Quando você Acordar - Zac (Unofficial Book)

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*Livro Fictício / Unofficial Facfiction / Estre livro não foi publicado oficialmente

Quando Você Acordar ~Zac


Para todos os que acompanharam na página “As Estrelas Não Têm Culpa”


CAPÍTULO UM Olá, provavelmente você ainda não me conhece. Meu nome é Toby, Toby Harper. Sou aquele garotinho de olhos castanhos, pele clara, cabelos loiros e um físico normal de um adolescente de 17 anos. Tudo começou quando a Professora Carly decidiu que nós devíamos fazer uma visita aos pacientes do Hospital Geral aqui de San Francisco (Se quiser, pode chamar de São Francisco). Eu sou muito tímido e devido a isso não gosto muito de sair de casa e nem de visitar pessoas, quanto mais fazer os dois juntos. Quando acordei naquela manhã, escovei meus dentes, troquei de roupa, tomei o meu café, e dei “Tchau” aos meus pais. Falando sobre minha família, ela não é composta de muitos membros. Eu, minha mãe, Valery, uma senhora de aparência disposta e que não abandonava sua família por nada nesse mundo; Meu pai, Downy, um senhor rabugento e que não dá muita importância aos sentimentos; Meu irmãozinho caçula, Ben, e minha irmã mais velha, Jade que já saiu de casa e foi morar com seu namorado. Constantemente, éramos felizes. Morávamos em uma casa comum, sem muitos luxos. Voltando ao meu dia, naquela manhã, despertei meio sem coragem, sabe aqueles dias que você não quer nem pensar em levantar da cama? Pois é, esse era o meu momento. Depois de fazer as atividades matinais, fui esperar o ônibus da escola, que não demorava muito para me pegar. Não era muito distante da minha casa para a escola, mas, por insistência dos meus pais, quanto mais tempo eu passasse na escola, mais eu iria aprender. Enquanto o ônibus ziguezagueava, coloquei os meus fones de ouvido e comecei a ouvir minha playlist favorita. Embora eu me distraísse ao ouvir música, não conseguia desfocar meus olhos da


janela do veículo. Observava a paisagem, as casas, às pessoas que caminhavam na rua, que conversavam, e cheguei a ver até um casal de namorados se beijando em praça pública (Não que eu ache uma coisa absurdamente fora da lei, sei lá, você não gostaria que as pessoas vissem você tomando banho ou cantando no chuveiro.). Pensei, e se eu estivesse beijando uma garota em locais públicos, será que eu ligaria para o que as pessoas falam ou pensam enquanto veem? Não sei. Talvez elas achassem o mesmo que eu acho. Um tranco no ônibus que jogava todos os passageiros para frente indicava que já havíamos chegado a escola. Eu tinha um grupinho na escola (Aliás, quem não tem?). Nós éramos três. Eu, a Lisa e o Peter. Desde que eu tenho sã consciência nesse mundo, fomos sempre amigos, não amigos de colégio, que só se encontram na escola, mas “amigos” mesmo. Pra todas as horas. Quando você pensar, eles estão lá. Apoiando qualquer decisão que você tome. Do tipo, raros hoje em dia. A Srtª Carly Buthernail reuniu todos em uma sala grande e explicou o quão seria importante darmos apoio aos pacientes do Hospital, e trata-los gentilmente (Tipo, você vai a um Hospital dizer á uma pessoa que ela é muito importante e que vamos sentir falta dela quando morrer. Isso é tão triste, tudo menos, motivacional). Ela estava sorteando quem ia ficar com qual paciente, não estava prestando muita atenção, até chegar ao meu nome. “-Ora, vejamos. Toby você ficou com a Allen Smith.” Ela disse. “-Quem é Allen Smith?” Retruquei. “-Você pode perguntar isso a ela, pessoalmente.” Falou me dando uma cortada. Não que eu não gostasse de uma garota que eu nunca tinha nem ouvido falar. Mas eu poderia ficar com velhinhos legais ou modelos femininas que estão desempregadas devido ao seu estado


