1 Estudo 1 Atos dos Apóstolos: O Início da Igreja de Jesus Cristo Atos 1 IPCci 09/02/2012 Pr. Jorge Luiz Patrocinio, Ph. D, INTRODUÇÃO Uma pergunta inicial? Onde e quando começou a Igreja de Cristo? A pergunta é como uma laranja com vários gomos. O grande pregador Britânico do século XX Martyn Lloid Jones disse que a Igreja nasceu na crucificação e quando o soldado abriu o lado de Jesus, a igreja nasceu, da mesma forma que Deus abriu o lado de Adão para retirar Eva. Semana passada estudamos o texto de Mateus 16:13-18 quando Jesus disse: Eu edificarei a minha igreja. Então Jesus já via a sua igreja. Daí dizer que a Igreja começou a existir quando Jesus arregimentou os discípulos. João 2, no casamento em Caná da Galiléi, versículo11 nos é dito: “Com este, deu Jesus princípuo a seus sinais em Caná da Galiléia; manifestou a sua glória e os seus discípulos creram nele.” Mas é preciso dizer também que a Igreja de Cristo passou a viver na “doutrina dos apóstolos” com o derramento do Espírito Santo. Daí dizer que até Atos a Igreja vivia de forma embrionária, mas em Atos ela granha sua plenitude. Então, no livro de Atos dos Apóstolos encontramos uma narrativa de como foi o início da igreja de Jesus Cristo aqui na terra, o exemplo deixado pelos apóstolos e um padrão permanente para a igreja. Ou seja, apesar do Livro não ser escrito primariamente como padrão doutrinário, os acontecimentos da Igreja apostólica se tornaram um padrão de vida prática para a igreja em todos os tempos. Quem quiser seguir a Cristo deve levar em conta os exemplos dos apóstolos vistos neste livro. Exemplos de santidade, ousadia, sofrimento, oração, fraternidade, união, de evangelizmo e missões. As principais características da igreja primitiva, narrada no livro de Atos dos Apóstolos são:
As últimas instruções de Jesus e a ordenança de evangelizar as nações;
A igreja estava constantemente em oração;
A igreja supria os necessitados;
Curas e maravilhas eram realizadas pelos apóstolos, dando sequência ao que Jesus tinha feito;
Grandes pregações e muitas conversões;
Os primeiros mártires: (Estevão e Tiago)
Prisões e sofrimento fizeram parte da vida dos apóstolos;
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Grande expansão missionária da igreja; Com a leitura do livro de Atos dos Apóstolos devemos compreender que servir a Deus está acima de todas as coisas e mesmo em meio às dificuldades e sofrimentos é necessário mantermos o padrão bíblico de obediência a Deus. Fazendo uma comparação da igreja primitiva com o cristianismo atual, iremos encontrar diferenças discrepantes. Veja algumas coisas que ocorre na igreja atual e não encontramos em Atos dos Apóstolos.
Na Igreja Apostólica as pessoas iam para a Igreja atraídas pela vida piedosa dos irmãos e a ação do Espírito na conversão. Em nossos dias, muitas pessoas têm procurado as igrejas evangélicas para obter benefícios materiais apenas e esquecem-se do que é de fato a igreja;
A igreja tem sido usada por muitos apenas para “cobrar” bênçãos de Deus;
O relativismo é tolerado como normal por muitos. A idéia de pecado passa ser algo muito vago, “depende”;
A mensagem pregada pela Igreja apostólica era clara e limpa (Sem nenhuma interferência). Paulo disse em 1Co 2.2: “Decidi nada saber entre vocês, a não ser Jesus Cristo, e este crucificado.” Ora, se foi Jesus que morreu por nós, então nosso compromisso e esperança está em Jesus.
