ÍNDICE EDITORIAL
Págs.2 e 3 Índice, Editorial & Ficha Técnica
Págs.5 a 10 Dia Mundial de Luta contra a SIDA 2009World AIDS Day 2009 Págs.11 a 17 V Conferência Internacional sobre Patogénese, Tratamento e Prevenção do VIH 2009, Cidade do Cabo, África do Sul - 19 a 22 Julho Pág.18 O seropositivo e o peso da acusação da figura materna, Dr. José António M. Teixeira, Psicoterapeuta Págs.19 a 32 Artigos Informativos sobre o VIH/SIDA Págs.33 a 53 Actividades da Abraço - Em destaque: 1.12.2009
* Lançamento do livro de MARGARIDA MARTINS “Escrita de Luz - Ponte de Afectos”
* Dia Mundial de Luta contra a SIDA Págs.54, 55 e 57 Agendas Nacional e Internacional Pág.56 Agradecimentos + Receita Vegetariana Pág.58 Sugestão Literária Pág.59 Ficha de Sócio Contra-capa Contactos
aceites, são na prática inexistentes ou insuficientes.
EDITORIAL
Este ano o tema do Dia Mundial da Luta Contra a SIDA, 1 de Dezembro, é o “Acesso Universal e Direitos Humanos”, o que faz todo o sentido e tem toda a oportunidade já que, sendo a “Saúde”, a “Assistência na Doença” e o “Acesso aos Cuidados de Saúde” direitos humanos universais fundamentais (consagrados, reconhecidos e plasmados em diversas Convenções, Declarações e Cartas Universais pelos Homens), desventuradamente, em muitas regiões do mundo, ou são totalmente ignorados, ou, apesar de formalmente
Ficha Técnica
R
ecordemos a situação em 2005 (ONU):
“
O número recorde de infectados pesou duramente no dia mundial de luta contra a SIDA. São mais de 40 milhões de adultos e crianças e o número continua a subir em todas as regiões do mundo, à excepção das Caraíbas, onde a taxa de infecção se encontra estabilizada há dois anos.
O dia foi marcado em todo o Mundo por campanhas de sensibilização e prevenção, mas procurou-se também relembrar aos líderes políticos a necessidade de cumprir promessas, por exemplo, em relação aos medicamentos.
Na África sub-sahariana, que acolhe 60% do total de infectados, só 10% dos doentes têm acesso a medicamentos. As crianças estão entre os mais atingidos.
Só no Botswana, dois milhões de crianças estão infectadas e os medicamentos infantis são dos mais caros. Cerca de doze milhões de outras no país são orfãs devido à SIDA.
O professor Gabriel Amabwani, especialista em SIDA infantil, explica que a maioria das crianças são infectadas à nascença e acrescenta: “Em África, 40% dessas crianças morre no primeiro ano e 85% não atinge os
Edição: ABRAÇO Direcção: ABRAÇO Redacção: António Guarita & Samuel Fernandes Marketing: Vera Aveleira, Heloisa Flores & Patrícia Madeira Cooperação Internacional: António Guarita Serviços Jurídicos: Paula Policarpo Design Gráfico: António Guarita Projectos: Equipa ABRAÇO. Norte, Sul, Ilhas e Voluntários Colaboradores Produção: António Guarita & Samuel Fernandes Distribuição: Centro de Documentação ISSN 0872-8623 Distribuição: Gratuita Depósito Legal: 104216/96 Paginação: António Guarita Impressão: Impriluz Gráfica, Lda. Tiragem: 20 000 Exemplares *A Direcção reserva o direito de alterar ou reduzir os textos dos colaboradores por razões de espaço.
EDITORIAL
cinco anos”.
Face à dureza das estatísticas, a ONU pede uma resposta excepcional e tenta impedir que o Mundo baixe os braços.” Ainda de acordo com o ONUSIDA, em 2007 foram infectadas com o VIH 2,7 milhões de pessoas, sendo que a maioria dos infectados com o vírus está concentrada no continente africano, nomeadamente a sul do deserto do Sahara.
Apesar de ser um número assustador, revela uma diminuição de infecções, pelo que o ONUSIDA reconheceu que os esforços contra esta epidemia começam a ter resultados concretos, alertando, porém, que 7500 pessoas são ainda infectadas diariamente em todo o mundo.
Apesar da diminuição do número de mortes e dos casos de novas infecções face a anos anteriores, o organismo considera que os níveis permanecem “inaceitáveis” e que o futuro é ainda “incerto”.
O relatório, que apresenta dados relativos a 147 países, avançou igualmente que existe um decréscimo dos contágios entre mãe e filho, bem como um aumento das pessoas em tratamento.
Ou seja, a pandemia ao nível mundial mantém-se assustadoramente elevada e o continente africano continua sendo o mais afectado, com o terrível cenário do crescente número de órfãos devido à SIDA.
A situação crítica e endémica nesta região do mundo é o sintoma e a consequência da sistemática violação dos direitos humanos e da total falta de vontade dos governos de muitos daqueles países africanos de promover verdadeiras e eficazes políticas/ respostas de acesso universal aos
cuidados médicos, ao tratamento, e à prevenção (todos corolários do direito à saúde).
Urge assim sensibilizar e consciencializar a todos para o tema, com o enfoque naqueles que, querendo, podem, porque lhes assiste o poder para tal (conquistado de forma democrática ou questionável, o que nesta sede é indiferente), alterar a situação nos seus países e não o fazem, simplesmente porque não tratam esta questão como uma prioridade de agenda.
Este tema é ainda uma oportunidade para debater o papel das farmacêuticas, laboratórios e patentes dos medicamentos/tratamentos, na alteração do estado da situação nos países mais afectados, que poderia ser por estes minorada substancialmente e que não o é, hipocritamente, e talvez porque os milhões de infectados da Àfrica ainda que tratados e cuidados, poucas ou nenhumas perspectivas e possibilidades têm de vir a ser população activa/consumidora de bens e produtos.
Mas se nalgumas regiões do mundo a situação é a descrita, é preciso também reconhecer e admitir que na Europa a situação é bastante melhor e muito diferente, já que ao nível dos países da União Europeia e da Europa Ocidental, a questão do acesso universal ao tratamento é uma realidade, ainda que nalguns destes países o número de novos casos continue a aumentar, devido certamente a um conjunto de factores múltiplos e transversais e a políticas de prevenção, menos ou mais conseguidas.
EDITORIAL
Existem pois no mundo vários cenários distintos ao nível da pandemia, e mesmo na Europa temos realidades a dois andamentos, já que a situação nos países de Leste está longe de estar controlada, sendo até e para aquela região Europeia absolutamente pertinente colocar-se a questão do acesso universal ao tratamento e aos cuidados de saúde como de extrema preocupação e premência.
Entre nós, Portugal, perto de 34 mil portugueses estavam infectados em 2007. De acordo com o Programa Conjunto das Nações Unidas para o VIH/SIDA em Portugal, perto de 34 mil pessoas, com idades superiores a 15 anos, estavam infectadas em 2007 com o vírus do VIH, sendo que as estimativas mais baixas apontavam para 20 mil e as mais altas para 63 mil.
Em 2001, as estimativas da ONUSIDA para adultos e crianças falavam em 29 mil infectados no país, sendo que o melhor cenário apontava para 18 mil e o pior para cerca de 51 mil.
Até ao final de Setembro de 2007 estavam registados em Portugal, segundo o Ministério da Saúde, mais de 32 mil casos de SIDA, com um anterior relatório das Nações Unidas a indicar que Portugal era o quarto país da Europa Ocidental com mais casos novos diagnosticados em 2006.
Em Fevereiro de 2008, o Instituto Nacional de Estatística revelou que o número de casos de SIDA diagnosticados em território nacional tinha diminuído entre 2000 e 2006: enquanto em 2000 foram diagnosticados 1022 novos casos de infecção, em 2006 o número baixou para 577, um decréscimo de 56,5 por cento.
Dados recentes do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge apontam para
a existência de 35 mil pessoas infectadas com o vírus da imunodeficiência humana em Portugal.
Em suma, o Dia Mundial da Luta Contra a SIDA é importante porque, nesse dia, em todo o mundo, o enfoque é para esta questão que a todos nós afecta e que, pela sua desconcertante e assustadora dimensão, deveria estar nas agendas políticas mundiais, permanentemente, e ser considerada prioritária, o que, infelizmente, não acontece.
