(L) Nossas Motivações por detras do que se vê

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Nossas Motivações Por Detrás do que se Vê Heremitas ou Hipócritas Rev. Jorge Luiz Patrocinio, Ph. D. Mt. 6:1-18// Mt. 5:13-16 EXÓRDIO No século dezoito (em 1770) o jogador de xadrez mais influente foi introduzido na sociedade européia. Num tempo em que o xadrez era o esporte da alta burguesia ele competiria com os maiores jogadores de sua época e ninguém poderia vencê-lo. Mas o que fazia desse jogador especial era que ele não era humano. Isso mesmo, uma máquina, ou um homem mecânico que revolucionou o seu tempo. Apelidado de “Turco:, antes de cada jogo, o seu inventor abria a parte de trás não apenas para preparar a máquina, mas acima de tudo para mostrar para seus oponentes que não havia ninguém escondido dentro do homem mecânico. Esta invenção simplesmente confundiu e revolucionou a sociedade. Muitos artigos e livros foram escritos tentando responder uma simples pergunta: Qual era o segredo por detrás daquela máquina?

INTRODUÇÃO Esta é a mesma pergunta que Jesus está levantando para os seus seguidores nesta parte de Seu sermão do Monte: QUAL É A MOTIVAÇÃO POR DETRÁS DO QUE SE VÊ? Isto é questionador e dolorido porque quando a gente abre as cortinas existenciais para olhar por detrás das ações humanas, vamos encontrar muitos corações que têm fome pela aprovação dos homens mais do que a aprovação de Deus. Por outro lado, você pode encontrar os revolucionários que não estão nem aí pelo que os homens dizem, desde que se acham aprovados por Deus. Parece-me que são dois caminhos que nunca se encontrarão: (1) O primeiro é o caminho do enclausuramento. Isto é, simplesmente não faça coisas para ser visto como religioso. Este é o caminho dos heremitas. Daqueles que viveram uma fé espacial, alienada das dores, anseios e desejos da sociedade. (2) O segundo caminho é o caminho da hipocrisia e exibicionismo. Isto é, faça as coisas mesmo e seja visto pelos homens. Esses são os hipócritas que apresentam suas ações como validação de sua vida espiritual. E o mais questionador é que Jesus parece abrir esses dois caminhos para nós: No Capítulo 6 de Mateus, Ele rechaça os hipócritas e parece nos levar para a vida heremita. No capítulo 5, Ele rechaça os heremitas e parece nos levar para a vida hipócrita. Há aqui dois problemas para nós cristãos: Diante do hipócrita, a Bíblia nos diz que se somos seguidores de Jesus precisamos viver uma vida justa e santa, e não superficial. Já o problema diante do heremita é que precisamos estar engajado no mundo como sal e luz do mundo.


Nossas Motivações Por Detrás do que se Vê Como resolver esse dilema: Fazer ou não fazer, eis a questão? É claro que essas não são as únicas opções, e que para ser sincero elas não são de fato opções mencionadas por Jesus nos textos. Na verdade, a busca da validação heremita ou hipócrita é uma distorção sorrateira do discurso de Jesus. Há uma opção certa e esta opção nos leva de volta à pergunta principal desta noite: Qual é a motivação por detrás do que se vê? Se colocarmos essa pergunta num escopo mais pessoal diríamos: O que está por detrás de nossas máscaras? Se levantarmos as cortinas das nossas ações, o que encontraremos lá? Resposta A resposta é na verdade uma escolha que devemos fazer: O que nos motiva é o desejo de agradar as pessoas (e ultimamente a nós mesmos) ou o desejo de agradar a Deus? Talvez esteja aqui o segredo de Davi, que era tão falho e pecador, mas foi chamado um homem segundo o coração de Deus. Ele disse: a tua lei é todo o meu prazer (Sl. 119.174) E aí um dia Davi falou: Eu não posso aceitar que esteja morando num palácio e Deus habita em tendas. Vou fazer uma casa para Deus. O desejo de Davi em construir um Templo em Jerusalém era muito diferente do desejo dos Israelitas e dos Árabes possuírem em nossos dias Jerusalém. Davi não estava preocupado em perpetuar seu nome, ou construir uma das sete maravilhas de sua época. Ele queria mesmo era agradar a Deus. Nestas passagens de Mateus Jesus nos ajuda a abrir a cortina de nosso coração para enxergarmos as motivações de nosso coração, que é a verdadeira força motora que deve agir em nós. Ele nos leva a fazer uma radiografia da alma para descobrir se nossas ações são santas ou simplesmente o sintoma dos nossos ransos espirituais e existenciais. E é alí, por detrás das máscaras, que Jesus nos revela as nossas motivações, a descrição de quem verdadeiramente somos e o prêmio de vivermos uma vida para agradar aos homens ou a Deus. Diante disto eu gostaria de pontuar rapidamente esses caminhos, colocando-os em contraposição um com o outro. Fazendo isso, vamos oxigenar a nossa alma com essas três questões que nos farão vivificar nosso Cristianismo pessoal. - Nossas motivações; - A descrição de quem verdadeiramente somos; - O prêmio de vivermos a vida que vivemos. Certamente você precisará escolher nesta noite qual o caminho a seguir:

