Revista IPO-Porto 2014

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Para cuidar de si Uma publicação INSTITUTO PORTUGUÊS DE ONCOLOGIA DO PORTO FRANCISCO GENTIL, EPE

IPO-Porto. Saiba como construímos a excelência no melhor Hospital Oncológico do país DESEMPENHO ECONÓMICO

ENSINO E INVESTIGAÇÃO UMA ÁREA EM QUE O IPO-PORTO TAMBÉM MARCA A DIFERENÇA

MAIS UM ANO A ACRESCENTAR

HOSPITAL COM HISTÓRIA

VALOR SUSTENTÁVEL NA SAÚDE

O IPO-PORTO CELEBROU 40 ANOS

Nº 01 :: DEZEMBRO 2014


editorial Em 2014, ano em que o IPO-Porto faz 40 anos de existência e o Serviço Nacional de Saúde (SNS) 35 anos, não podemos deixar de celebrar o realizado que foi criar de raiz um hospital que se transformou no maior prestador nacional de cuidados de Oncologia. O SNS, como serviço público, permitiu que os indicadores de saúde, que nos colocavam em último lugar, sejam hoje fatores de orgulho nacional em muitas matérias que à saúde dos portugueses dizem respeito, Laranja Pontes

nomeadamente universalidade, eficácia e eficiência.

Presidente do Conselho de Administração do IPO-Porto

Este Hospital está hoje acreditado e certificado por entidades externas internacionais (CHKS, OECI, JACIE, ISO 9001:2008) que fazem com que o percurso do doente seja seguro, previsível e executado segundo os melhores padrões. A organização clínica, resultante da concentração de doentes e da colocação das suas necessidades no centro da atividade, permite-nos obter um reconhecimento e desenvolvimento que são uns dos grandes fatores de sustentabilidade. Mantemos a matriz inicial de três eixos estratégicos ligados à assistência, investigação e educação como áreas de atenção permanentes e pensamos que o futuro imediato vai ser positivo e desafiante para

FICHA TÉCNICA

as futuras gerações de profissionais que já hoje se consciencializam dos potenciais da organização.

Para Cuidar de Si :: DEZEMBRO 2014

Em resumo, um passado sólido e construtivo trouxe:: DIRETOR Laranja Pontes :: COORDENAÇÃO EDITORIAL Gabinete de Comunicação

-nos a um presente robusto e reconhecido que pen-

do IPO-Porto :: CONCEÇÃO E PAGINAÇÃO Mediana - Global Communication, Lda

samos sustentar um futuro promissor e desafiante.

:: FOTOGRAFIA Arquivo IPO-Porto :: PROPRIEDADE Instituto Português de Oncologia do Porto Francisco Gentil, EPE :: MORADA Rua Dr. António Bernardino de Almeida, 4200-072 Porto :: TELEFONE +351 225 084 000 :: FAX +351 225 084 001 :: EMAIL diripo@ipoporto.min-saude.pt :: SITE www.ipoporto.pt :: TIRAGEM 10 000 exemplares :: DEPÓSITO LEGAL 386396/15 :: DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

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índice 03 :: editorial 06 :: a abrir Mais um ano a acrescentar valor sustentável na saúde 12 :: IASIST Qualidade clínica em alta 16 :: zoom 20 :: entrevista 28 :: opinião Escola de Oncologia Cirúrgica do IPO-Porto

16.

40 ANOS 40 ANOS DE ATIVIDADE SÃO UM MARCO NA HISTÓRIA DO IPO-PORTO

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20.

LARANJA PONTES

PRESIDENTE DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO IPO-PORTO

30 :: no IPO acontece Iniciativas, eventos e debates 35 :: ensino e investigação 43 :: plataforma oncológica do Porto Uma rede de competências para melhor compreender o cancro e cuidar dos doentes 44 :: breves Aprender, comunicar e inovar

“O IPO-Porto iguala-se hoje aos melhores hospitais oncológicos europeus”

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a abrir

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Mais um ano a acrescentar

Valor Sustentável na Saúde Francisco Rocha Gonçalves Vogal do Conselho de Administração do IPO-Porto

O IPO-Porto existe para os seus doentes há 40 anos e é hoje reconhecido como um símbolo de qualidade, de confiança e de sustentabilidade, no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e internacionalmente. Assume ainda o compromisso de continuar a investigar e a formar profissionais para melhor tratar os futuros doentes e para oferecer ao mundo formas realmente inovadoras de prevenir e tratar o cancro.

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O ponto de análise de 2014 não é o momento zero – vivemos numa etapa da vida de um sistema de saúde que nasce de uma visão de horizontes largos, generosa e abrangente, e que ao longo de 35 anos delegou nas instituições e nas pessoas que as integram a responsabilidade de o tornar realidade. O SNS é uma aposta vencedora e o IPO-Porto faz, por isso, parte deste legado, desempenhando claramente o seu papel no sentido de garantir resultados, por um lado, e justiça no acesso, por outro. Porque o tempo que atravessamos é muito exigente, a qualidade das instituições avalia-se pela forma como, para além das boas intenções, se prepararam e como resolveram os problemas que encontraram. No que respeita à preparação, pelo menos desde 2006, o IPO-Porto sempre combinou linhas progra-

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máticas, como a prioridade aos doentes com efeitos claros na otimização das práticas de gestão, com a gestão das pessoas, a gestão da I&D e a modernização tecnológica. Sempre que uma instituição regista problemas económicos de forma continuada, isso reflete outros e mais graves problemas, onde a intervenção financeira é um paliativo que nunca vai resolver o problema de forma sustentável. Quando, pelo contrário, uma instituição tem continuamente resultados positivos, honra os seus compromissos e dispõe de meios para investir, significa que está organizada a todos os níveis, equilibrada e preparada para novos desafios. Esta é a trajetória inteligente do IPO-Porto há vários anos e que lhe permite enfrentar estes tempos inauditos na história do país com resiliência e com confiança no futuro. Ainda

assim, não há tempestades fáceis de enfrentar nestes contextos, sobretudo quando se tem a responsabilidade pelo tratamento de 10 mil novos doentes de cancro a cada ano. O conhecimento lúcido e informado das caraterísticas dos doentes e da região permitiu ao IPO-Porto negociar contratos-programa que cumpre integralmente, não obstante serem insuficientes para abarcar toda a atividade do hospital. Ciente do seu compromisso, o IPO-Porto atua respeitando o interesse dos doentes e a equidade no acesso, refletindo-se na não exclusão de doentes que procuram o Instituto, assegurando-lhes a melhor assistência clínica para a sua doença. Assim, os cerca de 105 milhões de euros previstos no contrato-programa de 2014 estão manifestamente aquém da valorização da produção que tem vindo a ser realizada. O nível global


de custos da instituição aproximar-se-á dos 120 milhões de euros, obrigando este IPO a procurar nas receitas próprias (prestação de serviços clínicos e outros, investigação e formação financiadas, projetos europeus, etc) compensação para este défice externamente imposto à exploração. Nos anos anteriores conseguimos – atingindo os 122 milhões de proveitos em 2013 – e em 2014 trabalhamos para esses fins, apesar do desafio ser maior. Aprofundámos todas as vias, incluindo a candidatura a importantes benefícios fiscais, para minimizar o impacto negativo das reduções orçamentais. Esta é a responsabilidade da função financeira: maximizar o valor económico que o hospital coloca ao serviço dos doentes. Igualmente na área dos recursos humanos, apesar das dificuldades em promover substituições necessárias, os nossos doentes continuam a ser atendidos com índices de satisfação máximos graças ao profissionalismo e dedicação dos colaboradores. Mantemos o investimento nas pessoas, sabendo que são

os diferenciadores do IPO-Porto, na ordem de 50% da demonstração de resultados. Por fim, dado que o IPO-Porto lidera do ponto de vista da ciência e nas suas práticas de gestão, também esperamos que os nossos fornecedores de medicamentos e de dispositivos se comprometam com a nossa estratégia de assegurar sustentabilidade. Assim, esperamos no futuro adotar práticas de observação de resultados que permitam à indústria definir com mais rigor e justiça os preços que pratica connosco, propondo preços racionais e ligados à mais-valia real dos produtos, descendo o preço sempre que for possível e divulgando as evidências que tenham verdadeiro significado para os doentes. Em 2013 registamos um EBITDA positivo de 7 milhões de euros (igual ao de 2012) e um resultado líquido de 4 milhões de euros (mais 2 milhões do que em 2012). Estas verbas não serão o dividendo de ninguém, mas de todos – serão investidos na instituição e em serviços e tecnologia ao dispor dos doentes.

Mantemos o investimento nas pessoas, sabendo que são os diferenciadores do IPO-Porto

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Um IPO comprometido com a sua missão, com a sua orgânica alinhada com objetivos claros, de futuro e positivos para os stakeholders, não tem doença cuja sintomatologia sejam rácios económico-financeiros negativos e irrecuperáveis 10

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Por outro lado, e contra o “mito urbano”, investimento e sustentabilidade financeira em saúde são faces da mesma moeda. Por exemplo, o investimento necessário, em 2011, num dos melhores e maiores centros de radioterapia da Península Ibérica, permitiu ao IPO-Porto dispor de meios que não conseguiria obter em 2013 ou 2014, em contexto de maior restrição à despesa. Assim, até estes equipamentos estarem amortizados e entrarem em fim de vida, já terá sido possível oferecer centenas de milhares de tratamentos aos doentes. Mais, o novo sistema de preço da radioterapia discrimina com um preço mais alto – todavia ainda inferior ao preço único de 2011 – os tratamentos complexos, como os que oferecemos. Deste modo, estas opções de modernização amorteceram as penalidades potenciais da redução da despesa, defendendo o interesse dos doentes num tratamento no estado da arte. Refira-se outra área de tratamento, a da quimioterapia, onde o nível de desafio económico é diferente. O IPO-Porto dispende 35% do seu orçamento em produtos farmacêuticos, isto é, 40 milhões de euros que incluem cerca de 8 milhões em quimioterapia oral que o SNS não considera elegível de ressarcimento à instituição. Contudo, graças aos esforços coletivos, conseguimos oferecer estes tratamentos a quem precisa. Não abdicamos de demons-


trar que o impacto financeiro de 8 milhões a menos em receitas – logo em resultados – representa uma subestimação dos resultados e do desempenho reais desta instituição e que, porque são verbas internas do SNS, resulta num reforço dos contratos-programa das unidades menos eficientes. A otimização da cadeia assistencial relacionada com internamentos, cirúrgicos ou não, bem como a gestão cuidada de tempos de internamento (ao nível certo para o nosso perfil de doentes, de acordo com a IASIST), a prevenção de reinternamentos e a ambulatorização de cuidados permitem atingir os objetivos de qualidade e eficiência contratados com o SNS. Esta componente vale 5% do contrato global e acrescenta muito à continuidade de cuidados, à eficiência e à qualidade de vida dos doentes. Pese embora as taxas de ocupação serem muito elevadas e a menor dotação de recursos humanos e orçamentais, a instituição está a responder com grande qualidade e humanismo aos desígnios dos seus fundadores.

