Capital
capital Ano I - Edição 1 | Dezembro - 2009
Revista
Feira de Cascavel Uma das maiores do estado
Investimento milionário
TERMELÉTRICA DO PECÉM
O Lixo que transforma Associação dos Catadores do Jangurussu cria práticas sustentáveis
Ceará sempre foi sinônimo de secas, terras quase estéreis, onde habitam pessoas em que infortúnio sempre lhe foi companheiro de vida. Apesar dessa visão estereotipada de uma terra infrutífera, o IBGE apontou que o Ceará foi o Estado que mais cresceu economicamente em 2006, com expansão agropecuária de 35,5% e indústria de 5,3%. Os números podem ser pequenos e não assustar, mas na conjuntura, o príncipe do Nordeste se destacou, vencendo outros 25 unidades federativas que, no mesmo período, entre problemas e investimentos, tiveram as mesmas oportunidades - às vezes, até mais - e não alcançaram o pequeno gigante.
Pode ser que as condições de vida não se compare àquelas vividas nas regiões Sul e Sudeste; pode ser, também, que os níveis de educação ainda estejam arquejando, lutando para ter expressão significativa, mas é nesse cenário de tentativas que a marisqueira Maria de Fátima e a ex-catadora de lixo Iraci ganham a vida. Sem contar que eventos como a Feira de Cascavel e a Feira de Emprego e Estágio do Ceará também estimulam o desenvolvimento da economia do Estado. É com essas pequenas diferenças que o Ceará mostra seu potencial, pois, apesar das falhas sociais, consegue-se atingir índices de desenvolvimento que seus vizinhos não conseguiram alcançar. É nesse Estado que a revista Capital se destaca, como um periódico que leva informação a todos, para que nosso povo tenha orgulho de ser cearense. Boa Leitura! João Lira
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Ano I - Edição 1 | Dezembro - 2009
Capital é uma publicação mensal voltada para o público geral - Rua Alemanha , 550 - Vila Betânia Cep 60.740-800 Fortaleza - Ceará Fone (85) 3245.3112 www.revistacapital.com.br
Coordenação revista Capital: Fátima Medina Produção Gráfica, Editorial e Diagramação: João Lira Maab Adjanni Irosemberg Carvalho Fotos: Divulgação e arquivo Impressão: Gráfica Pouchain Tiragem: 5.500 exemplares Distribuição: Gratuita e dirigida
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É preciso querer
ser grande
Por Paula Belelli e Marcos Mendes
Uma história de sucesso no empreendedorismo feminino. Ela começou no setor de administração de um salão de beleza e após um ano viu que o que realmente queria era administrar o seu próprio negócio, seu próprio salão de beleza. Com um marido ganhando apenas um salário mínimo e dois filhos para criar ela precisava dar um rumo certo em sua vida. “Todos os dias de manhã em que eu deixava meus filhos no colégio eu sabia que eu tinha que sair pra vencer”. Com muita visão e fé Aline Cunha provou que determinação e muito esforço são capazes de transformar vidas. Ao ter contato com o mundo da estética, Aline resolveu aprender tudo o que podia, e fazer daquilo o seu meio de vida. Logo após sair da empresa em que trabalhava Aline montou um pequeno salão na garagem de sua casa. “Quatro meses, foi o tempo suficiente para sair da garagem da minha casa, e alugar meu primeiro ponto. Trabalhei sozinha por três meses e depois disso contratei uma manicure, uma depiladora e uma recepcionista”. Colocando o cliente sempre em primei-
ro lugar Aline e sua equipe foram conquistando cada vez mais fregueses. Todos os funcionários foram treinados e capacitados para atender todas as necessidades da clientela. “Capacitamos três funcionários vindos de uma favela que não possuíam conhecimento na área”. “O nosso sucesso se deu apenas pelo bom trabalho e honestidade. Nunca fizemos propaganda na mídia, nossa principal divulgação foi o bocaa-boca”, ressalta Aline. A empresária diz que quando se começa um negócio próprio umas das principais atitudes é sempre pensar em ser grande, ter ambição e buscar crescer, mesmo que no começo não se tenha muito lucro. “Todo o dinheiro que entrava eu investia na própria empresa. Eu me segurava para não comprar nada, porque sabia que se investisse aquele dinheiro, eu teria retorno”. E foi o que aconteceu. Hoje, Aline tem uma sócia e dois grandes salões de beleza muito bem freqüentados no bairro da Água Fria em Fortaleza e já planeja a instalação de mais um salão.
Empreendimento da empresária Aline Cunha 4
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Aline Cunha faz parte da força do empreendedorismo femi-
Aline Cunha e sua equipe nino no Brasil. O número de mulheres empreendedoras cresceu tanto que bateram os homens na abertura de novos negócios. Segundo dados do GEM 2007 (Global Entrepreneurship Monitor), estudo do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e do IBQP (Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade), apontam que, pela primeira vez, 52,4% dos novos negócios (com até 42 meses de criação) estão sob controle de mãos femininas. A pesquisa aponta um grande salto da presença das mulheres na população empreendedora do país e caracteriza uma mudança histórica, já que os homens sempre lideraram o ranking. Em 2007, de cada 100 brasileiras, aproximadamente 13 estavam envolvidas em atividades empresariais e destas, mais da metade está a frente de negócios próprios. Estes índices colocaram o Brasil na sétima posição do ranking mundial de empreendedoras, composto por 42 países, com 7,7 milhões de mulheres à frente de negócios.
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Uma teia de desenvolvimento
Por Marcio Dornelles Rômulo Luna Tássia Mesquita
O projeto Teia Solidária, implantado no Lagamar, trouxe ensinamentos e desenvolvimento econômico para os empreendedores da região. Com o dinheiro do programa, foi possível construir um fundo de crédito para os comerciantes do bairro, preservando princípios e valores da economia solidária. Discretamente localizada em uma rua estreita do Lagamar, em Fortaleza, a Fundação Marcos de Bruin se apresenta como uma condutora do desenvolvimento social e econômica do bairro. Implantando o projeto “Teia Solidária”, o grupo de profissionais foi capaz de colocar em prática um programa que elevou o crescimento da economia local e, consequentemente, a manutenção no social dessa região esquecida da cidade. Localizado próximo a uma área nobre de Fortaleza, com impacto direto na especulação imobiliária, o Lagamar é marcado pela falta de políticas públicas, sobretudo por conta de sua posição geográfica, onde o mesmo bairro é dividido e atendido por duas regionais: SER II e SER VI. Com uma população média de 12 mil habitantes, morando em 2,4 mil domicílios – segundo senso realizado pela Fundação Marcos de Bruin em 2006 – a economia do local vai ganhando maior importância para a população a partir do projeto implantado para proporcionar o amadurecimento dos negócios já existentes e implantar novos comércios, diversificando o meio de subsistência dessa população. O projeto Teia Solidária foi apresentado ao Banco do Nordeste do Brasil (BNB) para que fosse criado um Fundo Rotativo Solidário urbano, tendo início em agosto de 2008. Os recursos vêm do Programa de Apoio a Projetos Produtivos Solidários, que é fruto de um convênio assinado com a Secretaria Nacional de Economia Solidá-
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ria (Senaes) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Os R$ 88 mil usados para o desenvolvimento do projeto é proveniente do lucro excedente do BNB, financiado pela Senaes. Esse recurso foi distribuído entre os participantes do projeto, para a compra de equipamentos, reforma do local, compra de matéria prima e contratação de terceiros. Todo o dinheiro é emprestado a fundo perdido retornando, dessa forma, para a população. “Assim, a comunidade tem autonomia para ter um fundo de um valor considerável que possa ser utilizados em ações para apropria comunidade”, explica a Psicóloga Renata Melo, coordenadora do Eixo de Trabalho e Renda da fundação. O projeto se caracteriza como uma linha de crédito. No entanto, como explica a coordenadora, “o Teia Solidária se diferencia pelo seu cunho social”. Diferente dos programas de crédito convencional, no programa os empreendedores não têm restrições que os impedissem de participar. As propostas de negócios foram avaliadas de acordo com sua viabilidade econômica e pelo desempenho do empreendedor no curso onde foram elaborados os planos de negócios. Renata Melo explica que após a seleção, foi realizado um treinamento onde foi feito o desenvolvimento de empreendedorismo, elaboração de planos de negócios, elaboração de orçamentos financeiros, identificação da demanda do negócio e todas as necessidades que cada um possuía para o desen-
volvimento do seu projeto. Com isso, foi possível ter uma idéia de quais os tipos de negócios já existiam na comunidade. O apoio possibilita a concessão de crédito para 47 empreendedores, selecionados entre 150 inscritos, sendo 80% localizados no próprio Lagamar. Os negócios já em funcionamento se dividem entre as áreas de alimentação (11), confecção (11), comércio (11), estética e beleza (9) e de serviços (5). Essa linha de crédito, explica Renata Melo, foi dividida em duas etapas: uma para quem solicitasse o empréstimo de até R$ 1 mil e outra para quem quisesse
