1 Barnabé – O Encorajador de Almas Rev. Jorge Luiz Patrocinio IPB Aracruz 23/05/2010 Atos 4:36-37 INTRODUÇÃO Pergunta Inicial: Porque você foi salvo? A reposta encontra-se em Salmos 67:1-2 “Seja Deus gracioso para conosco...(A Graça de Deus em nós). E nos abençoe... (A Bênção de Deus em nós). E faça resplandecer sobre nós o seu rosto... (O rosto de Deus sobre nós). Para que se conheça na terra o teu caminho e, em todas as nações, a tua salvação” Aqui está a resposta: Você foi salvo para que o caminho de Deus seja conhecido e as nações conheçam a salvação. Você foi salvo para alguma coisa. E neste sermão eu gostaria de falar sobre o Ministério de reconciliação. Você foi salvo para reconciliar o mundo a Deus e a igreja consigo mesma. E para tal eu quero falar sobre o seguinte tema: O Encorajador de Almas. Obviamente o maior encorajador de almas foi Jesus Cristo. Dele o profeta Isaias (42:3) diz: “Não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega...” Isaías (35:3-4) também fala do próprio reino da paz que seria um reino de sacerdotes encorajadores de vida: “Fortalecei as mãos frouxas, e firmai os joelhos vacilantes. Dizei aos desalentados de coração: Sede fortes, não temais. Eis o vosso Deus, ele vem e vos salvará.” Mas, nesta noite. gostaria de falar sobre um personagem fascinante do Novo Testamento. Ele não fez parte do colégio Apostólico, não escreveu nenhum livro e num certo momento pagou o preço alto do anominato (veremos depois) simplesmente pelo desejo de cumprir em sua vida o ministério de ser encorajador de almas. Houve um acontecimento que mudou totalmente a rota de seu ministério. Ele sumiu pra sempre apenas porque quiz investir em alguém.
2 Imagine um pastor, ou político, ou líder, que abre mão de seu destaque para viver no anonimato apenas para ser o encorajador de almas. E por causa disso ele se tornou paladino da fé e um exemplo a ser seguido. Quase não se fala dele em nossos dias: Não há livros escritos sobre ele, não há sermões falados sobre ele, não há muita coisa sobre ele. Mas eu acredito que nós cristãos do século XXI carecemos da personalidade desse homem. Somos cristãos afoitos, atabalhoados, tropeçando no ativismo que investem muito pouco no ministério de Consolo, de ser encorajador de almas. Muito ouvimos falar de Abraão, Isaque, Jacó, Moisés, Paulo, Pedro e tantos outros. Porém, existiu um homem chamado José, que fora rebatizado pelos apóstolos por Barnabé, que poucas pessoas o conhecem na atualidade. Barnabé era um homem fantástico. O seu ministério foi um ministério de “retaguarda”: um trabalho feito nos bastidores, fora das vistas dos espectadores. Barnabé foi um dos primeiros profetas e mestres da Igreja de Antioquia (Atos 13:1). Lucas fala dele como um "homem bom" (11:24). Ele nasceu de pais judeus da Tribo de Levi. Sua tia foi a mãe de João Marcos (Colossenses 4:10). Era nativo de Chipre, onde possuía terras (Atos 4:36, 37). Num certo momento vendeu tudo o que tinha e entregou o dinheiro obtido para a Igreja de Jerusalém. O nome dado pelos apóstolos – Barnabé (Filho da Consolação-No grego: parácletos) - foi apropriado por que os apóstolos logo perceberam o ministério específico de José de ser encorajador de almas, de ser discipulador. A mesma palavra grega indicada para o ministério do Espírito Santo de Consolador (parácletos) quando Jesus disse que iria mas enviaria outro Consolador. (Jo. 14:16) Barnabé era um homem que identificava facilmente as necessidades e a capacidade dos cristãos convertidos. E ao identificá-las, ele imediatamente procurava meios para fazer com que as pessoas estivessem felizes na presença do Senhor. Barnabé era um canalizador e não um catalizador. Ou seja, ele era canal e não um fim em si mesmo. Aplicação
