquini

Atuando cada vez mais forte no Brasil e em busca de novas frentes de negócios e parcerias, a IAI (Israel Aerospace Industries) prepara-se para anunciar, em breve, uma nova aquisição no mercado nacional (a primeira foi a IACIT, de São José dos Campos, especializada em radares). Em entrevista à INFORME ABIMDE, Henrique Gomes, CEO (Chief Executive Officer) da IAI do Brasil, fala sobre as intenções da companhia israelense no mercado brasileiro e como espera ampliar as relações da empresa no mercado nacional e latino.


19

IA - A empresa entrou no capital de duas empresas brasileiras nos últimos tempos. Você pode dizer os nomes das empresas e dar mais detalhes da transação? Qual é a vantagem desta operação? Gomes - Estamos entrando em uma segunda empresa (a primeira foi IACIT) e esperamos muito em breve sermos capazes de anunciar os detalhes. As vantagens de tal operação será a participação na indústria brasileira com uma estratégia de difundir nossas atividades e presença no País e na região (América do Sul). IA - Quais são os principais projetos com participação recente da IAI? Gomes - A concorrência mais importante foi o KCX-2 para a Força Aérea Brasileira (FAB), que também é um projeto estratégico para o governo brasileiro. IA - A IAI já comercializou dois VANTs (Veículo Aéreo Não Tripulado) para a Polícia Federal para auxiliar na coleta de informações. Quando foi isso? Gomes - O contrato foi assinado há quatro anos, após um longo processo de concorrência na busca da melhor solução para o mercado brasileiro. Desde então, o sistema operacional é um sucesso em várias missões ISR (Inteligência, Reconhecimento e Vigilância) dentro da Polícia Federal. IA - Quais são as aeronaves adquiridas pela Polícia Federal? Gomes - O modelo é o Heron 1, que utiliza diferentes sensores que permitem aos usuários voar por mais de 24 horas e em uma área superior a 1.000 km. Como a Polícia Federal mencionou, todas as informações de inteligência para operações como a do Menor P. foram reunidas usando previamente um VANT para ação em campo.

IA - Qual a sua expectativa para a venda de VANTs no Brasil? Isso é uma parte importante da estratégia da empresa? Gomes - Estamos ansiosos para os próximos grandes projetos no País, onde os VANTs estarão inseridos e a IAI, como pioneira neste segmento, tem uma série de opções para oferecer às Forças de Defesa Brasileiras. A ideia é ter um VANT fabricado no Brasil em breve. IA - Por que o VANT é necessário ou adequado às necessidades do governo brasileiro? Gomes - O Heron é o sistema mais adequado e eficaz para proteger as fronteiras de um país como o Brasil, com mais de 15.735 quilômetros de fronteiras terrestes e 7.367 km de fronteiras marítimas. Hoje, os VANTs são a melhor solução para missões de proteção, especialmente para países que, como o Brasil, possuem fronteiras terrestres diversas. Os VANTs permitem melhor eficiência, capacidade e resistência utilizando as mais recentes e avançadas tecnologias, bem como no custo efetivo na operação. IA - O Brasil enfrenta um iminente desafio de segurança, principalmente durante a Copa do Mundo. Qual sua avaliação sobre isso e o que a IAI pode oferecer ao governo brasileiro neste sentido? Gomes - Alguns dos sistemas que temos em uso nas Forças Brasileiras serão utilizados na Copa do Mundo, mas podemos destacar o uso do VANT Heron, pela Polícia Federal, que está programado para apoiar a segurança dos jogos no Rio de Janeiro. IA – Vocês já negociaram algum VANT para uso comercial no Brasil? Gomes - Nossos VANTs podem ser utilizados em diversas aplicações e necessidades civis, tais como controlar a devastação da floresta tropical, proteção contra incêndios. E, sim, já recebemos alguns pedidos para tais aplicações.

INFORME ABIMDE - Por que a IAI decidiu abrir um escritório no Brasil? Henrique Gomes - A IAI está na América do Sul há décadas, é um dos nossos principais mercados e tem crescido muito nos últimos anos. O Brasil é um país estratégico para nós e a companhia decidiu abrir um escritório na região a fim de permitir maior proximidade com o mercado, com os clientes brasileiros e para fortalecer as relações comerciais. Este é o primeiro passo de uma estratégia para expandir suas atividades no País e ter uma base industrial na região, bem como uma rede de apoio técnico para cobrir todo o território brasileiro. A IAI é aberta à transferência de tecnologia com a ideia de ter participação própria em algumas companhias e cooperação com outros parceiros estratégicos, como estamos fazendo no caso do SisGAAz, com a OAS, IACIT e Módulo.

Hoje, os VANTs são a melhor solução para missões de proteção, especialmente para países que, como o Brasil, possuem fronteiras terrestres diversas


20

TRAJETÓRIA

Tupi 4x4 da Avibras participa do processo de seleção do Exército

Fotos: Divulgação

por Karen Gobbatto

N

o último mês de abril, a Avibras apresentou ao mercado sua nova viatura blindada – o Tupi 4x4, projetada e desenvolvida em parceria com a Renault Trucks Defense. O novo produto foi desenvolvido em tempo recorde – quatro meses - especialmente para participar do processo de seleção conduzido pelo Exército Brasileiro para aquisição da Viatura Blindada Multitarefa Leve sobre Rodas (VBMT-LR). Esse programa faz parte do escopo do Projeto Estratégico do Exército Guarani, o qual inclui viaturas blindadas médias e leves. A VBMT-LR tem o objetivo de completar a nova família de viaturas blindadas sobre rodas, planejada para reestruturar e modernizar a capacidade da força terrestre. Os testes realizados pelo Exército com o Tupi devem ocorrer até junho, e a expectativa é que até novembro o governo defina qual veículo será adquirido. A expectativa da Avibras, vencendo a concorrência, é fornecer inicialmente 30 Tupis para o Exército Brasileiro. Após o anúncio do plano de avaliação e aceitação, emitido em novembro de 2013, a Avibras e a Renault Trucks Defense integraram suas capacidades para cuidadosamente projetarem e prepararem a viatura blindada Tupi 4x4 para atender a todos os requisitos, bem como aos requisitos operacionais básicos publicados em novembro de 2013, ambos do Exército Brasileiro. A viatura blindada Tupi 4x4 é baseada na Viatura Sherpa Light Scout, a qual é uma das várias versões da família de viaturas Sherpa Ligth, uma plataforma que oferece alta capacidade de carga (2,5 toneladas) e um peso total de oito toneladas, considerando todos os níveis de proteção balística e contra minas exigidos pelo Exército. A cabine blindada é espaçosa e ergonô-

mica, contendo quatro portas, cinco assentos, e permite a instalação de vários equipamentos de acordo com a versão da viatura e sua missão. O projeto flexível e modular do teto possibilita a fácil instalação de diferentes sistemas de armas, desde um simples suporte para metralhadora até diferentes marcas de torretas de armas com controle remoto, incluindo a nacional Remax. A cabine blindada básica tem provisão para instalação de blindagem adicional, permitindo que a viatura seja utilizada em tempo de paz em uma configuração mais leve, otimizando o consumo de combustível, bem como economizando pneus e freios e minimizando desgaste e quebras. Nas missões táticas, os kits de blindagem adicionais disponíveis propiciam diferentes opções de proteção aos tripulantes. O veículo foi projetado para transportar armamentos e pequenas tropas e pode ser usado em missões de paz, como as promovidas no Haiti e no Líbano, e até mesmo em missões nas favelas pacificadas do Rio de Janeiro. A larga combinação de sistemas de armas e proteção blindada só é possível graças à alta capacidade de carga do Tupi 4x4, resultado da utilização do conjunto composto por motor, transmissão e eixos da Renault Trucks Defense e que assegura elevada mobilidade mesmo com a viatura carregada no seu limite máximo de 10,5 toneladas. A viatura apresentada ao CAEx (Centro de Avaliações do Exército) já possui vários subsistemas e componentes feitos na Avibras para atender a requisitos específicos do EB, como por exemplo o sistema lançador de granadas fumígenas, sistema elétrico duplo, clinômetro, sistema de alto-falante, blindagem adicional e equipamento rádio. É esperado que um lote inicial de viaturas seja adquirido em caráter de urgência para prover


21

as necessidades da Força de Paz do Exército Brasileiro que deve se juntar a Unifil (Força Interina das Nações Unidas no Líbano). Como o Exército Brasileiro e também os Fuzileiros Navais têm interesse em adquirir uma quantidade expressiva da VBMT-LR, dividida em diversos lotes, começando em 2016, a estratégia das empresas é progressivamente aumentar o conteúdo local das viaturas Tupi 4x4 (que já começou a acontecer) e, caso o veículo seja selecionado, o conteúdo local deverá aumentar para 32% no lote inicial, alcançando mais de 60% em meados de 2016. Há 53 anos fazendo história Reconhecida internacionalmente pela excelência e qualidade de seus produtos e sistemas, a Avibras é uma empresa de engenharia brasileira privada fundada há 53 anos, ocupando destacado lugar na história do setor aeroespacial e uma das pioneiras no Brasil na área de construção de aeronaves e desenvolvimento e produção de engenhos espaciais para uso militar e civil. Com espaçosas instalações no Vale do Paraíba, coração do parque tecnológico e aeronáutico do Brasil, a Avibras é verdadeiramente uma “System House” com uma trajetória de conquistas que resultaram em produtos como antenas para telecomunicação; Astros II (Sistema de Saturação de Área por Foguetes de Artilharia); Skyfire-70 (Sistema de Foguetes ar-terra de 70 mm de última geração), foguetes de sondagem para o programa Espacial Brasileiro como os da família Sonda; mísseis e Sistemas Integrados de Comando e Controle. Como uma empresa consolidada no mercado, a posição da Avibras é destacada pelo Sistema Astros 2020 (nova geração do Sistema Astros, o

produto de maior sucesso da empresa) capaz de lançar mísseis de cruzeiros e foguetes guiados, atualmente em desenvolvimento na empresa; produção e industrialização de diferentes motores foguetes para a Marinha do Brasil e para a Força Aérea Brasileira; sistemas fixos ou móveis de C4ISTAR (Comando, Controle, Comunicação, Computação, Inteligência, Vigilância, Aquisição de Alvo e Reconhecimento); Aeronave Remotamente Pilotada (ARP) Falcão. Com visão no futuro, a Avibras está construindo uma nova fábrica de viaturas blindadas e aumentando a sua atual capacidade de produção, criando novos empregos e gerando renda. Parceria estratégica A Renault Trucks Defense é a parceira estratégica da Avibras no projeto Tupi 4x4. A empresa francesa é fabricante de referência para forças armadas terrestres, tendo projetado e desenvolvido uma completa gama de viaturas blindadas denominada Sherpa®. Fornecedor tradicional do exército francês, com mais de 4.000 viaturas blindadas para transporte de pessoal (VAB) em serviço, a Renault Trucks Defense possui mais de 65 países clientes em todo o mundo. As viaturas blindadas representam mais de 60% da sua atividade, mas também possui uma linha completa de caminhões que abrange todas as necessidades de uso militar. Renault Trucks Defense detém o controle de várias marcas de renome ao redor do mundo, como por exemplo a ACMAT e a Panhard. A família de viaturas Sherpa Light é um projeto moderno lançado em 2008 e já garantiu uma base sólida de clientes, incluindo diversas nações pertencentes a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), bem como outros países europeus, Oriente Médio e Ásia.


