INVICTUS II - sugestões de leitura em tempo de confinamento, nº2, julho-agosto-setembro 2020

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Julho / Agosto / Setembro ‘20

INVICTUS

sugestões de leitura em tempos de confinamento

por

LUÍS MENDONÇA DE CARVALHO

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INVICTUS – Sugestões de leitura em tempos de confinamento, por Luís Mendonça de Carvalho Edição: IPBeja – Serviços de Planeamento, Marketing e Comunicação Design: Pedro E. Santos Outubro de 2020


Invictus Em meados de Março de 2020 fomos surpreendidos com a pandemia que mudou radicalmente as nossas vidas. Apesar da situação anómala, os Serviços de Planeamento, Marketing e Comunicação (SPMC) do Instituto Politécnico de Beja (IPBeja) consideraram manter determinadas rotinas e, nesse sentido, continuar a dar cumprimento a um dos nossos propósitos: fazer chegar a informação à qual temos acesso sobre a instituição, à comunidade IPBeja. Mas este foi (e continua a ser) um período muito peculiar: para além do serviço de informar, entendemos que poderíamos ser também facilitadores no acesso a determinada informação que pudesse ter um contributo interessante no sentido de ajudar a preencher um vazio, resultado de um confinamento “obrigatório” que contraria o sentido gregário do ser humano, e cuja dimensão ainda é impossível calcular. Por coincidência, recebemos a proposta do Prof. Luís Mendonça de Carvalho no sentido de incluir um separador na newsletter diária e oficial do IPBeja – IPBeja AO DIA – que fizesse algumas sugestões para leitura através de links disponíveis online. Pareceu-nos uma excelente ideia e sugerimos inclusivamente que a escolha fosse o mais ecléctica possível, por forma a abarcar diversas áreas da cultura. Oferecemos ao separador o título de “Sugestões de leitura em tempos de confinamento por… Luís Mendonça de Carvalho” e a primeira publicação ocorreu no dia 16 de Abril de 2020. A partir daí, assistimos a uma publicação regular que já visitou diversos recantos da cultura nacional e internacional. Pelo seu crescente interesse, considerámos que não podia ficar apenas na publicação diária, rapidamente substituível pela que nos chega no dia imediatamente a seguir. Por isso, quisemo-la publicar em fascículos trimestrais aos quais demos o nome de INVICTUS, como alusão à importância da resiliência e da perseverança em todos os momentos da vida.

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Começamos com um primeiro fascículo, alusivo ao trimestre Abril, Maio e Junho, que coincidiu com um confinamento compulsivo. Seguiu-se este, que agora apresentamos, e que reporta aos meses de Julho, Agosto e Setembro, altura em que parecia que a situação estaria mais ou menos controlada. As pessoas começaram, na generalidade, a experimentar voltar aos hábitos anteriores, de antes do início da pandemia. Na altura questionámos se faria sentido manter a publicação, mas optámos por continuar a fazê-lo. Contudo, decidimos também despedirmo-nos lentamente do INVICTUS. Pelo menos, nos mesmos moldes. Com o início das aulas agendado para o princípio de Outubro, terminado o “confinamento”, o projecto esgotou-se. Segue-se agora um tempo que não conhecemos. Talvez nos possa trazer novas ideias e novas criações. Ou não. Quem sabe… Votos de boas leituras a todos.

Ana Paula Figueira Pró-Presidente Planeamento, Marketing e Comunicação IPBeja


Introdução Este opúsculo reúne as sugestões de leitura, e outras, publicadas no IPBeja ao Dia durante os meses de Julho, Agosto e Setembro, durante uma fase de progressivo desconfinamento. Procurámos diversificar os temas propostos, assim como os suportes (livros, filmes, teatro, ópera) para podermos conhecer e experimentar as mais belas obras do engenho humano e da natureza. Esta derradeira viagem conduziu-nos ao Peloponeso e a Londres, a Nova Iorque e a Alexandria, a Évora, aos Açores e muitos outros locais, reais e imaginários, para conhecermos unicórnios, colecções romanas, vestais, turcos e venezianos, zarzuelas, diamantes azuis, profecias que mudaram o rumo da história, azulejos únicos, igrejas ortodoxas, mitocôndrias, utopias e outras histórias. Foi com agrado que propusemos este novo itinerário, para que outros o possam iniciar e renovar.

Luís Mendonça de Carvalho Professor Coordenador, IPBeja

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1 de juLho A Guerra do Peloponeso Hoje, sugerimos a leitura de um clássico grego que se mantém «em edição» desde há quase 24 séculos: «História da Guerra do Peloponeso» de Tucídides. Esta obra narra os acontecimentos bélicos que ocorreram entre as cidades-estado de Atenas e Esparta, e os seus aliados, e que tiveram início na desconfiança e no temor que os espartanos sentiram perante o crescimento do poder ateniense. Os habitantes destas cidades tinham perspectivas muito distintas do modo como o cidadão se deveria relacionar com o Estado. Os episódios descritos neste livro decorreram entre os anos de 431 e 404 a.C. e culminaram com a derrota de Atenas e da «Liga de Delos», à qual Atenas presidia. É esta desestabilização social e política que marca o início da ruína da Grécia, e que permitirá a invasão dos macedónios, liderados por Filipe da Macedónia, e mais tarde, pelo seu filho, Alexandre, o Grande. Tucídides foi testemunha de muitos episódios narrados na sua obra, que pode ser lida aqui: http://funag.gov.br/biblioteca/download/0041-historia_ da_guerra_do_peloponeso.pdf

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2 de juLho Frei Manuel do Cénaculo Recomendamos a leitura de três ensaios sobre o franciscano Frei Manuel do Cénaculo, nos quais se apresenta uma curta biografia deste bibliófilo e coleccionador de arte e de «exotica naturalia». Frei Manuel do Cenáculo nasceu em 1724, em Lisboa, e morreu em 1814, em Évora. Doutorou-se em Teologia e foi professor na Universidade de Coimbra, tendo contribuído para implementar as famosas reformas pombalinas do ensino. Após o afastamento do Marquês de Pombal, Frei Manuel do Cenáculo dedicou-se à vida eclesiástica, vindo a exercer as funções de bispo de Beja e, mais tarde, de arcebispo de Évora. A ele se deve a génese da Biblioteca Pública de Évora e a Biblioteca do Convento de Jesus, que, mais tarde, viria a constituir a Biblioteca da Academia das Ciências de Lisboa. Parte considerável das suas colecções perderam-se durante o saque perpetrado pelos franceses, aquando das Invasões e o que se salvou está em Évora, na Biblioteca Pública e no antigo Museu de Évora, agora denominado Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo. Os ensaios sobre Frei Manuel do Cenáculo podem ler-se aqui: h t t p s : / / d s p a c e . u e v o r a . p t / r d p c / bitstream/10174/6823/1/2012-%20IdeiaBibliotecaCenaculo. pdf

https://dspace.uevora.pt/rdpc/bitstream/10174/14009/1/ Artis%2C%20Jo%C3%A3o%20Brigola%2C%20Frei%20Manuel%20 do%20Cen%C3%A1culo.pdf Fragmento de friso romano encontrado em Beja e conservado por Frei Manuel do Cenáculo

https://digitalis-dsp.uc.pt/bitstream/10316.2/23788/1/ Cadmo19_Artigo11.pdf

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6 de juLho Juditha Triumphans Recomendamos uma oratória extraordinária «Juditha Triumphans» de Vivaldi, composta para celebrar a resistência, e o triunfo, dos venezianos sobre os Otomanos, que cercaram Corfu, no Verão de 1716. Esta peça é, tradicionalmente, interpretada apenas por vozes femininas porque foi estreada no «Ospedale della Pietà», uma instituição feminina veneziana que era, simultaneamente, convento, orfanato e escola de música. O maestro Andrea Marcon dirige a Orquestra Barroca de Veneza, e as virtuosas intérpretes femininas: https://www.youtube.com/watch?v=-WDKWqE0fys

O libreto em latim/inglês está aqui: Judite decapitando Holofernes [Artemisia Gentileschi, 1593-1656]

https://web.archive.org/web/20080719194540/http:// www.pinchgutopera.com.au/cms/uploads/productions/ juditha%20text%20and%20translation.pdf

Nesta peça, Veneza é Judite, a heroína judia que degolou o general Holofernes, poupando o Povo à destruição trazida pelos exércitos da Assíria. O sucesso desta peça foi tanto, que a última parte, composta para o coro, se tornou a música do hino da Sereníssima República, «Rainha» do Adriático: https://www.youtube.com/watch?v=2sJdQmjHdKg

