Informativo - IPC
Dia 22 de Março de 2015 – Ano VII, Número 324
PASTORAL
Inteligência Humilhada
Q
uando contemplamos à glória do Deus que se revela a nós, ainda que em parte, não há como o homem querer se manter em uma posição de soberba e arrogância. Esta pequena partícula de conhecimento que Deus nos concedeu por misericórdia e graça, nos leva a reconhecer nossa insignificância e miséria diante da grandeza de Deus, somos esmagados e destituídos de qualquer sentimento que nos leve a cogitar a possibilidade de sermos o centro do universo, pois diante do Deus criador e de sua grandeza entendemos que somos pó, somos como o orvalho que logo desaparece, como a flor do campo que assim que nasce e floresce, e com o soprar do vento logo desaparece. Tal conhecimento de quem realmente somos nos humilha e nos constrange, fazendo-nos sentir como um verme desprezível. Mas entendendo que a própria criação e todos os animais criados são obras de Deus e que são obedientes ao Criador e o glorificam fazendo aquilo para o qual foram criados, logo percebemos que esta comparação com o verme é uma ofensa para o próprio verme. O fato de Deus nos conhecer plena e totalmente face a face já é suficiente para termos nossa inteligência humilhada, por Ele nos conhecer assim é que nossa inteligência é humilhada. E por que o conhecimento que Deus tem de nós nos humilha? Pelo fato de sermos ignorantes de nós mesmos. Não sabemos quem realmente somos, e a única maneira de sabermos quem somos é através da revelação que Deus dá de nós mesmos, então podemos perceber o problema, quando o homem quer falar sobre Deus, fazer afirmações sobre quem Deus é, quando não conhece a si mesmo, criamos um Deus segundo nossa imagem, com os atributos que achamos ou queremos que Deus tenha segundo nossa vontade, um deus com d minúsculo que se sujeite a fazer aquilo que nosso coração anseia, um Deus que supra todas nossas necessidades e passe a mão em nossa cabeça quando cometemos nossos pecados diários, tamanho é a ignorância do homem que chega a pensar que Deus nos deve algum favor, ou que realmente temos algum valor que Deus deve reconhecer em nós. Infelizmente vemos nos dias de hoje uma teologia feita através de músicas em nosso país, que tem levado o povo que se diz cristão a cantar fazendo
IPC
- Interessados pela Palavra de Deus
exigências a Deus, músicas como uma que está muito famosa nos últimos dias ou meses, dizendo que Deus tem que reconhecer o nosso valor e que somos “um espelho que reflete a imagem do Senhor”. Onde porém encontramos estes ensinos nas Escrituras? Sim é verdade que fomos criados à imagem e semelhança de Deus, éramos talvez um espelho que refletia a imagem do Senhor, mas o pecado veio como uma pedra lançada bem no meio desse espelho, estilhaçando totalmente o espelho, restando somente pequenos cacos deste espelho e através desses cacos ainda o homem caído reflete alguns traços do seu Criador, mas somente aqueles que são regenerados pela graça de Deus, um dia na glória eterna serão feitos novamente a imagem do Senhor. Ó como somos ignorantes, pois queremos fazer de Deus um igual a nós, esquecemos que os pensamentos de Deus são mais altos que os nossos pensamentos. Ele conhece nosso coração, nossa mente, não há nada absolutamente nada que façamos ou pensemos que Ele já não saiba de antemão, e só sabemos Dele aquilo que Ele quer que saibamos e até mesmo o pouco que sabemos Dele e de nós mesmos é fruto de sua revelação. Onde pois está a vanglória? Onde está pois o orgulho? Como pode o homem se vangloriar e gabar-se de sua inteligência e capacidade intelectual, quando esta está totalmente sujeita e limitada pela revelação de Deus, que não permite que ela vá além dos limites impostos pelo próprio Deus?! O entendimento de que Deus sabe tudo sobre nós, e que nossa mente está nua diante Dele, e toda nossa capacidade de raciocínio e intelecto, são para Ele como coisa que não é nada, mostra-nos como somos impotentes. Quando lembramos dos maiores feitos do homem, sua grande capacidade de se desenvolver, criar coisas engenhosas, avanços na área da medicina, tecnologia, viagens a lua, armamentos que podem destruir o planeta, são coisas que levam o homem a se gabar, mas não diante de Deus, pois tudo que o homem faz ou possa fazer não é absolutamente nada para Deus. Infelizmente temos uma tendência arrogante impregnada em nós, sempre achando que somos especiais, justos, donos da verdade, e inculcamos em nossa mente que somos sábios quando na verdade somos loucos diante de Deus. E por isso
- Prestando serviço em Amor
necessitamos completamente de Deus para reconhecermos quem realmente somos, pois estamos enganados sobre nós mesmos, precisamos nos achegar aos pés de Senhor rasgando nosso coração, reconhecendo nossa completa ignorância e necessidade de estar com Ele. Precisamos ter nosso coração ferido por sua Palavra, pois o homem só conseguirá reconhecer a sua imperfeição, quando se deparar com a majestade de Deus revelada em sua Palavra. E realmente quando somos confrontados pela verdade de Deus encontrada em sua Palavra, somos envergonhados e humilhados. Quando conhecemos a realidade de quem é Deus e quem verdadeiramente somos nós, dessa maneira entendemos que jamais poderemos ter conhecimento de nós mesmos, se antes não contemplarmos a grandeza de Deus. Não há palavras no vocabulário humano que possam descrever tudo o que Deus é: perfeito, magnífico, excelente, soberano, excelso, incomparável, majestoso, glorioso, ... estas palavras apenas demonstram uma sombra, daquilo que Deus realmente é, de certa forma não há palavras que descrevam quem realmente é o homem, miserável, corrupto, desprezível, insignificante, mal, cruel, rebelde, ... possivelmente estas palavras também não descrevam aquilo que realmente somos, pois o único que realmente conhece-nos completa e absolutamente é Deus, e Ele sabe que somos bem piores do que estas palavras nos descrevem. Diante disto, resta-nos clamar a Deus por sua misericórdia, pedindo: “Torna-nos, Senhor, conhecedores de Ti, e nos dê conhecimento de nós mesmos, como somos conhecidos de Ti; ilumina o nosso coração para que não mais estejamos nas trevas da ignorância, mas tenhamos o conhecimento que nos leve a verdadeira reverência e ao temor que somente Tu és digno, e desta maneira possamos estar diante de tua majestosa presença. Coram Deo”. Amém.
Fábio dos Reis Presbítero da IPC
- Cultuando ao Deus vivo
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