Domingo, 16 de março de 2014 – Ano VI, Número 271
Informativo - IPC
PASTORAL
10 de Março de 1557: Primeiro Culto Protestante das Américas
O
primeiro episódio da história brasileira em que os protestantes estiveram envolvidos é o da efêmera colonização francesa no Rio de Janeiro. Com o propósito de inaugurar no hemisfério Sul a chamada “França Antártica”, o vice-almirante Nicolas Durand de Villegagnon pretendia mobilizar os calvinistas franceses e ou huguenotes, cuja situação se tornava cada vez mais melindrosa no solo pátrio. Prometendo-lhes um regime de liberdade religiosa na futura colônia, ele conseguiu a ajuda do nobre protetor dos huguenotes, Gaspar de Coligny. Em fins de 1555, Villegagnon se estabeleceu com 400 homens numa ilha da baia de Guanabara, proclamando-se em breve rei da América. A expedição havia respondido a um duplo interesse: político e religioso. Em setembro de 1556, 280 franceses vieram ao Brasil. Dentre os quais, doze calvinistas de Genebra trazendo credenciais do próprio Calvino. Havia entre eles dois pastores ordenados – Pierre Richier e Guillaume Chartier. Chegaram em 10 de março de 1557, e neste mesmo dia, numa cabana rústica, no centro da ilha então chamada de Serigipe (hoje Ilha de Villegagnon), na Baia de Guanabara, Rio de Janeiro, realizaram o primeiro culto protestante da história do Brasil e das Américas, numa quarta-feira. Após a chegada de Chartier, Richier e Léry, a primeira preocupação foi a de construir uma igreja reformada e poucos dias depois celebraram a Santa Ceia (21/03/1557). Na ocasião do primeiro culto, relata Jean de Léry, “o ministro Richier invocou a Deus.
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- Interessados pela Palavra de Deus
Cantamos em coro o Salmo 5 e o dito ministro, tomando por tema estas palavras do Salmo 27: ‘Pedi ao Senhor uma coisa que ainda reclamarei e que é a de poder habitar na casa do Senhor todos os dias da minha vida’ – fez a primeira prédica no Forte do Coligny, na América”. Por mais que estes primeiros calvinistas entusiastas quisessem desenvolver aqui no Brasil a fé protestante (imagine o que seria o Brasil hoje se isso tivesse dado certo) a tentativa de colonização foi literalmente destroçada e os huguenotes se foram ao final de outubro do mesmo ano. Alguns que voltaram devido a perigos no mar, foram presos e um escapou (Jacques Le Balleur). Por ordem de Villegagnon, Jean du Bordel, Matthieu Vermeuil, Pierre Bourdon e André Lafon, redigiram em 17 pontos a primeira confissão de fé do continente. Esta confissão serviu para Villegagnon condenar à morte por afogamento três deles que morreram defendendo sua fé. Na caminhada para a morte, eles oravam, cantavam salmos e se consolavam mutuamente. Villegagnon mandou que Bordel explicasse o 5º artigo da confissão. Ao responder, uma bofetada do apóstata fez-lhe jorrar sangue da face. Cantando salmos, subiu à rocha; orou e, atado de pés e mãos, o algoz o arrojou as ondas. Seguiu-o Matthieu. Tendo orado, exclamando: Senhor Jesus, tem piedade de mim, e desapareceu no mar. Pierre Bourdon, fraco, debilitado, foi levado para a ilha. Lá cruzou os braços e elevou os olhos ao céu; orou. Foi precipitado e seu corpo desapareceu no abismo das águas. Foi assim naqueles tempos que os nossos irmãos pagaram com a vida a audácia de confessar a sua fé.
- Prestando Serviço em Amor
Jacques Le Balleur, calvinista convicto conseguiu fugir de Villegagnon, mas não de Anchieta, que o mandou matar e auxiliou na execução. Esta data magna (10 de março de 1557) merece ser lembrada como o dia em que a primeira semente do genuíno evangelho foi plantada em nosso solo. Por mais que tenha sido depois arrancada, hoje, depois de muitas lutas e tentativas, os protestantes estão espalhados pelos quatro cantos deste nosso vasto continente. A lição que fica de tudo isso, é que o exemplo da fé vibrante que nossos antepassados tiveram e como pagaram por aquilo que criam precisa ser honrada em nossos dias por homens e mulheres fidedignos que vivam o evangelho e o propagem com destemor. Hoje devemos contemplar a bandeira que um dia aqui se ergueu de homens que deram a própria vida por amor ao evangelho. Levantemos, pois, esta bandeira ensangüentada para que o mundo saiba do nosso compromisso com a verdade. Lutemos juntos para fazer deste país um lugar diferente, marcado pela ética e moral elevados, marcado por princípios cristãos reformados, marcado pelos exemplos de novos irmãos que, no decalque dos velhos, anseiam em entregar suas vidas pela obra de Deus. S.D.G.
Daniel Alves
. Pastor da IPC
- Cultuando ao Deus vivo
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