A Festividade de Carimbó de S Benedito de Santarém Novo. PA

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Era uma vez o batuque de um tambor...


...chamando o povo pra festa...


...de um Santo Preto e Protetor...


...lรก no meio da grande floresta.



A Festividade de Carimbó de São Benedito Identidade e Ancestralidade no interior da Amazônia Santarém Novo – Pará – Brasil


A Alvorada

“Do bico do pica-pau, Do bico rufa o tambor, Para cantar alvorada

Na porta de meu amor...â€? (cantiga da Alvorada, abrindo mais um dia de festa na porta da casa do festeiro, antes que o sol apareça...)


(na Alvorada, o festeiro recebe o povo em sua casa para dar início à sua festa, sendo sua obrigação soltar fogos e servir bebida e café da manhã para todos que participarem )


(a primeira Alvorada acontece no dia 21 de dezembro na casa do primeiro festeiro, sendo realizada depois nas casas dos demais festeiros todos os dias atĂŠ o final da Festividade )


O Mastro

“Olha o galope do mastro lumeu, Olha o galope do mastro lumeu, Aonde navega uma pomba real,

Aonde navega uma pomba real...” (cantiga da Levantação do Mastro de São Benedito, que ocorre também no dia 21 de dezembro antes do pôr-do-sol)


(preparado sempre em local distante da curiosidade alheia, o mastro é uma das obrigações do primeiro festeiro, geralmente um promesseiro que agradece desse modo as bençãos recebidas do Padroeiro)


(enfeitado com cipós, folhagens e frutas típícas da região, o mastro celebra a fertilidade da terra, sendo símbolo também da ligação entre o sagrado e o humano, o céu e a terra, a fé e o trabalho... )


(carregado pela população local, o mastro percorre as ruas da cidade em um alegre cortejo que une fé e festa, devoção e diversão, em direção ao Barracão da Irmandade)


(no Barracão o mastro é esperado pelo conjunto de carimbó da Irmandade e pela comunidade em geral, para então ser levantado...)


(a levantação do mastro é um belo ritual de afirmação do sentido religioso e coletivo da Festividade de Carimbó de São Benedito...)


(depois de erguido, o mastro permanece em frente do BarracĂŁo atĂŠ o Ăşltimo dia de festa...)


A Ladainha

“Vamos nos embora para a casa santa,

Vamos a ver a Mãe de Deus...” (cantiga que se canta na ida do festeiro e sua família para a reza da Ladainha na capela de S. Sebastião, antes de iniciar a festa no Barracão)


A Folia de S. Benedito “Glorioso São Benedito,

no céu glória e esplendor...” (trecho da folia cantada em honra do Padroeiro da Irmandade)


A Festa no Barracão “Quem quiser vir nessa festa, não precisa convidar, já deu na Folha do Norte e na Província do Pará...” (trecho da cantiga que sempre abre as festas no Barracão da Irmandade)


(a abertura das festas é feita pelo festeiro ou por quem ele escolher. Só depois o salão é liberado para o público)

(hoje é comum as crianças tocarem e dançarem na abertura das festas, mas antigamente era proibida a presença delas e dos jovens no Barracão)


(a participação cada vez maior das crianças e jovens é a garantia da continuidade da tradição da Irmandade junto às novas gerações...)


Os Trajes Tradicionais

(no salão da Irmandade só dança quem cumprir a norma: Paletó e gravata para os dançarinos, saia rodada e blusa de manga para as dançarinas...)


A Dança

(o carimbó se dança em pares, num círculo de sentido anti-horário, com pausas entre as músicas, como em um baile...)


A Música

(o carimbó da Irmandade se diferencia dos demais sotaques da região; é pura tradição, com cantigas centenárias e anônimas acompanhadas do autêntico pau-e-corda ...)


O Conjunto “Quentes da Madrugada”

(mestres do carimbó pau-e-corda, Os Quentes reinam absolutos no Barracão durante as 11 noites de festa...)


(formado por mestres locais, o grupo é a principal referência do sotaque de carimbó singular da Irmandade, hoje reconhecido em nível nacional...)


Os instrumentos (os tambores e outros instrumentos sĂŁo construĂ­dos do modo tradicional por mestres locais, herdeiros dos saberes e fazeres dos antigos...)


(cabe ao festeiro preparar e distribuir comida para os músicos e dançarinos participantes de sua festa, repetindo o ritual de partilha do que acumulou ao longo de um ano de trabalho, como faziam os antigos...)

As Comidas


(a tradição de fazer o beijú-chica para as festas é preservada por muitos festeiros...)


As Bebidas (a bebida tradicional mais procurada é a famosa “gengibirra”, uma mistura de cachaça, açúcar e gengibre que é servida pelo festeiro durante sua festa...)


O “Pilouro”

(na tarde do dia 31 de dezembro, último dia de festa, se realiza o sorteio dos 11 festeiros do próximo ano...)


A Derrubação do Mastro (no dia 31 de dezembro, após o Pilouro, é feita a derrubada do Mastro...)


(após ser derrubado, o Mastro percorre novamente as ruas da cidade, visitando as casas dos novos festeiros: é a “Varrição”, ato que encerra o ciclo da Festividade.)

A Varrição


“Já chegou, já chegou a triste hora de dançar, ai, de dançar separação...”

(cantiga que encerra a última festa de carimbó, já na manhã do dia 1º de janeiro)

Despedida


Perenidade

“Porque quando minha vó nasceu o carimbó já existia... A minha vó morreu com 86 anos. Veja lá, eu já tô com 70 anos. Não tem mais de 200?...” (Mestre Celé, dezembro de 2004)


Irmandade de Carimbó de São Benedito Festividade de Carimbó de São Benedito

Tv. São Sebastião, 206, Centro CEP 68720-000 Santarém Novo - PA

Telefone: (91) 8263-9738 | 8722-9502 E-mail: carimbopatrimonioculturalBR@gmail.com quintino_vive@yahoo.com.br Imagens e textos: Isaac Loureiro Trilha Sonora: Quentes da Madrugada e Mestre Celé (In Memorian)


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