22

Fotos: Carla Dias/Felipe Christ/Divulgação

CAPA

Centro Integrado de Comando e Controle, da Aceco

COPA DO MUNDO O gol da indústria nacional

O

Ministério da Justiça, para cumprir a tarefa de coordenar as ações de Segurança Pública e Defesa Civil durante a realização da Copa do Mundo 2014 e das Olimpíadas e Paralimpíadas 2016, criou, em 2011, a Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos (Sesge/ MJ). A Sesge tem como principal escopo a coordenação da atuação dos órgãos envolvidos na segurança pública e defesa civil das esferas de governo federal, estadual e municipal, sendo a interface do Estado Brasileiro para a área de Segurança Pública e Defesa Civil com os Comitês Organizadores destes eventos. Para garantir o sucesso da segurança e da

por Claudia Pereira

ordem pública, a Sesge elaborou um sistema que visa integrar as forças de Segurança Pública e Defesa Civil, o qual utiliza um conjunto de Centros Integrados de Comando e Controle – CICCs (instalação física com capacidade de prover a gestão integrada de operações e a pronta resposta a incidentes críticos de Segurança Pública), Centros Integrados de Comando e Controle Móveis (CICCM) e Plataformas de Observação Elevada (POE), que serão utilizados nas ações de segurança para grandes eventos a serem sediados pelo Brasil, dotados de equipes de alto desempenho, modelo lógico, ferramentas de inteligência e sistemas tecnológicos de última geração, capazes de prover uma imagem fiel e em tempo real do panorama global,


23

eventos associados e recursos envolvidos. temas de energia redundantes, sistemas de refri O próximo evento, a Copa do Mundo, vem geração constantes, controle de acesso, mobiliário mobilizando o País com obras, projetos de infra- adequado etc.) das salas-cofres dos dez CICCs, de estrutura e de segurança, entre outras inúmeras modo a garantir sua total disponibilidade e funciodemandas que envolvem uma competição desse namento 24 horas por dia, sete dias por semana. porte. Tudo muito bem pensado para que o Brasil Com a dependência cada vez maior de sisfaça bonito diante de todo o mundo. temas informatizados e o aumento da necessidade São diversos segmentos reunidos. E na bus- de proteger as informações que eles administram, ca pelo Hexa, a indústria de defesa não poderia os CICCs serão uns dos principais legados deixaficar de fora. Pelo menos 15 Associadas da ABIM- dos para a população brasileira. Após os eventos, DE (Associação Brasileira das Indústrias de Mate- eles estarão 100% aptos a serem utilizados pela riais de Defesa e Segurança) já área de segurança pública namarcaram seu gol neste grande cional, inclusive agregando inevento. formações de outras instâncias A maioria estará fora do como a defesa civil, por exemcampo, mas sua posição, seus plo, no sentido de garantir maior equipamentos e trabalho serão agilidade e melhor atendimento fundamentais para garantir a seaos cidadãos. gurança de torcedores vindos de Para a construção dos todas as partes do planeta. CICCs a Sesge investiu R$ 161 De acordo com o Ministémilhões. O primeiro CICC foi rio do Turismo, espera-se que, inaugurado no Rio de Janeiro. durante o evento mais de 600 mil Os outros estão localizados em turistas estrangeiros e 1,3 milhão Brasília, Minas Gerais e Pernamde turistas nacionais se deslobuco. Os demais, no Amazonas, quem para as cidades-sede. Além Bahia, Ceará, Mato Grosso, Padas delegações de 32 países, cerraná, São Paulo, Rio Grande do ca de 20 mil jornalistas e 18 mil Norte, Rio Grande do Sul e Brasília. voluntários. É muita gente esperando ATECH encontrar o melhor no País do Outra empresa que entrará futebol e, com certeza, as tecnoem campo é a Atech, controlalogias desenvolvidas por nossas da pela Embraer Defesa & SeAssociadas auxiliarão governo, gurança. A companhia é responForças Armadas e polícias em sável pelo desenvolvimento e Aplicativo com termos geral a cuidarem melhor de toda pela modernização de todos os aeronáuticos desenvolvido pela Atech essa gente que vai invadir o Brasistemas de comando e controle sil nos próximos meses. do espaço aéreo brasileiro. Para Abaixo, a seleção ABIMDE que já garantiu Copa do Mundo, a empresa terá como destaque o presença no evento. Sigma (Sistema Integrado de Gestão de Movimentos Aéreos) – uma solução feita para maximizar a ACECO eficiência do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Terá forte atuação durante a Copa do Mun- Brasileiro e reduzir atrasos nos voos, além de mido, pois foi a responsável pela construção dos Cen- nimizar os custos operacionais das empresas tros Integrados de Comando e Controle (CICCs) de transporte aéreo, especialmente duque, sob a coordenação da Secretaria Extraordi- rante os grandes eventos que serão nária de Segurança para Grandes Eventos (Ses- realizados no Brasil. ge), centralizarão o monitoramento de toda a se- O sistema permite balancegurança (polícia, bombeiros, serviços públicos) e ar a capacidade de atendimenserão os locais de onde a administração pública vai to dos aeroportos e do espaço coordenar todo o trabalho de antever e adminis- aéreo com a demanda projetrar possíveis crises que possam surgir durante os tada de movimentos aéreos. eventos. O Sigma possibilita atuar A Aceco TI assina toda a infraestrutura (sis- estrategicamente na fase


24

de planejamento dos voos regulares e, taticamente, durante a operação diária no gerenciamento de tráfego aéreo, minimizando impactos decorrentes do eventual desequilíbrio entre capacidade e demanda, a fim de garantir a segurança das operações, a regularidade e a pontualidade dos voos. Ao integrar os dados das companhias aéreas, aeroportos e órgãos de controle, entre outros, com informações meteorológicas de interesse para o controle de tráfego em uma base de dados unificada, o Sigma permite acessar e tratar, de forma simples e rápida, as informações sobre aeroportos e de todo espaço aéreo, além de dados sobre a demanda de tráfego. Com isso, o sistema permite que os Astor Vasques, presidente da Bradar, com o radar SABER-M60 órgãos de monitoramento estabeleçam ações de comando e controle nas distintas fases do planejamento das operações aéilustrações em mais de 40 verbetes, armazena reas, facilitando o emprego das melhores práticas palavras favoritas e permite o compartilhamento de gestão de fluxo de tráfego. por e-mail. O AeroZ conta com versões para iOS “O sistema incorpora uma mudança signifi- e Android e já está disponível, gratuitamente, na cativa no processo de geração e encaminhamen- App Store e na Google Play. to das mensagens dos serviços de tráfego aéreo (ATS) por meio da implantação do processo de BCA tratamento inicial centralizado de plano de voo, A BCA é outra associada que marca presencolocando o Brasil no mesmo nível de evolução ça com seus produtos. A companhia de São José tecnológica dos países com movimentação aérea dos Campos (SP) fornecerá os Insert Plates (plamais intensa”, comenta Jorge Ramos, presidente cas de proteção balística) que serão utilizados nos da Atech. coletes da Polícia Militar do Rio de Janeiro durante AeroZ Do gerenciamento do espaço aéreo para os celulares, a empresa inova mais uma vez e traz para Copa do Mundo o AeroZ, um aplicativo para smartphone voltado a promover e fomentar a cultura aeronáutica e que possui definições detalhadas e ilustradas de mais de 300 siglas e palavras. “É um aplicativo para os amantes e curiosos da aviação e também para quem precisa de uma fonte rápida e confiável de consulta para explicar os termos técnicos relacionados à indústria aeronáutica”, comenta Ramos. “O objetivo da Atech é promover a cultura aeronáutica e prestar um importante serviço à população, que muitas vezes não compreende expressões usadas nos aeroportos e nos voos comerciais”, completa o executivo. Uma vez instalado, o aplicativo funciona mesmo sem conexão à internet, apresenta

o evento. Este material é usado, como uma opção, dentro de coletes à prova de bala para que ofereça um nível de proteção maior que o disponível quando utilizado apenas o colete. Geralmente, são classificados como ‘stand-alone’ ou ‘Vest Dependent’. Placas “stand-alone” são projetadas para inibir ameaças balísticas usando apenas a placa. O colete não é necessário para que este material detenha os projéteis e fragmentos de um ou mais disparos. Estas placas são, geralmente, utilizadas para operações táticas ou trabalho antiterrorista, onde a ameaça de munição é desconhecida, ou ainda se necessário maior margem de segurança para o usuário. Placas “vest dependent” são projetadas para barrar a ameaça especificada dentro do colete/placa. Alguns fragmentos podem penetrar na placa, mas sua energia é diminuída drasticamente para que seja facilmente contida pelo colete balístico usado. Placas “vest dependent” são mais leves, mais confortáveis e menos volumosas do que placas “stand-alone”.


25

Também por ocasião da Copa, a companhia fornecerá placas de proteção balística para a Polícia Federal (lanchas blindadas para proteção e fiscalização de portos), Polícia Militar e Exército (helicópteros blindados). “A BCA foi escolhida para fornecer estes produtos por possuir diferencial tecnológico para oferecer alta performance em proteção balística com o menor peso do mercado. No caso dos Insert Plates, por exemplo, a matéria-prima deste tipo de proteção balística é muito sensível. A BCA é a única fabricante na América do Sul que consegue processá-la atendendo padrões internacionais”, explica André Bertin, CCO (Chief Commercial Officer) da BCA. BRADAR A companhia estará presente em todos os estádios da Copa com o radar SABER-M60. Serão utilizados 20 equipamentos, distribuídos em áreas estratégicas, monitorando e enviando informações em tempo real sobre o espaço aéreo de cada local. Os dados serão enviados para uma Central de Comando das Forças Armadas, auxilando na tomada de decisão. O radar foi desenvolvido pela Bradar, empresa controlada pela Embraer Defesa & Segurança, em parceria com o CTEx (Centro Tecnológico do Exército). O SABER é um dos carros-chefe da empresa. Ele permite rastrear alvos em um raio de 60 quilômetros, transmitindo informações em tempo real para um Centro de Operações de Artilharia Antiaérea (COAA). O equipamento também está integrado ao SISDABRA (Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro), da FAB (Força Aérea Brasileira). Por ser móvel e de baixo peso, o M-60 pode ser facilmente transportado para qualquer local do território nacional ou empregado em missões de paz no exterior. Sua instalação para entrar em operação pode ser feita em menos de 15 minutos e por apenas três pessoas. No ano passado, o SABER-M60 foi utilizado na segurança da Copa das Confederações e na Rio + 20, conferência das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável. Para o presidente da Bradar, Astor Vasques, é uma grande conquista para a empresa integrar eventos tão importantes para o País. “É um orgulho para a Bradar participar de um evento mundialmente importante e estar mais uma vez apoiando as Forças Armadas brasileiras na defesa e segurança de nosso País”.

