Editorial
Finalizamos o primeiro semestre do ano de 2016 com o número 2 do volume 9 da Revinter, e assim como a mudança de estações e o passar dos meses, a Revista Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade aparece com uma nova faceta e gerenciamento, sempre visando à expansão das informações aqui publicadas e à constante construção do conhecimento multidisciplinar entre nossos autores e leitores. A explosão informacional e o desenvolvimento da indústria moderna, iniciados ao fim da segunda guerra mundial, definiram o novo século como uma prévia da era das máquinas, em que os computadores, smartphones e tablets tornaram-se nossos novos melhores amigos. Longe de ser somente uma forma de entretenimento, o advento da internet revolucionou a forma como informamos e somos informados. O país sem lei, que é a rede mundial de computadores, tornou o compartilhamento de dados algo instantâneo e disponível para todos. Se o medo do roubo de informações pessoais e a invasão de personal computers é uma ameaça que causa pesadelos em qualquer usuário moderno, a expansão de conhecimento científico global e a troca de informações entre pesquisadores do mundo todo é um sonho que se torna real. Paul Otlet, um dos criadores do CDU (Sistema de Classificação Decimal Universal), um dia sonhou com uma grande biblioteca onde pudesse reunir um exemplar de cada obra já publicada. Otlet não viveu o suficiente para ver seu sonho nascer no ambiente digital, solucionando o problema de espaço físico, e tendo nas bases de dados de periódicos científicos a reunião do conhecimento universal de alta qualidade em um único link. A Revinter, nascida do sonho de um mundo sem risco químico, toxicológico e ambiental, caminha com passos largos para tornar-se disponível e acessível a todos, aderindo à plataforma OJS (Open Journal System) como mais uma ferramenta de divulgação e disponibilidade, mas também seguindo os critérios definidos pelas instituições de pesquisa brasileira para acender no universo dos periódicos científicos.
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Editorial
Nesse número publicamos: uma importante revisão de trabalhos a respeito da toxicidade do níquel e seus compostos, interessantes e novos artigos originais que levantam problemas de saúde coletiva e meio ambiente, além de análises toxicológicas e caracterização de perfis em Centros de Assistência Toxicológica. Sempre pretendendo a qualidade de seu conteúdo, e permitindo a publicação sem custos para os autores, a Revista Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade encontra-se aberta para qualquer pesquisador que esteja interessado em tornar-se um de nossos colaboradores, como autor ou avaliador. Encerramos esse editorial realizando o convite rotineiro, para que os interessados entrem em contato com a bibliotecária responsável, Andrezza Camera, através do e-mail: a.camera@intertox.com.br. Uma boa leitura, e até outubro. Andrezza Catharina Camera Bibliotecária Responsável São Paulo, 24 de Junho de 2016
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ISSN 1984-3577
São Paulo, v. 9, n. 2, jun. 2016
2016 Intertox
Periódico científico de acesso aberto, quadrimestral e arbitrado. meses: (2) fevereiro, (6) junho e (10) outubro. Qualquer parte desta publicação pode ser reproduzida desde que citada a fonte. As opiniões e informações veiculadas nos artigos são de inteira e exclusiva responsabilidade dos respectivos autores, não representando posturas oficiais da empresa Intertox Ltda. Seções CIÊNCIAS BIOLÓGICAS II; FARMÁCIA (ANÁLISE TOXICOLÓGICA); CIÊNCIAS AGRÁRIAS I (AGRONOMIA); MEDICINA; SAÚDE COLETIVA; BIODIVERSIDADE; INTERDISCIPLINAR Idiomas de Publicação Português e Inglês Contribuições devem ser enviadas para <a.camera@intertox.com.br>. Disponível em: <http://www.revistarevinter.com.br>. Normalização e Produção Web site Henry Douglas Capa Henry Douglas Projeto Gráfico Henry Douglas RevInter – Revista de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade / Intertox – v. 9, n. 2, (jun. 2016).- São Paulo: Intertox 2016. Quadrimestral ISSN: 1984-3577 1. Ciências Toxicológicas. 2. Risco Químico. 3. Sustentabilidade Socioambiental. I. InterTox uma empresa do conhecimento. Biblioteca InterTox II. Título. Rua Turiassú, 390 - cj. 95 - Perdizes - 05005-000 - São Paulo - SP – Brasil Tel.: 55 (11) 3868-6970
http://www.intertox.com.br / intertox@intertox.com.br 1. Ciências Toxicológicas. 2. Risco Químico. 3. Sustentabilidade Socioambiental. I. InterTox uma empresa do conhecimento. Biblioteca InterTox II. Título.
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Expediente Editor Coordenador Fausto Antonio de Azevedo Mestre em Toxicologia USP, Diretor Executivo De Expansão Internacional Intertox. Bibliotecária Responsável Andrezza Catharina Camera Bacharel em Biblioteconomia e Ciência da informação pela FESPSP Comitê Científico (2011-2013) Irene Videira Lima Doutora em Toxicologia (USP), Perita Criminal Toxicologista do IML-SP por 22 anos. Marcus E. M. da Matta Doutor em Ciência pela Faculdade de Medicina USP. Especialista em Gestão Ambiental (USP). Engenheiro Ambiental e Turismólogo. Moysés Chasin Farmacêutico-bioquímico pela UNESP-SP especializado em Laboratório de Análises Clínicas e Toxicológicas e de Saúde Pública. Ex-Perito Criminal Toxicologista de classe especial e Diretor no Serviço Técnico de Toxicologia Forense do Instituto Médico Legal da SSP/São Paulo. Diretor executivo da InterTox desde 1999. Ricardo Baroud Farmacêutico-Bioquímico Toxicólogo, Editor Científico da PLURAIS Revista Multidisciplinar da UNEB e da TECBAHIA Revista Baiana de Tecnologia.
Conselho Editorial Científico (2011-2013) Alice A. da Matta Chasin Doutora em Toxicologia (USP)
Eduardo Athayde Coordenador no Brasil do WWI - World Watch Institute Eustáquio Linhares Borges Mestre em Toxicologia (USP), ex-Presidente da Sociedade Brasileira de Toxicologia, exProfessor Adjunto de Toxicologia da UFBA. Fausto Antonio de Azevedo Mestre em Toxicologia USP, ex-Diretor Geral do Centro de Recursos Ambientais do CRA-BA, ex-Presidente do CEPED-BA, ex-Subsecretário do Planejamento, Ciência e Tecnologia do Estado da Bahia. Isarita Martins Doutora e Mestre em Toxicologia e Análises Toxicológicas (USP), Pós-doutorado em Química Analítica (UNICAMP), FarmacêuticaBioquímica Universidade Federal de Alfenas MG. João S. Furtado (In Memoriam) Doutor em Ciências (USP), Pós-doutorado (Universidade da Carolina do Norte, Chapel Hill, NC, EUA). José Armando-Jr Doutor em Ciências (Biologia Vegetal) (USP), Mestre (UNICAMP), Biólogo (USF). Sylvio de Queiroz Mattoso Doutor em Engenharia (USP), ex-Presidente do CEPED-BA. Gilberto Santos Cerqueira Laboratório de Anatomia Universidade Federal do Piauí, CSHNB e Professor Adjunto do curso de Nutrição do Campus Senador Helvídio Nunes de Barros – Universidade Federal do Piauí. CSHNB Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas, Universidade Federal do Piauí.
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Sumário BIODIVERSIDADE Perfil das admissões no Centro de Assistência Toxicológica da Paraíba (CEATOX-PB) motivada por acidentes com aranhas
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Toxicologia do Níquel
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Quantificação de nitrato e nitrito utilizados em linguiças tipo calabresa comercializadas em Picos-PI
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Determinação quantitativa de fenobarbital em plasma por cromatografia líquida de alta eficiência 68 Características Físico-Químicas e Toxicológicas do Ciflumetofem e suas Implicações Ambientais 79 Qualidade sanitária da água de poços artesianos do município de Picos – Piauí
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Artigo original Perfil das admissões no Centro de Assistência Toxicológica da Paraíba (CEATOX-PB) motivada por acidentes com aranhas Profile of admissions to Toxicological Assistance Center of Paraiba (PB-CEATOX) motivated by accidents with spiders Thiago Ferreira Sarmento João Pessoa – PB –Brasil – CEP: 58051-900 Fone: +55 (83) 3216-7200 E-mail: thiagof_sarmento@yahoo.com.br (participou da redação do artigo e da sua versão final).
Gleice Rayanne da Silva Graduanda em Farmácia, Universidade Federal da Paraíba – João Pessoa, Paraíba. Departamento de Ciências Farmacêuticas - Centro de Ciências da Saúde - Universidade Federal da Paraíba - UFPB. Cidade Universitária – João Pessoa – PB – Brasil – CEP: 58051-900 Fone: +55 (83) 3216-7200 - E-mail: rayane_gs10@hotmail.com (participou da redação do artigo e da sua versão final).
Aníbal de Freitas Santos Júnior Docente do Curso de Farmácia, Universidade do Estado da Bahia – Salvador, Bahia. Departamento de Ciências da Vida - DCV – Faculdade de Farmácia – Universidade do Estado da Bahia – UNEB Endereço: Rua Silveira Martins, 2555. Bairro: Cabula. Cidade: Salvador. Fone: (71) 3117-2200 – E-mail: anibaljrr@uol.com.br (participou da interpretação de dados e revisão do trabalho).
Bruno Coelho Cavalcanti Biólogo, Universidade Federal do Ceará – Fortaleza, Ceará. Departamento de Fisiologia e Farmacologia - Faculdade de Medicina – Universidade Federal do Ceará – UFC - Endereço: Rua Alexandre Baraúna, 949 - Rodolfo Teófilo - CEP 60430-160 – E-mail: nunim_¬br@yahoo.com.br (participou da interpretação de dados e revisão geral do trabalho).
SARMENTO, Thiago Ferreira; SILVA, Gleice Rayanne da; JÚNIOR, Aníbal de Freitas Santos; CAVALCANTI, Bruno Coelho; JÚNIOR, Hélio Vitoriano Nobre; BATISTA, Leônia Maria; MAGALHÃES, Hemerson Iury Ferreira. Perfil das admissões no Centro de Assistência Toxicológica da Paraíba (CEATOX-PB) motivada por acidentes com aranhas. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 08-29, jun. 2016.
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Artigo original Hélio Vitoriano Nobre Júnior Docente do Curso de Farmácia, Universidade Federal do Ceará – Fortaleza, Ceará. Departamento de Análises Clínicas e ToxicológicasDACT - Universidade Federal do Ceará – UFC - Universidade Federal do Ceará – UFC = Endereço: Rua Capitão Francisco Pedro, 1210 - Rodolfo Teófilo - CEP 60430-370 - Fortaleza - CE - Fone: (85) 3366 8262 - E-mail: helioufc@yahoo.com.br (participou da elaboração de figuras e tabelas presentes no trabalho além do desenvolvimento da discussão).
Leônia Maria Batista Docente do Curso de Farmácia, Universidade Federal da Paraíba – João Pessoa, Paraíba. Departamento de Ciências Farmacêuticas/Pós graduação em Produtos Naturais - Centro de Biotecnologia - Universidade Federal da Paraíba - UFPB. Cidade Universitária - João Pessoa – PB – Brasil – CEP: 58051-900 Fone: +55 (83) 3216-7200 - E-mail: leonia.b@yahoo.com.br (trabalhou na orientação dos discentes no processo de elaboração do estudo).
Hemerson Iury Ferreira Magalhães Docente do Curso de Farmácia, Universidade Federal da Paraíba – João Pessoa, Paraíba. Departamento de Ciências Farmacêuticas/Pós-graduação em Ciências da Nutrição - Centro de Ciências da Saúde - Universidade Federal da Paraíba - UFPB. Cidade Universitária - João Pessoa – PB – Brasil – CEP: 58051-900 Fone: +55 (83) 3216-7200 - E-mail: hemersonufpb@yahoo.com.br (trabalhou em todas as etapas desde a concepção do estudo até a revisão da versão final do artigo).
Resumo Existem mais de 30 mil espécies de aranhas, apenas algumas não são venenosas. Entretanto, a grande maioria não tem a capacidade de causar danos aos seres humanos. Entre as aranhas de interesse médico destacam-se os gêneros Phoneutria, Loxosceles, Latrocectus e Lycosa; e a subordem Mygalomorphae. Este trabalho objetivou traçar um perfil das admissões no CEATOX-PB motivadas por acidentes com aranhas. Trata-se de um estudo transversal, retrospectivo e descritivo de abordagem quantitativa. Foram averiguadas as fichas de notificação do CEATOX-PB dos anos de 2013 e 2014. Obteve-se um total de 148 fichas, sendo 81 fichas referentes ao ano de 2013 e 67 ao ano de 2014. A distribuição dos acidentes com aranhas por meses SARMENTO, Thiago Ferreira; SILVA, Gleice Rayanne da; JÚNIOR, Aníbal de Freitas Santos; CAVALCANTI, Bruno Coelho; JÚNIOR, Hélio Vitoriano Nobre; BATISTA, Leônia Maria; MAGALHÃES, Hemerson Iury Ferreira. Perfil das admissões no Centro de Assistência Toxicológica da Paraíba (CEATOX-PB) motivada por acidentes com aranhas. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 08-29, jun. 2016.
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Artigo original destacou o mês de agosto de 2013 como o de maior incidência, não se observou tendência sazonal. O gênero feminino foi o mais acometido pelos acidentes aracneicos. Destacaram-se os grupos etários com idade entre 20 – 39 anos e de 40 – 49 anos como os detentores do maior número de vítimas de araneísmo. A maioria dos indivíduos levou mais de 24 horas para buscar atendimento. A zona urbana ressaltou-se como a principal região de ocorrência dos acidentes. Com relação à parte anatômica da picada, sobressaem as regiões da perna, antebraço e mão. As manifestações clínicas locais de dor, edema, eritema e prurido foram as que mais apareceram nas fichas analisadas. Manifestações sistêmicas, como hipertermia e náuseas foram as mais destacadas, na avaliação dos acidentes. Na maioria dos casos não foi possível identificar a espécie de aranha envolvida. A soroterapia pouco foi utilizada, pois a maior parcela dos acidentes foi enquadrada como leve. Conclui-se que o levantamento de informações sobre araneísmo, assim como, também, o diagnóstico e tratamento de acidentes devem ser otimizados, com o intuito de qualificar o atendimento. Palavras-chave: Aranhas. Acidentes. Notificação
Abstract
There are over 30,000 species of spiders, only a few are not poisonous. However, the vast majority do not have the ability to cause harm to humans. Among the spiders of medical interest stand out Phoneutria genera, Loxosceles, Latrocectus and Lycosa; and suborder Mygalomorphae. This study aimed to draw a profile of admissions in CEATOX-PB motivated by accidents with spiders. It is a cross-sectional, retrospective, descriptive quantitative approach. We investigated CEATOX-PB reporting forms the years 2013 and 2014. This yields a total of 148 chips, with 81 of these for the year 2013 and 67 the year 2014. The distribution of accidents with spiders for months stressed the month of August 2013 as the highest incidence, there SARMENTO, Thiago Ferreira; SILVA, Gleice Rayanne da; JÚNIOR, Aníbal de Freitas Santos; CAVALCANTI, Bruno Coelho; JÚNIOR, Hélio Vitoriano Nobre; BATISTA, Leônia Maria; MAGALHÃES, Hemerson Iury Ferreira. Perfil das admissões no Centro de Assistência Toxicológica da Paraíba (CEATOX-PB) motivada por acidentes com aranhas. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 08-29, jun. 2016.
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Artigo original was no seasonal trend. Females were the most affected by aracneicos accidents. They highlighted the age groups of individuals aged 20-39 years and 40-49 years as the holder of the greatest number of victims of araneísmo. A large number of individuals took more than 24 hours to seek care. The urban area was emphasized as the primary occurrence region of accidents. Regarding the anatomical part of the sting, excel regions leg, forearm and hand. Local clinical manifestations of pain, swelling, erythema and pruritus were the most appeared in the analyzed records. Systemic manifestations such as hyperthermia and nausea were the most prominent in the evaluation of accidents. In most cases it was not possible to identify the species of spider involved. A little serum therapy was used, for the largest share of accidents was framed as mild. It follows that collecting information about araneísmo, as well as the diagnosis and treatment of accidents should be optimized, in order to improve service. Key words: Spiders. Accidents. Notification
Introdução
Os acidentes causados por animais peçonhentos, no Brasil, ainda são um problema de saúde pública. Diante disso, é necessário haver um conhecimento prévio sobre os tipos de animais venenosos e peçonhentos existentes em cada região do país, como também, os sinais e sintomas de acidentes causados pela maioria desses animais, pois, muitas vezes, podem levar a óbito se a vítima não for atendida a tempo (COSTA, 2012; INSTITUTO BUTANTAN, 2007).De acordo com o Guia de Vigilância Epidemiológica (BRASIL, 2005), o objetivo é diminuir a incidência de acidentes por animais peçonhentos valendo-se da promoção de medidas educativas, com consequente redução da gravidade dos casos, a frequência de sequelas e a letalidade mediante o uso adequado da soroterapia como nos acidentes com aracnídeos.
SARMENTO, Thiago Ferreira; SILVA, Gleice Rayanne da; JÚNIOR, Aníbal de Freitas Santos; CAVALCANTI, Bruno Coelho; JÚNIOR, Hélio Vitoriano Nobre; BATISTA, Leônia Maria; MAGALHÃES, Hemerson Iury Ferreira. Perfil das admissões no Centro de Assistência Toxicológica da Paraíba (CEATOX-PB) motivada por acidentes com aranhas. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 08-29, jun. 2016.
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Artigo original Os aracnídeos são invertebrados que existem em grande abundância e representatividade em todo o mundo. São, em sua maioria, sensíveis a fatores físicos, tais como temperatura, umidade, vento e intensidade luminosa; além de fatores biológicos, tais como, estrutura da vegetação e disponibilidade de alimento. Dentre seus representantes mais conhecidos estão as aranhas e os escorpiões, que além de sua importância ecológica, apresentam importância médica, devido à ocorrência de acidentes domésticos com esses animais (SILVA; SANTOS, 2011). Em relação às aranhas, o Brasil possui três gêneros de importância médica e que podem causar acidentes graves, são: Phounetria (armadeira), Loxosceles (aranha-marrom) e Latrodectus (viúva-negra) (PARDAL; GADELHA, 2010). Quanto ao araneísmo, o loxoscelismo é considerado a forma mais importante e a ação de sua toxina é responsável por dermonecrose no local da picada. O diagnóstico é fundamentalmente clínico-epidemiológico, uma vez que poucos pacientes capturam o agente causador do acidente. Assim, o desconhecimento da patologia por parte dos profissionais de saúde tem contribuído para um maior retardo no diagnóstico (CRUZ, 2014; ESTRADA et al, 2007). Todavia, os atendimentos referentes a acidentes com aranhas, mesmo sem a utilização de soroterapia, devem ser notificados e dessa forma ter-se um melhor dimensionamento deste tipo de agravo, nas diversas regiões do país. É imprescindível a padronização atualizada de condutas de diagnóstico e tratamento dos acidentados, pois os profissionais de saúde, frequentemente, não recebem informações desta natureza durante a formação acadêmica ou no decorrer da atividade profissional (BRASIL, 2001). A ação antrópica nos ambientes de mata e floresta, destruindo a paisagem por meio da extração de recursos, é um fator determinante na migração das aranhas para os ambientes domésticos. Na busca de fatores necessários para o seu desenvolvimento, como por exemplo, temperatura, umidade e alimento, as aranhas fortuitamente acabam entrando em contato com o ser humano e
SARMENTO, Thiago Ferreira; SILVA, Gleice Rayanne da; JÚNIOR, Aníbal de Freitas Santos; CAVALCANTI, Bruno Coelho; JÚNIOR, Hélio Vitoriano Nobre; BATISTA, Leônia Maria; MAGALHÃES, Hemerson Iury Ferreira. Perfil das admissões no Centro de Assistência Toxicológica da Paraíba (CEATOX-PB) motivada por acidentes com aranhas. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 08-29, jun. 2016.
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Artigo original provocando acidentes. Tais incidentes terminam gerando uma demanda aos Centros de Assistência Toxicológica e hospitais (ITHO, 2001). O objetivo deste trabalho foi traçar um perfil das admissões, no Centro de Assistência Toxicológica da Paraíba (CEATOX-PB), motivadas por acidentes com aranhas. Metodologia
O trabalho consistiu num estudo transversal, retrospectivo e descritivo exploratório de abordagem quantitativa. Foi realizado no CEATOX, localizado em um Hospital Universitário do município de João Pessoa, no Estado da Paraíba. Foi realizada uma pesquisa documental, que consistiu na coleta, classificação, seleção e utilização de toda espécie de informações em livros-texto de referência na área, periódicos em língua inglesa e portuguesa, como SciELO (Scientific Eletronic Library Online) e PubMed,e sites oficiais especializados (Ministério da Saúde, Instituto Vital Brasil e Instituto Butantã). A técnica de documentação escolhida foi a direta intensiva. Foram averiguadas as fichas de notificação e atendimento do CEATOX dos anos de 2013 e 2014, com o intuito de elaborar uma representação dos acidentes proporcionados por aranhas. A população foi constituída por fichas de notificação e atendimento de usuários acometidos por acidentes com aracnídeos que deram entrada no CEATOX para receber os cuidados e orientações necessários. Foram avaliadas as fichas referentes aos anos de 2013 e 2014, obtendo-se um total de 148 fichas, sendo 81 destas referentes ao ano de 2013 e 67 ao ano de 2014. Para obtenção dos dados o pesquisador permaneceu ao CEATOX-PB durante o mês de Março de 2015, período em que foram coletadas as informações presentes nas fichas de notificação e atendimento.
