Domingo, 17 de dezembro de 2017 – Ano IX, Número 467
Informativo - IPC
PASTORAL
Conceição – O Primeiro Pastor Protestante Brasileiro
José Manoel da Conceição nasceu em 11 de março de 1822, na cidade de São Paulo (SP). Aos dois anos de idade, foi residir em Sorocaba, onde foi criado. Sendo formado na Igreja Romana, foi batizado na Sé de São Paulo em 24 de março de 1822, tendo como padrinho, o seu tio-avô, padre José Francisco de Mendonça – irmão de seu avô Manoel Francisco de Mendonça –, que exerceria poderosa influência sobre seu afilhado. Devido a carga de ensinos religiosos que recebeu, tornou-se muito devoto desde cedo. Tinha os mesmos ideais que Lutero, Zwinglio e Feijó. Desde cedo sempre foi muito dedicado nos estudos, tornando-se logo um erudito. Seus primeiros estudos fez na escola do Mestre Jacinto. Logo se mostrou muito inteligente e responsável. Dividia seu tempo com os estudos e os trabalhos na Igreja, o que muito apreciava. Como ele mesmo declarou: Na idade de doze anos comecei a estudar, e daí até completar vinte e três anos tinha feito os meus exames de latim, francês, lógica, retórica e teologia moral e dogmática. Em 1844 fui ordenado diácono pelo finado bispo D. Manoel Joaquim Gonçalves de Andrade [...]. Seu colega, frei Monte Carmelo – “o grande apologista de Conceição” (VIEIRA, 1980, p. 147) –, lembra que “em latim e em humanidades, José Manoel da Conceição nunca foi excedido pelos seus colegas de teologia”. Naquela época, o Brasil recebeu muitos estrangeiros, que deixaram sua terra em busca de melhor sorte neste país novo e promissor. Era a época do café. Conceição fez amizade com uma família inglesa e impressionava-se com o modo como aquela família, aos domingos, deixava todos os seus afazeres para dedicar-se ao estudo da Bíblia, orar e cantar juntos. E continuou a fazer amigos entre os estrangeiros protestantes. Para entendê-los melhor, estudou inglês e alemão. Seus superiores não gostaram. Quando chegou o
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- Interessados pela Palavra de Deus
dia de sua ordenação como sacerdote católico, soube, na última hora, que havia um processo contra ele e sua ordenação foi suspensa. Pensou até em abandonar a carreira, mas sua consciência o levou a continuar, na intenção de combater os erros e injustiças que via em sua Igreja. Finalmente, em 1844, foi ordenado padre. Sua primeira paróquia foi na cidade de Limeira, SP. Amante da Bíblia, não concordava com a idolatria católica, chegando a ser influenciado pela história da Reforma, era conhecido como “Padre Protestante. Com o passar dos anos, a influência da Palavra de Deus em sua vida o levou a abandonar o catolicismo, contudo o ex-padre, sempre que tinha oportunidade, apontava os gravíssimos erros do catolicismo. Ao encontrar-se com Blackford, sua vida recebeu um novo itinerário. Em 1864 grandes mudanças aconteceram na vida do padre Conceição. Em 28 de setembro ele rompeu com o romanismo. Em 23 de outubro de 1864, fez sua pública profissão de fé́ e foi batizado (LIVRO DE ATAS DO PRESBITÉRIO DO RIO DE JANEIRO, Sessão de 6/8/1875). E no dia 17 de dezembro de 1865 foi ordenado pastor – o primeiro pastor protestante brasileiro da história do nosso país. Pregador itinerante, pregou em diversas cidades com um método inovador. De mochila ao ombro, ia de lugar em lugar, de casa em casa. Dedicou-se a visitar e revisitar suas antigas paróquias a fim de corrigir seus ensinamentos passados e apresentar uma nova mensagem religiosa. A Igreja Romana o excomungou, mas ele permaneceu firme servindo ao Senhor ressurreto. A ousadia de Conceição era considerada mais grave para o clero pela sua própria estatura como intelectual, pregador e pastor de seu rebanho: “Em toda parte onde paroquiou ou pregou, era benquisto do povo e com justiça considerado um dos maiores
- Prestando serviço em Amor
ornamentos da tribuna sagrada da diocese de São Paulo”. Diferentemente dos missionário norteamericanos, não assumiu nenhum pastorado e só se dedicou a anunciar a mensagem nuclear da Reforma, a salvação pela fé em Jesus Cristo e isso de sítio em sítio, de casa em casa, de cidade em cidade, viajando incansavelmente, quase sempre a pé e até a exaustão. Dava grande importância às viagens evangelísticas. Conceição não descansava. Não se preocupava muito com a aparência, era um verdade João Batista no Brasil. “Sua roupa e seu calçado eram de um estado imprestável, pelo que lhe foi necessário esperar que anoitecesse para entrar na cidade... uma família crente lhe forneceu a roupa e o calçado de que tanto precisava, porque... ele não levou um vintém no bolso”. Não pretendo aqui narrar toda a sua história, seu trabalho, e sua morte, mas quero despertar o leitor a pensar neste primeiro pastor brasileiro. Sua busca pela verdade, seu amor ao evangelho, sua visão missionária, seu brio pessoal e seu zelo pelas coisas de Deus. Que este modelo de vida consagrada possa ser imitada hoje pela igreja! E que a Igreja seja um celeiro de pastores crentes e de bom testemunho como foi o Conceição. Que neste dia que comemoramos o dia do pastor, oremos ao Senhor para que conceda às nossas igrejas homens como este, “dos quais o mundo não era digno” Hb 11.38, homens comprometidos com o avanço do Reino de Deus!
Daniel Alves Pastor da IPC
- Cultuando ao Deus vivo
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