7 de juLho National Gallery Recomendamos uma visita virtual à «National Gallery» (Londres), onde se encontra uma das maiores coleções de arte da Europa. Este «grand tour» permite-nos revisitar obras dos grandes mestres da Renascença e, também, nos oferece informação complementar sobre cada uma das obras que se conservam neste museu. A «National Gallery» foi fundada em 1824, durante o reinado de Jorge IV, e o seu acervo provém, maioritariamente, de doações e legados particulares e não de nacionalizações ou secularização de conventos, como acontece no Continente. A entrada neste museu é gratuita. https://www.nationalgallery.org.uk/visiting/virtual-tours

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8 de juLho Bordados Tradicionais Portugueses A etnobotânica portuguesa é muito variada e inclui tradições singulares, como os bordados de palha (trigo ou centeio), feitos por artesãs da Ilha do Faial. Esta ilha chama-se «Faial» porque os primeiros colonizadores aí encontraram uma espécie (Myrica faya) «semelhante» à faia-europeia (Fagus sylvatica). Os bordados de palha estão relacionados com a tradição faialense de bordar em tule e há registos da existência destes bordados desde meados do século XIX. Eram aplicados a vestidos, lenços, chapéus e outras peças de vestuário que se destinavam ao público feminino local, mas que eram, também, exportadas para zonas onde residiam açorianos e para centros europeus de moda, ávidos de encontrar novas técnicas e tecidos excepcionais. Os bordados de palha não eram exclusivos dos Açores porque existiam bordados semelhantes em outras partes da Europa (Reino Unido, Rússia), mas os manufacturados naquele arquipélago apresentavam uma mestria muito apurada, além de uma cor e de um brilho singulares. As peças mais emblemáticas desta tradição são as mantilhas e os véus, que, no passado, se utilizavam em festas e cerimónias religiosas. O tule preto (de algodão ou fibras sintéticas) é quase imperceptível sobre cabelos negros ou num vestido da mesma cor, fazendo parecer que o bordado flutua. Os motivos do bordado são quase sempre vegetalistas (cachos de uvas, espigas de trigo, cravinas). O caule das plantas representadas é feito com fio de piteira (Agave americana) tingida com açafroa (Carthamus tinctorius) para que os reflexos dourados sejam mais vibrantes. A palha é cortada em tiras finas com uma rachadeira feita em madeira (buxo ou outra) e com uma faca e uma dedeira retiram-se os tecidos internos do caule, excepto num dos extremos da tira de palha. Este extremo, mais firme, servirá de agulha para bordar directamente o tule. Esta e outras tradições encontram-se descritas na tese Bordados Tradicionais Portugueses [Mestrado em Design e Marketing (Área de Especialização em Têxtil)] apresentada, por Paulo Fernando Teles de Lemos Silva, à Universidade do Minho, e que pode ser lida aqui: https://core.ac.uk/download/pdf/55607695.pdf

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9 de juLho Mãe Coragem e os Seus Filhos Recomendamos rever uma peça que é um marco na história do teatro contemporâneo – Mãe Coragem e os Seus Filhos – magnificamente interpretada por Eunice Munõz e por outros excelentes actores, como Irene Cruz, Carlos Daniel, Orlando Costa, Mário Pereira, Ruy de Carvalho, Rogério Paulo, São José Lapa e Catarina Avelar.

Bertold Brecht

Esta peça, escrita pelo dramaturgo alemão Bertolt Brecht (1898-1956), no início da Segunda Guerra Mundial, foi adaptada por João Lourenço e Vera San Payo de Lemos, e esteve em cena no Teatro Aberto (1986), em Lisboa. Conta a história de Anna Fierling, uma vendedora ambulante, e dos seus três filhos, durante a Guerra dos Trinta Anos (16181648), mas é uma crítica ao avanço do nazismo e do fascismo, aos horrores da guerra e à contínua persistência do mal. Foi gravada pela RTP e pode ver-se aqui: https://arquivos.rtp.pt/conteudos/mae-coragem-e-osseus-filhos-parte-i/

10 de juLho Arquitectura Imaginária Hoje, recomendamos a leitura do catálogo que acompanhou a exposição «Arquitectura Imaginária», que esteve patente no Museu Nacional de Arte Antiga. Esta obra mostra-nos parte do «que se desejou construir», apresenta-nos uma arquitectura «livre», não limitada pelas leis da física, disponibilidade financeira ou qualquer outra. Permite-nos revisitar o universo reproduzido nos tectos das igrejas, nos quadros, relicários e em outras obras. De acordo com as palavras de António Pimentel, comissário da exposição, a arquitectura imaginária «dá o sentido da passagem entre tempos, funciona como membrana entre dimensões». A «Arquitectura Imaginária» está disponível aqui: Tecto da Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres (Beja)

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https://www.incm.pt/portal/arquivo/livros/gratuitos/ MNAA_AArquiteturaImaginaria.pdf


13 de juLho La Zarzuela vive! Hoje, recomendamos o espectáculo «La Zarzuela vive!», que inclui algumas das mais emblemáticas árias deste estilo musical espanhol, interpretadas por Angel Blue e Aquiles Machado, acompanhados pela Orquestra Filarmónica da Rádio Alemã, dirigida pelo maestro Karel Mark Chichon: https://www.youtube.com/watch?v=ex13l6KzJ2I&feature=youtu.be

A zarzuela é um género musical próximo da ópera, no qual se alternam canções e dança, e que deve o seu nome ao local onde começou a ser representada: o pavilhão de caça do Palácio da Zarzuela (próximo de Madrid). Por sua vez, o nome zarzuela evoca as muitas silvas [espanhol zarza = amoras-da-silvas] que existiam no local; é neste palácio que reside a Família Real Espanhola. Em Madrid, o Teatro de la Zarzuela, inaugurado em 1856, apresenta um reportório dedicado a este estilo musical e este é o seu «site»: http://teatrodelazarzuela.mcu.es

14 de juLho Museu Nacional de História Natural

Recomendamos uma visita virtual ao Museu Nacional de História Natural (Washington D.C.), fundado em 1910. Este é um dos 19 museus administrados pelo Smithsonian Institution - uma fundação que foi constituída com verbas doadas pelo britânico James Smithson (1765-1829). O acervo do museu incluiu cerca de 125 milhões de espécimes (plantas, animais, fósseis, minerais, rochas, meteoritos e objectos culturais humanos) e é nele que se encontra o lendário Diamante Hope, que, segundo a lenda, foi roubado de um templo hindu dedicado à deusa Sita (era um dos olhos da divindade) e trouxe infortúnio a todos os que o possuíram. O Diamante Hope pesa 45 quilates. O quilate era o nome de uma unidade de peso, utilizada no passado, que tinha como base o peso das sementes de alfarrobeira (de 189 a 205 miligramas) que foram usadas, pelos árabes, para aferir o peso das pedras preciosas.

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O quilate contemporâneo equivale e 200 mg (0,2 g) e foi estabelecido durante a Quarta Conferência Geral de Pesos (1907). Quando se refere ao ouro, o quilate indica pureza e não peso. O ouro puro (99,99% ouro) corresponde a 24 quilates; quando o seu teor é menor, indica que a peça em questão tem outro metais, como cobre, prata, zinco, níquel ou cádmio. As visitas virtuais estão disponíveis aqui: https://naturalhistory.si.edu/visit/virtual-tour

Também se podem fazer visitas virtuais guiadas (com narração em inglês e espanhol), aqui: https://naturalhistory.si.edu/visit/virtual-tour/narrated-virtual-tours

15 de juLho Colecção de Aguarelas A Biblioteca do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos da América disponibiliza, on-line, uma magnífica colecção de aguarelas e litografias criadas entre 1886 e 1942, que representam frutos de plantas norte-americanas e de outros territórios. Esta colecção única, com 7584 imagens, é de uso livre e poderá ser útil para ilustrar obras/estudos em diversas áreas (agricultura, arte, multimédia, educação científica, nutrição, etc.). Encontra-se aqui: https://usdawatercolors.nal.usda.gov/pom/home.xhtml