HELIBRAS De olho na segurança do espaço aéreo brasileiro também está a Helibras, com uma frota de 122 helicópteros que serão utilizados pelas Forças Armadas e pelas Secretarias de Segurança Pública estaduais, que executarão missões de patrulha, segurança e transporte durante a Copa do Mundo. Entre os helicópteros de grande porte, serão utilizados pela FAB quatro novos EC725, sendo dois deles em configuração de tropa para segurança e patrulha, e outros dois destinados ao transporte de autoridades. Os modelos são fabricados no Brasil, conforme contrato de transferência de tecnologia e produção, assinado em 2008, entre a Helibras e o Ministério da Defesa para equipar as três Forças Armadas. A FAB também poderá contar com quatro Super Pumas, modelo utilizado nas missões executadas pela Força durante a visita do papa Francisco ao Brasil, em 2013, com o qual o pontífice também realizou seus deslocamentos. Duas unidades do modelo biturbina médio EC135 T2 também estarão aptos para as atividades de patrulha e transporte. Essas aeronaves, produzidas na França, receberam serviços de finalização e acabamento na fábrica da empresa em Itajubá (MG). Com relação ao Exército, estarão a serviço da Copa do Mundo 55 dos 82 helicópteros da Helibras operados pela AvEx, dos modelos Cougar, EC725, Fennec e Pantera. O Fennec é a versão militar equipada para combate do helicóptero Esquilo, modelo fabricado na linha de montagem da Helibras, desde 1978, incorporando atualmente de 48% a 54% de conteúdo brasileiro em sua produção. Já os grupamentos aéreos de Polícia e Corpo de Bombeiros das 12 cidades-sede da Copa vão disponibilizar um total de 57 helicópteros, cerca de 50% de suas frotas somadas. As corporações operam, em sua maioria, aeronaves da família Esquilo com sistema de vigilância aérea composto de imageador térmico de longo alcance, gravador de imagens e downlink de imagens em tempo real,

Helicóptero Pantera, da Helibras


26

o que aumenta a capacidade de detecção e identificação de alvos e ilícitos. “A Helibras se orgulha em ter seus helicópteros operando em todas as instâncias de segurança e defesa do País e de estar presente num grande evento mundial Unidade móvel da RFCom como este, com mais de 120 aeronaves de nossa marca escolhidas pelos operadores para as atividades de segurança e transporte. De nossa parte, ofereceremos em mais essa oportunidade todo o apoio necessário para o sucesso das atividades, contando também com a participação de fornecedores e tecnologias nacionais”, comenta Eduardo Marson, presidente da Helibras. MÓDULO A Módulo Security é uma das responsáveis pelo fornecimento e implementação de soluções de TI a serem aplicadas nos CICCs (Centros Integrados de Comando e Controle) alocados em 12 cidades do País (e na estrutura nacional em Brasília). O Módulo Risk Manager, software desenvolvido pela companhia, contempla soluções para: atendimento e despacho, inteligência, gestão de riscos, governança, TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação) e segurança, dispositivos móveis e plataforma implementada pela Módulo com o software Módulo Risk Manager. O integrador desenhado pela empresa, possibilita uma integração de sistemas heterogêneos de rádios, telefones, canais de comunicação, vários veículos, equipamentos e bases de dados que estão integrados entre si. O acesso às informações integradas permite iniciar rapidamente o ‘workflow’ de tratamento de eventos e incidentes. Além disso, a Módulo participa do Centro de Defesa Cibernética (CDCiber), que está subordinado ao Comando do Exército e realiza as atividades de defesa cibernética no âmbito do Ministério da Defesa, tendo a função de coordenar e integrar a segurança cibernética identificando os envolvidos, ter a visão global, investigar e fazer análises de riscos.

Durante a Copa do Mundo, o CDCiber será responsável pela Coordenação e Integração da Segurança e Defesa Cibernética, definidas no Planejamento Estratégico de Segurança Geral. O Risk Manager está sendo utilizado como principal ferramenta de monitoramento e integração de dados e a Módulo está fornecendo serviços de operação assistida no ambiente do Centro de Defesa Cibernética, além de serviços de avaliação de riscos nos Centros de Coordenação de Defesa de Área nas 12 cidades-sede, implementando a metodologia de gestão de riscos, a metodologia de tratamento e resposta à incidente de segurança, além da elaboração de um modelo de gestão de segurança da informação e comunicações no CDCiber. “A plataforma implementada pela Módulo com o software Módulo Risk Manager , possibilita a integração de sistemas, bancos de dados, rádios, telefones, canais de comunicação, veículos e equipamentos heterogêneos. O acesso às informações integradas permite monitorar os eventos e iniciar rapidamente o tratamento de ocorrências e incidentes através de um workflow”, explica Fernando Nery, sócio-fundador e diretor de desenvolvimento de negócios da Módulo. MORPHO DETECTION A Morpho Detection, que integra o Grupo Safran, terá o produto Itemiser DX, detector de mesa flexível e leve que analisa, simultaneamente, íons positivos e negativos, permitindo a detecção avançada de narcóticos e explosivos em aeroportos de 11 cidades-sede da Copa. Serão 49 Itemiser DX em funcionamento em aeroportos brasileiros, sendo 33 em localizados nas cidades-sede. O produto da Morpho é o primeiro detector de vestígios no mundo com essa característica de simultaneidade, permitindo a detecção de uma variedade de narcóticos e explosivos. A detecção de íons positivos e negativos permite a identificação eficaz em uma única amostra. Ele fornece a verificação rápida e simultânea de explosivos e narcóticos em um pacote que é ergonômico e portátil. Alguns dos benefícios do Itemiser DX: primeiro detector de narcóticos e explosivos em modo Itemiser DX, da Morpho Detection


27

duplo do mercado; pode detectar uma ampla gama de substâncias; apresenta resultados em oito segundos; bibliotecas expansíveis; histórico abrangente de dados e arquivos de alarme pode ser recuperado e impresso. “Ficamos contentes em saber que os aeroportos administrados pela Infraero, localizados nas cidades-sede da Copa do Mundo, estão seguindo níveis internacionais de segurança. A utilização do Itemiser DX para inspeção de bagagens e passageiros, em busca de explosivos e drogas, eleva o nível de segurança destes aeroportos comparando-os com os principais terminais do planeta”, comenta Raphael Periard, gerente comercial da Morpho Detection no Brasil. NEC Com expertise em soluções convergentes de redes de comunicação e tecnologia da informação, a NEC foi escolhida como fornecedora de soluções para quatro arenas que serão sedes de jogos na Copa do Mundo: Arena Pernambuco, em São Lourenço da Mata (PE); Arena das Dunas, em Natal (RN); Arena Fonte Nova, em Salvador (BA); e Arena da Baixada, em Curitiba (PR). Com foco no conceito de integração total das soluções, a NEC implementou uma sala de comando e controle em cada um dos projetos, responsável por centralizar as diversas soluções de TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação) empregadas, como sistemas de segurança, infraestrutura IP, redes wireless, telefonia, gestão predial, bem como os sistemas audiovisuais, que estão presentes em todos os empreendimentos. A partir das salas de controle das arenas é possível ter uma perspectiva geral sobre as ações dentro e no entorno dos estádios. No que se refere à gestão predial e à segurança, foram instalados, além da automação predial, sistemas de controle de acesso, controle de intrusão de perímetro e sistema de monitoramento e detecção de alarmes. Ainda com foco na segurança, os projetos estão preparados para receber solução de reconhecimento facial para identificação das pessoas que circulam pela área de cobertura, bem como análise de características como idade, sexo, comportamento, entre outros. De acordo com Massato Takakuwa, diretor de negócios para governo da NEC no Brasil, foram empregadas tecnologias de ponta, a fim de oferecer às arenas brasileiras o que há de mais moderno no mercado. “O amplo portfólio de TIC que a NEC disponibiliza, somado ao know-how que a empresa concentra nessa área, com participação em diversos empreendimentos ao redor do mundo, são al-

guns dos fatores que credenciaram a companhia a fazer parte de todos esses projetos”. OPTOVAC Os equipamentos da brasileira Optovac (integrada a Sagem, grupo Safran) também estão na lista de convocados para a Copa. Três produtos de optrônica portátil da companhia serão usados pela Polícia Federal para cumprir a segurança dos entornos dos estádios e o acompanhamento das delegações oficiais: duas lunetas a infravermelho para armamento (Sword T&D com visão termal e diurna; Sword Light com visão termal) e um binóculo multifuncional a infravermelho de longo alcance para observação e aquisição de alvo, JIM LR. A Optovac também forneceu os sistemas de controle de voo dos helicópteros EC725 (da Helibras) que o Exército Brasileiro irá operar na Copa do Mundo. “Temos o maior orgulho de saber que a tecnologia da Optovac será usada em missões de segurança pública na ocasião da Copa do Mundo 2014. Nossas soluções foram desenvolvidas para atender as necessidades de controle de voo, observação, identificação e localização de precisão” explica Valérie Redron, CEO da Optovac. RFCOM A RFCOM é ouBinóculo JIM LR, da Optovac tra empresa que também tem cadeira cativa no Mundial. Pioneira no desenvolvimento e fabricação de shelteres (abrigos) militares no Brasil, é também especializada no desenvolvimento de Unidades Móveis para Broadcast, Componentes de RF e Equipamentos de Teste para aplicações em sistemas de defesa, televisão e telecomunicações. Na Copa do Mundo, a empresa terá dezenas de unidades, das mais diversas formas e funcionalidades, operando no evento. Suas viaturas serão usadas pelas Forças Armadas, polícia e emissoras de TV de todo o País. Uma atuação digna de um jogador completo. “Nos sentimos orgulhosos em fornecer dezenas de produtos, equipamentos e serviços com alta tecnologia e qualidade para clientes dos segmen-


28

tos de broadcasting, telecom e defesa/segurança. Com certeza, estaremos do início ao fim contribuindo para o sucesso dessa Copa“, disse Paulo Cesar Ceragioli, diretor técnico da companhia. A RFCOM está situada em São José dos Campos, uma região altamente industrializada e um importante centro tecnológico brasileiro, a 100 km de São Paulo. A companhia iniciou suas atividades em 1994, com o impulso da indústria wireless no Brasil, tornando-se uma das primeiras empresas a oferecer todo o suporte e linha de equipamentos necessários para instaladoras de celulares fixos, chegando a líder do segmento. Hoje, a RFCOM tem mais de 800 clientes ativos, incluindo operadoras de celular, fabricantes de estações radiobase, clientes das áreas de rádio difusão de TV e rádio, defesa, segurança pública, mineração, exploração de petróleo, e indústria aeroespacial. TRUCKVAN A Truckvan forneceu para o Ministério da Justiça, por meio da Sesge, 22 POE - Plataforma de Observação Elevada. Orçada em R$ 1.950 milhão, a Unidade Móvel POE comporta um sistema de monitoramento de imagens de médio alcance, composto por 14 câmeras com tecnologia de reconhecimento de face, e área de atuação de até 3 km de distância. O sistema de observação é instalado em um mastro telescópico de 15 metros de altura, coberto por uma escotilha automática. Além da captação, o veículo conta com redes wi-fi e mesh (via rádio), que permitem a visualização das imagens em um raio de até 500 metros de distância, possibilita também o envio dos dados em tempo real para os Centros Integrados de Controle e Comando Regional (CICCR) por meio de equipamentos de tecnologia móvel, como tablets ou telefones celulares. “Nós entendemos que as POEs farão parte dos grandes legados da Copa do Mundo, porque vão ficar aqui no Brasil e poderão ser usadas pelas polícias em eventos, manifestações e datas comemorativas”, afirma Alcides Braga, sócio-diretor da Truckvan. Durante o Mundial da Fifa, duas POEs ficarão em cada uma das 12 cidades-sede, com exceção de Cuiabá (MT) e Natal (RN), que terão uma Unidade Móvel. Outras goleadoras Outras empresas com tecnologias utilizadas ao longo do evento serão a IMBEL, que