ter uma linha de até R$ 3 mil. “A pessoa teve a autonomia de escolher quanto o seu negócio precisaria para funcionar. A gen-
Capital te não interferiu em nada, com relação a isso. Os empreendedores são completamente autônomos”, detalha. Esses empréstimos são pagos em 12 meses, com quatro meses de carência e sem juros. Nesta devolução, apenas 80% fica com a fundação. Os outros 20% ficam com o próprio empreendedor. A coordenadora ainda explica que os participantes passaram por oficinas de capacitação para que pudessem gerir melhor os seus negócios, uma oficina de marketing, para que a divulgação fosse feita de forma mais produtiva, além de uma oficina de gestão financeira. A implementação dos negócios também acontece de forma diferenciada. Se em um empréstimo normal de banco os atendidos resgatam o dinheiro e o aplicam da forma como querem, no Teia Solidária, toda a compra de material e aplicação do dinheiro é feito sob a coordenação de um técnico para que os recursos não sejam usados de forma desordenada. A coordenadora informa que, com a ação do projeto, os empreendimentos rendem uma média de um a dois salários mínimos para cada proprietário, já que se trata de pequenos negócios. Uma das atendidas pelo programa é Elba Ferreira da Paz Tomás, 33, dona de um salão de beleza. Com o negócio funcionando há mais de 10 anos no bairro, somente com a ajuda do projeto foi possível dar uma alavancada no empreendimento. Elba pegou o empréstimo de R$ 2,4 mil do projeto Teia Solidária e aplicou na reforma do prédio, na compra de equipamentos, na produção de banners para as promoções e na publicidade do salão. Com a ajuda do programa, a renda mensal de Elba teve um aumento de 40%. “Antes, eu não conseguia ver dinheiro no caixa, depois de um dia ou semana de trabalho. Agora,
Elba exibe com orgulho o Certificado eu já consigo ver alguma reserva de um dia para outro”, se orgulha a cabeleireira. Em seu salão, Elba consegue faturar líquido R$ 1 mil por mês. “Eu senti muita diferença depois que eu peguei o dinheiro da fundação. Mas o curso que a gente fez, apesar de ter sido muito rápido, foi muito importante para que eu pudesse aprimorar as minhas técnicas de negócios. A parte de atendimento ao cliente está sendo tudo aplicado”, afirma Elba, que, enquanto faz escova no cabelo de uma cliente, outra aguarda a sua vez sentada em uma cadeira acolchoada. Em um espaço de pouco mais de cinco metros quadrados, cerca de três quarteirões depois do salão de Elba, encontrase a lojinha de decoração para festa de aniversário, objetos descartáveis e materiais de papelaria, de Lucia Leuda Adriano, 41. Moradora do Lagamar há 20 anos, ela foi uma das que deu início ao negócio após o surgimento do Teia Solidária. “Antes eu vendia frutas e verduras, mas não dava não. Com o Teia (Solidária) eu montei essa minha lojinha e vivo bem melhor. Comecei com descartáveis e papelaria. Só que agora, a procura por artigos de festinha está aumentando. Por isso, estou investindo nisso”, explica. Leuda pegou um empréstimo de R$ 2,7 mil para reformar o
pequeno espaço e para a compra da mercadoria que está sendo vendida. “Por enquanto, aplico na loja todo o dinheiro que ganho com as vendas. Só tiro o dinheiro do pagamento do empréstimo”, afirma. A comerciante lucra, em média, R$ 300 com as vendas, dinheiro esse que, segundo ela, não seria possível ganhar com o outro negócio de venda de frutas. Ela comemora o seu sucesso e o dos outros companheiros que também participaram do programa. “Olha, eu posso garantir que todos os empreendedores que receberam o dinheiro e as aulas do programa estão bem melhores do que antes. E agora, como surgiram outros tipos de vendas, as pessoas têm mais opção para comprar”, ressalta. Essa primeira fase do projeto encerra em dezembro de 2009. No entanto, como Renata Melo explica, esses recursos retornam para a fundação que os aplicará em uma nova etapa do programa. Agora, a comunidade tem uma linha de crédito mais fácil para o desenvolvimento do comércio local. O foco do trabalho é resgatar e incentivar o poder empreendedor da população local para que assim possam desenvolver pelas suas mãos a condição econômica do bairro. E esse desenvolvimento acarreta em mudanças sociais de uma comunidade que sobrevive só. Dezembro - 2009
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Novo sonho de feliz cidade
Por Candice Machado
Comunidades alternativas transformam núcleos urbanos em busca de qualidade de vida A Rua Mar Del Plata pede atenção. Mesmo com luz elétrica, telefone, água, correio e coleta de lixo, ainda é uma pequena estrada de areia onde a entrada passaria despercebida, não fosse a placa acima do “portal” indicando o lugar: Comunidade Sabiaguaba. Através da passagem, segue um túnel de plantas silvestres formado sobre uma trilha natural, fruto do processo de respeito do ambiente ao tráfego constante dos moradores. Nenhuma planta foi cultivada, decorrem de um reflorestamento espontâneo, num processo de respeito do ser humano à natureza. Algumas, com mais de 30 anos, contam a história da comunidade. Foi em 1975. Um casal de noivos encontrou a morada que desejava: longe da área urbana e de vizinhos indesejáveis. Regina Lima era enfermeira obstetra. José Albano, formado em letras e fotógrafo, sobrevoava o litoral a trabalho quando avistou a área há poucos quilômetros da praia. O terreno completamente desmatado foi comprado com a ajuda da mãe dela, ficando cerca de cinco mil metros quadrados para o casal. Daí nasceu, sem pretensão, a Comunidade Sabiaguaba, em uma área ainda hoje rural, e pouco habitada. Percorrendo aquela trilha, em casas de taipa, com os fundos voltados para a rua e a frente para o quintal, habita o pensamento: “se quiser ser universal, cante sua aldeia”. Nelas, cada morador possui privacidade, mas a consciência coletiva compõe a comunidade. O fotógrafo Zé Albano, o cineasta Alan, o músico Del, a professora Cristina e o artista performático Gal, vivem no mesmo terreno sem muros separando suas casas, e nele disponibilizam um campinho para as crianças
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que vivem ao redor do terreno. Os chamados Albanitos, cerca de 50 meninos, freqüentam a comunidade e utilizam materiais, “do martelo à internet”, com os quais se divertem e criam arte. Assim se dá um projeto permanente de arte-educação no qual os moradores também orientam as crianças, da escola até aspectos pessoais, às vezes simplesmente através de uma conversa. É Zé Albano quem conta. E fala também da atividade fotográfica realizada junto aos garotos, chamada “Foto-terapia”. “Eles se sentem valorizados com o auto-reconhecimento proporcionado pela fotografia”, observa o fotógrafo. Outro projeto da comunidade é a difusão e utilização de fogão solar em caixa de papelão. “Você pode deixar a comida pela manhã e sair sem se preocupar com horário. Esse tipo de fogão não queima e a comida fica muito mais gostosa. E ainda é barato, caixa de papelão se encontra de graça em qualquer lugar”, lembra Albano. Infelizmente não foi possível saborear a culinária no fogão solar. Mais tarde, Zé Albano preparou, no habitual fogão a gás, um tradicional pão indiano, o chapati. Servido banhado no mel, com chá e suco sem açúcar ou qualquer adoçante artificial, o lanche causa estranhamento, mas logo a vontade é de experimentar mais. E a comunidade toda é assim: a difícil adaptação a tanta naturalidade logo é superada e a vontade é de ficar, conhecer, viver mais. O primeiro passo na Comunidade Sabiaguaba parece um crime contra alguma planta ou qualquer criatura pequena demais
para ser vista, mas logo essa vida harmônica se explica e aponta um tempo em que não haverá preocupações ambientais ou sociais, simplesmente porque atitudes coletivas já farão parte do cotidiano. Ali, apenas por escolha se divide a vida. Sobre uma postura deliberada de resistência ao sistema econômico e social, Zé Albano ri: “Não, eu sou assim porque gosto. Sou Anarquista!” Espalhados pelo mundo, projetos sociais, como a Comunidade Sabiaguaba, desenvolvem-se, normalmente, em áreas arborizadas com espaço para lazer e são, em geral, registrados em nome de toda a comunidade. Constituem-se por um grupo de pessoas não muito grande, o que, de acordo com o site da Rede Brasileira de Ecovilas, “evita aglomerações desumanas, a exemplo das grandes cidades que conhecemos”. Podem ser identificados como Ecovilas, Cooperativas, Associações, Focos ou Pólos Comunitários, Cidades ou Aldeias Alternativas, Casas de Encontros, Chácaras, Mosteiros, Monastério, Ciganos, Nômades, Circenses, Religiosos, Educacionais, Agrícolas, entre outros, mas são sempre alternativas ao sistema vigente. Após vidas de escravidão na antiguidade e relações servis no feudalismo, a sociedade continua num processo de transformações e crises econômicas, hoje analisadas sob dados já bastante confiáveis. O IV Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), publicado em 2007, revela que “o aquecimento do sistema climático é inequívoco, se tornou evidente a partir de