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16 de juLho Capela de São João Baptista Hoje, viajamos até à Igreja de São Roque, em Lisboa, para revisitarmos a Capela de São João Baptista, que é um triunfo da arte barroca e um vislumbre de como seriam as igrejas de Lisboa antes do fatídico 1 de Novembro de 1755. Para além da excepcional talha dourada, nesta capela encontramos magníficos mosaicos que, para um observador menos atento e devido à sua perfeita execução, se confundem com pinturas. Recomendamos a leitura de um texto escrito pelo Professor António Pimentel, ex-director do Museu Nacional de Arte Antiga, que integrou um livro dedicado a esta capela, assim como dois outros artigos, um sobre as peças de ourivesaria que foram encomendadas para decorar a capela e outro, mais «técnico», sobre como decorreu o recente restauro deste espaço. https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/85250/1/4.%20A%20Capela%20de%20S.%20 Joa%CC%83o%20Batista%20.pdf

http://www.acad-ciencias.pt/document-uploads/6870686_ andre-martins-da-silva---a-csjb-e-a-sua-colecao-deourivesaria_final.pdf

https://run.unl.pt/bitstream/10362/9627/1/ Canaveira_2012.pdf

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17 de juLho As Bodas de Fígaro Recomendamos «As Bodas de Fígaro» (Le Nozze di Figaro), uma ópera-bufa em quatro actos composta por Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791), com libreto de Lorenzo da Ponte (1749-1838), que estreou em Viena, no dia 1 de Maio de 1786. Baseia-se na peça de teatro homónima (Le Mariage de Figaro) escrita por Pierre-Augustin Caron de Beaumarchais (1732-1799). Esta obra-prima é uma sátira aos costumes da nobreza do Antigo Regime e acabou por gerar problemas a Mozart, como já havia ocorrido com Beaumarchais. A peça de teatro foi, inicialmente, proibida pelo rei Luís XVI, e teve de sofrer alterações para que essa mesma proibição pudesse ser levantada, nomeadamente, a acção passou de França para Espanha. A versão que aqui se apresenta esteve em Lisboa, quando o Teatro Nacional de São Carlos se associou a outros teatros europeus para evocar o bicentenário da morte de Mozart (1991) e a gravação tem legendas em Português. Os intérpretes são excepcionais e esta foi a razão pela qual o jornal «Público» a seleccionou para uma edição comemorativa do nascimento de Mozart, em 2006. Este é o «link» que nos leva até às «Bodas de Fígaro»: https://www.youtube.com/watch?v=3cvKQ3pvjfY

20 de juLho TED ED Hoje, recomendamos o «site» TED ED que tem vídeos de história e cultura científica extraordinários, com legendas em português (devem activar-se nas Definições, que estão no canto inferior direito dos vídeos); TED é o acrónimo de Technology, Entertainment, Design – um projecto educativo patrocinado pela Fundação Sapling. Os vídeos abordam muitos temas, como: O que é o Tempo? Quais são as principais questões para as quais não há respostas? Como era a medicina egípcia? Como se erradica uma doença? Como se explica o paradoxo do Infinito? Como era a vida de um soldado romano? Quem foram as vestais que, em Roma, mantinham o Fogo Sagrado?...

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Projectos como o TED ED mostram o quão estimulante é aprender e fazem-nos pensar nos conhecidos versos que Cesário Verde escreveu no seu «Livro»: «Se eu não morresse, nunca! E eternamente buscasse e conseguisse a perfeição das cousas!» O TED ED encontra-se aqui: https://www.youtube.com/user/TEDEducation?fbcli d=IwAR0fHWbJO8k1u1FbN2HIamRH8adrhjRadDxdl5wNN5yjcbPOPq8qBvN4L8

O «Livro de Cesário Verde»: http://nonio.ese.ipsantarem.pt/esemoodle/file.php/120/ Metas_Curriculares_Portugues/O-Livro-de-Cesario-Verde.pdf

21 de juLho Dixit Dominus Recomendamos ouvir Dixit Dominus (RV 594) de António Vivaldi (1678-1741), interpretada pela Orquestra e Coro Ghislieri, dirigidos pelo maestro Giulio Prandi. Esta obra, intensamente dramática, é justamente considerada uma das mais brilhantes composições deste músico veneziano e foi inspirada no Salmo 110. Aqui está: https://www.youtube.com/watch?v=aKRadU-n104

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22 de juLho Ifigénia Hoje, sugerimos uma viagem até Áulide e Táuris, nas quais Ifigénia foi, respectivamente, «sacrificada» e sacerdotisa de Ártemis. Durante a viagem dos gregos até Tróia (também conhecida por Ílion, daí deriva o nome Ilíada), a expedição parou em Áulide porque o vento cessou e não podiam prosseguir viagem. Consultado o oráculo, o mesmo indicou que o vento regressaria se Ifigénia fosse sacrificada. O seu pai, o rei Agamémnon de Micenas, concordou. Preparou-se o altar e quando o sacerdote iniciava o sacrifício, Ártemis substituiu-a por uma corça e levou-a até à Táuris, onde ficou como sacerdotisa no templo da Deusa. Entretanto, após dez anos de cerco, Tróia cedeu, Agamemnon voltou para Micenas, onde a esposa – Clitemnestra – o assassinou porque nunca lhe havia perdoado o sacrifício de Ifigénia. Outra filha de ambos, Electra, que muito amava o Pai, instigou o irmão Orestes a matar a mãe. Orestes praticou o matricídio e, posteriormente, perante a perseguição incessante das Fúrias, dirigiu-se a Delfos para que o oráculo o informasse se era possível haver redenção para tão horrendo crime. O Oráculo diz-lhe que havia redenção, mas Orestes teria de viajar até Táuris para trazer uma estátua de madeira que adornava o Templo de Ártemis e entregá-la à cidade de Atenas. Orestes partiu e quando chegou a Táuris foi aprisionado pelos habitantes. Havia uma tradição antiga que exigia que todos os forasteiros que aportassem a Táuris teriam de ser assassinados. Seguindo este preceito, levaram Orestes até ao Templo de Ártemis, onde Ifigénia servia. Ifigénia tem, agora, de matar aquele forasteiro, desconhecendo que é seu irmão. O mito de Ifigénia foi narrado em duas tragédias de Eurípides (480-406 a.C.): «Ifigénia em Áulide» e «Ifigênia entre os Tauros». Este «link» leva-nos até à obra «Ifigénia entre os Tauros», traduzida por Nuno Simões Rodrigues e editada pela Imprensa de Coimbra: https://digitalis-dsp.uc.pt/jspui/bitstream/10316.2/32826/1/Ifig%C3%A9nia.pdf?ln=pt-pt

O início, intensamente dramático, da ópera Iphigénie en Aulide et Tauride de Christoph Willibald Gluck: https://www.youtube.com/watch?v=zoqVUCAMmoE

Aqui está o filme grego Ifigénia (com legendas em inglês), realizado em 1977, por Michael Cacoyannis: https://www.youtube.com/watch?v=jiWcOdMCzuA

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23 de juLho Plutarco Plutarco foi um historiador e ensaísta grego que viveu entre 46-120 d.C., sendo especialmente conhecido por duas obras: Vidas Paralelas e Moralia. A primeira reúne informação biográfica sobre homens que se notabilizaram na história da Grécia e de Roma e a segunda é um conjunto de ensaios sobre ética, costumes e moral. Plutarco viajou pela Grécia, Itália e também esteve no Egipto, para estudar na famosa Biblioteca que Dinastia Ptolomaica fundou em Alexandria. Durante cerca de 30 anos, foi sacerdote no mais importante Oráculo da Antiguidade – Delfos, onde Apolo aconselhava os humanos, e legou-nos preciosas informações sobre a organização deste santuário. Hoje, recomendamos três ensaios incluídos na Moralia, traduzidos por Paula Barata Dias e editados pela Imprensa da Universidade de Coimbra: (1) Como distinguir um adulador de um amigo; (2) Como retirar benefício dos inimigos; (3) Acerca do número excessivo de amigos. https://digitalis-dsp.uc.pt/jspui/ bitstream/10316.2/2396/9/sobre_a_amizade.pdf?ln=es

24 de juLho 800 Anos de História do Azulejo Recomendamos a leitura do extraordinário catálogo «800 Anos de História do Azulejo», que acompanha a exposição homónima, presente no novo museu de Estremoz dedicado a esta arte multissecular. O catálogo, com 778 páginas e profusamente ilustrado, pode ser obtido aqui: https://museuberardoestremoz.pt/pdf/Museu_Berardo_ Estremoz-Catalogo.pdf

O «site» do museu: https://museuberardoestremoz.pt

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27 de juLho Etiópia Hoje, viajamos até à Etiópia para conhecermos as igrejas ortodoxas e as suas florestas: https://vimeo.com/390833915

A Etiópia é um país no qual a religião cristã ortodoxa é o culto predominante. A tradição local refere que a Arca da Aliança (que contém as duas tábuas da Lei, a vara de Aarão e um vaso com Maná) se encontra na Igreja de Santa Maria de Sião, em Axum, no Norte do país. Essa mesma tradição refere que o imperador Menelique I, filho do Rei Salomão e da Rainha de Sabá, trouxe a Arca da Aliança para a Etiópia. https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_de_Santa_Maria_de_ Si%C3%A3o

