Dossiê de Candidatura à Rede Mundial de Geoparks da Unesco

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Dossiê de Candidatura à Rede Mundial de Geoparks - UNESCO

Coordenação Executiva Ana Paula Bax Design Juliene Xavier Editoração Eletrônica Isaac Abraão Silva Tradução Luciana Gianturco Fotos Antonio Liccardo Daniel Mansur Dionísio Azevedo José Israel Abrantes Márcia Machado Miguel Ângelo Andrade Rose Lane Guimarães Acervos: AngloGold Ashanti, CPRM, IEF, IEPHA, IPHAN e UFOP Mapas Rose Lane Guimarães


PROPOSTA DE CRIAÇÃO DO GEOPARK QUADRILÁTERO FERRÍFERO, ESTADO DE MINAS GERAIS, BRASIL Dossiê de Candidatura à Rede Mundial de Geoparks - UNESCO

Governo do Estado de Minas Gerais Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais Polo de Excelência Mineral e Metalúrgico Grupo Promotor do Geopark Quadrilátero Ferrífero

Novembro 2009


GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS Aécio Neves, Governador

SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E ENSINO SUPERIOR DE MINAS GERAIS Alberto Duque Portugal, Secretário

POLO DE EXCELÊNCIA MINERAL E METALÚRGICO Renato Ribeiro Ciminelli, Gerente Executivo

GRUPO PROMOTOR DO GEOPARK QUADRILÁTERO FERRÍFERO

Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais – CETEC Serviço Geológico do Brasil – CPRM Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC Minas Ministério Público do Estado de Minas Gerais Instituto Estadual de Florestas – IEF Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais - SECTES Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais – SETUR Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais – IEPHA Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN


GRUPO PROMOTOE DO GEOPARK QUADRILÁTERO FERRÍFERO

COORDENAÇÃO GERAL Renato Ribeiro Ciminelli - Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais - SECTES Polo de Excelência Mineral e Metalúrgico Octávio Elísio Alves de Brito – Universidade Federal de Minas Gerais GERÊNCIA EXECUTIVA Ana Paula Bax

COMITÊ TÉCNICO-CIENTÍFICO Universidade Federal de Minas Gerais Prof. Dr. Úrsula Ruchkys de Azevedo Prof. Dr. Friedrich Ewald Renger Prof. Dr. Maria Márcia Magela Machado Universidade Federal de Ouro Preto Prof. Dr. Paulo de Tarso Amorim Castro Serviço Geológico do Brasil – CPRM Dr. Carlos Schobbenhaus Prof. Dr. Marco Antônio Fonseca Décio Antônio Chaves Beato Sérgio Lima Augusto José de C.L. Pedreira da Silva Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Prof. Msc. Miguel Ângelo Andrade


COLABORADORES Rose Lane Guimarães Lana Iracy Duarte da Cunha Mayana Silva Vinti APOIO Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais – CETEC Serviço Geológico do Brasil – CPRM Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC Minas Ministério Público do Estado de Minas Gerais Instituto Estadual de Florestas – IEF Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais – IEPHA Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais – SECTEC-MG Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais – SETUR -MG Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN


Serra do Curral

Daniel Mansur


Lista de Instituições, Organizações e Siglas APA: Área de Proteção Ambiental CECO: Centro de Estudos do Ciclo do Ouro CETEC: Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais CONAMA: Conselho Nacional do Meio Ambiente COPAM: onselho de Política Ambiental de Minas Gerais CPRM: Serviço Geológico do Brasil – CPRM DNPM: Departamento Nacional da Produção Mineral FAPEMIG: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais FEAM: Fundação Estadual do Meio Ambiente – Minas Gerais FIEMG: Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais GEF: Global Environmental Fund IEF: Instituto Estadual de Florestas IEPHA: Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais IGAM: Instituto Mineiro de Gestão da Águas IPHAN: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional MG: Minas Gerais MP: Ministério Público MMA: Ministério do Meio Ambiente ONG: Organização Não Governamental OSCIP: Organização da Sociedade Civil de Interesse Público PEMM: Pólo de Excelência Mineral e Metalúrgico


PRONABIO: Programa Nacional para a Preservação da Diversidade Biológica PUC Minas: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais QF: Quadrilátero Ferrífero SEBRAE: Serviço de Apoio à Pequena e Micro Empresa SECTES: Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia, e Ensino Superior de Minas Gerais SETUR: Secretaria de Estado da Cultura de Minas Gerais SEMAD: Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais SENAC: Serviço Nacional de Aprendizado Comercial SETUR: Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais SIGEP: Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos SNUC: Sistema Nacional de Unidades de Conservação UFMG: Universidade Federal de Minas Gerais UFOP: Universidade Federal de Ouro Preto UFRJ: Universidade Federal do Rio de Janeiro UnB: Universidade de Brasília UNESCO: Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura UNESP: Universidade Estadual de São Paulo – Rio Claro UNICAMP: Universidade Estadual de Campinas USGS: Serviço Geológico dos Estados Unidos USP: Universidade de São Paulo


Conteúdo 1. IDENTIFICAÇÃO DA ÁREA

4 – ESTRUTURA DE GESTÃO

1.1 - Denominação do Geopark

4.1 - Histórico de proposição do Geopark

1.2 - Localização

4.2 - Proposta de gestão

1.3 - Área proposta para o Geopark

4.3 - Mecanismos de implantação do Geopark

2. DESCRIÇÃO CIENTIFICA

5. ESTRATÉGIAS POLÍTICAS DE

2.1 - Evolução do conhecimento geocientífico

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

2.2 - Contexto geológico

5.1 - Áreas protegidas

2.3 - História da mineração

5.2 - Turismo e cultura local

2.4 - Lista e descrição dos sítios propostos para

5.3 - Orientações estratégicas

o Geopark Quadrilátero Ferrífero 2.5 - Status de proteção e pressões sobre os sítios

5.3.1 - Promoção do conceito de geopark na região do Quadrilátero Ferrífero 5.3.2 - Reforçar e criar parcerias regionais, nacionais e internacionais

3. INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE A ÁREA 3.1 - Aspectos abióticos 3.2 - Aspectos bióticos 3.3 - Economia 3.4 - Infraestrutura

5.3.3 - Promover o desenvolvimento local 5.3.4 - Dinamizar o geoturismo 5.3.5 - Desenvolver programas educativos 5.3.6 - Promover a geoconservação


6. ARGUMENTOS PARA A NOMEAÇÃO COMO GEOPARK NO ÂMBITO DA REDE MUNDIAL 6.1 - Suporte científico 6.2 - Programas governamentais: Circuito do Ouro e Estrada Real 6.3 - Atuação do Pólo de Excelência Mineral e Metalúrgico 6.4 - Relevância científica nacional e internacional 6.5 - Presença da UNESCO no Geopark 6.6 - Construindo o futuro 6.6.1 - Programa Quadrilátero Ferrífero 2050 6.6.2 - Mineração e Geopark 6.6.3 - Potencial educativo 6.6.4 - Desenvolvimento local 6.6.5 - Colaboração com geoparks já existentes ou em concepção no Brasil 6.6.6 - Potencial para contribuição mundial

REFERÊNCIAS


Ouro Preto

Daniel Mansur


1. Identificação da Área 1.1 – Denominação do Geopark Inglês: Quadrilátero Ferrífero Geopark Português: Geopark Quadrilátero Ferrífero

1.2 – Localização O Quadrilátero Ferrífero – QF localiza-se na porção centro-sudeste do Estado de Minas Gerais ocupando uma área aproximada de 6.500 km . Segundo Dorr (1969), 2

esta região foi assim denominada por Gonzaga de Campos devido aos depósitos de minério de ferro que ocorrem numa área que tem como vértices as cidades de Itabira, a nordeste, Mariana, a sudeste, Congonhas, a sudoeste e Itaúna, a noroeste (Mapas 1 e 2)

Daniel Mansur

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Identificação da Área

Mapa 1

LOCALIZAÇÃO DO GEOPARK QUADRILÁTERO FERRÍFERO EM MINAS GERAIS

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Mapa 2

DELIMITAÇÃO DO GEOPARK QUADRILÁTERO FERRÍFERO

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Identificação da Área

1.3 – Área proposta para o Geopark A área proposta para o Geopark abrange: ao norte, Serra do Curral desde a Serra do Rola-Moça até a Serra da Piedade, a oeste Serra da Moeda; Serra de Ouro Branco, Serra de Itatiaia e Pico do Itacolomi ao sul; Passagem/Matacavalos/Mariana, Antônio Pereira, Pico do Frazão, Serra do Caraça, Serra do Tamanduá, Pico do Brucutú, Serra das Cambotas e Serra da Piedade a leste, compreendendo uma área de aproximadamente 6.500 km². Envolve a área de vários municípios, que têm sua economia com base na extração mineral e na metalurgia.

Serra de Ouro Branco

Márcia Machado

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A região possui uma localização privilegiada situada em parte na região metropolitana de Belo Horizonte (capital do Estado de Minas Gerais), portanto, com boas opções de acesso. Engloba os municípios de: Bom Jesus do Amparo, São Gonçalo do Rio Abaixo, Barão de Cocais, Santa Bárbara, Catas Altas, Alvinópolis, Mariana, Ouro Preto, Ouro Branco, Congonhas, Jeceaba, Belo Vale, Moeda, Itabirito, Rio Acima, Brumadinho, Mario Campos, Sarzedo, Ibirité, Nova Lima, Raposos, Sabará, Caeté, Belo Horizonte, Santa Luzia no Estado de Minas Gerais. As coordenadas geográficas de referência (Mapa 2) com os limites da área do Geopark Quadrilátero Ferrífero são: 1) Ponto 1: Lat. 19º45'00"S/ Long. 43º19'44"W 2) Ponto 2: Lat. 20º34'12"S/ Long. 43º19'44"W 3) Ponto 3: Lat. 20º34'12"S/ Long. 44º00'00"W 4) Ponto 4: Lat. 20º09'43"S/ Long. 44º00'00"W 5) Ponto 5: Lat. 20º09'43"S/ Long. 44º07'30"W 6) Ponto 6: Lat. 20º00'00"S/ Long. 44º07'30"W 7) Ponto 7: Lat. 20º00'00"S/ Long. 44º00'00"W 8) Ponto 8: Lat. 19º45'00"S/ Long. 44º00'00"W

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Descrição Científica

Serra de Ouro Branco

Miguel 18 Andrade


2. Descrição Científica 2.1 – Evolução do conhecimento geocientífico O interesse geocientífico pelo Quadrilátero Ferrífero está bem expresso na quantidade de trabalhos desenvolvidos na região, os quais tiveram

Parque Serra do Rola-Moça

início com as pesquisas de Vieira Couto e, posteriormente, de Wilhelm Ludwig Von Eschwege, que publicou, na Europa, entre 1811 e 1833, vários trabalhos sobre as riquezas minerais de Minas Gerais. Além de Eschwege, os naturalistas austríacos Spix e Martius e também os estudiosos Mawe, Burton e Saint-Hilaire publicaram observações interessantes sobre o Quadrilátero Ferrífero. Em 1876, foi inaugurada a Escola de Minas de Ouro Preto que proporcionou uma multiplicação de estudos e publicações sobre o Quadrilátero Ferrífero, incluindo obras publicadas em outras línguas e divulgadas em cidades estrangeiras como Londres, Paris e Nova York. Henry Gorceix, juntamente com conhecidos técnicos franceses, foi convocado para a direção da Escola de Minas que, em pouco tempo, adquiriu conceito internacional.

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Miguel Andrade


Descrição Científica

O

conhecimento

geológico

detalhado

do

Quadrilátero Ferrífero, no que se refere à cartografia

Serra da Piedade

geológica, teve início com o Programa de Mapeamento Geológico realizado pelo USGS e pelo DNPM, entre 1945 e 1962. Destes trabalhos resultaram mapas de mais de 40 quadrículas, em escala 1: 25 000, apresentados em uma série de publicações sintetizadas por Dorr, em 1969, na escala 1: 150 000. Na síntese final, o autor apresenta

uma

coluna

estratigráfica

para

o

Quadrilátero Ferrífero que, com algumas modificações, mantém-se atual até os dias de hoje.

Daniel Mansur

20


2.2 – Contexto geológico Durante anos, vários modelos tectônicos foram propostos para explicar o complexo padrão do Quadrilátero Ferrífero; entre os principais modelos, destaca-se o trabalho de Alkmim & Marshak (1998), os quais, baseados em resultados de estudos estruturais e avaliando dados compilados, sugerem que o Quadrilátero Ferrífero passou por quatro fases de deformação. Os autores apresentam uma síntese da evolução tectônica da região: (1)

Formação

dos

terrenos

granito-

greenstone arqueanos: o embasamento de rochas

Parque das Mangabeiras

cristalinas mais antigas da região do Quadrilátero Ferrífero tem idade de 3200Ma, todos os fragmentos de crosta continental desta idade serviram como embasamento,

no

qual,

entre

2800-2700Ma

depositaram-se sucessões sedimentares e de rochas verdes (Supergrupo Rio das Velhas), provavelmente

Daniel Mansur

em uma margem convergente. O plutonismo granitóide criou um clássico cinturão arqueano granito-

Casa do Bandeirante

greenstone, com domos de granitos cercados por porções de greenstone.

(2)

Formação da Bacia Minas: entre 2600-

2400Ma, a região do Quadrilátero Ferrífero passou de Daniel Mansur

Daniel Mansur 21


Descrição Científica uma porção plataformal continental para uma bacia de margem passiva. O início desta bacia representa um

Parque das Mangabeiras

evento extensional, como indicado pelas fácies e ambientes de deposição do grupo Caraça (Renger et al. 1993); (3)

Evento

Transamazônico

(D1):

aproximadamente em 2100Ma, a região do Quadrilátero Ferrífero é envolvida por um cinturão de dobramentos e cavalgamentos com vergência para noroeste, resultando

no

desenvolvimento

de

zonas

de

cisalhamento e dobras em escala regional, bem como, subordinadamente,

em

dobras

parasíticas.