SARMENTO, Thiago Ferreira; SILVA, Gleice Rayanne da; JÚNIOR, Aníbal de Freitas Santos; CAVALCANTI, Bruno Coelho; JÚNIOR, Hélio Vitoriano Nobre; BATISTA, Leônia Maria; MAGALHÃES, Hemerson Iury Ferreira. Perfil das admissões no Centro de Assistência Toxicológica da Paraíba (CEATOX-PB) motivada por acidentes com aranhas. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 08-29, jun. 2016.
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Artigo original Os dados foram compilados nos programas IBM SPSS Statistics versão 20.0 e Microsoft Office Excel versão 2007, e após análise descritiva foram obtidas as frequências simples e percentuais, que permitiram a confecção de gráficos e tabelas. Para a realização da pesquisa foram levadas em consideração as observâncias éticas preconizadas pela Resolução 466, de 12 de dezembro de 2012, que dispõe as diretrizes e normas reguladoras de pesquisas envolvendo seres humanos (BRASIL, 2012). Resultados e Discussão Com relação ao tipo de animal peçonhento envolvido no acidente, nos dois anos avaliados, 2013 e 2014, registrados pelo CEATOX-PB, destacou-se uma maioria considerável para ataques os causados por escorpiões, constituindo 91,32% dos casos em 2013 e 93,42% dos casos em 2014 (Figura 1).
Figura 1 – Acidentes com animais peçonhentos registrados pelo CEATOX-PB nos anos de 2013 e 2014.
O presente estudo apresenta semelhança com dados do Mistério da Saúde (BRASIL, 2009), cujas notificações dos acidentes por animais peçonhentos chegam a quase 100 mil por ano e vem aumentando progressivamente. Em levantamento do número de casos por tipo de acidente, foi observado: aranhas
SARMENTO, Thiago Ferreira; SILVA, Gleice Rayanne da; JÚNIOR, Aníbal de Freitas Santos; CAVALCANTI, Bruno Coelho; JÚNIOR, Hélio Vitoriano Nobre; BATISTA, Leônia Maria; MAGALHÃES, Hemerson Iury Ferreira. Perfil das admissões no Centro de Assistência Toxicológica da Paraíba (CEATOX-PB) motivada por acidentes com aranhas. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 08-29, jun. 2016.
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Artigo original com 22.835 casos, escorpião 37.495 casos e serpentes com 27.069 casos registrados. Depois de realizada a distribuição dos casos por mês (Figura 2), pode-se observar que agosto de 2013 foi o mês de maior incidência; não se observou tendência sazonal na distribuição dos casos. De acordo com Campolina et al. (2013), a mais alta incidência de acidentes provocados por aranhas ocorre entre os meses de outubro e maio, devido a diversos fatores, como ciclo reprodutivo, mais mobilidade com o clima mais quente, mais exposição das vítimas e desalojamento provocado pela água das chuvas.
Figura 2. Distribuição, por mês, dos casos de acidentes com aranhas registrados pelo CEATOX-PB nos anos de 2013 e 2014
Com a análise do número de casos por gênero (Figura 3), observou-se que o gênero feminino se destacou com o maior número acidentes com aranhas, atribuindo-se a este 54,30% dos casos no ano de 2013 e 52,90% dos casos em 2014. Este dado entra em consonância com um estudo realizado por Dorneles (2009), que avaliou a frequência de acidentes por animais peçonhentos ocorridos no Rio Grande do Sul, entre 2001 a 2006, e relatou que a maioria SARMENTO, Thiago Ferreira; SILVA, Gleice Rayanne da; JÚNIOR, Aníbal de Freitas Santos; CAVALCANTI, Bruno Coelho; JÚNIOR, Hélio Vitoriano Nobre; BATISTA, Leônia Maria; MAGALHÃES, Hemerson Iury Ferreira. Perfil das admissões no Centro de Assistência Toxicológica da Paraíba (CEATOX-PB) motivada por acidentes com aranhas. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 08-29, jun. 2016.
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Artigo original dos indivíduos vítimas de acidentes com aranhas pertenciam ao gênero feminino (52,5%). Este resultado pode ser explicado pelo fato de que mesmo com a modernidade e a maior valorização do papel feminino no mercado de trabalho, muitas mulheres
ainda
estão
bastante
ligadas
ao
ambiente
doméstico
e
consequentemente tendem a entrar em maior contato com os animais peçonhentos que adentram os domicílios em busca de abrigo e alimento.
Figura 3 – Distribuição por gênero dos casos de acidentes com a aranhas referentes aos anos de 2013 e 2014.
Depois de classificar os indivíduos em faixas etárias (Figuras 4 e 5), foi observado que a faixa etária com o maior número de casos de acidentes foi a de indivíduos com idades entre 20 – 39 anos, 48,8% em 2013 e 34,3% em 2014, seguido pelo grupo etário com idades entre 40 - 59 anos, 23,8% em 2013 e 23,9% em 2014. SARMENTO, Thiago Ferreira; SILVA, Gleice Rayanne da; JÚNIOR, Aníbal de Freitas Santos; CAVALCANTI, Bruno Coelho; JÚNIOR, Hélio Vitoriano Nobre; BATISTA, Leônia Maria; MAGALHÃES, Hemerson Iury Ferreira. Perfil das admissões no Centro de Assistência Toxicológica da Paraíba (CEATOX-PB) motivada por acidentes com aranhas. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 08-29, jun. 2016.
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Artigo original Estes dados corroboram com o estudo epidemiológico realizado por Silva e Cavalcante (2012) e Guerra et al. (2014), para averiguar os acidentes causados por aranhas no município de Itapeva, em que se destacou a faixa etária de indivíduos entre 20 e 29 anos como a que apresentou o maior número dos casos (152), seguido de indivíduos entre 40 e 49 anos (125), 30 a 39 (114) e 50 a 59 (100).
Figura 4. Faixa etária dos casos de acidentes com aranhas do ano de 2013
SARMENTO, Thiago Ferreira; SILVA, Gleice Rayanne da; JÚNIOR, Aníbal de Freitas Santos; CAVALCANTI, Bruno Coelho; JÚNIOR, Hélio Vitoriano Nobre; BATISTA, Leônia Maria; MAGALHÃES, Hemerson Iury Ferreira. Perfil das admissões no Centro de Assistência Toxicológica da Paraíba (CEATOX-PB) motivada por acidentes com aranhas. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 08-29, jun. 2016.
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Artigo original
Figura 5. Faixa etária dos casos de acidentes com aranhas do ano de 2014.
Avaliou-se também o tempo decorrido para que a vítima de acidente aracnídico procurasse atendimento especializado no CEATOX-PB (Figura 6) e o resultado encontrado foi que a maioria dos indivíduos, 44,20% em 2013 e 58,06 em 2014, levou dias para procurar assistência no centro. Isto se deve, em parte, pelas picadas das aranhas serem geralmente indolores, fazendo com que vítima não perceba o acidente, além disso, os sinais e sintomas levam certo tempo para aparecer. Um estudo realizado por Chagas et al. (2010), analisando os aspectos epidemiológicos dos acidentes por aranhas no Estado do Rio Grande do Sul, destaca que foram atendidos 30 e 24% dos pacientes no intervalo de até três horas, entretanto 21% foram atendidos acima das 12 horas. No estudo efetuado por Lise et al. (2006), quase 65% das vítimas levaram de 6 a 12 horas, e mais de 13% levaram mais de 12 horas para buscar atendimento médico após a picada.
SARMENTO, Thiago Ferreira; SILVA, Gleice Rayanne da; JÚNIOR, Aníbal de Freitas Santos; CAVALCANTI, Bruno Coelho; JÚNIOR, Hélio Vitoriano Nobre; BATISTA, Leônia Maria; MAGALHÃES, Hemerson Iury Ferreira. Perfil das admissões no Centro de Assistência Toxicológica da Paraíba (CEATOX-PB) motivada por acidentes com aranhas. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 08-29, jun. 2016.
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Artigo original Segundo Silva (2002), a busca precoce de atendimento primário, em decorrência de um acidente por Loxosceles nas populações com baixa prevalência, é prejudicada pela picada quase indolor, pelo desconhecimento dos sintomas iniciais, pela não relação dos primeiros sintomas com a picada de aranha.
Figura 6. Tempo decorrido para a procura de atendimento
Observou-se a zona de ocorrência do acidente (Quadros 1 e 2) e foi constatado que o maior percentual de acidentes aconteceu na zona urbana, aparecendo esta em 86,53% (45) dos casos em 2013 e 94,44% (34) dos casos em 2014. Este dado apresenta semelhança com o encontrado por Haas et al. (2013) em um estudo epidemiológico que relatou ter averiguado um número de ocorrências na área urbana significativamente alto, em detrimento dos acidentados oriundos da zona rural ou periurbana. É válido salientar que o baixo percentual encontrado para a zona rural pode estar relacionado com a subnotificação dos casos, pois tais indivíduos por residirem próximos a regiões de mata tendem a ser mais predispostos a acidentes com animais peçonhentos, seu trabalho e vestimentas utilizadas SARMENTO, Thiago Ferreira; SILVA, Gleice Rayanne da; JÚNIOR, Aníbal de Freitas Santos; CAVALCANTI, Bruno Coelho; JÚNIOR, Hélio Vitoriano Nobre; BATISTA, Leônia Maria; MAGALHÃES, Hemerson Iury Ferreira. Perfil das admissões no Centro de Assistência Toxicológica da Paraíba (CEATOX-PB) motivada por acidentes com aranhas. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 08-29, jun. 2016.
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Artigo original também favorecem o contato com estes animais. Porém, muitas vezes as dificuldades de deslocamento até o serviço impossibilitam o atendimento e com isso o registro do caso.
Quadro 1 - Zona de ocorrência do acidente, registrada no ano de 2013
Quadro 2 - Zona de ocorrência do acidente, registrada no ano de 2014
Com relação ao local da picada, (Quadros 3 e 4), foi observado que as regiões mais acometidas do corpo foram perna, mão e antebraço. Este resultado corrobora o encontrado por Cardoso et al. (2003), que informa que as regiões do corpo mais atingidas nos incidentes com animais peçonhentos são os pés e as pernas, seguido das mãos e antebraço.
SARMENTO, Thiago Ferreira; SILVA, Gleice Rayanne da; JÚNIOR, Aníbal de Freitas Santos; CAVALCANTI, Bruno Coelho; JÚNIOR, Hélio Vitoriano Nobre; BATISTA, Leônia Maria; MAGALHÃES, Hemerson Iury Ferreira. Perfil das admissões no Centro de Assistência Toxicológica da Paraíba (CEATOX-PB) motivada por acidentes com aranhas. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 08-29, jun. 2016.
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Artigo original Quadro 3 – Local da picada, ano de 2013
Quadro 4 – Local da picada, ano de 2014
SARMENTO, Thiago Ferreira; SILVA, Gleice Rayanne da; JÚNIOR, Aníbal de Freitas Santos; CAVALCANTI, Bruno Coelho; JÚNIOR, Hélio Vitoriano Nobre; BATISTA, Leônia Maria; MAGALHÃES, Hemerson Iury Ferreira. Perfil das admissões no Centro de Assistência Toxicológica da Paraíba (CEATOX-PB) motivada por acidentes com aranhas. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 08-29, jun. 2016.
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Artigo original Destacaram-se
a
dor,
edema,
eritema
e
prurido
como
principais
manifestações clínicas locais (Quadro 5 e 6). Como principais manifestações clínicas sistêmicas aparecem a hipertermia e náuseas (Quadro 7 e 8).
Quadro 5 - Manifestações clínicas locais, registradas no ano de 2013
Quadro 6 - Manifestações clínicas locais, registradas no ano de 2014
SARMENTO, Thiago Ferreira; SILVA, Gleice Rayanne da; JÚNIOR, Aníbal de Freitas Santos; CAVALCANTI, Bruno Coelho; JÚNIOR, Hélio Vitoriano Nobre; BATISTA, Leônia Maria; MAGALHÃES, Hemerson Iury Ferreira. Perfil das admissões no Centro de Assistência Toxicológica da Paraíba (CEATOX-PB) motivada por acidentes com aranhas. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 08-29, jun. 2016.
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Artigo original
Quadro 7 – Manifestações clínicas sistêmicas, registradas no ano de 2013
Quadro 8 – Manifestações clínicas sistêmicas, registradas no ano de 2014
O Hospital Vital Brazil (2002) relata que as reações locais geram inflamação e as sistêmicas provocam reações neurotóxicas, miotóxicas, coagulante e parassintomimética. A princípio, apresentam edema, dor, bolha, necrose, evoluindo com vômito, diarréia, bradicardia, hipotensão, paralisia muscular e turvação, dores musculares e urina escura, se não se realizar atendimento emergencial e tratamento com soroterápicos. SARMENTO, Thiago Ferreira; SILVA, Gleice Rayanne da; JÚNIOR, Aníbal de Freitas Santos; CAVALCANTI, Bruno Coelho; JÚNIOR, Hélio Vitoriano Nobre; BATISTA, Leônia Maria; MAGALHÃES, Hemerson Iury Ferreira. Perfil das admissões no Centro de Assistência Toxicológica da Paraíba (CEATOX-PB) motivada por acidentes com aranhas. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 08-29, jun. 2016.
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Artigo original Na tentativa de buscar classificar a espécie de aranha envolvida no caso (Figura 7), constatou-se que na maioria dos casos não foi possível identificar a espécie de aranha. Este dado diverge do apresentado por Martins et al. (2006), em estudo sobre envenenamentos acidentais entre menores, em que relataram que não foi possível conhecer o tipo de agente em 10,6% dos casos de acidentes com aranhas, possivelmente pela dificuldade em apreensão ou identificação do animal venenoso após o acidente, embora a má qualidade do registro no atendimento também não possa ser descartada.
Figura 7. Classificação das espécies de aranhas envolvidas nos acidentes, dados de 2013 e 2014
Com relação à realização de soroterapia (Figura 8), a mesma não foi realizada na maioria dos casos, percentual médio de 92,40%. Os casos em sua maioria foram considerados leves, média de 76,88%, seguido de moderado com média 23,11%, nenhum caso foi considerado grave.
SARMENTO, Thiago Ferreira; SILVA, Gleice Rayanne da; JÚNIOR, Aníbal de Freitas Santos; CAVALCANTI, Bruno Coelho; JÚNIOR, Hélio Vitoriano Nobre; BATISTA, Leônia Maria; MAGALHÃES, Hemerson Iury Ferreira. Perfil das admissões no Centro de Assistência Toxicológica da Paraíba (CEATOX-PB) motivada por acidentes com aranhas. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 08-29, jun. 2016.
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Artigo original
Figura 8. Realização de Soroterapia, dados de 2013 e 2014
Silva et al. (2006) entendem que o tratamento recebido no hospital deve ser baseado na gravidade (Figura 9) das manifestações clínicas do paciente, para utilização ou não da soroterapia. Em casos leves (dor e formigamento local) a soroterapia é dispensada, geralmente utilizam-se analgésicos e corticoides.
Figura 9. Classificação da gravidade do caso, dados de 2013 e 2014
SARMENTO, Thiago Ferreira; SILVA, Gleice Rayanne da; JÚNIOR, Aníbal de Freitas Santos; CAVALCANTI, Bruno Coelho; JÚNIOR, Hélio Vitoriano Nobre; BATISTA, Leônia Maria; MAGALHÃES, Hemerson Iury Ferreira. Perfil das admissões no Centro de Assistência Toxicológica da Paraíba (CEATOX-PB) motivada por acidentes com aranhas. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 08-29, jun. 2016.
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Artigo original Conclusão Este trabalho permitiu traçar um perfil das admissões no Centro de Assistência Toxicológica da Paraíba (CEATOX-PB) motivadas por acidentes com aranhas, entre os anos de 2013 e 2014. Apesar de se verificar, no período estudado, uma baixa notificação de casos de acidentes com aranhas, os meses entre outubro e maio se destacaram, devido a diversos fatores, tais como ciclo reprodutivo, clima mais quente, mais exposição das vítimas e desalojamento provocado pela água das chuvas. A faixa etária com o maior número de casos de acidentes foi a de indivíduos com idades entre 20 – 39 anos, principalmente na zona urbana, nas regiões das pernas, mãos e antebraços. Verificou-se que as vítimas de acidentes aracnéicos demoram dias para busca de atendimento especializado no CEATOX-PB, o que pode levar a maiores complicações das lesões. Dor, edema, eritema e prurido foram as principais manifestações clínicas locais encontradas e hipertermia e náuseas, manifestações clínicas sistêmicas mais pronunciadas. O levantamento de infestações e determinação dos focos de ocorrência, bem como treinamento e atualizações sobre o diagnóstico e tratamento, devem ser otimizados, no intuito de qualificar o atendimento às populações atingidas e ensejar a correta notificação dos acidentes. Neste trabalho, não foi possível identificar espécie de aranha envolvida na maioria dos casos, principalmente devido à dificuldades de apreensão ou identificação do animal venenoso após o acidente, bem como a má qualidade do registro no momento do atendimento. Neste contexto, destaca-se que atividades de prevenção devem ser difundidas e promovidas para a população de forma constante e devem ser intensificadas nos períodos de maior atividade das aranhas que, geralmente, implica o aumento de acidentes, considerando-se as características da região, sendo redirecionadas para áreas estratégicas e público específico. Referências bibliográficas JÚNIOR, Aníbal de Freitas Santos; CAVALCANTI, Bruno Coelho; JÚNIOR, Hélio Vitoriano Nobre; BATISTA, Leônia Maria; MAGALHÃES, Hemerson Iury Ferreira. Perfil das admissões no Centro de Assistência Toxicológica da Paraíba (CEATOX-PB) motivada por acidentes com aranhas. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 08-29, jun. 2016.
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Artigo original Toxicologia do Níquel Toxicology of Nickel Karina Regina Gonzalez Biomédica formada pela Universidade Nove de Julho e cursando pósgraduação de Assuntos Regulatórios pelo Instituto de Pós-graduação e Graduação. E-mail para contato: k.gonzalez@intertox.com.br.
Resumo Este estudo faz uma revisão de literatura sobre o níquel metálico (Ni) e sua forma de apresentação ao trabalhador, relacionando os perigos causados por sua suposta carcinogenicidade. O estudo tem sua relevância fundamentada na importância de se conhecer a correta composição dos elementos e sua classificação com preocupações sociais e ambientais, destinando-se a conhecer e controlar os riscos que o trabalho pode oferecer ao ambiente e à vida. Descrevem-se as principais características do níquel metálico e informações sobre algumas normas brasileiras. Utilizaram-se dados de bancos como o LILACS, SciELO, MEDLINE, Direct Science, assim como livros e documentos de referência para a área. O método utilizado foi um levantamento bibliográfico por meio de abordagem crítica, objetiva e abrangente, considerando-se a relevância do tema. Ao final do trabalho percebeu-se o conflito gerado por uma classificação equivocada dos compostos e a necessidade de estudos mais aprofundados. A partir do levantamento empreendido espera-se ter contribuído para o conhecimento geral da população, principalmente para quem está diretamente envolvido na exposição a compostos do níquel, possibilitando-se, desta maneira, rever as medidas e precauções que são sugeridas na literatura quanto à segurança no ambiente de trabalho.
GONZALEZ, Karina Regina. Toxicologia do Níquel. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 30-54, jun. 2016.
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Artigo original Palavras-chave:
Níquel
metálico.
Exposição
ocupacional.
Carcinogenicidade do níquel. This study deals with a literature review on the nickel and their presentation to the employee listing the dangers caused by his alleged carcinogenicity. The study has its relevance based on the importance of knowing the correct composition of elements and their classification with social and environmental concerns that are meant to know and control the risks that work can provide the environment and life. Throughout the development thereof has been described the main features of metallic nickel and information on some Brazilian standards. Database was used as the LILACS, SciELO, MEDLINE, as well as books and reference documents for the area. The method used was a literature by means of a critical, objective and comprehensive approach, considering the relevance of the subject. At the end of the work it was noticed the conflict generated by a mistaken classification of compounds and the need for further study. From this survey is expected to have contributed to the general knowledge of the population, especially for those who are directly involved with nickel, enabling this way to review the measures and precautions that are suggested in the literature about the safety in the workplace. Keywords: Nickel Metal. Occupational exposure. Nickel carcinogenic potential.
GONZALEZ, Karina Regina. Toxicologia do Níquel. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 30-54, jun. 2016.
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Artigo original 1) Introdução O níquel (Ni) é o 24º metal em abundância na crosta terrestre, caracterizado como metal pesado, de densidade de 8,5 g/cm³. Na forma metálica é branco prateado, dúctil e maleável, possui grande resistência à corrosão e oxidação pelo ar, água e agentes alcalinos. Dentre os vários compostos de níquel, os principais são óxido de níquel (NiO), hidróxido de níquel (NiOH), sulfato de níquel (Ni3S2) e cloreto de níquel (NiCl2). Os sais de níquel de ácidos orgânicos fortes são solúveis em água, enquanto os sais de níquel de ácidos inorgânicos fracos são insolúveis. (AZEVEDO, CHASIN, 2003) A exposição ocupacional ao níquel metálico pode ocorrer através de uma variedade de fontes, como as operações metalúrgicas, incluindo a fabricação de aço inoxidável, a produção de liga de níquel, e as operações de metalurgia do pó. Em quase todos os casos, as exposições ao níquel metálico incluem exposições concomitantes a outros compostos de níquel e podem ser confundidas com a exposição a materiais tóxicos (OLLER, 2002). Os efeitos observados na saúde dos trabalhadores expostos ao níquel metálico correm no sistema respiratório e podem ser benignos (incluindo asma e fibrose) ou câncer respiratório. Para este documento, a principal preocupação é a presença de níquel em ambientes ocupacionais, uma vez que os processos industriais apresentam maior exposição de trabalhadores a concentrações mais elevadas de níquel e seus compostos do que as normalmente verificadas na natureza. Estas exposições podem ser a refinados de níquel, ou misturados, contendo vários compostos de níquel e contaminantes. As "exposições misturadas” dificultam a interpretação dos efeitos sobre a saúde a partir de espécies específicas de níquel.