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28 de juLho Sonata para Dois Pianos em Ré Maior Recomendamos a «Sonata para Dois Pianos em Ré Maior» K. 448 de Mozart, interpretada pelos irmãos Lucas e Arthur Jussen: https://www.youtube.com/watch?v=VIItKRaP2vc

Estes jovens intérpretes nasceram em Amesterdão, estudaram com a pianista Maria João Pires e estrearam-se no dia 24 de Novembro de 2006, com as idades de 10 e 13 anos. Uma curta reportagem da sua estreia https://youtu.be/VoB2vbY4r4M?t=70

Em Abril de 2001, a revista científica «Journal of the Royal Society of Medicine» publicou os resultados de um estudo que revelou uma diminuição na frequência da epilepsia, quando se ouvia esta sonata periodicamente (Efeito Mozart) e um melhor desempenho de actividades cognitivas e motoras. Mais informação sobre esta questão pode ser obtida aqui: https://www.epilepsy.org.uk/news/new-opinions-healthbenefits-mozart

O artigo original «The Mozart Effect» pode ser lido aqui: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1281386/

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29 de juLho Hannah Arendt Hoje, recomendamos o filme «Hannah Arendt», realizado em 2012 por Margarethe von Trotta: https://www.youtube.com/watch?v=LYGVAFKpvXM

O filme relata-nos o período durante o qual a filósofa Hannah Arendt (1906-1975) foi convidada, pela revista «The New Yorker», para cobrir o julgamento de Adolf Eichmann (19061962), um dos principais organizadores do Holocausto. Após o final da II Guerra Mundial, Eichmann fugiu para a Argentina; em 1960, foi capturado pela Mossad, que o trouxe para Israel, onde foi julgado e condenado à morte (1962). As reportagens de Hannah Arendt foram mal recebidas porque Hannah culpou não só as autoridades nazis pelos crimes, mas também alguns dirigentes judeus que com elas colaboraram. Foi com estas reportagens que a Hannah criou o conceito da «banalidade do mal». Hannah acreditava que Adolf Eichmann não tinha características de uma personalidade doentia, mas que agiu segundo o que acreditava ser o seu dever e, também, o desejo de ascender na carreira profissional. Adolf Eichmann cumpria ordens sem as questionar, com muito zelo e sem qualquer questão de ordem moral sobre as consequências das suas acções. Segundo Hannah, o mal manifesta-se quando há um espaço institucional para o mesmo, e é uma consequência do vazio de pensamento, no qual a violência e o mal se instalam e banalizam. Hannah Arendt viveu em Lisboa, entre Janeiro e Maio de 1941, com a mãe e o marido, o Poeta Heinrich Blücher (1899-1970), enquanto esperavam por passagens para os Estados Unidos da América.

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30 de juLho Folias Mitocondriais Hoje, vamos fazer uma viagem até à célula, para conhecermos como obtém a sua energia. Faremos a viagem guiados pela obra, em banda desenhada, «Folias Mitocondriais», editada pela Imprensa da Universidade de Coimbra, em Junho de 2020. A «folia» energética celular pode conhecer-se, aqui: http://monographs.uc.pt/iuc/catalog/ view/80/205/324-1?fbclid=IwAR2m7_V4PND2QOLSo_ NS2MGq5LmAFkikYRlaXGAhYtvkXSk9QuDGse85AB8

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31 de juLho Tapeçarias do Unicórnio Recomendamos a leitura de uma obra sobre as «tapeçarias do unicórnio», conservadas no Museu Metropolitano de Arte (Nova Iorque): https://www.metmuseum.org/art/metpublications/The_ Unicorn_Tapestries

Segundo a tradição, Ptolomeu II Filadelfo, rei do Egipto, solicitou, às autoridades da Judeia, que lhe enviassem tradutores para que os textos hebraicos (actual Antigo Testamento) pudessem ser vertidos para grego, a língua franca de então, na Biblioteca de Alexandria. Terão sido enviados 72 sábios que demoraram 72 dias a completar a tradução - esta é a chamada Bíblia dos Setenta ou Septuaginta. Entre as dificuldades inerentes à tradução, estava uma palavra em hebraico «re’em» que não se sabia a que palavra grega poderia corresponder. Era um animal forte, mas não era um boi/ touro porque «re’em» estava em versículos nos quais também estava referido o boi/touro. Provavelmente, os tradutores terão consultado livros de «História Natural» existentes na Biblioteca e concluíram que deveria ser o «monoceros», um animal forte com um só corno, que existia em alguns locais, como na Índia (o rinoceronte...). Quando, no século IV, São Jerónimo traduziu a Bíblia de grego para Latim, o «monoceros» passou a «unicornis» e, assim, o unicórnio entrou na Bíblia (Vulgata) e a sua existência não era questionável. Entretanto, alguns teólogos da Alta Idade Média começaram responder à pergunta sobre quem era o unicórnio. O bispo Ambrósio de Milão escreveu: «Quem é o unicórnio senão o Filho único de Deus? A única Palavra de Deus que dele esteve próxima desde o início! A Palavra, cujo corno derruba e ergue as nações?». O Papa Gregório I, o Grande escreveu: «O Unicórnio … uma criatura casta que apenas se deixa persuadir por uma Virgem pura: é Cristo, que apenas consentiu em nascer de uma Virgem”. Ou seja, o unicórnio do Antigo Testamento era Jesus Cristo e a arte medieval vai dizer-nos isso mesmo, quando representa o unicórnio com a cabeça repousada no regaço de uma virgem. O unicórnio espera pelos caçadores, para que o matem, tal como Cristo tinha de morrer para que as antigas profecias se pudessem cumprir.

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4 de Agosto Maria Bethânia Maria Bethânia nasceu em 1946 e desde cedo começou a participar em espetáculos públicos, na companhia de seu irmão, o cantor e compositor Caetano Veloso. Trabalhou com os mais relevantes autores e intérpretes brasileiros, como Nara Leão, Vinicius de Moraes, Chico Buarque ou Milton Nascimento, e cantou poemas de Fernando Pessoa, Manuel Alegre e Sophia de Mello Breyner Andresen. Espectáculo de Maria Betânia gravado no Coliseu de Lisboa (1982): https://www.youtube.com/watch?v=Mp5x8ZTbec0&t=133s

Excelente entrevista conduzida pela jornalista Ana de Sousa (2003): https://arquivos.rtp.pt/conteudos/maria-bethania/

5 de Agosto Marilyn Monroe Hoje, evocamos a actriz norte-americana Marilyn Monroe (1926-1962), no dia em que passam 58 anos sobre a sua morte. Propomos imagens do filme «Something’s Gotta Give», que se encontrava em rodagem e que nunca foi terminado: https://www.youtube.com/watch?v=zVfKpx-aSRk

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6 de Agosto L’incoronazione di Poppea Os italianos do Renascimento maravilharam-se com o mundo clássico que estavam a «redescobrir», e quiseram recuperar o teatro grego, que acreditaram ser acompanhado de música e, assim, criaram a ópera. Inicialmente, este novo género musical reflectia essa «herança grega e latina», preferindo-se enredos com histórias clássicas, como a paixão entre o imperador Nero e Popeia Sabina. A ópera «L’incoronazione di Poppea» (1643) foi composta por Cláudio Monteverdi para ser estreada em Veneza, durante o Carnaval. Termina com dueto «Pur ti miro», aqui interpretado por Sonya Yoncheva (Popeia) e Kate Lindsey (Nero): https://www.youtube.com/watch?v=quhXDVX6jjA

Gravação da Rádiodifusão Austríaca, durante o Festival de Salzburg (2018).

