Domingo, 22 de outubro de 2017 – Ano IX, Número 459
Informativo - IPC
PASTORAL
Ícones da Reforma Protestante – Ulrico Zwínglio
Menos de dois meses depois que Lutero veio ao mundo, Zwínglio nasceu em 1 de janeiro de 1484, em Wildhaus, uma pequena vila na parte oriental da Suíça moderna, a quarenta milhas de Zurique. Seu pai, Ulrico, de camponês se tornou um homem da classe média alta, um fazendeiro e pastor bem-sucedido, bem como o chefe do magistrado do distrito. Esta prosperidade lhe permitiu proporcionar ao seu filho uma excelente educação. Ele chefiava uma casa onde os típicos valores suíços foram inculcados no jovem Ulrico: independência firme, patriotismo forte, zelo pela religião e interesse real pela erudição. O pai, Ulrico, reconheceu as habilidades intelectuais de seu filho e o enviou ao seu tio, um ex-sacerdote, para aprender a ler e a escrever. Graças à sua prosperidade, o pai de Zwínglio foi capaz de proporcionar ao seu filho educação contínua. Em 1494, ele enviou Zwínglio, então com dez anos, ao equivalente ao ensino médio em Basileia, onde estudou latim, dialética e música. Ele fez um progresso tão rápido que seu pai o transferiu para Berna em 1496 ou 1497, onde ele prosseguiu os seus estudos sob a instrução de um notável humanista, Heinrich Woeflin. Ali, Zwínglio recebeu exposição significativa às ideias e aos métodos escolásticos do Renascimento. Seus talentos foram observados pelos monges dominicanos, que tentaram recrutá-lo para a sua ordem, mas o pai de Zwínglio não queria que seu filho se tornasse um frade. Em 1498, o pai de Zwínglio o enviou para a Universidade de Viena, que se tornou um centro de erudição clássica, uma vez que a escolástica foi substituída por estudos humanistas. Ali, estudou filosofia, astronomia, física e os clássicos antigos. Em 1502, se matriculou na Universidade de Basileia e recebeu uma boa educação humanista. Na classe, ele passou a estar sob a influência de Thomas Wyttenbach, professor de teologia, e começou a tomar conhecimento dos abusos na igreja. Ele também lecionou latim enquanto continuava com outros estudos clássicos. Ele recebeu o diploma de bacharelado, em 1504, e de mestrado, em 1506. Zwínglio foi ordenado ao sacerdócio na Igreja Católica Romana e imediatamente adquiriu um pastorado em Glarus, sua igreja de infância. Durante seu serviço em Glarus, de 1506 a 1516, Zwínglio serviu duas vezes como capelão para grupos de jovens mercenários suíços. Havia grande demanda de soldados suíços contratados em toda a Europa e eram uma importante fonte de renda para os cantões suíços. Mesmo o papa tinha guardas suíços ao seu entorno. Mas essa prática custou a vida de muitos dos melhores jovens suíços. Como capelão, Zwínglio testemunhou que muitos lutavam entre si, suíços matando suíços em terra estrangeira para governantes estrangeiros. Ele foi forçado a administrar os últimos ritos inúmeras vezes. A Batalha de Marignano (1515) ceifou quase dez mil vidas
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- Interessados pela Palavra de Deus
suíças. Zwínglio chegou a lamentar os males desse sistema e começou a pregar contra ele. Seu último ano em Glarus provou ser fundamental. Foi nessa época que Zwínglio chegou a uma compreensão evangélica das Escrituras. Erasmo publicou seu Novo Testamento grego naquele ano, e Zwínglio o devorou. Diz-se que ele memorizou as epístolas de Paulo na língua original. Isso ocorreu um pouco mais do que um ano antes de Lutero ter pregado as suas noventa e cinco teses na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg. Graças ao seu estudo das Escrituras, sem conhecimento das ideias de Lutero, Zwínglio começou a pregar a mesma mensagem que Lutero logo proclamaria. Ele escreveu: “Antes que alguém na região já tivesse ouvido falar de Lutero, comecei a pregar o evangelho de Cristo em 1516… Comecei a pregar o evangelho antes de ter ouvido o nome de Lutero… Lutero, cujo nome eu não conheceria por pelo menos mais dois anos, definitivamente não me instruiu. Eu segui somente a Sagrada Escritura”. Em dezembro de 1518, a