Paula Policarpo
Vogal da Direcção Associação Abraço
RECEPÇÃO
Dia Mundial de Luta contra a SIDA 2009
O Acesso Universal e os Direitos Humanos
A Campanha Mundial contra a SIDA chegou à selecção do tema Acesso Universal e Direitos Humanos, após consulta estreita junto dos representantes dos diversos distritos, representantes dos meios de comunicação de organizações parceiras, e os amigos da Campanha Mundial contra a SIDA.
Algumas oportunidades apresentadas por este tema
A possibilidade de chamar a atenção para as populações afectadas
Fazer parte do momento actual em torno da questão dos direitos humanos
Aproveitar o tema dos direitos humanos como uma abordagem abrangente que está directamente ligada ao acesso universal
quando combinados.
Convenções e definições dos direitos humanos acordadas internacionalmente são uma base sólida de apoio, em particular na interacção com os governos.
Por que é que o tema é oportuno? 2010 será um marco para os Objectivos do Desenvolvimento do Milénio, incentivando a revisão de alto nível do que tem sido alcançado ou não, com o objectivo de conseguir o acesso aos tratamentos e cuidados de saúde de todos aos cuidados essenciais, até 2010.
A actual crise económica mundial está a obrigar os governos a tomar algumas decisões difíceis. O Dia Mundial de Luta contra a SIDA é uma oportunidade importante para realçar a necessidade fundamental de acesso universal aos cuidados essenciais.
Já houve casos preocupantes de programas de tratamento do VIH e da SIDA que foram reduzidos ou encerrados devido a restrições orçamentais.
A linguagem e a estrutura dos direitos humanos tornam possível um novo diálogo e abrangem muitas questões, incluindo o direito à informação, o direito ao tratamento, à não discriminação, bem como o direito à saúde.
Os direitos humanos e o acesso universal são temas muito vastos e abrangentes que se complementam mutuamente
Dia Mundial de Luta contra a SIDA 2009 O Acesso Universal e os Direitos Humanos
O tema apresenta uma oportunidade para fazer com que as relações entre as violações dos direitos humanos e as taxas de infecção pelo VIH sejam entendidas.
A nossa mensagem é que o acesso para todos à prevenção, ao tratamento, aos cuidados médicos e ao apoio é um direito humano fundamental que é impossível dissociar a partir da discussão de como podemos combater o VIH e a SIDA, agora e no futuro.
concentração crescente sobre o Direito à Alimentação), que ajuda a aumentar a consciencialização sobre os direitos humanos e a sua linguagem, e dá mais credibilidade aos acordos internacionais relativos aos direitos humanos e às suas prioridades no direito internacional.
O tema e as necessidades dos direitos humanos podem ser fortemente articulados através de histórias contextuais e de estudos de casos da vida real conformes aos princípios da igualdade e do valor de todos os seres humanos.
A abordagem dos direitos humanos é abrangente, estando directamente associada à resposta necessária para o acesso universal ao tratamento, à prevenção, aos cuidados médicos e ao apoio.
À luz da avaliação da abordagem dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, a mensagem de que o acesso ao tratamento para todos é essencial na forma como lidamos com o VIH e a SIDA no mundo está completamente entrelaçada.
Este tema oferece uma boa oportunidade para destacar a situação dos mais estigmatizados e marginalizados no seio das comunidades que são muitas vezes negligenciadas.
As abordagens com base nos direitos estão a ser reforçadas noutras áreas da campanha (por exemplo, há uma
Associando o Acesso Universal aos Direitos Humanos ajuda a incluir as questões de diagnóstico e de tratamento do VIH nos fóruns existentes e perante os líderes mundiais que já estão empenhados na luta por uma agenda sobre direitos humanos.
A África do Sul será a anfitriã da Taça do Mundial da FIFA de 2010 trazendo visitantes e jornalistas de todo o mundo a um país que tem sido, e continua a ser, profundamente afectado pela epidemia da SIDA.
2009 marca o 20º aniversário da Convenção sobre os Direitos da Criança.
Este aniversário é uma ocasião especial Continua na página 8
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World AIDS Day 2009 Universal Access and Human Rights combined
The World AIDS Campaign arrived at the selection of the theme Universal Access and Human Rights after close consultation with representatives of various constituencies, communications and media representatives of partner organizations, and friends of the World AIDS Campaign.
Some opportunities presented by this theme
The possibility to draw attention to key populations
To be part of the current momentum around the issue of human rights
To take advantage of the theme of human rights as a comprehensive approach that ties directly to universal access
The language and framework of human rights makes new dialogue possible, and pulls together many issues including the right to information, right to treatment, non- discrimination as well as the right to health.
Human rights and universal access are very broad and encompassing themes that complement each other when
Internationally agreed conventions and definitions of human rights are a solid advocacy base, particularly in interacting with governments.
Why is the theme timely?
2010 will be a milestone for the Millennium Development Goalsencouraging high level review of what has, and has not, been accomplished in the aim to achieve access for all to essential care by 2010.
The world’s current economic woes are forcing governments to make some painful decisions. World AIDS Day is an important opportunity to emphasise the critical need for universal access to essential care.
There have already been alarming instances of HIV and AIDS treatment programs being curtailed or shut down due to budgetary restrictions. The theme presents an opportunity to make understood the links between violations of human rights and HIV infection rates.
Our message is that access for all to prevention, treatment, care and support is a fundamental human right that is impossible to decouple from the discussion of how we tackle HIV and AIDS now and in the future.
In light of the approaching assessment of the Millennium Development Goals, the message that access to treatment for all is essential in how we approach HIV and AIDS globally is completely entwined
This theme offers a good opportunity to highlight the plight of the most stigmatised and marginalised within communities who are often neglected.
Rights-based approaches are being
World AIDS Day 2009 Universal Access and Human Rights
strengthened in other campaign areas (e.g. there is a growing focus on the Right to Food) which helps to raise awareness about human rights and its language; and gives more credence to the international agreements related to human rights and their precedence in international law.
The theme and needs of human rights can be powerfully articulated through contextual stories and real life case studies to principles of equality and the value of all human beings.
The human rights approach is comprehensive, tying directly into the response needed for universal access to treat ment, prevention, care and support. Linking Universal Access to Human Rights helps bring the HIV diagnosis and treatment issues into existing fora and before world leaders who are already commit ted to pursuing a human rights agenda.
South Africa will host the 2010 FIFA World Cup bringing visitors and report ers from across the globe to a country that has been, and continues to be, deeply affected by the AIDS epidemic. 2009 marks the 20th anniversary of the Convention on the Rights of the Child.
This anniversary is a special occasion lending weight to the need to pro tect the rights of children- including their rights relating to HIV and AIDS.
A Truly Global Campaign
In order to ensure maximum impact- the World AIDS Campaign and its partners intend to encourage, assist, and publi
cise events around the world spanning the 24-hour time zone on December 1st. But of course we can all do more than that. Key events coming up include ICAAP, the G20, Rights of the Child an niversary and many more.
Source: Denis Burke http://www.worldaidscampaign.org/en/UniversalAccess-and-Human-Rights
MARKETING & PRODUÇÃO
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Email: marketing@abraco.pt
Continuação da página 5 conferindo peso à necessidade de proteger os direitos das crianças, incluindo os seus direitos relacionados com o VIH e a SIDA.
Uma Campanha Verdadeiramente Global
Com o objectivo de garantir o máximo impacto, a Campanha Mundial de Luta contra a SIDA e os seus parceiros pretendem incentivar, apoiar e divulgar eventos em todo o mundo ao longo das 24 horas, em todos os fusos horários, no dia 1 de Dezembro.
Mas é claro que todos nós podemos fazer mais que isso. Os principais eventos que se aproximam incluem o ICAAP, o G20, o aniversário dos Direitos da Criança e muitos mais. Queremos ouvir as suas ideias para ajudar a construir o momento que nos leva ao dia 1 de Dezembro. Uma das ideias que já testámos é o uso dos postais.
Até agora têm sido muito bem recebidos na África do Sul, onde pedimos aos membros do público em geral para os preencher e para os enviar ao Ministério da Saúde, instando-o a manter os seus compromissos internacionais sobre o Acesso Universal e o direito à saúde.
