1 Tem Cuidado de Ti Mesmo Construindo Sob Ataque/ Os obstáculos da Obra Neemias 2:17-20 IPCci 28/04/11 INTRODUÇÃO Existem dois aspectos da nossa caminhada cristã que temos de encarar: (1) A caminhada cristã é uma construção – A Bíblia está cheia de figuras que nos leva a crer nisso: edifício, lavoura, muros, etc. (2) Nesse projeto de construção, haveremos de enfrentar muitas dificuldades. Nossa vida é uma luta constante. Paulo diz assim: A nossa luta não é contra o sangue e a carne... E tudo aquilo que você fizer; quer seja pessoal, familiar ou para a igreja, você terá que lidar com os percalços do caminho. É verdade que Paulo nos diz que “somos mais do que vencedores” e que “podemos tudo naquele que nos fortalece”, mas essas declarações de vitória antecipada da guerra não nos poupa das batalhas pelo meio do camnho. Encerrando, por ora, a séria “Tem cuidado de Ti Mesmo” na vida de Neemias, eu gostaria de meditar sobre o seguinte tema: Construindo Sob Ataque/ Os obstáculos da Obra Neemias teve que enfrentar diversos problemas para chegar em Jerusalém; mas nada se comparara ao que ele ainda haveria de enfrentar em Jerusalém. Tudo foi seguido com uma boa dose de oração e medidas preventivas que tomou para lançar-se na empreitada. Ele teve o cuidado de levar consigo uma carta assinada pelo Rei para ter segurança na viagem e suprimentos necessários para a obra, mas os grandes obstáculos, e/ou inimigos, ainda viriam para o tentarem fazer desistir. Há ainda um fator que poderia ter sido o fator motivador para desanimar Neemias, mas ele o transformou num passo de sua estratégia para a construção. Refiro-me a devastação e miséria da cidade que ele encontrou. Neemias 2:11-15 – “a cidade estava assolada... contemplei os muros.” Talvez toda a destruição que tinha sido infundida sob a cidade poderia criar desânimo a Neemias, mas ele estava determinado e em oração. Por isso, usou aquele passeio noturno entre os escombros como um reconhecimento de campo.
2 Primeira lição: Aqui há uma lição específica para cada um de nós; a saber, precisamos ter coragem de fazer um reconhecimento do campo em que nos encontramos; quer seja pessoal, familiar ou na vida da igreja. Segunda lição: Não podemos deixar que a situação de destruição nos faça desistir. Em Deus faremos proezas. Deus está conosco. Não importa a situação encontrada. O Senhor te guiará para o recomeço. Talvez seja por isso que o Projeto Centésima Ovelha seja tão importante. Queremos tocar nos fundamentos de nossa comunidade. Precisamos crescer, mas todo crescimento saudável, todo edifício firme, precisa acontecer numa base sólida e segura. Neemias fez assim... ele não teve medo de avaliar e reconhecer o real estado da cidade e do povo. Mas Neemias estava ainda para enfrentar grandes obstáculos e grandes inimigos. Neste estudo, gostaria de pontuar com você sobre os inimigos da obra de Neemias e suas estratégias para tentá-lo fazer parar a obra. Vamos dividir nosso estudo em três partes: (1) Identificando os inimigos; (2) Edentificando suas estratégias; (3) Tomando decisões. 1. IDENTIFICANDO OS INIMIGOS 1. Os inimigos externos – 2:10 e 19 Os inimigos externos formaram uma confederação para aplacar os planos de reconstrução de Jerusalém.Os inimigos são claramente mencionados: Sambalate (norte) – governador de Samaria (povo misto); Tobias (leste) – homem da nobreza dos amonitas (2.10); e Gesém (2.19) – segundo descobertas arqueológicas, rei de Quedar. Juntaram-se a eles os arábios (sul), os amonitas e os asdoditas (Ne.4:7). É estranho que haja inimigos em Jerusalém que, apesar de morar lá, não querem o bem do povo. 2. os obstáculos internos – 5:1 O capítulo 3 nos dá conta de que tão logo Neemias animou o povo, todos começaram as partes do muro e da casa de Deus. O Sacerdote foi o primeiro a se levantar para construir. Mas não foi tão simples assim. O povo começou a levantar contendas e dificuldades. Uma observação importante: Neste segundo tópico eu evito propositalmente a palavra “inimigos” e uso a palavra “obstáculos” porque a palavra “inimigo” dá uma idéia de personificação e de inimizade. Tipo uma luta acirrada e aberta como foi com Sambalate, Tobias e Gesem.