GONZALEZ, Karina Regina. Toxicologia do Níquel. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 30-54, jun. 2016.
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Artigo original 2) História O níquel (Ni) foi isolado pela primeira vez por Cronstedt, em 1751, tendo-se obtido uma amostra do metal bastante pura em 1804, por Ritcher, que também fez uma descrição pormenorizada de suas propriedades. Em 1870, Fleitman descobriu que a adição de uma pequena quantidade de magnésio tornava o níquel maleável. Os primeiros estudos sobre a toxicidade do Ni e seus compostos datam do ano de 1826, realizados por Gmelin (OLIVEIRA, 2010) que administrou, por via oral, elevadas concentrações de níquel a ratos e cachorros, resultando severa gastrite e convulsão fatal. Inúmeras descrições têm aparecido na literatura demonstrando que trabalhadores expostos por longo prazo a fumos, poeiras e vapores do metal, podem apresentar intoxicações, principalmente os expostos em minas de extração e nas refinarias do metal (OLIVEIRA, 2010).
3) Identificação do Metal e Seus Campostos 3.1 Sinônimos, nomes comerciais e identificadores Os compostos inorgânicos de interesse incluem:
Níquel metálico Níquel elementar, Níquel 200, Nichel (italiano), Alnico, Nickel
(ingles)
Óxido de níquel
Cloreto de níquel
Subsulfeto de níquel
Hidróxido de níquel
Sulfato de níquel.
O único composto orgânico do metal é a carbonila de níquel.
GONZALEZ, Karina Regina. Toxicologia do Níquel. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 30-54, jun. 2016.
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Artigo original Na tabela 1 é possível verificar quais os principais compostos de níquel e algumas de suas propriedades como fórmula molecular, química e massa de cada composto. Nesta tabela você encontra o nº CAS de cada composto, nº este que é utilizado para identificação mundial das substâncias químicas.
3.2 Aspecto, forma e propriedades físico-químicas. O níquel é um metal prateado, que ocorre naturalmente na crosta terrestre (QUINÁGUIA, 2012). É um elemento razoavelmente duro, com fraco brilho amarelado devido, em parte, à existência de uma camada protetora de óxido. É dúctil e maleável (QUINÁGUIA, 2012) Os principais compostos inorgânicos de níquel podem ser divididos em: a) solúveis, tais como os hidróxidos, sulfatos, cloretos e os nitratos; b) insolúveis, entre eles os óxidos, os sulfetos e ainda o subsulfeto de níquel. Outro composto de interesse toxicológico é a carbonila de níquel Ni(CO)4, composto volátil e incolor, que possui caráter lipofílico e se decompõe ao redor de 50C (ICZ, 2015). GONZALEZ, Karina Regina. Toxicologia do Níquel. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 30-54, jun. 2016.
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Artigo original O estado de oxidação mais frequente é o Ni2+, outros estados podem ser encontrados, como o Ni3+ e o Ni4+ (ICZ, 2015). O metal níquel pertence ao grupo VIII da Tabela Periódica. É o terceiro dos três elementos: ferro, cobalto e níquel, possui peso atômico de 58,71 e ponto de ebulição de 2837C. É insolúvel em água quente ou fria, sendo solúvel em ácido nítrico diluído e ácido sulfúrico. A Tabela 2 denota as propriedades físico-químicas de maior interesse dos compostos de níquel.
4) Ocorrência, ciclo biogeoquímico, usos e aplicações O níquel é um dos cinco elementos mais abundantes, vindo depois do ferro, oxigênio, magnésio e silicone. Combinado com outros elementos ocorre naturalmente na crosta terrestre e é encontrado em todo o solo e emitido por vulcões. Tem sido encontrado combinado com ferro em meteoritos, em
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Artigo original concentrações de 5 a 50% (AZEVEDO; CHASIN, 2003) e no fundo do oceano em pedaços de minerais. O metal tem sido detectado em diferentes pontos da biosfera. A concentração de níquel na crosta terrestre é de cerca de 0,008%. O núcleo da Terra é composto por 6% de níquel (MENDES, 2011). O níquel encontra-se geralmente associado aos sulfetos de ferro e cobre, depósitos aluviais de silicatos e óxidos/hidróxidos. O mineral de maior importância é a pentlandita (FeNi)9S8, sendo também encontrado em minérios
como
a
millerita
(NiS),
nicolita
(NiAS)
entre
outros
(FORTUNATO, 2009). Principais usos e aplicações A utilização do níquel e seus compostos na indústria é muito diversificada. A aplicação mais importante é na fabricação do aço inoxidável, pois o níquel é um elemento resistente à ação corrosiva de muitos ácidos, sais e álcalis (NÍQUEL, 2015). O níquel é utilizado como uma das camadas base na galvanoplastia do cromo (para se conseguir que o cromo adira ao ferro, este primeiro é coberto com cobre, depois níquel e finalmente com o cromo, num processo conhecido como deposição). Serve também como catalisador em certas reações de hidrogenação, tais como na fabricação da margarina e manteiga a partir de gorduras líquidas (NÍQUEL, 2015). Os compostos inorgânicos apresentam as seguintes outras utilizações (NÍQUEL, 2015):
Produção de ligas de níquel. As principais ligas de níquel são:
níquel-cobre, utilizada em componentes para marinha; níquel-cromo, usada em partes de motor de avião a jato, fornos e elementos para uso em fogões.
Produção de níquel fundido com ferro.
Galvanização. O níquel metálico e os seus sulfatos e cloretos são
os principais compostos utilizados nos processos de galvanização.
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Artigo original
Catálise. Os óxidos de níquel são utilizados como catalisadores.
Outras reações de catálise incluem a dessulfurização de óleos; produção de hidrocarbonetos por polimerização e produção de amônia; indústria de alimentos e vidros; produção de utensílios domésticos.
Manufatura de baterias alcalinas (Ni-Cd).
Manufatura de moedas. O níquel e a liga de níquel-cobre são os
materiais mais utilizados.
Pigmentos inorgânicos. O Ni tem sido usado como pigmento
inorgânico para o esmalte e cerâmica devido à resistência a temperaturas elevadas e à corrosão.
Na eletrônica. Compostos contendo níquel são usados em
eletrônica e equipamentos de computador.
Próteses clínicas e dentárias.
5) Exposição Humana 5.1 Fontes ambientais e em alimentos. Os compostos cristalinos/particulados de níquel que são insolúveis entram nas células através do processo de fagocitose. A carbonila de níquel entra nas células devido à penetração nas membranas e os compostos solúveis de níquel são transportados para as células através do processo de difusão ou através de canais de cálcio. O níquel é um elemento estável e persistente no ambiente, visto que não pode ser biologicamente ou quimicamente degradado ou destruído. Pessoas que não fumam tabaco expõem-se, através da respiração, a 0,1 a 1 μg de níquel por dia. O ser humano também se expõe ao níquel ao tocar em objetos contendo este metal, como por exemplo: moedas, joias e aço inoxidável. O níquel é um agente sensibilizante comum e ocasiona alta prevalência de dermatite alérgica de contato. (KRIEGER, 2014)
GONZALEZ, Karina Regina. Toxicologia do Níquel. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 30-54, jun. 2016.
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Artigo original Cerca de 170μg de níquel são ingeridos diariamente pelos seres humanos por meio da alimentação. Alimentos ricos em níquel incluem amendoim, nozes, soja, lentilhas, legumes, peixes, mariscos, ervilhas, cacau, aveia e chocolate ao leite. Já através do consumo de água, os seres humanos ingerem cerca de 2μg de níquel por dia. Entretanto, quando este metal é ingerido em grandes quantidades, torna-se tóxico para os organismos vivos (FELLER, 2014). A Figura 1 apresenta a quantidade de níquel nos alimentos.
Figura 1: Concentrações de níquel nos alimentos.
Com base nas estimativas de exposição, e assumindo que um total de 12 m3 de ar é inspirado em um dia de trabalho de oito horas (o pressuposto é que os trabalhadores da indústria têm uma taxa de inalação maior do que o cidadão médio), o valor aproximado de níquel susceptível de ser inalado nos segmentos de produção/uso de níquel se situaria entre 0,036-0,72 mg Ni/dia. A quantidade média de níquel que pode ser inalada na maioria das indústrias que usam o metal e/ou seus compostos varia entre 0-1,1 mg GONZALEZ, Karina Regina. Toxicologia do Níquel. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 30-54, jun. 2016.
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Artigo original Ni/dia, dependendo da indústria. Produção de bateria com operações de níquel metálico e metal em pó de níquel metálico são uma exceção, com concentrações médias de níquel no ar variando de 0,3 a 0,5 mg de Ni/m 3, respectivamente (NÍQUEL, 2015). Na legislação brasileira, a Portaria 3214, de 1978, do Ministério do Trabalho, na sua Norma Regulamentadora NR 15, não faz constar Limites de Tolerância (LT) para níquel.
Porém, na NR 9, 9.3.5.1, alínea “c”, é
preconizado que se utilizem valores da entidade norte-americana American Conference of Governmental Industrial Hygienists (ACGIH), ou aqueles que venham a ser acordados em negociação coletiva de trabalho, desde que mais rigorosos do que os critérios técnicos-legais estabelecidos. Os Thereshold Limit Value (TLV-TWA) da ACGIH são apresentados na tabela 3. Os compostos insolúveis e o sulfeto de níquel são classificados como carcinogênicos pela ACGIH.
6) Estudo Toxicológico 6.1 Toxicocinética O efeito tóxico do níquel no corpo depende de vários fatores, tais como as espécies químicas, forma física, concentração ou fonte de exposição (SHARMA et al., 2009; AHMAD, ASHRAF, 2011; SCHAUMLÖFFEL, 2012;). Espécies solúveis de níquel são eliminadas rapidamente pelos tecidos, visto que a sua capacidade de penetrar em células utilizando GONZALEZ, Karina Regina. Toxicologia do Níquel. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 30-54, jun. 2016.
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Artigo original transportadores de metal divalente é limitada; evidências sugerem que a via utilizada é a entrada através dos canais de cálcio. A carbonila de Ni, altamente tóxica, é solúvel em lípidos, o que permite a sua passagem através da membrana celular, acarretando absorção significativa por inalação e em contato com a pele, enquanto o sulfeto de níquel (Ni3S2) pouco solúvel em meio aquoso, através de endocitose estão entre as formas mais tóxicas e cancerígenas. A forma amorfa de NiS não penetra na célula e, por isso, tal agente possui pouca ou nenhuma importância toxicológica (MUÑOZ, COSTA, 2012). Nos últimos anos tem-se observado a importância das nanopartículas de níquel, que geralmente são mais tóxicas do que as formas solúveis (MUÑOZ, COSTA, 2012). Estas nanopartículas, especificamente o hidróxido de níquel (nano-NIH) e sulfato de níquel (nano-NIS), são cada vez mais utilizadas na indústria de energia e alimentos e são aquelas com um maior potencial toxicológico, este potencial não é atribuído a aumento da solubilidade ou propriedades genéricas das nanopartículas, mas está relacionado com níveis maiores de deposição e um potencial inflamatório mais forte, que é independente da carga de Ni pulmonar. Estudos de farmacocinética em humanos mostram que o níquel é absorvido através dos pulmões, trato gastrointestinal e pele. A absorção pulmonar é a principal forma em relação à toxicidade induzida. O grau desta absorção é determinado pela forma química e local de acumulação (dependendo do tamanho, forma, densidade e carga elétrica das partículas metálicas). Sabese que entre 20 e 35% do níquel inalado é retido nos pulmões e absorvido pelo sangue. Do trato respiratório, o níquel pode ser removido por transporte mucociliar e ser liberado no trato gastrointestinal, local em que não acontece uma boa absorção (CLANCY, COSTA, 2012). O níquel metálico é mal absorvido por via dérmica, mas alguns dos seus compostos, tais como cloreto de níquel ou sulfato níquel, podem penetrar
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Artigo original pela pele, aproximadamente 77% em 24 h (CLANCY, COSTA, 2012; KAS et al., 2008). A ingestão de níquel por meio de alimentos e água potável é uma importante fonte de exposição, uma vez que também tem sido demonstrado que indivíduos em jejum absorvem mais níquel a partir do trato gastrointestinal. (AHMAD, ASHRAF, 2011, KAS, DAS, DHUNDASI, 2011). O níquel, depois de absorvido, é distribuído por todo o corpo através do sangue; no soro humano o agente se liga à albumina, e principalmente às proteínas devido ao alto peso molecular, ou pode ligar-se também com Lhistidina e α-2 macroglobulina, de baixos pesos moleculares. (AHMAD, ASHRAF, 2011; KAS, DAS, DHUNDASI, 2008). Em estudos de curto e longo prazo com animais, observou-se que o níquel está concentrado principalmente nos rins. As concentrações teciduais de Ni, em ordem decrescente, são: rins> pulmões> fígado> coração > testículos. Foi observado que o Ni2+ administrado por via oral acumula-se mais na medula espinal do que no cerebelo ou córtex frontal. Em geral, um homem de 70 kg contém, em média, 10 mg de níquel no corpo. Os valores de referência do níquel em fluidos biológicos de adultos saudáveis são de 0,2 mg/L no soro e 1-3 g/L na urina (CLANCY, COSTA, 2012; KAS, DAS, DHUNDASI, 2008). Em estudos com ratos expostos à Ni(CO)4, cerca de 50% do Ni foram detectados nas vísceras e sangue, 30% nos músculos e tecido adiposo e 15% nos ossos e em tecidos conjuntivos. (AZEVEDO; CHASIN, 2003). O pulmão é o órgão de acúmulo para as exposições em longo prazo e o armazenamento se dá nas mitocôndrias. 6.2 Biotransformação e eliminação De fato, a maior parte do níquel absorvido é excretada na urina, independentemente a via de exposição (AHMAD, ASHRAF, 2011; SCHAUMLÖFFEL, 2012). A eliminação do níquel do organismo humano pode ser feita de várias maneiras, como cabelos, suor, fezes e urina, sendo
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Artigo original esta considerada a principal forma. A excreção no suor aumenta em regiões que apresentam altas temperaturas. Além disso, também pode ser eliminado pela saliva. Sabe-se que o cabelo reflete exposição passada a metais pesados, enquanto o sangue e a urina refletem exposição recente aos mesmos. (PEIXE, 2010) A meia-vida de eliminação urinária varia de 17 a 48 h, e a via preferencial de excreção é a urinária, para os compostos solúveis e insolúveis. Entretanto, tratando-se do níquel orgânico, a principal via de excreção é a pulmonar (PEIXE, 2010). 7) Toxicodinâmica O níquel, assim como outros metais pesados, interage com receptores de íons em locais diferentes do organismo. Os mecanismos destas interações não estão completamente elucidados, conhecendo-se, atualmente, algumas hipóteses relativas à sua toxicodinâmica. A administração de íons divalentes de níquel em animais induz um largo espectro de respostas agudas, e muito desses efeitos podem ser mediados por espécies reativas de oxigênio em órgãos-alvo. Tais espécies podem ser produzidas nas células. Várias hipóteses têm sido propostas para o entendimento do mecanismo da lipoperoxidação induzida pelo níquel e seus compostos: a) um mecanismo indireto, mediado pelo Ni2+, deslocando Fe2+ ou Cu2+ a partir de sítios ligantes intracelulares, resultando nas reações de lipoperoxidação de Fenton e Haber-Weiss, catalisadas por Fe2+/Fe3+ ou Cu+/Cu2+; b) a reação de oxirredução Ni2+/Ni3+ gera diretamente radicais livres pela transferência de um elétron;
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Artigo original c) Ni2+ acelera a degradação de hidroperóxidos lipídicos para formar radicais lipol-O· e propagar reações peroxidativas autocatalíticas de ácidos graxos; d) outro mecanismo sugerido é que o níquel, ao inibir as células de defesa contra os danos da peroxidação, depletaria a glutationa, a catalase, a superóxido dismutase e outras enzimas que protegem da injúria provocada pelos radicais livres (AZEVEDO; CHASIN, 2003).
8) Efeitos Tóxicos do Níquel 8.1 Carcinogenicidade A atividade carcinogênica depende da solubilidade dos compostos de níquel. Compostos insolúveis, como sulfeto de níquel II (NiS), óxido de níquel (NiO) e sulfeto de níquel (Ni3S2), não são facilmente removidos dos tecidos e, por isso, são mais carcinogênicos do que compostos solúveis como acetato de níquel (Ni(OAc)2), cloreto de níquel (NiCl2) e sulfato de níquel (NiSO4) (DENKHAUS; SALNOKOW, 2002). O níquel foi classificado no nível mais perigoso das substâncias cancerígenas, no grupo 1, porém não há provas suficientes em animais ou seres humanos sobre qual exposição que provoca o câncer. (CLANCY, COSTA, 2012; SEO, KIM, RYU, 2005). Estudos em trabalhadores de hidrometalúrgicas, onde ocorre elevada exposição ao níquel metálico, confirmam o baixo risco de desenvolvimento de câncer respiratório associado à exposição ao níquel elementar durante a refinação (EGEDAHL et al., 2001). Há falta de evidência da carcinogenicidade através da inalação de metal de níquel presente em poeiras (CETESB, 2001). Para suprir a falta de dados adequados considerando-se a exposição via inalação com pós-metálicos de níquel e pedidos de regulamentação da União Europeia e da Alemanha, um estudo de inalação de carcinogenicidade foi iniciado pela Nickel Producers Environmental Research Association GONZALEZ, Karina Regina. Toxicologia do Níquel. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 30-54, jun. 2016.