Em resultado deste esforço, uma avaliação exógena ao IPO-Porto, como é o benchmark da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), situa-nos como o hospital mais eficiente da região norte. De facto, o custo operacional por doente padrão é mais baixo neste hospital diferenciado do que em qualquer outro, dos centrais aos distritais de nível um. Este dado em si vale apenas para atestar a qualidade das práticas de gestão – que precedem a verificação de bons resultados financeiros – e os bons resultados financeiros são muito melhor celebrados junto das nossas notáveis taxas de sobrevivência e avaliações de qualidade. Pedimos ainda à tutela que reconhecesse esta situação e que houvesse para os hospitais desta condição um tratamento positivo, para sinalizar a qualidade destas práticas. Enquanto esta discriminação justa e lógica não é implementada, entidades como o Diário Económico e a Heidrick & Struggles reconheceram esta situação e homenagearam o Instituto com o prémio Desenvolvimento Sustentável 2013.

Em 2014, continuamos a inovar, a prestar cuidados de classe mundial, a merecer as certificações e acreditações que nos foram outorgadas, a consolidar e a melhorar a infraestrutura informática, a melhorar os percursos dos doentes, a dinamizar as equipas e as estruturas internas, a cumprir e a superar o que a sociedade nos exige em prevenção e tratamento e, apesar das restrições, a apresentar números financeiros equilibrados. Os limites financeiros têm sido um desafio, mas não são obstáculo à prestação de qualquer cuidado necessário aos doentes. Justamente porque um IPO comprometido com a sua missão, com a sua orgânica alinhada com objetivos claros, de futuro e positivos para os stakeholders, não tem doença cuja sintomatologia sejam rácios económicofinanceiros negativos e irrecuperáveis. No futuro, com o contributo de todos, o IPO-Porto continuará a sua linha de rumo que se distingue não por buscar sucessos episódicos, mas por acrescentar efetivo e sustentável valor à saúde dos doentes. PARA CUIDAR DE SI . DEZEMBRO ' 14

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IASIST

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Qualidade clínica

em alta A avaliação que a IASIST fez em outubro de 2014 sobre os dados reais dos cuidados prestados pelo IPO-Porto aos seus doentes mostra que ao longo de quatro anos (2010-2013) houve melhorias consistentes e significativas em indicadores como: o rigor dos registos; a qualidade da codificação; a gestão dos riscos dos doentes; ou a gestão dos tempos de internamento cirúrgicos e médicos.

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Este estudo compara o IPO-Porto com um conjunto de 32 hospitais de grande dimensão e complexidade, portugueses e espanhóis, alguns tratando apenas doentes de cancro. Ou seja, mesmo perante um grupo de pares exigentes, o IPO-Porto superou em 2013 o padrão e confirmou o caminho de compromisso com qualidade assistencial, académica e científica que começou, sob diferentes perspetivas, seja há oito anos, seja há 40 anos.

Como o objetivo da nossa atividade são os doentes, a seguir exploram-se alguns resultados na sua perspetiva. Assim, no que toca à qualidade da codificação, demonstra-se que o número de diagnósticos em cada alta aumentou, traduzindo-se em benefício para o doente e para os estudos que se farão. Cada caso é melhor compreendido e caracterizado, fazendo-se registo para memória dessa especificidade.

Evolução da Mortalidade Ajustada pelo Risco

Evolução dos Diagnósticos codificados por Alta-Internamento 12,0 10,0 8,0 6,0 4,0 2,0 0,0

2,00 5,5

5,5

4,1

4,4 Ano 2011

Diagnóstico por alta

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7,1 6,2

Ano 2010

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5,9 6,0

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A mortalidade dos nossos doentes é um indicador a seguir e que pode ser usado para comparações internacionais de qualidade assistencial. Assim, no IPO-Porto conseguimos que o indicador seja abaixo do que seria esperado – face à experiência dos 32 hospitais da pool de referência – tendo em conta indicadores de risco específicos das doenças e dos doentes concretos.

1,50

1,39

1,49 1,07

1,00

0,93

0,50 Ano 2012

Ano 2013

Diagnósticos por alta_Padrão

00,0

Ano 2010

Ano 2011

Ano 2012

IMAR

Ano 2013


Evolução das Complicações Ajustada pelo Risco 2,00 1,50 1,00 0,50 00,0

0,94

0,93

0,89

Ano 2010

0,73

Ano 2011

Ano 2012

Ano 2013

ICAR

E como seria de esperar, as readmissões, num cenário de caminho para a excelência dos cuidados, tendem a diminuir sustentadamente:

Evolução das Readmissões pelo Risco 2,00 1,50

1,02

1,00 0,50 00,0

0,94

Ano 2010

0,85

Ano 2011

Ano 2012

0,83 Ano 2013

IRAR

A corroborar estes dados, verifica-se publicamente que o IPO-Porto lidera em todas as categorias do benchmark da monitorização mensal que a ACSS faz dos hospitais EPE. Com efeito, o IPO-Porto foi o hospital mais eficiente do ano de 2013 ‒ posição que vem consolidando desde o arranque deste modelo de acompanhamento ‒ no sentido em que tem os custos operacionais mais baixos por doente padrão do seu grupo. Tem também custos operacionais por doente padrão (2.245 euros) abaixo da generalidade dos hospitais portugueses, a saber: Hospital de São João (líder do seu grupo com 2.444 euros), o Hospital de Penafiel (líder do seu grupo com 2.532 euros), ou o Hospital de Barcelos (líder do grupo B com 2.621 euros).

Já com dados de junho de 2014 disponíveis na ACSS, o IPO-Porto também lidera no seu grupo e, em comparação com outros grupos, em todas as dimensões: indicadores de Acesso; os indicadores de Qualidade; e o indicador de Produtividade. Em conclusão, o estudo IASIST às bases de dados de doentes do IPO-Porto, e fazendo benchmark com os outros IPO, os hospitais universitários portugueses e mais de 20 dos maiores hospitais espanhóis, revela que o nosso nível de cuidados é melhor do que o padrão e que estamos a caminhar na direção certa, apesar de todas as dificuldades conjunturais que o país atravessa e que não deixam de ser sentidas no IPO-Porto.

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zoom 40 anos de atividade são um marco na história do IPO-Porto A 17 de abril de 1974, o IPO-Porto iniciou a atividade com a admissão de doentes e realização dos primeiros tratamentos. Desde então, a instituição tem vindo a crescer, centrada na inovação e empenho com que acolhe e trata os seus doentes. O primeiro quadro de pessoal compreendia 167 elementos e, passados estes 40 anos, com cerca de 2 mil colaboradores, são tratados diariamente, direta e indiretamente, mais de 2 milhares de doentes e familiares.

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O início do desafio

Qualidade e Credibilidade

Foi em 17 de abril de 1974 que o Centro do Porto do Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil iniciou a sua atividade, após um cuidado período de preparação de mais de dois anos. Muitas foram as pessoas ligadas à criação deste Centro. Destacam-se nomes como o de João dos Santos Ferreira, doador do terreno e artífice da criação no Porto do Instituto de Oncologia; José Guimarães dos Santos, primeiro diretor; José Cardoso da Silva, primeiro diretor clínico; Maria Helena da Conceição Vicente, primeira enfermeira diretora; António Henrique Pereira Alves, primeiro administrador.

O IPO-Porto tem vindo a distinguir-se ao longo dos anos pelo dinamismo e lugar cimeiro na qualidade com que acolhe e trata os doentes, pela atividade científica de alta credibilidade que desenvolve e pela qualidade do ensino que realiza na área da oncologia. É acreditado pelo CHKS desde 2004, pela OECI como Comprehensive Cancer Centre (CCC) desde 2011 e pela JACIE (2014).


Diagnóstico e Tratamento

Investigação

Os tempos que se vivem nas áreas da organização dos cuidados, biologia e genética trazem ao tema cancro novos conhecimentos e nova esperança. São estas realidades que o IPO-Porto vive com profundo empenho e entusiasmo, respondendo aos novos desafios, de forma a dar continuidade à promoção da qualidade em todos os níveis: da gestão ao ensino, do diagnóstico ao tratamento, da criação de novas estruturas à investigação científica de qualidade nas áreas da investigação de transferência e dos ensaios clínicos.

O Centro de Investigação do IPO-Porto (CI-IPOP) é uma unidade de investigação reconhecida pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia desde 2004. Tem como objetivo principal a compreensão dos mecanismos patobiológicos do cancro que possibilitem a prevenção, o diagnóstico precoce, a correta avaliação do prognóstico e o desenvolvimento de terapias mais eficazes.É membro ativo da European Organisation for Research and Treatment of Cancer (EORTC). Tem franca atividade em consórsio com o IPATIMUP.

Escola Portuguesa de Oncologia do Porto (EPOP) A EPOP constitui-se como um fórum, físico e funcional, vocacionado para a transferência de conhecimento nas áreas das ciências da saúde, onde se destaca o ensino e integração profissional em oncologia investigacional, visando a sua aplicação prática. Pretende, desta forma, promover o estado da arte junto da comunidade de profissionais do IPO-Porto com vista a reverter os benefícios e avanços conquistados em prol das populações que servem.