vegetativo. Mas resolvi aceitar numa boa, talvez ela até fosse gatinha. “-Bom turma, temos que ir andando. Não podemos passar o resto do dia apodrecendo nessa sala.” O mesmo ônibus que nos trouxe de casa, estava nos levando agora para um verdadeiro lugar de silêncio. Quando chegamos, fui ao encontro do quarto 18ª, o quarto da Allen, que até então era uma desconhecida. Quando abro a porta, vejo uma garota de sorriso angelical, olhos azuis e cabelos longos e loiros envoltos em uma trança, que era levemente jogada para o lado esquerdo. “-Allen Smith?” “-Sim, você deve ser o Toby, não?” “-Sim, é, sou eu.” A voz dela era tão doce, parecida ser vinda de um anjo. Depois de ficarmos um bom tempo calados, trocando olhares, eu quebrei o silêncio. “-Quantos anos você tem?” “- Pra que você quer saber a minha idade?” “- Me desculpa, eu não queria ser grosso.” “- Brincadeira, eu tenho 16 e você?” “- Ah, 17, 17 anos.” Eu vidrei os meus olhos em Allen, uma garota um ano mais nova do que eu, com um sorriso dos anjos e uns olhos da cor de um mar. E eu me perdi naquele mar.


CAPÍTULO DOIS “- O que uma menina tão linda como você faz aqui nesse hospital?” Perguntei. “- Seis meses atrás, senti uma dor imensa, como se estivesse passando um furacão na minha cabeça. Aí eu vim para o hospital e diagnosticaram um tumor cerebral.” “- Nossa isso deve ter sido um baque para os seus pais não?”


Allen ficou calada, pensei que ela não quisesse responder a minha pergunta. Aí eu entendi o silêncio dela. “- Me desculpe, eu não deveria ter feito essa pergunta.” Eu disse. “- Foi em 2007, nós estávamos indo á casa da vovó. Um caminhão veio por trás e jogou o carro contra uma árvore. Foi morte instantânea. Só eu e meu irmão mais velho, Derek, sobrevivemos. Desde então a gente mora com a minha tia Maggie. Uma rabugenta medíocre, que nos ama muito.” “- Você sabe quanto tempo vai ficar aqui?” Perguntei de curioso. “- Os médicos dizem que a chance de eu sair daqui é de uma em duzentas”. Ela respondeu. As pessoas gostam de mentir para agradar, querem sempre dizer que está tudo bem, que tudo vai ficar legal, mas elas não sabem que quanto mais mentem, maior será a decepção quando a mentira for descoberta. Não me culpe, não sou pessimista. Sou realista. Tudo bem que os médicos diziam que a chance de Allen sai daquele hospital era de uma em duzentas, mas por que não dizer logo a verdade? Por que não dizer que talvez ela fique naquele hospital para sempre e morra ali naquele mesmo local, onde passou boa parte do seu tempo? Como dizia minha mãe: “Algumas pessoas dizem mentiras se souberem que a verdade pode magoar mais” Mas talvez a verdade doesse menos que a decepção de uma mentira que tem a intenção de te fazer acreditar que vai ficar tudo bem. Allen continuava ali com a falsa esperança de que um dia ia poder voltar para casa, e eu não cansava de admirá-la. Me despedi de Allen, e fui para o ônibus que me deixaria em casa ás 15:00 da tarde, quando cheguei fui logo tomar banho, nunca se sabe o quão nojento um hospital pode ser, por isso, meu banhou demorou um pouco mais do que o normal. Terminei de me vestir e fui atender a porta, era o Peter, tinha o chamado pra jogar videogame comigo. Eu não era do tipo que vivia conectado, mas


não deixava de dar uma boa espiada nas minhas redes sociais, meu mural e meu e-mail. Nos sentamos naquele sofá velho de veludo marrom, e começamos a jogar. Só que por algum motivo eu não estava jogando bem. E Peter percebeu isso. “- Cara, onde é que tá a sua cabeça?” “- Oi? O que?” “- Por acaso você está prestando atenção no jogo?” “- Sei lá cara.” Peter pausou o jogo e começou o interrogatório. “- É ela não é?” “- Ela quem?” “- A garota do hospital!” “- Mais ou menos isso, e o nome dela é Allen”. “- Que seja, mas, eu acho que essa garota devia ser presa.” “- O que ela fez?” “- Ela roubou o seu coração.” “- Ah cara, não fala besteira. Vamos voltar a jogar, eu sei que vou ganhar de você de novo.” Não deu tempo nem de terminar o jogo e a mamãe nos chamou para jantar. Os jantares em casa eram sempre uma diversão. Era sempre bom ter a família (e Peter) reunida em volta de uma mesa, você tem que aproveitar ao máximo enquanto pode. Quando deixarmos a existência humana, acho que não será mais possível jantares com a família reunida. Depois disso, Peter foi pra casa e á mando da minha mãe fui dormir cedo porque no outro dia havia mais trabalho voluntário no hospital.