1. NOSSA MOTIVAÇÃO - Mateus 6.1 – Sendo visto pelos outros para a nossa própria glória Versus Mates 5.16 – Sendo visto pelos outros para a glória de Deus


Nossas Motivações Por Detrás do que se Vê Veja em Mt. 5.16 nos diz: “Para que vejam as vossas obras e glorifiquem a Deus.” Em Mt. 6.2,16 “Quando fizer…” Veja que Jesus não está necessáriamente condenando os atos, mas com certeza questionando os valores por detrás deles. Pergunta: Qual é a motivação que consome o seu coração? Qual é a fome de sua alma ao praticar alguma coisa? Você quer ser visto pelos homens ou você quer ser visto pelos homens para glória de Deus? Veja que o ato é o mesmo, mas o objetivo é diferente. É difícil reconhecermos essa diferença a menos que tenhamos a habilidade de sermos autoreflexivos e auto-críticos. Veja que parte do crescimento para a maturidade cristã é essa habilidade de olhar para nossas motivações e mergulharmos no nosso interior para questionarmos verdadeiramente nossas motivações. Pergunte para você: Qual é a motivação principal de meu coração? A realidade é que somos rápidos em questionar os valores dos outros, mas extremamente vagarosos nessa auto-crítica. Talvez um texto que nos ajuda a fazer essa escolha em garimpar as motivações de nosso coração é o encontro no templo entre aquele fariseu e o publicano. O fariseu orava de si para si, enquanto o publicano não ousava levantar os olhos aos céus. Aqui há uma lição a ser aprendida: Tudo que o homem fizer com o intuito único de ser visto pelos homens, ele fará de si para si mesmo. Costumamos dizer que são orações, por exemplo, que não passam do teto. Mas na concepção de Jesus, essas orações nem chegam ao teto. Elas são feitas de si para si. Salmo 66.18 nos diz: “Se eu no coração contemplara a vaidade, o Senhor não me teria ouvido. Bendito seja Deus que não me rejeita a oração, nem aparta de mim a Sua graça.” João Batista teve um ministério poderosíssimo mas curtíssimo. Dele o próprio Jesus disse que não houve ninguém maior nascido de mulher. Em joão 3:22-30 há um acontecimento que talvez nos indique porque João foi colocado como o maior entre os nascidos de mulher. Ele estava batizando numa região quando Jesus começou o Seu ministério. E aí suscitou-se uma contenda entre os discípulos de João. Eles disseram: Aquele que tu mesmo batizaste no Jordão, está pregando e todos saem ao seu encontro. Ela como se estivessem falando: Senhor, o servo está ficando melhor do que o Mestre. E João abriu todo o seu coração num grito serviçal e disse: Importa que ele cresça e que eu diminua.


