MORADIA ESTUDANTIL PARA A USP - RP

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MORADIA ESTUDANTIL PARA A USP - RIBEIRÃO PRETO



CENTRO UNIVERSITÁRIO BARÃO DE MAUÁ FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO

MORADIA ESTUDANTIL

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

ISABELLA FELICIO RAMAZZO CÓDIGO: 1769150 ORIENTADOR: PROF. MS. ONÉSIMO DE CARVALHO LIMA

RIBEIRÃO PRETO 2021


Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte. E-mail do autor: isabellafelicio2009@outlook.com

Ramazzo, Isabella Felicio Moradia Estudantil Para a USP - Ribeirão Preto/ Isabella Felicio Ramazzo – Ribeirão Preto, 2021. 132 p. Trabalho Final de Graduação (TFG) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Barão de Mauá. Orientador: Prof. Ms. Onésimo de Carvalho Lima 1. Moradia Estudantil 2. Integração 3. Estudantes 4. USP-Ribeirão Preto


Isabella Felicio Ramazzo

Moradia Estudantil para a Universidade de São Paulo de Ribeirão Preto (USP-RP)

Trabalho Final de Graduação em Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Barão de Mauá para a obtenção do título de Bacharel. Orientador: Profº Ms. Onésimo de Carvalho Lima

BANCA EXAMINADORA Data da Aprovação: ___/___/_____

____________________________________________ Profº Ms. Onésimo de Carvalho Lima

____________________________________________ Profº Ms. Fernando Gobbo Ferreira

____________________________________________ Convidado


resumo


O presente trabalho consiste no desenvolvimento de um projeto para uma nova moradia estudantil para a Uiversidade de São Paulo, localizada dentro do Campus da instituição, próximo aos bairros Cidade Universitária e Vila Monte Alegre, dentro da cidade de Ribeirão Preto. O projeto tem como objetivo suprir uma fração do déficit de vagas de moradia estudantil no campus, atendendo alunos de qualquer região, além de inserir e contextualizar os estudantes dentro da dinâmica da cidade.


agradecimentos


Agradeço primeiramente a Deus por ter me guiado e me capacitado para chegar até aqui. Agradeço a minha família por me apoiarem, me incentivarem em todos os momentos e me darem forças para que eu conquiste os meus sonhos. Gostaria de agradecer em especial minha mãe Daiana e meus avós Marly e Sebastião por terem contribuído de forma direta na minha educação e formação, saibam eu serei eternamente grata. Agradeço ao meu companheiro Guilherme por todo o incentivo, parceria e companheirismo nesses últimos anos. Agradeço a todas as pessoas que contribuíram e caminharam comigo no decorrer dessa jornada. Em especial aos meus amigos: Ana Laura, Angélica e Carlos Alexandre. Agradeço ao meu orientador Onésimo Carvalho por toda a paciência e dedicação para que esse trabalho fosse executado.


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p. 30 - 49

apresentação

moradia estudantil

leituras projetuais

CASA, MORADIA OU HABITAÇÃO?

MORADIA ESTUDANTIL DA UNIVERSIDADE DE CHICAGO

HISTÓRIA DAS MORADIAS ESTUDANTIS NO BRASIL OS TIPOS DE MORADIAS PARA ESTUDANTES RELAÇÃO DO CAMPUS COM A MORADIA ESTUDANTIL A RELAÇÃO DE PÚBLICO X PRIVADO MORADIA ESTUDANTIL E SEUS USUÁRIOS

PRIMEIRO LUGAR NO CONCURSO PARA MORADIA ESTUDANTIL UNIFESP OSASCO ALOJAMENTO ESTUDANTIL NA CIUDAD DEL SABER COMPILAÇÃO DAS REFERÊNCIAS PROJETUAIS


4 5 6 p. 50 - 63

p. 64 - 81

p. 82 - 87

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

levantamentos

o programa

HISTÓRIA DO CAMPUS DE RIBEIRÃO PRETO

LOCALIZAÇÃO

PROGRAMA DE NECESSIDADES

TOPOGRAFIA

ORGANOGRAMA

MAPA DO CAMPUS DE RIBEIRÃO PRETO PLANO DIRETOR FÍSICO DE 2009 NORMAS E DIRETRIZES GERAIS DA USP BENEFÍCIOS OFERECIDOS PELO CAMPUS