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Serviço de Radioterapia O projeto da radioterapia teve um investimento de cerca de 30 milhões de euros, dos quais 5 milhões foram comparticipados pelo Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), no âmbito do Programa Operacional Regional do Norte (ON.2 – O Novo Norte). Envolve uma área de 6.000 m2, com sete aceleradores de última geração, áreas laboratoriais de apoio para investigação e condições técnicas e de humanização de alta qualidade para servir os doentes do Serviço Nacional de Saúde da Região Norte. 18

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Inauguração do Banco de Tumores O Banco de Tumores, inaugurado em setembro de 2012, vem cumprir uma das principais missões do IPO-Porto: a investigação sobre o cancro. Assim, o IPO-Porto, mediante a prévia autorização do doente, recolhe pequenas amostras de tecido tumoral para melhorar a compreensão e o tratamento do cancro. O Banco de Tumores está localizado no Serviço de Anatomia Patológica. Esta unidade funcional do Instituto permite a colheita, armazenamento e utilização de tecidos excedentários para investigação biomédica.

Novo Site Em 2013, o IPO-Porto inaugurou a sua nova plataforma online, apresentando uma imagem mais “clean” e moderna. O Instituto disponibiliza agora informação mais detalhada, desde as suas diferentes valências às várias atividades e projetos que acolhe. Todas estas mudanças têm como objetivo a criação de um elo de confiança e de maior proximidade entre o Instituto e os utentes.


INSTITUTO PORTUGUÊS DE ONCOLOGIA E

DO PORTO

IPO-Porto “muda” para Instituto Português de Oncologia e Esperança do Porto Instituto Português de Oncologia e Esperança do Porto foi o nome adotado pelo IPO-Porto no dia 17 de abril a propósito das comemorações do seu 40º aniversário. Além deste gesto simbólico, mas com muito significado para toda a comunidade que envolve o Instituto, foi realizada uma sessão oficial de abertura das comemorações com o objetivo de homenagear os colaboradores do IPO-Porto. Esperar resultados positivos; estado de espírito que induz a esperar que uma coisa se há-de realizar ou suceder, resultante de uma ação, são alguns dos significados da palavra ESPERANÇA e que o IPO-Porto tem aplicado na prática clínica ao longo de 40 anos ao cuidar dos doentes como únicos e especiais. A ESPERANÇA que o Instituto quer transmitir deu origem não só a uma mu-

Porto Cancer Platform A Plataforma Oncológica do Porto é uma iniciativa desenvolvida pelas competências existentes nos hospitais, centrais e oncológicos, faculdades e instituições de investigação do Porto, que pretende criar um ambiente multidisciplinar com a finalidade de aumentar a sobrevida e a qualidade de vida dos doentes com cancro.

dança simbólica do nome, como também a um projeto colaborativo, interno e externo, pelos corredores com dezenas as mensagens alusivas à ESPERANÇA, cimentando no doente e na vivência deste hospital, uma nova perspetiva sobre a patologia oncológica. Mais do que uma referência na investigação e no tratamento oncológico, o IPO-Porto quer ser reconhecido como um local de vida, de humanização e de ESPERANÇA promovido por todos os que fazem parte desta organização e que trabalham para proporcionar o melhor conforto aos doentes que todos os dias visitam as instalações do IPO-Porto e confiam nesta instituição.

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entrevista

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Laranja Pontes Presidente do Conselho de Administração do IPO-Porto

Como enfrentamos o futuro? Porque seguimos por este caminho? Questões como estas também se colocam às empresas e, se é verdade que as respostas cabem às chefias, muitas vezes nem toda a informação chega aos colaboradores. O presidente do Conselho de Administração do IPO-Porto aceitou o desafio e respondeu. Fique a saber tudo nas próximas páginas.

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O IPO-Porto iguala-se hoje aos

melhores hospitais oncológicos europeus L

icenciado em medicina em 1976 pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, com uma especialização em cirurgia plástica e reconstrutiva, José Maria Laranja Pontes lidera os destinos do Instituto Português de Oncologia do Porto desde 2006. Com uma determinação e garra exemplares, são vários os marcos que destacam a sua passagem pela presidência deste Instituto. Assim, na primeira publicação “Para cuidar de si” quisemos saber mais sobre Laranja Pontes e os desafios e planos que tem para o IPO-Porto. Há 30 anos, como chega ao IPO-Porto? Antes do IPO-Porto exerci em Barcelos, Vizela e Esposende, retornando depois para o Hospital de S. João onde fiz a especialidade em cirurgia plástica, uma área pela qual nutria especial interesse. Na minha formação passei, em 1984, pelo IPO-Porto. Fiquei fascinado com o trabalho e com a organização do Instituto e quis ficar. Na altura este 22

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hospital já estava organizado de maneira diferente dos outros hospitais. O médico só se preocupava com tarefas médicas, enquanto noutras instituições os médicos passavam muito tempo a tratar de situações administrativas. Para mim, ter de me preocupar apenas com os doentes foi um incentivo. Porquê o interesse em cirurgia plástica e reconstrutiva no IPO-Porto? Quando vim para cá, a cirurgia plástica estava em franco desenvolvimento. Por isso, para além de ter implementado em Portugal uma série de técnicas de loco regionais, que não existiam, como perfusões dos membros com quimioterapia, em conjunto com outro colega em Lisboa comecei a fazer em Portugal o gânglio sentinela que é hoje padrão de tratamento cirúrgico em muitas neoplasias. Se gostava tanto da cirurgia o que o leva a enveredar pelo caminho da gestão e administração?

No IPO-Porto sempre cumpri com as minhas obrigações de cirurgião, mas também sempre me interessei pela gestão, organização do bloco operatório, organização do arquivo e gestão de risco clínico. Fiz estas tarefas voluntariamente e dava-me muito prazer. Em 2005, tornei-me chefe de Serviço de Cirurgia Plástica. Pouco tempo depois, com uma mudança de estatuto dos hospitais de S.A. para EPE, e com a mudança de Conselho de Administração (CA), surgiu a oportunidade de integrar com o Dr. Machado Lopes o CA do IPO-Porto. Quais foram os principais desafios ao chegar à direção? As grandes mudanças estiveram, essencialmente, relacionadas com a divisão do hospital por clínicas de patologia, a organização dos cuidados em torno dos doentes que eu e o Dr. Machado Lopes tanto aspiramos conquistar. Os doentes deixaram de procurar as especialidades médicas e passaram as especialidades médicas a ir ao


encontro dos doentes. A inércia inicial dos clínicos acabou por se transformar num movimento de adesão que foi o elemento chave da mudança do modelo organizativo. Hoje, temos o hospital todo dividido em clínicas e pensamos que é um projeto bem conseguido no panorama hospitalar português, pois somos referenciados como o único hospital em Portugal com estas características. Um outro objetivo era tornar o IPO-Porto líder na oncologia nacional. Ao fim de sete anos de liderança, o IPO-Porto é indubitavelmen-

te o maior e o melhor prestador nacional de cuidados em oncologia. Porquê a aposta na promoção de ensaios clínicos? Eu e o Dr. Machado Lopes sempre nos interessamos por este tema. Antes de existir este boom dos ensaios clínicos, já fazíamos ensaios clínicos académicos europeus cooperativos. Por um lado, ao entrar nestes processos, o IPOPorto cria modelos de observação dos doentes muito mais fidedignos e interessantes.

Hoje, ao fim de sete anos de liderança, o IPO-Porto é indubitavelmente o maior e o melhor prestador nacional de cuidados em oncologia PARA CUIDAR DE SI . DEZEMBRO ' 14

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Queremos que os nossos doentes sintam transparência e seriedade nesta Instituição

Por outro lado, dá uma visibilidade enorme à instituição. Por exemplo, se o IPO-Porto não estiver integrado nos ensaios clínicos, é muito provável que nos fóruns internacionais não saibam da nossa existência. Agora, o que nos acontece é que quando nos propõem um ensaio clínico recrutamos quase o dobro dos doentes que nos pedem. Já começamos a ter uma organização profissional em relação a este assunto. Temos muitos doentes, o que dá a oportunidade aos nossos médicos de estarem entre os primeiros recrutadores, muitas vezes mundiais, e isso confere credibilidade à marca IPO-Porto e à marca Portugal. Já a questão dos proveitos não é muito significativa, pois nesta fase inicial ainda há muitos custos que têm de ser absorvidos, mas a prazo vai ser uma boa aposta. Espero que a instituição continue a investir nesta área porque sei que, daqui a uns anos, este centro pode transformar-se num centro de referência e de excelência. Qual a posição do IPO-Porto na área dos ensaios clínicos em relação aos seus congéneres europeus? Temos muito doentes, já temos a organização e temos de continuar a trabalhar até que consigamos ter um papel relevante reconhecido internacionalmente. Como estão a reagir as farmacêuticas a esta abertura do IPO-Porto? O que as farmacêuticas procuram é traba24

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lho de qualidade, feito com rapidez, e que os resultados sejam de confiança. O IPO-Porto tem tudo isto para oferecer. Não nos podemos esquecer de que a indústria há alguns anos se virou para o Oriente e que os resultados foram negativos. Por isso, estão a voltar para a Europa em busca da excelência, e em Portugal só temos de responder a esse desafio. Quais foram os projetos mais importantes desde que está na liderança do IPO-Porto, além das clínicas e dos ensaios clínicos? Um dos projetos em que toda a estrutura do IPO-Porto investiu muito foi na obtenção de certificações através de entidades externas que asseguram altos padrões de qualidade. O IPO-Porto investiu em dois sistemas, o Caspe Healthcare Knowledge Systems (CHKS) e o Organisation of European Cancer Institutes (OECI). O Serviço de Transplantação de Medula Óssea (STMO) foi certificado pela Joint Accreditation Committee (JACIE). O outro projeto foi a melhoria da marca IPO-Porto. Esta questão é muito importante, já que transmite credibilidade aos doentes juntamente com os bons resultados clínicos obtidos. Queremos que os nossos doentes sintam transparência e seriedade nesta instituição. Daí a mudança simbólica para Instituto Português de Oncologia e Esperança do