3 Muitos querem ser catalizadores, mas nem todos querem ser canalizadores. Catalizar implica em transformar-se como centro e receber a atenção. Canalizar, como o ministério do Espírito Santo, implica em ser canal para que outros possam crescer. Aplicação Em nossos dias estamos carentes de Barnabés em nosso meio. Estamos tão preocupados com a coletividade que não conseguimos enxergar a dor na individualidade de cada um. Somos uma igreja dentro de uma sociedade tão capitalista que nos preocupamos com números, gráficos, crescimento, projetos, estratégias; mais do que a saúde de uma vida. E porque isso aconteceu conosco? Porque a igreja de Atos dos Apóstolos, tão sensível às necessidades dos outros, chega após dois milênios tão endurecida para a dor alheia? Acredito que seja por causa de uma crise de identidade cristã que vivemos. Não sabemos quem somos e não queremos parar para refletir sobre a nossa missão. Ao não saber verdadeiramente quem somos, acabamos não vendo as pessoas como elas realmente deveriam ser vistas: Como alvo do amor e graça de Deus. Barnabé via um potencial por detrás de um novo convertido porque ele era encharcado com a compaixão de Deus. Só Barnabé pode ver uma ovelha, por detrás de um lobo; um discípulo por detrás de um perseguidor; um instrumento afiado de Deus por detrás de uma máquina de destruição do Cristianismo. Me refiro a Paulo. Precisamos pedir que o Senhor nos dê o mesmo sentimento de Barnabé para sermos discipuladores e ajudadores de alma. E eu quero olhar para os episódios desse homem e identificar algumas MARCAS DO ENCORAJADOR DE ALMAS: 1. O encorajador de Almas ensina pelo Exemplo – Atos 4:37 “Barnabé tinha um campo e vendeu-o, trouxe o preço e o depositou aos pés dos Apóstolos”. (At. 4:37) Barnabé vendeu suas terras para dar o dinheiro aos cristãos pobres da Judéia. Ele vai à frente para mostrar o caminho. Este homem está preocupado com os Cristãos pobres de Jerusalém. E o que faz ele? Dá o exemplo. Vende a sua propriedade e dá o dinheiro para ser distribuído conforme as necessidades de cada um. Este é um encorajamento muito prático.
4 Devemos animar os outros a ter palavras doces falando palavras doces. Devemos motivar os outros a ter pensamentos puros tendo pensamentos puros. Veja que o ajudador de almas não faz algo para ser visto pelos homens. Não devemos dar o exemplo para simplesmente sermos seguido. É verdade que o processo de ensino é este: Quando você faz, você abre o caminho do conhecimento que será palmilhado por aqueles que te observam. Ou seja, suas atitudes são chaves das memórias dos outros. Mas o fim principal de se fazer algo é para ser canal de Deus sobre aqueles que necessitam de nossa ajuda. O ajudador de almas ensina pelo exemplo. Jesus foi o maior de todos neste quezito. Aliás em todos os quezitos. E Barnabé foi energizado pelo dom de misericórdia e consolo. Ele sempre tinha uma palavra de resgate para o ferido. Lembre-se que se tudo o que você fizer não produzir vida nem os seus atos para Deus serão louváveis por Ele.
(2) O encorajador de almas acredita nos desacreditados – Ou seja, ele dá uma chance para quem não tem nenhuma chance. Ele acredita quando todos viraram às costas. Ele aposta uma vez mais no caso perdido. E nesta segunda característica, dois episódios retratam bem a ousadia de Barnabé de acreditar nos desacreditados: O primeiro exemplo encontra-se em Atos 9:26-28 Paulo era um perseguidor implacável. Ainda quando jovem, se deliciou com o apedrejamento de Estêvão. E essa experiência maligna de assassinato em praça pública de um santo de Deus, contaminou sua alma com um fogo devorador infernal que o fez “transpirar ameaças de mortes” contra os cristãos. Mas um certo dia, de caminho para Damasco, Paulo se encontra com Cristo. É levado cego para uma cidade próxima, permanece ali por alguns dias e agora, sozinho e transformado pelo poder de Deus, retorna para Jerusalém. Imediatamente Paulo se dirige para a igreja. Ele quer servir ao Senhor. Mas ninguém acredita em sua transformação. É difícil acreditar que este homem que chupava o sangue dos cristãos agora, em poucos dias, se declara um deles. Mas Barnabé acredita em Paulo. Ele apanha Paulo e começa a andar com ele. Barnabé o introduz para os apóstolos e cristãos.