3 Mas as vezes um obstáculo e/ou problema não acontece de um inimigo. As vezes os problemas surgem de nós mesmos e daqueles que estão conosco. Dos nossos irmãos e amigos. Um exemplo disso foi o apóstolo Pedro. Quando Jesus começou a falar sobre a necessidade do Calvário, Pedro começou a dizer que o Senhor não iria passar por aquilo. Pedro ralmente estava preocupado com o Senhor, mas inconscientemente ele acabou colidindo-se com a vontade de Deus para Jesus. Jesus foi enérgico com Pedro: Arreda-te Satanás... Jesus não estava chamando a Pedro de Satanás, mas Ele via por detrás das ações, aparentemete boas, de Pedro um plano diabólico para impedí-Lo de ir a cruz. Além disso, o caminho da cruz foi um caminho muito árduo. Jesus chegou a suar sangue e pedir a Deus que se fosse possível que Deus arrumasse uma outra maneira. Quando Jesus agiu energicamente com Pedro, penso que Ele estava agindo energicamente consigo mesmo. Jesus estava dizendo: Eu não posso perder o foco, eu não posso me deixar levar pelo caminho do sucesso, eu não posso entrar pelo atalho do conforto. O diabo já tinha tentado Jesus abertamente. Agora, ele usa outra artimanha através do próprio amigo de Jesus. Veja que as vezes essa palavra lançada pode ser de duas formas: (1) Ela pode vir para te desanimar quando você está animado com as coisas de Deus; (2) As vezes ela pode vir como uma palavra boa para te confundir e desviar da vontade de Deus (Ex. Pedro e Jesus). Um alerta Aqui faço um alerta para cada um de nós. Precisamos tomar muito cuidado com aquilo que falamos com o irmão, a família e até nós mesmos. Orientação importante: Quando você vai falar alguma coisa com um irmão na igreja, você precisa fazer três perguntas: (1) Porque estou falando isso? Eu busco o bem do meu irmão ou de mim mesmo? (2) Quando eu estou falando isso? É a hora apropriada? (3) Como estou falando? Sou a pessoa apropriada? Jesus falaria como eu estou falando? Essas três perguntas – porque, quando e como – vão definir todas as coisas importantes num diálogo: (1) A nossa motivação; (2) O tempo apropriado; (3) A forma de falar.
4 Portanto, encontramos dois tipos de situações que Neemias teve que enfrentar: Os inimigos externos e as circunstãncias internas. 2. IDENTIFICANDO AS EXTRATÉGIAS 2.1. Os inimigos externos – Sua primeira reação foi de sarcasmo e de desprezo. (2:19) Uma zombaria fundamentada na fraqueza do povo de Deus mediante o status quo da época. Uma tentativa de acentuar que o povo se rebelara contra o Rei. Era uma falsa acusação porque Neemias tinha cartas do Rei. Os inimigos se fundamentam em falsas acusações. A mesma coisa fez Golias com Davi. Ele desprezou o servo de Deus e disse: Sou algum cão para vires a mim com pedras? Em segundo lugar, eles assentuaram falsamente a fraqueza das edificações.(4:1-3) Diante dos seus irmãos e do exército de Samaria, o governador Sambalate zombou dos que edificavam dizendo: •
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"Que fazem estes fracos judeus?" Os judeus não tinham força militar para se impor sobre os seus vizinhos, e ele os despreza por isso diante do seu próprio exército. "Permitir-se-lhes-á isso?" Sambalate era governador de Samaria e poderia ter ambicionado governar a Judéia também, mas a vinda de Neemias teria prejudicado seus planos. Ele põe em dúvida a autoridade de Neemias. "Sacrificarão?" O sacrifício aos deuses era uma prática usada pelos povos pagãos para conseguir a sua ajuda em suas empreitadas. Esta é uma ironia de Sambalate, que não cria no SENHOR, o Deus de Israel. "Acabá-lo-ão num só dia?" Ele se surpreendeu com a grande disposição dos judeus para o trabalho, e procurou desanimá-los apontando para o longo tempo que seria necessário para a conclusão da obra.