observações do aumento das temperaturas médias globais do ar e dos oceanos, derretimento generalizado da neve e do gelo, e a elevação global do nível médio do mar”. (ver quadro). Nicholas Stern, que foi economista-chefe do Banco Mundial, em relatório encomendado pelo governo de Tony Blair, ex primeiro ministro britânico, diz que “As nossas ações nas próximas décadas poderiam criar riscos de ampla desarticulação da atividade econômica e social, mais tarde neste século e no próximo, numa escala semelhante à que está associada com as grandes guerras e a depressão econômica da primeira metade do século 20. E será difícil ou impossível reverter estas mudanças”. Seu relatório ainda aponta a mudança climática como “um desafio único à ciência econômica: trata-se da maior e mais abrangente falência do mercado já vista”. Em 2005, a ONU realizou um balanço da situação econômica do planeta e o resultado foi o artigo The Inequality Predicament: report on the world social situation 2005, onde “as análises dos padrões de desigualdade sugerem que a desigualdade de renda e consumo entre países se manteve relativamente estável durante os últimos 50 anos”, dado que decepciona, se considerarmos os imensos avanços tecnológicos disponíveis neste período. De fato, o mundo atravessa uma revolução tecnológica, mas essas inovações ainda não se mostram suficientes para um amplo desenvolvimento social. Sobre isso, Joseph Stiglitz - ex-economista chefe da Casa Branca e do Banco Mundial e ganhador do prêmio Nobel de Economia 2001- diz, em artigo publicado na revista New Scientist, em 2006, que “o receio é que o foco nos lucros para as corporações ricas represente uma sentença de morte para os muito pobres no mundo em desenvolvimento.” Buscar razões para as sucessivas crises sociais é uma tarefa que ainda cria muitas divergências entre especialistas. Cabe muita discussão sobre e o resultado é a impressão de que não existe nenhuma boa resposta à vista e que talvez
a crise seja o preço do atual sistema social. Nesse cenário, os projetos socialmente inovadores ganham força. No Brasil, a Associação Brasileira de Comunidades Alternativas (ABRASCA), porta-voz das organizações sociais inovadoras, tem a finalidade de “catalogar as comunidades, editar boletins, enviar sementes orgânicas, promover eventos e divulgar o movimento de comunidades no Brasil”, diz Marcelo Bueno, membro da associação. Anualmente a ABRASCA promove o Encontro Nacional de Comunidades Alternativas (ENCA), onde cada comunidade integrante da rede compartilha experiências, realizações e desafios. Nas representações regionais da entidade, também são realizados encontros abertos ao público, durante a primeira noite de lua cheia de cada mês. No Ceará, os encontros regionais acontecem na Comunidade de Sabiaguaba. Zé Albano diz que a lua garante uma festa clara, geralmente iluminada apenas por fogueiras, ao redor da qual há trocas de conhecimentos e informações da cultura alternativa, discussões de assuntos do momento, apresentações de arte, venda de artesanatos, mantras e distribuição de pão e chá aos presentes. A ABRASCA já possui cerca de 30 representações regionais distribuídas pelo país, mas não é fácil implementar um projeto de inovação social. No site da Rede Brasileira de Ecovilas encontramos algumas dicas estruturais, legais e também cotidianas. De acordo com o site, a maior dificuldade está na adaptação ao novo sistema, que propõe uma transformação radical no ser humano, na sociedade, na política e na economia: “A adaptação à nova vida... causa um impacto, tanto para quem vai, quanto para quem fica; e os aspectos familiares pesam, pois surge uma nova família para aquele que optou por essa nova maneira de viver”. Mas a experiência de muitos comprova que é possível construir esse “sonho de feliz cidade”. E os dados econômicos exigem que aprendamos depressa a chamá-lo de realidade. Como bem diz Caetano.
IPCC E SUAS CONCLUSÕES A partir de 2007, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) se tornou uma das referências mais citadas nas discussões sobre mudança climática. O órgão da Organização das Nações Unidas divulgou quatro capítulos que, juntos, formam um relatório completo sobre o aquecimento global hoje. O grupo foi criado em 1988, mas a reunião de 2007 gerou grande repercussão, pois pela primeira vez os cientistas reunidos demonstraram confiança em que a mudança climática se deve à ação humana, sobretudo através da emissão de gases como o dióxido de carbono (CO2), óxido nitroso (N2O) e metano (Ch4), que causam o efeito estufa. O IPCC concluiu ainda que a ação humana é provavelmente a maior responsável pelo aquecimento global nos últimos 50 anos, e que os efeitos desta influência se estendem a outros aspectos do clima, como elevação da temperatura dos oceanos, variações extremas de temperatura e até padrões dos ventos. O IPCC alerta que entre 10% e 25% da Floresta Amazônia poderá desaparecer até 2080. Há riscos também para o Nordeste brasileiro. Até 75% de suas fontes de água podem desaparecer até 2050.
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Um lar de esperança
Por Flávio Brasil e Francisco Romulo
A Casa do Menor São Miguel Arcanjo une força e mais parceria de empresas privadas para favorecer jovens e comunidade em Fortaleza” Uma casa que abriga compaixão para o com próximo. Assim podemos definir a Casa do Menor São Miguel Arcanjo, instituição filantrópica que surgiu há mais de 20 anos no Rio de Janeiro, quando um menino de rua chamado “Pirata” procurou o Padre Renato Chiera em sua casa. O envolvimento com drogas havia afastado o menino de casa, ganhando um lar provisório sob os cuidados de Chiera, mas não durou muito. “Pirata teve um pesadelo em que via seu próprio assassinato”, conta o padre. O pesadelo se tornaria realidade horas depois, quando, ao voltar para sua casa, Chiera o encontrou morto a tiros na porta da sua residência.
dam comunidades em periferias e ONGs de outros os estados brasileiros.
Fato triste, realidade cruel. Isso fez com que o padre tomasse a iniciativa de recuperar jovens e crianças dependentes químicos, excluídos por suas famílias, e moradores de rua e que vivem na condição de total vulnerabilidade. Hoje, a Casa do Menor São Miguel Arcanjo possui várias extensões espalhadas pelo país; uma em Fortaleza e três no estado do Rio de Janeiro, nas cidades de Teresópolis, Tinguá, Guapimirim,e também nos estados de Alagoas e Pernambuco, criando parcerias com instituições privadas voltadas para a economia de solidária que aju-
Com as parcerias, Chiera pretende oferecer oportunidades para que os beneficiados pela Casa do Menor possam ganhar um mundo com novas perspectivas. Os jovens da Instituição do Padre Renato fazem parte desse projeto de mútua parceria, que criou mais um núcleo produtor para a empresa. Com ele, a Santa Fiora pôde investir na capacitação desses jovens, e um curso com duração de um ano prepara novos profissionais para o artesanato e confecção de bolsas do corte a montagem.
Forte Parceria Há pouco tempo, a Casa do Menor São Miguel Arcanjo ganhou mais uma parceira, o atelier Santa Fiora, que possui sua loja de fábrica instalada em Igarassu, a 30 km da capital pernambucana. A empresa trabalha há mais de dez anos na fabricação de bolsas a partir do reaproveitamento de materiais, como lona e pedaços de couro. Conscientização de reaproveitamento para ajudar o planeta, que ganhou mais um reforço de boas ações; ajudar pessoas.
Para o diretor da Casa do Menor, Edilberto Moreira, o intuito é essa divisão que engrandece os dois lados, vai além da economia solidária. “Desta forma temos o ganho social, a empresa participa e ganha o respaldo de trabalhar com uma entidade séria, e mais credibilidade perante a sociedade. Os jovens ganham um novo conceito de vida, um novo emprego, uma nova vida”. Outro fator importante citado por Edilberto é a questão da sustentabilidade. “Nós recebemos muitas doações, e todas elas são bem vindas. Essa nova parceria com a Santa Fiora, e com outras que já estão com a gente, nos possibilita dar os nossos passos com as próprias pernas e continuar o nosso trabalho para que mais jovens da nossa comunidade possam se recuperar”. João Bosco Santana, proprietário da Santa Fiora, conta que fica feliz e realizado em poder contribuir com a sociedade. “A minha empresa ganha muito mais. Não é só a marca que passa ter notoriedade e ampliação de novos horizontes no mercado. Esses jovens são uns vencedores ou precisam vencer, e para isso precisam de um apoio, de uma primeira chance. Me faz bem fazer o bem, e quero expandir essa idéia para que outros possam também repartir dessa comunhão solidária.”