O

desenvolvimento de um cinturão de dobramentos e cavalgamentos transamazônico ocorreu logo após a deposição do Grupo Sabará, em 2125Ma. (4) (DC):

Colapso

entre

2095

regionalmente,

um

e

Orogênico

Transamazônico

2051Ma,

estabeleceu-se,

regime

extensional

com

o

desenvolvimento de terrenos em domos e quilhas. (5)

Daniel Mansur

Rift Espinhaço (DE): a formação da

Bacia Espinhaço, a norte, se reflete no Quadrilátero Ferrífero com a intrusão de diques de diabásio em torno

de

1750Ma.

Entre

1000-900Ma

ocorre

desenvolvimento extensional propiciando a formação de uma bacia oceânica (Pedrosa Soares et al 1992).

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(6)

Brasiliano (D2): o segundo

evento contracional ocorreu entre 700-430Ma e criou

um

cinturão

de

dobramentos

e

cavalgamentos com vergência para oeste que reativou antigas estruturas do Quadrilátero Ferrífero F. Este evento representa um dos últimos orógenos colisionais que formaram o supercontinente também,

na

Gondwana reativação

resultando,

de

zonas

de

cisalhamento e falhas que bordejam os domos com trends para oeste.

O contexto geológico do Quadrilátero

Manancial Catarina

Ferrífero é caracterizado por três grandes conjuntos de rochas: complexos metamórficos de rochas cristalinas arqueanas; seqüência do tipo greenstone belts arqueana representada pelo Supergrupo Rio das Velhas e seqüências metassedimentares paleo e mesoproterozóicas representadas pelo Supergrupo Minas, Grupo Sabará,

Grupo

Itacolomi

e

Supergrupo

Espinhaço. (Mapa 3).

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Acervo CPRM


Descrição Científica

Mapa 3

MAPA GEOLÓGICO SIMPLIFICADO DO GEOPARK QUADRILÁTERO FERRÍFERO COM PROJEÇÃO DE RELEVO

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Os complexos metamórficos de rochas cristalinas arqueanas são formados por uma diversidade litológica com exposição nas adjacências e na porção central do Quadrilátero Ferrífero; são estruturados em domos sendo constituídos por gnaisses polideformados de composição tonalítica a granítica e, subordinadamente, por granitos, granodioritos, anfibolitos e meta-ultramafitos, gerados no Arqueano e remobilizados nos eventos proterozóicos (Herz 1970, Cordani et al. 1980, Machado et al. 1989, Belo de Oliveira & Teixeira 1990, Romano et al. 1992, Machado & Carneiro 1992, Noce 1995). O

Supergrupo

Rio

das

Velhas

é

considerado por Almeida (1977) e Schorscher

Cachoeira de Belo Vale

(1986), como uma seqüência do tipo greenstone belt. Segundo Dorr (1969) as rochas dessas unidades são compostas, pelos grupos Nova Lima e Maquiné. A partir de então, várias propostas

de

denominação

e

divisão

litoestratigráfica têm sido apresentadas para esse supergrupo e, apesar das divergências quanto às subdivisões, há certo consenso em que o Supergrupo Rio das Velhas seja composto pelos dois grupos originais de Dorr (1969), Nova Lima e Maquiné. O Grupo Nova Lima é a unidade basal do Supergrupo Rio das Velhas sendo constituído por filitos, filitos grafitosos, clorita-xistos,

Acervo CPRM

sericita-xistos, metagrauvacas, rochas máficas e ultramáficas, formações ferríferas do tipo algoma, metacherts e metadolomitos. Algumas unidades litoestratigráficas informais são propostas por Ladeira (1980), Oliveira et al. (1983), Belo de Oliveira (1986), Vieira & Oliveira (1988), Vieira et al. (1991). Para Noce (1995), a dificuldade de estabelecer unidades litoestratigráficas aceitas para todo o Grupo Nova Lima advém

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Descrição Científica da intensa deformação, processos de alteração pervasivos e profundo intemperismo, aliados à ausência de cartografia de maior detalhe em muitas áreas. Em 1996, o DNPM e a CPRM concluíram o Projeto Rio das Velhas, que teve como objetivo mapear o Greenstone Belt Rio das Velhas no Quadrilátero Ferrífero em escala adequada aos trabalhos de prospecção e pesquisa mineral. O mapeamento foi feito para 27 quadrículas, na escala 1: 25.000 e, sintetizado em um mapa geológico na escala 1: 100.000. Neste trabalho, as

Miguel Andrade

rochas do Supergrupo Rio das Velhas são agrupadas

em

associações

de

litofácies

geneticamente relacionadas. O Grupo Nova Lima seria formado pelas seguintes associações de litofácies, da base para o topo: (1) associação metavulcânica-plutônica máfica-ultramáfica; (2) metavulcano-sedimentar química; (3) metassedimentar química-pelítica; (4) metavulcano- sedimentar clástica; (5) metassedimentar clástica marinha (ressedimentada).

O Grupo Maquiné é a unidade de topo do Supergrupo Rio das Velhas e tem ocorrência restrita à porção centro-leste do Quadrilátero Ferrífero. Segundo Dorr (1969) este grupo é composto pelas formações, da base para o topo: Palmital, constituída por quartzitos sericíticos, filitos quartzosos e filitos; e Casa Forte, originalmente definida por Gair (1962), constituída por quartzitos sericíticos, cloríticos a xistosos e filitos. No Projeto Rio das Velhas, citado anteriormente, o Grupo Maquiné foi reconhecido como uma associação metassedimentar clástica não-marinha, com uma fácies litorânea (Formação Palmital) e outra fluvial (Formação Casa Forte).

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Serra do Rola-Moรงa

Daniel27 Mansur


Descrição Científica O Supergrupo Minas foi originalmente denominado de “Série” Minas, por Derby (1906) e sua organização estratigráfica, em essência, permanece a mesma desde então, sendo composto por três Grupos: Caraça, Itabira e Piracicaba (Dorr 1969). Esta unidade sobrepõe-se geralmente às rochas dos complexos metamórficos e Supergrupo Rio das Velhas em contato tectônico.

A base da unidade é o Grupo Caraça que apresenta as Formações Moeda, inferior, e Batatal, superior. A Formação Moeda é constituída por quartzitos com intercalações de filito e níveis conglomeráticos. Na Formação Batatal, predominam filitos sericíticos, por vezes carbonosos ou ferruginosos. A unidade intermediária é o Grupo Itabira constituído por uma seqüência de metassedimentos químicos iniciada pela Formação Cauê seguida da Formação Gandarela. A Formação Cauê é composta por itabirito, itabirito dolomítico, dolomito ferruginoso e filito. A Formação Gandarela é formada por dolomitos, filito dolomítico e dolomito silicoso. A unidade de topo é o Grupo Piracicaba com as seguintes formações da base para o topo: Cercadinho, Fecho do Funil, Taboões e Barreiro. A Formação Cercadinho caracteriza-se pela alternância de quartzitos e filitos, freqüentemente ferruginosos. A Formação Fecho do Funil é constituída por filitos, filitos dolomíticos e lentes de dolomito. Os ortoquartzitos de granulometria fina da Formação Taboões e os filitos e filitos grafitosos da Formação Barreiro são de ocorrência restrita.

O Grupo Sabará corresponde à Formação Sabará (Dorr 1969) elevada à categoria de Grupo por Renger et al. (1994). É constituído por clorita xistos e filitos, metagrauvacas, meta-conglomerados, quartzitos e raras formações ferríferas. Suas rochas afloram praticamente em todo o Quadrilátero Ferrífero, exceto no Sinclinal Moeda.

O Grupo Itacolomi é restrito às porções sudeste e sul do Quadrilátero Ferrífero, sendo constituído por quartzitos, quartzitos conglomeráticos e lentes de conglomerados com seixos de itabirito, filito, quartzito e quartzo de veio.

Daniel Mansur 28


O Supergrupo Espinhaço ocorre na porção nordeste do Quadrilátero Ferrífero, representado pelo pacote quartzítico da Serra de Cambotas. Para Crocco-Rodrigues (1991), a posição estratigráfica desta unidade, inicialmente correlacionada ao Grupo Tamanduá de Simmons & Maxwell (1961), foi sempre controversa, por incluir pacotes de rochas distintos, tectonicamente justapostos.

No contexto geológico regional do Quadrilátero Ferrífero, além da seqüência estratigráfica descrita anteriormente, destaca-se também a presença de rochas básicas e metabásicas intrusivas que cortam as seqüências supracrustais e os terrenos granito-gnáissicos especialmente a oeste de Belo Horizonte e na Serra do Caraça.

Acervo IEPHA

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Descrição Científica

Pico do Itabirito

Miguel30 Andrade


2.3 – História da mineração

Miguel Andrade

A região onde se insere a área proposta para o Geopark Quadrilátero Ferrífero tem sua

Mina Morro Velho

história marcada pelo desenvolvimento de atividades relacionadas à extração de recursos minerais. O esforço português do século XVI de conquistar riquezas minerais nas Américas, à semelhança do sucesso rápido que acontecera com os espanhóis no México, Peru e Bolívia se concentrou em duas estratégias: a procura Márcia Machado incessante de acesso ao ouro e prata relatados pelos indígenas, em especial ao longo do Rio

Mina Morro Velho

Paraguai e Amazonas e as investidas a esmo dos bandeirantes pelos sertões do Brasil centrooriental. A história demonstrou que a segunda estratégia tornou-se bem sucedida. Boa parte do ouro produzido no Brasil colonial e imperial proveio desta região sendo que o início de sua ocupação se deu desde meados do século XVII pelas expedições pesquisadoras de minerais preciosos.

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Márcia Machado


Descrição Científica Na região do Quadrilátero Ferrífero, dois eventos foram marcantes: a expedição pesquisadora de minerais preciosos de Fernão Dias e a descoberta de ouro em Ouro Preto. Estes eventos influenciaram o povoamento do Quadrilátero Ferrífero que se deu inicialmente a partir de dois eixos principais, Sabará (influência da bandeira de Fernão Dias) e Mariana e Ouro Preto (influência da descoberta de ouro no ribeirão do Tripuí).

Estas descobertas e uma série de expedições que se seguiram prepararam a

Serra do Caraça

grande fase das explorações auríferas e o povoamento do Quadrilátero Ferrífero com a fundação, em 1711, das vilas de Mariana, Vila Rica de Ouro Preto e Vila Real de Sabará. Vários arraiais e vilas dentro ou próximos do Quadrilátero Ferrífero tiveram sua origem ligada Dionísio Azevedo

à mineração do ouro destacando-se, dentre outros: Caeté, Congonhas, Catas Altas, Santa

Bárbara, Barão de Cocais, Cachoeira do Campo, Ouro Branco, Nova Lima, São Gonçalo do Rio Acima e Piedade do Paraopeba.

Ferrand (1894) e Barbosa & Rodrigues (1967) chamam a atenção para as quatro fases da exploração do ouro no Quadrilátero Ferrífero, sendo que as três primeiras aconteceram no período colonial e permitiram, de forma definitiva, a fixação do povoamento na região; a última aconteceu no período imperial utilizando técnicas modernas de extração.

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Ilustração de mineração

Rugendas (1824) No período colonial, a exploração aurífera limitou-se ao ouro de aluvião empregando mão-de-obra escrava e técnicas rudimentares de extração do ouro encontrado na superfície da terra e no leito dos rios. Os trabalhos nas margens dos rios e os trabalhos nos vales das montanhas utilizavam o método das catas. As catas consistiam de escavações em forma de funil onde o minerador retirava o solo até atingir o depósito de cascalho. À medida que o ouro era descoberto, as cavas eram aprofundadas até atingir a rocha dura. Nos trabalhos nos flancos das montanhas (serviços de grupiaras), os mineradores utilizavam a diferença de nível para fazer passar correntes de água sobre toda a massa, que era arrastada e recolhida embaixo.

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Descrição Científica

Assim, na primeira fase, a extração era feita seguindo o eixo dos rios onde o ouro era descoberto. Na medida em que este ouro se esgotava, exploravam-se os depósitos nas encostas das montanhas, atingindose os terraços de 30/40 metros acima do nível do rio, o que caracterizava a segunda fase. Em alguns lugares uma terceira fase ocorreu com a exploração dos terraços de 60/70 metros acima do rio.

Na terceira fase os teores de ouro decrescem. Utilizavam-se técnicas rudimentares para as minas e, não tendo meios de aprofundar a exploração, ocorre a fase da decadência do ouro. A partir da segunda metade do século XVIII, a população foi abandonando as minas e passou a se dedicar a outras atividades econômicas, como a agricultura, restrita pelas condições inapropriadas para seu desenvolvimento e o comércio. Vários fatores levaram ao declínio das minas: a política econômica adotada pela própria metrópole com a existência de uma legislação confusa e repressora, administração inadequada, falta de preocupação em melhorar as técnicas de mineração e a falta de espírito associativo dos proprietários de lavras.

Pico do Itacolomi

Daniel Mansur

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A mistura de raças e culturas na época colonial tornou o Quadrilátero Ferrífero um berço cultural e civilizador permitindo o surgimento de um movimento artístico ligado a arquitetura, literatura e música. A arte barroca floresceu com obras-primas que podem ser observadas em várias cidades do Quadrilátero Ferrífero, destacando-se as obras de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, e de Manuel da Costa Ataíde. Na música, a região também contou com ilustres artistas, tais como José Joaquim Emérico. Além disso, o Quadrilátero Ferrífero foi também o berço do primeiro movimento literário expressivo do Brasil, que teve a participação de Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga e Alvarenga Peixoto.

A quarta fase da extração do ouro no Quadrilátero Ferrífero (durante o século XIX) ocorreu utilizando métodos mais modernos de exploração de galeria ou a céu aberto. A produção do ouro só aumentou após a admissão de capital estrangeiro - principalmente inglês - na indústria aurífera brasileira em 1824. Em 1810, foi contratado o mineralogista e geólogo Wilheem Ludwig Von Eschwege que, ao chegar ao Brasil, ficou encarregado de levantar a situação das minas de ouro em Minas Gerais, estudar formas de melhorar a produção, bem como avaliar as possibilidades de implantar novas técnicas de mineração capazes de reabilitar a falida indústria minerária do País. Com base na insistência de especialistas que afirmavam que as jazidas não estavam esgotadas e que com a utilização de técnicas mais avançadas a mineração poderia oferecer bons resultados, os ingleses identificaram a oportunidade de fundar sociedades anônimas e adquirirem lavras promissoras em Minas Gerais. A primeira foi a Imperial Brazilian Mining Association, que foi implantada em 1824 e adquiriu as minas de ouro de Congo Sôco, na região de Caeté.