Antes de ir ao hospital, fui à floricultura que ficava na rua ao lado da minha, e comprei um buquê de tulipas brancas enroladas com uma fita azul para dar para a Allen. Quando cheguei ao hospital, olhei pelo vidro do quarto da Allen e vi um homem alto abraçando-a e dando um beijo na bochecha dela. Imediatamente joguei as tulipas na lata de lixo que havia ao lado da porta do leito. Quando aquele homem saiu eu entrei lá dentro e disse: “- Puxa ele tem muita sorte.” “- Quem? O meu irmão?” “- Ele é seu irmão? Nossa me desculpa mesmo.” “- Esqueci de te falar, eu não tenho namorado.” Até pensei em dizer alguma coisa, mas uma enfermeira bruta entrou no quarto e falou: “- Acho que isso é seu senhor Harper.” “- Sim, sim, é meu! Obrigada!” Allen ficou encantada com as flores que dei pra ela, e aí nós conversamos sobre os nossos gostos, música, livros, TV, família e o papo rendeu bastante. Rendeu tanto que nem vi a hora passar. “- Allen me desculpe, mas eu tenho ir agora.” “- Pode me chamar só de Al.” “- Tá certo Al, a gente se vê.” Naquele momento o que eu mais queria era ver Allen Smith novamente, ainda mais depois de descobrir que ela não tem namorado, mas eu sabia que não tinha chance qualquer com uma garota quase perfeita (“quase” porque aprendi que ninguém é perfeito, mas no casso dela, era 99,9%).


CAPÍTULO TRÊS No sábado á noite, eu, Peter e Lisa, fomos ao boliche. Eu simplesmente adorava jogar boliche, eu me divertia, esquecia um pouco dos meus afazeres e dos meus problemas. Era a salvação para uma noite tediosa. Lisa começou ganhando, mas aí eu dei a volta por cima e bati a pontuação dela. Como tínhamos feito uma aposta, o vencedor ganharia um Sanduíche de Bacon Gigante e um Milk-shake de morango. As comidas gordurosas são uma paixão proibida quando se tenta levar uma vida saudável. ... Segunda-feira a Srta. Carly nos deu uma lista de algumas perguntas que devíamos fazer aos pacientes que nós estávamos


apoiando. Uma lista enorme de perguntas sem sentido e que a resposta seria um tanto quanto imprevisível. Eu estava louco pra ver a Al, desde a semana anterior que não nos víamos. Entrei no quarto dela com aquela lista de perguntas idiotas e com o coração aberto para conhecer mais sobre aquela garota. “- Belo casaco.” Ela disse. “- Bela camisola.” Retruquei. “- Não é uma camisola, mais provavelmente, uma roupa de hospital.” “- Corrigindo: Bela roupa de hospital.” Eu disse. “- O que é isso que você tem nas mãos?” Perguntou Al. “- São algumas perguntas para você responder.” Falei. “- Bom, pode começar!” Li aquela lista de perguntas imensa. E ela não deixou de responder nenhuma pergunta sequer. Lembrei-me de ter pensado: “Ela é tão incrível.”. E por fim, chegamos às perguntas que tinham alguma importância. “- Quais são os seus medos?” Perguntei. “- Eu tenho medo de terminar a vida sozinha. Sem ninguém. Sem ter conhecido uma pessoa especial que me ame incondicionalmente.” Olhei pra ela fixamente. Aqueles olhos. Como alguém como Al poderia encerrar seus dias na Terra sozinha? Na minha cabeça isso era impossível. “- Quais os seus sonhos?” “-Sabe, antes de vir parar aqui, eu tocava piano. Sempre me dediquei muito á musica. Meu sonho é poder me apresentar para as