USO DO SOLO OCUPAÇÃO DO SOLO E GABARITO HIERARQUIA VIÁRIA EQUIPAMENTOS URBANOS PONTOS DE ÔNIBUS PONTOS DE ÔNIBUS NO CAMPUS


7 8 9 p. 88 - 95

p. 96 - 115

p. 116 - 127

estudo preliminar

anteprojeto

maquete eletrônica

CONCEPÇÃO

PLANTA COBERTURA

MAQUETE CONCEITUAL

PLANTA SUBSOLO PLANTA TÉRREO PLANTA PAVIMENTO TIPO PLANTA AMPLIADA DORMITÓRIOS SISTEMA CONSTRUTIVO CORTE AA CORTE BB ELEVAÇÃO 01 ELEVAÇÃO 02


10 p. 128 - 131

referências


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APRESENTAÇÃO


O presente trabalho tem como ojeto de estudo o projeto de uma Moradia Estudantil para a Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto, onde a cidade conta com uma Região Metropolitana que abriga 34 municípios e de acordo com o Censo do IBGE (2010) tem uma população de 604.682 habitantes e estima-se que em 2020 a população passe a ser de 711.825 habitantes. Com a implantação de várias instituições de ensino superior na cidade, ela se tornou um foco para a demanda de estudantes que residem em cidades da Região Metropolitana de Ribeirão Preto e de regiões mais distantes. Dentre as faculdades instaladas na cidade, podemos destacar a USP, que é considerada a maior faculdade pública brasileira e a universidade mais privilegiada do Brasil. Com no sistema Júpter, cerca de 6.600 alunos ingressaram no 1º semestre. De acordo com o Jornal da USP, as residências estudantis estão divididas em três partes diferentes, oferecendo ao todo 384 vagas, além de dar um auxílio-moradia para outros 1.165 alunos. Desta

forma, uma grande quantidade de alunos não pode usufruir deste benefício oferecido pela instituição. Atualmente no Brasil, diversos estudantes saem de suas casas para que possam seguir suas vidas acadêmicas, isso se dá por conta das novas políticas públicas de acesso ao ensino superior onde, o Ministério da Educação criou o Sistema de Seleção Unificada (SISU), que possibilita uma maior mobilidade geográfica dos estudantes e para que os mesmos possam ser admitidos nas instituições de ensino superior passam por uma seleção e classificação com base em suas notas no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). (DELABRIDA, 2014, p.02) Segundo o Jornal ACidade ON, Ribeirão Preto recebe uma média de 20 mil universitários, ficando conhecida como uma cidade universitária. Dentre as universidades presentes no município, a USP - RP é a que mais se destaca. Porém como já citado no texto a demanda dela é muito elevada para a quantidade de vagas oferecidas em suas moradias estudantis,

sendo evidente um déficit. De todas as 384 vagas de moradia oferecidas pela USP, mais de 70% de seus moradores vêm de famílias com uma renda de até um salário-mínimo e meio, já os outros 30% com uma renda de dois salários-mínimos. Ainda sobre os atuais moradores 50% vem de cidades com mais de 100 km de distância de Ribeirão Preto. (Jornal da USP, 2019).


O objetivo geral do trabalho é desenvolver um anteprojeto arquitetônico de uma Habitação Estudantil para Estudantes da USPRP. Objetivos específicos: A. Criar espaços de integração e convívio entre os estudantes; B. Refletir a forma de integração morador/moradia; C. Buscar estratégias de flexibilidade na arquitetura; D. Utilizar sistemas construtivos, como produtos pré-fabricados; E. Promover uma relação de integração com o entorno. Imagem 01: Totem do Campus USP Ribeirão Preto. Fonte: Guia do Estudante.

Portanto, a proposta para uma Habitação Estudantil na USP – RP, irá aumentar a quantidades de vagas oferecidas, diminuindo o número de desistência de alunos ao longo curso, já que os mesmos saem de diferentes partes do Brasil e em grande parte das vezes não podem contar com a colaboração da família em recursos financeiros. Por esse motivo as habitações estudantis são de suma importância para a permanência e a formação dos alunos.