Nossas Motivações Por Detrás do que se Vê Qual é a sua motivação? No fim da história todos terão que depositar as suas coroas aos pés do Cordeiro e dizer: Tua Senhor é a grandeza, e o poder, e a honra e a glória para sempre. (Como fala Apocalipse). Mas tudo isso precisa começar aqui e agora. Em Segundo lugar, Jesus nos fala da descrição daquele que vive para agradar aos homens em comparação com aquele que vive para agradar a Deus:

(2) A DESCRIÇÃO DE QUEM SOMOS - Mt. 6 Sendo como hipócritas Versus Mt. 6 Sendo como Jesus Jesus havia dito: Eu sou a luz do mundo. (Jo. 8.12) Agora Ele fala: Vós sois a luz do mundo. Em cada um dos casos que Jesus examina: dando, orando e jejuando – Jesus diz: Não seja como os hipócritas. Se você está vivendo sua justiça pessoal com o propósito último de ser visto pelos outros, então Jesus diz que você está sendo como os hipócritas. Quem são os hipócritas e de quem Jesus está falando? Cada vez que as Escrituras mencionam Jesus chamando alguém de hipócrita é quando Ele está se referindo aos escribas e fariseus. Pelo padrão judeu, os escribas e fariseus eram os mais religiosos, mais respeitados, mais honrados e mais sábios, religiosamente falando. Esses escribas conheciam a Palavra de Deus de trás pra frente e de frente pra trás. (E aqui há uma armadilha que o diabo também caiu nela. Isto é, conhecer as Escrituras intelectualmente sem vivê-la em nossas ações). Eles eram vistos como os mais bem sucedidos praticantes quando o negócio era obedecer a Torá, a Lei. Um dia eles disseram para o cego de nascença que havia sido curado por Jesus: Você é nascido todo em pecado e ensinas a nós? (Jo. 9.34) Mas o que Jesus viu ao olhar para eles, foram corações cheios de trevas. Ouça as repreensões do Mestre em Mateus 23:25-27. Portanto, na mente e ensinamento de Jesus, ser um hipócrita é apresentar a si mesmo como justo com o propósito da satisfação pessoal. Em outras palavras, é agradar-se a si mesmo ao invés de agradar a Deus. É ser um túmulo pintado de branco ou encapado de granito. Em contraste a isso, daqueles que desejam AGRADAR A DEUS são dadas uma descrição muito diferente. Ouça Filipenses 2.5-8: “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois Ele, subsistindo em forma de Deus não julgou como ususrpação o ser igual a Deus; antes a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens... a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz...” Aqui é verdadeiramente onde está a diferença desses dois caminhos:


Nossas Motivações Por Detrás do que se Vê Primeiro caminho – Nós estamos vivendo para entronizar a nós mesmos nas mentes das pessoas? Para mantermos nelas esse sentimento de auto-afirmação? Segundo caminho – Ou estamos sendo como Cristo que não exaltou-se por Sua posição de ser igual a Deus, mas fez a si mesmo NADA para tornar-se semelhante a nós, a fim de nos guindar perante Deus. Isto é, humildade no lugar de orgulho. Hebreus 12.2 diz que “devemos olhar firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual em troca da alegria que lhe estava proposta, suportando a cruz, não fazendo caso da ignomínia...” Não ouve nenhum sentimento positivo em ser visto pindurado naquela cruz, pelo contrário vergonha e dor. Hebreus 12 nos diz que Ele suportou tudo “em troca da alegria que lhe estava proposta”. A questão é: Vamos viver para agradar aos homens, para que indiretamente agrademos a nós mesmos (Este é o caminho dos hipócritas)? Ou viveremos para ser visto pelos homens unicamente para agradar a Deus? Portanto, eis a descrição de quem nós somos. Nós somos como Cristo que devotou toda a Sua vida para agradar ao Seu Pai ao ponto de dizer: “Eu tenho uma comida especial que vocês não conhecem. A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou.” (Jo. 4.34) E aí chega a nós o terceiro ponto desta meditação.