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Artigo original (NiPERA),
em
2004,
os
resultados
definitivos
do
estudo
de
carcinogenicidade com pó de níquel metálico inalavel (~ 1,6 μMMAD) , por via inalatória, em ratos Wistar machos e fêmeas, utilizando-se um regime de exposição de 2 anos a 0, 0,1, 0,4, e 1 mg/m³. Verificou-se que a dose máxima era de 1 mg/m³, porém, por precaução, ficou estabelecida como Dose Máxima Tolerada (MTD) para a inalação de pó de níquel metálico o valor de 0,4 mg/m³ e, portanto, válido para a determinação da carcinogenicidade. Este estudo não mostrou uma associação entre a exposição ao pó-metálico níquel e tumores respiratórios. (KIRKPATRICK, 2004). Segundo
a
IARC
(1990),
existem
evidências
limitadas
para
a
carcinogenicidade da poeira (pó) do Ni em animais e, por isso, ela não mostra qualquer classificação completa para a poeira do Ni. Atualmente, a ACGIH (ACGIH, 2015) classifica o níquel em função da solubilidade. Os compostos inorgânicos insolúveis são classificados como A1 – Carcinogênico humano confirmado, com base em evidências de estudos epidemiológicos. Os compostos inorgânicos solúveis como categoria A4 – não classificável como carcinogênico para humanos, ou seja, há a possibilidade de existir efeito carcinogênico para humanos, contudo os dados existentes são insuficientes para permitir afirmar o risco de carcinogenicidade. O níquel na forma de metal elementar é classificado como A5 – Não suspeito de carcinogênico humano, uma vez que resultados obtidos em estudos epidemiológicos permitem concluir que a exposição ao agente não apresenta risco significativo de câncer para humanos. Os mecanismos de captação celular podem explicar porque as espécies inaladas menos solúveis dos sulfetos e dos óxidos de níquel são mais cancerígenos que as espécies solúveis. As partículas solúveis se dissolvem na mucosa e os íons são –facilmente retirados por transporte ciliar, enquanto nas menos solúveis ocorre a fagocitose pelas células epiteliais do
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Artigo original pulmão, nas quais são lentamente dissolvidas, representando uma fonte contínua de íons de níquel (SCHAUMLÖFFEL, 2012). 8.2 Efeitos sobre a pele Ao entrar em contato com a pele o níquel pode ser solubilizado e formar íons de níquel, que serão absorvidos pela pele devido ao processo da difusão através da derme. Em experimentos com o sulfato de níquel radioativo se observou uma absorção pela pele entre 55 – 77% em 24 horas, com ocorrência de dermatite, sintoma que desaparecia quando se retirava o contato com o material (SILVESTRI, BARMETTLER, 2011). Em indivíduos mais sensíveis este contato produz dermatite com inflamação, que pode resultar em vermelhidão, erupções cutâneas, e, nos casos extremos, úlceras. Esta reação costuma ser observada com certa frequência em mulheres, devido ao contato com joias, broches, zíperes, entre outros materiais que possuem níquel em sua composição. Na Europa, de 5 a 15% das mulheres e 0.5 a 1% dos homens estão sensibilizados. Os dados têm aumentado consideravelmente devido ao uso de piercings (GONZÁLEZ et al., 2009; GRIECO et al., 2012). 8.3 Efeitos sobre a reprodução Dados dos efeitos sobre a reprodução são limitados. Estudos tanto in vivo como in vitro demonstram que o níquel altera diferentes níveis de regulação do sistema neuroendócrino de mamíferos. O metal induz a alteração da prolactina e dos níveis de LH (hormônio luteinizante). Os resultados indicam que as alterações hormonais são os principais causadores da toxicidade à reprodução, tanto no nível endócrino como nas gônadas. Observou-se que o níquel (Ni
2+)
é capaz de imitar a hipóxia, pois pode
conduzir à ativação de algumas vias de sinalização e a transcrição dos fatores, o que, eventualmente, resultará na alteração da expressão do gene
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Artigo original e do metabolismo celular. Consequentemente, eis a base da gênese da toxicidade reprodutiva e da carcinogenicidade (FORGACSA, et al., 2012). Num estudo com 356 mulheres que trabalhavam em uma refinaria de níquel no Ártico russo, constatou-se que houve maior taxa de abortos espontâneos (15,9%) em comparação com a taxa correspondente a 342 mulheres locais que não trabalhavam na planta (8,5%). Ratos expostos ao sulfato de níquel sofreram degeneração testicular (KAS, DAS, DHUNDASI, 2008). 9) Monitorizações da Exposição 9.1 Vigilância ambiental A vigilância da presença do níquel é de grande importância para avaliar o risco da exposição ambiental e da ocupacional ao metal. O níquel no ar (NiAr) é o indicador mais usado para a quantificar as concentrações do agente. No caso da vigilância da exposição ocupacional, amostras podem ser coletadas por 8 h contínuas, constituindo uma única amostra, ou podem ser coletadas duas amostras, de 4 horas cada. As amostras devem ser coletadas próximas à zona respiratória dos trabalhadores. A coleta geralmente é realizada com cassetes e filtro de membrana de éster celulose, seguindo-se o tratamento com ácido nítrico. Dentre as técnicas mais sensíveis empregadas na determinação analítica do níquel destaca-se a espectrometria de absorção atômica, tanto a modalidade que utiliza como atomizador o forno de grafite quanto a que usa a chama (AZEVEDO, CHASIN, 2003). 9.2 Vigilância biológica A vigilância biológica de trabalhadores expostos a agentes químicos tem relevância como medida de avaliação de risco à saúde. O níquel no sangue (Ni-S) e na urina (Ni-U) são os bioindicadores que mais têm sido estudados para a biomonitorização a este metal e seus compostos. Alguns autores
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Artigo original consideram que os resultados provenientes do soro são preferíveis, pois são menos dependentes da função renal e menos sujeitos ao risco de contaminação (AZEVEDO, CHASIN, 2003). Embora o Brasil não tenha definido valores de referência de base populacional, alguns estudos particulares tentaram estabelecer valores de referência regionais para metais. (AZEVEDO, CHASIN, 2003). Os processos de urbanização e de industrialização têm levado ao aparecimento de áreas contaminadas em diferentes regiões. No Estado de São Paulo já foram detectadas mais de 4,5 mil áreas contaminadas (CETESB, 2012). Um estudo realizado por KIRA (2011), com 1324 indivíduos de ambos os gêneros, sendo 786 adultos (14 a 70 anos) e 538 crianças (6 a 13 anos), amostradas das zonas centro, norte, sul, leste e oeste do município de São Paulo, analisou-se a quantidade no sangue, de acordo com alimentação, hábitos de vida e possíveis exposição ao metal. Os resultados apontam que para a concentração do níquel no sangue, os fatores determinantes foram faixa etária, consumo de peixe, vísceras e miúdos e consumo de frango, porém indicam que a população estudada não está exposta a níveis preocupantes de exposição. 10) Documentos de Segurança A Ficha de Informações de Segurança De Produtos Químicos (FISPQ) fornece
informações
sobre
vários
aspectos
de
produtos
químicos
(substâncias ou misturas) quanto à proteção, à segurança, à saúde e ao meio ambiente. São conhecimentos básicos sobre os produtos químicos, recomendações sobre medidas de proteção e ações em situação de emergência. Em países que adotam a língua inglesa, tal ficha é chamada de Safety Data Sheet (SDS).
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Artigo original Seguem-se exemplos da FISPQ do níquel e de seus compostos. Enfocando apenas as seções que retratam o objeto deste artigo, como classificação, toxicidade e limites de exposição (NBR 14725-4). Cloreto de níquel hexahidratado:
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Artigo original
Nitrato de níquel hexahidratado:
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Artigo original Sulfamato de níquel
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Artigo original Minério concentrado de níquel:
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Artigo original
Conclusão Os estudos comprovam que qualquer esforço para avaliar os riscos à saúde para a identificar a toxicidade dos compostos de níquel deve começar com uma boa coleta de dados. Isso inclui monitorar alimentos, água, local de trabalho, traçar o perfil de risco quem está mais exposto e a qual componente, qual a forma dessa exposição. Devem se criar programas que permitam a vigilância no local, compreendendo os limites de exposição, legislativas aplicáveis e implementar um programa de monitoramento que permite a comparação das exposições dos seres a esses limites. Referências bibliográficas ACGIH (Conferência Americana de Higienistas Industriais Governamentais). (2014). Valores limite e índices de exposição biológica para substâncias químicas e agentes físicos. Cincinnati, OH, p.51 GONZALEZ, Karina Regina. Toxicologia do Níquel. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 30-54, jun. 2016.
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GONZALEZ, Karina Regina. Toxicologia do Níquel. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 30-54, jun. 2016.
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Artigo original Quantificação de nitrato e nitrito utilizados em linguiças tipo calabresa comercializadas em Picos-PI Quantification of nitrate and nitrite used in Calabrian sausage type commercialized in Picos-PI Viviane de Sá Carvalho Sousa Graduanda do Curso Bacharelado em Nutrição, Universidade Federal do Piauí/ CSHNB, Picos, PI, Brasil.
Sabrina Almondes Teixeira Graduada em Nutrição, UFPI, Picos; Especialista em Nutrição e Controle de Qualidade de Alimentos, Instituto de Tecnologia Aplicada, Sobral-CE. Mestranda em Alimentos e Nutrição, UFPI-PPGAN, Teresina, Piauí, Brasil. E-mail: sabrina.almondes@hotmail.com
Bárbara Verônica Sousa Cardoso Graduada em Nutrição, UFPI, Teresina; Especialista em Nutrição Humana e Saúde, Universidade Federal de Lavras, Minas Gerais; Mestre em Ciências e Saúde, UFPI, Teresina. Docente da Universidade Federal do Piauí, CSHNB, Picos, Piauí, Brasil.
Leonardo Henrique Guedes de Morais Lima Graduado em Ciências Biológicas, UEPB, Campina Grande, Natal; Mestre em Genética e Biologia Molecular, UFRN; Docente da Universidade Federal do Piauí, CSHNB, Picos, Piauí, Brasil.
SOUSA, Viviane de Sá Carvalho; TEIXEIRA, Sabrina Almondes; CARDOSO, Bárbara Verônica Sousa; LIMA, Leonardo Henrique Guedes de Morais. Quantificação de nitrato e nitrito utilizados em linguiças tipo calabresa comercializadas em Picos-PI. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 55-67, jun. 2016.
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Artigo original Resumo Os conservantes vêm sendo cada vez mais utilizados pela indústria de alimentos, visto que podem impedir ou retardar alterações causadas por microrganismos, enzimas e/ou agentes físicos. Dentre estes conservantes está o nitrato e o nitrito, utilizados para inibir o crescimento de microrganismos patogênicos e conferir cor e sabor aos alimentos. Entretanto, contrapondo-se com os benefícios gerados pelo uso desses compostos, estão os efeitos tóxicos que podem ser causados pela sua ingestão. Um dos mais relevantes efeitos decorrentes da ingestão desses íons é a metahemoglobina e consequente redução do transporte de oxigênio. Além disso, a quantidade excedente destes íons pode ocasionar um aumento da ocorrência de câncer de estômago em seres humanos, em consequência da formação de N-nitrosaminas, caracterizadas como compostos de alto potencial mutagênico. Com o objetivo de avaliar o teor desses aditivos em linguiças do tipo calabresa comercializados na cidade de Picos-PI, foram analisadas 4 amostras por meio do método de Griess Ilosvay, e todas apresentaram resultado superior ao preconizado pela legislação, tornando-se necessário maior fiscalização no processo produtivo para garantir a qualidade do produto fornecido e minimizar ou anular os riscos à saúde dos consumidores. Palavras-chave: Conservantes alimentares. Produtos Cárneos. Toxicidade. Saúde pública. Abstract Preservatives has been increasingly used by the food industry, as they may prevent or delay changes caused by microorganisms, enzymes and / or physical agents. Among these food additives there are nitrate and nitrite, used to inhibit the growth of pathogenic microorganisms and impart color and flavor to the food. However, in contrast with the benefits generated by the use of these compounds are toxic effects that may be caused by their ingestion. One of the most important effects of the intake of these ions is the methemoglobinemia and consequent reduction in oxygen transport. Furthermore, the excess amount of these ions may cause an increased incidence of stomach cancer in human beings, due to the formation of Nnitrosamines, which are characterized as high mutagenic compounds. In order to assess the content of these additives in the Calabrian sausage type sold in the city of Picos-PI, 4 samples were analyzed using the Griess Ilosvay method, that showed better results than recommended by law, making it necessary to pay extra attention to the production process, to ensure the quality of the delivered product and minimize or negate the risks to consumer health. Keywords: Food Preservatives. Meat Product. Toxicity. Public health. SOUSA, Viviane de Sá Carvalho; TEIXEIRA, Sabrina Almondes; CARDOSO, Bárbara Verônica Sousa; LIMA, Leonardo Henrique Guedes de Morais. Quantificação de nitrato e nitrito utilizados em linguiças tipo calabresa comercializadas em Picos-PI. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 55-67, jun. 2016.
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Artigo original Introdução Atualmente, os conservantes vêm sendo cada vez mais utilizados pela indústria de alimentos, visto que é crescente a procura por alimentos quimicamente estáveis, seguros e de maior durabilidade, características que só podem ser alcançadas através do uso de tais substâncias, pois tem a função de retardar ou impedir alterações nos alimentos provocadas por microrganismos, enzimas e/ou agentes físicos. No entanto essas substâncias só podem ser utilizadas quando não oferecerem nenhum risco à saúde humana, devendo estar de acordo com as normas e quantidades estabelecidas pelos órgãos regulamentadores, sendo seu uso justificado apenas quando servir para melhorar as condições dos alimentos (TONETTO et al., 2008). Recentemente, o mercado consumidor tornou-se cada vez mais cauteloso quanto a segurança dos alimentos e dentre os vários itens relacionados com a segurança alimentar, os aditivos estão entre os mais controversos. Diante do ponto de vista tecnológico é inegável que os aditivos alimentares desempenham um papel importante no desenvolvimento de alimentos. Entretanto, seu uso é um tema que desperta preocupação (VARELA; FISZMAN, 2013). Diversos estudos têm mostrado que entre as muitas substâncias químicas capazes de provocar problemas a saúde dos indivíduos estão o nitrato e o nitrito, que são aditivos utilizados como conservantes em vários alimentos. Em produtos cárneos tem como finalidade inibir o crescimento de microrganismos patogênicos, como o Clostridium botulinum, conferir aspectos sensoriais característicos às carnes curadas, além de retardar a oxidação lipídica. Em contrapartida aos efeitos benéficos resultantes da utilização
dessas
substâncias
na
conservação
de
alguns
gêneros
alimentícios, encontra-se também o efeito tóxico que pode ser causado em indivíduos expostos aos mesmos, dependendo da quantidade ingerida e da susceptibilidade do organismo (DUARTE, 2010; FERREIRA et al., 2013)
SOUSA, Viviane de Sá Carvalho; TEIXEIRA, Sabrina Almondes; CARDOSO, Bárbara Verônica Sousa; LIMA, Leonardo Henrique Guedes de Morais. Quantificação de nitrato e nitrito utilizados em linguiças tipo calabresa comercializadas em Picos-PI. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 55-67, jun. 2016.
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Artigo original Guerreiro et al. (2012) afirmam que um dos efeitos tóxicos mais relevantes decorrentes da ingestão de nitrito e nitrato é a metahemoglobinemia, caracterizada pelo aumento da metahemoglobina no sangue e consequente redução do transporte de oxigênio. Esta síndrome pode ocorrer por alterações congênitas na síntese ou metabolismo da hemoglobina, como também em situações de desequilíbrio nas reações de redução e oxidação da mesma. Além disso, a quantidade excedente destes íons pode ocasionar um aumento da ocorrência de câncer de estômago em seres humanos. Tal consequência é explicada pelo fato da possível reação do nitrito com aminas para formar N-nitrosamina, composto que apresenta potencial carcinogênico e ação teratogênica em animais (FOOD INGREDIENTS BRASIL, 2011). A fabricação de produtos cárneos embutidos possibilita o aumento da vida útil das carnes, por meio da adição de íons como o nitrato e o nitrito, além de diversificar a oferta de derivados. Esses produtos são elaborados com carnes ou outros tecidos animais comestíveis, curados ou não, defumados e dessecados ou não, tendo como envoltório natural tripas, bexigas ou outras membranas animais ou envoltório artificial apropriado (LEITE, 1989). A linguiça comparada com outros produtos cárneos embutidos destaca-se por sua fácil aceitação e comercialização. São utilizados no processo de produção carnes de animais de açougue, adicionadas ou não de tecidos adiposos, e o processamento pode ocorrer em estabelecimentos de micro, pequeno, médio e grande porte. Adicionam-se ao processo aditivos (nitrito, nitrato e outros) empregados para melhorar as características sensoriais do produto (RODRIGUES et al., 2012). A legislação brasileira, conforme a Portaria nº. 1004/1998, estabelecida pelo Ministério da Saúde, e por meio da Instrução Normativa n° 51/2006, aprovada pelo Ministério da Saúde, Agropecuária e Abastecimento, atribui um limite máximo para a quantidade desses conservantes nos produtos a serem consumidos de 150 mg/kg (de nitrito de sódio ou potássio) e 300 mg/kg (de nitrato de sódio ou potássio). A mesma portaria permite a combinação de nitrito e nitrato, caso a soma das suas concentrações não seja superior a 150 mg/kg (BRASIL, 1998; BRASIL, 2006). SOUSA, Viviane de Sá Carvalho; TEIXEIRA, Sabrina Almondes; CARDOSO, Bárbara Verônica Sousa; LIMA, Leonardo Henrique Guedes de Morais. Quantificação de nitrato e nitrito utilizados em linguiças tipo calabresa comercializadas em Picos-PI. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 55-67, jun. 2016.
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Artigo original Avaliando a importância industrial e os aspectos toxicológicos desses aditivos, é essencial que seja executado o monitoramento do seu teor, evitando dessa forma riscos à saúde da população. A principal ferramenta para assegurar que esses produtos estejam enquadrados nas determinações legais é através de sua determinação quantitativa. Diante do exposto, o presente trabalho verificou quantitativamente e qualitativamente a presença de nitrato e nitrito em amostras de linguiças comercializadas na cidade de Picos/PI. Materiais e Métodos Para a realização deste estudo foram utilizadas quatro marcas de linguiças tipo
calabresa
industrializadas
e
comercializadas
em
diferentes
supermercados. Para definição das marcas a serem utilizadas por este trabalho foram consideradas as de maior comercialização em diferentes pontos de venda. Já a escolha dos locais para aquisição das amostras visou a abranger toda a cidade de Picos, envolvendo supermercados de grande, médio e pequeno porte. As quatro marcas (uma amostra de cada marca) foram selecionadas e as análises foram realizadas durante os meses compreendidos entre setembro e outubro de 2014. Foram coletadas em sacos plásticos devidamente esterilizados e identificados, utilizando isopores com gelo durante o transporte. Posteriormente as amostras foram analisadas pelo método Griess Ilosvay (metodologia desenvolvida pelo Instituto Adolfo Lutz, 2010), em parceria com o Laboratório Pureáguas: Controle de Qualidade de Água e Alimentos, Teresina - PI, objetivando a extração e a quantificação de nitratos e nitritos. O método Griess Ilosvay consiste em três etapas, como demonstrado na Figura I: a primeira delas visa à extração dos íons da amostra, com adição de reagentes como tetraborato de sódio, acetato de zinco, utilização da técnica de banho-maria e posteriormente a filtração do conteúdo. A segunda etapa se dá pela utilização da solução resultante da primeira fase e a essa SOUSA, Viviane de Sá Carvalho; TEIXEIRA, Sabrina Almondes; CARDOSO, Bárbara Verônica Sousa; LIMA, Leonardo Henrique Guedes de Morais. Quantificação de nitrato e nitrito utilizados em linguiças tipo calabresa comercializadas em Picos-PI. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 55-67, jun. 2016.
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Artigo original adicionam-se reagentes como a sulfanilamida e, para finalizar, a solução é levada para leitura de absorbância na curva analítica do espectrofotômetro. De forma semelhante, na terceira utiliza-se a solução da primeira fase, adicionando-se a esta, soluções como o Tampão pH 9,6-9,7. Posteriormente passa-se o conteúdo pela coluna de cádmio, adiciona-se o reagente sulfanilamida e, finalmente, realiza-se a leitura substanciado extrato resultante na curva analítica do espectrofotômetro.
Figura I – Diagrama analítico da quantificação de nitrito e nitrato presentes em linguiças do tipo calabresa comercializadas em Picos-PI, 2014.
Os resultados obtidos das análises feitas por esse trabalho foram comparados com os padrões legais preconizados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), através da instrução normativa n° 51/2006, e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), por meio da portaria n° 1004/1998 (BRASIL, 1998; BRASIL, 2006).
SOUSA, Viviane de Sá Carvalho; TEIXEIRA, Sabrina Almondes; CARDOSO, Bárbara Verônica Sousa; LIMA, Leonardo Henrique Guedes de Morais. Quantificação de nitrato e nitrito utilizados em linguiças tipo calabresa comercializadas em Picos-PI. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 55-67, jun. 2016.
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Artigo original Resultados e Discussão Nesse estudo foram analisadas as concentrações de Nitrito (NO2-) e Nitrato (NO3-) em todas as amostras coletadas. Além de serem determinadas as concentrações separadas de cada composto, foi considerada a soma dos teores desses íons. A Tabela I apresenta os resultados obtidos pelas análises. Tabela I – Resultados das análises de nitrito e nitrato em linguiças do tipo calabresa comercializadas em Picos-PI, 2014.
Observou-se que as concentrações das amostras variaram de 105,0 mg/kg a 122,0 mg/kg e de 234,0 mg/kg a 245,0 mg/kg para NO2- e NO3-, respectivamente, enquanto que a soma dos dois compostos variou de 339,0 mg/kg a 367,0 mg/kg. A marca A apresentou as menores concentrações de ambos os compostos, estando entre 105,0 mg/kg para NO2-, 234,0 mg/kg para NO3- e totalizando 339,0 mg/kg na soma dos dois compostos. Em contrapartida a marca C foi a que apresentou o maior teor tanto de NO2como de NO3-, mostrando valores de 122,0 mg/kg e 245,0 mg/kg, somando 367,0 mg/kg na junção de ambos os íons. Analisando os teores de nitrito e nitrato separadamente, nota-se que em todas as marcas avaliadas as quantidades obtidas obedecem aos níveis propostos pela legislação (150mg/kg para Nitrito e 300mg/kg para o Nitrato). Tais resultados assemelham-se aos obtidos por Baú et al. (2012), que verificaram que as quantidades de nitrito e nitrato para todas as amostras analisadas estavam de acordo com os parâmetros estabelecidos por lei. Petruci (2009), ao avaliar os teores de nitrato e nitrito em amostras de diferentes produtos cárneos comercializados em Araraquara-São Paulo, SOUSA, Viviane de Sá Carvalho; TEIXEIRA, Sabrina Almondes; CARDOSO, Bárbara Verônica Sousa; LIMA, Leonardo Henrique Guedes de Morais. Quantificação de nitrato e nitrito utilizados em linguiças tipo calabresa comercializadas em Picos-PI. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 55-67, jun. 2016.
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Artigo original constatou que todos os produtos analisados atendiam aos padrões estabelecidos pela ANVISA. Bohrz (2013), analisando os teores de nitrato e nitrito em linguiças tipo frescal, também evidenciou que nenhuma das amostras apresentavam quantidades que excediam os limites máximos tolerados para carnes e produtos cárneos, concluindo que as amostras analisadas não ofereciam riscos à saúde humana. De modo semelhante, Filho e Silva (2013), avaliando a composição físicoquímica de carne bovina salgada, curada e dessecada para o cumprimento legal dos parâmetros de qualidade do Jerked Beef comercializado na região do vale do Paraíba, constataram que das 10 (dez) amostras analisadas nenhuma apresentou quantidades de conservantes fora dos limites estabelecidos legalmente. Em contrapartida, Andrade e Trigueiro (2008) concluíram que metade das amostras por eles estudadas continham teor de nitrito acima do permitido pela legislação. Já um estudo realizado em Taquari-RS mostrou que 37,5% das amostras de linguiças analisadas apresentavam valores superiores de NaNO2 e NaNO3 em relação aos permitidos pela legislação (SCHEIBLER et al., 2013). Oliveira (2005) conclui em seu trabalho que há uma grande variação nos teores de nitrato e nitrito entre as amostras dos produtos analisados e tais diferenças prevalecem até entre os lotes de um mesmo produtor. O autor destaca, ainda, que a maioria das marcas de linguiças por ele estudadas está adequada, porém 7,1% delas ultrapassaram os padrões legais. Analisando estudos realizados em outros países, pode-se perceber que o uso indiscriminado de nitrito e nitrato não é restrito ao Brasil. De acordo com estudo feito por Bernal e Mendoza (2013) na cidade de Cuenca, no Equador, para avaliar o teor de nitrito em salsichas, ficou evidenciado que das 7 marcas analisadas, 6 apresentaram valores superiores ao estabelecido (125,0 mg/kg) pela legislação vigente naquele país. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), através da instrução Normativa n° 51/2006, e a Agência Nacional de Vigilância SOUSA, Viviane de Sá Carvalho; TEIXEIRA, Sabrina Almondes; CARDOSO, Bárbara Verônica Sousa; LIMA, Leonardo Henrique Guedes de Morais. Quantificação de nitrato e nitrito utilizados em linguiças tipo calabresa comercializadas em Picos-PI. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 55-67, jun. 2016.