De acordo com VILELA JÚNIOR (2003), em todo o território nacional podemos contar com 115 moradias estudantis, que variam entre pequenas casas coloniais que servem como repúblicas, como acontece em Ouro Preto até modernos conjuntos habitacionais como a Cidade Universitária de São Paulo. Essas moradias são importantes pois servem como auxílio aos estudantes vindos de outras cidades. Com o crescente aumento no número de vagas para cursos de nível superior em universidades

públicas e a oferta de emprego para pessoas com diploma universitário, fez com que a população procurasse a graduação de nível superior. Porém, como já citado nos textos anteriores, nem todos conseguem cursar uma faculdade em sua cidade de origem, então grande parte dos estudantes universitários acabam saindo de suas cidades natal para ingressar a vida acadêmica em grandes centros, buscando o ensino superior gratuito. VILELA JÚNIOR (2003) menciona um programa de necessidades para habitações estudantis, onde eles serão compostos por: convívio social, promovendo a necessária integração dos moradores; serviço, prevendo a estrutura para atividades domésticas; e espaços específicos, prevendo a implantação de laboratórios, estúdios e ateliês que supram a necessidade extraclasse dos moradores. Entretanto, nem sempre as moradias oferecidas aos estudantes contam com esse programa, pois em grande parte dos casos elas são alugadas e não foram projetadas para o uso destinado.


Diante dessas informações, o presente trabalho foi desenvolvido a partir de levantamentos, onde foram realizadas a interpretação e compreensão dos dados obtidos, sendo uma representação da realidade nas habitações estudantis. Os dados foram obtidos a partir dos levantamentos e foram importantes para o entendimento da história da moradia, como também a falta de recursos para os estudantes. Após a análise dos dados, foi observado como o estudante e morador está se envolvendo com o ambiente, como os espaços estão sendo utilizados pelos mesmos e que por meio desta pesquisa possam diminuir as falhas em projetos futuros destinados à habitação estudantil, garantindo uma melhor qualidade espacial e acadêmica para os moradores. Se espera que este trabalho possa contribuir com questões acadêmicas, mostrando uma maneira de se pensar em habitações coletivas, podendo auxiliar em pesquisas e debates futuros relacionados ao tema, criar discussões sobre a espacialidade das habitações estudantis, além de 18

reconhecer como os estudantes moram e utilizam da mesma. Para alcanças os objetivos deste trabalho definidos no item anterior a metodologia foi desenvolvida da seguinte forma: Objetivo A: .Buscar títulos que abordam o tema de público x privado e integração x convívio; .Pesquisar projetos de referência que fazem uma relação de integração e convívio com seus usuários; .Realizar uma análise dos projetos selecionados; .Elaborar uma análise sobre as áreas coletivas e privadas das moradias existentes no campus; .Fazer uma pesquisa de como os habitantes utilizam os espaços; .Levantamento fotográfico nas habitações fornecidas pela USP-RP; .Transformar os problemas identificados em um meio para reconhecermos como os usuários moram no ambiente. Objetivo B: .Buscar estratégias arquitetônicas em que os usuários possam interagir com a arquitetura; .Pesquisar bibliografias que

abordam o tema integração entre morador e moradia; .Pesquisar referências projetuais que mostram essa interação. Objetivo C: .Pesquisar formas de flexibilidade em materiais; .Buscar projetos de referência de edifícios habitacionais; .Realizar uma análise dos projetos selecionados. Objetivo D: .Pesquisar referências de projetos que utilizam sistemas construtivos diferenciados; .Fazer uma análise nos projetos escolhidos. Objetivo E: .Analisar o plano diretor da USPRP para um melhor entendimento das áreas disponíveis no Campus para a implantação da Habitação Estudantil; .Pesquisar títulos que falam sobre habitações coletivas nas universidades; .Fazer um levantamento no local para que se possa observar os “obstáculos” entre o local do projeto e o entorno; .Realizar uma análise com os dados levantados.


O presente trabalho está organizado em sete partes: Apresentação, Moradia Estudantil, Leituras Projetuais, A Universidade de São Paulo - RP, Levantamentos, Programa e o Projeto em si. .Apresentação: Uma breve apresentação do trabalho, mostrando a problemática, os objetivos e metodologia; .Moradia Estudantil: Com uma síntese de bibliografias relacionadas ao tema; .Leituras Projetuais: Análises de projetos de moradia estudantil; .A Universidade de São Paulo - RP: Contanto um pouco sobre a história da universidade e os benefícios oferecidos por ela; .Levantamentos: Sendo constituído pela localização do terreno, leis e entorno; .Programa: Diagramas criados para a concepção do projeto; .Projeto: Apresentação da proposta de moradia estudantil para a USPRP.