Fonte do original: Denis Burke http://www.worldaidscampaign.org/en/UniversalAccess-and-Human-Rights Tradução: António Guarita, Coordenador do Boletim
V Conferência Internacional sobre Patogénese, Tratamento e Prevenção do VIH, 2009 - Cidade do Cabo, África do Sul
O carácter de excepção da SIDA é um conceito defensável, diz Stephen Lewis
A ideia de que a SIDA é uma doença excepcional, requerendo, por isso, uma resposta de carácter também excepcional, constitui um conceito perfeitamente defensável.
Foi este o teor principal das palavras que Stephen Lewis, antigo Enviado Especial da ONU para a SIDA em África, proferiu na sessão de abertura da 5a Conferência da International AIDS Society sobre Patogénese, Tratamento e Prevenção do VIH, ontem à noite (19.07.2009), na Cidade do Cabo, na África do Sul.
Também acusou aqueles que criticam os níveis de financiamento do combate ao VIH/SIDA de agirem com base em sentimentos, como o ressentimento e a inveja profissional.
As fortes palavras de Lewis constituem o primeiro sinal de que nomes importantes na área da SIDA se estão a preparar para uma defesa muito mais agressiva dos actuais níveis de financiamento, após se terem ouvido, nos últimos tempos e de forma crescente, críticas referindo que a infecção pelo VIH está a receber uma fatia desproporcionada dos recursos mundiais para a saúde e que estas alocações financeiras têm vindo a ser conduzidas mais pelas circunstâncias dos países doadores do que pelas necessidades de cada país.
Mesmo no seio da comunidade dos especialistas em VIH, tem havido algumas críticas ao modo como a prevenção e a assistência às pessoas atingidas pelo
COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
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VIH tem levado ao desenvolvimento de modelos excepcionais de práticas, como a realização de aconselhamento antes do teste do VIH, o que, dizem os críticos, impede o diagnóstico.
“Percorri os países africanos de elevada prevalência do VIH durante mais de cinco anos; e se não me deparei com a mais excepcional das doenças transmissíveis do século 20, então a palavra ‘excepcional’ precisa de ser redefinida”, referiu Lewis na sua intervenção.
“Como consequência desse carácter de excepção e da incrível luta desenvolvida pelos defensores e activistas do VIH/ SIDA ao nível das comunidades, em
todo o mundo, a SIDA tem recebido financiamento, muito financiamento… nunca suficiente, é verdade, mas suficiente, pelo menos, para se reconhecer o seu carácter de excepcionalidade”.
“Mas depois vêm os detractores, guiados pelo ressentimento, ressentimento pelo sucesso do movimento em volta do VIH/ SIDA. Os seus argumentos aritméticos, onde se alega que a SIDA tem vindo a receber demasiado dinheiro, à custa de outros imperativos de saúde… não são mais do que pura inveja académica e burocrática. Eu sei que não é suposto eu dizer isto, mas tem de ser dito.”
“E porquê? Porque os críticos sabem que não se trata de pôr em confronto um problema de saúde contra outro problema de saúde. Os críticos sabem que é, sim, uma questão de confrontar as necessidades em termos de recursos
V Conferência Internacional sobre Patogénese, Tratamento e Prevenção do VIH, 2009 - Cidade do Cabo, África do SulV Conferência Internacional sobre Patogénese, Tratamento e Prevenção do VIH, 2009 - Cidade do Cabo, África do Sul
globais para a saúde com os gastos absurdos que o mundo faz noutras coisas. Mas o ressentimento que ferve e pulsa debaixo da superfície, cria este falso argumento”.
“Faço, pois, um apelo aos cientistas e activistas aqui reunidos para não lutarem no terreno dos seus oponentes. A vossa vida inteira tem sido dedicada à SIDA. Vocês sabem quais as legítimas necessidades de recursos. Não podem, pois, permitir que um argumento engenhoso – o que defende que se aceite o tamanho da tarte, mas que se distribua a tarte de forma diferente, em vez de se exigir uma tarte maior –venha a ser usado para justificar um terrível recuo em termos de políticas públicas. As pessoas infectadas pelo VIH ou em risco de infecção são subitamente atiradas para o terreno da ambiguidade nos tratamentos e tudo o que até agora alcançámos é posto em perigo”.
Fonte: Keith Alcorn, nam, 20.07.2009 http://www.aidsmap.com/pt/news/128F3F93-92374320-800A-CAAF76D669CE.asp
Alterar as prioridades da prevenção do VIH na área biomédica
A conferência da IAS também abriu com um reparo, uma reprimenda às nações industrializadas líderes, pelo seu fracasso em cumprir a promessa de acesso universal à prevenção e aos tratamentos do VIH.
Em 2005, os líderes mundiais comprometeram-se a financiar o tratamento e a prevenção do VIH para todos aqueles que precisassem dos mesmos.
“Temos de responsabilizar os líderes do G8 pelo fracasso em cumprir as suas promessas” afirmou o Professor Julio Montaner, Presidente da Internacional AIDS Society.
A conferência deste ano tem lugar na Cidade do Cabo, na África do Sul, um país onde a prevalência do VIH em adultos é aproximadamente de 20%.
Foi dito aos delegados que o financiamento sustentado para os projectos de tratamento e prevenção para o VIH poderiam diminuir o número de infecções.
ASSESSORIA JURÍDICA
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V Conferência Internacional sobre Patogénese, Tratamento e Prevenção do VIH, 2009 - Cidade do Cabo, África do Sul
O Professor Montaner lembrou que a incidência do VIH tinha descido em países que receberam financiamento do US President’s Emergency Programme for AIDS Relief (PEPFAR). “Que haja mais PEPFARs do que promessas vazias”, disse Montaner.
Numa demonstração prévia à cerimónia de abertura da conferência, activistas para o tratamento apelaram ao governo Sul-africano para aumentar o seu programa de tratamento da infecção pelo VIH.
10% em 2008, ao passo que houve um aumento significativo de dinheiro disponível para os microbicidas e para profilaxia pré-exposição (PREP).
Contudo, a diminuição do financiamento nas vacinas deveu-se mais ao término de dois grandes estudos do que ao abrandamento económico global.
“Enfrentamos enormes desafiostanto a nível científico como económico - nos próximos anos, mas não devemos perder de vista o ímpeto que conseguimos. Esta área precisa de um apoio sustentado a partir de um leque variado de financiadores. A epidemia da SIDA não dá sinais de abrandamento e a desesperada necessidade de novas opções na área da prevenção não vai mudar”, afirmou Mitchell Warren, da AIDS Vaccine Advocacy Coalition.
Actualmente 600 000 pessoas recebem medicamentos anti-retrovirais através do sistema de saúde pública do país, mas este número está longe dos objectivos pretendidos.
Em muitos locais de recursos limitados, a terapêutica anti-retroviral inclui d4T (estavudina), um medicamento associado a efeitos secundários graves. Os activistas querem que este medicamento seja substituído pelo tenofovir, que é uma opção mais segura.
De acordo com os números divulgados na abertura da conferência, o financiamento para a investigação de uma vacina para o VIH diminuiu
Ao longo do último ano, a verba para a investigação de microbicidas aumentou 8% e para a PREP 13%. Pensa-se que estas duas opções podem ajudar a prevenir um número significativo de infecções e é provável que estejam disponíveis muito antes de uma
O financiamento de vacinas do VIH desce 10% em 2008
De acordo com os dados divulgados hoje, pelo HIV Vaccine and Microbicide Resource Tracking Working Group, o financiamento na investigação de vacinas para a SIDA diminuiu 10% em 2008, pela primeira vez na última década.
Ao mesmo tempo, o financiamento dos microbicidas e da profilaxia préexposição (PREP) aumentou 8 e 13% respectivamente, em 2008.
"O apoio e interesse na investigação da prevenção do VIH a partir de fundos públicos, privados e filantrópicos na última década tem apoiado pontos-chave na Investigação & Desenvolvimento (I&D) de prioridades, avançando esta área de trabalho e trazendo para mais perto novas opções de prevenção”, afirmou Mitchell Warren, Director Executivo da AIDS Vaccine Advocacy Coalition (AVAC).
