Domingo, 27 de Setembro de 2015 – Ano VII, Número 351
Informativo - IPC
PASTORAL
Encontrando Satisfação na Lei de Deus “Tu ordenaste os teus mandamentos, para que os cumpramos à risca”. Salmo 119.4
A
Bíblia nos ensina desde o início que os seres humanos não foram criados autônomos, isto é, livres para seguirem suas próprias leis; e sim, que eles foram criados teônomos, ou seja, sujeitos às leis de Deus. Sendo que esta verdade não se constitui uma privação, pelo contrário, através da obediência, dever e prazer são coincidentes. Todavia, a tendência geral de nossos dias é enfatizar a exacerbada liberdade entre os seres humanos, transpondo até mesmo o singular princípio do bom senso, influenciada tanto pelos proponentes liberais, que sustentam a todo custo não haver verdades absolutas, como também pelos subjetivistas, para os quais, nessa atmosfera relativista, o “eu”, que é sujeito, é tido como soberano. Do ponto de vista teológico e pratico a questão decisiva para o cristão é: o que a bíblia tem a dizer sobre o assunto. Até mesmo por que, toda a argumentação usada em defesa da liberdade humana, baseia-se em pressupostos humanistas, e nem sempre há a necessária atenção aos ideais bíblicos para os quais os seres humanos foram criados. Assim, para contrapor a tendência perniciosa do livre arbítrio humano e sua crescente influência no meio cristão, precisamos reconhecer um dos aspectos da legislação mosaica que mais representa a vontade de Deus revelada aos homens, no que diz respeito aos principais deveres destes para com o Criador. Estou me referindo aos aspectos morais da lei divina, que contém permanentes orientações do que é certo ou errado e nunca perde a sua validade para aquilatar e dirigir nosso comportamento, seja em relação a Deus seja em relação ao nosso próximo, tornandonos cientes de que todo pecado é uma transgressão da lei e uma ofensa ao seu Legislador. Nós, que temos por sobrenome reformados, podemos facilmente encontrar esses aspectos nas confissões de fé, as quais foram muito bem elaboradas pelos teólogos constituintes da
IPC
- Interessados pela Palavra de Deus
Assembleia de Westminster e adotadas pela nossa igreja como sendo interpretações fies das Escrituras. Portanto, vejamos em um dos nossos Catecismos, na sessão referente às “regras que devem ser observadas para a boa compreensão dos Dez Mandamentos”, alguns exemplos de normas alusivas aos aspectos morais, sendo aplicadas em casos concretos do Novo Testamento:
1ª Norma- Cada mandamento inclui tanto obediência externa como obediência interna. Isso quer dizer que o adultério, por exemplo, não se configura apenas como a consumação de um ato físico, mas é a concupiscência no coração. “Todo aquele que olhar para uma mulher com intenção impura, no seu coração, já adulterou com ela”. (Mt 5.28). O erro dos escribas e fariseus, como de muitos, foi reduzir o mandamento a prática. 2ª Norma- Os mandamentos estão todos num mesmo nível, ou seja, “não dirás falso testemunho” tem peso e consequências iguais que “não matarás”. Conforme nos ensina Tiago: “Pois qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos”. (Tg 2.10). 3ª Norma- Em cada mandamento há um lado negativo e outro positivo, porque em cada pecado proibido há um dever ordenado e em cada dever ordenado há um pecado proibido. Na carta de Paulo aos Efésios, a recomendação do apostolo para aqueles que
- Prestando serviço em Amor
furtavam é: “... não furtem mais; antes, trabalhem...”. (Ef 4.28). 4ª Norma- Qualquer mandamento exige de todo homem, obediência completa, quer dizer obediência perfeita. Neste caso, obedecer 99% não é obediência porque os mandamentos exigem perfeição. “... sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste” (Mt 5.48). 5ª Norma- Esses mandamentos são absolutos no tempo e no espaço. Em outras palavras: é sempre errado roubar, é sempre errado mentir, é sempre errado cobiçar, etc. “... até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da lei, até que tudo se cumpra” (Mt 5.18). 6ª Norma- Os mandamentos nos revelam que não temos a menor condição de guardá-los na nossa própria força. Mesmo depois da regeneração. “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo” (Rm 7.18). A bem da verdade, não se trata apenas de uma mera classificação quanto à qualidade da lei, mas quanto à sua abrangência e eficácia, afinal a morte de Cristo representou um golpe fatal no ego humano. Depois da queda, perdemos o poder de alcançar a retidão guardando a lei, mas aos regenerados, ela é de especial importância tanto para mostrar o quanto são devedores a Cristo, por cumprir e sofrer a maldição da lei em seus lugares, também, para produzir em seus corações uma maior gratidão. Àqueles que mais lhe obedecem, são também os mais felizes, logo, quanto maior obediência, maior satisfação. Amém.
Paulo Wanderley Presbítero
- Cultuando ao Deus vivo
www.ipcanoas.com.br