pessoas. Mostrar a elas que eu não estou morrendo. Mostrar que eu ainda sei fazer alguma coisa.” “- Você devia ser uma ótima pianista!” Exclamei. “- Sabe, quando é seu aniversário?” Perguntei. “- Daqui a dois dias, por quê?” Ela disse. “- Nossa! Nada de mais, tenho que ir agora. Tchau. Até amanhã.” Falei. Cheguei em casa e encontrei na correspondência um panfleto do 8º Musical da Orquestra de San Francisco e dizia que havia vagas para apresentações. Uma ideia maluca surgiu na minha cabeça. Nunca queimei tantos neurônios de uma vez só em toda minha vida. Convidei Peter e Lisa pra almoçarem na minha casa junto com a minha família. Depois de almoçar fomos até o meu quarto e sentamos naquelas cadeiras velhas e empoeiradas fedendo a traseiros quentes. Contei a eles do meu plano infalível para fazer uma pessoa feliz no dia do seu aniversário. Pedi a Lisa para ajudar a escolher presentes legais pra eu dar a Allen e pedi a Peter pra inscrevê-la no musical, já que a sua mãe era Co-Organizadora do evento. Bem, meu irmão mais novo, tem certa curiosidade de saber o que as pessoas estão falando. Portanto, ouviu toda a conversa. E saiu gritando por toda a casa: “Toby tá namorando. Toby tá namorando”. Minha mãe gritou: “Ben deixa o seu irmão em paz. O que ele faz é da conta dele. E não da sua.”. Depois de horas de conversas e de planos bolados, Lisa me levou ao shopping para escolher presentes pra Al. Lisa escolheu um vestido vermelho longo com brincos de perolas e um colar com um pingente de coração. E tudo isso saiu do bolso do meu pai, claro. Mesmo pra ele, sendo uma bobagem comprar presentes para as mulheres.


Claro, depois fiz a parte mais difícil do plano todo: Falar com a médica do hospital pra saber se ela liberaria Al para ir comigo ao recital. “- Olha Toby, não tive tempo de te contar isso, mas, depois que Allen Smith passou a te ver, o estado dela começou a melhorar. Ela está apresentando bons resultados de melhora nos exames. Não acho que fará mal se eu liberá-la só um pouquinho, ainda mais no dia do seu aniversário. Ela vai adorar a surpresa.” A Dra. Sam disse. “- Muito Obrigado, muito obrigado mesmo doutora.” Minha surpresa de aniversário estava indo muito bem. Meio caminho andado. Eu ainda não sabia com Al reagiria. Mas, todo mundo gosta de receber surpresas, não é mesmo? Então esperei passar os dias restantes até o dia da surpresa. E enfim, chegou. Me acordei animado, fui para o hospital correndo, com pressa até tropecei um cima de um hidrante. “- Oi aniversariante.” Disse eu. “- Oi. Não diga que essa caixa de presentes é para mim?” “- Sim, e eu tenho uma surpresa maior ainda! O que acha de tocar piano no recital de hoje?” “- Não, você não fez isso...”. “- É sim, eu fiz, pode acreditar.” “- Cara, amo você! Muito obrigado!” “- É, e a doutora Sam, deixou você ir comigo.” “- Nossa, eu não tenho roupa pra vestir.” “- Não se preocupe com isso, tá tudo aqui.” Falei dando a caixa com os presentes. “- Muito Obrigado! Ei, Carrie sua bruaca, hoje você vai ter que me arrumar.” Falou ela gritando.


“Passo para te pegar, ás 7:00 tá bom?” “- Okay, pode ser.”

CAPÍTULO QUATRO Antes de ir pegar Al para irmos ao recital, fui me trocar. Vesti meu terno de ocasiões especiais que quase nunca tinha usado e calcei meus sapatos pretos pontudos que ficavam um pouco apertados no meu pé. Acabei quase todo o meu vidro de colônia. Passei duas horas na frente do espelho me penteando. E depois disso, (sem querer me gabar) fiquei radiante. Meu pai me deixou dirigir a sua Minivan Livine preta. Peguei a chave e fui em direção ao hospital. Quando cheguei ao hospital e olhei pela janelinha que ficava na porta, vi que Al não estava no quarto. - Bom, ela ainda deve estar se arrumando – pensei. Vi um a enfermeira caminhando em minha direção. Os seus cabelos negros estavam voando como se um temporal tivesse invadido o hospital. – Ela não está aqui. – A enfermeira falou. – Então, onde ela está? – perguntei. – Venha comigo.


A enfermeira me levou em direção ao consultório da Dra. Sam, que estava com uma expressão meio pálida como se um urso polar tivesse se apossado do corpo dela. - O que aconteceu com Allen? Por que ela não está no quarto dela? - Olha Toby, Allen teve uma hemorragia enquanto estava se arrumando. Ela começou a sangrar pelo nariz e pela boca e encheu todo o banheiro de sangue. Nesse momento ela deve estar fazendo uma bateria de exames e dependendo dos resultados ela terá que fazer uma nova cirurgia para retirada de um tumor. - Isso não pode ter acontecido! Estive aqui algumas horas atrás e ela estava melhor do que nunca. Vocês só podem estar de brincadeira. - Não brincaríamos com uma coisa séria dessas. Acho melhor você voltar para casa e vir aqui só amanhã, quando tudo se esclarecer. - Tá bem. Voltei pra casa com o coração cheio de tristeza e ódio de mim mesmo por ter criado tantas expectativas e no fim nada de bom ter acontecido, e sim ao contrário. Passei a noite trancado no meu quarto assistindo TV e jogando Videogame.