crescente influência de Zwínglio garantiu a ele o cargo de “sacerdote do povo” na Grossmünster (Grande Catedral), em Zurique. Este pastorado era uma posição eminente. Zwínglio imediatamente rompeu com a prática normal de pregação de acordo com o calendário da igreja. Em vez disso, anunciou que pregaria sequencialmente através de livros inteiros da Bíblia. Em 1º de janeiro de 1519, em seu trigésimo quinto aniversário, Zwínglio iniciou uma série de sermões expositivos em Mateus que foram retirados de sua exegese do texto grego. Ele continuou esse estilo consecutivo até ter pregado todo o Novo Testamento. Este projeto ambicioso levou seis anos e preparou o terreno para a obra da reforma a seguir. No outono de 1519, Zurique sofreu um surto de praga. Dois mil dos sete mil cidadãos morreram. Zwínglio escolheu ficar na cidade para cuidar dos doentes e moribunddos. No processo, ele próprio contraiu a doença e quase morreu. Sua recuperação de três meses o ensinou muito sobre confiar em Deus. Este sacrifício pessoal também aumentou a sua popularidade entre o povo. Em novembro de 1522, Zwínglio começou a trabalhar com outros líderes religiosos e com o conselho da cidade para realizar grandes reformas na igreja e no estado. Em janeiro de 1523, escreveu sessenta e sete teses, onde rejeitou muitas crenças medievais, como o jejum forçado, o celibato clerical, o purgatório, a missa e a mediação sacerdotal. Além disso, começou a questionar o uso de imagens na igreja. Em junho de 1524, a cidade de Zurique, seguindo a sua liderança, determinou que todas as imagens religiosas deveriam ser removidas das igrejas. Também em 1524, Zwínglio deu mais um passo de reforma: ele se casou com Anna Reinhard,
- Prestando serviço em Amor
uma viúva. Tudo isso parece ter acontecido antes de Zwínglio ter ouvido falar de Lutero. Esta foi verdadeiramente uma evidente obra Deus. Em 1525, o movimento da Reforma em Zurique ganhou força significativa. Em 14 de abril de 1525, a missa foi oficialmente abolida e os serviços de culto protestantes foram iniciados em Zurique e seus arredores. Zwínglio escolheu implementar apenas o que foi ensinado nas Escrituras. Seja o que for que não tivesse apoio explícito das Escrituras foi rejeitado. As palavras da Escritura foram lidas e pregadas na língua do povo. Toda a congregação, não apenas o clero, recebia pão e vinho em um simples culto de comunhão. O ministro usava vestes como aquelas encontradas nas salas de aula e não nos altares católicos. A veneração de Maria e dos santos foi proibida, as indulgências foram banidas e as orações pelos mortos foram interrompidas. A ruptura com Roma estava completada. Em uma das estranhas ironias da história, Zwínglio, que anteriormente se opunha à prática de usar mercenários na guerra, morreu no campo de batalha em 1531. Um conflito crescente entre Protestantes e Católicos fez os cantões se armarem, e uma guerra logo irrompeu. A cidade de Zurique foi à batalha para se defender contra cinco cantões Católicos invasores do sul. Zwínglio acompanhou o exército de Zurique na batalha como um capelão de campo. Vestido de armadura e armado com um machado de batalha, ele foi gravemente ferido em 11 de outubro de 1531. Quando os soldados inimigos o encontraram ferido, o mataram. As forças do sul então submeteram seu cadáver a um tratamento vergonhoso. Eles o esquartejaram, cortaram os seus restos em pedaços e os queimaram, depois misturaram as suas cinzas com esterco e as lançaram fora. Hoje, exibida de forma proeminente em Water Church, Zurique, há uma estátua de Zwínglio. Ele está de pé com uma Bíblia em uma mão e uma espada na outra. A estátua representa Zwínglio em sua influência sobre a Reforma Suíça, forte e resoluto. Embora o seu ministério em Zurique tenha sido relativamente curto, ele realizou grandes feitos. Através de sua defesa heroica da verdade, Zwínglio reformou a igreja em Zurique e liderou o caminho para que outros Reformadores o seguissem.
Steven J Lawson Teólogo
- Cultuando ao Deus vivo
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