O declínio em 2008 na investigação de
CONTEÚDOS E INFORMAÇÃO
vacinas não é atribuível ao abrandamento económico global, segundo afirmou o grupo de trabalho. Em vez disso, foi parcialmente atribuído ao término dos ensaios clínicos do Step e Phambili, que testavam o desenvolvimento de uma vacina candidata através da farmacêutica Merck. O ensaio Step demonstrou que o produto não só era ineficaz, como os resultados levaram a uma diminuição na investigação de vacinas, o que redireccionou os esforços da investigação para a investigação básica laboratorial.
No entanto, outros estudos importantes sobre vacinas prosseguem. A South African AIDS Vaccine Initiative anunciou hoje o início de um ensaio para o estudo de uma vacina desenvolvida por cientistas sul-africanos. Os resultados, sendo este o maior ensaio de sempre e que conta com a participação de 16 000 pessoas, são também esperados para o final do ano.
A diminuição do investimento por parte do US National Institute of Health contribuiu para o declínio geral no financiamento da I&D.
Sócios: Carlos Gonçalves-socios@abraco.pt N/Sócios: geral@abraco.pt Voluntários: Patrícia Madeira-voluntarios@abraco.pt Reclusos: Andreia Rodrigues-andreia.rodrigues@abraco.pt
V Conferência Internacional sobre Patogénese, Tratamento e Prevenção do VIH, 2009 - Cidade do Cabo, África do SulV Conferência Internacional sobre Patogénese, Tratamento e Prevenção do VIH, 2009 - Cidade do Cabo, África do Sul
O investimento público dos E.U.A. caiu 39 milhões de dolares, correspondendo a uma diminuição de 6%. Outros governos diminuíram também o financiamento na área da investigação de uma vacina contra o VIH em 2008: o financiamento do governo europeu desceu 13% e o financiamento total de outros países (inclusive Brasil, Canadá, Índia, África do Sul e Tailândia) diminuiu 16%.
“
Enfrentamos enormes desafios - tanto a nível científico como económiconos próximos anos, mas não devemos perder de vista a dinâmica que adquirimos. Esta área precisa de um apoio sustentado a partir de um leque variado de financiadores. A epidemia não dá sinais de abrandamento, e a necessidade urgente de novas opções na área da prevenção não vai mudar”, afirmou Mitchell Warren.
"A crise económica mundial tem alimentado o debate sobre a melhor forma de investir na saúde global, com algumas pessoas a argumentar que a SIDA tem recursos à custa dos esforços de outras doenças e para melhorar os sistemas de saúde no mundo em desenvolvimento. Mas, visto que a SIDA ocupa o primeiro lugar de mortes na África sub-sahariana e o quarto lugar a nível mundial, é imperativo inverter esta pandemia, que só é possível através dos melhores métodos de prevenção, incluindo a disponibilização de uma vacina. Se conseguirmos vencer a SIDA, seremos capazes de investir recursos em outras prioridades urgentes ", afirmou Seth Berkley, Presidente e CEO da International AIDS Vaccine Initiative.
O relatório, “Adapting the reality: Trends in HIV Prevention Research Funding 2000 to 2008”, foi lançado na V Conferência Internacional sobre Patogénese do VIH, Tratamento e Prevenção, na Cidade do Cabo, na África do Sul, pelo HIV Vaccine and Microbicide Resource Tracking Working Group.
O relatório identificou investimentos de quase 1,2 mil milhões dólares na área da investigação da prevenção do VIH em 2008, dos quais 868 milhões foram direccionados para a I&D de vacinas e 244 milhões para a I&D de microbicidas, enquanto outras áreas de I&D no campo da prevenção receberam quantias muito inferiores. A investigação de uma vacina desceu pela primeira vez desde 2000, caindo dez por cento a partir dos níveis de 2007. Paralelamente, o financiamento dos microbicidas e da profilaxia préexposição (PREP) aumentou 8 e 13%, respectivamente.
O governo norte-americano foi novamente o principal financiador na investigação para a prevenção do VIH, direccionando 71% do apoio à I&D de vacinas contra o VIH, 63% para a I&D de
microbicidas e 46% para a investigação da PREP em 2008.
O Grupo de Trabalho inclui a AIDS Vaccine Advocacy Coalition (AVAC), a Alliance for Microbicide Development (ADM), a International AIDS Vaccine Initiative (IAVI) e o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre VIH/SIDA (ONUSIDA). Para mais
O seropositivo e o peso da acusação
da figura materna
Logo que uma pessoa se sente só ou “separada”, a angústia apodera-se dela e tanto faz que seja uma criança de seis meses como um adulto de quarenta ou mais anos.
Todos nós somos movidos pela necessidade de de segurança e de bemestar e a nossa maior segurança é-nos dada pelo amor e protecção da mãe.
Portanto segurança essencial é igual a conservar o amor da mãe assim como angústia equivale à sensação de ter perdido esse amor, de ser moralmente rejeitada, e neste caso a sociedade assume simbolicamente o papel da mãe.
“Se cometeres um erro, se mostrares a tua verdadeira personalidade, deixarei de gostar de ti” ou seja “abandonar-teei”!
O doente seropositivo sente obviamente que foi”abandonado” que cometeu uma falta e que deve pagar o que é justo, para ele é a lei da mãe/sociedade que já não gosta dele e que o repudia: Eis algumas declarações de analizandos meus seropositivos: ”Minha mãe diziame sempre: Se desobedeceres, deixarei de gostar de ti.. . .!-”De cada vez que praticava alguma “maldade”,minha mãe amuava como se eu fosse um criminoso . . . !”-”Se continuares a ser mau, abandonar-te-ei à esquina de uma rua qualquer, e Nosso Senhor também, o diabo virá buscar-te”-”Até
Continua na página 18
à idade de quinze anos ouvi a minha mãe dizer-me; desobedeceste-me, só voltarei a falar-te quando me tiveres pedido perdão. Nesses momentos havia em mim muita angústia mas também muito ódio.Nunca era eu próprio. Devia sempre ser como minha mãe queria que fosse e sei muito bem que, apesar da minha hostilidade contra ela, os seus amuos angustiavam-me tanto que fazia fosse o que fosse só para lhe agradar e apercebo-me agora a que ponto tudo isso era profundamente inconsciente...!”.
Conforme o que acabámos de ver a atitude da mãe/sociedade resumese muitas vezes nisto: -Se não desempenhas o papel que eu exijo de ti, se infrigires a minha lei, se não fores o que eu quero que sejas, se não fizeres o que eu quero que faças, abandonar-te-ei. Terás a sensação de ser moralmente culpado. Não te perdoarei e não te aceitarei de novo senão quando te submeteres à minha lei.
O resultado lógico deste procedimento é o seguinte: Sempre que o sujeito comete uma falta, ou antes um erro, sente-se moralmente culpado, logo excluído, e ameaçado por perder o amor da mãe, leia-se a aceitação social, e ao mesmo tempo, por perder todo o sentimento de segurança.
E pouco a pouco, implacavelmente, como uma tenaz, a neurose instala-se e o doente seropositivo rejeita o direito de viver, de ser feliz, de ter o seu lugar
por direito próprio na sociedade, a espontaneidade, a autenticidade, a autonomia morrem e a opinião dos outros torna-se um molosso com o qual há que que contemporizar a cada momento.
A relação com o psicoterapeuta surge então como a procura desesperada de recuperar o direito da sensação de ser amado, seja em que ocasião e lugar for e com quem for, aliás acontece muitas vezes no decorrer de uma psicoterapia que o paciente inconscientemente agressivo se mostra de uma submissão exemplar e de uma delicadeza a toda a prova. Trata-se pois, de uma forma de resistência, o sujeito resiste, uma vez que dar vazão à sua agressividade representa para ele um grave perigo, o de ser desprezado e julgado pelo psicoterapeuta para o qual transferiu todo o peso e significado simbólico da mãe/sociedade.
Reside aqui o papel preponderante do psicoterapeuta como, figura contentora, despenalizadora, desconstrutiva e reconstrutiva, ou seja reparadora da sanidade mental do sujeito.
José António Machado Teixeira Psicoterapeuta Continuação da página 17O seropositivo e o peso da acusação da figura materna
Vacina reduz o risco de infecção pelo VIH em um terço, num ensaio clínico de larga escala
dois produtos a um regime de placebo administrados a 16 mil adultos recrutados a partir de 2003.