CAPÍTULO CINCO No dia seguinte, quando cheguei da escola liguei para a Dra. Sam para receber novas noticias de como Al estava e se já sabiam o que ela precisaria fazer. A Dra. Sam disse que os resultados dos exames não foram os melhores e que ela teria que fazer uma cirurgia o mais rápido possível, pois sua vida estava comprometida e só havia uma coisa que poderia fazer: operá-la. Já passei por uma pequena cirurgia quando desloquei meu ombro. Senti medo só de ouvir falar o nome. Mas, a verdade é que as coisas não são tão assombrosas quanto o seu nome. Ou talvez, não sejam tão legais quanto o seu nome. É um lance meio complicado, mas faz sentido se você observar mais detalhadamente. Eu não consegui dormir enquanto não soube notícias de como a cirurgia tinha ido. Ligava para o hospital a cada 7 minutos. E a cada 7 minutos eles desligavam o telefone na minha cara. Quando a Dra. Sam me ligou dizendo que a cirurgia tinha acabado, mas tinham que esperar pra saber como ela iria acordar e se iria reagir bem ao tratamento.


Tenho que confessar que senti um alivio enorme como se eu estivesse deixando de carregar um fardo imenso. E felizmente, não tive que ligar mais para o hospital a cada 7 minutos, mas tinha que esperar até o próximo dia para saber como Al iria acordar.

CAPÍTULO SEIS Acordei um pouco mais cedo do que o normal. Fui pra escola de carro com minha mãe e por isso, fui o primeiro a entrar na sala de aula. A Srta. Carly disse que teríamos uma reunião sobre o baile da primavera. Só o evento que acontecia a cada ano, onde as garotas poderiam torrar o seu dinheiro e vestidos e sapatos novo e os rapazes aproveitarem para dar em cima das garotas novatas. Simples assim, eu não tinha par. Lisa ia com o primo dela Tommy, e Peter com sua vizinha Chloe, que já estava na faculdade, mas para ele isso não fazia diferença. Minha mãe disse, que se eu quisesse ela poderia chamar a filha de uma amiga dela, a Deby. Já tinha estudado com ela nas séries iniciais, ela era aquela garota valentona e fortona que batia em todos os meninos da nossa sala. Eu, claramente, recusei o convite. Preferia passar a noite apodrecendo dentro de casa jogando videogame sozinho. Mas, até agora, isso não tinha importância, ainda faltavam duas semanas. Ao chegar em casa, fui tomar banho e me trocar, a escola deixava a gente com cheiro de... Escola? Sim, e esse cheiro não era muito agradável. O cheiro que eu menos queria sentir nesse momento. Decidi fazer uma caminhada pela cidade, pelas praças, pelos jardins, ver as pessoas, enfim, decidi sair um pouco de casa. Ás


vezes, a única coisa de que precisamos é de sair um pouco de casa. Relaxar. Sentir o calor humano perto de nós. E como já era de se esperar, dei uma passadinha no hospital. Fui saber notícias de Al. Queria ver se ela já tinha acordado. Queria abraçá-la e ver se ela ainda topava um encontro. Quando chego lá, a enfermeira veio ao meu encontro. Eu estava contente, com um sorriso no rosto. Que estava prestes a sair imediatamente. - Cadê ela? Questionei - Toby, preciso te dizer uma coisa. Ela não vai acordar. Meu coração parou e minha cabeça começou a delirar. - Como assim, ela morreu? Mesmo que doesse, tive que dizer essa palavra tão cruel. - Não. Não é bem isso. Ela está em coma. - Em coma? Como assim? O que aconteceu? - O tumor não foi totalmente retirado. Uma parte está afetando o cérebro dela e ela está com uma infecção hospitalar. Não sabemos certamente quanto tempo vai durar. Mas, o estado pode ser considerado grave. - Seus idiotas! O que vocês fizeram? Ainda se dizem médicos? - Toby, não temos culpa nenhuma. - Claro que sim, seus incompetentes. - Que eu saiba você não é médico, Toby, não sabe avaliar a gravidade e as consequências de uma operação cerebral. - Se eu fosse, faria melhor do que vocês. A Dra. Sam chaga para acalmar as coisas.