7 de Agosto Admirável Mundo Novo Recomendamos o romance «Admirável Mundo Novo» escrito por Aldous Huxley (1894-1963) e que foi publicado em 1932. A acção passa-se no futuro (Londres, 2540), numa sociedade distópica, na qual a manipulação psicológica e a tecnologia condicionam os cidadãos. Em conjunto com «1984» (George Orwell) e «Fahrenheit 451» (Ray Bradbury), o «Admirável Mundo Novo» é uma das obras do século XX que descrevem disrupções sociais dominadas pela tecnologia e pelo aumento das medidas de controlo do Estado sobre os cidadãos, com o objectivo de condicionar a sua liberdade e os seus desejos. O «Admirável Mundo Novo» está aqui: http://www.forum.fequimfar.org.br/Anexos/admiravel_ mundo_novo.pdf

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10 de Agosto Erínias As Fúrias (Erínias) eram três divindades que, no universo grego, puniam todos os que cometiam crimes hediondos. A sua presença era de tal modo temida, que os gregos utilizavam uma antífrase para a elas se referirem, apelidando-as de «Benevolentes». São as Fúrias que Lea Desandre invoca nesta ária [Armatae face et anguibus] da oratória «Juditha triumphans» (Vivaldi) quando diz «furiae venite ad nos» [Fúrias vinde até nós], magistralmente interpretada por esta estrela em ascensão no universo operático: h t t p s : / / w w w . y o u t u b e . c o m / watch?v=ZxrBSad5FWQ&list=RDTfQJZ76WR0U&index=2

Ouçamos uma outra ária interpretada por esta mezzo-soprano franco-italiana: «Scherza infida» da ópera Ariodante (Handel), na qual a personagem nos diz que a tristeza a fará abraçar a morte, mas que voltará, sob a forma de uma sombra: https://www.youtube.com/watch?v=jUw1hoheALY

Este é o «site» de Lea Desandre: www.leadesandre.com

11 de Agosto NYC Dance Project O «NYC Dance Project» foi criado por Ken Browar e Deborah Ory, que residem em Brooklyn (Nova Iorque); Ken é fotógrafo de moda e Deborah trabalhou em dança e edição de fotografia. Criaram este projeto para mostrar o maravilhoso mundo da dança e da fotografia, e o mesmo tem sido divulgado em revista e jornais de circulação internacional, como Harper’s Bazaar, Vogue, The Guardian e The Washington Post. Os dois livros de fotografia concebidos com fotos deste projecto foram best-sellers agraciados com prémios internacionais. Mais informação sobre NYC Dance Project: www.nycdanceproject.com

Algumas fotos acompanhadas pela ária «Per le porte del tormento», da ópera «Imeneo» de Georg Friederich Händel: https://www.youtube.com/watch?v=YPSG_G1FGo&list=RDYPSG_G1-FGo&index=1

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12 de Agosto Cesária Évora Regressemos a Maio de 2010, quando Cesária Évora actuou, pela última vez, em Lisboa, no Coliseu dos Recreios: https://www.youtube.com/watch?v=5FqJnypYbQM

Cesária Évora (1941-2011) foi uma voz maior na música popular cabo-verdiana, sendo particularmente reconhecida pela interpretação das mornas - um estilo musical característico de Cabo Verde. Teve uma vida árdua e o reconhecimento internacional surgiu apenas aos 47 anos, com o álbum «La Diva Aux Pieds Nus» (A Diva dos Pés Descalços). A partir de 1988, Cesária fixou residência em Paris e iniciou uma prestigiada carreira plena de sucessos.

13 de Agosto What Ever Happened to Baby Jane? Recomendamos o filme norte-americano «What Ever Happened to Baby Jane?» [Que Teria Acontecido a Baby Jane?], realizado, em 1962, por Robert Aldrich (1918-1983) e protagonizado por Bette Davis (1908-1989) e Joan Crawford (1904-1977). Este filme, que na época foi um estrondoso sucesso, narra o drama psicológico de duas irmãs que vivem afastadas do mundo. Uma delas foi uma estrela de teatro durante a infância e nunca aceitou a perda da fama; outra, sofreu um acidente que terminou com a sua carreira. É uma história na qual nada é o que parece ser.

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Aqui está o filme, legendado em português: https://www.youtube.com/watch?v=NROjPrTm1SE&list=PLsYluOy0BxXqqJXOZMf6aZkgOKsajLqLI&index=2

Um artigo no jornal «The Guardian» sobre «What Ever Happened to Baby Jane?»: https://www.theguardian.com/film/2012/dec/07/robertaldrich-whatever-happened-to-baby-jane

14 de Agosto A Carta das Nações Unidas Recomendamos a leitura de um texto que, apesar de tudo o que tem sido feito contra o seu «espírito e letra», tem orientado o rumo das relações internacionais desde 1945: «A Carta das Nações Unidas»: https://unric.org/pt/wp-content/uploads/sites/9/2009/10/ Carta-das-Na%C3%A7%C3%B5es-Unidas.pdf

Este texto, com 111 artigos, foi aprovado em São Francisco, no dia 26 de Junho de 1945, e entrou em vigor no dia 24 de Outubro desse mesmo ano; Portugal não foi um dos países fundadores, tendo aderido apenas em Dezembro de 1955. As Nações Unidas funcionam quase como um Estado, incluindo, nestas prerrogativas de «quase Estado», a emissão de passaportes e de selos postais. As emissões de selos são feitas nas suas três sedes: Nova Iorque, Genebra e Viena. O plano de emissões filatélicas pode ser consultado aqui: https://unstamps.org/

Recomendamos, igualmente, uma obra recente (Julho, 2020), publicada pela Imprensa Nacional Casa da Moeda: a edição comentada da «Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência»: https://www.incm.pt/portal/arquivo/livros/gratuitos/ CDPDl.pdf

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17 de Agosto Festa de Babette A escritora dinamarquesa Karen Blixen (1885-1962) talvez seja mais conhecida pelo êxito mundial da adaptação cinematográfica do seu romance «África Minha», mas outras obras originaram filmes notáveis, como a «Festa de Babette». Esta última película (1987), realizada por Gabriel Axel (1818-2014), contou com o desempenho da magnífica actriz francesa Stéphane Audran (1932-2018) no papel principal. A «Festa de Babette» narra a história de duas irmãs idosas, que haviam sido educadas no mais estrito rigor protestante e da sua enigmática criada francesa. Como é que duas irmãs vivendo na mais humilde condição, podiam ter uma criada francesa? A resposta a esta questão é-nos revelada durante a leitura deste conto de abnegação e gratidão: https://visionvox.com.br/biblioteca/k/Karen_Blixen_a_ Festa_de_Babette.pdf

O «trailer» do filme: https://www.youtube.com/watch?v=H5w9skKcdnA

18 de Agosto As Baleias de Agosto Recomendamos o filme «As Baleias de Agosto» (1987), realizado por Lindsay Anderson e protagonizado por Bette Davis e Lillian Gish. Foi o último filme destas lendárias actrizes. Conta a história de duas irmãs que, no final das suas vidas, recordam o passado e reflectem sobre a passagem do tempo, os ciúmes e os equívocos que se estabeleceram entre elas, impedindo-as de ter uma verdadeira amizade. Durante décadas, as irmãs passaram o Verão nas costas do Maine, tal como as baleias, e todos os anos as irmãs procuram avistá-las, mas há muito que as baleias desapareceram. O filme, com legendas em português, pode ser visto aqui: https://www.youtube.com/watch?v=BSqunrhCsZo

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19 de Agosto A Casa de Bernarda Alba Recomendamos a leitura de «A Casa de Bernarda Alba», última peça de uma trilogia de dramas criados por García Lorca (1898-1936): http://semac.piracicaba.sp.gov.br/ceta/acasa.pdf

Esta peça conta a história da matriarca Bernarda Alba e das suas cinco filhas, que vivem fechadas em casa, após Bernarda ter declarado um período de luto de oito anos, na sequência do falecimento do seu segundo marido. A tensão entre as personagens está sempre presente e vai aumentar quando duas irmãs se apaixonam pelo mesmo rapaz, conduzindo a acção a um final trágico.