O promotor do estudo anunciou que uma combinação de duas vacinas contra a infecção pelo VIH reduziu o risco de infecção para quase um terço num estudo de larga escala efectuado na Tailândia. É a primeira demonstração de que a vacina contra a infecção pelo VIH pode proteger contra a infecção, mas os cientistas afirmam que serão necessárias mais investigações antes de aparecer uma vacina que possa ser administrada num grande número de pessoas.
“Este é um dia histórico na investigação iniciada há 26 anos para o desenvolvimento de uma vacina contra a SIDA,” afirmou o Dr. Alan Berstein, director executivo do Global HIV Vaccine Enterprise.
“Esta é a primeira candidata a vacina contra a infecção pelo VIH que reduz com sucesso o risco de infecção pelo VIH em seres humanos. Estamos animados e satisfeitos com o resultado deste ensaio clínico e damos os parabéns a todos os seus participantes,” disse o Tenente General Eric Schoomaker, Cirurgião Chefe do Exército Americano e patrocinador do ensaio clínico.
O ensaio clínico, denominado RV 144, comparou um regime de vacinação com
CAD
O estudo recrutou adultos em duas províncias da Tailândia, com elevada prevalência de VIH (Chon Buri e Rayong), mas não escolheu como alvo específico indivíduos em risco elevado de infecção pelo VIH. Os voluntários para o estudo foram adultos com idades compreendidas entre os 18 e os 30 anos que deram o seu consentimento informado.
Os participantes foram aleatórios para receberem ou um conjunto inicial de vacinas ALVAC e depois vacinas potenciadoras AIDSVAX, um produto anteriormente testado em grandes ensaios clínicos mas sem provas de sucesso ou então a vacina placebo.
A presença de AIDSVAX no regime de vacinação era uma das razões porque muitos peritos não esperavam que o ensaio clínico tivesse um resultado positivo.
No ensaio a combinação de ALVAC® VIH e AIDSVAX® B/E baixou a taxa de infecção pelo VIH em 31,2% quando comparada com o grupo que recebeu placebo. Esta redução foi estatisticamente significativa, o que significa que a possibilidade do resultado se dever ao acaso é muito baixa, mas os intervalos de confiança para a estimativa no risco da redução foram grandes (p=0,039,95% intervalo de confiança 1,1% - 51%).
Na análise final, 74 pessoas do braço Continua na página 20
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Vacina reduz o risco de infecção pelo VIH em um terço, num ensaio clínico de larga escala
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que recebeu placebo foram infectadas pelo VIH, comparadas com as 51 no braço da vacina. As pessoas infectadas que receberam a vacina apresentaram cargas virais semelhantes às infectadas no braço do placebo.
Serão apresentados resultados mais detalhados deste estudo no próximo mês na AIDS Vaccine Conference, de 19 a 22 de Outubro em Paris, França.
Os produtos utilizados no estudo não serão candidatos imediatos a aprovação. Os resultados do ensaio clínico, que foi considerado uma “prova de conceito”, serão utilizados como base de futuros ensaios clínicos para uma vacina.
Os patrocinadores deste estudo incluem o Exército Americano, o Ministro Tailandês da Saúde Pública, o Instituto Nacional de Alergias e de Doenças Infecciosas dos Estados Unidos, parte dos Institutos Nacionais de Saúde, Sanofi Pasteur (o criador do ALVAC), e o Global Solutions for Infectious Diseases (GSID), o detentor do AIDSVAX. Os responsáveis do estudo já estão a trabalhar com peritos externos para determinarem a necessidade de estudos adicionais para este regime de vacinação e considerar o impacto das conclusões deste estudo em outras candidatas a vacinas para o VIH.
Fonte: Keith Alcorn, nam http://www.aidsmap.com/pt/news/8E672F42-776F4093-98F9-36A461598497.asp
A supressão imunitária e o cancro
A supressão imunitária desempenha um papel importante no desenvolvimento de cancros não relacionados com SIDA
De acordo com um grupo de investigadores australianos, numa carta publicada na edição de 1 de Junho da revista AIDS, a supressão imunitária prolongada nas pessoas com VIH desempenha um importante papel no desenvolvimento de cancros não-definidores de SIDA.
Os investigadores foram levados a escrever para a revista depois da publicação de um estudo norteamericano, do início deste ano, que tinha descoberto que nem a contagem de CD4s, nem o uso de terapêutica ARV constituíam factores de risco para tais cancros.
Os autores fazem notar que este estudo, que envolveu 4500 pessoas com diagnóstico de infecção pelo VIH feito entre 1984 e 2006, não incluiu uma análise do impacto da duração acumulada da supressão imunitária sobre o risco de desenvolver neoplasias.
Além disso, os investigadores australianos chamam a atenção para os achados de uma outra investigação, que mostra uma relação clara entre o risco
A supressão imunitária e o cancro
de cancros não-definidores de SIDA e a supressão imunitária.
O estudo D:A:D examinou os factores de risco para a mortalidade por cancro em 23 500 doentes em terapêutica ARV. Entre os factores de risco para morte por um cancro não definidor de SIDA encontrava-se a última contagem de CD4s. A análise univariada dos resultados deste estudo também mostrou que a duração acumulada da supressão imunitária – definida como o tempo passado com uma contagem de células CD4 inferior a 200/ mm3 –também tinha significado.
Numa outra investigação, conduzida por investigadores do Chelsea and Westminster Hospital, de Londres, também se mostrou que uma contagem de células CD4 mais baixa de sempre inferior a 200/mm3 e o uso de terapêutica ARV eram factores de risco para o desenvolvimento de um cancro não definidor de SIDA. Refira-se que esta investigação envolveu mais de 11 000 doentes, que frequentaram o hospital entre 1983 e 2007.
“Pensamos que os achados destes estudos sugerem que a imunossupressão relacionada com a infecção pelo VIH desempenha um
papel de facto importante no risco de cancros específicos na era da HAART”, comentam os autores. Chamam a atenção para “a notável semelhança entre a gama de cancros que ocorrem em taxas elevadas nos receptores de transplantes de órgãos sólidos e nas pessoas infectadas pelo VIH, facto que vem apoiar fortemente a ideia de um efeito da imunossupressão prolongada sobre a incidência do cancro”.
Assim, e perante estas conclusões, os autores recomendam que os estudos de grandes coortes no futuro venham a examinar “os efeitos independentes do envelhecimento, da gravidade da imunossupressão (dependente do tempo) e da duração acumulada da imunossupressão sobre o risco de cancro”.
Os investigadores ainda recomendam que o papel destes factores no desenvolvimento de cancros individuais, ou grupos de cancros – como os causados pelo mesmo vírus – deve ser examinado.
Eles acreditam que esse tipo de análise irá “servir de instrumento de apoio ao desenvolvimento de estratégias para minimizar ou evitar a ocorrência de neoplasias em pessoas com imunodeficiência prolongada”.
Referência
Vajdic CM et al. A role of ageing in HIV infection in HIV-related cancer risk. AIDS 23: 1183-84, 2009.
Fonte: Michael Carter, nam www.aidsmap.com
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Carga viral associada a função renal em doentes com VIH
A carga viral do VIH está associada a alterações na função renal, afirmam investigadores na edição de 1 de Junho da AIDS.
Os investigadores Norte-Americanos descobriram que o aumento da carga viral está associado à deterioração da função renal. Em contraste, a diminuição da carga viral e o aumento da contagem de células CD4 foram acompanhados por uma melhoria da condição dos rins. “Portanto, pode afirmar-se que o tratamento da replicação viral activa com HAART (terapêutica antiretroviral altamente eficaz) pode desacelerar a progressão da disfunção renal” afirmam os investigadores.
A doença renal tem sido reconhecida como uma possível complicação da infecção pelo VIH. A nefropatia associada ao VIH (HIVAN) foi associada com doença avançada. Esta condição tornou-se muito mais rara desde que o tratamento eficaz para o VIH esta disponível. No entanto, a disfunção renal continua a ser observada em doentes com infecção pelo VIH. Uma grande parte pode ser atribuída a factores de risco incluindo elevada pressão arterial. Há ainda a preocupação que o tratamento com alguns anti-retrovirais possa afectar os rins. Alguns estudos salientaram que a imunossupressão e o aumento da carga viral como factores de risco para doença renal.