- Ei, ei, ei amigão? Com quem você pensa que está falando? Somos médicos, nosso dever é cuidar das pessoas. Não mantê-las em coma. - Desculpa. Falo me acalmando – Eu posso vê-la? - Claro. Acompanhe-me. E lá estava ela. Como sempre. A trança em seu ombro. Mas, os olhos azuis estavam fechados. O mar havia. Restava-me, esperá-la, já que não podia simplesmente gritar no ouvido dela e ela sair pulando da cama. Quando ela acordasse. Eu estaria lá. Pronto pra beijar a sua testa. Ou quem sabe, ela pularia em meus braços e saíssemos correndo pelos corredores do hospital.


CAPÍTULO SETE E lá estava eu. Segurando a mão dela. Esperando ela acordar. Se ela acordasse. Meu coração está em queda, como uma estrela cadente. Só que dessa vez, não é possível realizar desejos, mas sim, esperar os desejos se realizarem sozinhos. Fui para casa e me deitei um pouco. Fiquei refletindo como as coisas acontecem num passe de mágica. Uma hora tudo normal. Em outro momento tudo se transforma. Ir ao cinema com meus amigos pareceu à única solução para enfrentar o dia terrível. Depois que o filme acabou, entramos na lanchonete mais próxima. O meu x-Burger ficou intacto, eu não tinha fome, o que era muito raro, pois isso nunca aconteceu comigo ao longo de toda minha vida. - Não vai comer? Perguntou Lisa - Eu não estou com fome. - Cara, você está bem? Questionou Peter. - Sinceramente não, mas, eu queria sair de casa, me divertir, esquecer um pouco quem eu sou. Ás vezes você só precisa esquecer quem você é, e se tornar uma pessoa diferente, uma coisa que você gostaria de ser se não fosse você. É um lance meio complexo, mas, faz sentido. Não se sinta pressionado a ser quem os outros querem que você seja. Seja o que você realmente é. Solte a criatura interior super-radical que há dentro do seu corpo. A questão é ser quem você é andar sem medo do que as pessoas vão achar. Eu poderia muito bem usar jeans


rasgada, camisa do Nirvana e pintar meu cabelo de azul, só que isso não faz muito o meu estilo. Prefiro ser quem eu sou á me tronar o que as pessoas querem que eu seja.

CAPÍTULO OITO No outro dia, fui para o hospital ver o estado de Al. A enfermeira me contou que ela estava melhorando e suas chances de acordar estavam aumentando e essa notícia realmente animou o meu coração. Cheguei até a esboçar um sorriso. Esperava ela acordar como se espera um voo pra Disneylândia, vou deixa só entre nós que ir pra Disneylândia não está na minha lista de sonhos como qualquer pessoa normal. Contente com a notícia, entrei no quarto dela e sentei numa cadeira ao lado de sua cama. Podia sentir em seu olhar a vontade de acordar daquele coma e se pudesse daria um beijo em sua boca pra ver se ela despertaria. Só que a vida real não é como nenhum conto de fadas em que tudo acaba bem e que todos se casam e vivem felizes para sempre. Tire a parte do casamento e do para sempre. Todos vivem. Até certo tempo. O engraçado é que os contos encantados só contam a parte feliz da história. Não conta como os príncipes ficaram depois que suas princesas morreram 40 anos depois de libertá-la da torre alta e viverem felizes para sempre. Então isso significa que até na hora da morte eles estavam felizes? Não creio. Isso é bobagem. Todos passaram por momentos difíceis. A questão é que quanto mais ela dormia, mais eu me apaixonava por ela. Mas talvez para ela, eu era só um garoto que passou umas duas semanas indo lhe visitar. As expectativas nem sempre são como a realidade.


CAPÍTULO NOVE Quando cheguei em casa, me deparei com os meus pais sentados no sofá com uma cara séria, olhando para mim. Isso já aconteceu uma vez quando eles estavam pensando em se divorciar, mas acabou que eles acharam que não era muito bom fazer isso devido ter crianças em casa que precisavam de uma atenção especial. - O que aconteceu? Perguntei. - Filho, a gente precisa conversar. Falou minha mãe - Sobre o que? - Eu e o seu pai, achamos que você está passando tempo demais naquele hospital, e está esquecendo-se de nós, dos seus amigos, de seus parentes, da sua vida social. - Mãe, eu não estou esquecendo de vocês. - Mas filho... - Mãe, eu não me esqueci de vocês. - Escuta... - Mãe! Gritei. - Não fale assim com a sua mãe rapaz. - Desculpa, mas é que vocês não entendem. - O que nós não entendemos? - Eu estou apaixonado. - Apaixonado? Por uma garota que você mal conhece? - Eu disse que vocês não entenderiam.