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Descrição Científica

Parque do Itacolomi –Belvedere Três Pedras

Acervo IEF

Com a entrada do capital inglês, as técnicas de mineração utilizadas no século XVIII, deram lugar à implementação de maquinários sofisticados voltados à atividade extrativista, como pilões e rodas hidráulicas. No entanto, nessa mesma época, outras atividades econômicas atraíam a atenção da população e do próprio governo provincial, em especial a criação de gado, agricultura e plantação do café que, despontou como primeiro colocado das exportações brasileiras em 1831. Simultaneamente à quarta fase de extração do ouro e, mesmo antes, ocorre a fase das forjas de ferro. Esta última, inicialmente rudimentar, caracterizou-se por variações nos modos de se fundir, utilizando desde panela e fogões domésticos até métodos mais aperfeiçoados.

36


Segundo Rosiére et al (2005), as atividades de mineração de ferro na região do Quadrilátero Ferrífero (em Itabirito) já ocorriam no ciclo do ouro; mas, mediante um aproveitamento incipiente de imensas reservas e por meio de fábricas de ferro de pequeno porte. A metalurgia do ferro desse período é pouco documentada e, para Landgraf et al (1994), parece ter sido marcada pelo aproveitamento dos conhecimentos africanos de extração do ferro já que apresentavam uma técnica rudimentar, porém eficaz. A partir de 1777, ocorreram vários fatores que levaram a um maior interesse no desenvolvimento de minas e forjas de ferro (processo milenar de redução direta do minério por meio do carvão vegetal em fornos de pequenas dimensões) no Brasil. Segundo Azevedo & Paula (2003), um fator importante foi a chegada ao Brasil de D. Rodrigo de Sousa Coutinho, um político habilidoso e competente administrador que assumiu o Ministério da Marinha e Negócios Ultramarinos, de 1796 a 1803, sendo, portanto, o responsável pela política das colônias. Outro fator importante foi a fundação, em 1777, da Academia Real de Ciências em Portugal, que estimulava pesquisas para avaliar a situação econômica de Portugal e de suas colônias. Furtado (1994) afirma que o principal objetivo destes estudos era diagnosticar o atraso português em relação às outras nações européias, encontrar o porquê de tal situação e propor alternativas. A chegada da família Real Portuguesa ao Brasil, em 1808, foi fundamental para o desenvolvimento da siderurgia que recebeu o apoio e financiamentos que permitiram a instalação das três primeiras unidades no País duas das quais em Minas Gerais: Real Fábrica de Ferro do Morro do Pilar e Fábrica de Ferro Patriótica em Congonhas no Quadrilátero Ferrífero. Neste período, a indústria siderúrgica no Brasil teve a colaboração e experiência de alguns pesquisadores que contavam com a indicação e o apoio financeiro da Coroa, destacando-se: Manoel da Câmara Ferreira Bettencourt e Sá; o sueco Carl Hedberg; os alemães Varnhagen e Eschwege. As atividades da extração mineral, principalmente de ouro e ferro, marcam a paisagem atual do Quadrilátero Ferrífero e foram importantes no desenvolvimento da sua história e da sua cultura. O grande número de cidades e arraiais históricos, as minas e frentes de extração mineral, as pequenas áreas agrícolas, as antigas usinas siderúrgicas, as estações ferroviárias, as atrações turísticas, as escolas famosas, entre outros, são fatores que confirmam o grande valor histórico cultural da região do Quadrilátero Ferrífero (Barbosa & Rodrigues 1967).

37


Descrição Científica

38

Acervo IEF


Formação Casa Forte

39

Acervo IEF


Descrição Científica

2.4 – Lista e descrição dos sítios propostos para o Geopark Quadrilátero Ferrífero Na região foram reconhecidos cinqüenta e cinco sítios de interesse natural, cultural e religioso, principalmente os representativos da história geológica do Quadrilátero Ferrífero e da história de mineração no Brasil (Mapa 4). Para a primeira fase de implantação do Geopark foram selecionados 28 sítios baseados nas recomendações do SIGEP (Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos) e utilizou em parte o inventário realizado por Ruchkys (2007). O SIGEP foi criado em 1997 com o objetivo de reconhecer o patrimônio geológico brasileiro. Para o entendimento da história da mineração e da evolução geológica da região, ressalta-se a importância dos seguintes sítios (Mapa 4):

Ouro Preto

Daniel Mansur Daniel Mansur

40


Mapa 4

MAPA GEOLÓGICO SIMPLIFICADO DE SÍTIOS COM LIMITES DO GEOPARK QUADRILÁTERO FERRÍFERO

41


Descrição Científica

Pico do Itacolomi

42 Acervo IEF


Descrição dos geosítios 1.

Gnaisse de Cachoeira do Campo O sítio está localizado no município de Cachoeira do Campo. O embasamento cristalino granito-

gnáissico-migmatítico de composição tonalitotrondhjemito-granodiorito (TTG) corresponde às

Gnaisse de Cachoeira do Campo

rochas mais antigas do Quadrilátero Ferrífero e é a base de todas as unidades geológicas desta região. Os gnaisses de composição TTG, juntamente com seqüências do tipo greenstone belt, são os constituintes mais característicos dos crátons

arqueanos.

As

primeiras

crostas

continentais da Terra e os primeiros núcleos protocratônicos que começaram a se formar em quatro bilhões de anos eram compostos por

Acervo CPRM

Gnaisse de Cachoeira do Campo

gnaisses desse tipo. No Quadrilátero Ferrífero o embasamento cristalino é dividido em complexos que recebem denominações locais diferentes: Complexo Bação; Complexo Bonfim; Complexo Belo Horizonte; Complexo Caeté; Complexo Santa Bárbara. O sítio do gnaisse de Cachoeira do Campo encontra-se no Complexo Bação.

43

Acervo CPRM


Descrição Científica

2.

Metavulcânicas do Supergrupo Rio das Velhas e Bicame de Pedras

Metaultramáfica

serpentinizada

e

Aqueduto Bicame de Pedra

xistificada da base do Supergrupo Rio das Velhas em contato tectônico com quartzitos da Formação Moeda (Grupo Caraça). Esse geossítio localiza-se em Catas Altas na estrada para a Fazenda Quebra Osso, próximo ao escritório da Valemix (Pedreira Um), próximo ao Bicame de Pedra e à placa de sinalização da Estrada Real.

Acervo CPRM

O Bicame de Pedra foi construído em 1792 Portal em Arco Romano

por Manoel Ferreira Pinto para fornecimento de água para mina de ouro na Serra de Boa Vista. Constitui atração turística da Estrada Real e oferece uma linda vista do Caraça. O muro tem 4 metros de altura com portal em forma de arco romano sobre o qual a água era conduzida para ser utilizada na lavagem de cascalho para lavra de

Carlos Schobbenhaus

ouro nos séculos XVIII e XIX. Sua construção custou uma arroba (cerca de 15 quilogramas) de ouro.

44


3.

Meta-arenitos da Serra do Andaime

Este sítio está localizado no município de Itabirito na Serra do Andaime e está relacionado ao Grupo Maquiné e o Supergrupo Rio das Velhas.

Metarenitos da Serra do Andaime Range

Os meta-arenitos da Serra do Andaime são interpretados por Pedreira (1995) e Baltazar & Pedreira (2000) como uma associação litorânea originados em ambiente marinho raso no Arqueano, sendo, portanto, o registro de uma das primeiras praias do Brasil. Os afloramentos indicam as litofácies desse ambiente: água rasa com influência de maré e dunas costeiras.

45

Dionísio Azevedo


Descrição Científica

4.

Quartzitos e conglomerado basal da Formação Moeda – Serra da Moeda

O sítio está localizado na Serra da Moeda, cerca de 17 km ao sul de Belo Horizonte. Em um contexto de relativa quiescência global e existência de uma plataforma arqueana recém-consolidada, foi implantada a proto-bacia Minas com sedimentação inicialmente continental e posteriormente marinha. O Supergrupo Minas começou a se depositar em aproximadamente 2.5Ga, ao longo de uma bacia de margem passiva desenvolvida na plataforma continental preexistente. O primeiro registro da abertura dessa bacia é marcado pelos metaconglomerados auríferos e uraniníferos que se encontram na parte basal da Formação Moeda. Essa unidade foi depositada em ambiente fluvial, onde os conglomerados basais representam o preenchimento de antigos vales cavados nas rochas mais antigas do Grupo Nova Lima.

Serra da Moeda

Dionísio Azevedo

Dionísio Azevedo

46


5.

Santuário da Serra do Caraça

Serra do Caraça é o nome genérico para

Santuário e Serra do Caraça

um conjunto de montanhas que abriga as maiores altitudes do Quadrilátero Ferrífero, com Pico do Sol atingindo 2.072 de altitude. O nome Caraça é explicado por vários autores de maneira diferente; como avaliado por Burton, SaintHilaire observa que a palavra é, ao mesmo tempo, portuguesa e guarani. Na explicação deste último autor, “cara” e “haça”, ou “caraçaba”, corrigida para Caraça, significa desfiladeiro.

José Israel Abrantes

Santuário e Serra do Caraça

Outros atribuem o nome da serra devido à sua semelhança com um rosto enorme. Para o próprio Burton, Caraça é explicado em português como carranca de pedra. A palavra é feminina, mas sempre toma o artigo masculino “o Caraça”, a cara feia. Segundo o autor, isto confirma a lenda de que recebeu seu nome de algum negro

Miguel Andrade

quilombeiro que viveu naquelas elevações. A Serra do Caraça é composta essencialmente por quartzitos da Formação Moeda do Grupo Caraça. Nesta serra fica o Pico do Inficionado onde estão inseridas cavernas de quartzito, entre as quais se destaca a gruta do Centenário, a maior do mundo nesta litologia. Os condutos formam uma rede labiríntica quadrática atingindo a profundidade de – 481m de desnível e somando 3.790 m de projeção horizontal (4.700m de desenvolvimento linear). Devido a está característica a Serra do Caraça é reconhecida pelo SIGEP como patrimônio geológico do Brasil. .

47


Descrição Científica

Serra do Caraça

Acervo CPRM 48


6.

Itabiritos da Serra da Piedade

A Serra da Piedade é importante do ponto

Serra da Piedade

de vista geológico apresentando boas exposições de itabiritos da Formação Cauê, Grupo Itabira, que representa a seqüência mais espessa de formações ferríferas do Quadrilátero Ferrífero. Sua deposição ocorreu, principalmente, entre 2600

e

1800Ma,

correspondendo

a

aproximadamente 15% do volume total das rochas sedimentares do Proterozóico.

49

Acervo IEPHA


Descrição Científica

Estas BIFs são do tipo Lago Superior constituídas de rochas com laminação milimétrica

Serra da Piedade

a centimétrica. A maioria das BIFs são das fácies silicatada e carbonatada, raramente contêm material

clástico

e

são

associadas

faciologicamente com chert, dolomito, quartzito, argilito e rochas vulcânicas. A presença dessas rochas no registro Pré-Cambriano é indicativa de

Acervo IEPHA

mudanças na composição química da atmosfera no Paleoproterozoico. Estes depósitos são o resultado da oxidação do ferro pelo aumento do oxigênio no ambiente. Além da importância geoecológica para compreensão dos fenômenos que levaram à evolução da vida, dos oceanos e da atmosfera no Pré-Cambriano, os itabiritos apresentam grande importância econômica e, no Quadrilátero Ferrífero, há várias minas de ferro hospedadas dentro de formações ferríferas bandadas. Há muito, a Serra da Piedade é um referencial religioso para muitas pessoas que fazem peregrinações para lá todos os anos. O valor religioso da serra fez com que o Papa João XXIII consagrasse a imagem do Santuário de Nossa Senhora da Piedade como Padroeira do Estado de Minas Gerais, em 1958. Todo ano, entre 15 de agosto e 7 de setembro, acontece o jubileu em sua homenagem reunindo milhares de fiéis no alto da Serra da Piedade. Este geossítio é reconhecido pelo SIGEP como Patrimônio Geológico do Brasil e apresenta uma vista privilegiada sobre as unidades morfológicas do Quadrilátero Ferrífero.

50


Serra da Piedade – Vista Aérea

51 Miguel Andrade


Descrição Científica

7.

Serra do Curral

A Serra do Curral corresponde a um

Serra do Curral

homoclinal, cujo eixo se orienta, em linhas gerais, de NE para SW, constituindo o limite norte do Quadrilátero Ferrífero. Afloram na Serra do Curral parte da seqüência metassedimentar do Supergrupo Minas: grupos Caraça, Itabira e Piracicaba. Essas unidades apresentam inversão estratigráfica ocasionada pela tectônica e

Daniel Mansur

caracterizam uma diversidade litoestrutural e

morfológica e um relevo acidentado. A Serra do Curral tem seu nome associado ao antigo Curral Del Rey (atual Belo Horizonte). Segundo Lima Júnior (1953), em meados de 1709, companheiros de uma das armadas de Dom João V pediram dispensa dos serviços na Marinha Real e, fascinados pelas notícias que chegavam das minas de ouro partiram para essa Província. Nesse grupo, estava Francisco Homem Del-Rei, piloto da nau “Nossa Senhora da Boa Viagem”, que foi estabelecer-se em terras da sesmaria de Manuel da Borba Gato, em uma área de águas vertentes com um curral de gado que abastecia os estabelecimentos de mineração. Em 1716, Francisco, que havia construído uma capela de pau e palha, requereu licença ao Bispo do Rio de Janeiro para celebração de uma missa. Nada conseguindo, endereçou longa petição ao Rei; quando a licença chegou já se formava um povoado, então denominado Curral Del-Rei. A Serra conserva ainda parte do nome original do arraial que se desenvolveu em sua base.