Porto na comemoração dos 40 anos da instituição? Foi uma ação que fizemos para humanizar ainda mais o IPO-Porto e fortalecer a nossa marca. Apesar de não ter sido estruturalmente uma iniciativa muito exigente, sob o ponto de vista da componente motivacional e emocional associada ao nome institucional, foi uma ação muito interessante. Pudemos ver que os colaboradores aderiram e gostaram imenso, assim como o voluntariado e os próprios doentes. Este foi um projeto de humanização que realmente resultou. O projeto da radioterapia é incontornável, não só pela dimensão como também pelo investimento que implicou. Quando começa a pensar num novo edifício com as caraterísticas atuais? Este projeto surgiu no contexto do aumento da dimensão da instituição e achamos que tínhamos de investir naquilo que nos diferencia dos outros hospitais e que não era aumentar o número de camas nem de blocos operatórios. De facto, a radioterapia é uma das áreas em que o IPO-Porto se destaca. É uma área quase exclusiva à oncologia e, por isso, se queremos liderar na oncologia, temos de liderar na radioterapia. Estávamos muito deficientes, tínhamos equipamentos muito antigos e umas instalações já obsoletas. Não nos restou al-


ternativa a não ser criar um Serviço de Radioterapia de raiz, com todas as terapêuticas para os doentes e uma grande diferenciação tecnológica para poder liderar com profissionais que são neste momento os líderes de opinião técnica e clínica nestas áreas. O investimento foi de cerca de 27 milhões de euros que o IPO-Porto conseguiu com capitais próprios e com recurso aos programas comunitários, mas o retorno financeiro já amortizou este valor, na medida em que nunca mais recorremos a entidades externas para estes tratamentos e ainda recebemos doentes de todo o SNS. Além disso, ainda podemos aumentar o nosso parque tecnológico, pois o projeto previu bunkers suficientes para o aumento de doentes. Temos disponibilidade para aumentar o nosso parque tecnológico sem alterar o funcionamento do serviço e, provavelmente, é isso que vamos fazer. A curto prazo vamos introduzir mais um acelerador para fazer apenas técnicas muito diferenciadas, designadamente a radiocirurgia, que é uma área onde o SNS ainda continua deficitário e à qual o IPO-Porto pode dar uma resposta eficaz. Pode ser uma vantagem competitiva muito importante para o Instituto. PARA CUIDAR DE SI . DEZEMBRO ' 14

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Este é um verdadeiro desafio: criar colaboração entre instituições que tragam verdadeiros benefícios para os doentes e para a comunidade científica

A questão da atração dos doentes de outros países é para si uma missão. Em que é que beneficia o IPO-Porto ao receber estes doentes? Neste momento, estamos a procurar ativamente prestar cuidados de oncologia, não propriamente pequenos cuidados ou cuidados iniciais, mas cuidados de alta tecnologia. Na radioterapia, nos programas avançados, transplantes de medula, nas situações muito avançadas da doença, estamos a fazer promoção nos PALOP e nos países mediterrânicos, onde a primavera árabe criou oportunidades para que um país como o nosso possa começar a fornecer cuidados aos cidadãos desses países, cujas estruturas de saúde estão completamente desarticuladas. Portanto, vemos aqui uma oportunidade e estamos a investir seriamente nesta área. 26

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Existem também programas com outros países, nomeadamente Angola… Sim, essa participação dentro dos programas cooperativos com os PALOP tem como principal objetivo a formação de quadros. Não poderíamos continuar a pensar que íamos manter a prestação de cuidados cá, até porque são países com disponibilidade financeira e dimensão significativa. Daí a necessidade de se criarem estruturas. Quais as áreas de formação que têm sido privilegiadas nesses países? Enfermagem, medicina e técnicos de farmácia. Mas, neste momento, estamos muito avançados para um projeto de formação de grande dimensão com Angola e, provavelmente, com Moçambique.

Tendo sido um dos impulsionadores do Grupo Hospitalar Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil, pode explicar melhor em que consiste e que vantagem traz esta união dos três IPO? Indubitavelmente os três IPO têm um conjunto de práticas clínicas relativas à oncologia que são muito características. Perder este acervo que tínhamos de cultura, de humanização e de tratamento multidisciplinar e sermos integrados em hospitais gerais seria uma perda para o SNS. No fundo, esta ação foi muito inteligente porque vai manter esta cultura dos institutos viva e vai fortalecer todas as instituições porque haverão sinergias entre os parceiros. Vai ainda permitir ser uma entidade a ter voz ativa aquando do planeamento nacional de cuidados em oncologia. Sob o ponto de vista logístico, é possível fazer economias de escala, melho-


ria de orientações técnicas e projetos colaborativos que são muito interessantes por haver uma cultura semelhante entre as três instituições. O que é que ainda está por fazer no que respeita à oncologia e em particular ao IPO-Porto? Essencialmente, consideramos que é importante criar redes. Uma instituição como o IPO-Porto não pode ser o ponto exclusivo de tratamento na região norte, por exemplo. O que pode ser é o elemento aglutinador, que faz a disseminação das práticas. Portanto, o nosso grande objetivo a curto prazo é criar rotinas de colaboração com os outros hospitais para duas vertentes. A primeira é para que haja uma equidade de tratamentos, ou seja, aquilo que for decidido para um doente no IPO-Porto deve aplicar-se a um doente no nordeste transmontano, por exemplo. A segunda é fazer com que as situações raras sejam concentradas no IPO-Porto, pela experiência dos profissionais que aqui trabalham, e que nenhum doente deixe de ter alta tecnologia, seja através de medicamentos ou de equipamentos só porque não reside junto a uma instituição como a nossa. Por isso, ao sabermos onde estão os doentes e ao podermos colaborar na tomada de decisão do seu trajeto clínico, estamos a promover essa concentração e a equidade.

A Plataforma Oncológica do Porto surge para a prossecução destes objetivos? A Plataforma Oncológica vem na sequência das redes colaborativas. Cada vez mais, as instituições, por maiores que sejam, têm necessidade de ter outros parceiros em vários projetos. Consideramos que em termos de investigação há laboratórios e instituições de investigação básica no Porto que podem, todas juntas, à volta de projetos relacionados com cancro, ser um parceiro internacional de peso. Este é um verdadeiro desafio: criar colaboração entre instituições que tragam verdadeiros benefícios para os doentes e para a comunidade científica. Como vê o IPO-Porto no futuro? Vejo o IPO-Porto a liderar a oncologia regional, a ser o polo aglutinador de um conjunto de prestadores de cuidados em oncologia. Mas, os serviços altamente diferenciados vão manter-se aqui porque é preciso haver concentração de meios para a diferenciação técnica. Não se pode pensar que os doentes com tumores raros podem ser tratados em qualquer sítio. Acredito que nos próximos anos o IPO-Porto vai continuar a ser líder nesta área.○

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opinião Joaquim Abreu de Sousa Diretor do Serviço de Oncologia Cirúrgica do IPO-Porto

A escola de

oncologia cirúrgica Mudança qualitativa na compreensão da biologia do cancro e desenho de novas terapêuticas. Nas últimas quatro décadas, o tratamento do cancro sofreu uma espetacular evolução técnica e científica com o desenvolvimento sistemático dos processos de diagnóstico e tratamento, suportados pelos avanços no conhecimento da doença através da investigação básica, translacional e clínica. Durante grande parte do século XX, os cirurgiões eram os únicos especialistas que tratavam doentes com cancro e a cirurgia era a única arma terapêutica disponível. O enorme desenvolvimento científico no conhecimento do cancro proporcionou uma mudança qualitativa na compreensão da biologia do cancro e desenho de novas terapêuticas. Atualmente, o tratamento adequado da maioria dos tumores sólidos é multidisciplinar e multimodal, incluindo não só a cirurgia mas também a radioterapia, a quimioterapia e as terapêuticas moleculares dirigidas a alvos específicos. O cirurgião que trata doentes com cancro já não atua isolado, faz parte de uma equipa multidisciplinar e o seu papel é simultaneamente técnico e cognitivo, sendo imprescindível o conhecimento das contribuições aportadas pelas outras especialidades e o impacto dessas terapêuticas no tipo e no momento da cirurgia, isto é, deve ser um oncologista cirúrgico. Como resultado da aceleração do progresso técnico e científico, o moderno oncologista cirúrgico atua num ambiente muito complexo, tecnologicamente sofisticado, estando muito pressionado pela 28

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do IPO-Porto

própria sociedade relativamente à evidência das suas opções, o que o obriga a uma formação técnica muito sólida e a uma atualização permanente de conhecimentos. A oncologia cirúrgica é uma especialidade abrangente e alguns podem considerar difícil que um único cirurgião possa ter a perícia técnica suficiente para executar todo o leque de procedimentos de elevada complexidade que constituem a prática da cirurgia oncológica atual. No entanto, dentro de cada uma das áreas da oncologia cirúrgica existe muito conhecimento partilhado (biologia do cancro, indicações e efeitos da radioterapia, da quimioterapia e das terapêuticas alvo) e em muitos casos a fertilização cruzada de técnicas e ideias entre subespecialidades da oncologia é uma importante mais-valia. É esperado que o oncologista cirúrgico diferenciado possua uma ampla base de conhecimento da doença, que transcenda o órgão da sua especialidade, devendo este aspeto ser complementado com um alto nível de conhecimento e domínio das técnicas cirúrgicas mais avançadas e experiência na execução dos procedimentos cirúrgicos relevantes para a sua área de interesse. Desde há cerca de três décadas que o Serviço de Oncologia Cirúrgica do IPO-Porto desenvolve uma importante atividade de formação de cirurgiões, com um programa de treino concebido e estruturado para desenvolver uma trajetória de formação profissional alicerçada


A ACSS classifica o IPO-Porto como o melhor hospital do País a tratar o cancro da mama, o cancro colorrectal e o cancro gástrico

na aprendizagem e treino intensivos, num ambiente que enfatiza a importância do conhecimento e a competência técnica na abordagem integral do doente oncológico. O legado deixado pelos nossos mestres, o Dr. Guimarães dos Santos e o Dr. Cardoso da Silva, teve um impacto indelével na história da oncologia portuguesa, ao promoverem uma verdadeira escola de oncologia cirúrgica no IPO-Porto que formou várias gerações de profissionais especialmente treinados para tratar doentes com cancro, mas sobretudo porque eles foram os responsáveis por criar uma cultura de exigência e inovação raramente observada entre nós. Esta cultura organizacional propiciou as condições para que o IPO-Porto fosse pioneiro, em Portugal, na introdução de inúmeros procedimentos cirúrgicos avançados, que hoje constituem o gold standard na prática clínica da oncologia moderna, como as técnicas de perfusão regional hipertérmica dos membros e da cavidade peritoneal, a técnica de biopsia de gânglio sentinela, aplicada no cancro da mama e no melanoma, ou a radioterapia intraoperatória, entre muitas outras inovações. A competência profissional dos cirurgiões do IPO-Porto é globalmente reconhecida pelos seus pares e pela própria comunidade. A qualidade percebida pelos doentes é com frequência confirmada com a análise objetiva dos resultados da atividade do hospital. Recentemente, foi amplamente noticiado pelos meios de comunicação social um estudo efetuado pela Escola Nacional de Saúde Publica, usando dados da Administração Central dos Serviços de Saúde (ACSS) que classificava o IPO-Porto como o melhor hospital do país a tratar o cancro da mama, o cancro colorrectal e o cancro gástrico.

