Informativo IPC 433

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Informativo - IPC

Domingo, 23 de Abril de 2017 – Ano XIX, Número 433

PASTORAL

Soberba Reformada

Neste ano comemoramos os 500 anos da Reforma. Movimento político, econômico, educacional e sobretudo religioso que transformou o mundo no século XVI e continua transformando a vida de todos aqueles que abraçam a fé reformada em qualquer lugar no mundo. Somos herdeiros daquela Reforma, e continuamos com o lema dos reformadores “eclesia reformata semper reformanda est” (Igreja reformada, sempre se reformando), procurando atuar no nosso tempo para a glória de Deus! Temos sido testemunhas, neste últimos anos, de uma verdadeira revoada de pessoas de vários seguimentos religiosos (especialmente pentecostais e neo-pentecostais) procurando se agregar às Igrejas históricas herdeiras da reforma, impulsionados pelo desejo de seguir a verdade e ouvir o genuíno evangelho. A grande maioria destes irmãos tiveram experiências traumáticas em suas anteriores igrejas, e quando chegam no nosso meio, ficam maravilhados com aquilo que para muitos se tornou corriqueiro: um culto solene bem ordenado, canções com bom conteúdo teológico, pregação bíblica expositiva, ausência de emocionalismo e mensagem sem fundamentação, pessoas fraternalmente amigas e líderes honestos. Isto que é básico para uma igreja cristã autêntica, tem ficado raro hoje em dia em muitos arraiais. Assim, muitos tem abraçado a fé reformada e engrossado as fileiras das nossas igrejas, ávidos por pregar o evangelho e expandir o reino sobre a face da terra. Contudo, temos percebido uma tendência perigosa acompanhando esta revoada: a indignação por terem sido enganados em alguma destas igrejas, os escândalos envolvendo líderes eclesiásticos e as aberrações religiosas atribuídas ao Espírito Santo por parte de muitos pregadores destas igrejas, tem gerado inconscientemente nestes “novos calvinistas” uma atitude reprovada que precisa ser combatida: eles se sentem donos do saber e altamente belicosos. Seus discursos concentram a maior parte do tempo dando indiretas para igrejas não reformadas, insuflados pela soberba pessoal de “agora pertencer a uma igreja de verdade” e saber mais do que os seus antigos líderes. Discutem por

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- Interessados pela Palavra de Deus

discutir alguns assuntos apenas para vencer o debate teológico, e a mensagem da cruz que deveria ocupar o centro das suas vidas transformando-as completamente, acaba ficando apenas de marca d’agua, pois a gana de mostrar a verdade “doa a quem doer” torna-se a égide para brigas e discussões intermináveis sobre os 5 pontos do calvinismo ou os 5 solas da reforma. Esta “Soberba Reformada” tem feito com que muitos pastores mais maduros tenham que “enjaular” o novo calvinista para que ele não cause grandes estragos agindo como se fosse “o demônio da Tasmânia”. Aos novos calvinistas que tem chegado às nossas igrejas, ao mesmo tempo que lhes damos boas vindas, lembramos-lhes alguns preceitos bíblicos norteadores para esta nova fase de suas vidas cristãs, para que encontrem o equilíbrio necessário para uma vida saudável, e não causem falatórios ou criem uma má imagem da fé reformada diante da sociedade: 1. Seja grato a Deus pelo tempo que esteve na anterior igreja, pelas pessoas que conheceu e por ter o primeiro contato com o evangelho ali. Isto equivale a dizer “não cuspa no prato que comeu”, ou, em termos bíblicos, “seja grato a Deus por tudo” (Ef 5.20; Cl 3.17; 1Ts 5.18). Por mais estranho que isso possa parecer, lembre que foi lá que Deus te vocacionou eficazmente. 2. Não ache que ser calvinista significa apenas crer nos 5 pontos do calvinismo. Que redução infeliz!!! Estes temas fazem parte de importantes aspectos soteriológicos, contudo, calvinismo é muito mais que isso! Calvinismo tem haver com correto entendimento bíblico sobre Cosmovisão, Cristologia, Escatologia, Pneumatologia, Eclesiologia, e tantas outras. Tem haver com santificação, vida de oração, guarda do dia do Senhor, honestidade, respeito aos pais, pagar as dívidas em dia, dar bom testemunho, ser sal da terra e luz do mundo, ter ações de socorro aos necessitados, trabalhar com dedicação, estudar de forma comprometida e uma série de outras coisas tanto teóricas quanto práticas, que nunca andam separadas. 3. Ser Reformado é ter o orgulho esmagado pela graça de Deus, ao reconhecer que tudo que temos e somos vem Dele e não de nós mesmos.

- Prestando serviço em Amor

Portanto, não se “ache” melhor que os outros só porque descobriu a verdade. “Seja outro o que te louve, e não a tua boca” (Pv 27.2). Procure cultivar a humildade em suas relações interpessoais. As pessoas terão mais interesse em lhe ouvir quando perceber que já entendeu “...que quiser ser o primeiro entre vós será vosso servo, tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir...” (Mt 20.27-28). Portanto, sirva com humildade! 4. Aprenda a falar a verdade com amor (Ef 4.15), e não como um ferro para ferir os outros. “Portaivos com sabedoria para os que são de fora; aproveitai as oportunidades. A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um” (Cl 4.5-6). 5. Evite discussões tolas com quem não está disposto a dialogar para crescer. “Não lance suas pérolas aos porcos...” (Mt 7.6), “Evita discussões insensatas, genealogias, contendas e debates sobre a lei; porque não tem utilidade e são fúteis” (Tt 3.9), “Acolhei ao que é débil na fé, não, porém, para discutir opiniões” (Rm 14.1), “Ora, é necessário que o servo do Senhor não viva a contender, e sim deve ser brando para com todos, apto para instruir, paciente, disciplinando com mansidão os que se opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade, mas também o retorno a sensatez, livrando-se eles dos laços do Diabo, tendo sido feitos cativos por ele para cumprir a sua vontade” (2Tm 2.24-26). Precisamos mortificar a “Soberba Reformada” que tem surgido em nossos dias, não abandonando nossos princípios de fé (Hb 10.35), não mercadejando com a Palavra (2Co 4.2), não procurando agradar aos homens (1Ts 2.5-6), mas procurando apresentar-se a Deus aprovado como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2Tm 2.15), “fazendo emudecer a ignorância dos insensatos, pela prática do bem” (1 Pe 2.15). Soli Deo Gloria!

Daniel Alves Pastor da IPC

- Cultuando ao Deus vivo

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