52


Serra do Curral

Daniel 53 Mansur


Descrição Científica

8.

Parque das Mangabeiras

Localizado ao pé da Serra do Curral, patrimônio cultural de Belo Horizonte, o Parque

Parque das Mangabeiras

das Mangabeiras, projetado pelo paisagista Roberto Burle Marx, conserva em sua área de 2,8 milhões de metros quadrados, 21 nascentes do Córrego da Serra, que integra a Bacia do Rio São Francisco. Em 1941, foi instalada a "Caixa de Areia", primeira estação de tratamento de água

Daniel Mansur

da cidade que abastecia o Bairro Serra. No início da década de sessenta instalou-se na área a FERRO BELO HORIZONTE S/A (FERROBEL), empresa mineradora municipal, que explorava minério de ferro no Parque. No início da década de 1960 a FERROBEL foi desativada e começaram os estudos relativos à implantação do parque.

54


9.

Pico de Itabirito

O Pico de Itabirito foi descrito por Burton na oportunidade em que visitou Cata Branca. Segundo Vieira Couto (1801), o nome original do pico, Itabira, na língua indígena significa moço ou rapariga de pedra. Rosière et al (2005) salientam que, na realidade, o termo Itabira significa pedra ou rocha brilhante, ou por outra interpretação: empinada (ita = pedra, rocha, metal; byra = erguer-se, levantar-se). Na época de exploração do ouro na mina de Cata Branca, o pico também era conhecido por esse nome pelos mineiros da Cornualha. A imponência do pico fez com que fosse incluído, juntamente com o Pico do Itacolomi e a Serra do Caraça, na Carta da Capitania de Minas Gerais feita por Eschwege em 1821 apresentada no 1º volume do livro Pluto Brasilienses.

Pico do Itabirito

Dionísio Azevedo

55


Descrição Científica

10.

Pico do Itacolomi

O Grupo Itacolomi representa uma deposição típica de ambiente fluvial entrelaçado e leques aluviais em bacias intermontanas estreitas. Os leques aluviais são feições deposicionais que ocorrem tipicamente adjacentes às áreas montanhosas. A primeira descrição dos quartzitos do Itacolomi se deve a Eschwege que os considerava como uma nova rocha em vista de sua grande distribuição e características próprias, sendo denominada por ele de itacolumito ou quartzito itacolomi. O suíço Dr. Heusser, escalou o pico do Itacolomi em 1859 reconhecendo feições cársticas no quartzito.

Parque do Itacolomi

Acervo IEF

56


Pico do Itacolomi

JosĂŠ Israel Abrantes 57


Descrição Científica

11.

Serra de Ouro Branco

Reconhecida como Patrimônio pelo IEPHA. Além de belos mirantes, a serra está repleta de cachoeiras, algumas de difícil acesso. Foi passagem das antigas tropas que intercambiavam ouro e mercadorias pela região. Por ela passava a Estrada Real que liga Ouro Preto ao Rio de Janeiro. Município de Ouro Branco. A Serra do Ouro Branco é formada por um paredão com cerca de 20 km de extensão, que em seu topo delimita um planalto cuja altitude varia entre 1.250 e 1.568 m. – Antigamente também chamada de Serra de Deus-telivre.

Serra de Ouro Branco

Miguel Andrade

58


12.

Sítio Paleontológico de Fonseca

A bacia de Fonseca foi reconhecida pelo SIGEP como patrimônio geológico e paleontológico do Brasil,

Sítio Paleontológico do Fonseca

descrita por Mello et al (2002). Constituindo um clássico exemplo de sedimentos paleógenos, tendo despertado o interesse de vários pesquisadores, desde a segunda metade do século passado, por conter depósitos de “canga”, linhito e sedimentos fossilíferos. Os litotipos principais constituem os sedimentos arenosos e argilosos, Fonseca.

provavelmente Estes

depósitos

eocênicos, são

da

Formação

recobertos

Margarete Pereira

pelos

conglomerados ferruginosos (“canga”) da Formação Chapada de Canga. O registro fossilífero da Formação Fonseca é caracterizado por uma grande variedade de famílias de Angiospermas, sendo as famílias Melastomataceae e Mimosaceae as mais abundantes. O fóssil mais notável pertence à Família Bombacaea – uma flor, relativamente bem conservada, apresentando a impressão das pétalas e androceu (órgão reprodutor masculino). Este é o único sítio fossilífero do Geopark..

Fossil flower from the Fonseca Formation - Eriotheca prima, Bombacaceae genus (DGM 1436 Pb). (a) Impression; (b) Illustrative recreation. (apud Duarte,1974 in Mello et al. 2002).

59


Descrição Científica

13.

Serra do Rola-Moça

O Parque Estadual da Serra do Rola-Moça apresenta boas exposições de carapaça laterítica ferruginosa, regionalmente conhecida como canga. Eschwege e Burton analisaram o significado do termo canga, derivado do tupi tapanhoacanga onde acanga significa cabeça sendo a palavra comumente utilizada para denominar locais, por exemplo: caiaacanga (cabeça de macaco) e tapanhu-acanga (cabeça de negro). Eschwege (1822) acredita que o termo tapanhoacanga foi inicialmente utilizado pelos mineradores locais, em virtude da morfologia crespa com desenvolvimento de estruturas botrioidais, no terreno onde essa crosta predomina. A formação da canga ou laterita ferruginosa se deve ao processo de intemperismo do itabirito. Em regiões tropicais, pode promover um enriquecimento de ferro no topo do perfil, que depende essencialmente da dissolução da sílica por intermédio das águas pluviais. Os processos de laterização e a conseqüente formação de canga são relativamente recentes, estando comumente relacionados a processos de aplainamento do relevo gerados por atuação de processos erosivos. No caso das cangas do Quadrilátero Ferrífero, vários autores associam a formação de lateritas ao desenvolvimento da superfície de aplainamento Sul-Americana, considerada Paleógena por King (1956).

60

Serra do Rola-Moça

Acervo IEF

Serra do Rola-Moça

Acervo IEF


Serra do Rola-Moรงa

Acervo 61 IEF


Descrição Científica 14.

Ruínas da casa de fundição clandestina de ouro

A política portuguesa aplicada ao Brasil sempre esteve voltada para resguardar ao Reino os direitos patrimoniais, visando à arrecadação e ganhos de natureza financeira. Eschwege, em o Pluto Brasilienses, faz uma avaliação sobre as medidas adotadas pela Coroa em relação à mineração do ouro, afirmando que nenhuma das leis que foram surgindo ao longo dos anos teve por finalidade a proteção da mineração do ouro; ao contrário, todas elas apenas visavam ao aumento da produção, assegurando os lucros à Coroa. Buscando garantir seus rendimentos a Coroa portuguesa instituiu várias medidas fiscais relativas à produção, cobrança e a circulação do ouro para controlar as quantidades extraídas nas minas. Dentre os sistemas adotados para cobrança, destaca-se o Quinto, um imposto cobrado pela Coroa portuguesa que

Ruínas da casa de fundição clandestina moeda clandestina

Acervo IEPHA

correspondia a 20% de todo ouro encontrado na colônia. Durante o primeiro momento de ocupação e exploração do território mineiro e à medida que os descobrimentos de ouro se ampliavam, a Coroa se preocupou em garantir os processos de exploração e seus rendimentos, assegurando seu poder de dominação na região. Como no comércio o ouro tinha um valor muito maior do que aquele atribuído pelo Governo, o contrabando, a sonegação e a falsificação eram problemas enfrentados pela Coroa. A falsificação

62


de moedas é um exemplo das múltiplas táticas de fraude desenvolvidas no Período Colonial, principalmente no período do estabelecimento das primeiras Casas de Fundição (entre 1724 e 1735). Inácio de Souza Ferreira, juntamente com Manuel Francisco e outros cúmplices, montou uma casa de moedas em um sítio muito bem situado no Vale do Paraopeba. Uma vez aparelhado e estruturado logo começou a fabricar barras falsas de ouro e moedas com cunhos legítimos, furtados das casas de fundição e dados como inutilizados. O sítio da falsa casa de fundição do Paraopeba é de extrema importância para história da mineração, sendo um exemplo dos descaminhos do ouro no Período Colonial..

15.

Fábrica Patriótica

Assim como a mineração, a siderurgia também marca a vocação da região do

Ruínas da Fábrica Patriótica

Quadrilátero Ferrífero e as explorações do ferro constituem marca expressiva na paisagem. Eschwege teve a idéia de construir uma usina para produzir ferro em escala industrial. Para isto, formou uma sociedade anônima privada para construção da usina que recebeu o nome de “Fábrica Patriótica”. A construção iniciou 1811 e,

Dionísio Azevedo

em 1812, foi forjado o primeiro ferro no malho em escala industrial do Brasil. O conjunto das ruínas da Fábrica Patriótica é preservado pelo IPHAN como testemunho histórico da indústria siderúrgica do Brasil. Este patrimônio é tombado desde 1938 como primeira fábrica de ferro no Brasil.

63


Descrição Científica

16.

Mina de Morro Velho

Em Morro Velho a exploração do ouro

Mina Morro Velho

remonta ao período colonial, tendo se iniciado por volta de 1725. A primeira concessão mineral foi registrada em nome de Francisco Neto Albernaz em 1728, na paragem chamado Morro Velho, na freguesia de Nossa Senhora do Pilar de Congonhas (hoje Nova Lima). A mina, ao longo de sua existência,

Acervo Anglogold

experimentou a evolução nas técnicas de mineração do ouro e foi, por um bom tempo, a mina mais profunda do mundo e a mais

produtiva do Brasil tornando-se um referencial para a história da mineração. Com o encerramento das atividades em 2003, a direção da Anglogold-Ashanti, atual proprietária, manifestou o interesse de desenvolver um projeto de utilização para área, denominado “Gold City”; um grande empreendimento cultural, comercial e de lazer, incluindo um pólo de joalheria de ouro. A empresa de mineração oferece visitas guiadas ao seu Centro de Memória.

64


17.

Morro da Queimada

Berço do nascimento da cidade de Ouro Preto, a região do Morro da Queimada está sendo transformada em um parque arqueológico, onde pesquisadores vão promover trabalhos de escavação que ajudarão a conhecer melhor a história das primeiras ocupações ocorridas no início do Ciclo do Ouro no Brasil, tendo como responsável por essa iniciativa o IPHAN. Segundo o diretor do IPHAN no município e coordenador geral do projeto, Benedito Tadeu de Oliveira, a intenção é também transformar o local em mais uma atração turística de Ouro Preto.

Morro da Queimada

Acervo IPHAN

65


Descrição Científica

Serra do Rola-Moça

Acervo IEF

66


18.

Mina de Córrego do Meio

A companhia Vale promoveu o encontro de autoridades e imprensa na Mina de Córrego do Meio em Sabará - no dia 20 de junho de 2008 para a assinatura e lançamento do Projeto Biodiversidade. A mina mais antiga da Vale, chamada Córrego do Meio, foi explorada durante 65 anos (desde 1940) e não tem mais minério desde 2005. A empresa resolveu recuperar a área e transformá-la num espaço de desenvolvimento de pesquisas e atividades voltadas para a conservação e recuperação ambiental. As obras nos 660 hectares têm previsão para terminar em 2012. A expectativa é que o centro, que está sendo chamado de Centro de Pesquisas e Conservação da Biodiversidade do Quadrilátero Ferrífero, tenha capacidade de produzir 1 milhão de mudas de plantas típicas da região por ano. Os equipamentos que eram usados na antiga mina vão ser aproveitados nas atividades do centro.

19.

Mina de Águas Claras

A mina de ferro de Águas Claras foi aberta em 1974 e desativada em 2002, será transformada em empreendimento imobiliário e área de lazer. As cavas abertas serão transformadas em um lago artificial. Localiza-se na Serra do Curral, junto ao Parque das Mangabeiras, na divisa dos municípios de Belo Horizonte e Nova Lima.

67


Descrição Científica

Mina de Águas Claras

68 Daniel Mansur


20.

Vila da Passagem

Entre Ouro Preto e Mariana (a primeira vila, cidade e capital do estado de Minas Gerais), foi

Mina da Passagem

fundada em 1719 a Vila da Passagem onde foi descoberto ouro primário no início do século XVIII. Esta vila é uma referência na história da mineração do Brasil, nesta região encontra-se a mina da passagem onde uma lavra rudimentar foi iniciada em 1729. Entre 1729 a 1819, vários mineiros obtiveram concessões para explorar a propriedade mineral de Passagem até que em 1819 ela foi adquirida, junto com algumas concessões vizinhas, pelo Barão de Eschwege que criou a primeira companhia mineradora do País de capital privado, com o nome de Sociedade Mineralógica da Passagem, e instalou um engenho com nove pilões e moinhos para pedras — até então não usados no Brasil. A Mina da Passagem, que pertence à Companhia de Minas de Passagem - CMO, está aberta ao público todos os dias (cobra taxas de entrada) e oferece um passeio para os túneis de mina subterrânea por um carrinho em um plano inclinado (cerca de 300 metros de comprimento e 120 m abaixo superfície). Esta é a única mina de ouro aberta ao público no Quadrilátero Ferrífero.

69

Dionísio Azevedo


Descrição Científica

21.

Capão do Lana

No Brasil, o topázio amarelo foi descoberto por volta de 1760 na região de Ouro Preto,

Mina do Capão do Lana

provavelmente primeiro em aluviões lavados em busca de outro. A descoberta de topázios no morro da Saramenha, nos arredores de Ouro Preto, em 1772, atraiu grande número de mineiros para o local, abandonando suas lavras de ouro. Atualmente na região de Rodrigo Silva, distrito de Ouro Preto, o Capão do Lana Mine foi visitado por quase todos os

Márcia. Machado

naturalistas estrangeiros que passaram por Minas

Topázio amarelo

Gerais. A Topázio Imperial Mineração iniciou sua operação em 1971, na região de Rodrigo Silva, município de Ouro Preto, Minas Gerais. É uma das poucas mineradoras de gemas do mundo que funciona com sistema totalmente mecanizado. Realizou levantamentos geológicos e pesquisas de seu subsolo, cumprindo todos os requisitos legais. Opera de acordo com planos de lavra aprovados,

Virginio Mantesso Nelo

acompanhados e fiscalizados pelos órgãos oficiais de mineração.