20 de Agosto Dido e Eneias Recomendamos a ópera «Dido e Eneias», de Henry Purcell, que estreou em Londres, no ano de 1688. A acção decorre em redor da paixão de Eneias e Dido, Rainha de Cartago. Eneias sobreviveu à Guerra de Tróia e abandonou a cidade carregando Anquises, seu Pai, e dando a mão a Ascânio, seu filho. Mais tarde, partiu para Ocidente e aportou à cidade de Cartago onde conheceu e se apaixonou por Dido. Mas o destino tinha outros planos para Eneias e este teve de abandonar Dido porque, de acordo com a «Eneida» de Virgílio (Vergílio), coube a Eneias a tarefa de fundar a segunda Tróia, ou seja, a cidade de Roma. Aqui se pode ver e ouvir a ópera «Dido e Eneias», com legendas em português: https://www.youtube.com/watch?v=DNlfiuN-NI8

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21 de Agosto Maria João Pires Recomendamos o Concerto para Piano e Orquestra nº21 (K467) de Mozart, com a solista Maria João Pires https://www.youtube.com/watch?v=NMQXIH0FH-E

Maria João Pires é uma das mais reconhecidas pianistas portuguesas, tendo iniciado as suas apresentações públicas com a precoce idade de apenas 5 anos. O reconhecimento internacional veio em 1970, quando, em Bruxelas, venceu um concurso internacional integrado nas comemorações do bicentenário do nascimento de Beethoven (1770-1827). Maria João Pires fundou um projecto de educação artística (Belgais) que embora tenha tido algumas vicissitudes, ainda se mantém muito activo: https://pt.belgaiscenter.com

Há cerca de 20 anos, num concerto informal (à hora de almoço), em Amesterdão, Maria João Pires foi confrontada com uma situação desesperante: tinha preparado um concerto distinto daquele que a orquestra começou a tocar. Eis como Maria João Pires ultrapassou a situação: https://youtu.be/fS64pb0XnbI?t=39

24 de Agosto O Túmulo dos Pirilampos Hoje, faremos uma viagem até ao cinema japonês de animação, para assistirmos ao filme «O Túmulo dos Pirilampos» (1988) do realizador japonês Isao Takahata (1935-2018). Esta película, amplamente aclamada pela crítica e pelo público, narra a história de dois órfãos que tentam sobreviver na cidade de Kobe, nos últimos meses da II Guerra Mundial. A história baseia-se num conto autobiográfico do escritor japonês Akiyuki Nosaka (1930-2015). Aqui se encontra o filme, com legendas em português: https://www.youtube.com/watch?v=quGaE-j92bk&t=1874s

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25 de Agosto Festival de Ópera de Glyndebourne O Festival de Ópera de Glyndebourne teve início em 1934, num teatro construído nos terrenos de uma propriedade inglesa localizada em Lewes, no East Sussex. Esta quinta tem uma casa senhorial, com cerca de seis séculos, junto à qual o primeiro teatro foi edificado. Entretanto, em 1993, o teatro foi demolido e construiu-se um novo, com óptimas condições acústicas e técnicas. Os terrenos que rodeiam o teatro são idílicos, apropriados para os famosos os piqueniques que, também, são emblemáticos deste evento. Este festival de Verão apresenta algumas das mais extraordinárias óperas que se podem ver e ouvir na Europa. Uma introdução à maravilha que se experimenta em Glyndebourne: https://www.youtube.com/watch?v=X879Vvqdh7o

Anúncio ao festival de 2020, cancelado devido à actual pandemia: https://www.youtube.com/watch?v=Pe145xDcQZg

Vídeos sobre a excelência de Glyndebourne: Saul (Handel): https://www.youtube.com/watch?v=Fj6BaJzmV2I

Il Barbiere di Siviglia (Rossini): https://www.youtube.com/watch?v=jLh8DiXQDGk

Giulio Cesare (Handel): https://www.youtube.com/watch?v=fieBT98DCLc

Giulio Cesare (Handel): https://www.youtube.com/watch?v=cvyWfsWxPMc

Così fan tutte (Mozart): https://www.youtube.com/watch?v=a_0FHyF3Pyk

Este é o «site» de Glyndebourne: https://www.glyndebourne.com/

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26 de Agosto O Belo e a Consolação Hoje, recomendamos «O Belo e a Consolação», uma série de entrevistas a artistas, cientistas e filósofos, que, há cerca de 20 anos, foi emitida em Portugal. Aqui estão as 24 entrevistas (+ debate final), com legendas em português, a partir de um «blog» que também tem ligações para uma curta biografia de todos os entrevistados: https://antoniosiuves.com/tag/o-belo-e-a-consolacao/

Segundo alguns críticos, este foi o melhor programa de televisão alguma vez feito.

27 de Agosto Orgulho e Preconceito Recomendamos a leitura daquele que é, porventura, o romance mais popular de Jane Austen (1775-1817): Orgulho e Preconceito, publicado em 1813, mas escrito em 1797. Esta obra narra a história da família Bennet e das suas cinco filhas, uma das quais, Miss Elizabeth Bennet, tem de gerir um conjunto de questões relacionadas com a moral, a educação e a condição feminina, no início do século XIX e no meio rural inglês. Elizabeth Bennet e Fitzwilliam Darcy, um rico proprietário que alugou uma casa na região, começam por ter uma relação de preconceito e de orgulho, que vai evoluindo ao longo do romance, para dar lugar a outros sentimentos. O romance «Orgulho e Preconceito» pode ler-se aqui: https://reciclaleitores.com.br/wp-content/uploads/2020/10/ ORGULHO-E-PRECONCEITO-Austen-Jane.pdf

Em 1995, a BBC fez uma extraordinária adaptação «definitiva», protagonizada por Jennifer Ehle e Colin Firth: https://www.youtube.com/watch?v=P5MmcT_vcBU

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28 de Agosto O Intendente Sansho Recomendamos um dos mais belos filmes japoneses de sempre, aliás, um dos mais belos filmes da história do cinema: «O Intendente Sansho», realizado por Kenji Mizoguchi. Este filme, premiado com o Leão de Prata no Festival de Veneza, em 1954, narra a história do governador Masauji Taira, um homem bondoso que foi enviado para o exílio, por defender os camponeses oprimidos. A sua mulher e os dois filhos decidem ir ao seu encontro, mas durante a viagem são enganados: a mãe é levada para a longínqua Ilha de Sado, onde é forçada a prostituir-se, e os filhos são vendidos como escravos. Após dez anos, uma escrava vinda de Sado começa a cantar uma triste canção que narra a história de duas crianças separadas da mãe e que teria seria sido originalmente cantada por uma cortesã de Sado. Ao ouvirem esta canção, os filhos reavivam a esperança de encontrar a mãe e tentam fugir, mas a fuga não corre como eles esperavam.

Este filme é um poderoso testemunho contra a opressão e a violência, mas, também, uma declaração sobre o triunfo do bem e do amor que une pais e filhos. «O Intendente Sansho» pode ser visto aqui: https://www.youtube.com/watch?v=v4PUOF9A44s

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31 de Agosto Revistas de Ideias e Cultura Sugerimos uma visita ao «site» Revistas de Ideias e Cultura (RIC), que agrega um conjunto de revistas digitalizadas para consulta livre, e que resulta da colaboração entre o «Seminário Livre de História das Ideias», a Biblioteca Nacional de Portugal e a Fundação Mário Soares. As revistas aqui disponibilizadas foram fundamentais para evolução das ideias e da literatura em Portugal, como, por exemplo, Orpheu, Seara Nova, O Tempo e o Modo, e muitas outras. A consulta às revistas pode ser feita aqui: http://ric.slhi.pt/

1 de Setembro Retábulos no Mundo Português Recomendamos a leitura da obra «Retábulos no Mundo Português» de Francisco Lameira. Os retábulos das igrejas portuguesas destinavam-se não só à decoração do espaço religioso, mas, também, a transmitir uma determinada mensagem. Esta, frequentemente sob a forma de símbolos, era interpretada, pelos fiéis, no contexto de um código que se alterava de acordo com os gostos da época. A leitura/interpretação dessa linguagem simbólica é um interessante desafio, não só para os estudantes de história da arte, para todos os que visitam estes espaços religiosos. Assim, a leitura desta obra permite-nos ter uma experiência mais completa e informada, quando visitamos as igrejas de Portugal. Este é o 20.º volume (Julho, 2020) da coleção «Promontoria Monográfica História da Arte», uma edição da Universidade do Algarve, e pode ser obtido aqui: https://sapientia.ualg.pt/handle/10400.1/14650

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2 de Setembro A História da Universidade Hoje, recomendamos um interessante ensaio sobre «A História da Universidade», redigido por Guilherme Braga da Cruz (1916-1977) e que foi publicado em 1954. Devido à importância e actualidade deste documento, a Impresa Nacional Casa da Moeda decidiu reeditá-lo. Este estudo apresenta uma síntese sobre a evolução do ensino superior na Europa, desde a Baixa Idade Média até aos nossos dias e pode ser lido aqui: https://www.incm.pt/portal/arquivo/livros/gratuitos/103_ OEssencialSobreAHistDaUniversidade.pdf

3 de Setembro Índias Galantes Hoje, propomos duas versões de um trecho das Índias Galantes [La danse du Grand Calumet de la Paix], do compositor francês Jean-Philippe Rameau (1683-1764); uma versão mais ortodoxa e outra com uma perspectiva mais contemporânea (ambas foram apresentadas em Paris). Na primeira (2004), a orquestra é dirigida pelo maestro William Christie, a coreografia é de Andrei Serban e os intérpretes são Nicolas Rivenq e Patricia Petibon: https://www.youtube.com/watch?v=3zegtH-acXE