Os resultados observados podem não ser surpreendentes, sobretudo se os mesmos forem concordantes com a avaliação qualitativa da população que servimos. Atualmente, na maioria dos países europeus não existe um programa de treino padronizado e acreditado em oncologia cirúrgica e o resultado é que uma percentagem significativa de doentes com cancro é tratada por generalistas sem treino específico em oncologia. Em países como Portugal existe uma enfâse nas subespecialidades que se dedicam ao tratamento das doenças de um determinado órgão, o que faz com que os casos oncológicos complexos tenham de ser referenciados para centros diferenciados no tratamento do cancro. Por esse motivo, é essencial que estes centros diferenciados potenciem a sua capacidade para formar cirurgiões com treino específico em oncologia que assegurem o futuro do tratamento do cancro com elevados padrões de qualidade e contribuam para disseminar as boas práticas no tratamento da doença. O objetivo final do treino em oncologia cirúrgica é produzir cirurgiões competentes para tratar doentes com cancro, capazes de responder às necessidades dos doentes e do sistema de saúde. Os hospitais com capacidade para formar estes profissionais são aqueles que estão preparados para assegurar que os médicos em formação sejam expostos a um ambiente de exigência e aprendizagem apropriado, que proporcione não só competências técnicas e cognitivas para o exercício autónomo da profissão, mas também as competências que de forma global constituam os atributos de um bom médico e que sejam apreciados pelos doentes e pela sociedade.

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no IPO acontece... IN I C I AT I VAS - EVENTOS - DEBATES

Sabia que… O primeiro transplante do STMO aconteceu em 21 de junho de 1989 num doente com leucemia aguda e que esse doente se encontra bem?

STMO

25 anos de transplantação no IPO-Porto Fundado em 1988, o Serviço de Transplantação de Medula Óssea (STMO) do IPO-Porto comemorou 25 anos sobre o primeiro transplante de medula, num ano em que concretiza dois marcos fundamentais para a sua história. Em fevereiro, concluiu o processo de certificação internacional pela Joint Accreditation Comittee (JACIE), entidade que tem como objetivo a promoção de procedimentos técnicos e organização de excelência, que permitam um elevado grau de segurança e resultados nos doentes submetidos a transplante de medula. Em maio, alcançou os 2 mil transplantes com uma taxa de sucesso assinalável e que para algumas doenças ultrapassa os 90%.

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Reconhecido como um bom serviço de transplantação de medula óssea a nível internacional, ocupando o 33º lugar entre as unidades inscritas no European Group for Blood and Marrow Transplantation (EBMT), constituído por 641 unidades dispersas por todo o mundo, é o mais produtivo a nível nacional, sendo responsável por cerca da 1/3 do total de transplantes e de 50% dos transplantes alogénicos. Com mais de 150 transplantes por ano, de uma forma sustentada, o STMO tem já bem definidos os próximos passos. O reforço da aposta na internacionalização com a integração nas working party do EBMT e o aprofundamento

das diversas formas de terapia celular são os grandes objetivos a médio prazo. Para celebrar estes 25 anos de sucesso, o STMO organizou no dia 5 setembro uma sessão de apresentação dos resultados do serviço, na qual foi também apresentado um ponto de situação atual da transplantação em Portugal. No dia 10 de outubro, este quarto de século voltou a assinalar-se, desta vez com a conferência científica “A Ciência e a Ética”, orientada pelo presidente da American Society for Blood and Marrow Transplantation, Sergio Girald, e por Ana Sofia Carvalho, membro do Conselho Nacional de Ética para as ciências da vida.


DIA DE S. MARTINHO

DIA NACIONAL

DIA DO EUROMELANOMA

IPO-Porto apela à dádiva de sangue

DA PREVENÇÃO DO CANCRO DA MAMA

O que quer saber sobre o cancro da pele?

No dia de São Martinho, 11 de novembro, terça-feira, entre as 10h00 e as 12h00, o IPO-Porto ofereceu castanhas aos seus doentes, visitantes e população em geral, numa ação de apelo à dádiva de sangue que decorreu à entrada do Instituto. Aumentar as dádivas de sangue e captar novos dadores foram os dois grandes objetivos. A mascote gota de sangue fez a entrega das castanhas e de um folheto informativo sobre a dádiva de sangue. Dois médicos do Serviço de Imuno-Hemoterapia estiveram também presentes para responder às questões que surgiram. Os assadores e os pacotes foram decorados com o apelo à dádiva “Dê Sangue!”.

O que quer saber sobre o cancro da mama? Para assinalar o Dia Nacional da Prevenção do Cancro da Mama, o IPO-Porto recebeu o trio de fado “MARIA” que proporcionou a todos um momento diferente e especial. Para além da música, o trio distribuiu sorrisos e flores. Também Vítor Baía, ex-jogador do Futebol Clube do Porto, ofereceu flores, fazendo parte desta surpresa dirigida a todas as doentes que travam uma luta diária contra este tipo de can­­­­­­­­­­­­­cro. Na entrada da Clínica de Mama esteve também patente a exposição “Despir o Preconceito”. Esta exposição seguiu à tarde para a estação de metro do Campo 24 de Agosto, onde os especialistas do IPO-Porto em diagnóstico, tratamento, reconstrução mamária, psicologia e genética, numa conversa moderada pela jornalista Paula Rebelo, estiveram à disposição do público para responder a todas as questões associadas ao cancro da mama.

Clarificar os principais riscos de exposição solar, aprender a prevenir o cancro cutâneo e a realizar um autodiagnóstico foram algumas das questões debatidas em mais uma edição “O que quer saber sobre o cancro? O IPO-Porto responde”, desta vez subordinado ao tema do cancro da pele. Esta ação, que se realizou na Fnac do Norteshopping, foi aberta à população e aconteceu no dia 14 de maio, para assinalar o Dia do Euromelanoma. A diretora do Serviço de Cirurgia Plástica do IPO-Porto, Matilde Ribeiro, referiu que “tendo em conta os mais de 8 mil utentes que todos os anos passam pela Clínica de Pele, Tecidos Moles e Osso do IPO-Porto, sendo detetados todos os anos mais de 200 melanomas, este tipo de ações de sensibilização primária é fundamental para ajudar as pessoas a protegerem-se e a evitarem futuros problemas oncológicos”. PARA CUIDAR DE SI . DEZEMBRO ' 14

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Ricardo Quaresma apadrinha Dia do Euromelanoma Todos os anos, o IPO- Porto comemora o Dia do Euromelanoma, realizando rastreios de pele gratuitos à população. Este ano não foi exceção. As vagas não só se esgotaram rapidamente, como obrigaram à abertura de um número de inscrições superior ao que estava previsto. Além da campanha de rastreios, a Clínica de Pele, Tecidos Moles e Osso do IPO-Porto realizou, no mesmo dia, uma ação de sensibilização primária junto de estudantes do ensino secundário, para alertar para os cuidados a ter com a pele e a exposição solar. Esta ação foi apadrinhada pelo jogador de futebol Ricardo Quaresma que conversou com mais de 200 estudantes sobre os cuidados que tem com a sua própria pele enquanto atleta profissional. A conferência contou com a intervenção dos médicos Matilde Ribeiro, orientadora da Clínica de Pele, Tecidos Moles e Osso do IPO-Porto, e António Santos, dermatologista do Instituto. O Dia do Euromelanoma é uma campanha paneuropeia que envolve 29 países com o objetivo de dar informação a toda a população sobre o cancro de pele, o diagnóstico precoce e o seu tratamento e à qual o IPO-Porto se juntou mais uma vez, cumprindo a missão de cuidar e alertar a população da região norte.

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Dia Nacional contra o Cancro Digestivo O IPO-Porto, através da Clínica de Patologia Digestiva, assinalou o Dia Nacional contra o Cancro Digestivo, 30 de setembro, com uma ação de sensibilização, tendo convidado o Chef Hélio Loureiro a partilhar uma receita saudável, já que uma alimentação correta é um passo fundamental para a prevenção. Nesse dia, os toalhetes da cantina do IPO-Porto tinham inscritas duas receitas: bifinhos de peru gratinados com legumes, arroz de açafrão e sultanas, da autoria do Serviço de Nutrição e Alimentação do Instituto (prato servido no dia), e uma receita de salmão grelhado sobre leito de lentilhas com espinafres, do Chef Hélio Loureiro. Nos ecrãs do IPO-Porto foi emitido um vídeo com o testemunho do Chef e dicas do Serviço de Nutrição e Alimentação para uma alimentação saudável.


Pediatria faz viagem à Idade Média A sala de atividades do Serviço de Pediatria do IPO-Porto transformou-se num castelo para assinalar o Dia Nacional dos Castelos, a 7 de outubro. As crianças viveram a época dos reis e castelos, representando sobretudo a Idade Média. Depois de construído o castelo, que ocupava toda a sala, escudos e estandartes, as crianças participaram em jogos alusivos à época (alquerque, casa da fortuna, moinho, rota) e interagiram com profissionais que, trajados a rigor, representaram figuras da época como os guerreiros, mensageiros, cavaleiros, entre outros. A iniciativa realizou-se em parceria com o grupo EmCadeamentos Históricos que reúne historiadores, arqueólogos e outros profissionais que prestaram todo o apoio, garantindo a veracidade das representações históricas. Lutas da época, mapeamento e historial dos castelos mais importantes de Portugal foram também atividades que divertiram as crianças neste dia.

David e os Sem Soninho atuaram na Pediatria no Dia Mundial da Criança

Crianças da pediatria evocaram 25 de abril com exposição fotográfica

Sorrisos e alegria. Este foi o resultado da atuação do grupo musical infantil “O Pequeno David e os Sem Soninho” na Pediatria do IPO-Porto, no âmbito do Dia Mundial da Criança. Êxitos como “O Bom Surfista”, “Cão Vadio que Fala” ou “Astronauta” fizeram as delícias dos mais pequenos que acompanharam os artistas nas músicas mais conhecidas. Sem dúvida, um dia bem diferente para as crianças da Pediatria do IPO-Porto.