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moradia estudantil


CASA, MORADIA OU HABITAÇÃO? Para Martucci e Basso (p. 271, 2002), a casa é como uma casca protetora, um local que divide os espaços internos e externos. Tem como função inicial servir de abrigo, onde ela deve abrigar e permitir que a pessoa sonhe. É na casa que se dá a experiência do lar (MALARD, 2002). Quanto a moradia os autores (MARTUCCI; BASSO, p.272, 2002), dizem que possui uma ligação muito mais forte aos elementos que fazem a casa funcionar, ou seja, a moradia leva em consideração os hábitos de uso da casa. A moradia então permite que o usuário tenha uma relação afetiva com ela, onde os desejos e as necessidades dos indivíduos serão dimensionados e irão formar uma dimensão simbólica para o lugar. Já a habitação é caracterizada pela relação de casa x moradia, 22

porém não mais de uma forma única, mas sim com um sentido mais amplo, em uma urbanidade. Temos que considerar a habitação trabalhando um conceito de “habitat”, integrando o interno com o externo, ou seja, está ligada a elementos que se relacionam com a vida das pessoas e suas perspectivas sociais, políticas, econômicas, históricas, ideológicas (MARTUCCI; BASSO, p.272, 2002). De acordo com o Dicionário da Arquitetura, a Habitação Coletiva é uma habitação destinada ao uso residencial de um grupo de pessoas, usualmente não unidas por laços familiares, ligadas por interesses diversos. Coabitação sem vínculo conjugal ou de parentesco: Pouco conhecidos, e pouco expressivos demograficamente, estes grupos domésticos baseiamse em afinidades pessoais, sejam elas profissionais, estudantis, ideológicas etc. Às vezes abrigando várias pessoas – como os squatts de Londres, New York ou Berlim, ou as comunidades antroposóficas do norte europeu – outras vezes reduzindo a dois trabalhadores compartilhando um mesmo domicílio, este tipo de coabitação engloba ainda, com certeza, casais homossexuais e grupos de estudantes vivendo sob o mesmo teto. (TRAMONTANO, 1993, p.08)

Portanto a habitação estudantil se configura como um tipo de habitação coletiva específica, com diferente exigência das habitações familiares. O que diferencia esse tipo de moradia coletiva é o tipo de usuário, que no caso das habitações coletivas familiares, que abrigam as famílias em todas as suas composições, a habitação estudantil tem um público acadêmico, que em grande parte dos casos os estudantes possuem dificuldades financeiras,


De acordo com Naspolini, muitas moradias estudantis surgiram em São Paulo no ano de 1827, por conta da Faculdade de Direito de São Paulo. No Brasil, de acordo com Costa e Oliveira as moradias estudantis surgiram com o início do ciclo da mineração, na cidade de Ouro Preto por volta dos anos de 1850 e 1860, por conta da criação da Universidade Federal de Ouro Preto, onde a ocupação das casas de estudantes aconteceu pela necessidade dos alunos e professores de ficar na cidade. Imagem 02: Conjuto Residencial da USP(CRUSP). Fonte: Mapio.net

fazendo com que utilizem o apoio dessas moradias.

HISTÓRIA DAS MORADIAS ESTUDANTIS NO BRASIL

Foi criada em 1929, no Rio de Janeiro a Casa do Estudante que foi feita para suprir a demanda da época e foi considerada a primeira cidade universitária do Brasil e durante a posse de Getúlio Vargas, entre os anos de 1930 e 1945, foram instaladas diversas habitações universitárias pelo Brasil. Segundo Nawate, podemos encontrar cerca de 115 casas de estudantes, que variam o tamanho e proporção, sendo desde pequenas repúblicas até grandes conjuntos habitacionais, como o CRUSP, na Cidade Universitária de

São Paulo.