A medição da cistatina C tem demonstrado ser uma forma precisa
de avaliar a taxa de filtração glomerular (GFR), um indicador importante da função renal.
Os investigadores do estudo FRAM, inicialmente concebido para monitorizar as alterações na gordura corporal em indivíduos seropositivos, desenharam um estudo de caso controlado para avaliar alterações na função renal em 554 indivíduos seropositivos e em 230 indivíduos controle. A função renal foi monitorizada durante um período de cinco anos.
Surpreendentemente, os investigadores descobriram que durante o seguimento dos doentes seropositivos foi observado uma ligeira melhoria da função renal comparado com a deterioração da função renal observada em controles (p=0,012).
No entanto, os investigadores também verificaram que houve uma distribuição mais alargada dos valores de função renal entre doentes seropositivos do que no grupo controle. Uma maior proporção de indivíduos seropositivos quando comparada com o grupo de indivíduos controle (seronegativos)
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Carga viral associada a função renal em doentes com VIH
apresentava um declínio na função renal (18% vs. 13%, p= 0,002) e uma melhoria na função renal (26% vs. 6%, p>0,0001).
Após controlar para possíveis factores contaminantes, os investigadores descobriram que quando comparados com os controles (P=0,0004), os doentes seropositivos apresentavam o dobro do risco de declínio da função renal, mas eram sete vezes mais prováveis de apresentar uma melhoria (p>0,0001).
No final do acompanhamento, 8% dos doentes seropositivos tinham desenvolvido doença renal crónica quando comparado com 1% no grupo controle (p=0,014).
A seguir, os investigadores estudaram os factores associados ao declínio e à melhoria da função renal nos doentes seropositivos. Descobriram que um aumento da carga viral foi associado com o declínio na função renal (p=0,011), enquanto o decréscimo na carga viral foi associado a uma melhoria na função renal (p=0,0003).
Um declínio na função renal foi observado em 42% dos doentes com carga viral detectável. Permaneceu não alterada em 31% de indivíduos com carga viral detectável e melhoria em 15%. A associação entre carga viral detectável e declínio da função renal foi significativo (p<0,0001).
A análise demonstrou ainda que uma carga viral mais elevada de base foi também associada à deterioração da função renal (p=0,0002). O aumento na contagem de células CD4 foi, em contraste, associado a uma melhoria (p=0,05).
Outros factores associados a deterioração da função renal foram, idade mais avançada (p=0,016), valor de glicemia basal mais elevada (p>0,0001), uso de medicação para reduzir a pressão arterial (p=0,011) e aumento do colesterol LDL (p=0,007).
Não foi encontrada qualquer associação entre o uso de fármacos anti-VIH e a deterioração da função renal. Isto ocorreu apesar do facto de o uso de tenofovir (Viread®) ter aumentado significativamente durante o seguimento (o tenofovir pode deteriorar a função renal em pessoas com problemas prévios). No final do estudo 59% dos indivíduos tinham tomado este fármaco, sendo a duração média do uso de dois anos.
Carga viral associada a função renal em doentes com VIH
Não se deve tomar Ginkgo biloba em conjunto com efavirenze
Fotografia microscópica do córtex renal
“Observámos que os participantes seropositivos tinham maior probabilidade do que o grupo controle seronegativo de apresentar um declínio da função renal clinicamente significativo e de progredir para doença crónica renal…no entanto, também descobrimos que 26% das pessoas infectadas pelo VIH manifestou melhorias da função renal clinicamente significativas”, comentaram os investigadores.
Observaram ainda que o aumento da carga viral era acompanhado pelo declínio da função renal e que a queda na carga viral estava associada a uma melhoria da função renal. Portanto os investigadores afirmam: ”Os nossos resultados sugerem que a replicação viral do VIH é um factor patogénico primário no desenvolvimento de doença renal em pessoas infectadas pelo VIH e um potencial alvo terapêutico para doença renal associada ao VIH.”
Referência
Longenecker CT et al. HIV viremia and changes in kidney function. AIDS 23: 1089-96, 2009.
Fonte: Michael Carter, nam www.aidsmap.com
O medicamento à base da planta Ginkgo biloba não deve ser tomado quando se está medicado com efavirenze, de acordo com um alerta de investigadores holandeses publicado na edição de Junho da revista AIDS. Nesse artigo, os autores relatam um caso em que se verificou carga viral detectável, com desenvolvimento de resistências, devido à interacção entre Ginkgo biloba e efavirenze.
O efavirenze (Stocrin®), que também faz parte da combinação Atripla®) é um dos medicamentos mais usados no tratamento anti-retroviral de primeira linha. Tem um efeito anti-VIH potente, é fácil de tomar, tem uma semi-vida longa e geralmente provoca apenas ligeiros efeitos secundários.
O organismo metaboliza este medicamento através da via P450 no fígado. Esta via de metabolização é também usada por vários medicamentos, remédios à base de plantas e drogas recreativas, o que significa que podem interagir com o efavirenze.
Este tipo de interacção medicamentosa ocorreu num doente seropositivo de 47 anos de idade em Amesterdão e Continua na página 26
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Não se deve tomar Ginkgo biloba em conjunto com efavirenze provocou a falência virológica do seu tratamento anti-retroviral.
O doente apresentava uma adesão completa ao tratamento e referiu nunca ter falhado qualquer toma. A combinação terapêutica era constituída por efavirenze, FTC (emtricitabina) e tenofovir (Viread®). O doente iniciou esta medicação em 2005.
Nos finais de 2007, verificou-se falência virológica e a emergência das mutações de resistência K103N e M184V. No sentido de identificar a causa da falência ao tratamento os seus médicos questionaram-no sobre o uso de outros fármacos ou drogas. Ficou esclarecido que o único produto que tinha sido tomado em conjunto era Ginkgo biloba.
As concentrações de efavirenze nas amostras de sangue do doente guardadas durante os dois anos de tratamento com efavirenze foram estudadas pelos investigadores.
As concentrações de efavirenze no sangue diminuíram a partir de um pico máximo de 1,26 mg/dl (bem acima do nível terapêutico deste medicamento) no final de 2006, quando o doente apresentava carga viral de VIH indetectável, para um valor não terapêutico de 0,48 mg/dl em Fevereiro de 2008. Nesta altura a carga viral do doente era de 1 780 cópias/ml.
O Ginkgo biloba é um medicamento à base de plantas muito usado e
que se pensa ter efeitos benéficos sobre a concentração, a memória, a demência e a depressão. É de referir que o efavirenze pode provocar efeitos secundários, tais como, dificuldade de concentração e depressão. A composição química do Ginkgo biloba, tal como a do efavirenze, significa que é metabolizado pela mesma via hepática, o citocromo P450. Sabe-se aliás que o Ginkgo biloba interage com outros medicamentos que são metabolizados pela mesma via hepática, tais como, a varfarina, a aspirina e o ibuprofeno. “Concluímos”, escrevem os autores, “que a toma de Ginkgo biloba pode diminuir os níveis de efavirenze no plasma, o que pode resultar em falência virológica e deve ser desencorajado nas pessoas medicadas com este antiretroviral.
Referência Wiegman D-J et al. Interaction of Ginkgo biloba with efavirenz. AIDS 23: 1184-85, 2009.
Fonte: Michael Carter, nam www.aidsmap.com
O Kaletra tomado
mais seguro e eficaz versus duas vezes por dia
uma vez por dia é
5ª Conferência da IAS sobre o Tratamento, a Patogénese e a Prevenção do VIH - abstract TuAb104, 2009
O lopinavir/ritonavir (Kaletra) tomado uma vez por dia como parte de um esquema antirretroviral combinado funciona tão bem como a dose de duas vezes por dia aprovada em doentes anteriormente tratados, mas proporciona melhor aderência, registaram os investigadores na terçafeira na Fifth International AIDS Society Conference sobre patogénese do VIH, tratamento e prevenção na Cidade do Cabo, na África do Sul.
Os últimos estudos têm mostrado que o Kaletra tomado uma vez ou duas vezes por dia funciona igualmente bem em pessoas a iniciar o tratamento pela primeira vez. O estudo M06-802 foi concebido para ver se também funciona de igual modo em doentes com experiência no tratamento. Houve preocupações anteriores com o facto do Kaletra tomado uma vez por dia ser menos eficaz em doentes com experiência no tratamento.