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Artigo original Sanitária (ANVISA), por meio da Portaria 1004/1998, além de preconizarem limites máximos para utilização de cada um desses compostos, também estabelecem que a mistura de aditivos com igual função pode ser feita apenas quando a soma de todas as concentrações não for superior ao limite máximo para cada um deles. Com base nisso, verificou-se nesse trabalho que todas as amostras estudadas apresentaram valores acima dos preconizados pela legislação brasileira, visto que ultrapassaram, em mais de duas vezes, o limite estabelecido que é de 150,0 mg/kg, trazendo aos consumidores graves riscos para sua saúde (BRASIL, 1998; BRASIL, 2006). Não se pode afirmar ao certo que os valores excedentes de tais conservantes são em sua totalidade resultantes da utilização indevida dos fabricantes, visto que é necessário levar em consideração a possibilidade da existência desses íons na forma natural nos produtos animais, que ocorre através da absorção pelo pasto ou pelas águas. Os vegetais, de modo geral, são fontes naturais de nitrato, este utilizado como fonte de nitrogênio para o crescimento das plantas. Assim, as concentrações naturais de nitrato e nitrito presente nos alimentos cárneos estão diretamente relacionadas ao uso de fertilizantes e das condições nas quais a pastagem é cultivada, colhida e armazenada (WALKER, 1975; GUADAGNIN, 2004). Outra questão que deve ser considerada é a redução do nitrato a nitrito por bactérias presentes na carne. Este fato foi evidenciado no século XIX, onde descobriu-se que o nitrato se reduzia a nitrito mediante um processo bacteriano,
envolvendo
espécies
tais como Micrococcus
epidermidis,
Micrococcus nitrificans e Achromobacter dendriticum, estas denominadas de bactérias redutoras de nitrato (CASSENS et al., 1979; PEGG; SHAHIDI, 2004; SEBRANEK; BACUS, 2007). Os fatos supracitados tona difícil a discussão dos resultados finais no que se diz respeito à origem dos íons e quanto à forma inicialmente presente no alimento. No entanto, não se deve excluir a responsabilidade do fabricante quanto aos cuidados e obediência às normas estabelecidas pela legislação, pois o mesmo, deve também considerar a existência dos íons na forma natural dos produtos, assim como ter maior rigor no seu uso, estando atento SOUSA, Viviane de Sá Carvalho; TEIXEIRA, Sabrina Almondes; CARDOSO, Bárbara Verônica Sousa; LIMA, Leonardo Henrique Guedes de Morais. Quantificação de nitrato e nitrito utilizados em linguiças tipo calabresa comercializadas em Picos-PI. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 55-67, jun. 2016.
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Artigo original aos princípios para sua utilização estabelecidos pelo Ministério da Saúde, que afirma que a segurança do emprego de aditivos é imprescindível e deve limitar-se ao nível mínimo para obter o efeito desejado (BRASIL, 1998). Apesar de o nitrito e nitrato serem utilizados há muito tempo, e sabendo-se que sua utilização em altas concentrações pode resultar em prejuízos à saúde, conforme descrito por vários estudos realizados durante as últimas décadas, tais como a metahemoglobinemia e a formação de N-nitrosaminas, ainda existem falhas quanto ao seu uso e á fiscalização (PAULA, 2009). Diante disto, a verificação de valores acima do permitido para as amostras estudadas trazem bastante preocupação quanto à fabricação dos produtos cárneos comercializados em Picos-PI.
Conclusão De acordo com os resultados obtidos por esse estudo, é possível afirmar que todas as amostras de linguiças apresentaram teores superiores da soma de nitrito e nitrato em relação aos padrões estabelecidos pela legislação vigente, indicando que tais produtos podem causar sérios riscos toxicológicos aos consumidores. Dessa forma, conclui-se que os produtores de tais marcas precisam estar atentos às quantidades utilizadas desses conservantes, pois devem considerar a possível existência dos mesmos na forma natural dos produtos e mediante isso, garantir que o uso seja no nível mínimo para alcançar seu objetivo, adequando-se a um sistema de produção que garanta a segurança alimentar, assim como a existência da necessidade de haver uma ação mais eficaz da Vigilância Sanitária para orientar o produtor e fiscalizar o uso desses compostos, visando a evitar os danos toxicológicos e garantir a saúde do consumidor, pois a qualidade sanitária dos alimentos deve ser uma prioridade para a saúde pública, uma vez que o fornecimento de alimentos seguros, além de promover a saúde da população, é um direito básico dos cidadãos.
SOUSA, Viviane de Sá Carvalho; TEIXEIRA, Sabrina Almondes; CARDOSO, Bárbara Verônica Sousa; LIMA, Leonardo Henrique Guedes de Morais. Quantificação de nitrato e nitrito utilizados em linguiças tipo calabresa comercializadas em Picos-PI. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 55-67, jun. 2016.
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Artigo original Agradecimentos Ao laboratório Pureáguas – Controle de Qualidade de Água e Alimentos, pela parceria na realização desse estudo. Referências bibliográficas ANDRADE, L. L; TRIGUEIRO, I. N. S. Nitrito residual em salsichas de ave comercializadas em Salvador-BA. Revista Higiene Alimentar, Salvador, v. 22, p. 185-188, 2008. BAÚ, T, R; DIAS, C, A; ALFARO, A. T. Avaliação da qualidade química e microbiológica de salsichas tipo Viena. Revista Instituto Adolfo Lutz. São Paulo, v. 71, n. 1, p. 207-10, 2012. BERNAL, N. E. P; MENDOZA, V. K. V. Determinación de la concentración de nitritos en salchicha tipo frankfurt que se comercializa en los mercados de la ciudad de cuenca. 2013. 88f. Tesis (mestrado em Bioquímica y Farmacia). Universidad de Cuenca, Facultad de Ciencias Quimicas Escuela de Bioquimica y Farmacia, Ecuador, 2013. BRASIL. Secretaria de vigilância Sanitária do Ministério da Saúde. Portaria nº 1004, de 11 de dezembro de 1998, republicada no Diário oficial da união de 22 de março de 1999. Aprova Regulamento Técnico: “Atribuição de função de aditivos, aditivos e seus limites máximos de uso para a categoria 8 – carne e produtos cárneos”. Disponível em: http://www.anvisa. gov.br/alimentos. Acesso em: 14 junho de 2014. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa n° 51/2006. Adota regulamento técnico de atribuição de aditivos e seus limites das categorias de alimentos que especifica. Diário Oficial da União. Brasília, 04 de janeiro de 2007. Disponível em: http://www.normasbrasil.com.br/norma/instrucao-normativa-512006_76049.html. Acesso em: 02 junho de 2015. BOHRZ, D. A. S; BRUSTOLIN, J. M; CERESER, N. D; PINTO, F. R. Teores de nitrato e nitrito, determinação de Ph e atividade de água em linguiças do tipo frescal oriundas do Noroeste do Rio Grande do Sul. Revista Ars Veterinária, v. 29, n. 4, 2013. DUARTE, M.T. Avaliação do teor de nitrito de sódio em linguiças do tipo frescal cozida comercializadas no estado do Rio de Janeiro, Brasil. 2010. 87f. Tese (Doutorado em Medicina Veterinária) – Faculdade de Medicina Veterinária do Rio de janeiro, Rio de Janeiro, 2010. FERREIRA, H.M.F.; MOREIRA, E.A.; FREITAS, D.F. Avaliação dos níveis de nitrato e nitrito em salsichas comercializadas na cidade de lavras – MG. SOUSA, Viviane de Sá Carvalho; TEIXEIRA, Sabrina Almondes; CARDOSO, Bárbara Verônica Sousa; LIMA, Leonardo Henrique Guedes de Morais. Quantificação de nitrato e nitrito utilizados em linguiças tipo calabresa comercializadas em Picos-PI. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 55-67, jun. 2016.
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Artigo original Determinação quantitativa de fenobarbital em plasma por cromatografia líquida de alta eficiência Quantitative determination of phenobarbital in plasma by high performance liquid chromatography Antonia Karine Barros Nojosa Graduanda em Farmácia pela Universidade Federal do Ceará; E-mail: karinebarrosnojosa@yahoo.com.br
Janete Eliza Soares de Lima Professora doutora da Disciplina de Toxicologia de Alimentos, Departamento de Farmácia da Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem da Universidade Federal do Ceará; E-mail: janete@ufc.br
Teresa Maria de Jesus Ponte Carvalho Professora doutora da Disciplina de Análises Toxicológicas, Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas da Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem da Universidade Federal do Ceará. E-mail: tmponte@gmail.com
NOJOSA, Antonia Karine Barros; LIMA, Janete Eliza Soares de; CARVALHO, Teresa Maria de Jesus Ponte. Determinação quantitativa de fenobarbital em plasma por cromatografia líquida de alta eficiência. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 68-78, jun. 2016.
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Artigo original Resumo Os medicamentos representam agentes importantes como provocadores de intoxicações, dentre estes estão os anticonvulsivantes e o fenobarbital como um representante desta classe. O fenobarbital é utilizado para o tratamento de epilepsia para prevenir crises convulsivas e apresenta uma margem terapêutica estreita. Pode ocasionar tolerância, o que resulta na ingestão de doses muito maiores que a dose terapêutica, podendo causar toxicidade em concentração sérica elevada. A intoxicação por fenobarbital provoca alteração da consciência, depressão respiratória e vasomotora, podendo resultar em coma. Logo, a determinação quantitativa do fenobarbital juntamente com a detecção dos sintomas clínicos irá contribuir na confirmação do diagnóstico de intoxicação. O presente trabalho teve como objetivo a padronização e validação de método analítico para a quantificação sérica de fenobarbital por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência – CLAE, estabelecendo-se os parâmetros de linearidade, limite de quantificação, curva de calibração, precisão e exatidão. O estudo realizado é do tipo analítico, quantitativo. Foi realizado no Laboratório de Toxicologia da Universidade Federal do Ceará. O princípio do método por CLAE se baseia na separação por fase reversa, em modo isocrático utilizando-se uma mistura de água ultrapura e acetonitrila e detector UV, em comprimento de onda de 215 nm. O método foi linear de 2 a 60 µg/mL com limite de quantificação de 2 µg/mL, mostrando-se preciso e exato e apresentando boa recuperação. Conclui-se que o método desenvolvido demonstrou possuir parâmetros necessários para ser utilizado na quantificação de fenobarbital em amostras de plasma ou soro humano para análise de emergência. Palavras-chave: Fenobarbital. Toxicologia analítica. Validação.
NOJOSA, Antonia Karine Barros; LIMA, Janete Eliza Soares de; CARVALHO, Teresa Maria de Jesus Ponte. Determinação quantitativa de fenobarbital em plasma por cromatografia líquida de alta eficiência. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 68-78, jun. 2016.
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Artigo original Abstract The drugs are agents provocateurs of intoxication. Among these are the anticonvulsants and the phenobarbital is a representative of this class, being utilized for the treatment of epilepsy to prevent seizures. Phenobarbital has a narrow therapeutic window and may cause tolerance resulting in ingesting much larger doses than the therapeutic dose, may cause toxicity at high serum concentrations. Phenobarbital intoxication causes alteration of consciousness, respiratory depression and vasomotor and may result in coma. Therefore, the quantitative determination of phenobarbital, along with the detection of clinical signs will help to confirm the poisoning diagnostic. This study aimed standardization and validation of analytical methods for the quantification of phenobarbital serum by highperformance liquid chromatography - HPLC, establishing the parameters linearity, quantification limit, calibration curve, precision and accuracy. The conducted study is the analytical, quantitative type. It was held at the Toxicology Laboratory of the Federal University of Ceará. The principle of the method is based on HPLC separation by reverse phase in isocratic mode using a mixture of acetonitrile and ultrapure water and UV detector at a wavelength of 215 nm. The method was linear from 2 to 60μg / mL with quantification limit of 2 ug/mL, being precise and accurate and showing good recovery. It follows that the method developed has demonstrated required parameters to be used in the quantification of phenobarbital in plasma samples or human serum for emergency analysis. Key words: Phenobarbital. Analytical toxicology. Validation.
NOJOSA, Antonia Karine Barros; LIMA, Janete Eliza Soares de; CARVALHO, Teresa Maria de Jesus Ponte. Determinação quantitativa de fenobarbital em plasma por cromatografia líquida de alta eficiência. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 68-78, jun. 2016.
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Artigo original Introdução A epilepsia é um distúrbio da função cerebral que atinge milhões de pessoas pelo mundo. Sua principal manifestação clínica é a ocorrência de convulsões, decorrentes da atividade neuronal excessiva ou pela falta de sincronia durante a transmissão do impulso nervoso (RUTECKI; GIDAL, 2002). A farmacoterapia é o tratamento mais comum da epilepsia e dispõe de vários medicamentos para prevenir a ocorrência das crises convulsivas, observando-se uma resposta adequada entre 60 e 70% dos pacientes (BRUM; ELISABETSKY, 2000). O fenobarbital (C12H12N2O3) foi o primeiro agente orgânico sintetizado a partir do ácido barbitúrico e apresenta propriedades anticonvulsivantes, hipnóticas e sedativas. É utilizado principalmente no controle de convulsões dos tipos tônico-clônicas e parcial simples, em concentrações que produzem sedação mínima. Atua como depressor não seletivo do sistema nervoso central (SNC) (DALMORA et al., 2010). Apresenta uma margem terapêutica estreita de 10 a 40 µg.mL-1 e o desenvolvimento de tolerância resulta na ingestão de doses muito maiores que a dose terapêutica, e dados na literatura mostram que há toxicidade em concentração sérica acima de 30 µg.mL-1 (PASTORE et al., 2007). Logo a monitorização terapêutica é necessária, uma vez que a faixa terapêutica de fármacos utilizados em crises epiléticas deve esta num intervalo seguro para sua administração e a overdose pode levar a intoxicações severas. Segundo o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológica (SINITOX, 2012), os medicamentos são citados como um dos principais agentes responsáveis por intoxicações, ocasionadas por tentativa de suicídio, acidente individual, uso terapêutico, erros de administração e automedicação (SOARES et al., 2014). Em estudo realizado em um centro de assistência toxicológica no Paraná entre 2007 e 2011, com mulheres em idade fértil, intoxicadas por medicamentos, observou-se que dentre os medicamentos utilizados estão aqueles com atuação no Sistema Nervoso Central, destacando-se os anticonvulsivantes e os antidepressivos (TAKAHAMA et al., 2013). Em um estudo realizado na cidade de São Paulo, foram avaliados 6535 casos de intoxicação e destas 1028 foram drogas anti-epiléticas e as mais freqüentemente observados foram fenobarbital, carbamazepina, diazepam e clonazepam (BONILHA et al. 2005). NOJOSA, Antonia Karine Barros; LIMA, Janete Eliza Soares de; CARVALHO, Teresa Maria de Jesus Ponte. Determinação quantitativa de fenobarbital em plasma por cromatografia líquida de alta eficiência. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 68-78, jun. 2016.
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Artigo original Vários métodos têm sido propostos para quantificar fármacos anticonvulsivantes. A cromatografia é um método físico-químico muito útil, devido à simplicidade no preparo da amostra, para identificar compostos desconhecidos, contribuindo para o diagnóstico de intoxicação por medicamentos nos atendimentos de urgência. A cromatografia se baseia no princípio da migração dos componentes de uma mistura, resultado das diferentes interações entre as fases estacionária e móvel (SKOOG, 2002). Dentre todas as técnicas analíticas de separação, a Cromatografia Líquida de Alta Eficiência com Detector de Arranjo de Diodos (CLAE/DAD) é a mais utilizada, fornecendo resultados em poucos minutos, além de ser uma técnica eficiente na separação com alta resolução e sensibilidade (TORRES, 2009). O fenobarbital presente em amostras de plasma sanguíneo pode se extraído, separado e identificado conforme as condições cromatográficas estabelecidas (NERY, 2011). O objetivo deste estudo foi o desenvolvimento e a validação de um método, que possibilite identificar e quantificar o fármaco fenobarbital em amostras de plasma sanguíneo por CLAE/DAD. A validação é uma forma de garantir que o método analítico atende as exigências estabelecidas e assegura confiabilidade dos resultados.
2) Materiais e Métodos A realização da análise quantitativa de fenobarbital em plasma foi realizada por CLAE/DAD. As análises foram realizadas no Laboratório de Toxicologia do Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas da Universidade Federal do Ceará. O método cromatográfico por CLAE se baseia na separação utilizando-se fase reversa, em modo isocrático utilizando-se uma mistura de água ultrapura e acetonitrila e detector UV, em comprimento de onda de 215 nm. 2.1 Reagentes e soluções Para o método cromatográfico: éter metil tert-butílico (VETEC®); Metanol (VETEC®); e Acetonitrila grau HPLC (J.T.BAKER®). A fase móvel utilizada para CLAE foi: Água ultrapura/Acetonitrila (70/30). 2.2 Equipamentos Foram utilizados: balança analítica de precisão RK®-200, banho ultrassom QUIMIS® modelo Q335D, Sistema MilliQ - ELGA®(resistividade 18,2 NOJOSA, Antonia Karine Barros; LIMA, Janete Eliza Soares de; CARVALHO, Teresa Maria de Jesus Ponte. Determinação quantitativa de fenobarbital em plasma por cromatografia líquida de alta eficiência. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 68-78, jun. 2016.
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Artigo original MΩ.cm), bomba a vácuo GAST®, banho-maria Edulab®, Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) Accela Thermo Scientific®com sistema de bombeamento, detector com arranjo de diodos (DAD) e sistema de aquisição de dados ChromQuest 5.0, coluna analítica ODS HYPERSIL C18 (250 x 4,6 mm – 10 µm) da Thermo Scientific®. 2.3 Preparo das amostras e procedimento de análise A curva de calibração foi construída com 6 pontos em triplicatas. Preparouse uma solução estoque de fenobarbital com concentração de 10 mg/mL, e a partir desta, as soluções de trabalho nas concentrações de 20, 40 80, 200, 400 e 600 µg/mL em metanol. Para o método cromatográfico, retirou-se 25 µL dessas soluções de trabalho e adicionadas a 250 µL de plasma, obtendose concentrações de 2, 4, 8, 20, 40 e 60 µg/mL de plasma. Utilizou-se o barbital como padrão interno, preparando uma solução estoque de concentração 1 mg/mL, diluindo-a para uma concentração intermediária de 100 µg/mL em metanol, adotando esta como solução de trabalho para todas as amostras. O plasma foi descongelado em temperatura ambiente, em seguida, a 250 µL de plasma foram adicionados 25 µL das soluções de trabalho do fenobarbital (2 – 60 µg/mL), 25 µL do padrão interno de barbital (100 µg/mL), 25µL de solução de HCl 1mol/L e 1mL de éter metil-terc-butilíco. Agita-se por 10 minutos e submetido à centrifugação por 10 minutos a 5000 rpm. Foram retirados 500 µL do sobrenadante e evaporado em concentrador rotacional a 39º C por 25 minutos. O resíduo foi ressuspenso em 100 µL de metanol, em seguida transferiu-se para um insert e 20 µL injetado no CLAE. 2.4 Validação Para garantir que o método analítico forneça informações confiáveis e interpretáveis, ele passa por processos de validação conduzida com base na RDC n° 27 de 17 de maio de 2012, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BRASIL, 2012). Os principais parâmetros avaliados foram: linearidade, limite quantificação, precisão e exatidão (LEITE, 2002). 2.4.1 Linearidade A linearidade corresponde à capacidade do método em fornecer resultados, que sejam diretamente proporcionais à concentração da substância analisada numa determinada faixa de aplicação (JARDIM et al., 2004). Foi construída uma curva de calibração para o fármaco de interesse em plasma, onde os coeficientes da curva foram estimados por regressão linear, que NOJOSA, Antonia Karine Barros; LIMA, Janete Eliza Soares de; CARVALHO, Teresa Maria de Jesus Ponte. Determinação quantitativa de fenobarbital em plasma por cromatografia líquida de alta eficiência. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 68-78, jun. 2016.
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Artigo original permitem avaliar a qualidade da curva obtida. A faixa de linearidade testada foi de 2 – 60 µg/mL para o fenobarbital.