Naquele dia, bati com tanta força a porta do meu quarto que a chave saiu voando e se arrebentou em duas partes. Dormi como uma pedra. Uma pedra muito sentimental no caso.

CAPĂ?TULO DEZ


E chegou mais um dia, mais um dia esperando ela acordar. Fui visitá-la de manhã cedo. Estava do mesmo jeito. Com a mesma expressão, que dizia: por favor, eu quero acordar! Pode parecer estranho, mas eu beijei a boca dela. Não parecia que ela estava em coma, parecia que ela tinha gostado do beijo. Sinto-me cada vez mais apaixonado. Cada vez mais desesperado para que ela acorde. A enfermeira chega ao quarto e me manda sair para que possa dar uma examinada em Allen. Depois disso fui pra escola. Estava arrumando o meu armário quando Peter apareceu detrás de mim e disse: - Cara, você não liga mais pra gente! - Você combinou isso com os meus pais? - Não, é só que você não dá mais tanta atenção pra gente. Você passa o dia todo naquele hospital cheio de bactérias ao invés de sairmos pra comer uma pizza como fazíamos antigamente. - Cara, eu já disse. Vocês ainda são meus amigos. Não deixei vocês de lado. - Ah deixou sim. - Claro que não! É só que eu estou interessado em saber como Allen está se recuperando e você sabe, eu tenho uma paixonite por ela. - Prove que ainda somos amigos! - Pizza no sábado á noite? - Claro que sim!

CAPÍTULO ONZE


Apesar de não ter nenhum par, resolvi ir ao baile de formatura para ver se eu me distraia um pouco. Todos os meus amigos iam ao baile com alguém. Pedi pra minha mãe passar o velho smoking de jantares finos e engraxar os sapatos de velório. Pra mim, aquela festa era só mais uma bobeira. Eu só queria ir para sair um pouco de casa. Distrairme. Se bem que isso não é bem uma distração e sim uma formalidade. Arrumei o cabelo, vesti minha roupa, calcei os meus sapatos e escovei os dentes. Antes de ir ao baile, resolvi dar uma passadinha no hospital para ver como Allen estava. A lua estava linda e parecia irradiar todo o universo. Entrei no quarto dela e como sempre, me sentei ao lado da sua cama. Acho que aquela cadeira já decorou a forma do meu traseiro. Olhei para o rosto dela. Linda como sempre. Parecia esboçar um sorriso. O esboço de sorriso mais lindo que já vi em toda minha vida. Comecei a pensar no pouco tempo que passei com ela. O pouco tempo se transformou no conjunto de dias mais feliz de toda a minha vida. Ás vezes, quando o pouco é bom, ele se torna uma eternidade. Uma lágrima começou a brotar no meu olho. Comecei a falar sozinho na esperança de que ela escutasse. - Olha, sei que passamos pouco tempo juntos e que não deu tempo de você me conhecer direito, mas eu estou apaixonado por você e se você estiver me ouvindo saiba que, quando você acordar, eu ainda vou estar aqui, quando você acordar, eu ainda vou estar te esperando, quando você acordar, eu vou me apaixonar de novo, quando você acordar, eu quero que corra para os meus braços, quando você acordar, quando você acordar, vamos começar tudo de novo, quando você acordar, eu vou te amar o resto da minha vida.


Apertei a mão dela bem forte. - Por favor, acorde! Meu desejo não se realizou. Olhei para o relógio e já estava quase na hora do baile. Resolvi ir. Foi difícil deixa-la para trás.

CAPÍTULO DOZE Cheguei lá e parecia que todo mundo estava me esperando, Peter e Lisa vieram junto com seus pares em minha direção. - Ei cara, onde você estava? Questionou Peter - Tive que fazer uma coisa.