terá os seguintes produtos empregados pelas Forças Armadas e Forças de Segurança: Armamento Leve: Para-FAL 7,62; Fuzil de Repetição 7,62 de Alta Precisão (Sniper); Linha de Produtos IA2 constituída de Fuzil de Assalto 5,56 IA2; Carabina 5,56 IA2; Faca de Campanha IA2, e Faca de Campanha AMZ; e Linha de Pistolas 9 mm e .40. Sistemas de Abrigos Temporários – SATi (constituídos de Abrigos de Alto Desempenho). Material de Comunicações e Eletrônica (Equipamento Rádios Portáteis e Veiculares). E Produtos Químicos (Explosivos, pólvoras e acessórios empregados em treinamentos de tropa e cães de guerra). A INCOSEG (Indústria e Comércio de Equipamentos de Segurança) terá alguns de seus produtos utilizados por PMs no policiamento durante o período do evento como, por exemplo, trajes antitumulto, escudos antitumulto de alta absorção de impactos, caneleiras antitumulto, capacetes antitumulto, cassetetes tipo Tonfa, capacetes de policiamento, escudos balísticos nível III-A e bastões antitumulto. A Gespi também atuará no período da Copa dando suporte/manutenção de equipamentos da aeronave C-130 da Força Aérea Brasileira, que será utilizada no apoio logístico durante o evento. A Archo, juntamente com a Mako, assina toda a parte de engenharia e de instalação (referentes à documentação) do TCAS (Traffic Collision and Avoidance ou Sistema de Evasão de Colisões), que monitora as trajetórias de voo de aeronaves próprias com precisão, o que possibilita uma visão clara e imediata da situação de tráfego e de voos mais seguros em um espaço aéreo de alta densidade. Este é um produto essencial para aeronaves, principalmente para os helicópteros que serão utilizados por emissoras de TV e rádio durante o mundial. É um equipamento eletrônico que para ser instalado no Brasil precisa de um manual de instalação, de um trabalho de engenharia, exatamente a expertise da Archo. Além deste trabalho de engenharia, a companhia também fornecerá todos os fios que vão nas antenas e nos equipamentos que configuPlataforma de Observação ram o TCAS. Elevada, da Truckvan


29

PARCERIA

A

deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB - AC), presidente da Subcomissão Permanente para Acompanhamento dos Projetos Estratégicos das Forças Armadas, é uma das grandes aliadas do setor de defesa em nosso País. Em entrevista à revista INFORME ABIMDE, ela ressalta os avanços da área e a importância para o Brasil em ter uma indústria de defesa forte. A parlamentar fala ainda sobre o corte no orçamento sofrido este ano: “este é um drama que se repete ano a ano, com efeito perverso. É um ‘balde de água fria’ no ânimo da indústria, uma vez que afeta a perenidade e o fluxo dos recursos para a Defesa Nacional”. Para a deputada, não há mais espaço para retrocessos ou congelamento de compromissos com os projetos ligados às Forças Armadas. Nessa luta, ela destaca o papel da ABIMDE. “A ABIMDE tem sido de fundamental importância no sentido de apresentar as visões e as demandas da indústria de defesa junto ao Parlamento. No meu caso específico, quando presidi a Comissão de Relações Exteriores de Defesa Nacional, e hoje como presidente da Subcomissão dos Projetos Estratégicos, a ABIMDE tem sido uma parceira de todas as horas”. Veja abaixo a entrevista concedida pela deputada Perpétua. INFORME ABIMDE - Como a senhora avalia a parceria da Câmara dos Deputados com o setor de defesa? Deputada Perpétua Almeida Nos últimos anos têm aumentado os debates sobre os temas de Defesa na Câmara dos Deputados, em especial na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN). Quando presidi essa comissão, em 2012, tive a preocupação de dar ênfase aos temas relacionados com a Defesa Nacional, inclusive criamos uma Subcomissão específica e permanente para acompanhamento dos projetos estratégicos das Forças Armadas. Desde então passei a coordenar esta Subcomissão. Recentemente, também foram realizados dois grandes seminários na Câmara. Em 2012, um denominado “Estratégias de Defesa Nacional”, e outro, agora em maio de 2014, cujo tema foi “Projetos Estratégicos das Forças Armadas: contribuição ao desenvolvimento nacional”. Ambos com grande presença de público. Os debates contaram com a participação do ministro da Defesa, Celso Amorim, dos comandantes das Forças Armadas, empresários da indústria e os principais especialistas em questões de defesa no País. Além de muitos parlamentares, sobretudo aqueles mais afeitos ao tema.

A luta para se ter uma indústria de defesa forte no país por Valéria Rossi

IA – Como a Câmara dos Deputados pode apoiar a indústria nacional na questão dos orçamentos estabelecidos pelo governo para o setor? Perpétua - A Subcomissão de acompanhamento dos projetos estratégicos das Forças tem focado sua atividade, principalmente, no diagnóstico e levantamento de proposições voltadas à questão do financiamento, mais especificamente na preocupação em como “tirar do papel” o Paed (Plano de Articulação e Equipamento da Defesa), que tem potencial para organizar a demanda, incentivando a indústria a se mobilizar. Monitoramos as Comissões da Câmara, principalmente a de orçamento, durante as votações das emendas orçamentárias para assegurar que o montante dos projetos estratégicos fossem contemplados.


30

Realizamos importantes debates com a presença de parlamentares membros, especialistas e a representação empresarial, inclusive a ABIMDE, na pessoa de seu presidente, Sami Youssef Hassuani. A partir dessas discussões apresentei duas propostas legislativas, uma na forma de emenda no Código de Mineração, que garante um fundo proveniente dos royalties para financiamento, estruturação e manutenção da indústria de defesa, a exemplo do que ocorre em outros países. E outra, para que o acervo tecnológico/direitos de propriedade intelectual e industrial das empresas possa servir de garantias para acesso aos programas de financiamento. Assim, pequenas empresas, importantes na cadeia da defesa, podem desenvolver, vender no mercado interno e exportar seus produtos. A partir do último seminário de defesa, iniciei diálogo com a Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) e faremos o mesmo com instituições bancárias, para permitir que EED (Empresa Estratégica de Defesa), legalmente diplomada, possa ter o benefício de subir um ou dois níveis na avaliação de crédito, tanto nas operações bancárias como nas de fomento à inovação. A Lei 12.598/12, Decreto 7.970/13, Artigos 17 e 18 (“DOS FINANCIAMENTOS ÀS EMPRESAS ESTRATÉGICAS DE DEFESA”), já nos indica este rumo, mas não explícito. E ainda, como sugestão do seminário, já indiquei ao relator do meu projeto que acrescente emenda assegurando que os órgãos financiadores aceitem como garantias contratos que as EEDs tenham firmado com instituições. IA - Como a senhora avalia o corte no orçamento para este ano? Perpétua - Este é um drama que se repete ano a ano, com efeito perverso. É um “balde de água fria” no ânimo da indústria, uma vez que afeta a perenidade e o fluxo dos recursos para a Defesa Nacional. Este ano afetou, inclusive, o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que em 2012 e 2013 teve sete projetos estratégicos incorporados ao seu portfólio. Essa, aliás, era uma demanda do parlamento: colocar os projetos estratégicos no PAC, justamente para evitar seu contingenciamento. O mercado financeiro fica num verdadeiro terrorismo contra o Brasil e sua política econômica. Após a presidenta Dilma derrubar, em outubro de 2012, os juros reais para cerca de 2% ao ano, houve uma enorme pressão dos setores rentistas contra esse ajuste de política econômica. Em 2013, e agora, esse mesmo setor financeiro frequenta diariamente as páginas dos jornais para falar de gastança do governo quando, na verdade, devido à grave crise internacional

todos os países, a começar pelos Estados Unidos, estão promovendo pesados déficits fiscais para reanimar suas economias. Essa descabida pressão contra os ajustes na política econômica é que tem forçado os cortes no orçamento, inclusive nos projetos estratégicos. Os agentes políticos e o povo brasileiro precisam estar atentos a isso. IA - No que diz respeito à exportação, como a Câmara dos Deputados pode ajudar a indústria nacional vender mais para países estrangeiros? Perpétua - Como já disse anteriormente, o projeto que apresentei contempla essa preocupação. A partir de sugestões de especialistas e da própria indústria, pós-seminário, estamos aperfeiçoando-o. Uma outra questão, que já incluímos nos diálogos com o Itamaraty, é que nas negociações de parceria que o Brasil faz com outros países temos que garantir que essa pauta esteja presente, para que nossas empresas possam vender seus produtos. IA - Quanto ao mercado interno, o que pode ser feito para melhorar e estimular o crescimento desse setor? Perpétua - A questão essencial é: o como equacionar o tema financiamento. O ministro Celso Amorim tem falado em elevar os gastos dos atuais 1,5% do PIB para cerca de 2%. E nós, parlamentares, precisamos apoiar essa ideia. Os fluxos de recursos para os projetos estratégicos têm que ter regularidade e perenidade, caminhando para um plano plurianual, não contingenciável. Precisamos reconhecer o que já está em andamento. É de grande iniciativa para o País a decisão do Estado em apoiar e proteger empresas estratégicas – nossa mola no desenvolvimento produtivo e tecnológico. Porém, acredito que devemos mergulhar mais fundo nisso, impedindo, efetivamente, a desnacionalização de nossas empresas, que são assediadas por grandes companhias estrangeiras. Destaco também um conjunto de medidas de política industrial, tecnológica e de inovação. Um exemplo marcante foi o êxito, até o presente momento, do Programa Inova AeroDefesa que revelou o amplo potencial de envolvimento da Base Industrial de Defesa (BID) em projetos inovadores. Outras que destaco e que são de grande importância são as medidas geradas no âmbito do Plano Brasil Maior, que possui área específica e prioritária relacionada à defesa Aeronáutica, assim como as medidas na área tributária, visando melhorar a competitividade de nossas empresas, como é o caso do Retid (Regime Especial Tributário para Indústria de Defesa) Creio que precisamos ser mais rigorosos


31

na política de conteúdo nacional e de nacionalização de equipamentos nos projetos estratégicos em curso. Nesse sentido, como defendi no recente seminário na Câmara dos Deputados, é fundamental efetivar todos os 92 projetos de nacionalização do submarino convencional e iniciar os do nuclear; aumentar a capacidade tecnológica genuinamente nacional, por exemplo, do KC-390 e do novo Gripen NG em áreas sensíveis, como aviônica (o “coração” do avião), que caminha, se nada for feito, para ser estrangeira; precisamos avançar, por meio da mobilização da indústria nacional, no fornecimento de equipamentos sensíveis, por exemplo, ao Sisfron (Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras). O novo veículo blindado do Exército, o Guarani, é montado sobre um carro italiano. Então, eu pergunto: por que não estimular um ressurgimento da indústria nacional de blindados, como foi a Engesa, por exemplo? IA - Como a senhora vê a parceria do legislativo com a ABIMDE? Perpétua - A ABIMDE tem operado um papel extraordinário no sentido de apresentar as visões e as demandas da indústria de defesa junto ao Parlamento. No meu caso específico, quando presidi a Comissão de Relações Exteriores de Defesa Nacional e, hoje, como presidente da Subcomissão dos projetos estratégicos, a ABIMDE tem sido uma parceira de todas as horas.