O estudo incluiu 599 doentes a fazer a terapêutica anti-retroviral com uma carga viral acima 1000 cópias/ml. Não houve diferenças demográficas entre os doentes dos dois grupos do estudo. Cerca de um terço eram mulheres, brancos, negros e hispânicos foram todos bem representados neste estudo internacional.
Quando integraram o estudo, a média da carga viral do VIH dos doentes era cerca de 4.000 cópias/ml e a média da contagem de células CD4 era de 254 células/mm3. Os testes de resistência mostraram que os doentes tinham em média uma mutação major que conferia resistência aos inibidores da protease.
Os participantes foram escolhidos aleatoriamente em número igual a tomar uma vez por dia uma dose de Kaletra (800 mg de lopinavir mais 200 mg de ritonavir) ou duas vezes por dia (400 mg de lopinavir 100 mg de ritonavir).
Ambos os grupos tomaram o Kaletra em associação com dois nucleósidos / nucleótidos inibidores da transcriptase reversa (NRTI’s), que foram seleccionados de acordo com a história clínica do doente e perfil de resistência.
Após 48 semanas de tratamento, 55% dos doentes a tomar o Kaletra uma vez por dia tinham uma carga viral indetectável abaixo de 50 cópias / ml,
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O Kaletra tomado uma vez por dia é mais seguro e eficaz versus duas vezes por dia
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comparativamente com 52% dos que receberam a dose duas vezes por dia. Isto indica que a toma do Kaletra uma vez por dia não foi inferior à dosagem de duas vezes por dia em doentes previamente tratados.
Quando os investigadores analisaram os dados de diferentes maneiras como por exemplo, incluir ou excluir participantes que pararam o tratamento, a eficácia de uma ou duas tomas diárias permaneceram similares. Ambos os regimes funcionaram de modo semelhante nos doentes com mais mutações de resistência ao VIH.
Os investigadores chegaram à conclusão que o aumento da contagem de células CD4 também foi comparável, 135 células/mm3 no grupo a tomar uma vez por dia versus 122 células/ mm3 no grupo a tomar duas vezes por dia.
Os participantes receberam o Kaletra em frascos de comprimidos com tampas electrónicas o que permitiu aos investigadores determinar se os doentes tomaram a medicação conforme prescrita. A toma do medicamento uma vez por dia foi associada a uma melhor aderência do que a dosagem de duas vezes por dia.
Globalmente, as duas formas de dosagem do Kaletra foram similarmente bem toleradas. As proporções comparáveis de participantes (78%) em ambos os grupos completaram o estudo, e a maioria dos não cumpridores foram devido a outros
motivos que não efeitos adversos. Os efeitos secundários levaram 5% dos doentes a tomar uma vez por dia e 7% dos que recebiam duas doses diárias, a serem retirados do estudo. Cerca de um quarto dos participantes em ambos os grupos sofreram efeitos secundários. Os efeitos secundários mais associados ao Kaletra foram diarreia (14% no grupo da toma de uma vez por dia versus 11% no grupo das duas vezes por dia) e náuseas (3% versus 7%, respectivamente). Proporções semelhantes em ambos os grupos tinham colesterol elevado (cerca de 7%) e triglicéridos (cerca de 5%).
Os investigadores concluíram que o Kaletra tomado uma vez ou duas vezes por dia tinha uma eficácia e tolerância semelhantes, em doentes tratados, mas a toma de uma vez por dia conduziu a uma melhor aderência.
Bibliografia
Zajdenverg R et al. Lopinavir/ritonavir tablets administered once or twice-daily with NRTIs in antiretroviral-experienced VIH-1 infected subjects: results of a 48-week randomized trial (Study M06802).
Fifth IAS Conference on VIH Treatment, Pathogenesis and Prevention, abstract TuAb104, 2009
Fonte: Liz Highleyman & Michael Carter, nam http://www.aidsmap.com/en/news/746B640218B5-443F-8C4E-87929D26BDE0.asp
Fonte da versão portuguesa: http://www.aidsportugal.com/article. php?sid=9797
Os médicos que tratam fracturas expostas em doentes infectados pelo VIH não precisam de ter mais precaução em relação às infecções oportunistas em comparação com os doentes seronegativos. Esta conclusão, apresentada este mês por James Aird do Hospital de Ngwelezane na IV Conferência Sul-africana sobre SIDA, em Durban, é o resultado da investigação conduzida em KwaZuluNatal, na África do Sul.
Muitos cirurgiões que tratam fracturas expostas (as que provocam perfuração da pele) estão preocupados com o facto de os doentes infectados pelo VIH terem um risco acrescido de desenvolvimento de infecções oportunistas. Além disso, o risco de infecção pode depender do facto de a fractura ser tratada internamente (pela fixação da fractura com pinos artificiais ou placas) ou externamente (com reparação da fractura com talas externas, pinos ou estruturas de suporte).
Há poucos artigos publicados que descrevam os efeitos do VIH sobre a cura de fracturas; os que o fazem envolvem pequenos números de doentes e são muitas vezes estatisticamente não significativos. No entanto, a gestão de fracturas ósseas em pessoas seropositivas é uma preocupação
fracturas podem não necessitar
clínica significativa em países onde um em cinco ou um em três adultos são seropositivos.
Um estudo prévio sugeriu que há um aumento de quatro vezes na taxa de infecção quando o doente seropositivo tem as fracturas tratadas com fixação interna. No estudo de KwaZulu-Natal, os investigadores tentaram reproduzir e alargar esta conclusão comparando fracturas reparadas com fixação interna e externa tanto em doentes seropositivos como nos seronegativos.
O estudo envolveu a cooperação de 93 doentes com fracturas expostas, que foram examinados numa clínica especializada com um período de seguimento de um a cinco meses. Foi, também, registada a situação sócioeconómica dos doentes para determinar possíveis factores de risco externos de infecção e foi oferecido a cada um o teste para o VIH.
Dos doentes com fractura, 25 foram tratados com fixação externa e 68 com fixação interna. Vinte e quatro por cento dos doentes testados revelaramse seropositivos, ao passo que 15% recusaram o teste. No grupo dos seropositivos, a contagem das células CD4 variava entre 131 e 862 (com uma média de 366). Onze por cento das feridas teve uma infecção superficial, com um risco relativo para o VIH de 0,66 (de 0,15 até 2,9). Para os fixadores externos, em 44% dos locais onde os pinos foram inseridos verificou-se uma infecção superficial, que necessitou de tratamento antibiótico com um risco
Doentes infectados pelo VIH com fracturas podem não necessitar precauções extra contra infecções oportunistas
relativo para os doentes seropositivos de 1,21 (de 0,5 até 2,98).
Os resultados sugerem que o risco grave de infecção em doentes seropositivos com fracturas expostas (tratadas com fixação interna ou externa) pode não ser tão elevado como sugeriram alguns estudos prévios e, portanto, o estatuto para o VIH não afecta necessariamente a gestão das fracturas em doentes seropositivos, sobretudo com contagens mais elevadas de CD4.
Os investigadores consideraram que deveria ser realizado um estudo mais alargado e mais representativo estatisticamente.
Referência
Aird J et al. Study into wound infection rates in open fractures treated with internal fixation, in relation to HIV co-infection. IV Conferencia Sul Africana sobre SIDA, Durban, África do Sul, resumo 473, Abril 2009.
Fonte: Hayden Eastwood, nam www.aidsmap.com
Investigadores descobrem agentes promissores para a cura do VIH
Investigadores da Universidade da Carolina do Norte e da Merck identificaram pistas promissoras na busca de agentes que podem ser capazes de remover o VIH das células CD4 inactivos, um dos requisitos de qualquer possível cura para a infecção pelo VIH.
A descoberta, anunciada por David Margolis e Nancie Archin na 15a edição da AIDS de Setembro, demonstra que um grupo de fármacos chamados de inibidores de HDAC de classe 1 foram os mais promissores na activação prévia de VIH latente no seio das células CD4 inactivas. Esta descoberta pode também explicar a razão pela qual estudos anteriores que usaram outro inibidor de HDAC, o ácido valpróico, um medicamento anti-epiléptico terem tido efeitos fracos.