Terceira atitude dos inimigos foi uma intimidação aberta contra a liderança. (6:4-5) Tentaram intimidar Neemias e fizeram de forma aberta. 2.2 Os obstáculos gerados pelos problemas internos – Neemias nos diz os que os inimigos internos fizeram. Eles não se submeteram ao trabalho pesado de reedificação dos muros (3.5); Os mais ricos deles oprimiram os irmãos mais pobres, negando-lhes comida e tomando suas terras (5.1-3); Aceitaram subornos dos inimigos externos para fazer Neemias desobedecer a Lei de Deus (6.12-13); Falaram à Neemias, “profeticamente”, em nome de Deus, falsamente, para desviá-lo dos caminhos do Senhor (6.14);
5 Eles carregavam informações de Jerusalém para os inimigos e falavam bem dos inimigos para Neemias (6.17-19); eles se aparentaram com os inimigos externos e chegaram a levar Tobias para morar na Casa de Deus (13.4-9 e 28). 3. ATITUDES DO POVO DE DEUS 1. O tripé do sucesso - Oração, planejamento e ação. Neemias constantemente combinava a oração com preparação, planejamento e ação. Já vimos isso. A oração assegurava o apoio divino naquilo que ele sabia que correspondia com a vontade de Deus. É a atitude correta daquele que anda com Deus: primeiro assegurar-se qual seja o desejo de Deus, em seguida orar pedindo o Seu apoio e direção, em seguida colocar mãos à obra. Devem-se fazer as três coisas: Oração, planejamento e ação. 2. Motivação baseado na promessa – Ne. 2:18 A pergunta a ser feita é: O que estamos fazendo? Nós estamos fazendo a Obra de Deus. E nesta construção há a ordem para fazermos e a promessa de Sua presença. Precisamos ser motivadores para aqueles que não conseguem enxergar, por algum motivo, 3. Tratamento dos problemas com a atitude correta – Tendo cuidado da defesa contra o inimigo externo, Neemias teve também que enfrentar o desgaste que estava acontecendo internamente entre os judeus, causado pelo desânimo e o medo: •
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Os carregadores se cansavam com o trabalho constante e ainda havia muito entulho para tirar. Estavam já se convencendo que nunca iriam conseguir reconstruir o muro por si mesmos. Os que moravam perto dos inimigos, ouviam quando eles falavam entre si planejando ataques de surpresa para matar os que trabalhavam e acabar com o seu trabalho, e corriam amedrontados até Neemias para dizer que seriam atacados por todos os lados.
Imediatamente Neemias tomou as providências devidas: escolheu alguns do povo, pelas suas famílias, como sentinelas, bem armados com espadas, lanças e arcos, e os posicionou atrás dos pontos mais baixos do muro, que eram os mais vulneráveis, nos lugares abertos de onde podiam ver melhor. Neemias colocou cada homem na posição em que podia ver e defender a sua própria família, o que lhes daria mais tranqüilidade. Se estivessem longe, eles estariam em dúvida sobre a sua segurança. Ele próprio os inspecionou rapidamente para ter certeza que estavam bem colocados e armados. Neemias também disse ao povo que não tivessem medo pois o Senhor é grande e temível, e estimulou-os a lutar pelas suas famílias.