- Sei! Disse Lisa O salão da escola estava lotado de pessoas com roupas elegantes e as paredes estavam todas decoradas com estrelas feitas com papel brilhante e o palco onde seriam coroados rei e rainha estava cheio de luzes piscando e uma mesinha com as coroas em cima. A música começou a tocar. Era uma bem animada. Tentei me misturar com a galera, o que não deu muito certo, pois todos os presentes ali estavam felizes. Menos eu. Vi todos pulando e dançando, algumas garotas requebrando. Enfim, ali não era o meu lugar. Fui pegar um pouco de ponche e me deparei com a música lenta que estava substituindo a animada. Reparei em todos aqueles casais, dançando, e comecei a me sentir meio deprimido. Certamente, eu não devia estar ali. Peguei o meu carro e decidi dar uma volta pela cidade. Lisa veio em minha direção e deixou o seu parceiro dançando sozinho. - Já vai? Tão Cedo? - É. Eu não estou me divertindo. - Espera, vai começar a ficar legal. -Pra mim já deu!

CAPÍTULO TREZE Peguei a estrada e comecei a ver lugares que eu nunca tinha vista. Todos sem ninguém na calçada. Começou a chover. Aquilo estava muito assustador. Liguei o rádio na estação 109.54 Estava tocando, uma música bem triste e melosa.


♪ “Say something, I'm giving up on you, I'm sorry that I couldn't get to you, anywhere, I would've followed you” ♫ (Say Something – A Great Big World) Aquela música me fazia pensar na vida. Como ela tinha sido até agora. Como ela iria ser. Comecei a pensar em Allen e nas pessoas que amo e como eu estava esquecendo elas. Lembrei o quanto eu era idiota. Comecei a chorar. Não é comum você ver homens chorando por aí. Mas quando você começa a refletir na sua vida, não tem como segurar. Pensei na vida, como ela dura e como ela muda drasticamente. Uma hora você está entediado num baile, vendo as pessoas serem felizes e em outra hora os pneus de um caminhão escorregam na chuva e o jogam pra cima do seu carro o que faz com que sua vida se destrua. Isso estava acontecendo comigo. A última coisa de que me lembro, era de ter visto o meu carro todo despedaçado e da sirene de uma ambulância. Depois disso apaguei total.

CAPÍTULO QUATORZE Abro os meus olhos e me sinto meio zonzo. Não consigo sentir meu corpo. Vejo que estou com um tudo respiratório e que as máquinas não para de apitar. Percebo que estou no hospital. Percebo também que já conheço aquele lugar. É muito familiar. Tento mover minha cabeça para o lado. É difícil manter os olhos abertos. Não sei quanto tempo se passou desde o acidente. Finalmente consigo mexer minha cabeça e percebo que há outra cama do lado da minha. Não é qualquer pessoa que está deitada naquela cama. É Allen Smith. Tive sorte de ficar no mesmo quarto


que ela. Do lado do amor da minha vida. Tendo pegar na mão dela e de certo modo consigo. Aperto com toda a minha força. Um filme passa na minha cabeça. Todos os dias da minha vida. Dos mais tristes aos mais alegres. Lembro-me da minha curta história de amor com ela. O quanto eu a amei. Mesmo ela não sabendo disso. Quão intensos são nossos pensamentos quando decidimos amar alguém. Você ama aquela pessoa incondicionalmente. Até o final dos seus dias. Mais nada importa, a não ser aquela pessoa. Já passei por essa experiência. Quero me lembrar dela até o mundo acabar. Posso te dizer uma coisa. Ame enquanto há tempo. Depois isso não será mais possível. Um dos dois vai partir. E você torce para que não seja a pessoa que você ama. Viva em nome do amor. O amor tem poder para salvar vidas. Aperto a mão dela cada vez com mais força. Até obter uma resposta. A mão dela parece apertar a minha. Acho que o meu desejo se realizou. Ela está acordando. Ouço outra máquina apitando. Agora tenho certeza de que ela está acordada. Ela acordou. Percebo que olha para mim. Acho que dei minha vida para ela. Pois cada vez estou mais fraco. Tenho certeza de que fiz uma boa escolha. Aonde quer que eu vá, nunca vou esquecer o meu amor. Onde eu estiver, vou ama-la por mais um milhão de anos. Meus olhos estão sendo forçados a se fechar. Dou uma última olhada e finalmente apago de uma vez. Ainda consigo ouvir o barulho contínuo das máquinas. Essa é a hora que eu tenho que partir para um lugar melhor. Talvez seja só um sono demorado ou talvez seja para sempre.

♪ “I have died every day waiting for you, Darling, don't be afraid I have loved you for a thousand years, I'll love you for a thousand more” ♫ (A Thousand Years – Christina Perri)


Fim


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