É preciso dizer ainda que há alguns mitos sobre a Igreja do NT que precisam ser quebrados por que esses mitos às vezes nos atrapalham: 1. A Igreja não tinha problemas 2. Na Igreja não havia divisões – 3. Todos serviam de coração 4. Não havia escândalos 5. Os líderes eram todos perfeitos -
Vamos pontuar algumas verdades sobre a Igreja de Cristo baseadas em Atos 1: 1. A Igreja nasceu na visão bi-dimensional dos tempos Vrs.6-7 “... Senhor, será este o tempo em que restaures o reino a Israel? Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou para a sua exclusiva autoridade.” Depois de passarem pela dor da crucificação do Mestre, o vexame das acusações dos judeus e o sentimento de abandono; os discípulos se maravilharam ao verem Jesus.
3 E logo eles perguntaram: O tempo chegou? Eles estavam olhando para o presente. E Jesus os fêz olhar para o futuro. Vr. 11 “... Varões galileus, por que estais olhando para as alturas? Esse Jesus que dentre vós é assunto ao céu virá do modo como o vistes subir.” Aqui Jesus direciona a visão deles novamente para o presente. Então, veja que ao encontrarem Jesus a visão deles estava no presente: Quando Jesus os fez olhar para o futuro. Mas ao olharem para o futuro quando Jesus subiu os anjos os fez olhar de volta para o presente. Esta é a grande verdade sobre a Igreja de Cristo que estará presente em toda a sua trajetória aqui na terra: Devemos olhar para a terra e olhar para o céu. É o movimento do caminhar onde um pé fica no solo (terra)e o outro nos impusiona para frente (futuro). É impossível disassociar essa visão: A visão é bi-dimensional. Se acentarmos nossa visão apenas na vida futura corremos o risco de nos tornar alíenígenas sociais. Ex. E lembre-se que quando a mulher samaritana encontrou-se com Cristo o reconheceu como judeu. Se voltarmos nossos olhos apenas para esta vida presente, transformamos o o que cremos num evangelho puramente social. Essa ênfase bi-dimensional está espalhada por toda a Bíblia: Paulo fala dela em 2 Timóteo 2:4: Nenhum soldado em serviço se envolve em negócios desta vida, porque o seu objetivo é satisfazer àquele que o arregimentou". Mas talvez o que melhor a retratou foi João Batista quando recebeu soldados romanos para serem batizados: Lucas 3:3 “...Ele [joão] percorreu toda a circunvizinhança do Jordão, pregando batismo de arrependimento para a remissão de pecados.” Lucas3:14 “Também soldados lhe peruntaram: E nós, que faremos? E ele lhes disse: A ninguém maltrateis, não deis denúncia falsa e contentai-vos com o vosso soldo.” Portanto, essa é a grande característica da Igreja de Cristo para todas as épocas: a sua visão bi-dimensional de tempo e espaço.
2. A igreja de Jesus Cristo iniciou sofrendo muitas perseguições. Vrs. 15 a 26 falam da escolha de Matias para assumir o posto apostólico vacante com a traição de Judas. É interessante o fato de que Jesus nada falou sobre a substituição do traidor. Mas aqui começa a aparecer a autoridade apostólica.