2.4.2 Limite de quantificação O Limite de quantificação (LQ) avalia a menor concentração do analito, que pôde ser quantificada com precisão e exatidão aceitáveis, sob as condições experimentais adotadas. O LQ pode ser afetado pelas condições cromatográficas, e picos maiores aumentam a relação sinal-ruído, resultados em valores mais baixos. O erro no cálculo do LQ pode ser evitado ao utilizar o método baseado nos parâmetros da curva analítica, onde esta deverá conter a concentração correspondente ao LQ (JARDIM et al., 2004). 2.4.3 Precisão A precisão avalia a proximidade entre as várias medidas efetuadas na mesma amostra, e o resultado foi expresso pelo coeficiente de variação (CV %), não sendo admitidos valores de coeficiente de variação inferiores a 15 % (BRASIL, 2012). As amostras foram analisadas no mesmo dia (intra-ensaio) e em três dias consecutivos (inter-corrida), e em sextuplicata, utilizando as três concentrações 4, 30 e 50 µg/mL como as concentrações baixa, média e alta, respectivamente (RIBANI et al., 2004). 2.4.4 Exatidão A exatidão é o grau de concordância entre o resultado de um ensaio e um valor de referência, calculando-se o erro padrão relativo (EPR). As amostras foram analisadas no mesmo dia (intra-corrida) e em três dias consecutivos (inter-corrida) e em sextuplicata, utilizando as três concentrações 4, 30 e 50 µg/mL como as concentrações baixa, média e alta, respectivamente (RIBANI et al., 2004). 3) Resultados e Discussão O presente estudo padronizou e validou a metodologia cromatográfica por CLAE com um tempo total de análise em torno de nove minutos, cujo tempo de retenção para o fenobarbital foi de 7,503 e do barbital de 4,155 (Figura 1), mostrando ser uma técnica de analise rápida. Não houve nenhuma interferência de picos de substâncias endógenas do plasma, sugerindo seletividade excelente.
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Artigo original O barbital foi utilizado como padrão interno, levando em consideração que suas propriedades físico-químicas são semelhantes às do fenobarbital, possui solubilidade nas soluções analíticas e não interfere na determinação do analito.
Figura 1: Cromatograma do Fenobarbital por CLAE/DAD. Fase Móvel: Água/Acetonitrila (70/30), coluna C18, fluxo1 mL/min e 215nm.
A linearidade da curva analítica na faixa de 2 – 60 µg/mL de plasma apresentou coeficiente de correlação (r) igual a 0,9971, coeficiente linear igual a 0,0271 e coeficiente angular igual a 0,0289. Segundo a ANVISA, BRASIL (2012), para a validação de métodos analíticos, o coeficiente de correlação deve ser igual ou superior a 0,98, pois quanto mais próximo esse valor for de 1, menor será a dispersão dos pontos experimentais e menor será a incerteza dos coeficientes de regressão estimados. A recuperação foi em torno de 69 %, realizada comparando-se a área do extraído com a área do adicionado. O Limite de Quantificação foi de 2 µg/mL com valores de precisão e exatidão de 5,17 % e 14,6 %, respectivamente. Os métodos mostraram que o fenobarbital pode ser quantificado adequadamente, de forma exata e precisa, uma vez que a ANVISA preconiza os valores de precisão e exatidão para o limite até 20 %. Os resultados de precisão e exatidão estão representados na Tabela 1 e foram realizados de acordo com a metodologia pré-determinadas e com NOJOSA, Antonia Karine Barros; LIMA, Janete Eliza Soares de; CARVALHO, Teresa Maria de Jesus Ponte. Determinação quantitativa de fenobarbital em plasma por cromatografia líquida de alta eficiência. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 68-78, jun. 2016.
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Artigo original base na RDC n° 27 de 17 de maio de 2012 da ANVISA. Os métodos analisados para a determinação quantitativa de fenobarbital apresentaram precisão e exatidão dentro do intervalo de referência (± 15 %). Os coeficientes de correlação obtidos foram bem próximos da unidade, logo, as áreas
geradas
foram
diretamente
proporcionais
à
concentração
de
fenobarbital na matriz. Tabela 1- Análise de precisão e exatidão intra-ensaio e inter-ensaio do método quantitativo de fenobarbital por CLAE.
Conclusão Observou-se que a metodologia proposta tem a capacidade de quantificar o fenobarbital a ser utilizado na monitorização terapêutica do fármaco e no diagnóstico de intoxicações agudas. Agradecimentos Os
autores
agradecem
à
FUNCAP
(Fundação
Cearense
de
Apoio
ao
Desenvolvimento Científico e Tecnológico) pela bolsa de Iniciação Científica.
Referências bibliográficas BRASIL. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 27/2012, de 17 de maio de 2012 – Diário Oficial da União, Brasília, DF, 22 mai. 2012.
BRUM, L.F.S; ELISABETSKY, E. Antiepileptogenic properties of phenobarbital: behavior and neurochemical analysis. Pharmacology Biochemistry and Behavior, Porto Alegre, v. 67, n. 3, p.411-416, 2000.
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Artigo original BONILHA, L.; COLLARES, C.F.; AMARAL, D.A.; BARCIA, S. D.; ALMEIDA OLIVEIRA, A.M.A.; LI, L.M. Antiepileptic drugs: a study of 1028 cases registered by the Sao Paulo Intoxication Control Center. Seizure. v.14, n.3, p 170-174, 2005.
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JARDIM, I.C.S.F. et al. Validação em métodos cromatográficos e eletroforéticos. Química Nova, Campinas, v. 27, n. 5, p.771-780, 2004.
NERY, A.A.P. Ensaios Cromatográficos para Identificação de Fenobarbital em Urina, para o Diagnóstico Laboratorial de Intoxicações Humanas. 2011. 27 f. TCC (Graduação) - Curso de Farmácia, Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2011.
RIBANI, M. et al. Validation for chromatographic and electrophoretic methods. Quimica Nova, v. 27, n. 5, p.771-780, 2004.
PASTORE M.E.; OFUCHI, A.S.; NISHIYAMA, P. Monitorização terapêutica de fenobarbital. Acta Scientiarum Health Sciences, Maringá, v. 29, n. 2, p.125131, 2007.
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SINITOX/FIOCRUZ Fundação Oswaldo Cruz/Centro de Informação Científica e Tecnológica/Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas. Estatística Anual de Casos de Intoxicação e Envenenamento. Brasil, 2015.
SKOOG, D.A.; HOLLER, F.J.; NIEMAN, T.A. Instrumental, 5ª ed., Bookman: São Paulo, 2002.
Princípios
de
Análise
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Artigo original SOARES, M.V.J.; CUNHA, C.R.M.; OLIVEIRA, S.A.de S. A importância do centro de informações toxicológicas (CIT-Go) na comunidade. Revista Faculdade Montes Belos, São Luis Montes Belos, v. 7, n. 2, p.57-70, 2014.
TAKAHAMA, C.H.; TURINI, C.A.; GIROTTO, E. Perfil das exposições a medicamentos por mulheres em idade reprodutiva atendidas por um Centro de Informações Toxicológicas Ciência & Saúde Coletiva, v. 19, n.4, p.1191-1199, 2014.
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Artigo original Características Físico-Químicas e Toxicológicas do Ciflumetofem e suas Implicações Ambientais Physicochemical and Toxicological Characteristics of Cyflumetofen and its Environmental Implications Rafaela de Lima Graduanda em Engenharia Ambiental, Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Tecnologia – Limeira, São Paulo. E-mail: rafaeladlm93@gmail.com.
Juliana Akemi Tamanaha Graduanda em Engenharia Ambiental, Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Tecnologia – Limeira, São Paulo. E-mail: ju.akemi93@gmail.com.
Ana Carla de Sousa Graduanda em Tecnologia em Controle Ambiental, Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Tecnologia – Limeira, São Paulo.
Ivna Maria Seabra Rodrigues Graduanda em Engenharia Ambiental, Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Tecnologia – Limeira, São Paulo.
Marcela Canal Coelho Graduanda em Engenharia Ambiental, Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Tecnologia – Limeira, São Paulo.
Talita Fernandes de Oliveira Graduanda em Engenharia Ambiental, Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Tecnologia – Limeira, São Paulo.
LIMA, Rafaela de; TAMANAHA,Juliana Akemi; SOUSA, Ana Carla de; RODRIGUES, Ivna Maria Seabra; COELHO, Marcela Canal; OLIVEIRA, Talita Fernandes de. Características Físico-Químicas e Toxicológicas do Ciflumetofem e suas Implicações Ambientais. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 79-98, jun. 2016.
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Artigo original Resumo O ciflumetofem é um acaricida utilizado para o controle do Ácaro-da-leprose (Brevipalpus phoenicis) e Ácaro-purpúreo (Panonychus citri) em culturas de citrus. Seu uso é aprovado no Brasil, porém, ainda há poucos estudos a respeito de seus possíveis impactos ambientais. Portanto, o objetivo deste trabalho foi revisar na literatura dados sobre o ciflumetofem, suas propriedades físico-químicas e seus dados toxicológicos para, a partir deles, derivar critérios de potabilidade e de proteção da vida aquática, bem como verificar sua ocorrência em águas superficiais para possibilitar a avaliação dos riscos. As características físico-químicas encontradas para esse acaricida foram: solubilidade em água, coeficiente de partição octanol/água (log Kow), constante de Henry, Coeficiente de Adsorção normalizado pelo Carbono Orgânico (Koc) e o tempo de meia vida (DT50). O valor derivado para o critério de potabilidade foi de 300 μg/L e para o critério para proteção da vida aquática foi de 0,037 μg/L. Não foram encontrados relatos da presença do ciflumetofem em corpos hídricos no Brasil ou em outros países, logo, a avaliação do risco não pôde ser efetuada. Com as informações encontradas nas bases de dados e cálculos realizados ao longo do trabalho, notou-se que, caso haja exposição, as chances de riscos para a biota aquática são maiores do que para o ser humano. Quanto ao produto de transformação (B-3) do ciflumetofem, não foram calculados os critérios no trabalho devido à indisponibilidade de dados, porém, estudos apontam que existe a possibilidade do mesmo ser carreado para o meio aquoso, diante da sua alta mobilidade no solo. Considerando que os dados ainda são escassos, recomenda-se o desenvolvimento de mais estudos acerca do ciflumetofem, para posterior avaliação da necessidade de inserção do composto nas normas brasileiras. Palavras-chave: Acaricida. Regulamentação. Potabilidade. Vida aquática. Toxicidade. LIMA, Rafaela de; TAMANAHA,Juliana Akemi; SOUSA, Ana Carla de; RODRIGUES, Ivna Maria Seabra; COELHO, Marcela Canal; OLIVEIRA, Talita Fernandes de. Características Físico-Químicas e Toxicológicas do Ciflumetofem e suas Implicações Ambientais. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 79-98, jun. 2016.
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Artigo original Abstract The cyflumetofen is an acaricide used to control of Mite leprosis (Brevipalpus phoenicis) and Mite purple (Panonychus citri) at citrus crops. It is approved in Brazil, however, there are few studies about it and its possible environmental impacts. Therefore, the aim of this work was to review in the literature the physicochemical properties and available toxicological data about cyflumetofen and to derive criteria for drinking water and protection of aquatic life. The derived criteria were compared with the occurrence of this pesticide in water in order to assess its risk. The physicochemical characteristics found were: water solubility, octanol-water partition coefficient (log Kow), Henry's constant, Adsorption coefficient normalized to the organic carbon (Koc) and the time of half-life (DT50). For drinking water the derived criteria was of 300 μg/L and for aquatic life protection, 0,037 μg/L. Studies about the occurrence of cyflumetofen in water bodies were not found in Brazil or in other countries, so the risk assessment could not be performed. If there is exposure there are more chances of risk to aquatic biota than to humans. Regarding the transformation product of cyflumetofen the criteria were not calculated in this study because the data are unavailable. Studies show that there is the possibility of this transformation product reach waters due to their high mobilities on the soil. Considering that data on this pesticide is still scarce, we suggest the development of more studies about the cyflumetofen for further evaluation of the need for inclusion of the compound in Brazilian rules. Keywords: Acaricide. Regulation. Potability. Aquatic life. Toxicity.
LIMA, Rafaela de; TAMANAHA,Juliana Akemi; SOUSA, Ana Carla de; RODRIGUES, Ivna Maria Seabra; COELHO, Marcela Canal; OLIVEIRA, Talita Fernandes de. Características Físico-Químicas e Toxicológicas do Ciflumetofem e suas Implicações Ambientais. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 79-98, jun. 2016.
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Artigo original Introdução O ciflumetofem é um ingrediente ativo da Classe dos Acaricidas, pertencente ao grupo químico benzoilacetonitrila. Foi registrado inicialmente no Japão, em 2007, para uso em frutíferas, hortaliças, chás e plantas ornamentais (HAYASHI et al., 2013). No Brasil, é utilizado para o controle do Ácaro-daleprose (Brevipalpus phoenicis) e Ácaro-purpúreo (Panonychus citri), com aprovação para aplicação em culturas de citrus (MAPA, 2003). Devido sua alta seletividade é apropriado para o manejo integrado de pragas (HAYASHI et al., 2013). Entre os produtos agrícolas que utilizam o ciflumetofem como ingrediente ativo, encontram-se Okay (Fabricante: Iharabras S.A. Indústria Químicas) e Obny (Fabricante: Arysta Lifescience do Brasil Indústria Química e Agropecuária Ltda), os quais tiveram suas características e informações técnicas – bula, rótulo e certificado de aprovação – registradas no Ministério da Agricultura. Ambos possuem em suas composições 200 g/L de ciflumetofem (MAPA, 2003). Os agrotóxicos podem atingir ambientes aquáticos através de suas aplicações intencionais em culturas agrícolas, pois, a partir delas ocorrem os escoamentos superficiais por meio da lixiviação, podendo atingir as águas (MANRIQUE, 2009). A aplicação dos agrotóxicos Obny ou Okay é realizada por via aérea ou terrestre na cultura de citrus, através de equipamentos que possibilitem uma cobertura uniforme em toda a planta quando há infestação nos ramos, folhas e frutos (MAPA, 2003). De acordo com Manrique (2009), as características químicas do componente de um agrotóxico no ambiente aquático podem demonstrar maior afinidade em se aderir a um material particulado em suspensão, depositar-se no sedimento ou ainda ser absorvido por organismos, o que levará a um processo de degradação ou acumulação. LIMA, Rafaela de; TAMANAHA,Juliana Akemi; SOUSA, Ana Carla de; RODRIGUES, Ivna Maria Seabra; COELHO, Marcela Canal; OLIVEIRA, Talita Fernandes de. Características Físico-Químicas e Toxicológicas do Ciflumetofem e suas Implicações Ambientais. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 79-98, jun. 2016.
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Artigo original Considerando que existem diversas interações possíveis de um composto no ambiente e que estas podem influenciar diretamente na exposição ao composto tóxico pelos organismos aquáticos ou até mesmo seres humanos, optou-se por estudar as implicações causadas pelo composto tóxico ciflumetofem, aplicado em citrus, pois, esta cultura apresentou gastos significativos com agrotóxicos em 2010, que representam 31% do montante gerado com vendas de defensivos para hortifrútis, com o predomínio de acaricidas (RODRIGUES; MANARIM, 2011). Este artigo foi desenvolvido como trabalho final da disciplina EB604 Toxicologia Regulatória oferecida no primeiro semestre de 2015 para os cursos de graduação de Engenharia Ambiental e Tecnologia em Controle Ambiental da Faculdade de Tecnologia (FT) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). 2) Objetivos 2.1 Objetivo geral Analisar as características físico-químicas e toxicológicas do ciflumetofem e suas implicações ambientais. 2.2 Objetivos Específicos Coletar em bases de dados científicas informações sobre o composto
ciflumetofem; Verificar sua ocorrência em águas superficiais para possibilitar a
avaliação dos riscos; Calcular o critério de potabilidade e de proteção para vida aquática do
ciflumetofem, a partir das informações toxicológicas disponíveis; Verificar a regulamentação relacionada ao composto, analisando-se a
necessidade de inclusão nas normas brasileiras.
LIMA, Rafaela de; TAMANAHA,Juliana Akemi; SOUSA, Ana Carla de; RODRIGUES, Ivna Maria Seabra; COELHO, Marcela Canal; OLIVEIRA, Talita Fernandes de. Características Físico-Químicas e Toxicológicas do Ciflumetofem e suas Implicações Ambientais. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 79-98, jun. 2016.
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Artigo original 3) Metodologia Primeiramente foi realizada a busca de informações sobre o ciflumetofem na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA,2015). Em seguida, verificou-se as características físico-químicas nas bases de dados University of Hertfordshire (2015) e US Environmental Protection Agency (EPA, 2015). Com relação às informações toxicológicas do ciflumetofem, os dados necessários para a derivação dos critérios de potabilidade foram obtidos na European Food Safety Authority (EFSA, 2015) e EPA (2015). Dados para os critérios para a vida aquática foram extraídos da University of Hertfordshire e do site da BASF (2015) e derivados de acordo com os parâmetros
da
SBMCTA
-
Sociedade
Brasileira
de
Mutagênese
Carcinogênese Teratogênese Ambiental. Utilizou-se a base de dados AGROFIT do MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (2015), para verificar os produtos aprovados no Brasil que tem em suas composições o ciflumetofem como ingrediente ativo. Dados de comercialização desses produtos foram pesquisados no site do IBAMA- Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Algumas bases de dados como Science Direct, Web of Science e Compendex (s.d.) foram utilizadas nas pesquisas sobre a ocorrência do ciflumetofem com os
seguintes
descritores:
Cyflumetofen
in
water,
Cyfumetofen
in
groundwater, Occurence Cyflumetofen in water, Cyflumetofen in surface water, entre outros. 4) Resultados e Discussões 4.1 Características físico-químicas 4.1.1 Ciflumetofem LIMA, Rafaela de; TAMANAHA,Juliana Akemi; SOUSA, Ana Carla de; RODRIGUES, Ivna Maria Seabra; COELHO, Marcela Canal; OLIVEIRA, Talita Fernandes de. Características Físico-Químicas e Toxicológicas do Ciflumetofem e suas Implicações Ambientais. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 79-98, jun. 2016.
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Artigo original O ciflumetofem possui fórmula molecular C24H24F3NO4 (ANVISA, 2013) e fórmula química (RS)-2-(4-terc-butilfenil)-2-ciano-3-oxo-3-(α,α,α-trifluoro-otolil) propionato de 2-metoxietila (em inglês 2-methoxyethyl (RS) – 2-(4-tertbutylphenyl) – 2 – cyano – 3–oxo–3 - (α,α,α – trifluoro – o - tolyl) propionate). É uma molécula quiral resultante da soma de isômeros ópticos (mistura racêmica). Devido a essa característica e as suas possíveis transformações no ambiente, é complexo avaliar e mensurar o risco de seus isômeros, metabolitos e produtos de transformação em água (EFSA, 2012). Certas características físico-químicas do ciflumetofem podem contribuir para avaliação de seu comportamento ambiental, tais como: a solubilidade em água, coeficiente de adsorção normalizado pelo carbono orgânico (Koc), constante da lei de Henry (Kh), coeficiente de partição octanol-água (Kow) e o tempo de meia vida (DT50). O valor encontrado para a solubilidade do ciflumetofem foi de 28 µg/L a 20°C e pH 7 (EFSA, 2012). Sendo assim, pode-se dizer que ela é relativamente baixa e que o processo de lixiviação até a contaminação das águas tenderá a ser mais lento (BARRIGOSSI; LANNA; FERREIRA, 2005). Com o coeficiente de adsorção (Koc) é possível prever a tendência do agrotóxico de permanecer retido em uma superfície sólida, especialmente às partículas do solo (BARRIGOSSI; LANNA; FERREIRA, 2005). Foram encontrados dois valores de Koc: 131826 mL/g (EFSA, 2012) e 173900 mL/g (UNIVERSITY OF HERTFORDSHIRE, 2013a). Como os dois valores são relativamente elevados, o composto terá maior tendência a permanecer aderido ao solo, ou seja, apresentará baixa mobilidade. O ciflumetofem é pouco volátil, com uma pressão de vapor de < 9,4x10-2 Pa.m³.mol-1 (EFSA, 2012), logo, é possível inferir que a ocorrência da exposição por vias inalatórias tende a ser baixa. O coeficiente de partição octanol/água (Kow) representa o balanço entre as propriedades hidrofílicas e lipofílicas do composto e influencia o transporte de um composto orgânico no ambiente. Substâncias com elevado valor de log Kow, apresentam LIMA, Rafaela de; TAMANAHA,Juliana Akemi; SOUSA, Ana Carla de; RODRIGUES, Ivna Maria Seabra; COELHO, Marcela Canal; OLIVEIRA, Talita Fernandes de. Características Físico-Químicas e Toxicológicas do Ciflumetofem e suas Implicações Ambientais. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 79-98, jun. 2016.
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Artigo original características lipofílicas e, portanto, possuem maior potencial para acumulação nos organismos (BARRIGOSSI; LANNA; FERREIRA, 2005). O log Kow obtido para o composto foi de 4,3 a 25ºC (BASF, 2013), pode-se dizer que ele tende a se acumular em tecidos adiposos. Por fim, o tempo de meia-vida (DT50) representa o período necessário para o desaparecimento de 50% da concentração química do composto no meio em que está presente (EFSA, 2012). O valor obtido para DT50 no solo (pH 7 a 20°C) é de 8,8 dias, enquanto em água é de 1,39 dias, e para sistema água/sedimento é 1,32 dias. Esses valores permitem inferir que o composto não é persistente em solo, sua degradação em sistemas água/sedimento é rápida e a degradação em água é moderadamente rápida. Já o índice de GUS (Groundwater Ubiquity Score) indica o potencial químico de lixiviação do composto através dos valores de DT50 em solo. Para o ciflumetofem o valor do índice de GUS é de -1.18, portanto possui baixa lixiviabilidade (UNIVERSITY OF HERTFORDSHIRE, 2013a). 4.1.2 Metabolitos e produto de transformação Existem diversos metabolitos conhecidos do ciflumetofem, porém os que são encontrados no solo com maior fração de relevância são RS-2-(4-tercbutilfenil)-3-oxo-3-( α,α,α-trifuoro-o-tolil) propanonitrila (em inglês RS-2-(4tert-butylphenyl)-3-oxo-3-(α,α,α-trifluoro-o-tolyl)propriononitrile),
chamado
de AB-1, e o ácido α,α,α-trifluoro-o-toluico (em inglês α,α,α-trifluoro-o-toluic acid), conhecido como B-1. Da mesma forma, há também um produto de transformação do benzamida
(em
ciflumetofem inglês
denominado B-3 ou
2-(trifluoromethyl)
benzamide)
2-(trifluormetil) (EFSA,
2012;
UNIVERSITY OF HERTFORDSHIRE, 2013a). As características físicoquímicas dos mesmos, bem como do ciflumetofem foram organizadas na Tabela 1.