70


22.

Gruta Nossa Senhora da Lapa

A gruta de Nossa Senhora da Lapa foi formada

Gruta Nossa Senhora da Lapa

por um processo de dissolução de rocha calcária da Formação Gandarela, que levou ao desenvolvimento de salões. O local é um centro de peregrinação de romeiros devotos de Nossa Senhora da Conceição da Lapa, especialmente no dia 15 de agosto, dedicado à Rose Lane Guimarães

santa.

23.

Sítio Arqueológico da Pedra Pintada

O sítio Arqueológico da Pedra Pintada com suas inscrições rupestres está situado a 3 quilômetros da Vila de Cocais, distrito de Barão de Cocais. Foi estudada em 1843, pelo naturalista Dinamarquês Peter Lund e recentemente, durante dois anos, pelas historiadoras Alexandra Simões Siqueira e Janaína Fonseca Mota, que estimam que as pinturas datem de 4 mil anos. São 122 pinturas feitas com pigmentos minerais, basicamente o ferro, divididas em três painéis, onde predominam os animais e armamentos. Em 1988, o professor e arqueólogo André Proust, chefiou uma equipe da UFMG e do IEPHA, que copiou mais de três mil pinturas, cujo acervo faz parte do Museu de História Natural da UFMG, em Belo Horizonte, e do Museu do Homem de Paris, na França.

Source CPRM

71

José Israel Abrantes Source CPRM


Descrição Científica

Sítio arqueológico da Pedra Pintada

José Israel Abrantes

72


24.

Estação Ecológica do Tripuí

Região onde se deram os primeiros achados de ouro em Minas Gerais. O Tripuí é considerado um dos

Peripatus acacioi

lugares mais antigos da história colonial mineira, lá podem ser encontrados ainda os vestígios da antiga estrada real que leva à Ouro Preto. Atualmente é uma das mais importantes reservas naturais de Minas Gerais, sendo conhecida em todo o mundo por abrigar um animal raro, considerado um fóssil vivo, uma relíquia do passado biológico do planeta, o Peripatus acacioi.

Acervo CPRM

O Geopark conta ainda com vários museus e centros de educação ambiental e patrimonial que tem associação a temática da história da mineração e ao patrimônio geológico.

Estação Ecologia de Tripuí

Miguel Andrade

73


Descrição Científica

25.

Museu da Ciência e da Técnica da Escola de Minas / UFOP

Instalado

no

antigo

Palácio

dos

Museu da Ciência e da Técnica

Governadores de Minas Gerais, erguido em 1744/48 reúne cerca de 23 mil amostras de minerais de todo o mundo, com destaque para uma sala que reproduz o interior de uma mina de ouro.

O Museu de Ciência e Técnica foi criado em 12 de outubro de 1995. “Foram projetados 12 setores temáticos, contemplando os cursos de Engenharia da Escola de Minas / UFOP: Minas, Metalurgia, Geologia, Civil e Produção. Astronomia, (Antropologia,

Desenho,

História

Paleontologia,

Natural Zoologia),

Mineralogia e Topografia. Esses seis setores temáticos já implantados se encontram abertos à visitação pública e contam com propostas didático-pedagógicas”. (Museu de Ciência e

Acervo UFOP

Técnica).

74


26.

Museu do Ouro

A antiga Casa de Intendência e Fundição em Sabará, uma construção de 1721, é um belo e autêntico exemplar da arquitetura colonial do século XVIII, abriga hoje o Museu do Ouro. Ao entrar no museu o visitante tem a sensação exata de como era a vida dos mineiros naqueles tempos, da engenharia rústica a utensílios e mobiliário. Trata-se do único exemplar ainda de pé em Minas Gerais. Suas linhas arquitetônicas são características do sec. XVIII. No andar superior várias peças do mobiliário e imagens religiosas estão em exposição. No andar inferior, calçado em seixos rolados, estão expostas peças, maquetes e instrumental diversificado, ligados ao Ciclo do Ouro. Uma prensa, introduzida no prédio em inícios do Séc. XVIII para a cunhagem das barras de ouro encontra-se no mesmo local até os dias de hoje.

Museu do Ouro

Acervo IEPHA

75


Descrição Científica 27.

Casa dos Contos Ouro Preto

O prédio foi construído entre 1782 e 1784 como residência do contratador de impostos João Rodrigues de Macedo e serviu de Casa dos Contratos; sempre esteve vinculado a atividades tributárias. Em 1803, o imóvel foi confiscado pelo governo, devido à inadimplência do seu dono. Entre 1820 e 1832 funcionou ali a casa de fundição de ouro, cujas instalações ainda podem ser vistos no interior do prédio. Hoje, abriga um museu, o Centro de Estudos do Ciclo do Ouro (CECO) e a agência da Receita Federal de Ouro Preto. O Ministério da Fazenda recuperou em 1973, um dos mais belos monumentos do barroco mineiro.

Casa dos Contos

Acervo Arquivo Nacional

Antonio Liccardo

28.

Acervo Arquivo Nacional

Museu das Minas e do Metal

Este museu está sendo criado e será aberto em 2010 na Praça da Liberdade em Belo Horizonte. Tratase de um espaço museológico do Projeto “Circuito Cultural da Praça da Liberdade” coordenado pela Secretaria de Estado de Cultura do Governo de Minas Gerais. O museu irá abrigar parte do acervo do atual Museu de Mineralogia Professor Djalma Guimarães também localizado na Praça da Liberdade.

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Serra do Caraรงa

Miguel Andrade 77


Descrição Científica

2.5 – Status de proteção e pressões sobre os sítios Vários sítios estão inseridos em unidades de conservação reconhecidas legalmente ou são tombados pelo poder público. A maior parte da área proposta para o Geopark Quadrilátero Ferrífero integra a Área de Proteção Ambiental - APA Sul RMBH descritas no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) e a Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço reconhecida pela UNESCO no programa MaB – sobre as quais incidem medidas de conservação e proteção previstas legalmente. Os seguintes sítios estão protegidos por lei: os itabiritos da Serra da Piedade (sítio 6), os quartzitos do Grupo Itacolomi (sítios 10 e 11), a canga da Serra de Rola-Moça (sítio13), o Santuário da Serra do Caraça (sítio 5), Serra do Curral (sítio 7), Parque das Mangabeiras (sítio 8), Pico de Itabirito (sítio 9), Fábrica Patriótica (sítio 15), Morro da Queimada (sítio 17), Estação Ecológica do Tripuí (sítio 22). A Serra da Piedade é tombada pelo IEPHA e IPHAN; os quartzitos Itacolomi estão localizados no Parque Estadual homônimo e na Serra de Ouro Branco (tombada pelo IEPHA e em processo de criação de uma unidade de conservação); a canga da Serra de Rola-Moça está localizada em um Parque Estadual. O Santuário da Serra do Caraça é parte de uma Reserva Particular do Patrimônio Natural e a Estação Ecológica do Tripuí também é reconhecida como uma categoria do SNUC. A Fábrica Patriótica, o Pico de Itabirito, a Serra do Curral e o Morro da Queimada são tombados pelo poder público. O Parque das Mangabeiras é uma unidade de conservação municipal e juntamente com a Serra do Curral, um símbolo da cidade de Belo Horizonte. As minas de Morro Velho, Córrego do Meio e Águas Claras estão em processo de reabilitação ambiental com propostas direcionadas ao uso educativo e para lazer. Os outros sítios estão localizados em áreas com pouco ou nenhum impacto antrópico e em termos de utilização estão submetidos às limitações associadas à APA Sul RMBH e a REBIO Espinhaço.

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Serra do Caraça

José 79 Israel Abrantes


Informações Gerais Sobre a Área

3. Informações Gerais Sobre a Área 3.1 – Aspectos abióticos Conforme descrito por Barbosa & Rodrigues (1967), o Quadrilátero Ferrífero corresponde a um bloco de estruturas geológicas do Pré-Cambriano, elevadas em seus quatro lados por erosão diferencial. Assim, quartzitos e itabiritos formam cristas nas altitudes de 1300 a 1600 metros; tais cristas correspondem ao alinhamento da Serra do Curral, ao norte, da Serra do Ouro Branco, ao sul, da Serra da Moeda, a oeste e, a leste, do conjunto formado pela Serra do Caraça e o início da Serra do Espinhaço. Esta estruturação já pode ser observada no mapa elaborado por Claussen em 1840 (Mapa 5).

A influência das variações de altitude favorece o surgimento de microclimas com temperatura e umidade bem diferentes da temperatura média anual da região, que se mantém entorno de 20°C com precipitação média que varia entre 1300mm e 2100mm por ano. O clima temperado-quente predominante no Quadrilátero Ferrífero tem duas estações bem definidas: inverno seco e verão chuvoso (Silva, 2007).

Estão presentes na região as cabeceiras de duas grandes bacias hidrográficas denominadas Bacia do Rio São Francisco e Bacia do Rio Doce que contribuem para o abastecimento de água de parte da porção sul da Região Metropolitana de Belo Horizonte. As estruturas das rochas influenciam o curso dos rios, formando trechos encachoeirados e vales profundos. Isto ocorre principalmente no Rio das Velhas, onde as variações na altitude do relevo são marcantes (Barbosa & Rodrigues, 1967).

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3.2 – Aspectos bióticos

O Quadrilátero Ferrífero ocupa uma região de cobertura vegetal partilhada entre os biomas cerrado e mata atlântica. A grande diversidade de caracteres hidrológicos, pedológicos, topográficos, geológicos e geomorfológicos, conforme fora anteriormente observado, cria condições suficientes à configuração de grande riqueza de flora na região, com várias unidades fitofisionômicas, em especial florestas estacionais, semideciduais, montana e submontana.

Faz-se a ressalva que o bioma Mata Atlântica apesar de outrora bem distribuído, encontra-se atualmente bastante degradado, representado principalmente por fragmentos de vegetação.Miguel O bioma do Andrade cerrado é composto por um mosaico de fitofisionomias, onde observam-se áreas florestais como matas ciliares, matas de galerias, além de áreas abertas como campo limpo, campo sujo, campo cerrado e ainda áreas intermediárias como cerradão e o cerrado stricto senso. Uma menção especial deve ser feita a uma fisionomia característica do cerrado, o campo rupestre. O campo rupestre ocorre geralmente em altitudes superiores a 900 metros, em relevo movimentado, sobre afloramentos rochosos, com solo arenoso, fino ou cascalhento, pobre em nutrientes e matéria orgânica e com baixa capacidade de retenção de água.

81


Informações Gerais Sobre a Área

Mapa 5

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3.3 – Economia A população da área proposta para o Geopark é de cerca de 3.154.506 habitantes sendo que desde a descoberta do ouro no final do século XVII até os dias de hoje a região do Quadrilátero Ferrífero abriga a maior concentração urbana do estado de Minas Gerais. Em sua parte norte está localizada a capital do estado, Belo Horizonte com cerca de 2,4 milhões de habitantes. Os municípios da região têm uma população que corresponde a cerca de 22% da população do estado e a sua produção abrange 26,8% do PIB de Minas Gerais. O Quadrilátero Ferrífero é a mais importante província mineral do sudeste do Brasil, sendo a mineração a base da economia de vários municípios que o integram. O Brasil tem posição destacada em dois dos minérios mais importantes do Quadrilátero Ferrífero: ferro e ouro, sendo o país o segundo maior produtor mundial de ferro. Em 2008, a sua produção correspondeu a 19% do que foi produzido no mundo (IBRAM 2009). Em 2006, Minas Gerais produziu 70% do ferro brasileiro, que veio em quase totalidade das minas do Quadrilátero Ferrífero. A produção brasileira de ouro atinge 55 toneladas em 2008, cerca de 2% da produção mundial. Minas Gerais participa com 39,7 %. Segundo Foscolo et al. (2008) Minas Gerais tem a maior concentração de minas em operação no mundo. De uma maneira geral, os municípios que compõem o Quadrilátero Ferrífero têm uma economia dinâmica e apresentaram, nos últimos anos, crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) acima da média nacional e do Estado. A economia da região é fortemente influenciada por Belo Horizonte, que detém cerca de 73% do PIB que, na sua composição, tem forte participação do

Serra da Piedade

setor de serviços. No que se refere ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), a maioria dos municípios está enquadrada dentro da faixa de médio desenvolvimento humano e apenas alguns municípios como Nova Lima e Belo Horizonte podem se considerados de alto desenvolvimento humano.

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Miguel Andrade


Informações Gerais Sobre a Área

3.4 – Infraestrutura O Geopark Quadrilátero Ferrífero possui localização privilegiada em relação aos principais pólos emissores de turistas brasileiros. Belo Horizonte encontra-se a 586 km de São Paulo; 434 km do Rio de Janeiro e a 716 km de Brasília, distâncias consideradas razoáveis para as dimensões continentais do Brasil. As capitais possuem aeroportos com vôos regulares e fretados (charters). A região do Quadrilátero Ferrífero é atendida por dois aeroportos: um internacional (Confins) e outro nacional (Pampulha).

O Aeroporto Internacional de Confins está localizado na divisa dos municípios de Confins e Lagoa Santa, a 38 km do centro de Belo Horizonte; o aeroporto possui vôos internacionais sem escalas para Lisboa, Cidade do Panamá e Miami. Os dois primeiros operam com cinco frequências semanais pela TAP e COPA Airlines, respectivamente. Já o último possui quatro frequências operadas pela American Airlines. Existem ainda ligações com uma escala para Buenos Aires (TAM/GOL/Varig), Paris (TAM) e Miami (TAM). O governo de Minas Gerais inaugurou a maior obra viária já projetada para Belo Horizonte, chamada de Linha Verde. Trata-se de uma adequação das vias que ligam o centro de Belo Horizonte ao Aeroporto Internacional Tancredo Neves, que foram transformadas em uma via rápida, possibilitando que o trajeto do centro de Belo Horizonte até Confins seja percorrido em 35 minutos. O Aeroporto de Belo Horizonte/Pampulha voltado para os segmentos da aviação geral e regional, possui vôos ligando a Capital a vários destinos no interior mineiro e de estados vizinhos. Uma linha de ônibus executivo liga o aeroporto ao centro e também ao Aeroporto Internacional de Confins.