O IPO-Porto desafiou 20 crianças e 20 personalidades portuguesas que viveram a revolução a evocarem “Liberdade” através de fotografia. Do desafio nasceu a exposição “40 ideias, 40 imagens” inaugurada a 23 de abril, no Museu Militar do Porto, edifício da antiga PIDE/DGS. Assinalar os 40 anos do 25 de abril foi o grande objetivo do Serviço de Pediatria do IPO-Porto com esta iniciativa que pretendeu conjugar dois mundos diferentes no que respeita à interpretação da palavra liberdade. Um que apresenta a visão das crianças e adolescentes que se confrontaram com uma doença grave. O outro que parte da visão de adultos com responsabilidades em áreas tão diversas como: saúde, educação, política, militar e cultura. As 40 imagens que compõem a exposição resultaram da conceção de cada participante sobre o significado de “liberdade” captado através de fotografia. Além das 20 crianças e adolescentes da Pediatria do Instituto, este projeto contou com a participação de Pedro Passos Coelho, António José Seguro, António Ramalho Eanes, Assunção Esteves, Augusto Baptista, Heloísa Apolónia, João Semedo, Jerónimo de Sousa, Jorge Sampaio, José Borges, José Carlos Santos, Armando Pinto, José M. Laranja Pontes, Maria José Ribeiro, Mário Nogueira, Mário Soares, Paulo Portas, Rui Moreira, Vasco Lourenço e Rosário Gambôa. PARA CUIDAR DE SI . DEZEMBRO ' 14

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40 anos do IPO-Porto com concerto solidário O IPO-Porto celebrou, o seu 40º aniversário. Para assinalar a data, realizou um mega concerto solidário que contou com vários artistas conhecidos e queridos do público. A 17 de abril, no Pavilhão Rosa Mota, subiram ao palco Tony Carreira, Quim Roscas & Zeca Estacionâncio, André Sardet, Os Azeitonas e os DJs Meninos do Rio, num espetáculo cujas verbas reverteram para a remodelação das instalações hospitalares. Foi a 17 de abril de 1974 que o IPO-Porto começou a dar resposta aos doentes oncológicos da região norte do país, tendo vindo a conquistar ao longo dos anos um lugar cimeiro pela alta qualidade dos serviços que presta e pela tecnologia de ponta que emprega na prestação diária de cuidados de saúde. Tudo começou há 40 anos com 167 colaboradores.

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O Instituto conta, atualmente, com cerca de 2 mil funcionários, reflexo não só do aumento da incidência do cancro, mas também do trabalho que tem sido desenvolvido no tratamento dos mais de 10 mil novos doentes que todos os anos chegam ao IPO-Porto. A atividade do Instituto também tem vindo a crescer de forma constante, com mais de 270 mil consultas por ano. Este número deu origem, em 2010, à remodelação do Hospital de Dia, que realiza 200 tratamentos por dia, e à construção de um novo edifício, em 2011, para albergar os modernos sistemas de radioterapia, tornando este serviço no maior e melhor da Península Ibérica, ao fazer mais de 80 mil sessões de radioterapia anuais.


ensino e investigação A luta contra o cancro é um trabalho diário e permanente, que requer um esforço de pesquisa e reinvenção constantes na busca por novos tratamentos, novos métodos e esperanças renovadas. Este trabalho não é possível sem as pessoas certas para o desenvolver. Por isso, apresentamos as principais valências do IPO-Porto ao nível do Ensino e Investigação – duas premissas que consideramos que devem andar de mãos dadas.

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CI-IPOP C E N T RO DE INVESTI GAÇÃO IPO-porto

Manuel R. Teixeira Diretor do Centro de Investigação do IPO-Porto

O CI-IPOP inclui atualmente cinco grupos de investigação de translação e ainda uma unidade de investigação clínica O Centro de Investigação tem um papel essencial na tripla função do IPO-Porto: assistência ao doente oncológico, ensino da oncologia e investigação em oncologia. Segundo o regulamento interno do IPO-Porto, o Centro de Investigação (CI-IPOP) tem por competência estimular e integrar a atividade científica da instituição, contribuir para a criação de uma cultura científica forte, guiada por objetivos e critérios de avaliação mensuráveis, angariar e gerir fundos destinados ao financiamento da investigação, identificar e publicitar áreas prioritárias para a atribuição de financiamento a projetos de investigação, criar condições para a avaliação externa e independente das linhas de investigação submetidas para financiamento, estimular a cooperação científica interinstitucional nacional e estrangeira e promover a difusão do conhecimento científico e da cultura científica na sociedade. Atualmente, estão registados no CI-IPOP 116 investigadores, dos quais cerca de metade são recursos humanos do IPO-Porto, 20 são bolseiros com financiamento exterior, 32 são alunos de doutoramento registados e 26 são investigadores com grau de doutor (incluindo oito médicos), tendo ocorrido um crescimento exponencial em relação aos sete doutorados existentes quando esta unidade de investigação foi constituída em 2003. Assim, o CI-IPOP agrega uma massa crítica de investigadores capaz de concretizar a visão estratégica institucional de ter a investigação como parte integrante da assistência ao paciente. O objetivo geral do CI-IPOP é a compreensão dos mecanismos biológicos envolvidos na carcinogénese e na resposta/resistência à terapia, o que poderá contribuir para melhorar a prevenção e/ou o tratamento do cancro. 36

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O compromisso institucional do IPO-Porto para com a atividade do CI-IPOP é evidenciado pelo significativo autofinanciamento da investigação na instituição. Conforme definido no regulamento interno do CI-IPOP, uma parte significativa dos fundos gerados pelos ensaios clínicos com financiamento externo e dos donativos entregues à instituição são canalizados para investimento na investigação clínica e de translação, com recurso a concursos internos de projetos de investigação. Este financiamento interno complementa assim o financiamento externo angariado pelos investigadores do CI-IPOP da União Europeia, da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, da Liga Portuguesa Contra o Cancro e de outras agências de financiamento da investigação. O CI-IPOP inclui atualmente cinco grupos de investigação de translação e ainda uma unidade de investigação clínica.


Grupo de Oncogenética Coordenado por Manuel R. Teixeira, o Grupo de Oncogenética tem por objetivo caracterizar o padrão de alterações genéticas herdadas e adquiridas envolvidas na origem do cancro, bem como compreender os mecanismos da progressão tumoral e a resposta à terapia. O principal conceito subjacente ao trabalho do Grupo de Oncogenética sustenta que o conhecimento detalhado sobre os mecanismos celulares de transformação maligna associadas a anomalias genéticas germinativas e somáticas em cada doente é necessário para terapias dirigidas especificamente ao metabolismo alterado das células tumorais. Por outro lado, a caracterização das mutações constitucionais em famílias com predisposição hereditária para cancro permite o diagnóstico de síndromes hereditárias e a possibilidade de oferecer rastreio e/ou profilaxia aos indivíduos com risco elevado.

Espaço Físico Em 2014 entrou em funcionamento o Laboratório 3 do Centro de Investigação, localizado no edifício F, 1º piso. Nele estão agora sediados o Grupo de Epigenética e Biologia do Cancro, o Grupo de Física Médica, Radiobiologia e Proteção Radiológica, parte do Grupo de Oncogenética e o gabinete do diretor do CI-IPOP. O Laboratório 1 do Centro de Investigação está localizado no Edifício E, 6º piso (com partilha de parte do equipamento e espaço laboratorial com o Serviço de Genética), onde estão sediados alguns membros do Grupo de Oncogenética. O Laboratório 2 do Centro de Investigação está localizado no Edifício E, 1º piso, onde estão sediados o Grupo de Oncologia Molecular e Patologia Viral e o Grupo de Patologia e Terapêutica Experimental. Por último, a Unidade de Investigação Clínica está localizada no 5º piso do edifício da Medicina.

Grupo de Oncologia Molecular e Patologia Viral O Grupo de Oncologia Molecular e Patologia Viral é coordenado por Rui Medeiros e os seus objetivos de investigação estão especialmente focados na epidemiologia molecular e farmacogenómica do cancro, bem como no estudo da associação entre vírus oncogénicos e o desenvolvimento de cancro. O objetivo fundamental do grupo é a caracterização molecular dos mecanismos associados ao aparecimento do cancro e da resposta ao tratamento, nomeadamente através da identificação de biomarcadores de suscetibilidade para o desenvolvimento de cancro e de resposta à terapia. Adicionalmente, o Grupo de Oncologia Molecular e Patologia Viral também desenvolve projetos na área de virologia tumoral, nomeadamente sobre a associação entre o papilomavírus humano e o vírus Epstein-Barr com o desenvolvimento de cancro. PARA CUIDAR DE SI . DEZEMBRO ' 14

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foi de 4,6, o que também é uma melhoria significativa em relação aos quatro anos precedentes (Figura 2). Tentando avaliar simultaneamente a quantidade das publicações com a sua qualidade medida pelo fator de impacto, podemos verificar que a soma dos fatores de impacto das publicações de 2013 atinge o valor de 390 (Figura 3), o que representa cerca do dobro do valor dos anos anteriores. Esta melhoria do impacto geral das publicações é evidente também pelo número significativo de publicações com fator de impacto superior a 5 (25 em 2013) e superior a 10 (6 em 2013).

Grupo de Patologia e Terapêutica Experimental

Nº publicações científicas indexadas 100 91

O Grupo de Patologia e Terapêutica Experimental é coordenado por Lúcio Santos e dedica-se à investigação translacional do cancro usando modelos in vitro e in vivo de patologia comparativa para estudar o processo de transformação neoplásica, com ênfase no cancro da bexiga. Os principais objetivos do grupo são identificar biomarcadores que permitam um melhor prognóstico e um melhor tratamento, identificar os alvos terapêuticos, desenvolver novos medicamentos e tratamentos personalizados, estudar os mecanismos de resistência a terapias antineoplásicas, desenvolver modelos experimentais que permitam estudar terapêuticas antineoplásicas e estudar neoplasias associadas com infeções.