IA - A senhora gostaria de acrescentar alguma outra questão? Perpétua - Apesar da demanda reprimida nessa área, em governos anteriores, são grandes os avanços nos últimos anos. Mais precisamente desde a promulgação da Estratégia Nacional de Defesa em 2008. No entanto, temos ainda importantes desafios pela frente. Como disse na abertura do nosso seminário, precisamente quando avançamos é que percebemos a necessidade de novos avanços. Foi assim com as manifestações de junho passado, é assim na economia e é assim na política industrial. Portanto, não há mais espaços para retrocessos ou congelamento de compromissos no grande desafio nacional de prosseguir na constituição de Forças Armadas modernas e aptas para a defesa da soberania e da integridade nacional. Precisamos garantir a continuidade das medidas em curso. E, tão importante quanto isso é pensar e planejar a continuidade das novas medidas para novos avanços a partir de janeiro de 2015.

IA - Em sua opinião, qual a importância da ABIMDE para o setor? Perpétua - O crescimento da ABIMDE, no período recente, passando a congregar mais de 220 empresas – incluindo aí todas as mais importantes – é expressivo. Salta aos olhos de forma positiva. Mas o empresariado precisa estar consciente da importância e da força de sua entidade, da legitimidade que tem para encaminhar e defender a BID, um dos motores do desenvolvimento nacional.

Zeca Ribeiro/ Câmara dos Deputados


32

CSA

ABIMDE lança Comitê de Segurança Alimentar por Claudia Pereira

O

tema alimentação tem, a cada dia, ganhado mais espaço na área de defesa e segurança. Tanto que a ABIMDE já possui dentre seus associados importantes empresas do segmento e anunciou, recentemente, a criação do Comitê de Segurança Alimentar (CSA). O objetivo do CSA é trabalhar no desenvolvimento de produtos e serviços duais, oferecendo desde sugestões para militares em campo até para civis que, eventualmente, estejam desabrigados por conta de enchentes, deslizamentos, entre outros. Este é o quarto comitê da associação, que já possui o de VNT (Veículo Não Tripulado), o de Simulação e Treinamento e o de Cibernética. A INFORME ABIMDE conversou com o coordenador do CSA, Fabio Baptista, da JBS, que falou sobre as expectativas deste projeto. INFORME ABIMDE - Quando e como surgiu a ideia de se formar este comitê? Fabio Baptista - A ideia de constituir o Comitê de Segurança Alimentar foi um processo natural, visto que a ABIMDE começou a receber empresas do segmento alimentício. Com a aproximação das empresas surgiram os primeiros projetos, que logo convergiram para a formação do comitê.

IA - Quem pode participar e como fazer para ingressar? Baptista - Podem participar as empresas associadas à ABIMDE e Organizações Militares e Civis que tenham interesse em acompanhar os projetos. Nosso e-mail é o csalimentar@abimde.org.br IA - Qual a importância deste comitê para as empresas do setor? Baptista - O comitê permite a troca de experiência entre as diversas empresas do setor, bem como a complementação em alguns projetos, devido à especialização de cada companhia. IA - Qual a importância deste comitê para a ABIMDE? Baptista - Os temas relacionados a materiais de defesa e segurança são muito amplos, desta maneira a criação dos comitês se faz necessária para segmentar e direcionar os trabalhos da entidade.

IA - Qual o objetivo? Baptista - Desenvolver produtos e serviços duais na área de alimentação, empregando as mais modernas tecnologias a fim de garantir a segurança alimentar de militares e civis.

Carla Dias

IA - Quais as primeiras ações do comitê? Baptista - As primeiras ações consistem na apresentação formal do comitê junto aos órgãos governamentais, para que as entidades interessadas tenham ciência do CSA e de seus objetivos. Desta maneira, soluções conjuntas irão surgir. Como exemplo de integração, estamos trabalhando no kit de alimentação coletiva, que poderá alimentar, de forma segura, entre oito e dez pessoas em situações emergenciais como, por exemplo, as enchentes que acompanhamos em Porto Velho (RO), além de poder ser utilizado como reserva estratégica devido a validade de dois anos sem refrigeração.


33

ARTIGO

A

A indústria brasileira de Aeronaves Remotamente Pilotadas: SITUAÇÃO ATUAL

Divulgação

ABIMDE (Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança) criou, no final de 2011, o Comitê de Veículos Não Tripulados. Ele reúne oito indústrias fabricantes de ARP (Aeronave Remotamente Pilotada ou VANT – Veículo Aéreo Não Tripulado), a maioria de pequeno porte e todas com capital total ou majoritariamente nacional. Elas foram criadas ou iniciaram seus projetos de produção de VANT a partir de 2006, quase todas incentivadas com subsídios da Finep/MCT (Financiadora de Estudos e Projetos / Ministério da Ciência e Tecnologia). Até hoje, os incentivos foram superiores a R$ 100 milhões para projetos de desenvolvimento dessa tecnologia, com foco em prioridades definidas pelo Ministério da Defesa. ARP ou VANT é um produto tratado explicitamente como prioritário para as três Forças - Marinha, Exército e Aeronáutica na Estratégia Nacional de Defesa (END). As ARP têm na sua essência a característica da dualidade – atender tanto o mercado militar quanto o mercado civil – preconizado na END. Como todas as indústrias de alta tecnologia, ela tem o poder de modernizar outros setores. Estudo de uma de nossas empresas demonstra que, com o imageamento aéreo a baixo custo se pode aumentar em até 20% a produtividade de culturas de cana de açúcar, assim como outras culturas agrícolas. Não é preciso ressaltar que impacto isso pode ter em uma de nossas principais atividades econômicas, tanto para o mercado interno como para exportações.

Antonio O. Castro Coordenador do Comitê de VNT ABIMDE

E há outras aplicações potenciais igualmente revolucionárias em nosso país no mercado civil, como em mineração, controle de grandes obras de infraestrutura, na segurança pública e defesa civil, na supervisão das dezenas de milhares de quilômetros de linhas de transmissão de energia elétrica, igualmente nas linhas de oleodutos, e muito mais. Na área de defesa há igualmente múltiplas aplicações. A mais frequente é de reconhecimento de alvos e vigilância (ISR – Intelligence, Surveillance and Reconnaissance). Enquanto que na área civil predominam as ARP de pequeno porte, na área militar elas variam de equipamentos que podem ser levados na mochila de soldados até aeronaves com envergadura de um jato de combate, inclusive com capacidade de ataque com mísseis e bombas a alvos. A estratégia de se apoiar a formação das indústrias de ARP no País, por meio de subsídios a projetos de desenvolvimento tecnológico, se mostrou muito eficaz. Podemos dizer, sem dúvidas, que dominamos essa área. Mas tecnologias têm como propósito colocar produtos no mercado, fazer negócios, gerar empregos de alto nível, renda interna e de exportação, para que possa manter essas equipes em constante atualização com o estado das artes do conhecimento tecnológico do setor. Para tal, precisamos urgentemente da regulamentação de voos comerciais da parte da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), com quem a ABIMDE vem discutindo esse assunto desde 2011, e de uma melhor definição de quantitativos de aquisições do Ministério da Defesa, bem como de aquisições em si, o que hoje praticamente não ocorre. Como conclusão, podemos afirmar que a situação atual da indústria brasileira de ARP é extremamente preocupante em termos financeiros, o que pode resultar na perda dessa capacitação, tanto tecnológica quanto industrial, obtida com tanto esforço.


34

Fotos: Thomaz Ceneviva

MERCADO INTERNACIONAL

Brasil tem recorde de empresas na Fidae por Claudia Pereira, de Santiago (CL)


A

Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (ABIMDE) ocupou, pela primeira vez, um pavilhão próprio na edição 2014 da FIDAE (Feria Internacional del Aire y del Espacio), que ocorreu entre 25 e 30 de março, em Santiago (Chile). O Pavilhão Brasil recebeu recorde no número de participantes, somando 62 empresas. Em parceria com a Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), com o apoio do Ministério da Defesa, e também com a participação do Brazilian Aeroespace Cluster e da Softex, a ABIMDE levou as empresas que compõem a Base Industrial de Defesa (BID) para apresentarem seus produtos, novidades e, acima de tudo, para terem a oportunidade de iniciar novos negócios com o mercado internacional. “Participar da FIDAE é uma grande oportunidade para as empresas brasileiras da área de defesa, pois esta é uma das feiras mais representativas do setor em todo o mundo. É um dos mais importantes eventos para as companhias nacionais apresentarem a autoridades estrangeiras os produtos e serviços de elevada intensidade tecnológica, inovadores e competitivos que desenvolvem”, explica Carlos Afonso Pierantoni Gambôa, Vice-Presidente Executivo da ABIMDE. Na ocasião, a Associação assinou um memorando de cooperação com o CIDEF (Conselho das Indústrias Francesas de Defesa). De acordo com a ABIMDE, este é o primeiro passo para uma maior aproximação entre os dois países na área de defesa. O acordo foi assinado pelo Vice-Presidente Executivo da entidade brasileira e pelo representante do CIDEF, Pierre Bourlot, que também sugeriu um seminário no Brasil no segundo semestre deste ano visando o estreitamento das relações. O objetivo da parceria é incrementar o intercâmbio entre as empresas dos dois países, fortalecendo relações comerciais e de troca de tecnologias e informações. De acordo com a entidade, há tempos o Brasil se relaciona com companhias da França na área de defesa, algumas delas, inclusive, são associadas da ABIMDE, então, nada mais natural que firmar parceria com a co-irmã francesa. O Pavilhão Brasil também recebeu a visita de importantes autoridades como o ministro da Defesa do Chile, Jorge Burgos, o alto comando das Forças Armadas do Brasil, e do embaixador brasileiro naquele país, Georges Lamazière.