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Serra da Piedade

Miguel Andrade A região do Quadrilátero Ferrífero é servida por uma extensa malha composta por rodovias estaduais e nacionais que possibilitam o acesso a todos os municípios que integram o Geopark. De modo geral os municípios integrantes do Quadrilátero Ferrífero possuem infraestrutura básica como abastecimento de água, energia elétrica e saúde suficientes para o atendimento à população e o recebimento de visitantes, o que não isenta a necessidade da melhoria da qualidade de tais serviços, principalmente diante da possibilidade do aumento do fluxo turístico. A infraestrutura turística segue a tendência de concentração em núcleos urbanos. As cidades coloniais, Ouro Preto, Ouro Branco, Mariana, Catas Altas, Santa Bárbara, e as cidades da Grande Belo Horizonte, Sabará, Nova Lima, Rio Acima, Brumadinho, são os principais focos de concentração de infraestrutura dentro da área do Geopark. São vários hotéis, pousadas, restaurantes, áreas de camping, agências de turismo, guias locais e comércio diversificado. A infraestrutura no meio rural encontra-se organizada de maneira difusa e caracteriza-se por empreendimentos ao longo das estradas com meios de hospedagem rurais e restaurantes familiares.

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Artesanato em pedra sabão

Informações Gerais Sobre a Área

Antonio Liccardo

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4. Estrutura de Gestão 4.1 – Histórico de proposição do Geopark Como o potencial do Quadrilátero Ferrífero para a compreensão da ciência da terra e da história mineira é amplamente aceito, estudos avaliativos sobre o potencial desta região para a criação de um Geopark da UNESCO. Um dos estudos pioneiros foi a tese de doutorado “Patrimônio geológico e geoconservação no Quadrilátero Ferrífero: potencial para criação de um Geopark da UNESCO” (Ruchkys 2007), defendida em 2007 na UFMG. Neste mesmo ano, o Pólo de Excelência Mineral e Metalúrgico da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior - SECTES, lançou o edital nº 14-2007 Rede Estadual das Tecnologias dos Minerais por meio do qual a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais FAPEMIG aprovou um projeto visando à seleção e implantação de sítios pilotos para a criação do Geopark Quadrilátero Ferrífero. O projeto foi inaugurado com o 'Seminário Geopark Quadrilátero Ferrífero: uma nova perspectiva de uso para o patrimônio geocientífico' que contou com palestras ministradas por representantes da UNESCO, do Serviço Geológico Brasileiro, de universidades, empresas do setor mineral, ONGs e pelo Geopark Araripe no Brasil. Após este seminário foram realizadas várias palestras em eventos de renome para apresentação da proposta, além de oficinas para as comunidades de entorno de alguns sítios geológicos. Em abril de 2009 foi criado pelo Governo do Estado o Grupo Promotor do Geopark Quadrilátero Ferrífero, que sob a coordenação da SECTES/Pólo de Excelência Mineral e Metalúrgico promoveu às articulações políticas necessárias para a efetiva proposição do Geopark junto ao Governo do Estado.

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Estrutura de Gest達o

Parque das Mangabeiras

Daniel Mansur

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4.2 – Proposta de gestão Os sistemas de gestão territorial no Brasil têm avançado em nível de complexidade. O modelo preconizado pela UNESCO na criação de geoparks é uma inovação e o Estado de Minas Gerais, pioneiro ao propor a compatibilização da conservação e educação científica com a atividade econômica, sinalizando um comprometimento do Governo do Estado como promotor do desenvolvimento econômico, social e ambiental. Na fase inicial de implantação do Geopark, a gestão era feita pelo Grupo Promotor vinculado a SECTES. Associado ao Grupo Promotor está o Fórum Contínuo do Geopark Quadrilátero Ferrífero com a participação de representações da sociedade civil nacional (ONG sem fins lucrativos + OSCIP +Fundações + Sociedades Científicas), das universidades, do segmento empresarial, dos municípios e do Governo do Estado. A estrutura do Grupo Promotor: Função

Nome

Coordenação Geral

Renato Ribeiro Ciminelli Octávio Elísio Alves de Brito

Coordenação Executiva

Ana Paula Bax

Coordenação Científica

Dr. Carlos Schobbenhaus Prof. Dr.. Friedrich Ewald Renger Prof. Dr. Paulo de Tarso Amorim Castro Prof. Dr. Úrsula Ruchkys de Azevedo

Conselho Consultivo

Instituto Estadual de Florestas - IEF Serviço Geológico do Brasil – CPRM Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais – IEPHA Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais - SETUR

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Estrutura de Gestão

O Sistema de Gestão do Geopark Quadrilátero Ferrífero é composto pelo Comitê Gestor, pelo Instituto Quadrilátero e pelos sítios que são geridos independentemente: 1)

Comitê Gestor – Com sede na Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais - CETEC, evoluiu do Grupo Promotor do Geopark QF que inicialmente foi o responsável por apoiar e propor as ações de implantação do Geopark. O Comitê Gestor estabelece e monitora as diretrizes de instalação e funcionamento do Geopark. As diretrizes são operacionalizadas pelo Geopark QF Operações, vinculado ao Instituto Quadrilátero. As atribuições do Comitê Gestor são, também, apoiar a Gestão do Geopark através de suas Câmaras Técnicas (Científica, de Turismo, Socioambiental, de Cultura e de Educação).

2) Instituto Quadrilátero – Entidade privada sem fins lucrativos que em 2006 recebeu do Governo do Estado de Minas Gerais o título de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP, qualificando-a a atuar também como parceira de projetos governamentais. O Instituto é responsável pela gestão do Geopark e tem como objetivo desenvolver e promover ações ligadas ao desenvolvimento territorial integrado do Quadrilátero Ferrífero em bases sociais, econômicas, culturais e ambientais sustentáveis. O Instituto Quadrilátero, por meio do Geopark QF Operações, valida os acordos de cooperação com as instituições gestoras dos sítios, apóia todas as atividades de implantação e operacionalização do Geopark, inclusive com a captação de recursos no Brasil e exterior. As atribuições do Geopark QF Operações são: a.

Elaborar os procedimentos que operacionalizem as diretrizes estabelecidas pelo Comitê Gestor para o funcionamento do Geopark;

b.

Articular os acordos de cooperação a serem assinados com as instituições gestoras dos sítios;

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3)

c.

Articular a captação de recursos;

d.

Elaborar relatórios de funcionamento do Geopark para o Comitê Gestor;

e.

Gerir os programas de capacitação dos gestores dos sítios;

f.

Coordenar a elaboração contínua de novos conteúdos e novas exposições;

g.

Estabelecer procedimentos de funcionamentos dos sítios e monitorá-los;

h.

Definir o design dos produtos associados ao Geopark; e

i.

Mobilizar as comunidades e visitantes em campanhas específicas, entre outras funções.

Sítios são geridos de forma independente por cada instituição e seguem os procedimentos estabelecidos pela Geopark QK Operações.

91


Estrutura de Gestão

4.3 – Mecanismos de implantação do Geopark Os mecanismos para implantação do Geopark e regulamentação das atividades humanas nos sítios propostos estão condicionados a legislação brasileira. A maior parte dos sítios geológicos proposta coincide com unidades de conservação já criadas e reconhecidas pelo poder público onde os órgãos ambientais do sistema SEMAD-MG: IGAM, FEAM e IEF, junto com o COPAM, participam dos processos de controle, monitoramento e regulamentação ambientais. Em se tratando de uma área de grande importância mineral o DNPM tem forte atuação no controle e liberação de áreas para mineração respeitando as condicionantes legais. O setor mineral vive um novo momento com responsabilidade ambiental e têm apontado para as compensações ambientais com ações oportunas para a implantação de centros e programas de educação e interpretação ambiental que podem ser desenvolvidos nos sítios propostos para o Geopark. No caso do Quadrilátero Ferrífero é forte a atuação de grandes empreendedores como a Vale (principal mineradora do Brasil), a Açominas (siderúrgica), AngloGold-Ashanti (mineradora de ouro), dentre outras.

Serra da Moeda

Daniel Mansur

92


Vegetação Típica da Serra do Rola Moça

Acervo 93 IEF


Estrutura de Gestão A legislação federal que regulamenta o uso dos recursos naturais (Código Florestal – Lei 4771/65 e Lei número 5.197/67 de Proteção a Fauna) e a resolução CONAMA 13/90, referente aos 10 km no entorno das Unidades de Conservação, estabelecem limites para o uso de recursos, estabelecem a criação de UCs em nível governamental, delimitam áreas de preservação legal no interior das propriedades particulares, bem como sobre atividades econômicas que podem ser exercidas no entorno das unidades de conservação (SEMAD, 2005). A Lei número 6.902 de 27 de abril de 1981, estabelece as Áreas de Proteção Ambiental (APAs), fornece mecanismos legais para o gerenciamento do uso do solo e atividades humanas nas áreas privadas, cabendo ao órgão ambiental gerenciar o licenciamento destas atividades. Cabe salientar que a área proposta para o Geopark Quadrilátero Ferrífero coincide em grande parte com os limites da Área de Proteção Ambiental Sul da Região Metropolitana de Belo Horizonte - APA Sul RMBH.

Premissa Especial

A instalação de sítios do Geopark Quadrilátero Ferrífero em áreas sob direito minerário será sempre precedida da aprovação dos proprietários. A estratégia proposta pelo Grupo Promotor consiste em convidar estes proprietários privados a promover a instalação, gestão e patrocínio do sítio.

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Acervo IEF 95


Estratégias Políticas de Desenvolvimento Sustentável

5. Estratégias Políticas de Desenvolvimento Sustentável 5.1 – Áreas protegidas O Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) foi criado em 18 de julho de 2000 pela Lei n˚ 9.985, e regulamentado em 22 de agosto de 2002 pelo Decreto n˚ 4.430, surgiu em resposta à necessidade de preservação da diversidade de biomas, ecossistemas e espécies contidos no território nacional. Sendo capaz, portanto de viabilizar os objetivos de preservação nacionais, permitindo o manejo operativo integrado das áreas protegidas. As Unidades de Conservação são dividas em duas categorias relacionadas à natureza de seu uso, em: Unidades de Proteção Integral, e Unidades de Uso Sustentável (Biodiversitas, 2005). Na área proposta para criação do Geopark encontram-se as seguintes unidades de conservação associadas a sítios geológicos:

Unidade de Conservação

Município(s)

Parque Estadual Itacolomi

Mariana, Ouro Preto

Parque Estadual Serra do Rola-Moça

Belo Horizonte, Brumadinho, Ibirité, Nova Lima

Monumento Natural Serra da Piedade

Caeté, Sabará

Estação Ecológica Tripuí

Ouro Preto

Área de Proteção Ambiental Sul da Região Metropolitana de Belo Horizonte - APA Sul RMBH (Estadual)

Barão de Cocais, Belo Horizonte, Brumadinho, Caeté, Catas Altas, Ibirité, Itabirito, Mário Campos, Nova Lima, Raposos, Rio Acima, Santa Bárbara, Sarzedo.

RPPN Federal Santuário da Serra do Caraça

Santa Bárbara / Catas Altas

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5.2 – Turismo e cultura local O Quadrilátero Ferrífero é uma área privilegiada do ponto de vista do planejamento turístico no Estado de Minas

Artesanato em pedra sabão

Gerais. Isso porque grande parte dos municípios que o integram estão inseridos no Circuito do Ouro, proposto pela Secretaria de Estado de Turismo de Minas Gerais e no Programa Estrada Real. O Circuito do Ouro constitui um conjunto de trechos rodoviários que ligam as cidades que têm sua história relacionada com o ciclo da mineração do ouro, incluindo Ouro Preto, Mariana, Congonhas, Sabará, Ouro Branco, Itabirito, Santa Bárbara, Santa Luzia, Caeté, Nova Lima, Belo Vale, Raposos, Cata Altas, Barão de Cocais, Bom Jesus do Amparo, Itabira, São Gonçalo do Rio Abaixo e Rio Acima.

Antonio Liccardo

No Circuito do Ouro existem trechos da Estrada Real (ER) que guardam registros passados remanescentes do Período Imperial como pontes, bueiros, galerias fluviais e pluviais, muros e muretas de pedra, restos de piso, minas antigas, além de povoados esquecidos. A lei do Estado de Minas Gerais que dispõe sobre o Programa de Incentivo ao Desenvolvimento do Potencial Turístico da Estrada Real, número 13.173 de 1999, usa o referido termo para designar “os caminhos e suas variantes construídos nos séculos XVII, XVIII e XIX, no território do Estado”. Assim, o termo Estrada Real se refere à união de três grandes caminhos de acesso às minas trilhados pelos colonizadores em momentos diferentes. O traçado dos três grandes caminhos de acesso às minas: Caminho Velho, Caminho Novo e Caminho para o Distrito Diamantino – aproveitou vias antigas, possivelmente oriundas de milenares trilhas indígenas. O Caminho Velho ligava São Paulo de Piratininga e as vilas do vale do Paraíba à região do Rio das Velhas e foi, na fase inicial das descobertas auríferas, a principal rota de chegada e de abastecimento da região das

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Estratégias Políticas de Desenvolvimento Sustentável minas. O Caminho Novo foi contratado pela Coroa Portuguesa e aberto por Garcia Rodrigues Paes com o objetivo de ligar diretamente o Rio de Janeiro às minas. O Caminho para o Distrito Diamantino ligava dois centros dentro da mesma capitania das Minas Gerais: Vila Rica e o arraial do Tijuco. Outro destaque relacionado ao turismo no Quadrilátero Ferrífero está associado à culinária, considerada uma das mais típicas e completas do Brasil. A culinária mineira é o resultado da mistura da herança cultural de diversos povos que ajudaram a formar o estado. Da influência portuguesa nasceram o gosto pela simplicidade das preparações, que salientam as qualidades naturais dos produtos, a sofisticação dos temperos e a delicadeza da doçaria. Influências africanas e nativas também estão presentes. Uma bebida característica da região é a cachaça, aguardente de cana trazida para

Mina do Capão do Lana

Minas pelas mãos dos bandeirantes e dos garimpeiros como forma de aquecê-los no frio. Atualmente a cachaça é fabricada em fazendas de praticamente todo estado, servida como aperitivo ou nas rodas dos bares. A mistura da herança cultural de diversos povos que ajudaram a formar o estado deixou também crenças e manifestações nas práticas das comunidades existentes na região. Acervo Turistas CPRM de todo o país e do exterior sentem-se atraídos pelas festas regionais de Minas Gerais, que por meio de celebrações, encenações, missas e vigílias manifestam toda a religiosidade de sua gente. As festas dos negros foram incorporadas em Minas, principalmente por meio das irmandades de Nossa Senhora do Rosário. O congado, que mescla tradições africanas com elementos de bailados e representações populares luso-espanholas e indígenas, surge da permanência de aspectos característicos de rituais religiosos africanos, adaptados ao culto de Deus e dos santos da religião católica. As festas do Divino, de Nossa

98


Senhora da Conceição, São Pedro e São João, marcam a vida dos mineiro (Rebio, 2005). Durante a Semana Santa realizada nos municípios de Ouro Preto, Mariana, Congonhas e Sabará, coloridos tapetes de serragem representando a Paixão de Cristo são confeccionados e espalhados pelas ladeiras históricas. O jubileu da Serra da Piedade é um evento o qual se homenageia a padroeira de Minas Gerais. O carnaval de rua tomou conta de várias cidades, com folia de Momo, desfile de blocos caricatos e de escola de samba. O festival de “ora-pro-nobis”, uma folha espinhenta também conhecida como a “carne do pobre” devido a seu alto teor em proteínas, acontece em Sabará, no mês de maio. Em Itabirito acontece todo ano o festival do pastel de angu durante o mês de junho. O pastel pode ser recheado com carne, frango, bacalhau ou umbigo de banana.