6 Com isso os inimigos descobriram que Deus havia frustrado a sua trama e que haviam perdido o elemento de surpresa no ataque que planejavam. Todo o povo então se voltou para o muro, cada um para o seu trabalho. Quando sentirmos que não podemos dar conta de um projeto, por causa das dificuldades e mesmo oposição que estamos enfrentando, é bom lembrar o propósito de Deus para a nossa vida, e o valor do que fazemos para Ele, pois Ele tem condições para nos suprir o que nos falta, e de abafar toda a oposição. Os trabalhadores estavam espalhados ao longo do muro. Para que o trabalho não parasse, mas ao mesmo tempo estivessem preparados para algum ataque, Neemias ordenou que metade fizesse o trabalho de construção enquanto a outra metade permanecia armada de lanças, escudos, arcos e couraças. Os oficiais lhes davam o seu apoio. Com esse plano de defesa, o povo estava unido e protegido. Devemos também estar unidos como igreja de Cristo dando apoio uns aos outros, e orando uns pelos outros. Precisamos uns dos outros em nosso trabalho na obra de Deus e em nossa defesa contra o inimigo das nossas almas. Os que se moviam de um lugar para outro, carregando entulho e materiais, portanto isolados, faziam o trabalho com uma mão e com a outra seguravam uma arma - também cada um dos construtores trazia na cintura uma espada enquanto trabalhava. Neemias também introduziu um sistema de alarme, para que todos pudessem se juntar ao ouvir o som da trombeta tocada pelo homem que estava com Neemias, pois estavam espalhados ao longo do muro. O simples fato de saber que a trombeta seria ouvida se houvesse uma emergência, seria suficiente para tranqüilizar os trabalhadores. Não sabemos se houve algum incidente em que a trombeta foi usada. Neemias confiava na proteção de Deus. Neemias e seus companheiros mantinham vigilância constante, vestidos em prontidão de dia e de noite. O crente também deve vigiar constantemente (1 Pedro 5:8). O texto no original hebraico da última sentença é obscuro, e não há consenso entre as traduções. CONCLUSÃO Vejamos algumas ações do povo de Deus frente aos ataques inimigos 1. Oração Em um só capítulo temos duas orações descritas (vs. 4-5 e 9). O segredo do sucesso do povo foi a oração. Eles não sabiam o que os inimigos tramavam à distância, mas confiavam no Deus que com eles habitava. 2. Vigilância
7 Não apenas oraram, mas puseram guardas. Eles vigiavam diuturnamente a cidade. Com uma mão carregavam pedras, com outra as lanças. Os edificadores tinham a espada na cintura. 3. Persistência – Não pararam a obra de reedificação dos muros O povo voltou ao muro, cada um à sua obra, depois que percebeu que a mão do Senhor agira sobre os inimigos. O trabalho do Senhor só pode ser feito depois de confiarmos em seu agir. Não havia razões para o povo ficar parado. Havia uma obra a ser feita. O Deus da obra estava operando poderosamente. O povo devia estar disposto ao trabalho. 4. O comprometimento Neemias não podia deixar a obra para dialogar com seus inimigos. Sabia que se deixasse a obra, os edificadores parariam. Sem sua liderança, o trabalho não continuaria. Ele não se deixava distrair facilmente. Seu foco era o trabalho nos muros. 5. A prudência Neemias sabia das intenções dos inimigos, mas não as usou em sua resposta. Ele não disse que não iria ao encontro porque queriam matá-lo, mas porque estava fazendo uma grande obra. Suas palavras poderiam acender ainda mais a ira dos inimigos. O problema poderia ser mais agravado e inflamado. Ele sabia dar respostas. 6. O caráter aprovado Quando leu as infundadas acusações da carta aberta, pôde afirmar categoricamente que era pura invenção. Ele não precisava se preocupar com o que os outros falavam dele. Suas ações respondiam por si só. Seu caráter era seu advogado pessoal. Aprendi que quando vivo corretamente, meu caráter é meu defensor. Daniel teve sua vida vasculhada e sua rotina monitorada, mas não acharam nele nenhuma razão para acusação.