35


36

INOVAÇÃO

A favor do meio ambiente

Albergo oferece abrigos sustentáveis para uso civil e militar

A

Divulgação

cada ano, a população brasileira, e também mundial, vem sofrendo cada vez mais com as catástrofes naturais. Nessas ocasiões é preciso que governo e defesa civil ajam rapidamente para acomodar os milhares de desabrigados que, em sua maioria, acabam sendo direcionados para escolas e ginásios esportivos. Com foco em desenvolver um produto que atendesse, com rapidez e eficiência, as vítimas de catástrofes naturais sem causar maiores danos ao meio ambiente foi que nasceu a Albergo, que fabrica casas 100% sustentáveis – desde o material usado na composição da estrutura física até a reutilização da água utilizada na residência. Cada unidade, com área interna de 22,5 m², pode abrigar uma família de até seis pessoas, com banheiro e cozinha privativos. Os abrigos da Albergo usam chapas feitas de tetra pak reciclado que, tratadas, possuem isolamento térmico e acústico. As chapas combinadas com perfis de aço articulados trazem mobilidade e versatilidade ao abrigo. A logística também é um diferencial do produto. Em um contêiner comum cabem cinco casas desmontadas. Além das seis camas, o abrigo possui cozinha com pia, bancada, geladeira e fogão elétrico, um kit composto por uma cesta básica e higiene pessoal, água mineral e panelas, banheiro com chuveiro quente, mesa e cadeiras para refeições. Possui ainda captação de água de chuva, mini estação de tratamento de esgoto anaeróbico e

por Claudia Pereira

energia fotovoltaica (células fotovoltaicas são feitas de materiais capazes de transformar a radiação solar diretamente em energia elétrica). “A casa pode ser usada em diferentes cenários. Como abrigo unifamiliar para desabrigados em situação de emergência (catástrofes naturais ou outras), como residência em programas de habitação para a população de baixa renda, alojamento, escritório, ambulatório médico, cozinha de campanha, vestiário, quarto de pousada, stand promocional, enfim, devido à mobilidade e rapidez em sua montagem, a casa pode ser usada nas mais diversas ocasiões”, comenta Fábio Ayub, diretor da Albergo. O aço das estruturas é galvanizado, aumentando em 10 anos a proteção contra corrosão e garantindo uma vida útil prolongada para o abrigo. As chapas das paredes recebem um tratamento especial que garante ao material as seguintes propriedades: isolamento térmico, antirruído; antichama; resistência a temperatura. “Quando há execução da manutenção de maneira adequada, o tempo de vida da casa é indeterminado”, explica o executivo. O preço médio da casa da Albergo é R$ 22,5 mil, podendo variar de acordo com a configuração e necessidade do cliente. A empresa já negociou abrigos com a Marinha e também com pessoas físicas. Atualmente, a companhia busca por novos investidores para ampliar sua capacidade de produção. “Estamos buscando negócios no Chile, Paraguai e outros países da América Latina. Além disso, tivemos interesse da Jordânia na compra de nossas casas”, finaliza Ayub.

Abrigo 100% sustentável, da Albergo


37

LEI ANTICORRUPÇÃO

ASSESSORIA JURÍDICA

E

Divulgação

m janeiro último, entrou em vigor a Lei Nº 12.846, a chamada Lei Anticorrupção, que dispõe sobre a responsabilidade administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira. A nova lei teve inspiração em legislações estrangeiras, tais como o Foreign Corrupt Practices Act (FCPA), dos Estados Unidos, e o UK Bribery Act, do Reino Unido, e visa atender compromissos internacionais dos quais o Brasil é signatário. A maior novidade da lei em análise é que passou a ser responsabilizada, civil e administrativamente, a pessoa jurídica ou o grupo econômico envolvido, não se limitando à penalização da pessoa do administrador público ou agente, público ou privado, que participar do ato – como previa a legislação anterior. Outra inovação importante refere-se à previsão da responsabilidade objetiva da pessoa jurídica, ao prever que a mesma pode ser punida independentemente da comprovação de dolo ou culpa. Com isso, a companhia poderá ser penalizada independentemente de sua concordância ou de seu conhecimento da prática infracional. Resumindo: mesmo tendo sido a infração cometida por empregado subalterno, sem a concordância ou conhecimento da empresa, esta termina por ser responsabilizada. A Lei sanciona as empresas mesmo no caso de sucessão empresarial - o que demandará aperfeiçoamento das due diligences nas operações societárias -, assim como grupos econômicos e até consórcios, desde que a irregularidade tenha ocorrido no âmbito do respectivo contrato. Importante observar que a lei penaliza igualmente as condutas perpetradas contra a administração pública estrangeira. A título de exemplo, oferecer vantagem indevida a agente

Mussoline da Silveira Soares Filho

de governo estrangeiro, em uma licitação internacional, é conduta tipificada na nova norma jurídica. Quanto às punições, a Lei Anticorrupção prevê separadamente sanções administrativas e sanções judiciais, que, conforme o disposto no artigo 18, podem coexistir pelo mesmo fato. Dentre as primeiras temos as multas, no valor de 0,1% a 20% do faturamento bruto do último exercício anterior ao da instauração do processo administrativo. Já em relação às sanções judiciais, a lei prevê a possibilidade de perdimento de bens, suspensão ou interdição parcial das atividades da empresa, dissolução compulsória da pessoa jurídica ou proibição de receber incentivos ou empréstimos governamentais. Também como novidade temos a importação do direito americano do conceito de compliance. No artigo 7º, inciso VIII, é previsto ser levada em consideração a existência ou não de programa de controle interno na empresa. Temos também o acordo de leniência, pelo qual poderá haver a celebração de acordo entre pessoa jurídica responsável pela prática da infração e a autoridade máxima do órgão investigador, visando a uma colaboração que resulte na identificação dos demais envolvidos na infração e a obtenção célere de informações e documentos que comprovem o ilícito sob apuração. O objetivo deste artigo é alertar os empresários associados da ABIMDE para que se adaptem às inovações trazidas pela lei em questão, implantando em suas empresas mecanismos de prevenção que possibilitem o monitoramento de desvios em seu relacionamento com a Administração Pública, nacional ou estrangeira. Como demonstrado, mesmo que a alta cúpula da empresa não compartilhe com procedimentos espúrios, a ação irregular de qualquer colaborador, seja de que nível for, poderá trazer enormes prejuízos à empresa, culminando, até mesmo, de acordo com a gravidade da conduta, na dissolução compulsória da pessoa jurídica.

Mussoline da Silveira Soares Filho é advogado, com especializações em Direito Tributário e Direito Processual Civil, Assessor Jurídico da ABIMDE e sócio do Pinheiro Bittencourt Advogados, escritório especializado em Direito Tributário e Empresarial, sediado em São José dos Campos, com filial na cidade de São Paulo. É também Coronel Intendente da Reserva Remunerada da Força Aérea Brasileira.


38

SEMINÁRIO DE DEFESA

ABIMDE e SIMDE marcam presença em evento sobre Projetos Estratégicos das Forças Armadas Por Claudia Pereira, de Brasília

C

Zeca Ribeiro/ Câmara dos Deputados

om o objetivo de dar continuidade ao debate no Congresso Nacional sobre os assuntos que envolvem investimentos e projetos em defesa no País, a Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDEN) organizou o seminário “Os Projetos Estratégicos das Forças Armadas: contribuição ao desenvolvimento nacional”. O evento, proposto pela presidente da Subcomissão de Assuntos Estratégicos da Câmara dos Deputados, deputada Perpétua Almeida (PCdoB - AC), e pelo deputado Carlos Zarattini (PT - SP), presidente da Frente Parlamentar de Defesa Nacional, contou com a participação do ministro da Defesa, Celso Amorim, do Chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), General José Carlos De Nardi, do Chefe do Estado-Maior da Armada, Almirante Carlos Augusto de Sousa representando o Comandante da Marinha -, dos Comandantes do Exército, General Enzo Martins Peri, e da Aeronáutica, Brigadeiro Juniti Saito; além do secretário-geral do Ministério da Defesa (MD), Ari Matos Cardoso. O encontro teve ainda a presença do presidente da CREDEN, deputado Eduardo Barbosa, de parlamentares, autoridades civis e militares, acadêmicos, representantes da sociedade civil e empresários do setor.

Em seu discurso, o ministro da Defesa, Celso Amorim, disse que a estratégia de defesa não pode estar separada da estratégia de desenvolvimento do País e que os gastos com o setor não pretendem competir com outras áreas do governo, principalmente a social. Ele ainda defendeu que o percentual do Produto Interno Bruto (PIB) nacional investido na área de defesa alcance os 2% em dez anos. Nos últimos anos, esse percentual tem girado em torno de 1,5% do PIB - sendo que a média mundial é de 2,6%. “Temos que criar condições para que o poder de compra da indústria de defesa aumente. A independência se constrói também com a redução das vulnerabilidades”, comentou o ministro. “A defesa é um assunto que ganha cada vez mais destaque no Brasil, que é uma potência nas áreas alimentar, energética e natural, portanto, temos de nos precaver em relação às ameaças aos nossos recursos e riquezas. Temos de ser capazes de proteger a nossa soberania”, completou. Amorim citou também a capacidade de as empresas nacionais desenvolverem tecnologias. “Fomos alvo de espionagem estrangeira e não podemos delegar nossa defesa a terceiros. O Brasil do século 21 tem potencial para incentivar sua indústria e torná-la mais fortalecida no desenvolvimento de tecnologias”.


39

O ministro apresentou ainda a evolução dos gastos governamentais em defesa: entre 2003 e 2013, as despesas com custeio e investimento passaram de R$ 3,7 bilhões para R$ 18,3 bilhões. “Se considerarmos apenas os gastos com investimentos, saltamos de R$ 900 milhões para R$ 8,9 bilhões. Um aumento de quase 1.000% no período”, disse. O encontro foi dividido em cinco mesas de discussão sobre assuntos do setor. “A Estratégia Nacional de Defesa e a Estratégia de Industrialização”; “A Defesa Cibernética e a Defesa das Fronteiras”; “A Defesa do Espaço Brasileiro”; “A Defesa dos Mares”; e “Viabilização de Recursos para a Defesa Nacional.” O presidente do SIMDE (Sindicato Nacional das Indústrias de Materiais de Defesa), Carlos Erane de Aguiar, foi um dos palestrantes da mesa que trouxe o tema “A Estratégia Nacional de Defesa e a Estratégia de Industrialização”. Em sua apresentação, o executivo trouxe alguns números do setor, comentando que, atualmente, há um orçamento de compras, pela União, de R$ 70 bilhões até 2015, com vistas ao reaparelhamento das Forças Armadas. Além disso, a projeção do segmento indica que o Brasil poderá chegar em 2030 com exportações na casa dos US$ 7 bilhões. E a projeção é atender ao equivalente a US$ 4,4 bilhões no mercado interno, cujo principal cliente é o governo. “O Brasil pode, seguramente, criar grupos capazes de exportar o suficiente para aumentar a balança comercial no futuro. Países periféricos aos grandes produtores de material de defesa nos EUA e na Europa e, como Índia e China, têm

investido bilhões por ano em importações para defesa. As mudanças que integram o escopo da Empresa Estratégica de Defesa têm caráter corretivo, reparando distorções que ao longo dos últimos anos vêm praticamente inviabilizando a indústria de defesa do País. Hoje, são inúmeras as dificuldades enfrentadas, a começar pela pesada carga tributária, na casa dos 40%, o que nos tira competitividade frente aos nossos concorrentes estrangeiros”, comenta o presidente o SIMDE. A última das cinco mesas, “Viabilização de Recursos para a Defesa Nacional”, contou com apresentação do presidente da ABIMDE, Sami Youssef Hassuani, que reforçou a importância da regularidade e da previsibilidade orçamentária. O executivo propôs em seu discurso a manutenção de três importantes frentes para o setor: proteção ao orçamento (evitar cortes e contingenciamentos ao orçamento de 2014); incrementar exportações (com apoio do MD e do MDIC - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - para realizar visitas a países que são potenciais compradores dos produtos nacionais); e a simplificação e agilização do processo de disponibilização de linhas de crédito. “Em troca dos recursos investidos, temos certeza de que as empresas podem dar um retorno e ajudar no desenvolvimento econômico. Não apenas de recursos vamos viver, mas também de investimentos”, comentou o presidente da ABIMDE. A Associação teve também participação na mesa sobre “A Defesa Cibernética e a Defesa das Fronteiras”, que contou com palestra de Roberto Gallo, coordenador do Comitê de Cibernética da entidade.