Ainda sobre o turismo, a capital de Belo Horizonte tem um rico patrimônio arquitetônico

modernista:

o

Museu do Ouro - Sabará

Complexo

Arquitetônico da Pampulha (Igreja de São Francisco de Assis, Museu de Arte, Casa do Baile e Iate Tênis Clube), um dos principais cartões postais da cidade. O complexo foi projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer e construído na década de 40, se transformou

José Israel Abrantes

na mais arrojada realização do governo de Juscelino Kubitschek, o então prefeito da cidade. Tombado pelos Institutos do Patrimônio Histórico nacional e estadual, o conjunto de obras se configura como referência da arquitetura modernista no Brasil e no mundo.

A união dos fatores culturais e naturais fazem do Quadrilátero Ferrífero um local propício para a prática do ecoturismo, do turismo cultural, do turismo religioso, do turismo de aventura, do turismo científico e do geoturismo.

99


Artesanato em pedra sabão

Estratégias Políticas de Desenvolvimento Sustentável

Antonio Liccardo 100


5.3 – Orientações estratégicas Pretende-se disseminar informações e conceitos sobre o Geopark Quadrilátero Ferrífero, favorecendo a compreensão e a intensificação da participação social. Para tanto, terão continuidade a realização de eventos técnico-científicos e oficinas com as comunidades locais. Além disto, serão feitas exposições fotográficas itinerantes nos municípios que integram o território do Geopark mostrando o rico patrimônio geológico da região e seu significado. 5.3.1. Promoção do conceito do Geopark na região do Quadrilátero Ferrífero Pretende-se desenvolver ações para ampliar a rede de parceiros estratégicos do Geopark Quadrilátero Ferrífero no território. Para tanto, serão formalizadas por meio de instrumento de cooperação técnica, convênios ou parcerias com o setor mineral e com as prefeituras locais no sentido de equipar os geossítios com infraestrutura turística e educativa. Buscando a cooperação em rede que promove ações integradas e fortalece o conceito de geopark serão desenvolvidas parcerias formalizadas por acordos de cooperação com o Geopark Araripe e com outros estados brasileiros que estão desenvolvendo suas candidaturas: Geopark Serra da Bodoquena e Geopark Campos Gerais. Em relação aos geoparks que estão fora do território brasileiro pretende-se desenvolver parcerias com geoparks que já foram visitados pelo Grupo Promotor, notadamente: Reserve Geologique de Haute Provence (França), Madonie (Itália) e Naturtejo (Portugal), no sentido de promover o intercâmbio de experiências. 5.3.2. Reforçar e criar parcerias regionais, nacionais e internacionais Pretende-se desenvolver ações que valorizem os produtos locais e o artesanato promovendo a coesão territorial. Em especial daqueles que tem relação direta com o patrimônio geológico: pedra sabão e itabirito. Várias instituições atuam em Minas Gerais com programas de capacitação, treinamento, assistência técnica e controle de qualidade de produtos: SEBRAE, SENAC e CETEC. Será feito um levantamento dos programas e projetos já em desenvolvimento por estas instituições que tem associação com o território do Geopark. Seeking cooperation through a network that promotes integrated actions, and strengthens the geopark concept, formal partnerships through cooperation agreements will be developed with the Geopark

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Estratégias Políticas de Desenvolvimento Sustentável Araripe, as well as with other Brazilian states that are seeking candidacy: Serra da Bodoquena Geopark, and Campos Gerais Geopark. About geoparks outside Brazil, we intend to establish partnerships with the geoparks that have already been visited by the Quadrilátero Ferrífero Geopark Promoting Group, out of which we highlight: Reserve Geologique de Haute Provence (France), Madonie (Italy), and Naturtejo (Portugal), to promote an exchange of experience.

5.3.3. Promover o desenvolvimento local Pretende-se desenvolver ações que valorizem os produtos locais e o artesanato promovendo a coesão territorial. Em especial daqueles que tem relação direta com o patrimônio geológico: pedra sabão e itabirito. Várias instituições atuam em Minas Gerais com programas de capacitação, treinamento, assistência técnica e controle de qualidade de produtos: SEBRAE, SENAC e CETEC. Será feito um levantamento dos programas e projetos já em desenvolvimento por estas instituições que tem associação com o território do Geopark.

5.3.4. Dinamizar o geoturismo Para dinamizar o geoturismo pretende-se implantar os percursos geoturísticos sugeridos pelo projeto financiado pela PUC Minas (2006) e pela CPRM (2008), além da estruturação de um percurso mineral onde serão priorizados sítios com interesse em minerais, seguindo as sugestões de Liccardo (2007). Pretende-se também criar alguns circuitos de visitação de minas que se desenvolveram no período histórico e que hoje se encontram abandonadas, como é o caso do Morro da Queimada em Ouro Preto e do Morro de Santo Antônio, em Mariana. Para tanto serão selecionados alguns pontos para sinalização com painéis interpretativos também colocados ao longo das rodovias. Buscar-se-á reunir esforços para dinamização patrimonial, cultural e turística da Mina de Morro Velho e da Mina de Córrego do Meio. Para facilitar o conhecimento do território do ponto de vista geológico pelos turistas, serão confeccionados e reeditados materiais de apoio como folders, guias e catálogos. Soma-se ainda o apoio para formação de profissionais para atuarem no Geopark por meio de parcerias com os cursos de turismo da PUC Minas, UFMG e UFOP.

102


5.3.5. Desenvolver programas educativos

Pretende-se desenvolver, lançar e fortalecer programas educativos adequados aos diferentes níveis de ensino. Neste contexto merecem destaque o desenvolvimento do Projeto Rocha Amiga de forma adaptada a realidade do território do Geopark Quadrilátero Ferrífero e o fortalecimento das ações educativas já desenvolvidas pelos museus que integram o Geopark. Para proporcionar a qualidade da aprendizagem sobre o patrimônio geológico pretende-se implementar os programas “O Geopark vai à escola” e “A escola vai ao Geopark”. Para o desenvolvimento dos programas educativos serão feitas parcerias com as instituições de ensino superior com o desenvolvimento de projetos de extensão.

5.3.6. Promover a geoconservação

O processo de inventariação dos sítios geológicos do Quadrilátero Ferrífero terá continuidade assim como a proposição de novos sítios para a Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos - SIGEP. Serão fortalecidas as parcerias e comunicação com órgãos ambientais no sentido de acompanhar os impactos sobre os sítios descritos. As parcerias com as empresas de mineração serão fortalecidas no sentido de fomentar a recuperação de áreas degradadas visando seu uso turístico e educativo.

103


Estratégias Políticas de DesenvolvimentoMina Sustentável de Águas Claras

104


Daniel Mansur

105


Argumentos para a Nomeação como Geopark no Âmbito da Rede Mundial

6. Argumentos para a Nomeação Como Geopark no Âmbito da Rede Mundial 6.1 – Suporte científico Na área proposta para o Geopark estão presentes algumas

Serra do Rola-Moça

das mais importantes instituições de pesquisa e educação da região sudeste do Brasil como a UFMG, UFOP,

PUC

Minas.

Estas

Universidades contam com vários cursos

de

graduação

e

pós-

graduação que podem dar suporte ao

Acervo IEF

Geopark além de desenvolverem projetos de pesquisa e extensão. Soma-se a presença de outras instituições que vem demonstrado seu grande interesse pelo conhecimento da geologia do Quadrilátero Ferrífero, originadas de outras partes do Brasil, notadamente a USP, UNB, UNICAMP, UNESP Rio Claro, UFRJ. As riquezas naturais e culturais do Geopark estão sendo permanentemente fontes de pesquisas e monitoramentos por meio de convênios, projetos e contratos entre as instituições de ensino e pesquisa, administrações de Unidades de Conservação e prefeituras locais. Os resultados desses trabalhos são disponibilizados de forma a atender as demandas locais e regionais e têm permitido a formação de conhecimento para adoção de políticas de desenvolvimento por meio de parcerias entre ONGs, órgãos de governo, setor privado e instituições de ensino. São várias as teses de doutorado, dissertações de mestrado e trabalhos de graduação que abordam o conhecimento geológico do Quadrilátero Ferrífero e outros temas.

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Manancial Catarina

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Argumentos para a Nomeação como Geopark no Âmbito da Rede Mundial

6.2 – Programas governamentais: Circuito do Ouro e Estrada Real A região está inserida em dois produtos turísticos já definidos e que se complementam: o Circuito do Ouro (http://www.circuitodoouro.org.br/) e a Estrada Real (http://www.estradareal.org.br/). O Circuito do Ouro é um dos instrumentos de políticas públicas de Regionalização do Turismo de Minas Gerais, sendo a região freqüentemente contemplada, de acordo com a demanda dos municípios que o compõem, com projetos e ações direcionados para sinalização turística rodoviária, cursos de capacitação e de melhoria dos serviços turísticos, sensibilização, mobilização, elaboração de plano estratégico de desenvolvimento, roteirizarão e promoção como destino turístico. O Instituto Estrada Real – IER tem uma série de iniciativas na promoção do desenvolvimento integrado do turismo na Estrada Real criando oportunidades de negócio para a indústria mineira.

6.3 – Atuação do Pólo de Excelência Mineral e Metalúrgico O Pólo de Excelência Mineral e Metalúrgico é uma plataforma institucional criada pelo Governo de Minas, por meio da SECTES, que congrega pesquisadores, núcleos e redes de pesquisa e desenvolvimento, inovação e educação, com o objetivo de aumentar o desempenho dos setores mineral e metalúrgico. Faz a articulação entre as cadeias produtivas, instituições de fomento e financiamento, gestores de projetos governamentais, sociedade civil e parceiros internacionais, para induzir a cooperação entre a produção e a demanda de P, D & I, ampliando a competitividade e sustentabilidade destes segmentos industriais e gerando novos negócios. O Pólo contempla a perenidade da mineração responsável e da metalurgia, buscando novas perspectivas ligadas ao meio ambiente, à responsabilidade social e à sustentabilidade.

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Parque do Itacolomi

Acervo IEF

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Argumentos para a Nomeação como Geopark no Âmbito da Rede Mundial

6.4 – Relevância científica nacional e internacional O Quadrilátero Ferrífero é um território que tem sua importância científica reconhecida internacionalmente em relação à geologia do Pré-Cambriano. Além disso, seu patrimônio mineiro é um registro dos passos significativos no processo de evolução da mineração em Minas Gerais e no Brasil. O patrimônio natural do Quadrilátero Ferrífero está presente em diversas áreas protegidas por lei, que conservam seus recursos naturais, incluindo, além de várias formações rochosas (relacionadas ao patrimônio geológico), nascentes de rios, cachoeiras e vegetação nativa de ecossistemas variados como cerrado, campo rupestre e remanescentes de Mata Atlântica.

6.5 – Presença da UNESCO no Geopark A área proposta para o Geopark já é reconhecida pela UNESCO pela sua importância histórico-cultural e biológica. Várias cidades do Quadrilátero Ferrífero são reconhecidas como patrimônio histórico-cultural brasileiro como as cidades de Mariana, Sabará, Congonhas e Ouro Preto, sendo que os dois últimos são considerados patrimônio da humanidade pela UNESCO por conservarem um dos maiores conjuntos arquitetônicos do período colonial e preservarem monumentos do barroco mineiro.

Em 2005, foi reconhecida pela UNESCO a Reserva da Biosfera do Espinhaço que ocupa uma área de 30.700 km e inclui quase toda a totalidade da área proposta para o Geopark Quadrilátero Ferrífero. A região 2

foi reconhecida pelos exercícios de identificação de prioridades para a conservação da biodiversidade. Desenvolvidos para todos os biomas brasileiros no âmbito do PRONABIO, do Ministério do Meio Ambiente, com co-financiamento do GEF, esses exercícios indicaram mais de 300 áreas prioritárias em todo o país, dentre elas, a Serra do Espinhaço (SEMAD, 2005).

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Serra do Rola-Moça

José Israel Abrantes

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Argumentos para a Nomeação como Geopark no Âmbito da Rede Mundial

6.6 – Construindo o futuro O conceito de geopark proposto pela UNESCO é inovador e combina ciência, cultura, educação de modo a diversificar e complementar a oferta turística e pode ser visto como uma estratégia de desenvolvimento José Israel Abrantes territorial. Com base nestas premissas é que se apresenta a construção do presente e do futuro do Geopark Quadrilátero Ferrífero.