Um amplo espaço na Casa do Menor possibilita que muitos jovens possam ter a oportunidade de ganhar uma profissão e ganhar novas perspectivas de vida. 10
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Por Tarcisio Filho e Renata Paiva
Crédito amigo Programa de microcrédito estimula crescimento da economia cearense
Marcos Oliveira, técnico do programa Crediamigo do BNB Dezembro - 2009
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Feira livre é um dos atrativos de Cascavel
Por Por Jucélia de Castro e Gleydson Silva
O município dá espaço para uma das maiores feiras do Estado, que atrai vendedores e fregueses de várias cidades do Ceará Há 60 quilômetros da capital cearense, belas praias como Caponga, Balbino e Águas Belas atraem visitantes o ano inteiro. Nos fins de semana, porém, a grande atração da cidade de Cascavel, cidade do litoral leste, é a feira livre da cidade, que acontece todos os sábados pela manhã. Conhecida popularmente apenas como a “Feira de Cascavel”, os responsáveis preparam a tradicional Feira de São Bento todas as noites de sexta-feira, quando as barraquinhas são montadas nas principais ruas do centro da cidade. Quando o sábado amanhece, junto vem o colorido das barraquinhas, que ocupam uma área de quatro quarteirões. É preciso ter resistência e disposição para percorrer todo o labirinto feito pelas centenas de estandes, pois o vai-e-vem dos frequentadores, o calor das lonas pretas que cobrem as barracas e o grito dos feirantes tornam o cenário bastante exaustivo para os fregueses, que, apesar da intensa movimentação, só abandonam o local após terem feito todas as compras necessárias. O Centro de Abastecimento do município também faz parte da feira. É nesse espaço que ficam os vendedores de farinha, rapadura e artigo de couro. O feirante Francisco José, que trabalha no mercado há sete anos, acorda todos os dias às 4 da manhã, para chegar na hora certa e não perder nenhum cliente. Francisco não é
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o único a vender artigos de couro, e diz que a competição é válida. “Não vejo como problema muitas barracas com o mesmo produto, é bom para o cliente, vende mais quem tem o melhor produto e Produtos de artesanato estão à venda nas barracas da feira melhor atendimento”. calidade de Moita Redonda que mora A feira de Cascavel não é a fonte a maioria dos artesãos, e cerca de trinta de renda apenas para os cascavelenfamílias sobrevivem da confecção desses ses. Muitos feirantes vêm de outras artigos. Walter da Silva trabalha há 35 anos cidades, como José da Silva, que sai com a arte de moldar o barro, e, assim de Pacajus todos os sábados para como José de Lima, outro artesão, diz vender peixes. “É vendendo esses que gosta muito do que faz e não saberia peixes que tiro o sustento da família. fazer outra coisa. “Quando não ‘tô trabaJá cheguei a vender até dez mil quilhando, fico triste, fico sem rumo”. los de peixe”, conta. Na feira, os verdureiros também marAntonia Moreira é outra feirante que cam presença. Há sete anos, Lindomar sai da sua cidade para vender suas peças Bezerra acorda às duas horas da manhã de de artesanato feitas de palha de carnaúba sábado para arrumar toda sua mercadoria e búzios. Há 30 anos, ela sai de Aracaà espera de seus fregueses. “Gosto muito ti para vender na Feira de Cascavel e diz dos meus clientes e é por eles que acordo que não pretende parar. Para ela, producedo sem reclamar”, revela Lindomar, que zir suas peças é mais que uma forma de sorri e aponta para duas senhoras. “Minhas renda, é um passatempo: “Quando estou freguesas”, conta ele com orgulho. Quanto fazendo as peças todo meu stress vai emao faturamento, Lindomar diz que é no cobora, gosto muito do que faço”. meço do mês que o faturamento aumenO artesanato de barro também está ta, graças ao pagamento das empresas do presente na feira do município. É da lomunicípio e também dos aposentados.
Capital Segundo o secretário de Infraestrutura do município, José Afonso, a Feira de Cascavel passará por transformações em breve. Entre as mudanças, todas as barraquinhas serão padronizadas para garantir melhores condições de trabalho ao feirante e facilitar o fluxo dos fregueses entre as barracas. Afonso explica também que a secretaria tem como prioridade a limpeza de todo o espaço ocu-
pado pelos feirantes, já que, após o final de cada feira, muitos são os detritos abandonados nas ruas tanto por consumidores como pelos vendedores. “Manter a cidade limpa é essencial, principalmente a feira, tanto pela higiene quanto para a aparência geral”.
de de objetos à venda enche os olhos de
De frutas a peças de bicicleta, certamente se encontra uma grande variedade de pro-
ela revela que não pretende deixar de tra-
dutos na Feira livre de Cascavel. A diversida-
quando Deus me levar”, comenta.
qualquer freguês, movimenta a economia da cidade e preenche a vida de muitas pessoas. Tantos são os benefícios da feira para Dona Raimundinha da Silva, que vende produtos para cozinha há 15 anos, que balhar, apesar do cansaço. “Só saio daqui
Vista aérea da Feira de Cascavel Dezembro - 2009
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Eusébio em mudança
Por Eliane Picanço e Rebeca Aguiar
Incentivos do governo e a busca por melhor moradia alavancaram o desenvolvimento do Eusébio nos últimos anos, sem criar disputa de espaço entre indústria e o mercado imobiliário Atrair indústria e, ao mesmo tempo, observar um elevado crescimento imobiliário em uma mesma área pode ser algo bastante contraditório, mas essa realidade está presente mais perto do que se imagina. Eusébio, localizado na região metropolitana de Fortaleza, conseguiu nos últimos 10 anos, usando subsídios de diversos programas de incentivo do governo, unir as qualidades de uma boa moradia e o investimento empresarial. Através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), associado ao Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste (PNDE), o município está se desenvolvendo economicamente devido ao surgimento de indústrias e ao mercado imobiliário. Nesse período, 71 empresas foram atraídas para o Eusébio, gerando 1.975 empregos diretos. Marcelo Raulino, assessor de imprensa do prefeito Acilon Gonçalves, explica que o desenvolvimento acelerado de indústrias ocorreu por causa da política de incentivos fiscais. “A Prefeitura dá isenção e desconto de impostos, além do benefício geral da cobrança do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, o ISS, que é de apenas 2% sobre o valor do serviço. Além disso, oferece a isenção do IPTU e alvará, ambos por dez anos. As empresas que não tiverem terrenos também podem conseguir galpões próprios da Prefeitura ou mesmo alugar de particulares”, comenta. Com isso, através da parceria do Gover-
no do Estado com a Prefeitura Municipal do Eusébio, cursos de capacitação estão sendo oferecidos aos seus habitantes, qualificando-os ao mercado de trabalho que se inicia na cidade. Camila Campina, 22, e Francisco Robson, 18, conseguiram trauma balho ao concluírem os cursos. Camila declarou “Fiz o curso de excelência em atendimento em Call Center no final de 2005. Em agosto do ano seguinte, fui contratada para trabalhar como operadora de marketing”. Já Francisco Robson, que aprendeu o ofício de auxiliar de garçom, completa: “Foi muito fácil arranjar um emprego depois do curso. Estou trabalhando somente aos finais de semana porque estou concluindo o Ensino Médio, mas, quando terminar, vou trabalhar direto no mesmo restaurante”. No mesmo período de dez anos, o crescimento demográfico do município foi de quase dez mil pessoas. Para suprir a demanda de moradias, houve grande investimento no mercado imobiliário, construindo condomínios para vários públicos. Clima agradável, área verde e preço por metro quadrado convidativo foram os motivos que contribuíram para o seu crescimento. Os edifícios de luxo, além de proporcionarem uma valorização da área, atraíram uma
Linha de produção da Microsol, das empresas instaladas no Eusébio parcela da população da capital, a qual se instalou em vários dos empreendimentos construídos, entre eles, na nova versão do Alphaville. Paulo Angelim, diretor da Viva Imóveis, revela sua opinião: “A verdade é que o Eusébio só se desenvolveu depois que surgiu a febre por condomínios fechados de casas no Passaré e Água fria. As famílias queriam casas com grandes áreas para o lazer. Com a duplicação da Washington Soares e a conclusão desta demanda, elas viram que o Eusébio seria ideal para melhor atendê-las porque o espaço seria maior devido ao terreno ser mais barato”. Para Marcus Peixoto, jornalista e residente do Eusébio há 16 anos, o município ainda tem muito que melhorar e vários ações a serem feitas. “A melhoria do sistema de transporte urbano, instalação de faculdades e centros de tecnologia, assim como ampliação das atividades de lazer e entretenimento são fatores que ainda deixam a desejar”, completa.