Produção Científica A produção científica do CI-IPOP é essencialmente medida pelos parâmetros que envolvem publicações em revistas internacionais indexadas com revisão por pares. A produção científica no período 2008-2012, alvo da avaliação de desempenho atualmente em curso pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, inclui um total de 274 publicações internacionais com revisão por pares indexadas pela base de dados Scopus, 228 das quais em revistas com fator de impacto oficial. A soma dos fatores de impacto das revistas onde os investigadores do CI-IPOP publicaram neste período foi 737,9 (média de 3,2), incluindo 125 (54,8%) com fator de impacto 2-5 e 35 (15,4%) com fator de impacto >5. O número total de citações das publicações do CI-IPOP no período 20082012 (até 23/12/2013) foi de 2.193. Das 274 publicações em 2008-2012, 72 (26,3%) resultaram de colaborações internacionais e incluiu investigadores de instituições estrangeiras como coautores. Ao longo do tempo, a produção científica do CI-IPOP tem aumentado significativamente. Como se pode observar na Figura 1, o número de publicações científicas internacionais em 2013 foi de 91, continuando o crescimento exponencial que se tem verificado nos últimos cinco anos. Por outro lado, o fator de impacto médio das revistas onde os investigadores do CI-IPOP publicaram 38

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2003 2004

2005 2006

2007 2008 2009

2010 2011

2012

2013

Fator de impacto médio das publicações (2009-2013) 6

5

4,6

4 3,3 3

3,1 2,9

2,7

2

1

0 2009

2010

2011

2012

2013

Soma do fator de impacto das publicações (2009-2013) 450 390,0

400 350 300 250 200

181,0

192,2

2011

2012

149,6 150 100

89,1

50 0

2009

2010

2013


Grupo de Física Médica, Radiobiologia e Proteção Radiológica O Grupo de Física Médica, Radiobiologia e Proteção Radiológica é coordenado por João Santos e o seu trabalho concentra-se na aplicação de metodologias da física e da radiobiologia para resolver problemas específicos relacionados com os cuidados de saúde, tanto do ponto de vista do paciente como na perspetiva da proteção em caso de exposição a radiações ionizantes. Uma das áreas em que o grupo está envolvido é o estudo dos efeitos radiobiológicos da radioterapia com peptídeos marcados com análogos da somatostatina, que são usados como uma modalidade de tratamento eficaz para tumores neuroendócrinos irressecáveis positivos para o recetor da somatostatina. Outra área em que o Grupo de Física Médica, Radiobiologia e Proteção Radiológica trabalha intensamente é o levantamento de doses de radiação nos profissionais durante o procedimento tomografia computorizada com fluoroscopia em radiologia de intervenção.

Grupo de Epigenética e Biologia do Cancro O Grupo de Epigenética e Biologia do Cancro é coordenado por Carmen Jerónimo e tem como principal objetivo caracterizar os mecanismos epigenéticos envolvidos na génese do cancro, com uma ênfase particular em neoplasias urológicas. A caracterização da metilação aberrante, e a consequente desregulação da expressão de genes envolvidos na génese de tumores urológicos, tem permitido a identificação de novos biomarcadores de cancro derivados da assinatura epigenética das células neoplásicas, alguns dos quais com valor prognóstico. Mais recentemente, o Grupo de Epigenética e Biologia do Cancro tem investigado a utilidade de moduladores epigenéticos como potenciais agentes antineoplásicos em cancro do rim e da próstata, através da manipulação de linhas celulares.

Colaborações em rede Unidade de Investigação Clínica A Unidade de Investigação Clínica é coordenada por José Dinis e tem como objetivo principal colaborar no desenvolvimento de terapias do cancro mais eficientes através da participação em ensaios clínicos multicêntricos. A unidade apoia as clínicas e serviços do IPO-Porto na sua participação em ensaios clínicos internacionais, designadamente os promovidos pela Organização Europeia para a Investigação e Tratamento do Cancro (EORTC), por grupos cooperativos, pela indústria farmacêutica, ou ensaios de iniciativa do investigador.

O acordo entre o IPATIMUP e o IPO-Porto, estabelecido em 2008, permitiu a acreditação do conjunto destas entidades como Comprehensive Cancer Center pela Organização dos Institutos Europeus de Oncologia (OECI), uma colaboração que se poderá alargar no futuro com o novo Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (I3S) da Universidade do Porto. Adicionalmente, o IPO-Porto integra e coordena a Plataforma Oncológica do Porto, o que abre boas perspetivas para a criação de sinergias com o objetivo de ter um cluster de investigação em oncologia no Porto que seja internacionalmente competitivo. PARA CUIDAR DE SI . DEZEMBRO ' 14

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EPOP E sco la portug uesa de Onco logia do porto

Valores •

Fomentar a partilha do conhecimento, humano, científico e ético;

Assegurar o ensino, a docência e a integração profissional com elevados padrões de qualidade;

Desempenhar as diversas atividades formativas com enfoque na credibilidade, responsabilização e reconhecimento institucional;

Proporcionar aos públicos-alvo da EPOP condições para desenvolvimento humano, pessoal e profissional.

A Escola Portuguesa de Oncologia do Porto (EPOP) é o departamento do IPO-Porto responsável pela gestão do ensino e formação, sendo uma estrutura vocacionada para a transferência de conhecimento na área das ciências da saúde, com particular destaque para o ensino e integração profissional em oncologia. A sua missão principal consiste em promover junto dos profissionais do IPO-Porto, de instituições parceiras e protocoladas, assim como de outros profissionais de saúde em geral, a atualização de conhecimentos em oncologia segundo o estado da arte, com vista a reverter os benefícios e avanços conquistados em prol das populações que servem. Faz ainda parte da missão da EPOP a promoção de estágios profissionais, assim como a colaboração e organização de eventos, seminários, workshops e outras atividades formativas que envolvam os espaços sob a sua responsabilidade.

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Rui Henrique Diretor da EPOP


Objetivos •

Planificar, organizar e realizar atividades formativas no âmbito da oncologia;

Promover a formação contínua na perspetiva da valorização profissional dos diversos grupos profissionais do IPO-Porto;

Prestar apoio logístico e organizacional ao ensino pré e pós-graduado que se realiza no IPO-Porto;

Gerir os espaços e estruturas dedicadas à formação;

Centralizar e facultar o acesso à documentação técnica e científica existente como meio de apoio à formação e ensino em oncologia.

Formação geral e no âmbito da Oncologia A EPOP planeou e executou dois tipos de formação, obrigatória, com carácter estratégico institucional, e não-obrigatória, dando resposta a necessidades de formação identificadas pelos colaboradores do IPO-Porto. Em 2013, foram registados 1.891 formandos na estrutura da EPOP, num total de 209 ações formativas, correspondendo a um investimento em formação da ordem dos 240 mil euros. Neste período, o IPO-Porto recebeu um total de 750 estagiários /alunos para atividades de formação e ensino, representando um incremento de 5% relativamente ao ano anterior. No que respeita aos estágios de formação de âmbito académico, registou-se um aumento do número de estágios face ao verificado em 2012, passando de 715 para 750,

correspondendo a um incremento de 5% relativamente ao ano anterior. A portaria n.º 204-B/2013, de 18 de junho, criou a medida Estágios Emprego que visa o desenvolvimento de uma experiência prática em contexto de trabalho com o objetivo de promover a inserção de jovens no mercado de trabalho, promovendo o conhecimento sobre novas formações e competências. Por deliberação do conselho de administração, em reunião de 18 de setembro de 2013, foi aprovada que a adesão e gestão à respetiva medida do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) fossem coordenadas pela EPOP. Assim, a EPOP apresentou 40 candidaturas ao IEFP, com 107 estágios aprovados, sendo que 82 dos estagiários iniciaram funções durante 2013.

promover a inserção de jovens no mercado de trabalho, promovendo o conhecimento sobre novas formações e competências

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Gestão Documental

Atividades de ensino

Em 2013 a Unidade de Gestão Documental disponibilizou 1.339 artigos científicos com base em cinco fontes de pesquisa (arquivo da biblioteca, Ovid, ClinicalKey, artigos disponibilizados por outras instituições e outros motores de busca). Relativamente às pesquisas bibliográficas, realizaram-se 156 pesquisas por assunto, em que apenas 23 foram assistidas. As fontes de pesquisa utilizadas foram Pubmed, Medline da Ovid e ClinicalKey. A Unidade de Gestão Documental, em consórcio com as bibliotecas dos outros IPO, reforçou em 2013 as plataformas científicas com a aquisição da ClinicalKey, elevando assim a qualidade dos seus serviços. Realizou-se também a reformulação da Ovid, sendo que este processo foi orientado no sentido de manter uma elevada qualidade de serviço, mas também uma redução significativa dos custos institucionais, o que foi conseguido através de um decréscimo de 16% face a 2012.

Uma das vertentes que se reveste de particular relevância estratégica é a manutenção de relações de colaboração com as instituições de ensino superior universitário e politécnico, nomeadamente no apoio ao aperfeiçoamento dos trabalhos conducentes a dissertações de mestrado e teses de doutoramento, bem como as atividades desenvolvidas no âmbito de colaboração na lecionação de unidades curriculares de diversos cursos de 1º, 2º e 3º ciclo, a seguir discriminados, e cujos docentes responsáveis são elementos do IPO-Porto:

Licenciaturas e Mestrados Integrados • Mestrado Integrado em Medicina, ICBAS-UP • Mestrado Integrado em Medicina, ECVS - UM

Estratégia 2014/15 •

Melhorar continuamente a qualidade e quantidade de ações formativas para dar resposta às necessidades identificadas pelos colaboradores do IPO-Porto;

Fortalecer as parcerias com as instituições de ensino superior, proporcionando condições para o desenvolvimento das atividades letivas no IPO-Porto e envolvendo de forma mais ativa os seus profissionais de saúde;

Colocar ao dispor da comunidade as capacidades de ensino e formação em oncologia, contribuindo para as estratégias de educação para a saúde e prevenção do cancro;

Obter a certificação pela norma NP 4512 / 2012 – “Sistema de gestão da formação profissional, incluindo aprendizagem enriquecida por tecnologia”.