(3) Recompensa recebida na terra Versus Recompensa acumulada nos céus A recompensa de se viver para agradar aos homens é a noção temporal que passa na mente daqueles que vêem os seus atos de justiça. Você será elogiado pelos homens, você será honrado pelos homens. Mas o versículo 1 nos diz que aqueles que assim procedem não terão galardão junto ao vosso Pai celestial. Jesus continua dizendo no versículo 2 que “eles já receberam a recompensa”, que é exatamente NADA. Ou talvez, alguns poucos confetes e purpurina sobre os seus atos. Vamos dar alguns exemplos sobre isso; - Talvez você ajudou alguém numa necessidade e a pessoa disse: “Muito obrigado. Foi muito gentil de sua parte.” E aí você se sentiu bem. Pois bem, esse sentimento foi exatamente a sua recompense. - Você fez uma oração, ou cantou um hino, ou leu um texto da Bíblia, que tocou as pessoas. E você sentiu isso. Você percebeu que realmente tocou as pessoas. E você se sentiu bem por isso. É exatamente este sentiment a sua recompense.


Nossas Motivações Por Detrás do que se Vê Essas “obras” ou “boas obras” fizeram você se sentir muito bem. Diríamos que não há absolutamente nada de errado em fazer essas obras. Mas esse sentimento é a sua recompensa. Este sentimento é absolutamente nada porque ele é passageiro. Lembre-se: O que você faz aqui e agora e o sucesso que você alcança pode absolutamente ser NADA se for feito para que você seja visto unicamente pelos homens. E Como identificar se uma ação faz é feita como os hipócritas para ser visto e elogiado pelos homens ou para ser visto e os homens elogiem a Deus? É simples. Basta olhar por detrás da cortina, basta enxergar por detrás das máscaras. E mais: Tire essa pessoa do palco da história e dos holofotes da religião e a coloque no anonimato. Se no anonimato ela continuou fazendo com a mesma paixão, ardor e vontade, é bem provável que ela estava fazendo mesmo para Deus. Isso aconteceu com José do Egito, que despencou da casa de Potifar diretamente para a prisão. E lá na prisão a Bíblia nos diz: “Ele fazia tudo o que se devia fazer”. Dalí ele foi guindado à posição de segundo do reino. No caminho dos altos, há sempre alguns baixos. Na escalada do sucesso, há sempre alguns percalços no caminho para provar o nosso coração e nos ajudar a diagnosticar as nossas verdadeiras intenções. Veja Mateus 6: 19-21 – Onde está o teu coração? ILUSTRAÇÃO Em 1818 o jogador mecânico de xadrez foi comprador por um grande amigo de Beethoven, Johann Maelzel. Nos próximos 20 anos Maelzel ficou conhecido por levar o seu jogador para todos os lugares da Europa. Mas pelos idos de 1983 outras máquinas apareceram, o interesse pelo jogador mecânico diminuiu e ele acabou caindo no anonimato. Todo o seus sucesso acabou sendo enterrado na poeira do passado. E pessoas não mais perguntavam sobre ele como aquilo podia acontecer. Todo o sucesso temporal passará e ficará intocável no museu das mentes humanas. Até os céus e a terra passarão. Mas a única coisa que não passará é a Palavra de Deus. A sua recompensa virá exatamente de onde você espera e devota toda a sua força para investir lá. Se você se consome por ser visto e elogiado pelos homens, não se preocupe, você receberá a sua recompensa. Esses homens verão o seu esforço e te elogiarão. Mas esses elogios serão a única recompensa que você receberá. Mas se você é consumido por uma santa vontade por manifestar a glória de Deus aos homens, Deus o recompensará.


Nossas Motivações Por Detrás do que se Vê Em Apocalipse 22:12 Jesus disse: “Eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras.”

CONCLUSÃO Portanto, em resposta a viver como um heremita ou um hipócrita, a resposta é nenhum dos dois: Ser sal e luz significa que devemos estar enganjado com o mundo de uma forma visível. Nós realmente precisamos ser visto pelos homens, mas quel é o motivo por trás disso? Nosso objetivo precisa ser o trazer glória a Deus o nosso Pai


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