40

NOTAS

CPqD é a nova associada honorária da ABIMDE

Divulgação

O CPqD (www.cpqd.com.br), instituição focada na inovação com base em Tecnologia da Informação e Comunicação (TICs) e que tem como maiores objetivos contribuir para a competitividade do País e para a inclusão digital da sociedade, é a nova associada honorária da ABIMDE. Recebem o título de Associada Honorária os órgãos e entidades governamentais, as autarquias, as fundações culturais, as universidades públicas e outras instituições que desejam contribuir para o fortalecimento da base industrial, logística, científica, nacional de defesa e segurança. O CPqD desenvolve programas de pesquisa e desenvolvimento, gerando soluções em TICs que são utilizadas em diversos setores: comunicação e multimídia, financeiro, utilities, industrial, corporativo, administração pública e defesa e Sami Youssef Hassuani, presidente da ABIMDE, segurança. e Claudio Aparecido Violato, do CPqD “Criamos dentro do CPqD um núcleo de desenvolvimento de defesa e esperamos ter uma atuação mais ativa e ampliar relacionamento com as empresas do setor. Inovação não ocorre nos laboratórios, mas quando atinge os mercados”, comenta Claudio Aparecido Violato, vice-presidente de tecnologia do CPqD. As tecnologias de produto geradas pela entidade são transferidas para várias empresas, que assumem a responsabilidade pela sua produção e comercialização.

Comitê de VNT faz apresentação no Complexo da Maré A ABIMDE, por meio de seu Comitê de VNT (Veículos Não Tripulados), esteve no mês de maio no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, apresentando empresas e modelos de VANT e balões para a Brigada Paraquedista, designada pelo Exército Brasileiro para dar apoio ao policiamento da Maré na operação de pacificação.

O Comitê da Associação mostrou as plataformas que poderiam ser usadas para a vigilância aérea em apoio às operações. Segundo Antonio O. Castro, coordenador do Comitê de VNT, este tipo de ferramenta (VANTs e balões) é importante porque, estando em uma área que parece um labirinto é muito complexa a locomoção e, nestas situações, a visão aérea é extremamente estratégica, pois é a única forma de enxergar os locais por onde todos caminham. No que se refere à regulamentação do setor, a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) comunicou ao comitê que a documentação para o voo civil está pronta e que em breve (acredita-se que até o final do primeiro semestre) seja colocada em consulta pública.


41

Comitê de Cibernética estuda promover workshop sobre o setor Na reunião do corpo diretor da ABIMDE, em maio, o coordenador do Comitê de Cibernética (Comciber), Roberto Gallo, apresentou temas que considera essenciais para o crescimento do setor no País. Dentre eles, duas ações que englobam a criação de um Comitê Gestor no Governo, com alocação de R$ 50 milhões/ano para compras educativas no setor cibernético. A compra Educativa serve para que a indústria mantenha o seu pessoal do núcleo duro (talentos chave) em atividade e desenvolvendo projetos de menor porte, com o objetivo de se obter ou manter domínio tecnológico em áreas estratégicas. A outra ação envolve a criação de edital de subvenção Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) específico para o setor cibernético, com valor da ordem de R$ 100 milhões. Segundo o

coordenador, o ideal seria ter o edital coordenado com compras garantidas pelo Governo. Outro ponto de destaque em sua apresentação foi sugerir a elaboração de um Workshop de Defesa Cibernética com o tema “Desafios Legados e Emergentes – Soluções para Defesa Cibernética no Brasil”. O objetivo é que o evento seja realizado simultaneamente com o Seminário Nacional de Segurança da Informação e Criptografia (SENASIC), do Exército Brasileiro. O Comciber ainda participou da entrega do documento para o Relatório da CPI da Espionagem, e do seminário “Os Projetos Estratégicos das Forças Armadas: contribuição ao desenvolvimento nacional”, realizado na Câmara dos Deputados, em Brasília.

CSTA: próximos passos O Comitê de Simulação e Treinamento (CSTA) da ABIMDE terá uma série de atividades ao longo de 2014. Destacamos algumas:

· WSTM Comercial - Workshop de Simulação e Treinamento Militar Comercial - onde as empresas terão um espaço na BID Brasil para expor seus produtos e soluções às necessidades apontadas pelas Forças Armadas no WSTM-técnico. O evento está previsto para setembro/2014.

· Workshop de Ferramentas de Produtividade para Simulação com a empresa MäK – de 09 a 11/06, no CTA (Centro Técnico Aeroespacial), em São José dos Campos.

· Participação do CSTA na SPOLM - Simpósio de Pesquisa Operacional e Logística da Marinha é um dos maiores eventos de Pesquisa Operacional/Logística do Brasil.

· WSTM Técnico - Workshop de Simulação e Treinamento Militar Técnico, que terá como propósito propiciar às Forças Armadas exporem suas necessidades e demandas de produtos e serviços para as empresas do setor. Este evento está previsto para a 1ª quinzena de agosto/2014.

· O comitê trabalha ainda junto a FAB e a MB na definição de uma política de simulação e treinamento de médio e longo prazo, a fim de que sejam definidos requisitos básicos que possibilitem à iniciativa privada direcionar seus esforços de capacitação e desenvolvimento de parcerias para as tecnologias que estejam aderentes aos princípios técnicos apontados. · Planejamento das empresas que participarão da ITSEC 2014.


42

TÚNEL DO TEMPO

IACIT:

Uma história firmada na busca e conquista do conhecimento tecnológico

T

-se responsável pelos equipamentos de auxílio à aproximação do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. Esta atividade se estendeu por dez anos. “Com a especialização da equipe e a experiência adquirida na complexidade das atividades na área de defesa, a empresa pôde expandir seus serviços para o segmento civil”, detalha Teixeira. Em 1999, a IACIT recebeu a certificação ISO 9000, considerada uma meta importante para as etapas seguintes da organização. Com a chegada do novo milênio, a IACIT ampliou a atuação no mercado de comunicação, navegação e vigilância. Isso se deu devido ao planejamento estratégico agressivo e ao vasto conhecimento adquirido, que incluíam contratos de fornecimento completos com obras de infraestrutura, fornecimento de materiais e equipamentos e serviços necessários para a colocação dos sistemas em operação. Em 2008, em outra investida significativa, passou a atuar também na produção de equipamentos de rádio comunicação, auxílios rádio à navegação aérea e radar meteorológico. Para isso, implantou uma área de engenharia de pesquisa e desenvolvimento, contratou profissionais especializados, tanto no mercado nacional quanto internacional, e deu um grande salto evolutivo. Ainda em 2008, após se tornar fabricante e criar sua engenharia de pesquisa e desenvolvimento, a IACIT passou também a fornecer sobressalentes de sua fabricação para os antigos clientes da Tecnasa e da Tectelcom. Para isso, adquiriu os direitos sobre a propriedade intelectual das duas empresas. Hoje, a IACIT conta com 146 colaboradores, distribuídos na matriz e nas filiais em duas unidades em São José dos Campos, além de equipes técnicas sediadas no Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Manaus, Belém e Recife.

Fotos: Carla Dias e Arquivo

radição, modernidade e constante evolução – essas são algumas características capazes de dar uma certa visão do know-how da IACIT, que em menos de três décadas já é considerada uma das principais indústrias do setor de defesa do País. Com sua história tendo início em 1986, em São José dos Campos (SP), a empresa 100% nacional começou a abrir caminho para o que viria décadas depois. Especialista em suporte logístico, tinha na Tecnasa e seus clientes os principais parceiros, onde atuava na instalação e manutenção dos produtos por ela fabricados. Na década de 90, em um período de grande volatilidade econômica, a IACIT adotou uma estratégia de diversificar as atividades e passou a trabalhar também com as operadoras de comunicação via satélite, rádio e telefonia celular. Durante os primeiros quatro anos, a companhia teve como atividade principal a instalação das estações de comunicação do CINDACTA II e, durante o período de garantia do sistema, atuou nas atividades de operação assistida e assistência técnica nas estações e no centro de controle. “Naquela época, não havia no Brasil nenhuma política para o fortalecimento da indústria nacional, mas com visão e diversificação trilhamos um caminho diverso da maioria das empresas”, relembra o presidente e co-fundador da IACIT, Luiz Teixeira. Em 1991, ao adquirir a participação acionária que a Tecnasa detinha e, que naquela ocasião, era de 85%, a IACIT iniciou suas atividades na execução de projetos turn-key de sistemas de sinalização luminosa em aeroportos, tendo executado mais de 20 contratos na década de 1990. Em 1996, a IACIT assumiu seu maior desafio, até então, ao conquistar um importante contrato com a Infraero para a manutenção, 24 horas por dia, da TMA São Paulo, tornando-

Por Karen Gobbatto


43

Nestes últimos seis anos, a IACIT criou uma forte estrutura de suporte logístico com equipes técnicas instaladas em todas as regiões do País, tendo como principal atividade a manutenção preventiva e corretiva, operação, treinamento e fornecimento de partes e peças para estações de suprimento de energia (KF) dos CINDACTA’s I, III e IV (Brasília, Recife e Manaus), estações de comunicação e auxílios rádio à navegação aérea dos aeroportos de Manaus, Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro, Radares Meteorológicos da REDEMET, do Comando da Aeronáutica e da Fundação Cearense de Meteorologia, e sistemas eletroeletrônicos em unidades da Aeronáutica e do Exército. O ano de 2008 foi marcado pelo desenvolvimento de dois projetos de modernização de equipamentos de grande significância para a Força Aérea Brasileira (FAB) e para a Marinha do Brasil (MB). Para a FAB, o projeto de modernização e a atualização de 16 radares meteorológicos. O contrato contempla ainda a assistência técnica destes equipamentos. Já para a Marinha foram rádios HF ET/SRT-6 e ET/SRT-6AV, terrestre e embarcados. A partir de 2009, iniciou-se os projetos de desenvolvimento de produtos de novas tecnologias em hardware e software para aplicação na navegação aérea, radar oceânico e sistema de navegação inercial. Além do segmento de meteorologia e de defesa, a IACIT desenvolve também soluções de redes integradas com projetos de fornecimento e instalação de redes de dados e voz, sistema de segurança e controle e enlaces de dados. RADARES De olho no tempo A modernização de equipamentos foi um importante passo para que a IACIT avançasse rumo ao desenvolvimento das próprias tecnologias, capazes de suprir o mercado nacional de defesa com a mesma qualidade dos grandes players mundiais. Um dos primeiros projetos da empresa nessa nova fase foi a fabricação dos Radares Meteorológicos RMT 0100DS, com modulador em estado sólido, que oferece cobertura em um raio de 400 km2, monitorando, em tempo real, as condições climáticas, para poder