• Mestrado Integrado em Bioengenharia, FEUP/ ICBAS-UP

Mestrados (2º ciclo) • Mestrado em Oncologia, ICBAS-UP/IPO Porto • Mestrado em Bioquímica, FCUP/ICBAS-UP • Mestrado em Biomedicina, FMUP • Mestrado em Física Médica, FCUP

Doutoramentos (3º ciclo) • Programa doutoral em Patologia e Genética Molecular, ICBAS-UP/FMUP • Programa doutoral em Medicina e Oncologia Molecular, FMUP/ICBAS-UP • Programa doutoral em Biomedicina, FMUP

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sucesso da atividade oncológica

PLATAFORMA ONCOLÓGICA DO PORTO

Mário Dinis Ribeiro Diretor do Serviço de Gastrenterologia do IPO-Porto

Uma rede de competências para

melhor compreender o cancro e cuidar dos doentes A Plataforma Oncológica do Porto foi formada há cerca de um ano, agregando seis instituições clínicas de investigação, designadamente o Instituto Português de Oncologia do Porto (IPO Porto), Centro Hospitalar do Porto (CHP), Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto (ICBAS-UP), Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP), Instituto Nacional de Engenharia Biomédica (INEB) e o Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC). O seu principal objetivo é reforçar a excelência científica e tecnológica ao serviço dos cuidados de qualidade em saúde a doentes com cancro, facilitando a combinação das várias competências existentes nas instituições agora envolvidas neste projeto. As duas instituições hospitalares atualmente envolvidas (IPO-Porto e CHP), já reconhecidas pela comunidade pública e clínica na sua competência no tratamento

de doentes oncológicos e pelas ligações históricas no pré e pós-graduado, e aquelas na área de investigação fundamental e de translação, anteveem que juntas poderão potenciar todas as mais-valias instaladas e, através da estimulação e potenciação de projetos científicos e ensaios clínicos, aproximar investigadores e cuidadores no sentido de encurtar o tempo entre a conceção e validação laboratorial e a sua aplicação clínica e, no sentido inverso, a melhor compreensão da variabilidade de respostas terapêuticas. Por um lado, oferecer a mais doentes a oportunidade de participar em estudos de investigação, designadamente ensaios, por outro lado, proporcionar aos investigadores, energia fundamental neste país, a oportunidade de ver os seus produtos inovadores traduzidos mais rapidamente para os doentes: da bancada ao leito e de seguida de volta ao laboratório para melhor compreender o cancro.

Mas a rede agora criada ambiciona fortalecer outras parcerias locais, nacionais ou internacionais, não se excluindo as ligações já existentes de pólos, elos e canais futuros. Designadamente a outras estruturas de investigação em reformulação no âmbito da Fundação para a Ciência e a Tecnologia e ao abrigo do programa Horizonte 2020; estruturas universitárias e clínicas. Pretende-se que neste primeiro núcleo se possam agregar outras instituições nomeadamente os outros IPO, de Coimbra e Lisboa, agora Centro Hospitalar. Este consórcio pretende conjugar esforços com uma rede física, leve porque já existente, e que seja fundamentalmente funcional, enquanto facilitadora de contactos, reuniões e projetos. Alguns projetos já em curso são fundamentais na caracterização molecular mais abrangente de tumores, mas igualmente no desenvolvimento de novas tecnologias para o diagnóstico precoce. PARA CUIDAR DE SI . DEZEMBRO ' 14

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breves A P R E N D ER - COMUNICAR - INOVAR

aos IPO para fazer a sua dádiva conseguimos superar os objetivos propostos. Deixamos aqui o nosso sincero agradecimento a todas as pessoas que com o seu contributo nos ajudam a salvar vidas”. A dádiva de sangue é sempre necessária, sendo possível ter este gesto solidário em qualquer altura do ano.

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DÁDIVA DE SANGUE

Dádiva de Sangue bate recordes A campanha de recolha de sangue “Por uma vida com mais sentido” que decorreu nos IPO do Porto e de Lisboa, de 14 a 19 de julho, alcançou em seis dias 614 doações, mais do dobro do número registado na melhor semana de 2013, sendo 370 de novos dadores. Durante a ação, 762 pessoas passaram pelo serviço de dádiva de sangue dos IPO do Porto e de Lisboa. A diretora do Serviço de Imuno-Hemoterapia do IPO-Porto, Luísa Lopes dos Santos, agradece: “Graças ao espírito solidário de todos os que se dirigiram

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SEGURANÇA

Simulações de incêndio testam Plano de Emergência Interno Todos os anos o IPO-Porto realiza simulacros de incêndio para testar o seu plano de emergência interno. Os simulacros, que normalmente acontecem mais do que uma vez por ano, ajudam todos os intervenientes - funcionários, bombeiros, polícia, entre outros - a perceberem a melhor forma de agir em caso de incêndio ou outras catástrofes. O IPO-Porto simula sempre e em vários locais do hospital uma situação específica para se aproximar, o mais possível, da realidade e testar o Plano Específico de cada serviço.

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DIA MUNDIAL DO NÃO FUMADOR

Estudantes sensibilizados para uma vida mais saudável ●●●●

No âmbito da iniciativa “Jovens como

BOAS PRÁTICAS

IPO-Porto distinguido por boas práticas sociais, ambientais e de gestão

Promotores de Saúde”, o IPO-Porto tem recebido todos os anos mais de 200 estudantes para uma formação intensiva sobre a prevenção e diagnóstico precoce dos vários tipos de

O IPO-Porto foi o grande vencedor setorial nos serviços de saúde do “Prémio

cancro, entre os quais o Papiloma Vírus

Desenvolvimento Sustentável” 2013, atribuído pela Heidrick & Struggles e pelo

Humano, o cancro da mama, o cancro do pulmão

Diário Económico, pelas boas práticas de sustentabilidade implementadas. Com

ou o cancro do testículo.

esta distinção, o Instituto vê premiado o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido

A iniciativa, que acontece sempre em novembro,

pelo Conselho de Administração, em colaboração direta com todos os setores da

tem como grande objetivo dotar os jovens

organização. Desde há alguns anos que o IPO-Porto faz um percurso que envolve

de mais e melhores conhecimentos sobre a

iniciativas que visam alcançar reais índices de sustentabilidade. Destacam-se, na área

adoção de hábitos de vida saudáveis. Assim, o

da gestão, a implementação de um Código de Ética, um Plano de Corrupção e Infrações

IPO-Porto assume a missão de certificar com

Conexas, um Manual de Procedimentos de Gestão de Risco e Saúde Ocupacionais,

escolas e encarregados de educação os “Jovens

um Departamento de Governação Clínica, um Gabinete de Qualidade, Inquéritos de

como Promotores de Saúde”, a fim de promover

Satisfação ao Doente, um Plano de Marketing e um Plano de Comunicação.

um futuro mais saudável.

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BOAS PRÁTICAS

Distinção Kaizen Lean 2013 renovada O IPO-Porto foi, de novo, premiado pela inovação tecnológica que tem sido implementada no atendimento aos seus utentes. A 11 de abril, a Kaizen Lean, que distingue os melhores em várias áreas de atuação pela redução de custos e aumento da produtividade, atribuiu uma menção honrosa ao Instituto, na categoria “Excelência no Setor da Saúde”. Esta nomeação reconhece o projeto Bem-me-ker, denominação dada aos quiosques eletrónicos que, rapidamente, ganharam a preferência dos utentes do IPO-Porto nas atividades de check-in e check-out, desde que foram instalados no final de 2012. Os quiosques eletrónicos Bem-me-ker são um sistema inovador que inclui funções integradas nas áreas administrativa e clínica. Este projeto teve como principal objetivo a implementação de uma solução automatizada de gestão da relação com os doentes à chegada (check-in) e à saída (check-out), fornecendo informação sobre a continuidade dos cuidados de saúde (consultas futuras, cuidados a ter no domicílio ou preparação para exames). A Kaizen Lean é uma multinacional que fornece serviços de consultoria e formação ao tecido empresarial e instituições públicas em mais de 35 países.

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PUBLICAÇÕES

O eSsencial em… Sinalização Celular

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SOLIDARIEDADE

Universidade Portucalense realizou cordão humano no IPO-Porto

O livro “O eSsencial em… Sinalização Celular”, lançado pelo Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro, da autoria de Margarida

“Vamos fazer sorrir as crianças do IPO?” foi o lema da 2.ª edição da “Praxe Solidária”,

Fardilha, de Odete A. B. da Cruz e Silva e de

organizada, no dia 17 de outubro de 2013, pela Associação de Antigos Alunos da

Miguel Conde, contou com a participação de

Universidade Portucalense (AAAUPT), onde alunos e colaboradores formaram um

dois especialistas do IPO-Porto. Rui Medeiros, no

cordão humano que pretendeu unir a instituição ao Serviço de Pediatria do IPO-Porto.

Capítulo 9, “Sinalização via TGFß” e Lúcio Lara

Além do cordão humano, os estudantes ofereceram material didático à Pediatria do

Santos, no Capítulo 11, “Desregulação de vias de

Instituto. Marcadores, lápis, plasticina e jogos foram alguns dos presentes entregues.

sinalização no cancro”, enriqueceram a obra.

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CLÍNICA DE PELE

Informar e sensibilizar para a prevenção do cancro da pele No âmbito do Dia do Euromelanoma, assinalado a 15 de maio, o IPO-Porto realizou mais de uma centena de rastreios, com o objetivo de informar e sensibilizar para a prevenção e diagnóstico precoce do cancro da pele. Das 110 observações registadas, foram detetados dois casos de melanoma, quatro lesões suspeitas de melanoma, um carcinoma espinocelular, quatro carcinomas baso celulares e dois síndromes de nevos atípicos, a merecer vigilância apertada no IPO-Porto. Para Matilde Ribeiro, orientadora da Clínica de Pele, Tecidos Moles e Osso, do IPO-Porto, “esta foi uma das campanhas de rastreio em que se detetaram mais casos de lesões cutâneas”. São ações como esta que “sensibilizam a população para a necessidade de proteção constante e rastreios regulares”, acrescenta a especialista. Assim, em jeito de alerta e a iniciar a época balnear, é importante não esquecer o uso frequente de proteção solar e o uso de chapéu, e, na praia, evitar a exposição ao sol nas horas mais críticas, entre as 11h00 e as 17h00.

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Organization of European Cancer Institutes

Oncology days Porto 2015 General Assembly, Scientific Conferences And Related Events Instituto PortuguĂŞs de Oncologia do Porto

June 22nd - 24th


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