5 O encorajador de almas é sempre cheio de luz no coração para identificar a mudança e acreditar naqueles que ninguém acredita. Veja que ainda em Damasco Paulo começou a pregar a Cristo e imediatamente conseguiu alguns discípulos que o seguissem (9:25). Mas ele precisou fugir e retornar para Jerusalém. O interessante em Jerusalém é que Barnabé advogou a causa de Paulo junto à igreja. Como Barnabé soube do acontecimento no caminho de Damasco? Provavelmente o próprio Paulo contou para ele. Barnabé começou a discipular Paulo. A primeira viagem missionária acontece e eles são enviados (At. 13.) e pregam em muitas regiões. Mas em Atos 15:36-39 acontece outro episódio que mostra o lado de encorajador de almas de Barnabé. Marcos entra em cena. O jovem havia seguidos os dois na primeira viagem missionária, mas desanimara no caminho e retornara para casa. A segunda viagem acontece e Marcos está lá novamente apresentando-se para ir com eles. Mas Paulo não achava justo levar Marcos consigo visto que ele havia desistido na no meio da primeira viagem. Barnabé aparta-se de Paulo para investir em Marcos. Em 2 Timoteo 4:9, Paulo esá presento e abandonado e ele fala ao seu filho na vé o seguinte: “Procura vir ter comigo depressa... todos me abandonaram... toma contigo a Marcos e traze-o, pois me é útil ao ministério.” Paulo agora já mais experimentado reconhece a validade de Marcos. E Marcos estava lá. Marcos se tornou num grande homem de Deus e escreveu um dos Evangelhos. E porque isso? Porque Barnabé acreditou nele quando ele estava desacreditado.
(3) O encorajador de almas é discipulador – Atos 11:23-26 Outra situação em que vemos Barnabé a investir na vida dos outros é quando ele investe novamente na vida do apóstolo Paulo. Vemos isso em Atos 11:23-26 que nos relata o crescimento fenomenal da Igreja em Antioquia da Síria. Era tal o crescimento do “caminho” entre os gregos, cipriotas e judeus que os apóstolos enviam Barnabé para ver o que se passava.
6 Barnabé chega a Antioquia e imediatamente começa a “encorajar todos os que com firmeza de coração permanecessem no Senhor” (Atos 11:23). Vendo o crescimento da Igreja ele não quis que Antioquia fosse o seu monopólio pastoral e vai buscar Paulo – que estava encostado na prateleira ministerial – para ajudá-lo. E durante um ano estiveram os dois trabalhando na Obra e Deus abençoou o fruto das suas mãos, e “em Antioquia foram os discípulos pela primeira vez chamados Cristãos” (Atos 11:26). Barnabé tem a humildade suficiente e a percepção espiritual para discernir entre o seu ministério de exortador e encorajador e o ministério de Paulo de formador e teológo. E ele vai buscar a Paulo para que este trabalhe em prol do evangelho. Lembro-me de um episódio em Genebra em 1536 quando João Calvino, fugindo da perseguição na França e buscando alcançar uma cidadezinha na fronteira alemã de nome Strasburgo, faz uma parada para pernoitar em Genebra. Havia alí um pastor recém chegado que tentava implantar a Reforma na cidade. Guilherme Farel é um evangelista, mas ele vê em Calvino o discipulador que a cidade precisava. Muitas vezes queremos ter uma posição de destaque e realizar uma obra que será notada por todos. Por isso, nos esquecemos da importância do trabalho de retaguarda. Uma peça de teatro não aconteceria se não existissem nos bastidores pessoas organizando, pensando, agindo em prol de um todo. A importância de uma equipe é fundamental para que isso ocorra. O pastor Rick Warren diz em um de seus artigos, que o sucesso de seu ministério depende largamente do desenvolvimento de uma equipe forte, com um senso profundo de espírito de equipe. Precisamos de homens, mulheres, jovens, adolescentes, com disposição e entusiasmo em levar o Evangelho a todos os povos. Barnabé não estava preocupado em se destacar nesse ou naquele grupo. Ele fazia o seu trabalho sem se preocupar em estar na liderança ou na retaguarda. Lembre-se Muitas pessoas que morreram na fé, não foram reconhecidas pelo que fizeram aqui na terra. Mas existe um livro que está sendo escrito por Deus, chamado livro da vida, que lá se encontra todos os nomes daqueles que se entregaram por amor a Cristo. Aqueles que estiveram nos bastidores, na retaguarda. Muitos foram esquecidos pelos livros de história, mas se encontram no livro de Deus, e receberão a justa medida.
7 “E peço também a ti, meu verdadeiro companheiro, que as ajudes, porque trabalharam comigo no evangelho, e com Clemente, e com os outros meus cooperadores, cujos nomes estão no livro da vida”. (Filipenses 4:3) “Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor”. (Mateus 25:23)
CONCLUSÃO Barnabé foi um encorajador de almas. Ele o fez pelo exemplo, e também por acreditar nos desacreditados. Mas Barnabé, por fim, discipulou nos bastidores. Aprendeu a usar o melhor dos seus filhos na fé e se tornou menor do que o filho Paulo. Que você seja também assim: Um encorajador de almas. Referência bíblica: Coração generoso (Atos 4:36-37) • • • • •
Ajudou Paulo no ministério (Atos 9:26-27) Bom testemunho (Atos 11:22-26) Homem humilde ( Atos 14:8-18) Homem paciente (Atos 13:1-5, 13 ; Atos 15:36-41) Deu a vida por Jesus (Atos 15:25-26)