Informativo - IPC
Domingo, 21 de Fevereiro de 2016 – Ano VIII, Número 372
PASTORAL
Liderança começa por onde?
“Os líderes exercem tal impacto sobre as pessoas que uma igreja não pode ser revitalizada sem bons líderes”, declarou Reeder. E cada vez fica mais difícil encontrar bons líderes para a Igreja. Além de bons líderes serem escassos, percebemos também que há uma crise de liderança nos dias atuais. Uma das evidências da crise de liderança hodierna dentro da estrutura eclesiástica, repousa no fato de termos pessoas em cargos de liderança, mas que não possuem efetivamente liderança alguma. Elas detém o posto, mas não sabem para onde vão. Tem a função, mas não tem eficaz atuação. Isso é alarmante! Isso é trágico e desanimador! Falta-nos líderes verdadeiros. Por falar nisso, como você descreveria um verdadeiro líder? Quais as marcas de uma boa liderança? Se você tivesse que fundamentar a principal característica de um líder, qual seria? O que é fundamental para alguém ser líder? Normalmente pensamos em termos morais e logo definimos que o líder precisa ser alguém comprometido, honesto, de boa índole, outros já acrescentam “tem de ser um homem de oração” ou “tem de ser apegado a Palavra”. Por mais que concordemos que todas estas coisas sejam importantíssimas na vida do líder, não são estes aspectos que o definem como um líder essencialmente. Todos os grandes líderes mundiais, crentes ou incrédulos, bons ou maus, têm em comum uma característica fundamental. Me refiro a visão – a capacidade que o indivíduo tem de perceber a realidade a sua volta, julgar as situações, antecipar os desdobramentos possíveis antes dos outros, ver o que os outros não estão vendo, fazer uma leitura mais clara da realidade, e agir baseado nestas convicções, certo de que poderá influenciar as pessoas a sua volta conduzindo-as a um patamar diferente daquele que eles se encontram. John Maxwell chama isso de Lei da Intuição e assevera que estes líderes “enxergam coisas que os outros não enxergam, fazem transformações e avançam sem que os outros saibam o que está acontecendo”.
IPC
- Interessados pela Palavra de Deus
Sanders descreve em termos mais objetivos assim: “Visão é um retrato mental claro de um futuro preferível, comunicado por Deus a seus servos-líderes escolhidos, baseado num entendimento real de Deus, de si mesmo e das circunstâncias”. Certamente agimos de acordo com aquilo que vemos. Líderes eficazes veem mais que os outros, percebem antes que os outros, antecipam-se antes dos outros. A essência da liderança repousa nesta capacidade de ver mais que os outros e consequentemente tomar decisões e agir de tal forma que releva sua habilidade de conduzir as pessoas persuadidas pelas suas ideias. Líderes sem visão seria uma contradição de termos. Mas hoje existem muitos líderes sem visão, apenas ocupando posição de liderança e não a essência da liderança. Outros desejam liderar, mas não tem habilidade alguma para isso. Definitivamente liderança não é para todos, embora seja uma ciência que possa ser aprendida e desenvolvida por aquele que desejar. Por outro lado líderes eficazes (com visão) fazem a leitura do que está acontecendo a sua volta, conseguem avaliar as situações, compreender as tendências, reunir os recursos, as pessoas e a sua própria potencialidade com suas limitações em torno da visão, conseguindo levar a bom termo a concretização de seu projeto. Uma vez estabelecido que o fundamento da liderança é a visão, falta-nos afirmar que para o cristão tal visão visa a glória de Deus. Nenhum líder cristão buscará fazer nada baseado em seus próprios interesses ou caprichos, mas buscará em total submissão seguir as instruções dadas pelo seu Deus conforme reveladas nas Sagradas Escrituras. Uma visão para a glória de Deus implica em ser um líder que não busca fazer sua própria carreira solo ou buscar um caminho de sucesso pessoal, pelo contrário, como João Batista, ele declara que “importa que Ele cresça e que eu diminua”. Uma visão para a glória de Deus revela um
- Prestando serviço em Amor
líder humilde, totalmente dependente de Deus e submisso à Sua Palavra, ao invés de um líder até mesmo visionário, porém cheio de si mesmo, orgulhoso, e prestes a cair. Mahaney, em seu livro “Humildade”, comenta que o orgulho no coração dos seres humanos se recusa a reconhecer sua dependência Dele e que: “O orgulho também enfraquece a unidade e pode dividir uma Igreja. Mostre-me uma igreja onde há divisão (duas visões), onde há brigas e lhe mostrarei uma igreja na qual existe orgulho. Além disso, ele [orgulho] derruba líderes. Arruína pastores e igrejas mais do que qualquer outra coisa”. Para o cristão não basta ser um líder com uma visão. Sua visão não pode ser fruto de sua própria ideologia, sagacidade, elucubração. Sua visão precisa ser para a glória de Deus. Por isso precisa ser transmitida pelo próprio Deus através da Sua Santa Palavra. Calvino dizia que “se formos zelosos pela glória de Deus, como de fato o devemos, até onde estiver em nosso poder, evitaremos que suas bênçãos se transformem em objetos de abusos” . Líderes calvinistas, portanto, são aqueles que não possuem apenas postos ou cargos, mas a essência da liderança – visão – eles sabem o que são e o que querem, e tudo o que fazem, fazem para a glória de Deus. Eles não abusam da graça de Deus, pelo contrário, são zelosos, pois entendem que “não há parte alguma de nossa vida ou conduta, por mais insignificante que seja, que não esteja relacionada com a glória de Deus, e que devemos preocupar-nos, sim, e envidar todo o nosso esforço para promovê-la”. Este é o tipo de liderança que precisamos!
Rev. Daniel Alves
Pastor da IPC
- Cultuando ao Deus vivo
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