6.6.1. Programa Quadrilátero Ferrífero 2050 A Escola de Minas da UFOP com o apoio da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior está implementando o Projeto 2050 (http://www.qfe2050.ufop.br/). Trata-se de um Centro de Estudos Avançados do Quadrilátero Ferrífero, criado com o objetivo de promover, realizar e divulgar estudos e conhecimentos da área das ciências da terra, das atividades mineiras e do desenvolvimento sustentável do território do Quadrilátero Ferrífero.

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6.6.2. Mineração e Geopark O Quadrilátero Ferrífero é um dos principais distritos minerais do Brasil e do mundo, as atividades de mineração ajudaram a modelar a paisagem e é um referencial no território. Na proposição do Geopark os conceitos de potencialidade geológica e patrimônio geológico/mineiro, são considerados complementares – assim, as áreas de mineração têm seu valor reconhecido e seus direitos legais respeitados. Considerando que as empresas do setor mineral têm uma crescente preocupação em harmonizar suas atividades com a conservação patrimonial e que contabilizam um volume de recursos na ordem de bilhões de dólares dentro de acordos de responsabilidade sócio-ambiental como as compensações ambientais, as iniciativas de geoturismo e geoconservação que incluem educação e interpretação do patrimônio geológico podem ser desenvolvidas com o apoio dessas empresas e até mesmo utilizando suas propriedades. Um exemplo de como isto já acontece no Quadrilátero Ferrífero é o Centro de Pesquisas e Conservação da Biodiversidade na área da mina desativada de Córrego do Meio em Sabará um projeto da mineradora Vale. A iniciativa é inédita no Brasil e consiste na recuperação e transformação de uma mina desativa em um espaço de desenvolvimento de pesquisas e atividades voltadas para conservação e recuperação ambiental de áreas que tiveram intervenção humana. Soma-se ainda o processo de descomissionamento e recuperação das minas exauridas do Morro Velho (subterrâneas) e Águas Claras (cava a céu aberto).

Serra do Rola Moça

Acervo IEF

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Argumentos para a Nomeação como Geopark no Âmbito da Rede Mundial 6.6.3. Potencial Educativo A sensibilização sobre a importância do patrimônio geológico é um dos principais

Atividades Educativas em Mariana

objetivos da criação de geoparks. No ensino superior

o

Quadrilátero

Ferrífero

é

amplamente utilizado para trabalhos de campo nos cursos de geologia, geografia, ciências biológicas, turismo e história envolvendo, dentre outras, as seguintes disciplinas: geologia geral, geologia histórica, geologia de minas, prospecção e exploração mineral, sedimentologia,

geodinâmica,

recursos

minerais. No entanto, em relação à educação do público em geral, em especial para crianças existe a consciência de que quase tudo está por fazer no que diz respeito à interpretação e usufruto dos sítios geológicos. Neste sentido, programas de educação e interpretação ambiental devem ser propostos e desenvolvidos para cada sítio destinado a esta finalidade e devem incluir:

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(a) implementação de percursos geoturísticos integrando os sítios; visitas interpretativas orientadas para escolas dos municípios do Geopark; visitas interpretativas orientadas incluídas na oferta turística dos municípios envolvidos: A observação de aspectos geológicos é tanto mais interessante e proveitosa se a atividade de observação for pedagogicamente direcionada e se forem utilizados locais de particular clareza geológica. A partir do momento em que estes requisitos são obedecidos, consegue-se alcançar um dos objetivos do geoturismo, o de aproximar o público leigo da linguagem geológica, fazendo-o compreender aquilo que está sendo observado. Neste sentido, a definição de percursos-roteiros geoturísticos é uma forma de organizar e integrar as potencialidades educativas do Quadrilátero Ferrífero, mostrando os principais pontos a serem percorridos pelos turistas. Os percursos auxiliam na organização de segmentos específicos, para atender a demandas também específicas. Já existem alguns trabalhos que podem auxiliar na implantação de roteiros. Em 2008 a CPRM lançou um site com a proposta de uma excursão virtual no Quadrilátero Ferrífero com indicação de alguns dos sítios propostos para o Geopark Quadrilátero Ferrífero. O produto foi desenvolvido como adesão as Rotas Minerais-Ibero-Americanas e do ordenamento territorial para o desenvolvimento sustentável

da

sociedade

RUMYS

e

está

disponível

na

internet

(http://www.cprm.gov.br/estrada_real/index.html). A proposta deste site juntamente com os resultados do projeto de pesquisa financiado pela PUC Minas em 2006: “Caminho do ouro uma proposta de roteiros geoturísticos-culturais no circuito do ouro e estrada real no contexto do Quadrilátero Ferrífero”, é a base para o estabelecimento e divulgação dos roteiros. Em 2003, o Departamento de Geologia da Escola de Minas da UFOP lançou o projeto “Terras Altas de Minas” em que propunha roteiros integrados de aspectos naturais no Quadrilátero Ferrífero (disponível em http://200.131.211.7/terras). Outra proposta interessante é apresentada por Liccardo (2007), trata-se da implantação de roteiros de turismo mineral vinculados a um circuito de turismo mineral, uma variação do geoturismo, que atinge, além dos apreciadores do ambiente natural, apreciadores, colecionadores e compradores de minerais e gemas, e que apresenta especial importância econômica e social em Minas Gerais. Na região do Geopark Quadrilátero Ferrífero o destaque é para a produção de topázio imperial –, em Antônio Pereira, distrito de Ouro Preto e para o mercado de pedra-sabão com a qual são produzidos vários adornos.

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.


Argumentos para a Nomeação como Geopark no Âmbito da Rede Mundial

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Além dos percursos, é importante que cada sítio tenha infraestrutura capaz de promover o patrimônio geológico ou mineiro com disponibilização de material interpretativo e sinalização adequada, como painéis ou placas, e produção de material audiovisual e de divulgação dos sítios para distribuição nos municípios integrantes do Geopark. A produção do material interpretativo deve considerar as expectativas de cada público (população local, público escolar e geoturistas) para desenvolver programas de atendimento diferenciado tornando acessível a linguagem científica associada ao patrimônio geológico e mineiro, possibilitando a apreciação e compreensão em todos os níveis. O Geopark já conta com panfletaria de divulgação e interpretação como cartilhas e folders sobre alguns dos sítios propostos. Os sítios localizados em parques estaduais contam com o Projeto do IEF “guias turísticos”, materiais impressos com forma de divulgação e de incremento ao turismo para que o público possa conhecer, respeitar e proteger o patrimônio ambiental.

Também é importante estabelecer pontos cênicos de observação do patrimônio geológico criando um ambiente especial no Geopark. Deve ser dada atenção especial as principais rotas de tráfego onde esses pontos podem permitir uma introdução ao significado do patrimônio do Quadrilátero Ferrífero explicando a formação da paisagem.

(b) criação e implantação de projetos educativos para as escolas do Geopark:

Acredita-se que a aprendizagem por projetos pode favorecer o conhecimento da geologia do Quadrilátero Ferrífero pelas crianças uma vez que a aprendizagem acontece pela vivência. Para fomentar o conhecimento do território pelas crianças está sendo analisada a possibilidade de convênio com o Projeto “Rocha Amiga” desenvolvido em Portugal que resulta de uma colaboração entre várias universidades e escolas. O projeto procura despertar os alunos para a importância das rochas no dia-a-dia, dando apoio e providenciando materiais essências para sua vida, desde abrigo, água, substrato para o desenvolvimento de plantas e animais, aplicações industriais e tecnológicas.

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Serracomo do Rola-Moça Argumentos para a Nomeação Geopark no Âmbito da Rede Mundial

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O projeto pode ser adequado a realidade local e envolver novas vertentes como: customização de sacolas ecológicas com temas geológicos, concurso de desenho, redação e experiência pedagógica com premiação. Pretende-se desenvolver o projeto considerando as seguintes fases: estabelecimento da parceria; adesão dos municípios e redes de ensino; elaboração do material didático e envio para as escolas; desenvolvimento de atividades nas escolas. Além do projeto “Rocha Amiga” pretende-se desenvolver os projetos: a escola vai ao Geopark, o Geopark vai à escola, nos moldes das experiências já desenvolvidas em outros geoparks.

(c) desenvolvimento de um programa museológico integrado para os museus que fazem parte do Quadrilátero Ferrífero que tenham acervo relacionado ao patrimônio geológico ou mineiro:

Uma diferença entre geoparks e outros tipos de parques é a sua capacidade para popularização das geociências; os museus que tem acervo associado a essa temática devem ter uma missão educacional para promover o patrimônio geológico. Esses museus devem funcionar como espaço educativo estimulando os visitantes a aprender mais sobre os minerais, as rochas e os fósseis que registram a evolução da Terra em 4.5 bilhões de anos. Todos estes museus já desenvolvem programas educativos, mas ainda não direcionados ao Geopark, neste sentido é necessário desenvolver programas específicos. Os tipos de programas educativos implantados irão depender do tamanho dos museus, dos recursos financeiros, do quadro de pessoal e do tipo de acervo. No entanto, cada museu deve procurar maximizar sua função educativa, neste sentido, os meios de exibição têm um papel fundamental. As exposições devem ser inovadoras, atraentes e conduzir o visitante à reflexão, proporcionando momentos de prazer e aprendizagem. O Quadrilátero Ferrífero possui alguns museus associados à história da mineração ou ao patrimônio geológico, destacandose, dentre outros, o Museu da Ciência e da Técnica, da Escola de Minas (UFOP) o Museu de Mineralogia Djalma Guimarães (a ser incorporado ao Museu das Minas e do Metal, parte do Circuito Cultural da Praça da Liberdade) em Belo Horizonte; o Museu de História Natural da PUC-MG e da UFMG; o Museu do Ouro em Sabará.

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Argumentos para a Nomeação como Geopark no Âmbito da Rede Mundial

6.6.4. Desenvolvimento local

O Quadrilátero Ferrífero é, sem dúvida, uma das regiões mais ricas e diversas do mundo. Sua importância geológica, geomorfológica, histórica e biológica justifica a adoção de medidas que promovam seu desenvolvimento territorial de maneira integrada valorizando seu patrimônio. O reconhecimento da área como Geopark da UNESCO, em uma área densamente mineirada representa um marco para Minas Gerais e para o Brasil, refletindo a importância do estabelecimento de um modelo de desenvolvimento territorial que respeita as atividades de mineração ao mesmo tempo em que garante a conservação dos recursos e o desenvolvimento local por meio de atividades ligadas ao turismo e a educação. Com a criação do Geopark Quadrilátero Ferrífero integrado as ações já desenvolvidas pela Rebio Espinhaço serão beneficiadas algumas vertentes importantes do desenvolvimento econômico e humano. Entre elas pode-se citar a arte popular e o turismo que, em conjunto, propiciam a melhoria da qualidade de vida das diversas comunidades, estimulando o exercício de cidadania e o trabalho cooperativo. Estas atividades foram citadas no documento de candidatura para criação da Reserva da Biosfera do Espinhaço.

A arte popular possibilita o desenvolvimento econômico a partir da visão da economia social, voltada para geração de trabalho e renda. Na área do Geopark a arte popular se manifesta de forma expressiva através o artesanato que utiliza matéria-prima natural com destaque para o uso de rochas provenientes de pilhas de estéreis de minas abandonadas tais como pedra sabão e itabirito. Estes produtos têm uma franca associação com o Geopark e podem ganhar um espaço maior de comercialização com sua implantação. Vários produtos podem ser desenvolvidos com a temática do Geopark permitindo sua comercialização: minerais e rochas de pelúcia, artefatos e bijuterias, quitutes temáticos, dentre outros. Estes produtos podem ser desenvolvidos com apoio de instituições que atuam na área com programas de capacitação, treinamento, assistência técnica e controle de qualidade de produtos com destaque para: SEBRAE, SENAC e CETEC.

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Parque do Itacolomi

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Acervo IEF


Argumentos para a Nomeação como Geopark no Âmbito da Rede Mundial

6.6.5. Colaboração com geoparks já existentes ou em concepção no Brasil

Considerando que o Brasil possui em 2009 um geopark reconhecido pela UNESCO, o Geopark Araripe, é fundamental que se crie estratégias para integração e cooperação entre eles fomentando a troca de experiências e o desenvolvimento de programas conjuntos e integrados. O governo do Ceará, onde se encontra o Geopark Araripe, procura estimular a implantação de outros geoparks no Brasil. O Geopark Quadrilátero Ferrífero tem uma posição geográfica estratégica no contexto continental do Brasil, e pode assumir um caráter integrador ajudando a ampliar os geoparks no Brasil e a formar uma rede efetiva para geoparks do Brasil e da América Latina. À medida que novos geoparks forem criados no Brasil a proposta da integração possibilita também o fortalecimento do intercâmbio de informações, conhecimentos e experiências entre geoparks promovendo a pesquisa cooperativa, a conservação e divulgação do patrimônio geológico brasileiro e a promoção do desenvolvimento sustentável. 6.6.6. Potencial para contribuição mundial

O Geopark Quadrilátero Ferrífero está sendo proposto em uma área com várias minas ativas, uma situação única no mundo. A idéia é que o Geopark possa promover o desenvolvimento do território de maneira integrada garantindo que as comunidades tenham alternativas quando as minas estiverem esgotadas. As características únicas do Geopark podem permitir a formação de conhecimento útil nas configurações de geoparks de todo o mundo com o desenvolvimento de ações que integram a conservação do patrimônio com sua extração. A equipe responsável pela proposta pretende fazer convites de cooperação a outros geoparks da rede mundial além da participação e promoção de eventos técnico-científicos e culturais, tais como workshops, congressos, seminários e festivais. O Geopark Quadrilátero Ferrífero está sendo proposto para um território onde a ocupação histórica, o desenvolvimento social e as ações para conservação do patrimônio ambiental criaram um panorama favorável para o desenvolvimento de pesquisas e intercâmbio de experiências.

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Serra do Rola-Moรงa

Acervo IEF 123


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Acervo IEF

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ReferĂŞncias

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