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Capital Por Fábio Marcílio Gouveia
Solidariedade e desenvolvimento
na Barra do Ceará
Projetos locais estimulam emprego e aprendizado para jovens que entraram para a prostituição A Barra do Ceará, um dos destinos mais freqüentes do turismo sexual em Fortaleza, tem, há quase vinte anos, uma Associação que luta pelos
criação de uma célula de monitoramento e acompanhamento profissional, inclusive e nas comunidades vizinhas que necessitavam de uma oportunida-
direitos de meninas que acabaram caindo no mundo da prostituição e vivem de algumas meninas em situação de risco social. O CCMMV - Centro de Convivência Maria Mãe da Vida - faz parte da AMMV (Associação Maria Mãe da Vida) e tenta tirar do mundo das drogas e da prostituição centenas de meninas, oferecendo cursos profissionalizantes, acompanhamento ginecológico, odontológico, psicológico, oficinas, comida e o mais importante, esperança. A instituição também recebe incentivo de outros Projetos Sociais, de poucos voluntários e sócios e das missionárias Camilianas, ligadas a prática da medicina, assim como o fundador do Projeto, Pe. Adolfo, também Camiliano. A AMMV abraçou uma parceria que o SINE/IDT iniciou com a Escola HDO para realizar Oficinas de Orientação Profissional e Emissão de Carteiras Profissionais, o que começou como uma grande mudança, pois muitas dessas jovens sequer tinham documentação por não saberem ler e escrever. Em 2008, com a transferência da colabo-
de no mercado de trabalho. Foi Valdiene quem desenvolveu pesquisas no comércio e nas indústrias locais, no intuito de alocar trabalhadores desempregados e de fechar parcerias com empresas para que as mesmas abrissem suas portas para essa mão-de-obra. As pesquisas realizadas pelo projeto mostraram a necessidade de que houvesse algum tipo de qualificação para que as empresas pudessem efetuar as contratações e, principalmente, os empregadores pudessem manter seus trabalhadores em atividade.
membros do SINE, mostraram que estão satisfeitas, pois reduziram o custo com transporte e o índice de atrasos no início do expediente caiu para praticamente zero, devido à proximidade da moradia. Na escola, fechou-se uma parceria com algumas empresas contratantes de estagiários e jovens participantes do Programa Jovem Aprendiz, onde muitas vezes são eles que, durante um período, sustentam suas famílias. A partir daí, começou uma busca por cursos profissionalizantes a serem ministrados tanto dentro da escola, como em Associações Comunitárias que dispunham de espaço físico para execução dos mesmos. Foi aí que essas parcerias criaram mais força, pois sempre que se finalizava algum curso essa equipe solicitava a indicação daqueles alunos que tinham maior destaque para uma vaga no mercado local. Também foi fechada uma parceria com a empresa Microsoft para a disponibilização de softwares para a realização de cursos de informática, tanto o Básico, como o Avançado e cursos específicos de Linguagem de Programação com estágio supervisionado, dentro desses cursos já temos cerca de 70 alunos no mercado de trabalho, uns ainda estagiando e outros já fazendo parte do quadro efetivo da empresa. Assim sendo, foi
radora Valdiene Maria Andrade, houve
Empresas que contrataram funcio-
criado um banco de dados para traba-
uma ampliação desse projeto com a
nários da área, através de visitas dos
lhadores e empresas, ficando mais fácil
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o atendimento a pedidos de funcionários e a localização dos mesmos para garantir encaminhamento, bem como o acompanhamento posterior à sua admissão. As empresas, de alguma maneira, criavam empecilhos na colocação profissional de várias pessoas do bairro, como diz Valdiene. “Vimos a necessidade de qualificação e integração das empresas com trabalhadores muitas vezes discriminados, como o Portador de Necessidades Especiais que não tem uma orientação por acreditarem ser menos capacitados. Vimos também que é de suma importância quando a escola participa ativamente da vida de seus alunos, pois isso gera uma redução nos índices de violência, prostituição e uso de drogas, buscando a responsabilidade de todos, e dando oportunidade para que esses jovens possam decidir seu futuro profissional. Estamos buscando junto a Secretária de Saúde Estadual um apoio para a criação de Cursos de Monitoramento a Saúde, para que aqueles jovens que tiveram um melhor desempenho possam ser os monitores das turmas seguintes, trazendo para eles a responsabilidade de dividir conhecimentos.”
Além do SINE, o CEFET também dá a sua contribuição à Associação Maria Mãe da Vida com o curso de informática no local. A Escola Federal oferece os monitores de informática e o material para o curso. Cada monitor ganha uma ajuda de custo de R$50,00, enquanto o SINE trabalha na regularização de documentos das meninas e no encaminhamento as empresas conveniadas ao Projeto, que atualmente são a Grendene e a Guararapes, que contratam geralmente as jovens que saíram do curso de costura.
Atividade Destaque A Associação surgiu há vinte anos, quando um médico ginecologista, obstetra e também sacerdote, o italiano Adolfo Serripierro, começou a visitar as jovens da periferia fortalezense e sentiu a necessidade de ajudá-las naquilo que mais precisavam. Como diz a coordenadora, irmã Rúbia Pereira: “Ele queria ser presença de deus na vida dessas mulheres”.
No começo deste mês, quando as me-
O trabalho começou então
ninas encerraram o curso de costura, rece-
de maneira informal e juridi-
beram da Associação de do SINE um pre-
camente nasceu no dia seis
sente: uma festa que contou com a entrega
de novembro de 1993, ponto
de máquinas de costura para as dez alunas
inicial para a construção dos
que tiveram melhor desempenho durante o curso. Elas podem, além de encontrar um emprego em uma das empresas parceiras, trabalhar também por conta própria, em casa, gerando sua própria renda. É importante olhar para casos como o do CCMMV, que não são instituições que oferecem cursos ou assistencialismo barato a uma comunidade carente. Trata-se
centros de convivência, que hoje já são seis, sendo cinco na capital e um em Quixadá. Três deles na Barra do Ceará, sendo dois apenas centros de apoio e análises clínicas, e o maior o CCMMV. O projeto está presente ainda no Centro
da extensão da família de muitas meninas.
de Convivência Casa Mãe Giu-
Um lugar que tem a capacidade de mudar
ditta, no Arraial Moura Brasil,
trajetórias de vidas.
e em sua sede que fica na rua Gal. Costa Matos, no Pirambu. Atualmente 380 jovens a partir dos 11 anos recebem algum atendimento do projeto na Barra do Ceará. Segundo Wellington Silva, um dos coordenadores, no início do ano, mais de mil meninas se inscreveram para entrar.
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Feira de emprego e solidariedade
Por Luana Ximenes e Pamella Costa
A 2ª Feira de Emprego e Estágio do Ceará, realizada em outubro, trouxe oportunidades de emprego e ajuda aos necessitados com doações de alimentos 21 mil pessoas. Esse foi o saldo positivo da 2ª Feira de Emprego e Estágio do Ceará, que aconteceu de 27 a 29 de outubro no Sebrae/CE. O objetivo foi possibilitar aos participantes o intercâmbio de informações, oportunidades de empregabilidade, palestras, mini-cursos, oficinas, além de promover a discussão de temas referentes a trabalho e emprego com profissionais que fazem parte do cenário do mercado de trabalho no Estado do Ceará. O evento reuniu empresários, políticos, dirigentes e profissionais de instituições públicas e privadas, de organizações voltadas para a inclusão no mercado de trabalho, de instituições de ensino superior, trabalhadores, estudantes, professores e técnicos que atuam na área de qualificação profissional. Carlos Lupi, Ministro do Trabalho, esteve presente na abertura da Feira e debateu em palestra a temática “Como o Brasil conseguiu superar a crise econômica tão rápido”. Esteve presente também José Pimentel, Ministro da Previdência Social, que falou sobre “O Empreendedor Individual”. Cursos Gratuitos Integrando a programação, palestras e mini-cursos foram oportunizados aos parti18
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Capital Cadastramento de Currículos Algumas empresas estiveram presentes no evento possibilitando aos participantes o cadastramento ou recebimento de currículos. Ao todo foram montados 65 estandes na 2ª Feece.
Inscrição de programas de estágio e Jovém Aprendiz cipantes que buscavam capacitação. Entre os assuntos explorados estiveram o marketing pessoal, motivação, empreendedorismo, gestão de qualidade, entre outros. Com uma média de uma hora de duração, algumas palestras tiveram foco específico. Participação do Programa Primeiro Passo O Governo do Estado do Ceará também participou do evento através do Programa Primeiro Passo. Com um estande montado na Feira, o órgão cadastrou cerca de 3 mil jovens estudantes do terceiro ano do Ensino Médio, de escolas públicas, que poderão estagiar quatro horas por dia, no período de seis meses, nas mais diversas atividades administrativas. Os alunos receberão uma bolsa auxílio no valor de R$ 250, mais benefício de auxílio transporte (R$ 1,80/dia), que serão totalmente custeados pelo Governo do Estado do Ceará. A empresa contratante disponibilizará o local e as condições de trabalho adequadas ao desenvolvimento dos jovens. Além do cadastramento, o Programa levou os estudantes que já participam para o evento, com o intuito de assistirem cursos e palestras que foram disponibilizados.
