Estudo 3 o cântico de moisés

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O Cântico de Moisés Um Cântico de Libertação Êxodo 15:1-3 Pr. Jorge Patrocinio Exórdio Já disse aos irmãos uma vez que a minha vida é dividida claramente por décadas com eventos que a cada fim de 10 anos transformaram totalmente a minha vida e me fizeram ser quem eu sou hoje: Aos 10 anos de idade saímos do Rio de Janeiro e nos mudamos para o Espírito Santo Aos 17 para 18 anos tive um encontro pessoal com Cristo Aos 26 fui ao Seminário Aos 33 fui para os Estados Unidos Aos 43 fiquei viúvo e me casei com Cecília Eventos que mudaram toda a minha trajetória. Credito que você tenha esses eventos. Introdução Há eventos na vida de famílias, nações, comunidades e pessoas que mudam toda a trajetória de sua existência. E depois destes acontecimentos, o tempo passa a ser medido por “antes” e depois deles. Alguns desses eventos positivos acrescentam em nossa vida. Outros, negativos, arrancam um pouco de nós. Mas todos eles nos ensinam, nos moldam e fazem a gente ser quem nós somos. Nós somos uma mistura de DNA’s trazendo a singularidade de nossa personalidade e experiências moldando-nos para a vida. Veja esta declaração “Cantai ao Senhor, porque gloriosamente triunfou e precipitou no mar o cavalo e o seu cavaleiro” Palavras simples, para um cântico simples. O cântico de Miriã, reverberado pelo cântico de Moisés. Um convite para aqueles que foram libertos pelo poder do Senhor. Provavelmente um dos mais antigos cânticos do povo de Israel. O texto que lemos é um desses eventos – Antes e depois – Talvez “o evento”. Para todo sempre depois do Êxodo o povo Israel viu a si


mesmo como o povo que Deus tinha intervido de forma real, direta e providencial na vida e na libertação deles. O povo que Deus tinha libertado do cativeiro. “Eu serei seu Deus e vós sereis meu povo.” Israel experimentou outras lutas e outros cativeiros; mas o cativeiro do Egito foi singular para eles. E de uma certa forma Israel era o único povo nesta compreensão. Não apenas na compreensão de vida, de universo, de plantação e de sustento material; mas na compreensão dos eventos do tempo de libertação e salvação de Deus. “Eu serei o seu Deus e vós sereis o meu povo.” Somente o povo de Israel poderia arrogar para si estas palavras divinas. Um povo particular de Deus Em Êxodo 19:3-6 nos é dito a respeito deste relacionamento singular entre Deus e Israel: “E subiu Moisés a Deus, e o Senhor o chamou do monte, dizendo: Assim falarás à casa de Jacó, e anunciarás aos filhos de Israel: Vós tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de águias, e vos trouxe a mim; Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos, porque toda a terra é minha. E vós me sereis um reino sacerdotal e o povo santo. Estas são as palavras que falarás aos filhos de Israel.” Para Israel a presença de Deus era, de fato, a coisa mais importante e que o diferenciava de todos os outros povos. Andar em aliança com Deus significava ser um povo de sacerdote santo que tributava a Deus toda honra e toda a glória em todo tempo. E a forma que eles encontraram para viver esta espiritualidade cheia de sentido e significado foi compor os cânticos de louvor a Deus. Israel nos oferece um espelho de nós mesmos. E a libertação do Egito cantada por Moisés se prefigura como um extrato verdadeiro da nossa salvação. De alguma forma nós estamos sempre cantando, estamos sempre viajando, estamos em movimento, a caminho para a nossa pátria celestial. Como o Apóstolo Pedro diz “vós sois raça eleita, sacerdócio


real, nação santa; povo de propriedade exclusiva de Deus...” (1 Pe. 2.9) Nós somos um povo com um cântico nos lábios. Como Agostinho disse uma vez “Nós somos o povo da páscoa e aleluia é o nosso cântico.” Como o cântico que cantamos “Desde o dia em que aceitei Jesus um mundo novo se abriu para mim... Tantos sonhos já não valem mais, os meus pecados eu deixei para trás...” “Pois aquele que está em Cristo é nova criatura, as coisas velhas se passaram; eis que tudo se fez novo.” Nós somos pessoas com uma forte experiência- a experiência da salvação- que dividiu para sempre a nossa existência e trajetória. Estávamos andando para o norte e amandos coisas naquela direção. Deus virou o nosso rumo e passamos a andar para o sul e amar coisas que antes odiávamos e a odiar coisas que antes amávamos. Mas nós somos não apenas um povo com a experiência da salvação, mas também umpovo com um novo cântico nos lábios em todas as circunstâncias: Quando estamos felizes e quando estamos tristes; quando nascemos e quando morremos; quando vencemos e quando perdemos. Por isso, podemos cantar nesta noite “O Senhor triufou gloriosamente.” O Cântico de Moisés Um Cântico de Libertação Três verdades dos lábios de Moisés sobre o cântico de libertação: 1. Moisés credita a Deus toda a honra e toda a glória pela libertação – vr. 1 “O Senhor triunfou...” Moisés vê em Deus um general estrategista que desce para a batalha, que planeja e executa a libertação de Seu povo. É a acomodação do Deus altíssimo e soberano que vence como um general mas com uma vitória não muito esmagadora. Em outras palavras, Deus desce para ser general, mas mantém o seu exército