Nesta segunda (2019), a orquestra é dirigida por Leonardo García Alarcón, a coreografia é de Clément Cogitoreos e os intérpretes são Sabine Devieilhe e Florian Sempey: https://www.youtube.com/watch?v=TfQJZ76WR0U

Esta última versão, teve a colaboração dos bailarinos da companhia «Bintou Dembele Cie Rualité». Mais informação sobre esta companhia única, aqui: http://bintoudembele.com

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4 de Setembro Sophie Scholl - Uma Mulher Contra Hitler Recomendamos o filme «Sophie Scholl - Uma Mulher Contra Hitler», que nos apresenta a história verídica do grupo Rosa Branca, um conjunto de jovens activistas liderados por Sophie Scholl e pelo seu irmão que, em 1943, desafiaram as autoridades alemãs, distribuindo panfletos contra guerra, na Universidade de Munique. Mais do que um filme sobre o nazismo, esta película mostra-nos a coragem e o sacrifício dos que estiveram no lado certo da História e, também, de como os jovens são generosos na sua contínua vontade de construir uma sociedade melhor e mais justa. Realizado por Marc Rothemund, e com Julia Jentsch no papel principal, este filme foi nomeado para o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro (2005). Pode ver-se neste «link», com legendas em português: https://www.youtube.com/watch?v=CxERwWy1zWI&list=PL9mZq1lYGWnIQF4PIrIWApxD4JBuRILEQ&index=22

7 de Setembro Obras Públicas no Estado Novo Recomendamos o livro «Obras Públicas no Estado Novo», publicado pela Imprensa da Universidade de Coimbra (Dezembro, 2019) e com edição de Joana Brites e Luís Miguel Correia. Ao longo de 400 páginas, são-nos apresentados exemplos de intervenção nas áreas da arquitectura e do urbanismo, assim como as conhecidas obras que, entre as décadas de 1930-1960, permitiram recuperar (e alterar) muitos monumentos nacionais. Este livro divide-se em 15 capítulos, incluindo: «A monumentalidade como programa político e simbólico do Estado Novo», «Monumentos num País de Conto de Fadas», «A poética da austeridade», «África Colonial: arquitetura e infraestruturas nos últimos anos do Estado Novo» e pode ser lido aqui: http://monographs.uc.pt/iuc/catalog/book/108

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8 de Setembro A Ilustre Casa de Ramires Recomendamos a leitura da obra «A Ilustre Casa de Ramires», de Eça de Queirós, publicada em 1900, ano da morte do escritor: https://www.incm.pt/portal/arquivo/livros/gratuitos/ BFLP_EQueiros_AIlustreCasaDeRamires.pdf

O autor conta-nos a história de Gonçalo Mendes Ramires, da sua família e do meio social no qual se move, apresentando-nos um singular retrato de Portugal, dividido entre o passado glorioso e a inópia contemporânea. No final do século XX, Portugal vivia as consequências políticas e sociais decorrentes do Ultimato Inglês (1890) e da malograda tentativa de instauração de uma república (1891).

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9 de Setembro Os Pequenos Vagabundos Hoje, nostalgicamente, revistamos uma série carismática para os que foram adolescentes durante a década de 1970 – «Os Pequenos Vagabundos» (Les Galapiats, no título original). Esta coprodução entre televisões da Bélgica, França, Suíça e Canadá, é constituída por oito episódios, com cerca de 25 minutos cada, e narra as aventuras de um grupo de adolescentes que procuram um tesouro perdido, enquanto combatem um bando de malfeitores. Os episódios, com legendas em português, encontram-se aqui. https://www.youtube.com/watch?v=2InFquY_C_Q&t=854s

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10 de Setembro O Barbeiro de Sevilha Recomendamos uma excelente versão da mais conhecida ópera de Giacomo Rossini (1792-1868) – «O Barbeiro de Sevilha». Esta magnífica obra foi estreada em Roma, no dia 20 de Fevereiro de 1816, quando o compositor tinha apenas 24 anos e, segundo este, foi composta em apenas doze dias. A estreia foi um enorme fracasso, contudo, pouco depois, foi novamente apresentada e acabou por se tornar uma das mais bem-sucedidas obras da história da música. Interpretam esta magnífica ópera de reportório, alguns dos mais emblemáticos cantores do século XX (Maria Callas, Luigi Alva, Tito Gobbi), dirigidos pelo maestro Alceo Galliera: https://www.youtube.com/watch?v=572cY8-aVNA

Esta gravação foi feita em estúdio (Londres, 1957), não existindo imagens do espectáculo que havia sido apresentado no lendário Teatro Alla Scala, no ano anterior, com estes mesmos intérpretes, mas poderemos ver algumas imagens de uma outra versão, esta muito mais recente (2016), com outros intérpretes, igualmente fantásticos, no Festival de Glyndebourne: Quando o Conde Almaviva se disfarça de padre para visitar Rosina (a sua amada), dizendo que o padre está doente; mas o sacerdote aparece, não parece nada doente, e todos querem que vá embora: https://www.youtube.com/watch?v=Mhf6jfsOI9w

Quando o barbeiro nos diz que, em Sevilha, todos necessitam dos seus serviços: https://www.youtube.com/watch?v=z_i6zkWESS4

Quando a idosa criada se queixa de que todos conhecem o amor, menos ela, mas que ainda não perdeu a esperança de namorar: https://www.youtube.com/watch?v=m1cUy88lXmA

Quando o casal de namorados (Conde Almavina e Rosina) preparam a fuga, com o auxílio do barbeiro: https://www.youtube.com/watch?v=jLh8DiXQDGk

Quando o idoso tutor de Rosina, que não queria que ela cassasse, lhe diz que ela não o engana, e que deve estar a esconder algum plano: https://www.youtube.com/watch?v=KnZ8-twwS8c

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14 de Setembro Concerto para Piano e Orquestra N.º 1 Opus 11 de Chopin Recomendamos o Concerto para Piano e Orquestra N.º 1 Opus 11 de Chopin, interpretado por Martha Argerich, acompanhada pela Orquestra Sinfónica de Varsóvia: https://www.youtube.com/watch?v=9WRIBgYAXDQ

De ascendência catalã e hebraica, Martha Argerich nasceu na Argentina (1945) e é justamente reconhecida pelas suas interpretações virtuosas de Chopin, Liszt, Bach, Schumann e Prokofiev. É presença regular no programa da Fundação Calouste Gulbenkian. Aqui se encontra um documentário sobre Martha Argerich, realizado pela filha, Stéphanie Argerich: https://www.youtube.com/watch?v=WV2jPWyQOqE

16 de Setembro Metrópolis Recomendamos uma obra maior da história do cinema: Metrópolis (1927), de Fritz Lang (1890-1976), em alta definição (cópia restaurada), com legendas em português. Trata-se de um filme de ficção científica, que retrata um futuro longínquo (2026….), no qual uma sociedade fortemente industrializada se divide em duas classes: uma elite privilegiada e o povo desfavorecido. Este último, vive no subsolo e trabalha com as máquinas que permitem o funcionamento de Metrópolis, a grande cidade, na qual os abastados têm uma vida idílica. Esta situação vai alterar-se quando um dos privilegiados conhece as condições sub-humanas dos trabalhadores e tenta alterar o statu quo. A produção deste filme provocou a falência dos estúdios alemães onde foi rodado, mas a história reservou-lhe um lugar especial e, hoje, é considerado das obras-primas do cinema «mudo». Metropólis está aqui: https://www.youtube.com/watch?v=Oa1qWCdSKHo

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17 de Setembro Humano, Demasiado Humano Recomendamos o documentário «Humano, Demasiado Humano» produzido pela BBC e dedicado à vida e obra do escritor e filósofo francês Jean Paul Sartre (1905-1908), reconhecido como uma das mais importantes vozes do existencialismo. https://www.youtube.com/watch?time_continue=1045&v=uL4UVvN5C6g&feature=emb_title

Durante mais de meio século, Jean Paul Sartre partilhou a sua vida com a escritora Simone de Beauvoir (1908-1986), e ambos fizeram uma «histórica» visita a Portugal, em 1975, amplamente acompanhada pela RTP: https://arquivos.rtp.pt/conteudos/jean-paul-sartre-no-porto/

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18 de Setembro Faramondo Recomendamos a ópera «Faramondo» de Georg Friedrich Händel, que estreou em Londres, no King’s Theatre, em Janeiro de 1738 e aqui é interpretada por um conjunto notável de cantores, sob a direcção do maestro Diego Fasolis. Faramondo foi um rei francês, da Alta Idade Média, cuja vida está rodeada de lendas; esta ópera refere-se à sua vida e às suas paixões. Todas as árias em áudio: https://www.youtube.com/playlist?list=OLAK5uy_muqEzesmPqmSB29Su0XTUUjtMRIsocuL8