LIMA, Rafaela de; TAMANAHA,Juliana Akemi; SOUSA, Ana Carla de; RODRIGUES, Ivna Maria Seabra; COELHO, Marcela Canal; OLIVEIRA, Talita Fernandes de. Características Físico-Químicas e Toxicológicas do Ciflumetofem e suas Implicações Ambientais. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 79-98, jun. 2016.
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Artigo original
Tabela 11: Características físico-químicas do ciflumetofem e de seus principais metabolitos.
Fórmula Molecular
Ciflumetofem
AB-1
B-1
B-3*
C24H24F3NO4(e)
C20H18F3NO (f)
C8H5F3O2 (f)
C8H6F3NO (f)
(f)
(f)
(f)
-
433-97-6 (c)
360-64-5 (d)
173900 (b)
79 (c)
13,60 (f)
(e)
Fórmula Estrutural
Nº CAS Koc (mL/g)
400882-07-7 (e) 131826 (f) 173900 (a)
Log Kow (a 25ºC)
4,3 (a)
-
-
0,68 (d)
Constante de Henry (Pa.m³.mol1 a 25ºC)
<0,094 (a)
-
-
-
Meia Vida em solo (DT50 dias)
8,8 (a)
83 (b)
11,1 (c)
9,24 (d)
1 a,b,c,d
Dados obtidos através da UNIVERSITY OF HERTFORDSHIRE ( 2013a, 2013b, 2013c e 2013d respectivamente). e AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. C73 – Ciflumetofem (2013). f EUROPEAN FOOD SAFETY AUTHORITY. Conclusion on the peer review of the pesticide risk assessment of the active substance cyflumetofen, 2012 *Produto de Transformação.
LIMA, Rafaela de; TAMANAHA,Juliana Akemi; SOUSA, Ana Carla de; RODRIGUES, Ivna Maria Seabra; COELHO, Marcela Canal; OLIVEIRA, Talita Fernandes de. Características Físico-Químicas e Toxicológicas do Ciflumetofem e suas Implicações Ambientais. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 79-98, jun. 2016.
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Artigo original Solubilidade (mg/L a 20°C e pH 7)
0,028 (a)
-
-
13000 (d)
Legenda: CAS=Chemical Abstracts Service.
O ciflumetofem é transformado no organismo alvo em AB-1, o qual tem a função de inibir o complexo II da mitocôndria dos ácaros, eliminando-os. O AB-1 possui características físico-químicas similares às do ciflumetofem, logo, tende a permanecer no solo (HAYASHI, 2013). Encontrou-se dois valores para o Koc do ciflumetofem, porém ambos na mesma ordem de grandeza, sendo um deles igual ao valor do AB-1 (Tabela 1) (EFSA, 2012; UNIVERSITY OF HERTFORDSHIRE, 2013a). Já em ratos, após ingestão oral, o B-1 é o principal metabolito do ciflumetofem, com Koc menor (Tabela 1). O ciflumetofem também se transforma abioticamente em B-3 através de uma reação de esterificação (LI et al., 2013). Devido a seu baixo valor de Koc é possível que o mesmo seja carreado para as águas. Porém, não foram encontrados estudos sobre sua ocorrência nesta matriz.
4.2 Critério de Potabilidade Para o cálculo do critério de potabilidade para o ser humano, primeiramente é necessário que se conheça o NOAEL (Nível de Efeito Adverso Não Observado). Esse nível representa a maior dose ou quantidade de uma substância que não causará nenhum efeito ao organismo alvo estudado, tais como alterações no tempo de vida, morfologia e capacidade funcional (UMBUZEIRO, 2012). Foram encontrados para o ciflumetofem dois valores de NOAEL. O primeiro foi de 16,5 mg/kg/dia obtido através de um estudo de toxicidade crônica em ratos (EFSA, 2012; EPA, 2014). Já num estudo de reprodução em ratos considerando duas gerações, foi indicado um NOAEL de 9,2 mg/kg/dia com LIMA, Rafaela de; TAMANAHA,Juliana Akemi; SOUSA, Ana Carla de; RODRIGUES, Ivna Maria Seabra; COELHO, Marcela Canal; OLIVEIRA, Talita Fernandes de. Características Físico-Químicas e Toxicológicas do Ciflumetofem e suas Implicações Ambientais. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 79-98, jun. 2016.
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Artigo original base no aumento de peso do órgão e alterações histopatológicas nas glândulas suprarrenais (EPA, 2014). A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2013) aponta como IDA (Ingestão Diária Aceitável) - também chamada de Dose de referência (Drf) ou ainda Ingresso Diário Tolerável (IDT) - o valor de 0,092 mg/kg/dia, o qual possivelmente foi derivada a partir do NOAEL informado pela Agência de Proteção Ambiental (EPA, 2014). Como o objetivo é a proteção do ser humano, utiliza-se o menor valor de NOAEL, ou seja, 9,2 mg/kg/dia (EPA, 2014). Através dele, é possível obter a IDA dividindo-se o valor adotado por um fator de incerteza de 100, relativo às diferenças inter e intraespécies (UMBUZEIRO, 2012). Desta forma obtém-se o valor de IDA igual a 0,092 mg/kg/dia. Por fim, para se obter o critério de potabilidade, é necessário multiplicar a IDA pelo peso médio do brasileiro, 60 Kg, (RESENDE et al., 2013) e dividir pela quantidade média de consumo de água, 2L, (UMBUZEIRO, 2012) obtendo-se um valor de 2,76 mg/L. Tendo em vista a baixa solubilidade do ciflumetofem em água, considerou-se um fator de alocação de 10% para água e 90% para alimentação. Portanto, o valor final do critério de potabilidade foi de 0,3 mg/L ou 300 μg/L.
4.3 Critério para proteção da vida aquática A derivação do critério para proteção da vida aquática pode ser realizada de duas maneiras. A primeira utiliza valores de CENO (Concentração de Efeito Não Observado) obtidos através de testes de toxicidade crônica, já a segunda faz uso de valores de CE50 (Concentração de Efeito agudo para 50% dos organismos-teste) ou CL50 (Concentração Letal para 50% dos organismosteste) obtidos em testes de toxicidade aguda (UMBUZEIRO et al., 2011). Dentre todos os valores obtidos em cada método, seleciona-se o menor, o qual será chamado de PNEC (Valor de Previsão de Efeito não Observado), LIMA, Rafaela de; TAMANAHA,Juliana Akemi; SOUSA, Ana Carla de; RODRIGUES, Ivna Maria Seabra; COELHO, Marcela Canal; OLIVEIRA, Talita Fernandes de. Características Físico-Químicas e Toxicológicas do Ciflumetofem e suas Implicações Ambientais. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 79-98, jun. 2016.
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Artigo original ou seja, é o valor mais sensível de todos os encontrados. Em seguida, dividese esse valor por um Fator de Avaliação (FA), o qual varia de acordo com os dados disponíveis. Quanto menor o número de dados, maior é a incerteza do critério que será calculado, portanto, maior será o fator (UMBUZEIRO et al., 2011).
4.3.1 Derivação do critério através do CENO - Toxicidade Crônica Primeiramente, analisou-se os valores estimados de CENO para as espécies Daphnia magna e Cyprinuscarpio sp (Tabela 2), a fim de selecionar o PNEC. Tabela 2: Concentração de Efeito Não Observado nos respectivos testes crônicos.
Espécie
Efeito
Exposição
CENO (mg/L)
Daphnia magna (crustáceo)(a)
Reprodução
34 dias
>0,0162
Cyprinuscarpio sp (peixe)(b)
-
21 dias
>0,072
Fonte: (a) BASF, 2013
(b)
UNIVERSITY OF HERTFORDSHIRE, 2013a.
Na Tabela 2 nota-se que foram estimados valores de CENO para as espécies estudadas. No entanto, com o objetivo de utilizar o menor valor para proteger o máximo de organismos possíveis, dentre um CENO de 0,0162 mg/L para crustáceos e de 0,072mg/L para peixes, assumiu-se o valor de PNEC de 0,0162 mg/L. A partir desse valor calculou-se o Critério de Qualidade da Água (CQA) para proteção da vida aquática. Segundo o Protocolo para Derivação de Critérios de Qualidade da Água para proteção da Vida Aquática no Brasil, o fator de avaliação é de 50 para comunidades aquáticas de água doce para os casos em que há dois valores de CENO para espécies de diferentes níveis tróficos (UMBUZEIRO et al., 2011). Dividindo-se o valor do PNEC pelo fator de avaliação, obtém-se o valor de 0,324 μg/L, o qual é o valor do critério calculado por esse método.
LIMA, Rafaela de; TAMANAHA,Juliana Akemi; SOUSA, Ana Carla de; RODRIGUES, Ivna Maria Seabra; COELHO, Marcela Canal; OLIVEIRA, Talita Fernandes de. Características Físico-Químicas e Toxicológicas do Ciflumetofem e suas Implicações Ambientais. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 79-98, jun. 2016.
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Artigo original 4.3.2 Derivação do critério através do CE50 e CL50 - Toxicidade Aguda O CQA para proteção da vida aquática também foi calculado utilizando-se valores de CE50 ou CL50, obtidos em testes de toxicidade aguda, conforme a Tabela 3.
Tabela 3: Valores de CE50 ou CL50 nos respectivos testes agudos. Espécie
Efeito
Exposição
C(E)L50 (mg/L)
-
48 horas
> 0,063(CE50)
-
96 horas
>0,63 (CL50)
Crescimento
72 horas
0,037 (CE50)
Daphnia magna (crustáceo) Oncorhynchusmykiss (peixe) Pseudokirchneriella subcapitata (alga)
Fonte: (UNIVERSITY OF HERTFORDSHIRE, 2013a).
Novamente nota-se que para crustáceos e peixes foram estimados valores para CE50 e CL50 respectivamente, porém, como o objetivo é utilizar o menor valor para proteger o máximo de organismos possíveis, assumiu-se um CE50 de 0,063 mg/L para crustáceos e um CL50 de 0,63 mg/L para peixes. Como o valor encontrado para algas continuou sendo o menor, o valor de PNEC estabelecido foi de 0,037 mg/L. Esse número foi então dividido pelo Fator de Avaliação igual a 1000, de acordo com o Protocolo para Derivação de Critérios de Qualidade da Água para proteção da Vida Aquática no Brasil (UMBUZEIRO et al., 2011) - para proteção da comunidade pelágica de água doce - pois há pelo menos uma CE50 ou CL50 para cada um dos três níveis tróficos (peixes, invertebrados, algas). Com isso, o valor do critério obtido foi de 0,037 μg/L. LIMA, Rafaela de; TAMANAHA,Juliana Akemi; SOUSA, Ana Carla de; RODRIGUES, Ivna Maria Seabra; COELHO, Marcela Canal; OLIVEIRA, Talita Fernandes de. Características Físico-Químicas e Toxicológicas do Ciflumetofem e suas Implicações Ambientais. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 79-98, jun. 2016.
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Artigo original 4.3.3 Comparação dos critérios calculados para proteção da vida aquática O valor do critério utilizando-se dados de estudos de toxicidade crônica (0,324 μg/L) foi consideravelmente maior que o valor do critério utilizandose dados de estudos de toxicidade aguda (0,037 μg/L). Essa diferença pode ser explicada através dos dados referentes às algas (organismos mais sensíveis), os quais estavam disponíveis apenas em estudos de toxicidade aguda, resultando na diminuição do valor desse critério. Por fim, utilizou-se o menor valor, dentre os dois métodos, como critério para vida aquática (UMBUZEIRO et al., 2011), ou seja, 0,037 μg/L. Em outras palavras, esta é a concentração máxima do composto que pode ser encontrada na água, a qual não se espera que cause danos à biota aquática.
4.4 GHS É possível classificar o perigo de uma substância, com base na sua toxicidade, através do sistema GHS (Sistema Globalmente Harmonizado de Classificação e Rotulagem de Produtos Químicos). Com uma abordagem sistematizada e de fácil compreensão, o sistema tem como objetivo principal a classificação de perigos dos produtos químicos em relação à vida humana e à biota aquática, comunicada por meio de Rótulos e Fichas de Dados de Segurança (ABIQUIM, 2005). Para a classificação no sistema GHS em relação à toxicidade aguda para vida aquática, ou seja, à propriedade intrínseca de um composto de causar danos a um organismo aquático em uma exposição de curto prazo, foram utilizados os dados da Tabela 3. A classificação é feita observando-se os valores de CE50 ou CL50 para cada uma das espécies de forma que, se pelo menos uma das concentrações encontrar-se menor que 1 mg/L, a substância é classificada na categoria 1muito tóxica para vida aquática. Caso a substância não se enquadre na LIMA, Rafaela de; TAMANAHA,Juliana Akemi; SOUSA, Ana Carla de; RODRIGUES, Ivna Maria Seabra; COELHO, Marcela Canal; OLIVEIRA, Talita Fernandes de. Características Físico-Químicas e Toxicológicas do Ciflumetofem e suas Implicações Ambientais. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 79-98, jun. 2016.
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Artigo original categoria 1 e algum dos valores se encontrar entre 1<c<10 mg/L, a categoria da substância será 2 - tóxica à vida aquática. Por fim, se o composto não se enquadrar em nenhuma das categorias anteriores e o valor de alguma concentração citada estiver entre 10<c<100 mg/L, a categoria da substância então será 3 - nociva à vida aquática (ABIQUIM, 2005). Nota-se então, que o ciflumetofem é classificado na categoria 1, uma vez que todos os critérios exigidos para classificação são menores que 1 mg/L. Sendo assim, conforme o GHS, o ciflumetofem é muito tóxico para os organismos aquáticos e deve ser rotulado de acordo com a primeira coluna da Tabela 4. Tabela 4: Classificação no sistema GHS.
Categoria
1
2
3
-
-
Cuidado
-
-
H400
H401
H402
Muito tóxico para a
Tóxico para a vida
Perigoso para a vida
vida aquática
aquática
aquática
Pictograma Palavra de advertência
Frase de perigo
Fonte: Adaptado de ABNT, 2008.
4.5 Exposição ambiental e avaliação de risco O fato de não haver estudos referentes à ocorrência do composto, pode ser explicado pelo ciflumetofem ser uma substância relativamente nova, desenvolvida e comercializada em 2007 no Japão pela Otsuka Agritechno Co. Ltda (HAYASHI et al., 2013). Um estudo realizado pela Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos mostrou que existe a possibilidade de contaminação de águas subterrâneas por seu produto de transformação, porém são ainda escassos estudos referentes a esse composto no ambiente (EFSA, 2012). LIMA, Rafaela de; TAMANAHA,Juliana Akemi; SOUSA, Ana Carla de; RODRIGUES, Ivna Maria Seabra; COELHO, Marcela Canal; OLIVEIRA, Talita Fernandes de. Características Físico-Químicas e Toxicológicas do Ciflumetofem e suas Implicações Ambientais. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 79-98, jun. 2016.
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Artigo original No Brasil, os acaricidas que utilizam o ciflumetofem como ingrediente ativo foram registrados em 2014 (MAPA, 2003), porém não foram encontrados dados de comercialização nos boletins anuais realizados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), uma vez que a última publicação é referente ao ano de 2013 e os registros dos produtos que utilizam o ciflumetofem como ingrediente ativo foram emitidos em fevereiro de 2014 (MAPA, 2003). Além disso, para que o órgão inclua os dados dos ingredientes ativos nos boletins anuais são necessárias pelo menos três empresas registradas, o que não ocorre para o composto em questão (IBAMA, s/d). Sendo esses os possíveis motivos pelo qual não foram encontrados estudos sobre o ciflumetofem em águas. Apesar disso, existe um método desenvolvido por Li (2013) capaz de detectar e quantificar concentrações inferiores aos valores calculados para critério de potabilidade e proteção da vida aquática. Esse método utiliza a Cromatografia à Gás acoplada à espectrometria
de
massas
(em
inglês
Gas
Chromatography
Mass
Spectrometry - GC MS/MS), o qual apresenta um limite de quantificação de 0,003 µg/L e limite de detecção de 0,001 µg/L. Como não foram encontradas ocorrências do ciflumetofem em água não foi possível realizar a avaliação de risco. Contudo, pode-se comparar os valores dos critérios com a solubilidade em água do ciflumetofem para avaliar as chances de risco do mesmo. O valor obtido para o critério de potabilidade foi de 300 µg/L e do critério para vida aquática foi de 0,037 μg/L. Comparandose estes resultados com a solubilidade em água do ciflumetofem, 28 µg/L a 20°C e pH 7, nota-se que o valor do critério de potabilidade é maior do que a solubilidade, logo, não se espera que o composto apresente riscos aos seres humanos, pois há poucas chances do mesmo estar presente na água em concentrações perigosas. Já com relação ao critério para vida aquática, há chances de riscos, pois seu valor é menor do que a solubilidade do ciflumetofem em água. Portanto, caso sejam encontradas concentrações do LIMA, Rafaela de; TAMANAHA,Juliana Akemi; SOUSA, Ana Carla de; RODRIGUES, Ivna Maria Seabra; COELHO, Marcela Canal; OLIVEIRA, Talita Fernandes de. Características Físico-Químicas e Toxicológicas do Ciflumetofem e suas Implicações Ambientais. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 79-98, jun. 2016.
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Artigo original ciflumetofem na água e as mesmas forem acima de 0,037 μg/L, o composto poderá prejudicar a biota aquática.
4.6 Regulamentação No Brasil e em outros países não há regulamentação para o ciflumetofem em águas. A Comunidade Europeia regulamenta a concentração de 0,1 µg/L de pesticidas em água de consumo humano, contudo, esse valor é pragmático e aplicado para qualquer agrotóxico (European Communities (Drinking Water), 2007).
Conclusão Considerando o critério de potabilidade derivado, é possível inferir que existem poucas chances de risco ao ser humano via ingestão de água, pois a solubilidade do ciflumetofem em água é menor do que seu critério (300 µg/L). Já o critério calculado para a proteção da biota aquática foi de 0,037 μg/L indicando maiores chances de riscos. No entanto, apesar de sua alta toxicidade para a vida aquática, não foram encontrados estudos sobre a ocorrência do ciflumetofem em água, portanto não há como realizar uma avaliação de risco nem inferir sobre a necessidade de inclusão desse composto nas normas brasileiras. Caso a inclusão se faça necessária no futuro, as técnicas analíticas possuem um limite de detecção que viabilizam a quantificação abaixo dos critérios derivados para o ciflumetofem.
Referências bibliográficas ABIQUIM. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA QUÍMICA. O QUE É O GHS? Sistema Harmonizado Globalmente para a Classificação e Rotulagem de Produtos Químicos. São Paulo: ABIQUIM/DETEC, 2005. Disponível em: http://abiquim.org.br/pdfs/manual_ghs.pdf. Acesso em: 05 mai. 2015.
LIMA, Rafaela de; TAMANAHA,Juliana Akemi; SOUSA, Ana Carla de; RODRIGUES, Ivna Maria Seabra; COELHO, Marcela Canal; OLIVEIRA, Talita Fernandes de. Características Físico-Químicas e Toxicológicas do Ciflumetofem e suas Implicações Ambientais. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 79-98, jun. 2016.
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Artigo original Qualidade sanitária da água de poços artesianos do município de Picos – Piauí Sanitary quality of water wells in the municipality of Picos - Piaui Karollayny de Macêdo Oliveira Graduanda do curso Bacharelado em Nutrição pela Universidade Federal do Piauí, Campus Senador Helvídio Nunes de Barros, Picos-PI.
Viviane Rocha Fonteneles Graduanda do curso Bacharelado em Nutrição pela Universidade Federal do Piauí, Campus Senador Helvídio Nunes de Barros, Picos-PI.
Cristiane Evangelista de Lima Graduanda do curso Bacharelado em Nutrição pela Universidade Federal do Piauí, Campus Senador Helvídio Nunes de Barros, Picos-PI.
Luís Evêncio da Luz Médico Veterinário doutor em Ciências Veterinárias. Professor vinculado ao curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Piauí, Campus Senador Helvídio Nunes de Barros, Picos-PI.
Sabrina Almondes Teixeira Nutricionista especialista em Nutrição e Controle de Qualidade de Alimentos. Mestranda vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Alimentos e Nutrição (PPGAN) da Universidade Federal do Piauí, Campus Ministro Petrônio Portela, Teresina-PI. E-mail: sabrina.almondes@hotmail.com.
Danilla Michelle Costa e Silva Nutricionista mestre em Ciências e Saúde. Professora vinculada ao curso de Nutrição da Universidade Federal do Piauí, Campus Senador Helvídio Nunes de Barros, Picos-PI. OLIVEIRA, Karollayny de Macêdo; FONTENELES, Viviane Rocha; LIMA, Cristiane Evangelista de; LUZ, Luís Evêncio da; TEIXEIRA, Sabrina Almondes Teixeira; SILVA, Danilla Michelle Costa e. Qualidade sanitária da água de poços artesianos do município de Picos – Piauí. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 99112, jun. 2016.