Depois da integração no genoma do hospedeiro, o VIH pode manterse lactente no seio das células CD4 durante muitos anos, desde que não seja estimulada a sua replicação através de sinais que atingem a sequência terminal longa repetida (LTR – Long Terminal Repeat portion) do código genético do vírus. Quando a estimulação acontece, sucede-se uma cadeia complexa de eventos dentro da célula que conduz à replicação do VIH.
Os investigadores interessados na cura da infecção pelo VIH acreditam que a única forma de o fazer é remover todos
na página 32
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Investigadores descobrem agentes promissores para a cura do VIH
Continuação da página 31
os reservatórios do vírus lactente, visto que mesmo pequenas quantidades de vírus lactente contêm material suficiente para um ressurgimento eventual da carga viral para níveis iguais ao prétratamento, caso a terapêutica antiretroviral seja interrompida. A única forma possível de remover o reservatório, de acordo com o conhecimento actual, é através da activação do vírus lactente, administrando simultaneamente terapêutica anti-retroviral de forma a prevenir futuros ciclos de infecção.
O consenso geral entre investigadores é que a activação em larga escala do VIH lactente não conduzirá à perda do controle viral, pois as terapêuticas actuais são altamente eficientes em suprimir a carga viral, e também porque o tamanho dos reservatórios de células infectadas é modesto, quando comparado com o tamanho da população de vírus anterior ao tratamento.
Contudo, encontrar formas de remover o reservatório viral não será fácil. Os inibidores de HDAC (Histona deacetilase) foram sugeridos como um dos meios de o fazer. Espera-se que inibam o mecanismo celular – deacetilação de histona – explorado pelo VIH para se manter silencioso. As tentativas prévias de utilização de ácido valpróico não foram bem sucedidas, levando alguns a argumentar que esta abordagem é fraca.
Nas suas experiências, a grupo da Universidade da Carolina do Norte
utilizaram vários inibidores de HDAC e testaram a sua capacidade de activar a replicação do VIH em células CD4 inactivas recolhidas de pessoas com carga viral indetectável sob terapêutica anti-retroviral.
Descobriram que nem todos os inibidores de HDAC estimulavam a replicação viral na mesma extensão, tendo então determinado que os inibidores que tinham como alvo o HDAC de classe 1 dos tipos 1, 2 e 3, bem como os de classe 2, tipo 6, podiam ser particularmente eficazes.
É provável que estas novas descobertas conduzam não só a um novo interesse em identificar inibidores do HDAC que tenham como alvo estes HDAC específicos, mas também à identificação dos mecanismos envolvidos na inibição do HDAC em cada um dos locais específicos mais afectados pelos compostos identificados.
Inibidores de HDAC mais específicos estão neste momento a ser usados para desenvolver terapêuticas para o cancro, doença de Alzheimer, doença de Huntington, psoríase e infecções fúngicas e o trabalho nestas áreas irá certamente beneficiar a investigação na área do VIH.
Referência
Archin NM et al. Expression of latent human immunodeficiency type 1 is induced by novel and selective histone deacetylase inhibitors. AIDS 23: 1799-1806, 2009.
Fonte: Keith Alcorn, nam, 10.09.2009 www.aidsmap.com
DIA MUNDIAL DE LUTA CONTRA A SIDA
1 de Dezembro de 2009
DIA MUNDIAL DE LUTA CONTRA A SIDA
LISBOA
***
14:00
Inauguração da Exposição Mostra Estética Solidária II
17 anos, 17 artistas Curador Paulo Reis Galeria ABRAÇO
Rua Poço do Borratém, 39 (junto à Praça da Figueira)
Lisboa
Exposição patente até 30 de Janeiro de 2010
*** 16:30
Lançamento do Livro “Escrita de Luz “- “ Ponte de Afectos”
FNAC do Colombo – Dra. Maria de Jesus Barroso Soares
Fotografias de Margarida Martins, sobre Marrocos
Prefácio: Dra. Maria de Jesus Barroso Soares
Alto Patrocínio: Embaixadora de Marrocos, Karima Benyaich
Venda reverte a favor da Casa Ser Criança
***
21:30
XVII Noite Gala dos Travestis
Teatro Municipal São Luíz
Espectáculo produzido por Carlos Castro
CENTRO DE ATENDIMENTO E APOIO
PSICOSSOCIAL
Horário: 10H-19H - 2ª a 6ª feira
Email: caap@abraco.pt
Lançamento do Livro “Escrita de Luz “- “ Ponte de Afectos”
Lançamento do Livro de Fotografias
“Escrita de Luz – Ponte de Afectos”, de Margarida Martins
Dia 1 de Dezembro de 2009, pelas 16.30 horas FNAC - Centro Comercial Colombo
As receitas da Venda do Livro em Portugal revertem a favor da Casa Ser Criança - Abraço
Com a presença da Dra. Maria de Jesus Barroso Soares que escreveu o Prefácio do Livro. Contamos também com a presença da Embaixadora do Reino de Marrocos, Karima Benyaïch, Prof. Dr. Rui Rasquilho, Prof. Dr. Cláudio Torres, que também participaram com textos no livro.
Com um abraço, Margarida Martins
Lançamento do Livro “Escrita de Luz “- “ Ponte de Afectos”
Apresentamos uma pequena mostra do que é este projecto arrojado, ambicioso e altruísta, cujo mérito é inegável e está patente em todo o trabalho no terreno e bastidores.
Uma obra artística imprescindível, que nos transporta a um país cheio de cor, aromas, calor, arte e cultura: Marrocos.
ATENDIMENTO E APOIO
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XVII GALA DOS TRAVESTIS - 2009
VIH - O BICHO DA SIDA
E eis que o sucesso do VIH - Bicho da SIDA se tem vindo a evidenciar cada vez mais.
Tanto é assim que, ao ter sido efectuada a divulgação na recente Feira de Bolonha, em Itália, tal como foi oportunamente noticiado, chegou-me ao conhecimento que a nossa publicação foi um sucesso e está já a ser bastante requisitada.
Tal demonstra que, afinal, o público gosta de estar informado sobre o que aflige o planeta e que, inclusivamente, pela linguagem tão peculiar destinada particularmente às crianças, os esclarecimentos simples, concisos, mas assaz rigorosos, são instrumentos de informação e divulgação preciosos.
Da Direcção-Geral do Livro e das Bibliotecas, chegou-nos a actualização que se segue, a qual muito agradecemos e que é um indicador inequívoco da qualidade que se pretende neste tipo de literatura, simultaneamente lúdica e ‘médicopreventiva’.
Citando a DGLB, transcrevemos na íntegra o comunicado feito por email, à Abraço e aos autores, Rui Zink e António Jorge: “Bom dia, queria apenas dar-vos conta do sucesso do ‘VIH- O Vírus da SIDA’ na Feira de Bolonha: vamos enviar exemplares para a Actes Sud (França), para a SM Brasil e para a Libros del Escarabajo (México), a pedido dos editores. Ficamos contentes, obrigada. Beijinhos - Ana”.
ADIÇÃO & TROCA DE SERINGAS
Horário: 13H-15H e 18H-19 2ª e 6ª feira
Email: adicao@abraco.pt
Árvore de Natal Solidária - Disney Store Centro Comercial Colombo, Lisboa
Mais um fantástico evento de cariz solidário, no dia 6 de Novembro: uma iniciativa da Disney Store, na pessoa do Sr. Rui Pimpão.
Este evento teve como palco a loja da Disney, localizada no Centro Comercial Colombo, em Lisboa, cuja ideia fulcral foi, através da acção, denominada Árvore Solidária, que foi decorada com peluches e que serão vendidos a um preço simbólico, com o intuito de angariar fundos a reverter para duas instituições de solidariedade social: a Abraço e a Make a Wish.
Em representação da Abraço estiveram a sua presidente, a Comendadora Margarida Martins e a sua assessora, Vera Aveleira.
Houve jogos e outras diversões destinados aos mais pequenitos.
Uma vez mais, verificamos com extrema satisfação que as crianças estão no centro das atenções. Elas que são os adultos de amanhã e que merecem todo o nosso carinho.
LINHA
800 225 115
Horário: 10H-19H - 2ª a 6ª feira
Email: linha800@abraco.pt