atrás tomando atitudes, e tendo medo dos seus adversários para confiar no General. Com um sopro de sua boca, Deus poderia fulminar os inimigos de Israel. Afinal, segundo Jó 34:14-15"Se Deus pensasse apenas em si mesmo e para si recolhesse o seu Espírito e o seu sopro, toda carne juntamente expiraria, e o homem voltaria ao pó." Mas Deus não faz assim. Ele não lidera a batalha contra Faraó despejando sobre o inimigo toda as Suas inigualáveis grandeza, força e poder; Deus vence Faraó como um general de guerra cavalgando à frente do Seu povo. Desta forma, Deus vence Faraó, mas usa o Seu povo para atraí-lo ao mar. Moisés reconhece essa soberania da vitória de Deus e credita a Ele toda honra e toda glória. A Bíblia diz que “Jesus é o autor e consumador da nossa salvação.” Que nós fomos salvos pelo Senhor. Ele nos arrancou do império das trevas. E Ele mesmo nos sustenta em nossa caminhada. Ele faz isso tendo como causa a Sua aliança e como efeito o louvor da Sua glória. Ou seja, fomos salvos por causa do seu inefável amor e imutável vontade; mas somos salvos para a Sua glória. Viver a salvação de Deus é trazer sempre em nossa vida sacrifício de louvor que é o fruto de lábios que confessam o Seu nome. (Hb. 13.15) 2. Moisés reafirma sua vida espiritual – vr. 2 “...ele me foi por salvação. Este é o meu Deus... é o Deus de meu pai...” No Antigo Testamento a palavra salvação se mistura em seus dois sentidos: Primeiro, no sentido de libertação dos inimigos da nação de Israel. Em 2 Samuel 22 (1-4) Davi compõe um salvo que tipifica bem essa idéia: “Falou Davi ao SENHOR as palavras deste cântico, no dia em que o SENHOR o livrou das mãos de todos os seus inimigos e das mãos de Saul. E disse: O SENHOR é a minha rocha, a minha cidadela, o meu libertador; o meu Deus, o meu rochedo em que me refugio; o meu escudo, a força da minha salvação, o meu baluarte e o


meu refúgio. Ó Deus, da violência tu me salvas. Invoco o SENHOR, digno de ser louvado, e serei salvo dos meus inimigos.” Mas o segundo e mais aprofundado sentido é o sentido espiritual de salvação: Salmo 116:6 “Achava-me prostrado e Ele me salvou...” Isaias 12 aprofunda-se ainda mais neste sendido: “Orarás naquele dia: Graças te dou, ó SENHOR, porque, ainda que te iraste contra mim, a tua ira se retirou, e tu me consolas. 2 Eis que Deus é a minha salvação; confiarei e não temerei, porque o SENHOR Deus é a minha força e o meu cântico; ele se tornou a minha salvação. 3 Vós, com alegria, tirareis água das fontes da salvação. 4 Direis naquele dia: Dai graças ao SENHOR, invocai o seu nome, tornai manifestos os seus feitos entre os povos, relembrai que é excelso o seu nome. 5 Cantai louvores ao SENHOR, porque fez coisas grandiosas; saibase isto em toda a terra. 6 Exulta e jubila, ó habitante de Sião, porque grande é o Santo de Israel no meio de ti.” Moisés canta essas dimensões de salvação. E essas dimensãos estão implícitas nos dois títulos que Moisés dá pra Deus. Ele diz que “o Senhor é o seu Deus”, como o seu libertador de Faraó e Ele diz que “Senhor é o Deus de seu pai”, como o Senhor da sua história de fé. Aplicação Precisamos nos lembrar que nossa vida com Deus implica nestas duas dimensões: Deus prové o nosso sustento diário e Ele mantém a nossa segurança eterna. Espiritualidade é viver essas duas dimensões em Deus e para o Seu louvor. 3. Moisés demonstra o motivo principal do seu louvor – Vr. 2 “O Senhor é a minha força e o meu cântico...” Num dos hinos mais belos do Novo Testamento, depois de inspirado pelo Espírito, para falar sobre a profundidade da riqueza, da


sabedoria e do conhecimento de Deus. Depois mergulhar na beleza do Altíssimo e não conseguir respostas sobre os insondáveis juízos de Deus e inescrutáveis caminhos do Altíssimo, Paulo se rende e conclui: “Porque dele, e por meio dele e para ele são todas as coisas. A Ele, pois, a glória eternamente, amém.” Rm. 11.33 O que Moisés está afirmando que o seu cântico e o seu louvor não estavam no livramento que haviam experimentado; mas no Senhor que havia dado o livramento. Como homens pós-modernos que vivemos o utilitarismo, onde o mais importante é o resultado de todas as coisas. O mais importante é o resultado que qualquer ação vai produzir de bom pra nós; temos a grande tendência em colocar o motivo de nosso louvor e o noss cântico naquilo que Deus vai produzir para nós e não no Deus em si. Ou seja temos a tendência de louvar a Deus por aquilo que Ele vai nos oferecer e não porque Ele é Deus e merece todo o nosso louvor. O nosso contentamento precisa está em Deus e não em Suas bênçãos. Nesta vertente o cântico que cantamos em nossos dias faz sentido: O que adianta ter As riquezas deste mundo Ou ser honrado por todos, se eu não Estiver perto de ti Estar contigo vale mais pra mim Que as dádivas de tuas mãos Só quero tuas bênçãos Se eu tiver tua presença Dentro de mim Conclusão Há eventos em nossa vida que muda a nossa trajetória. A salvação é o principal desses eventos. Em Cristo somos novas criaturas, as coisas velhas se passaram e tudo se fez novo. Por causa disso, podemos, devemos e não conseguimos ficar sem cantar em louvor a Ele os feitos gloriosos em nossa vida.



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