Para a estudante Clarissa Aguiar, o evento foi a oportunidade que faltava para a conquista de um estágio. “Já deixei meu currículo nos vários estandes e também me cadastrei através de sites, a expectativa é grande para que dê tudo certo e eu consiga meu primeiro estágio”. No estante do Sine/IDT e da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS) puderam ser acessados os dois serviços, além da inscrição em programas de estágio e jovem aprendiz. De acordo com o coordenador estadual do Sine/IDT, Ari Célio Régis Mendes, cerca de oito mil currículos foram recebidos, superando o volume da 1ª edição (cinco mil). A expectativa do coordenador é encaminhar, do total, pelo menos cinco mil ao mercado de trabalho.
na Feira o cartão “Idhea Para Crescer”, que permitiu a participação gratuita em mais de 70 cursos, palestras, debates, entre outros benefícios. “O cartão terá validade de um ano e dará ao seu portador, além do acesso à feira, descontos entre 20% e 50% em cursos de línguas e de informática, academias, livrarias, faculdades e outros estabelecimentos conveniados”, explica Cristina Oliveira, coordenadora do evento e diretora do Idhea. Algumas faculdades de Fortaleza oportunizaram inscrições gratuitas para seus vestibulares, como a Faculdade Integrada do Ceará (FIC), a Faculdade Lourenço Filho (FLF) e a Faculdade CDL. O evento teve entrada franca, mas era solicitado um quilo de alimento não perecível para doações. Além de oportunidades de emprego e cursos, o evento contabilizou 18 toneladas de alimentos arrecadados durante os três dias do evento. As doações serão entregues às instituições Santa Casa de Misericórdia, Hospital São José, Fundação Franklin Roosevelt e Casa de Nazaré.
Outra empresa que ganhou destaque no evento foi a Fortes Fluxus, que lançou o F2Rh, um portal totalmente gratuito para cadastro de vagas e currículos. No estande dos Correios foi realizado o cadastro, a seleção e o encaminhamento profissional de 15 estagiários que trabalharam durante o evento. O Instituto de Desenvolvimento Humano, Empresarial e Ambiental (Idhea), organizador do evento, disponibilizou para os mais de 21 mil inscritos
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Por Carlos Gabriel Comesaña e Arthur Fonseca
Descarga de informação O choque da revolução digital Projeto da Coelce usa tecnologia de comunicação de dados pela rede elétrica. Qual é a tecnologia que realmente levará a inclusão digital a lugares onde, hoje, mídias como a tv e o rádio ainda reinam? Os usuários do interior nordestino ainda se dizem frustrados com a forma limitada com que a internet e seus derivados chegam até eles. Lentidão, alto custo e “quedas” no sinal são algumas das constantes reclamações. A maioria dos provedores oferece internet que chega à rádio e que, por sua vez, é distribuída para as demais residências através de fios (ligados pelo próprio provedor) e outras antenas. O sinal contratado por essa provedora é equivalente para apenas no máximo 10 computadores, porém é distribuído para toda cidade, resultando em uma sobrecarga do sistema onde cada computador dispõe de pouca velocidade para navegação. Diante deste quadro, não é demais festejar um projeto ainda experimental que propõe, a primeira vista, algo que já pode ser considerado solução: Internet pela rede elétrica. No ceará, a Coelce iniciou testes com a tecnologia (PLC, em inglês Power Line Communications) que permite tal recurso. A tecnologia trazida em parceria com uma empresa japonesa, a Panasonic, é praticada, desde fevereiro deste ano, em algumas atividades da empresa. Através da rede elétrica, a Coelce controla e traz imagens de câmeras
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Capital instaladas na beira-mar, a uma velocidade de 600kpbs(kbits por segundo). Nossa equipe viu as imagens geradas pelo sistema e pôde perceber a alta qualidade da filmagem, em tempo real, sem interrupções. O Diretor de planejamento e engenharia da Coelce e coordenador do projeto, Roberto Gentil, explica que no caso deste experimento, o sinal de internet passa primeiramente pela rede de média tensão,depois, através de um transformador específico, passa a uma rede de baixa tensão (dedicada às residências) onde “amplificadores” dão conta de redistribuir o sinal.Além das câmeras, a Coelce pretende usar o recurso para transmitir dados sobre a medição do consumo de enrgia de seus clientes, evitando a ida do inspetor. Algumas provedoras de internet banda larga em fortaleza se adiantaram e foram até a Coelece conhecer a nova tecnologia.”Elas estão interessadas nas facilidades da nova tecnologia e se adiantando por uma questão de concorrência.”, Afirma o secretário.Apesar da regu-
Equipamento responsável pela transmissão dos dados lamentação feita em agosto pela Agência Nacional de Energia - Aneel, a previsão é de que somente a partir de 2010 o serviço será distribuido para o usuário comum. Roberto Gentil admite que a tecnologia ainda é cara, mas ressalta a comodidade em poder acessar a internet através de qualquer tomada da casa e além disso poder fazer experiências como a “casa do futuro”, onde o morador pode ter controle dos seus eletrodomésticos por meio da grande rede. Ele lembra ainda que a fibra ótica ainda é muito cara e requer seu uso a cada nova extensão da rede. Por outro lado, a PLC usará uma rede elétrica já existente e bastará uma revisão dos fios, que em algumas regiões podem estar muito desgastados, para saber se eles estão adequados para transmititir o sinal. A velocidade usada no projeto é de 600kpbs, mas o coordenador lembra que esta velocidade foi estabelecida para somente o funcionamento das câmeras e pode aumentar de acordo com o modelo do equipamento.
O projeto Cinturão Digital, do governo estadual, promete levar internet banda larga para todo o estado e pode ser beneficiado com o desenvolvimento da PLC, afirma Roberto. O Governo estadual tem um contrato com a Coelce para infraestrutura com a instalação de postes. “O projeto será realizado basicamente com fibra-ótica, mas haverão pontos de redestribuição dessa internet e a PLC pode ser a tecnologia mais adequado nessa situação”, acredita o Coordenador. Independente da concessionária, setor privado ou setor público, parece obvio que o potencial desta tecnologia fará com que os usuários dependentes de uma internet lenta passem a disfrutar de todos os recursos da dita WEB 2.0. Vale lembrar que o governo federal tem como promessa espalhar o serviço de internet banda larga para todas as escolas do Brasil, resta saber se está disposta também a levar a tecnologia da informação para o quarto, a cozinha ou varanda; na casa daqueles que são seduzidos pelo “horário nobre” das mídias não interativas.
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Capital Por Isabela Cavalcanti
Pescadores e marisqueiras descobrem nova alternativa de renda
Aliar preservação ambiental e uma nova alternativa de renda é o que promete o curso de Taxidermia Artística, voltado para pescadores e marisqueiras do litoral cearense. Em geral, após a pesca de arrasto do camarão, a areia da praia é o destino dos peixes não comestíveis ou muito pequenos, sem valor comercial, e que ficam presos à rede de pesca. Esse hábito de jogar animais à beira-mar acaba produzindo vários danos ao meio ambiente, como a po-
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luição da areia da praia. Além disso, quando entram em decomposição, os peixes atraem muitos urubus, o que compromete a beleza natural. Para ajudar na preservação das praias e oferecer incremento na renda dos pescadores e marisqueiras do litoral cearense, a comunidade de São
Gonçalo do Amarante, distante 55 quilômetros de Fortaleza, tem tido oportunidade de aprender como aproveitar as carcaças de animais por meio do curso de Taxidermia Artística. As aulas são ministradas pelo especialista Israel Joca, precursor dessa atividade no Ceará e pioneiro ao uti-
Capital lizar a técnica como fonte de renda alternativa nas comunidades litorâneas. Após nove anos aperfeiçoando a técnica de empalhar animais, como é conhecida popularmente a taxidermia, Israel elaborou um curso que ensina a transformar em artesanato as espécies de peixes e crustáceos que seriam descartados. As primeiras atividades do especialista foram no laboratório de Biologia Aquática da Universidade Federal do Ceará (UFC). Na época, parte dos animais que não eram aproveitados nas pesquisas ou na coleção científica da Universidade, era descartada. Para diminuir o desperdício desse material, o então aluno de Engenharia de Pesca, começou a aplicar técni-
cas de taxidermia como instrumento na educação ambiental. Hoje, ele ensina a reproduzir as formas dos animais como se estivessem vivos e em seu ambiente natural. A marisqueira Maria de Fátima Oliveira, conhecida como dona Boneca, participou do curso de Taxidermia Artística ministrado na praia do Pecém, em agosto. Para ela, era difícil ver tantos peixes e crustáceos mortos na rede de pesca, e que eram desperdiçados. “Depois do curso, nós aprendemos a aproveitar os peixes mortos e ainda podemos ganhar um dinheirinho extra com eles”, relata a marisqueira. Outros cinqüenta alunos do município de São Gonçalo do Amarante ficaram entusiasmados com a nova atividade. É o caso do artesão da Taíba, Jeová Lima, que pretende aproveitar a chegada dos turistas para vender suas peças. ”Para quem mora na praia é muito importante um curso como esse. A gente usava o peixe só de uma forma, e descobrimos que existe outra possibilidade de ganhar dinheiro com ele e deixar a praia limpa”, afirma o morador. De acordo com Israel Joca, essa atividade pode se tornar a melhor alternativa de renda para os pescadores na época do defeso, quando a categoria paralisa suas atividades. “Na época do defeso, os pescadores ficam sem trabalhar e recebem apenas uma ajuda do Governo Federal, que a gente sabe que não é suficiente para manter uma família. É por isso que a taxidermia entra como uma grande oportunidade de ganhar dinheiro através da produção das peças, e ainda está próximo da realidade deles, que é mexer com peixes e crustáceos”, informa. O material utilizado no curso é de baixo custo e fácil de ser encontrado
em lojas de produtos químicos. O valor das peças vai depender da criatividade do artista e do tamanho do animal. Depois de pronta, a unidade pode variar de R$20 a R$ 200,00. O curso de Taxidermia Artística é promovido pela Usina Termelétrica Energia Pecém, como parte do Plano de Controle e Monitoramento Ambiental (PCMA) da empresa, cujo objetivo é minimizar os impactos ambientais provocados pela implantação da usina.