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Artigo original Resumo A exploração das águas subterrâneas vem se tornando uma alternativa bastante atraente para o abastecimento, no entanto, observa-se em algumas águas subterrâneas de diversas regiões do país contaminação por coliformes, grupo este indicador de condições higiênico-sanitárias insatisfatórias e dessa forma, prováveis causadores de enfermidades entéricas. Devido ao grande número de domicílios abastecidos por água subterrânea de poços artesianos, este trabalho tem por objetivo avaliar as características microbiológicas dessas águas. A pesquisa foi realizada no município de Picos, através do método tradicional de tubos múltiplos e os resultados confrontados com a portaria nº 2914/11, do Ministério da Saúde, que estabelece o seu padrão de potabilidade. Foram coletadas 46 amostras de águas subterrâneas, distribuías em 12 bairros distintos do município de Picos. Obteve-se um percentual razoável de amostras que se encontravam contaminadas com coliformes totais e termo tolerantes, 21,7% e 8,7%respectivamente.Acreditase que os resultados destas análises estão relacionados com as práticas de lançamento de dejetos animais na natureza, à localização do poço subterrâneo aliado ao tempo de construção, à profundidade dos poços, devendo, portanto, haver limpeza periódica dos reservatórios e tratamento eficiente da água que utilizada para consumo humano. Palavras-chaves: Analises microbiológica. Água subterrânea. Poços artesianos. Portaria nº 2914/11.
OLIVEIRA, Karollayny de Macêdo; FONTENELES, Viviane Rocha; LIMA, Cristiane Evangelista de; LUZ, Luís Evêncio da; TEIXEIRA, Sabrina Almondes Teixeira; SILVA, Danilla Michelle Costa e. Qualidade sanitária da água de poços artesianos do município de Picos – Piauí. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 99112, jun. 2016.
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Artigo original Abstract The exploitation of groundwater has become a very attractive alternative for water supplies, however, it is observed in some groundwater from different regions of the country contamination causing by coliform group, this one shows poor sanitary conditions and thereby likely it is the cause of enteric diseases. Due to the large number of homes supplied by groundwater from those artesian wells, this study aims to evaluate the microbiological characteristics of these waters. The survey was conducted in Picos city, through the traditional way of multiple tubes and the results confronted with the decree No. 2914/11 of the Ministry of Health, which sets the standard for drinkability. It was collected 46 groundwater samples, distributed in 12 distinct neighborhoods in Picos-PI. It was obtained a reasonable percentage of contaminated samples with total and fecal coliforms, 21.7% and 8.7% respectively. It is believed that the results of these analyzes are related to the practice of discarding trash and death animals into the nature, the location of the underground well allied to building time, to the depth of wells and there should be periodic cleaning of reservoirs and efficient water treatment that is used for human consumption. Keywords: Microbiological Analysis. Groundwater. Artesian wells. Decree No. 2914/11.
OLIVEIRA, Karollayny de Macêdo; FONTENELES, Viviane Rocha; LIMA, Cristiane Evangelista de; LUZ, Luís Evêncio da; TEIXEIRA, Sabrina Almondes Teixeira; SILVA, Danilla Michelle Costa e. Qualidade sanitária da água de poços artesianos do município de Picos – Piauí. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 99112, jun. 2016.
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Artigo original
Introdução Elemento indispensável a todos os seres vivos, a água constitui o insumo essencial à preservação da vida no planeta, pois é um recurso natural que desempenha influência crucial na qualidade de vida da população, sobretudo no que tange ao abastecimento, que está diretamente relacionado com a saúde pública (NETO; FERREIRA, 2007; MELO, 2009).
Existe uma
intrínseca relação entre água e saúde humana, pois a mesma é alvo de preocupação mundial em função da atual crise qualitativa e quantitativa dos recursos hídricos que, em sua maioria, encontram-se contaminados com substâncias tóxicas ou agentes patogênicos causadores de enfermidades ao homem e a outros animais (SANTOS, 2008). Apesar de o Planeta Terra ter dois terços de sua superfície ocupados por água, apenas 2% é doce e apta para o consumo humano (MARENGO, 2008). A fim de atender as funções orgânicas, a água para o consumo pode ser obtida de diversas fontes, dentre elas, estão os mananciais subterrâneos, sendo um recurso utilizado por uma ampla parte da população brasileira. Essas fontes podem ser de águas profundas (aquíferos) ou poços tradicionais com profundidades menores e com maior risco de contaminação (SILVA e ARAÚJO, 2003). O aquífero Serra Grande localiza-se em solos piauienses e boa parte desse potencial pertence à região de Picos-PI. Na região, este é o recurso hídrico mais explorado por apresentar boas características de qualidade de água e altas vazões, ocasionadas em função da formação Serra Grande ser constituída, em sua maioria, de espessos bancos de arenitos de granulação OLIVEIRA, Karollayny de Macêdo; FONTENELES, Viviane Rocha; LIMA, Cristiane Evangelista de; LUZ, Luís Evêncio da; TEIXEIRA, Sabrina Almondes Teixeira; SILVA, Danilla Michelle Costa e. Qualidade sanitária da água de poços artesianos do município de Picos – Piauí. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 99112, jun. 2016.
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Artigo original média a grosseira, com boa transmissibilidade e alta capacidade de armazenamento (CPRM, 1999). De acordo com Athayde Júnior et al. (2009) a maior causa das contaminações em lençóis subterrâneos é o crescimento de áreas urbanas de maneira desordenada. Sabe-se que vários fatores podem comprometer sua qualidade, como o destino final do esgoto doméstico e industrial, fossas e tanques sépticos, a disposição inadequada de resíduos sólidos urbanos e industriais, cemitérios, postos de combustíveis e de lavagem e a modernização da agricultura representam fontes de contaminação das águas subterrâneas por bactérias e vírus patogênicos, parasitas e substâncias orgânicas e inorgânicas (COLVARA, 2009; ALMEIDA et al, 2013). A determinação da concentração dos coliformes assume importância como parâmetro indicativo da possibilidade da existência de microrganismos patogênicos, responsáveis pela transmissão de doenças de veiculação hídrica, tais como febre tifoide, febre paratifoide, disenteria bacilar, cólera e diarreia,
decorrentes
das
inadequadas
condições
dos
serviços
de
abastecimento de água e de esgotamento sanitário (JUNIOR, 2005). O padrão de potabilidade da água para o consumo humano deve ter ausência de coliformes totais, Escherichia coli ou coliformes termo tolerantes em 100 ml da amostra. No Brasil, a portaria nº 2914/11, do Ministério da Saúde, estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para o consumo humano e seu padrão de potabilidade, definindo os padrões microbiológicos, físico-químicos e radioativos, de modo que não ofereçam riscos à saúde (BRASIL, 2011). Tendo em vista o grande número de domicílios rurais e da periferia urbana do município de Picos-PI que são abastecidos com água subterrânea de poços artesianos, este trabalho tem o intuito de avaliar as características OLIVEIRA, Karollayny de Macêdo; FONTENELES, Viviane Rocha; LIMA, Cristiane Evangelista de; LUZ, Luís Evêncio da; TEIXEIRA, Sabrina Almondes Teixeira; SILVA, Danilla Michelle Costa e. Qualidade sanitária da água de poços artesianos do município de Picos – Piauí. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 99112, jun. 2016.
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Artigo original microbiológicas dessas águas, utilizando o parâmetro de potabilidade definido pela portaria 2914/11 do Ministério da Saúde, que estabelece as normas de qualidade da água para consumo humano e assim contribuir para conscientização da população sobre os riscos relacionados à ingestão de água imprópria para o consumo humano. Metodologia O presente estudo caracteriza-se como uma pesquisa quantitativa e qualitativa, na qual foram coletadas amostras de águas subterrâneas de 46 poços artesianos utilizados para consumo humano em 12 bairros do município de Picos-PI, obtendo-se 46 amostras de água, uma para cada poço. As amostras de água foram coletadas diretamente da torneira dos poços de captação das águas subterrâneas, antes da mesma ser direcionada a qualquer reservatório, após assepsia solução de hipoclorito de sódio 100 mg/L, deixando-as abertas, escorrendo por cerca de três minutos. As amostras foram acondicionadas em frascos de vidro estéreis, preenchidos com aproximadamente 100 ml de água, sendo identificadas quanto à origem e às condições gerais do local de captação e acondicionados dentro de caixa isotérmica
com
temperatura
controlada
em
±7°C
e
conduzidos
imediatamente ao laboratório de Microbiologia da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Campus Senador Helvídio Nunes de Barros, a fim de procederas análises laboratoriais. A quantificação de coliformes totais e termo tolerantes nas amostras coletadas foi realizada conforme metodologia proposta por APHA (2005), a qual se baseia no teste com tubos múltiplos. Esta metodologia foi empregada como padrão, por ser amplamente recomendada pela Vigilância Sanitária e outros órgãos regulamentadores. OLIVEIRA, Karollayny de Macêdo; FONTENELES, Viviane Rocha; LIMA, Cristiane Evangelista de; LUZ, Luís Evêncio da; TEIXEIRA, Sabrina Almondes Teixeira; SILVA, Danilla Michelle Costa e. Qualidade sanitária da água de poços artesianos do município de Picos – Piauí. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 99112, jun. 2016.
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Artigo original Todos os resultados obtidos nas análises foram confrontados com base na Portaria Nº 2914/11 através da classificação qualitativa dos parâmetros (presença/ausência – P/A) dos coliformes totais e coliformes termo tolerantes em 100 ml da amostra, devendo se enquadrar no parâmetro ausente para ser considerado como adequada para o consumo humano e presente como inadequada, para obter a porcentagem de amostras contaminadas e não contaminadas, conforme descrito no Quadro 1.
Resultados e Discussão No Brasil, pesquisas sobre mananciais subterrâneos têm recebido grande atenção nos últimos anos, devido à sua grande viabilidade técnica e econômica. Por essa razão, seu uso vem exigindo cada vez mais cuidados e planejamentos especiais (MENDONÇA; SOUZA, 2011).
OLIVEIRA, Karollayny de Macêdo; FONTENELES, Viviane Rocha; LIMA, Cristiane Evangelista de; LUZ, Luís Evêncio da; TEIXEIRA, Sabrina Almondes Teixeira; SILVA, Danilla Michelle Costa e. Qualidade sanitária da água de poços artesianos do município de Picos – Piauí. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 99112, jun. 2016.
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Artigo original Até a década de 70, acreditava-se que as águas subterrâneas estavam naturalmente protegidas da contaminação pelas camadas de solo e rochas, pois normalmente contêm menor número de bactérias, menos matéria orgânica e maior quantidade de substâncias minerais do que as águas de superfície (MELO, 2009). Entretanto, com o passar do tempo, passaram a ser detectados traços da presença de contaminantes em águas subterrâneas e diversos estudos têm sido conduzidos no sentido de avaliar a sua seguridade (COLVARA, 2009). A Tabela 1 apresenta as ocorrências de contaminação microbiológica em águas de poços subterrâneos localizados no município de Picos-PI.
Neste estudo, 21,7% e 8,7% das amostras encontravam-se contaminadas com coliformes totais e termo tolerantes, respectivamente, porém a presença dos coliformes termo tolerantes indica poluição sanitária e mostra-se mais significativo do que a presença dos coliformes totais, já que esses são restritos ao trato intestinal de animais de sangue quente (CAJAZEIRAS, 2007).Isso nos mostra que a maioria dos poços se encontram em boas condições higiênico-sanitárias, visto que apenas 8,7% destes apresentam contaminação por coliformes termo tolerantes. No entanto, a contaminação de águas, tanto a níveis subterrâneos como superficiais, é um problema de saúde pública e apesar de ter sido encontrado um baixo percentual de contaminação dentre as amostras, torna-se preocupante visto esse grupo de microrganismos contaminantes
OLIVEIRA, Karollayny de Macêdo; FONTENELES, Viviane Rocha; LIMA, Cristiane Evangelista de; LUZ, Luís Evêncio da; TEIXEIRA, Sabrina Almondes Teixeira; SILVA, Danilla Michelle Costa e. Qualidade sanitária da água de poços artesianos do município de Picos – Piauí. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 99112, jun. 2016.
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Artigo original serem
um
dos
principais
causadores
das
enfermidades
entéricas
(MURATORI; SOUZA, 2002; GRIZA et al., 2008). De acordo com Rocha et al. (2010), a ingestão de alimentos contaminados com microrganismos provenientes de água de má qualidade utilizada em seu preparo, pode tornar-se um problema gravíssimo para aqueles que fazem o consumo e, consequentemente, para os órgãos de saúde pública, uma vez que os gastos com o tratamento de doenças por ingestão de alimentos contaminados são altíssimos. Resultado próximo ao encontrado nesta pesquisa pôde ser observado no estudo de Sotomayor (2013), o qual, ao analisar a água de poços artesianos pertencentes ao aquífero Patino, observou que 19,5% das amostras eram positivas para coliformes termo tolerantes e 48,8% para coliformes totais, refletindo o tratamento inadequado e/ou um sistema de distribuição e armazenamento ineficiente, bem como infiltração de contaminantes que atingem e decompõem a qualidade da água do aquífero. Em contrapartida, um estudo realizado por Cajazeiras (2007) acerca da qualidade e o uso das águas subterrâneas da Região de Crajubar-CE, verificou que a maioria dos poços analisados (62%) apresentaram contaminação por coliformes totais e termo tolerantes. Da mesma forma, Franca (2006)analisou poços tubulares em Juazeiro do Norte-CE e mostrou que as concentrações de coliformes totais e termo tolerantes nessas águas apresentaram-se bastante variáveis ao longo do período de monitoramento e dos onze poços amostrados, apenas dois não apresentaram coliformes em nenhuma das coletas; resultados estes, superiores aos deste estudo, onde o número de poços não contaminados foi bem maior, representando 78,2% (36 poços) de ausência para coliformes totais e termo tolerantes, OLIVEIRA, Karollayny de Macêdo; FONTENELES, Viviane Rocha; LIMA, Cristiane Evangelista de; LUZ, Luís Evêncio da; TEIXEIRA, Sabrina Almondes Teixeira; SILVA, Danilla Michelle Costa e. Qualidade sanitária da água de poços artesianos do município de Picos – Piauí. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 99112, jun. 2016.
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Artigo original demonstrando que encontram-se em boas condições sanitárias e distantes dos focos de poluição. Níveis de contaminação mais elevados, comparados ao presente estudo, também foram observados nas análises de Costa (2012) e de Colvara (2009), os
quais
identificaram
contaminação
fecal
em
12,2%
e
70%,
respectivamente. Apesar de alguns estudos evidenciarem contaminações superiores, os resultados obtidos nessa pesquisa são relevantes, visto a má qualidade da água estar diretamente associada às doenças diarreicas de veiculação hídrica,
especialmente
nas
periferias
das
cidades
de
países
em
desenvolvimento e na zona rural. Vários fatores podem ser responsáveis por essa contaminação, dentre eles, as práticas de lançamento de dejetos de animais na natureza, à localização dos poços subterrâneos, assim como o tempo de construção e à profundidade dos mesmos (FERNANDES, 2011).
Conclusão Os resultados obtidos no presente estudo alertam quanto a preservação da qualidade microbiológica do aquífero Serra Grande, visto observar um discreto, porém significativo percentual de poços com foco de contaminação fecal. Em consequência a este fato, a saúde da população que utiliza esta água para consumo assume um estado de risco, já que frequentemente não observa-se processos de tratamento que atinjam padrões de potabilidade e seguridade das águas advindas de poços. Trabalhos intensivos devem ser realizados no sentido de efetuar a vigilância da qualidade da água utilizada nestas propriedades e subsidiar o consumo OLIVEIRA, Karollayny de Macêdo; FONTENELES, Viviane Rocha; LIMA, Cristiane Evangelista de; LUZ, Luís Evêncio da; TEIXEIRA, Sabrina Almondes Teixeira; SILVA, Danilla Michelle Costa e. Qualidade sanitária da água de poços artesianos do município de Picos – Piauí. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 99112, jun. 2016.
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Artigo original consciente de água de poços artesianos, bem como auxiliar os órgãos fiscalizatórios na detecção e monitoramento de perigos relacionados à ingestão de água não tratada no município de Picos-PI.
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OBITUÁRIO Em memória do prof. Eustáquio Linhares Borges A Intertox lamenta a perda do prof. Eustáquio Linhares Borges, que faleceu sexta-feira (17), no Hospital Português em Salvador-BA. Como um grande entusiasta do ensino farmacêutico, prof. Eustáquio Borges deixa além da imensa saudade em familiares e amigos, inúmeras contribuições nos contextos da profissão farmacêutica, da toxicologia, da saúde ambiental e ocupacional. Em sua página nas redes sociais foram publicadas inúmeras homenagens e manifestações de carinho de ex-alunos, professores, amigos e familiares.
Trajetória Graduado em Farmácia e Bioquímica pela Universidade Federal de Juiz de Fora, o Dr. EUSTÁQUIO LINHARES BORGES elegeu a Toxicologia como área de interesse e atuação, e se tornou uma das principais autoridades brasileiras neste ramo das Ciências Farmacêuticas. Mestre em Análises Toxicológicas pela Universidade de São Paulo, foi professor da disciplina na Faculdade de Farmácia da Universidade Federal da Bahia, desde 1973 até aposentar-se em 2002. Ao longo desse período, ele se dividiu entre a vida ________________________________________________________________________________________________ Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 8-112, jun. 2016
OBITUÁRIO acadêmica e a saúde pública, sendo responsável pela implantação do Laboratório de Análises Clínicas e Toxicológicas da Fundação Monte Tabor Hospital São Rafael, em Salvador, e a coordenação do Programa de Saúde Ambiental do Estado da Bahia, com ações nas áreas de saneamento básico e saúde ambiental, tendo atuado com muita proficiência como Conselheiro do Conselho Estadual de Proteção dos Recursos Ambientais – CEPRAM como representante da Secretaria da Saúde. Titulado Cientista Pesquisador no Campo da Toxicologia pela Universidade de Ghent, na Bélgica, (Research Scientist em The Field of Toxicology at The e State University of Ghent-Belgium, em inglês), foi Presidente da Sociedade Brasileira de Toxicologia, no período 1988/891, organizou e presidiu o V Congresso Brasileiro de Toxicologia e o I Encontro de Toxicologia do Mercosul. Cumpriu diversos mandatos como Vice-Presidente eleito do Conselho Regional de Farmácia da Bahia (CRF-BA). Foi homenageado com muitos prêmios e condecorações pelas relevantes contribuições prestadas à profissão farmacêutica, às associações científicas, organizações públicas e à sociedade1,2,3. O prof. Eustáquio Borges foi responsável pela criação do CIAVE-BA (Centro de Informações Antiveneno) junto à Secretaria da Saúde do Estado (SESAB) em 1980. Desempenhando um papel primordial na salvaguarda em saúde pública no estado e região Nordeste, o CIAVE foi o segundo serviço de Toxicologia do país a entrar em funcionamento, e é atualmente responsável pelo diagnóstico e terapêutica de pacientes intoxicados; realização de análises toxicológicas de urgência; identificação de animais peçonhentos e plantas venenosas; controle e manutenção de banco de antídotos; além de fornecimento de informações toxicológicas para a Bahia e outros estados do Nordeste2. Com visão diferenciada sobre a evolução e as interfaces entre o ensino e a profissão farmacêutica no século XXI3, após aposentar-se, mantendo o carinho que sempre teve pelo verdadeiro papel educador, foi coordenador do curso de Farmácia do Centro Universitário da Bahia (Estácio-FIB), instituição na qual se formaram tantos farmacêuticos com uma nova visão do cuidado, alguns, hoje, mestres e doutores em áreas de notória contribuição social. No decorrer de sua atuação profissional, desenvolveu um importante papel no contexto da saúde ocupacional e ambiental, e através de seus conhecimentos contribuiu com diversos trabalhos envolvendo investigações sobre contaminações ambientais e monitoramento de exposição de trabalhadores a agentes químicos no ambiente de trabalho. Alguns dos projetos, juntos com a Intertox. Após lutar muito pela vida, Prof. Eustáquio deixa a esposa Sra. Nildete, e dois filhos, Pedro e Mariana. Apesar da imensa dor da despedida e imensurável perda, confortam-nos as tão lindas memórias e ensinamentos do querido professor, que nos ________________________________________________________________________________________________ Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 8-112, jun. 2016
OBITUÁRIO estimulam a levar adiante o fazer o bem, o acreditar nas pessoas, o agir para melhorar o mundo, o viver contra as lógicas que nos são impostas e o debruçar que se faz do ensino ao cuidado. É este significado que se torna eterno em cada um de nós, farmacêuticos, amigos e aprendizes. Obrigado, professor, mestre e amigo! Carlos Eduardo Matos Santos e família Intertox
Referências bibliográficas 1Sociedade
Brasileira de Toxicologia. diretorias. http://www.sbtox.org.br/texto_fixo.php?id_texto=7
Ex-
2CRF-BA
em Revista. Ano IV - Nº 15 - Março/2011. Disponível em http://www.crf-ba.org.br/revista/revista_15_2010.pdf CFF - Conselho Federal de Farmácia. Dia do Farmacêutico. Homenagens: http://www.cff.org.br/sistemas/geral/revista/pdf/129/005a023_dia_do_farmac Autico.pdf CIAVE. http://ciave-ba.blogspot.com.br/2013/09/ciave-encerra-serie-decomemoracoes-dos.html 3Borges,
E. L. Ensino farmacêutico: uma reflexão crítica e suas possibilidades no brasil do século XXI. Revista Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade, Vol.3, N.1 NOV/FEV 2010.
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