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AFEGANISTÃO
Entenda o conflito e os impactos para os mercados
Ainda que você não esteja por dentro do que realmente está acontecendo no Afeganistão, provavelmente, ficou sabendo que a situação por lá não está nada boa. Na realidade, relacionar o Talibã – grupo extremista -, com a população afegã, as mulheres, os EUA e o mercado mundial, pode não ser uma tarefa fácil.
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Pensando nisso, preparamos um artigo completinho com todos os detalhes e os impactos gerados pela volta do grupo ao poder do Afeganistão. Confira!
Como tudo começou?
Lembra do famoso 11 de setembro de 2001, quando houve o ataque terrorista às Torres Gêmeas? Pois é, naquele mesmo dia, o grupo extremista islâmico, que governou o Afeganistão durante o final da década de 90, conhecido popularmente como Talibã, deixou de dominar o país asiático. Mas, por quê? A perda deste controle aconteceu da seguinte maneira: após o atentado, as tropas norte-americanas e da OTAN ocuparam o Afeganistão alegando que o Talibã não quis entregar o conhecido terrorista Osama Bin Laden, que, na época, liderava o grupo terrorista Al-Qaeda – próximo dos talibãs. O motivo desta perseguição ao terrorista era justificado pela suspeita dele ter planejado o atentado em solo estadunidense. Em suma, 20 anos se passaram e as tropas norte-americanas permaneciam no Afeganistão, até que, em 2020, houve um acordo entre o governo dos EUA e o Talibã. Nele, constava a retirada do exército dos Estados Unidos, depois de anos de atuação no país. Vale ressaltar que a presença de homens estadunidenses em solo afegão bloqueou a chance de progresso do grupo extremista por lá. Aos poucos, os EUA foram recolhendo a sua tropa e, no começo do mês de julho deste ano, a nação comunicou que mais de 90% dela já havia deixado o Afeganistão. E, como resultado, o caminho estava livre para os talibãs, o que levou poucas semanas até que os mesmos retomassem o poder de grandes cidades do país. No dia 15 de agosto de 2021, o grupo terrorista chegou até a capital do Afeganistão, a cidade mais populosa, chamada de Cabul, e ocupou o Palácio Presidencial. Devido ao avanço da dominação terrorista, o presidente Ashraf Ghani resolveu abandonar o país e usou como justificativa a fuga de um possível “banho de sangue”. Com isso, ele constatou a vitória do Talibã. A volta do grupo terrorista ao comando do Afeganistão gerou um desespero da população e, por isso, uma série de vídeos chocantes e que mostram a busca incessante dos afegãos em abandonar o país. E, quais são os impactos da volta do Talibã ao controle do país asiático? Isso você descobre a seguir.
Por que a volta do Talibã ao comando do Afeganistão é preocupante?
Claro que, antes de qualquer problema geopolítico aos mercados, tem a vida de inúmeras pessoas que está em risco e uma rotina que pode ser altamente impactada por um controle extremista. Até o momento, já foram constatadas mortes, das mais variadas formas, de afegãos tentando fugir a qualquer custo do território. O pânico é baseado em acontecimentos passados, isto é, quando os talibãs governaram o país, de 1996 até 2001. Naquela época, houve a proibição das músicas, apedrejamento de adúlteros, laceração de ladrões e outras formas de tortura executadas pelo grupo.
Por isso, o domínio do Talibã é motivo de muito temor pela população do Afeganistão. Até porque eles pensam na possibilidade de decretarem um novo regime severo de interpretação das leis islâmicas. Ou seja, a defesa de prisões, execuções e. até mesmo. a violação de direitos. Além da possibilidade de exageros e abusos como já aconteceram no país.
Para as mulheres afegãs
A alteração da lei islâmica pode impactar a população feminina do Afeganistão. Isso porque, até o ano de 2001, de acordo com a lei aplicada de maneira bastante deturpada, as mulheres eram proibidas de ir à escola ou de trabalhar fora de casa.
Somado a isso, elas eram obrigadas a utilizar burca e não podiam sair de casa desacompanhadas, dessa forma, deveriam estar sempre na companhia de algum familiar do sexo masculino. E não parava por aí, até porque a lei também possibilitava que
a mulher fosse uma escrava sexual e permitia que adolescentes se casassem de maneira forçada. Sendo assim, qualquer mulher que violasse as regras impostas era humilhada e espancada publicamente.
Para os EUA
O ponto de grande preocupação dos especialistas é a pressão que a situação do Afeganistão cria sobre os EUA. Dessa forma, a avaliação feita por eles é de que a retomada do Talibã expõe falhas nas decisões da Casa Branca. E, como resultado, reforça uma das grandes dúvidas do mercado global, que já existia e hoje se acentua, de que a China pode assumir o lugar dos Estados Unidos como uma super potência global. Além disso, o atual presidente norte-americano, Joe Biden, acabou sendo pressionado, afinal, o mesmo declarou, em julho deste ano, que as chances eram bem pequenas de o Talibã assumir o controle do Afeganistão. Vale ressaltar que a invasão de Cabul pelo Talibã pode resultar em uma queda no Dólar e até mesmo no mercado de Treasuries. E, claro, por ser a maior potência mundial, qualquer impacto na economia norte-americano reflete mundialmente.
China e Rússia podem ver uma luz em meio ao caos afegão
Conforme mencionamos acima, se a tese da China se sobrepondo aos EUA se concretizar, no médio prazo, pode acontecer dos ativos norte-americanos sofrerem pressão e, com isso, os títulos chineses podem se favorecer.
Portanto, na contramão dos possíveis acontecimentos prejudiciais, a China poderia surfar no sentido contrário, colhendo bons frutos, valorizando a sua moeda – o Renminbi – e o mercado de títulos. Tudo isso porque a nação chinesa é uma potência asiática em plena ascensão.
E, os benefícios não param na China, afinal, as tensões no Oriente Médio também podem pressionar o preço do petróleo e os títulos da Rússia, o que seria vantajoso para o país.
Considerações finais
Aos olhos da maioria das pessoas, o que acontece no Afeganistão hoje é, além de assustador, inaceitável. Somado a isso, as consequências do retorno de um domínio talibã são as mais negativas possíveis e têm o poder de afetar países em larga escala. Em suma, os analistas destacam que as ligações do Afeganistão com os mercados são pequenas, visto que o país não tem muitas empresas globais. Entretanto, o principal medo do mercado é de que o território volte a ser alvo de ataques terroristas, criando tensões no Oriente Médio e aumentando a volatilidade dos mercados. Por isso, até o momento, o mercado observa a crise geopolítica no detalhe e adota bastante cautela.