Saiba Mais A taxidermia é um a técnica científica usada para montar ou reproduzir animais para exibição ou estudo, preservando a forma da pele, planos e tamanhos das espécies. A técnica é aplicada somente em animais vertebrados e crustáceos e utilizada para fins de coleção científica, exibição em museus ou para projetos pedagógicos, principalmente. Os registros mais antigos dessa técnica remontam ao império egípcio, cerca de 2.500 a.C. Vale ressaltar que a taxidermia não estimula a matança dos animais para que sejam empalhados. Ao contrário, a técnica utiliza animais já mortos por causas naturais ou ação do homem, bem como conserva partes de animais que não tem valor comercial. Embora pouco divulgada, a profissão de taxidermista é reconhecida pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) desde 2002.
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Praia de Caponga
Por Lyégina
oferece opções diversas de lazer e descanso Sol, mar, sombra e água fresca, é esse estilo de vida praiana que a população encontra na localidade de Caponga. Possuindo aproximadamente 14 mil habitantes, a região litorânea é conhecida pelas suas belezas naturais e receptividade dispensada pelos moradores locais. Distrito da cidade de Cascavel e distante a 69 km de Fortaleza, a localidade se divide entre as praias de Águas Belas e Balbino, ambas localizadas ao leste e oeste da região. Desenvolvida através da pesca, Caponga evoluiu de significativamente nos últimos anos, contribuindo para o desenvolvimento econômico da cidade. Para garantir conforto e qualidade, foram criados hotéis e pousadas. Além dos proprietários cearenses, os investimentos na área hoteleira também são realizados por turistas que antes apenas visitavam a praia frequentemente. Perceptível por todos que visitam a praia, a receptividade da população local é bastante elogiada. Os habitantes da localidade são, na sua maioria, pescadores de personalidade distintos, porém, simples, humildes e batalhadoras. Segundo relato de moradores, antigamente a região era mais isolada e não possuía muitos investimentos como os que ocorrem atualmente. Hoje, como o setor comercial tornou-se a principal atividade de Caponga, não é mais necessário aos visitantes deslocar-se cerca de 10 km até Cascavel
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para comprar qualquer tipo de material. Na localidade, além de hotéis e pousadas, são encontradas farmácias, lojas de calçados e vestuários, lan houses, mercadinhos, restaurantes, bares, pizzarias, sorveterias e depósitos de construção. Residente a mais de 40 anos na região, Dona Rosa afirma que sua fonte de
sardinha, um peixe típico da cidade. Outro foco principal do Festival é a conscientização ambiental em favor da preservação do peixe durante seus momentos de reprodução. O evento oferece, ainda, cursos de culinária realizados somente à base de sardinha para os funcionários de barracas, bares, restaurantes e pousados, realizando.
renda é a venda da tapioca. O alimento é feito no fogo à lenha e molhada no recipiente com leite de côco, a unidade custa R$ 0,40 acompanhada gratuitamente com um café. “Além de fazer tapioca para ganhar um dinheirinho a mais, faço isso por prazer. É bom ser elogiada e ver as pessoas saírem daqui de barriga cheia”, comenta a vendedora.
Já no mês das férias, a localidade fica mais colorida que o costume. Com 20 anos de tradição, a Regata de Jangadas da praia da Caponga rouba olhares de curiosos e apreciadores que vêm de longe para ver um pouco da tradição dos pescadores cearenses. Ao todo, oito quilômetros são percorridos pelas jangadas e o campeão chega a receber prêmio acima de R$ 1 mil reais.
Em alguns finais de semana e feriados, o calçadão na beira mar, construído há oito anos, é tomado por pequenas barracas com pratos típicos e a exposição de quadros onde podem ser encontrados belíssimos registros das paisagens da região.
Durante o período, as barracas da praia oferecem um cardápio completo, repleto de pratos saboroso feitos com frutos do mar em custo especial. Com a vinda da alta estação, esse tipo de setor, ao longo do tempo, recebeu significativos investimentos, refletindo nos lucros.
Os festejos se iniciam normalmente nos meses de junho e julho. Tendo sua segunda edição em 2009, o Festival da Sardinha levou à cidade mais de 20 mil telespectadores. O evento, comemorado com atrações artísticas e culturais, leva à mesa dos visitante pratos culinários feitos com
Com todo o cresciemnto favoral ao desenvolvimento economico da região, a cidade de Caponga é uma boa opção para quem quer um pouco mais de sossego e tranquilidade.
Capital
Além do Capital
Por Andréa Rocha e Washington Forte
Para a maioria das pessoas, o desenvolvimento regional é ligado imediatamente ao crescimento econômico. Entretanto, uma associação de catadores de lixo, em sua maioria analfabetos, mostra que nem tudo é dinheiro. Para quem vive do lixo, as idéias também precisam ser recicladas. O que é dejeto e sujeira para alguns, é sobrevivência para outros. Desde os sete anos de idade, Dona Iraci Teixeira vive do material reciclado. A pele, queimada pelo sol, é um registro da trajetória percorrida pela catadora. “Comecei no lixão da Barra do Ceará, depois passei pelo Morro do Ouro, Buraco da Gia e vim parar aqui no Jangurussu, mas já passei até pelo lixão de Maranguape também”, recorda. Hoje, aos 50 anos, Dona Iraci continua a viver do lixo, mas não vive mais nele. Agora ela é a coordenadora geral da Ascajan – Associação dos Catadores do Jangurussu. O bairro que dá nome à associação fica localizado na região leste de Fortaleza e abrigou o último e maior lixão da cidade, desativado em 1998. Com isso, os catadores – que passavam o dia à procura de material reciclável para viver – ficaram sem nenhuma fonte de renda. Arranjar outra ocupação não foi uma escolha bem sucedida. Sem qualificação profissional nem escolaridade completa, boa parte fora rejeitada pelo mercado de trabalho.