44

alertar sobre a chegada de chuvas, frentes frias e tempestades, entre outras informações meteorológicas. Os dados obtidos pelo aparelho também têm aplicação na agricultura, oferecendo informações mais precisas. “Foi um grande desafio. Todos os recursos investidos no projeto foram nossos. Esta foi uma oportunidade real para demonstrar ao mercado nacional que não precisamos buscar fornecedores estrangeiros e que temos condições de desenvolver tecnologias complexas internamente”, ressaltou Teixeira. Além do Horizonte Nos últimos anos, a IACIT ampliou a sua área de atuação no mercado de defesa, segurança e tecnologias complexas na busca da autonomia do País, no controle e vigilância das fronteiras e do espaço terrestre, marinho e aéreo, para olhar “além do horizonte”, enxergar as riquezas de nossos mares e vigiar nossas fronteiras. Para isso, já a partir de 2014, a empresa deu início aos testes do Radar Oceânico e começará os testes em campo do Radar Além do Horizonte no Sul. O Radar Oceânico utiliza a mais alta tecnologia existente no mercado mundial e é aplicado tanto em projetos civis quanto científicos, ou de segurança nacional. O equipamento permite o mapeamento das correntes marítimas, detecta perigos ambientais, como tornados e tsunamis, e pode ser usado na vigilância costeira. Para isso, atua na obtenção das medidas de correntes superficiais oceânicas por meio de uma plataforma Radar em HF (High Frequency), contemplando a mais alta tecnologia em processamentos de sinais. A Plataforma Radar utiliza conceitos de modularidade, permitindo a adequação de suas capacidades funcionais e operacionais, tendo sido idealizada para atender as diversas demandas, por exemplo, sensoriamento marítimo (meteorologia radar), vigilância marítima e monitoramento

do tráfego. A tecnologia desenvolvida na Plataforma HF permitiu a evolução para outras soluções, como para rádio de comunicação em HF, Radar Além do Horizonte e Radar de Vigilância voltado para o setor de defesa. “O radar atende a demanda presente e futura do Brasil, tem aplicação dual, militar e civil, tendo também potencial para exportação. Com isso, tal projeto passa a representar a nova estratégia de desenvolvimento da empresa e permitirá o desenvolvimento de novas linhas de radares a partir dessa base tecnológica”, ressalta Teixeira.

rea, à comunicação e à vigilância, disponibilizando informações de status, alarmes e histórico operacional em tempo real. Possibilita, ainda, controlar múltiplas estações remotas a partir de um centro de controle. O próximo grande projeto da IACIT é o desenvolvimento do sistema ADS-B (Vigilância Dependente Automática por Radiodifusão) para o qual assinou um acordo de cooperação com o ICEA (Instituto de Controle do Espaço Aéreo) e tem o apoio financeiro da Finep (Finaciadora de Estudos e Projetos).

Outros projetos de pesquisa e desenvolvimento

O ano de 2013 foi marcado por uma importante parceria firmada entre a IACIT e a ELTA Systems, subsidiária da Israel Aeroespace Industries (IAI), para transferência de tecnologia da empresa israelense para a IACIT. Os primeiros projetos já concretizados são a fabricação dos radares de vigilância terrestre da Família RAV -2105, que pode ser integrado ao sistema de gerenciamento, comando e controle de múltiplos sensores. O RAV-2105, que começa a ser fabricado na unidade de São José dos Campos ainda este ano, integra uma família de radares táticos de vigilância terrestre, projetado para fornecer cobertura de 360 graus com um radar rotativo. Este equipamento proporciona alta probabilidade de interceptação de alvo e suporta as missões das forças militares e unidades de aplicação paramilitares. Tem aplicação também na área civil na proteção de usinas hidrelétricas, centros de comunicação, aeroportos, usinas, reservatórios, etc. “Essa parceria garantiu não apenas a transferência de tecnologia para a indústria nacional, mas o fortalecimento dela por meio da IACIT, que passa a figurar entre as principais empresas mundiais que detém tal conhecimento”, destaca o executivo. Este projeto também tem beneficiado a IACIT com investi-

A engenharia de pesquisa e desenvolvimento da IACIT criou outros importantes projetos para atender a demanda nacional e mundial. - GBAS (Ground Based Augmentation System), ou Sistema de Aumentação Baseado em Solo: importante ferramenta de navegação, que garante maior segurança na aproximação de aeronaves; - DME-P (Distance Measuring Equipment Precision): sistema de auxílio à radionavegação aérea utilizado na formação de estação DME-P de terra para fornecer informação de distância para as aeronaves em voo; - SINAV (Sistema de Navegação para Veículos Não-Tripulados): utiliza a integração de dados de sensores inerciais tipo MEMS e módulo GPS em plataforma de processamento digital de alto desempenho; - MSISS 0100 (Sistema Multisensor de Vigilância e Inteligência): diferentes sensores fornecem um quadro em tempo real do cenário e disponibilizam recomendações táticas das ações que subsidiam a decisão dos comandantes; - RCS 0100 (Sistema de Telemetria e Controle Remoto): proporciona o controle operacional dos equipamentos e sistema de solo, aplicados à navegação aé-

Novos Rumos


mentos em capacitação para desenvolvimento e produção. Desde que a parceria foi firmada, profissionais de ambas as companhias vêm trabalhando fortemente nos planos de negócios e na qualificação da empresa brasileira. “O intercâmbio de profissionais tem sido um movimento constante. Essa parceria coloca a IACIT em um patamar tecnológico diferenciado, para que possamos atender as demandas dos grandes projetos de defesa e segurança públicas do País”, destaca Teixeira. IACIT é certificada como Empresa Estratégica de Defesa Tantas conquistas e avanços ao longo dos anos, tornaram a IACIT uma Empresa Estratégica de Defesa (EED) e, como tal, recebeu a certificação no final de 2013, concedido pelo Ministério da Defesa. Ao tornar-se uma EED, a IACIT passa a contar com normas especiais para compras, contratações e desenvolvimento de produtos e sistemas de defesa, além de dispor de programas de incentivo especialmente implantados para a área estratégica do setor. “Este é mais um importante marco para a história da IACIT. Credenciar-se como Empresa Estratégica de Defesa reforça nossa missão de atuar para o fortalecimento da indústria nacional, com o objetivo de contribuir com as metas e projetos da defesa brasileira e aumentar o potencial de exportação”, conclui.

45

A IACIT teve doze marcos significativos em sua trajetória: 1986 Fundação em 16 de Maio; 1991 Saída da Tecnasa da sociedade; 1995 Alteração da composição societária permanecendo a empresa nas mãos de apenas três sócios – Eliana Teixeira, Juscemar Tessaro e Luiz Teixeira; 1996 Assinatura do contrato de manutenção dos auxílios rádio à navegação aérea da TMA São Paulo. Executou esta atividade por 10 anos; 1999 Certificação ISO 9000; 2008 Aquisição dos projetos dos equipamentos desenvolvidos e fabricados pela Tecnasa e pela Tectelcom Aeroespacial Ltda.; 2008 Criação da Engenharia de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação; 2009/2010 Modernização dos radares meteoro lógicos da FAB; 2010 Modernização dos rádios HF da Marinha do Brasil; 2012 Vencedora Nacional do Prêmio Finep de Inovação como média empresa (recebido das mãos da presidente Dilma Rousseff); 2013 Acordo de cooperação tecnológica com a empresa Elta Systems de Israel com transferência de tecnologia de radares, rádios e cibernética para a IACIT; 2013 Certificação em novembro como EED (Empresa Estratégica de Defesa).


46

PONTO DE VISTA

N

Base Industrial de Defesa: Visibilidade das Medidas Viabilizadoras no Congresso Nacional

Divulgação

as edições anteriores deste INFORME ABIMDE, companheiros do Conselho Consultivo abordaram aspectos diversos das Medidas Viabilizadoras da Base Industrial de Defesa, assim, mantendo a mesma linha, pretendo colocar minha atenção em alguns pontos que considero relevantes para que esta iniciativa prospere e frutifique. No mês de maio, mais precisamente no dia 6, realizou-se, em Brasília, no Auditório Nereu Ramos da Câmara dos Deputados, o seminário “Projetos Estratégicos das Forças Armadas: contribuição ao desenvolvimento nacional”, uma iniciativa da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, por sua Subcomissão Especial de Projetos Estratégicos da Defesa e da Frente Parlamentar de Defesa, respectivamente liderados pela deputada Perpétua Almeida (PCdoB – AC) e pelo deputado Carlos Zaratini (PT – SP). Ressalto este evento pela excelente oportunidade apresentada para que a BID (Base Industrial de Defesa), por meio da ABIMDE e do SIMDE, pudesse se apresentar a parlamentares e autoridades expondo suas realizações, capacidades, oportunidades e desafios, expressos mais uma vez pelas Medidas Viabilizadoras que serviram de instrumento para objetivar o cenário das nossas necessidades. Este é um dos usos para os quais o documento foi criado, de muito pouco terá adiantado o esforço em escrevê-lo se não o usarmos intensamente e de forma focada. Empresários, executivos e todos os envolvidos no nosso segmento devem fazer uso deste singelo “livrinho” que contém sessenta indicações de medidas importantes para viabilizar a base industrial de defesa do Brasil, divididos em dez temas, sendo que vinte delas são as consideradas prioritárias. Toda oportunidade de interação junto a parlamentares, executivos públicos, formadores de opinião e ao meio acadêmico pode ter o seu aproveitamento otimizado se tivermos intimidade com o documento e dele fizermos uso adequado.

Claudio A. J. Moreira

Faceta importante desse uso adequado é a da interação/retroalimentação com a ABIMDE, ou seja, a busca de esclarecimentos, a troca de ideias e percepções junto aos executivos da Associação, com vistas ao aperfeiçoamento do documento, aí incluídos a inserção, supressão, modificação ou atualização de medidas propostas. Com essas palavras pretendo incitar a todos a estabelecer com a ABIMDE uma dinâmica de uso produtivo do documento Medidas Viabilizadoras. Ainda no campo das provocações construtivas, outro ponto que gostaria de abordar neste espaço é o da necessária aproximação entre os inícios de processos de planejamento de necessidades de clientes Forças Armadas, Forças de Segurança e fornecedores (empresas e instituições da BID). Quanto mais cedo os fornecedores participarem do nascimento das necessidades operacionais junto aos clientes, mais compatíveis e sinérgicos deverão ser os processos de desenvolvimento e aquisição. Há poucos dias, tive a oportunidade de participar de reunião do Fórum Empresarial de Defesa e Segurança da FIRJAN (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro), quando assisti as apresentações do General de Divisão Linhares e do General R1 Jaldemar, o primeiro, Chefe do Escritório de Projetos do Exército, e o segundo, Gerente do Projeto do Polo de Ciência e Tecnologia de Guaratiba – PCTEG. Muito me impressionou a posição do Exército de que no planejamento e na implantação do polo que pretende ser o gerador de pesquisa, tecnologia e inovação da Força, deverá contar, desde o início, com as empresas de base tecnológica que necessariamente participarão do desenvolvimento das necessidades da instituição. A pergunta que faço é se a BID está preparada para tanto e o que nos cabe fazer desde agora para tal? Para encerrar este elenco de incitações, chamo a atenção do leitor para as Medidas Viabilizadoras do Tema VIII – “Salvaguardas e Cerceamento Tecnológico”, onde cabe a pergunta final: Temos consciência da importância deste tema para a aquisição e o desenvolvimento de tecnologia para as nossas empresas?

Engenheiro, consultor, membro do Conselho Consultivo da ABIMDE e Membro do Conselho de Administração da CONDOR.


SEJA UM ASSOCIADO

(11) 3170-1860

Avenida Paulista, nº 460, 17º andar, cj B, Bela Vista, CEP 01310-000 ABIMDE@ABIMDE.org.br www.ABIMDE.org.br

Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança

Sindicato Nacional das Indústrias de Materiais de Defesa


SEJA UM ASSOCIADO (11) 3170-1860

Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança

Sindicato Nacional das Indústrias de Materiais de Defesa

Avenida Paulista, nº 460, 17º andar, conjunto B, Bela Vista, CEP 01310-000


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.