A gravação desta mesma ópera em versão de concerto (com o mesmo maestro, orquestra e alguns dos intérpretes da versão áudio): https://www.youtube.com/watch?v=W00OmQos8RI&t=479s

Uma selecção de três árias desta ópera: «Vou e vivo com a Esperança de que a Constância vencerá a Crueldade...»: https://www.youtube.com/watch?v=G3ssMex79LY&list=OLAK5uy_muqEzesmPqmSB29Su0XTUUjtMRIsocuL8&index=43

«Parto feliz, e à Fé juro Constância...» https://www.youtube.com/watch?v=bjNBLiQv4xU&list=OLAK5uy_muqEzesmPqmSB29Su0XTUUjtMRIsocuL8&index=24

«Tal como as plantas que junto ao rio voltam a verdejar...» https://www.youtube.com/watch?v=jabQ6EodWE8&list=OLAK5uy_muqEzesmPqmSB29Su0XTUUjtMRIsocuL8&index=48

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21 de Setembro Do Sublime Recomendamos a obra «Do Sublime» escrita por um autor desconhecido, tradicionalmente apelidado Dionísio Longino, e que chegou até nós incompleta. Trata-se de uma obra grega de estética e crítica literária, datada do século I d.C., que é considerada um clássico sobre a arte de bem escrever. Nesta obra, o autor explica, com exemplos, como poderá um escritor atingir a excelência e a eloquência necessárias ao «sublime». Pode ler-se, aqui: https://digitalis-dsp.uc.pt/bitstream/10316.2/38162/1/ Do%20Sublime.pdf

22 de Setembro A História Natural em Portugal no século XVIII Recomendamos «A História Natural em Portugal no século XVIII», redigida por Rómulo de Carvalho (1906-1997). Nesta obra, encontramos descrições das Viagens Filosóficas realizadas pelos naturalistas portugueses ao serviço da Coroa, notas sobre as Reformas Pombalinas e uma curta biografia dos principais naturalistas portugueses do Século das Luzes, incluindo o Abade Correia da Serra (1750-1823), que nasceu em Serpa, mas cedo rumou a Itália devido ao receio da Inquisição. Esta obra, pode ser lida aqui: http://cvc.instituto-camoes.pt/conhecer/biblioteca-digitalcamoes/pensamento-e-ciencia/153-153/file.html

A série «No Trilho dos Naturalistas», apresentada pela RTP, relata algumas das expedições científicas portuguesas (históricas e contemporâneas), e pode ser vista aqui: https://www.rtp.pt/programa/tv/p33277/e3

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INVICTUS

sugestões de leitura em tempos de confinamento

23 de Setembro Artaserse Recomendamos a ópera Artaserse de Leonardo Vinci (16901730), que estreou em Roma, no ano de 1730, e foi recuperada para o reportório contemporâneo no Teatro Nacional da Lorena, em Nancy (2012). Narra a história do Xerxes (Serse), um dos imperadores persas que sonharam com a conquista da Grécia. Esta ópera é um bom exemplo das óperas que se ouviam, nas cortes europeias, durante o século XVIII, quando os protagonistas eram os «castrati», ou seja, jovens que, no término da infância, tinham sido castrados, na esperança de que mantivessem uma amplitude vocal que lhes permitisse alcançar, com facilidade, os sons agudos. Actualmente, estes papéis são desempenhados por contratenores (como no caso da ópera que hoje se recomenda) ou por contraltos, vozes femininas que têm uma tessitura mais grave (e muito mais rara). Aqui está Artaserse: https://www.youtube.com/watch?v=OCTiqj2lrTs

Três árias-chave desta ópera: https://www.youtube.com/watch?v=rXmF6h3Yd_A https://www.youtube.com/watch?v=svLFzbjjpQw&list=PLqHCVixo4nrXdPJNhGWSBX8-RAfLdRntq https://www.youtube.com/watch?v=_wFRkHr_w-A

A folha de sala: http://www.parnassus.at/uploads/tx_artistsdb/Broschuere_Artaserse_EN_29_04_2013_WEB.pdf

Um exemplo da voz de um contralto magnífico, Ewa Podleś, na ária «Dover, Giustizia, Amor» [Dever, Justiça, Amor] da ópera Ariodante (Händel): https://www.youtube.com/watch?v=boJdzL54x48

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24 de Setembro Quebra-Nozes Hoje, vamos até ao Teatro Mariinsky (São Petersburgo) para assistir ao «Quebra-Nozes», uma obra com música de Piotr Ilitch Tchaikovski (1840-1893) e coreografia original de Marius Petipa (1818-1910) e Lev Ivanov (1834-1901). Foi exactamente no Teatro Mariinsky que, na noite de 18 de Dezembro de 1892, o «Quebra-Nozes» estreou, na presença do Czar Alexandre III (1845-1894). Esta obra, conta-nos a história de um quebra-nozes, com aparência humana e vestido como um soldado, que Clara (a protagonista) pediu como prenda de Natal, e que lhe foi concedido. Mas o irmão de Clara parte o quebra-nozes e logo todos se vão deitar. Durante a noite, Clara sonha que o quebra-nozes ganhou vida e que, ambos, partem numa longa viagem fantástica. Aqui está o «Quebra-Nozes»: https://www.youtube.com/watch?v=xtLoaMfinbU

25 de Setembro O Cavaleiro da Dinamarca Recomendamos a leitura de «O Cavaleiro da Dinamarca» (1964), escrito por Sophia de Mello Breyner Andresen (19192004). Esta obra conta-nos a história de um cavaleiro que decide empreender uma peregrinação à Terra Santa, para, na noite de Natal, orar na gruta onde Jesus nasceu. É uma viagem cheia de descobertas, aventuras e perigos e é, também, um dos mais belos contos desta consagrada autora. «O Cavaleiro da Dinamarca» pode ler-se aqui: http://multi.drealentejo.pt/biblioteca/docs/Cavaleiro/Cavaleiro-Dinamarca.pdf

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INVICTUS

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28 de Setembro Les Parapluies de Cherbourg Hoje, recomendamos um filme singular na história do cinema francês: «Les Parapluies de Cherbourg» (Os Chapéus de Chuva de Cherburgo), realizado, em 1964, por Jacques Demy (19311990) e galardoado com a «Palma de Ouro» no Festival de Cinema de Cannes. A actriz Catherine Deneuve é a belíssima protagonista deste musical, que narra a história de uma intensa paixão juvenil interrompida pela Guerra da Argélia. Meio século depois, este filme foi uma inspiração para Damien Chazelle que, em 2016, realizou «La La Land». Aqui estão «Os Chapéus de Chuva de Cherburgo»: https://vimeo.com/332773417

29 de Setembro Rinaldo Recomendamos uma das mais belas óperas barrocas – Rinaldo, de Georg Friedrich Händel, aqui apresentada em duas versões, em palco (ao vivo) e em estúdio. A versão ao vivo, com encenação de Pier Luigi Pizzi, é um clássico, tendo sido apresentada em alguns dos principais teatros de ópera, como no Teatro alla Scala (Milão) e em São Carlos, no ano de 1991: https://www.youtube.com/watch?v=G_uUympHwJw

A versão de estúdio conta com intérpretes de excepção, como Cecília Bartoli e Ewa Podles. https://www.youtube.com/watch?v=iID7bAZkdFY&t=15s

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30 de Setembro 4 sugestões... Terminamos esta secção com quatro sugestões, duas de leitura e duas musicais. A «Didáctica Magna ou o Tratado da Arte Universal de Ensinar Tudo a Todos» de Iohannes Amos Comenius (1592-1670), que, desde 1649, tem inspirado todos os que lêem esta obra, a ensinar «sem nenhum enfado e sem nenhum aborrecimento para os alunos e para os professores, mas antes com sumo prazer para uns e para outros». http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/didaticamagna.pdf

Outra sugestão de leitura, o «Verdadeiro Método de Estudar» (1746) de Luís António Verney (1713-1792): http://purl.pt/118

Duas últimas sugestões musicais: «Try to remember the kind of September» interpretado por Harry Belafonte https://www.youtube.com/watch?v=SUaXzMrznwU

«As steals the morning» (Haendel), magnificamente interpretado por Amanda Forsythe e Thomas Cooley, acompanhados por «Voices of Music» https://www.youtube.com/watch?v=PVCtCxnJyKY

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