Forçados pela situação, os catadores resolveram juntar forças para criar uma cooperativa. Mas a idéia também fracassou, devido à alta carga de impostos. Foi então que, em 2006, nasceu a Ascajan e o projeto Reciclando a Vida, com o apoio da Prefeitura de Fortaleza, Fundação Banco do Brasil e INSEA (Instituto Nenuca de Desenvolvimento Sustentável). A iniciativa trouxe a proposta de desenvolver três dimensões com os catadores: a social, propiciando condições dignas de trabalho; a econômica, através da geração de emprego e renda; e a ambiental, por meio da conscientização em torno da reciclagem. Um dos pontos de maior avanço foi a qualidade de vida. Dona Iraci lembra a época em que todos estavam no lixão. “Se você tivesse vindo aqui há quatro, cinco anos ia me encontrar suada, fedorenta e toda suja de lixo”, comenta. Naquele tempo, os catadores trabalhavam debaixo de sol com o lixo orgânico, tal qual era coletado pela cidade. O risco de contaminação, doenças e acidentes era muito grande. Com a coleta seletiva, eles já recebem o lixo “seco”, com o material reciclável separado do lixo orgânico. No galpão da Ascajan, o lixo é selecionado e divido de acordo com a composição: papel, metal, plástico ou vidro. O ideal seria estocar o material para vendê-lo diretamente às empresas de re-
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ciclagem. Contudo, a baixa produção – 35 toneladas por mês – obriga os catadores a realizar uma venda a cada 10 dias, para os depósitos da região. O valor arrecadado é repartido igualmente entre os 68 associados. Em média, cada um fica com cerca de meio salário mínimo por mês. Apesar do baixo rendimento, a associação é otimista. “O projeto ainda é novo, vamos melhorar. Ganhamos pouco, mas não estamos mais no lixo. Agora precisamos de mais doações para poder chamar mais gente para cá e ter um ganho bom”, lembra a coordenadora geral. O lixo que transforma Com o desenvolvimento do Reciclando a Vida, o individualismo deu lugar à solidariedade. Aos poucos, os catadores forma-
Capital ram uma verdadeira família. “Todo mundo era muito egoísta, uns selvagens sujos com pedaços de pau querendo garantir o seu espaço, cada um por si”, conta Dona Iraci. Agora, os sucessos e as dores são divididos. Quando alguém fica doente, o grupo cobre o trabalho do associado por cerca de quinze dias e o mesmo recebe os ganhos das vendas. Se precisar de mais tempo, a associação faz uma “vaquinha” para ajudar o colega.
para ganhar mais. “A gente agora tá traba-
Parte da Equipe Ascajan
A Associação dispõe de um caminhão
lhando limpinho, na sombra, isso melhorou muito. Mas ainda estamos ganhando pouco, precisamos de mais doações para poder chamar mais gente para cá e ter um ganho bom”, reforça Dona Iraci. Você também pode se reciclar e colaborar com o meio ambiente. Ajude a Ascajan. Reúna-se com os vizinhos e programe a separação do material reciclável. que realiza a coleta das doações. Se você é empresário, não desperdice papel. Na Ascajan, ele pode se transformar em obras de arte.
Jorge Pinheiro. O objetivo é discutir e divulgar práticas sustentáveis na construção de uma gestão social dos resíduos sólidos nas cidades. Além disso, o espaço procura conscientizar a sociedade acerca da importância do trabalho dos catadores, que ajudam na diminuição da coleta de impostos, uma vez que a companhia de limpeza urbana das cidades coleta menos quilos de lixo que seriam depositados em aterros ou em lixões. Por essas razões, os consultores consideram os catadores como sujeitos ativos na gestão dos resíduos nas cidades e na cadeia produtiva de reciclagem, o que confere a esses trabalhadores um perfil empreendedor.
Todos são catadores? De acordo com os consultores socioambientais Polita Gonçalves e Jorge Pinheiro, existem denominações específicas para cada tipo de catador, Os trecheiros são aqueles que recolhem o material nos trechos entre as cidades. Já os individuais realizam a coleta sozinhos, utilizando equipamentos emprestados pelo “comprador”, que pode ser o sucateiro ou dono de depósito. Os organizados estão reunidos em grupos autogestionários, As decisões também são coletivas. A Ascajan é dirigida por 11 coordenadores que só podem agir depois de entrar em
em que todos são donos do negócio, legalizado ou em fase legalização como cooperativas, ONG’s ou associações.
consenso com o grupo. O sistema garan-
Ainda referente à nomenclatura, cos-
te a confiança e a transparência entre os
tuma-se classificar o grupo dos catado-
associados. Apesar disso, o grupo tem
res em categorias. Dentre elas, existem
integrantes insatisfeitos com o modelo.
os cooperatos, que funcionam como
Muitos preferiam a época do lixão, quan-
empresa privada, mas não oferecem os
do ganhavam mais dinheiro.
benefícios sociais e possuem um único
Dona Iraci recorda que a rentabilidade de outrora era bem melhor. Hoje, cada associado fica, em média, com cerca de meio salário mínimo por mês. Entretanto,
dono. Há também as redes de cooperativas autogestionárias, cuja venda dos materiais pode ser otimizada devido à
Curiosidades >> As garrafas Pet (principalmente refrigerante) podem levar centenas de anos para sofrer total decomposição no meio-ambiente. Com elas, criou-se um sistema de irrigação utilizado por produtores rurais da cidade do Vale do Rio Doce. A idéia partiu de alunos do 7° semestre da Univale (Universidade do Vale do Rio Doce). >> Bandejas de isopor, sacolas plásticas e caixas tetrabrik (feitas de papelão e embalam leite longa vida, extrato de tomate, leite condensado, etc.) foram usadas para a construção de um aquecedor solar. O mentor do projeto é José Alcino Alano, da cidade de Tubarão, em Santa Catarina. >> Uma lata de óleo de cozinha foi transformada em antena capaz de receber sinal para acesso à Internet numa distância de até 4 km de distância. Serviço
grande quantidade obtida pela coleta em conjunto.
preferiram ganhar menos com melhores
Esses termos estão dispostos no site
Ascajan – Associação dos Catadores do Jangurussu
condições de trabalho do que correr o
www.lixo.com.br, produzido pelos con-
risco de contrair doenças e ter acidentes
sultores socioambientais Polita Gonçalves e
Fone: 3289 2189
a opinião da maioria prevaleceu e eles
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Capital Por Isabela Cavalcanti
Termelétrica chega a São Gonçalo do Amarante A Usina Termelétrica Energia Pecém promete investir R$ 13,9 milhões na região. Muita coisa já mudou em São Gonçalo do Amarante desde o início das obras da Usina Termelétrica Energia Pecém, em julho 2008. Ao todo, o empreendimento terá um investimento de R$ 3,4 bilhões e
ção ambiental por meio do Plano de Controle e Monitoramento Ambiental (PCMA). O investi-
será responsável pelo aumento de 90% na produção de energia do Estado.
mento previsto nestes programas corresponde a R$ 13,9 milhões. Até agora, duas promessas foram cumpridas: Plano Andamento da construção da usina de Capacitação Técnica e Aproveitamenço. Para quem é acostumado com o barulho to de Mão-de-obra, que pretende investir dos ventos das praias do município, terá que R$ 1 milhao em qualificação profissional; e o se acostumar com o som do progresso. Plano de Adequação à Estrutura Urbana Existente, cuja primeira ação foi uma doação de Saiba Mais R$ 500 mil em equipamentos de saúde para o A Usina Termelétrica Energia Pecém, o Hospital Geral Luiza Alcântara e Silva. resultado da parceria entre a MPX EnerUm primeiro curso de qualificação foi gia e EDP, é composta de duas unidades oferecido à comunidade em agosto. A macapazes de gerar 360 MW de energia elétrica cada, totalizando uma potência risqueira Maria de Fátima Oliveira, conhecida instalada de 720 Megawatts (MW) e uma como dona Boneca, participou do curso de energia anual assegurada de 6.307 GWh, Taxidermia Artística ministrado na praia do que representa uma capacidade que poPecém, que é a arte de montar ou reproduzir deria atender a 85% do consumo atual da animais para exibição ou estudo dos mesenergia elétrica do Estado do Ceará. mo. Para ela, os cursos favorecem os jovens O início da operação comercial da prida região. “Eu adorei o curso, pois tive opormeira unidade está previsto para julho de tunidade de aprender outra atividade, mas 2011 e a segunda unidade, para outubro agora eu quero inscrever os meus filhos para de 2011. Com a usina, o estado do Ceará que possam ter mais chances de conseguir passará para a posição de exportador de um bom emprego”, relata a moradora. energia no lugar de importador. O empreEmbora haja o comprometimento da endimento recebe um investimento total empresa investir no município, em pouco na ordem de R$ 3,4 bilhões e será respontempo, a localidade estará tomada por trasável pelo aumento de 90% na produção de energia do Estado. balhadores e empresas prestadoras de servi-
Obras a todo vapor Atualmente, 15% da obra foi concluída. Primeiro veio a fase de terraplanagem e fixação das estacas, que desmatou a área onde está sendo construído o empreendimento. Hoje, encontra-se em andamento a construção das fundações - bases de sustentação da obra, onde mais de mil homens estão em campo para prosseguir com as obras civis. Em pouco tempo, toda a estrutura das fundações será aterrada para dar lugar às grandes estruturas da termelétrica. Ao todo, o projeto vai empregar cerca de 2.500 trabalhadores de diversas áreas. De acordo com o gerente de construção, José Maurício, cerca de 50% da parte civil do empreendimento está concluída. “Até hoje, mais de 37 mil m³ de concreto já foram instalados na obra”, completa. O total da obra demandará cerca de 70 mil m³ de concreto, o que equivale a construção da estrutura de 39 prédios de 22 andares ou a um estádio do Maracanã. Para compensar o desgaste ambiental provocado pela obra, antes da assinatura do contrato, a empresa se comprometeu em realizar 17 programas de compensa-
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