4 Versículo 1 diz: “.... Escrivi o primeiro livro, ó Teófilo, relatando todas as coisas que Jesus começou a fazer e ensinar.” Agora os apóstolos precisam dar continuidade. E logo no primeiro capítulo eles chegam a conclusão que deveriam escolher alguém para compor o colégio de 12 no plano inicial de Jesus. Fica claro que Judas não quiz sofrer com os demais apóstolos. Preferiu amoldarse aos padrões da sociedade. Os apóstolos foram presos, alguns apedrejados, outros mortos e tudo isto porque eles davam testemunho de Jesus Cristo. O que eles pregavam era que Jesus havia ressuscitado, subido ao céu e que voltaria. Que era necessário o arrependimento dos pecados e entregar a vida a Jesus Cristo para obter a salvação. A mensagem que Paulo, Pedro, Estevão, João, Tiago e outros pregavam naquela época continua valendo para os nossos dias. Ela não caducou, pelo contrário, continua viva e atual para a igreja contemporânea. Da mesma forma, a perseguição que eles viveram continua valendo para os nossos dias. Elas não caducaram. Jesus disse: “... se perseguiram a mim, perseguirão a vós outros também...”Jo. 15:20 2 Timóteo 3:12 nos diz: “Ora, todos quantos querem viver pieosamente em Cristo Jesus serão perseguidos.” Paulo em Romanos 8:36, mencionando o Salmo 44:22, nos diz: “Por amor de ti somos entregues à more o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro.” O problema é que não temos a visão de perseguição em nossos dias porque a vemos como algo puramente físico. Nos esquecemos de olhar o conceito espiritual, ético, moral, ideológica, mental da perseguição. Todos os dias somos perseguidos e todos os dias precisamos dar provas de nossa fé. Vivemos uma nova face de perseguição que os cristãos do primeiro século viviam, mas não deixar de ter os seus perigos. Veja essa face pós moderna de perseguição nas palavras do Missionário Osni Ferreira (Oriente Médio) PALAVRA SÁBIA... Em uma reunião recente um amigo me alertou: “Osni não se preocupe com as coisas negativas que acontecem com você, mas se preocupe sim, com as positivas”. Confesso que fiquei meio sem entender o que ele queria dizer, quando ele acrescentou: “As coisas negativas nos levam para mais perto de Deus, no entanto, as positivas nos levam ao altar do orgulho e da autosuficiência”. Palavra sábia e de importante reflexão, para não caírmos no perigo de nos tornarmos pequenos deuses, acreditando que as coisas acontecem
5 por causa de nós. As coisas positivas acontecem no nosso ministério, por causa do grande Deus que nós temos e não em decorrência da nossa habilidade pessoal. Que Deus nos ajude a entendermos que tudo vem Dele e Ele sim é o único merecedor de toda a honra e glória.
3) A Igreja de Jesus nasceu derrubando as barreiras de separação Até aquele momento o povo de Deus (Israel) era um povo separado e separatista. Pouquíssimos estranjeiros entraram em suas fileiras. Mulheres, crianças, doentes, estrangeiros, escravos, etc eram discriminados e colocados num patamar inferior religiosamente falando nesta busca a Deus. Vr. 14 “Todos eles perseveravam unânimes em oração, com as mulheres, com Maria mãe de Jesus e com os irmãos dele.” Estavam alí os onze apóstolos, a família de Jesus e as mulheres. Eles tinham visto a proceder de Jesus ao longo de Seu ministério com as classes minoritárias: mulheres, crianças, viúvas, doentes, samaritanos, etc. E eles começaram a cultivar esse novo paradigma que fazer as barreiras da separação caírem. Mas ainda havia um longo caminho a percorrer neste assunto. Atos 2:5 nos diz que “estavam habitando em Jerusalém judeus, homens piedosos, vindos de todas as nações debaixo do céu.” Quando o Espírito Santo foi derramado todas essas pessoas foram impactadas e reunidas num só propósito. Mas ainda havia u m longo caminho a percorrer para que as barreiras de separação pudessem cair. Veremos as lutas e os concílios reunidos no livro de atos para que a discriminação racial e social pude ser vencida. Mas por ora basta mencionar o que Paulo disse em Gálatas 3:28: “Já não há judeu nem grego, nem escravo nem livre, nem homem nem mulher, pois todos vós sois um em Cristo Jesus.” Portanto, essa é uma marca irremovível da Igreja de Cristo: a queda das barreiras raciais e sociais. CONCLUSÃO Se queremos cultivar os ensinamentos mais elementares da Igreja na Central precisamos pagar um preço (um esforço extra e pessoal) em viver essas características básicas: (1) Visão bi-dimensional; (2) Renúncia pessoal e diária; (3) Igualdade.