OS TIPOS DE MORADIAS PARA ESTUDANTES A Casa do Estudante Universitário é uma tipologia de habitação temporária para estudantes que migram de cidades, estados e até países diferentes do lugar que nasceram. Deve oferecer acomodações adequadas, espaços de estudo, convívio social e um local que propicie um bom relacionamento entre seus moradores e com a vizinhança, estimulando o trabalho em equipe, o senso coletivo e promovendo atividades culturais. “É geralmente mantida financeiramente pelos próprios moradores, incentivando dessa forma um sentimento de responsabilidade e pertencimento ao local.” (NAWATE, 2014, p.9)

Segundo

a

Secretaria 23


Nacional de Casas de Estudante (SENCE), as moradias de estudantes podem ser classificadas em três tipos: alojamento estudantil, casa do estudante e república estudantil. O alojamento estudantil é caracterizado como uma residência construída no interior de uma universidade, com um vínculo ao gerenciamento administrativo. Pode ser oferecido aos estudantes e baixa renda vindos de outras cidades, sendo parte do programa de assistência aos estudantes. A casa do estudante é um modelo individual e sem vínculos administrativos com a instituição de ensino superior e atualmente é o mais comum, porém sofre por conta da especulação imobiliária e a baixa qualidade das moradias. (SOUZA, 2005). A república estudantil é uma residência gerenciada pelos próprios moradores, o que implica em um certo grau de participação política e de exercício da “coletividade”.

Imagem 03: Moradia Estudantil Gronneviksosen. Fonte: Archdaily.

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RELAÇÃO DO CAMPUS COM A MORADIA Estudantil e o entorno A implantação de uma instituição de ensino superior impacta diretamente no meio em que está sendo inserida, podendo ser seus efeitos positivos e negativos. Portanto quando uma instituição é implantada em uma cidade de médio porte, irá causar uma migração de estudantes de outras localidades próximas ou não, que não oferecem esse nível de educação, fazendo com que a cidade em que a universidade está instalada, se torne uma nova centralidade na região, se destacando nesse quesito em relação as outras ao seu redor. Com o aumento da população, serviços como de moradia e alimentação também irão sofrer alterações, contribuindo

para que o espaço urbano fique da mesma maneira. Portanto, irá crescer a demanda de oferta de empregos em diversos setores da economia, além de fortalecer o setor turístico, já que novas pessoas visitarão a cidade. Por outro lado, temos a parte negativa, de acordo com Naves (2016, p.32), “de um lado vem o orgulho pela posse da instituição e do outro lado o gosto amargo da convivência com uma grande demanda de jovens que configuram ritmo das famílias.”, onde a população passa a ser descontente com os novos moradores, porém admiram a posição da instituição por oferecer tantos benefícios aos seus estudantes.

A RELAÇÃO DE PÚBLICO x PRIVADO Hertzberger (p.12, 2015) diz que a relação de público e

privado por ser interpretada como coletivo e individual e que em um sentido mais absoluto podemos dizer que público é uma área onde todos podem acessar e a qualquer momento e a reponsabilidade é de todos, já o privado é uma área em que somente pessoas autorizadas podem acessar e de que a responsabilidade é de um pequeno grupo ou de somente uma pessoa. Com foco na relação morador x moradia, buscou-se entender como ocorre a regulação de limites e de acessos nos ambientes. Assim, considerou-se a territorialidade e a privacidade aspectos que requerem proposição arquitetônica sensível às necessidades específicas dos moradores. A tradução dos conceitos de “público” e “privado” à luz de responsabilidade diferenciadas torna mais fácil para o arquiteto decidir onde devem ser tomadas medidas para que os usuários/habitantes possam dar suas contribuições ao projeto do ambiente e onde isso é menos relevante. (HERTZBERGER, 2015, p.28)

Portanto, o arquiteto deve pensar na própria forma que o espaço oferece, as oportunidades para que os usuários/moradores possam preencher esses espaços 25


de acordo com as suas necessidades e desejos. Segundo Hertzberger (2015, p.24) a influência de um usuário pode ser determinada de acordo com o grau de acesso, das demarcações territoriais etc. Os usuários/ moradores especializam seus desejos e suas necessidades, formando seus espaços, como já mencionado nos textos anteriores. Essa espacialização faz com que possamos identificar como o edifício é visto e experimentado pelo usuário, nos mostra também as necessidades de estabelecer um interior e exterior, possuir relação de visibilidade e de apropriação do local. Podemos ver como essas relações são feitas e como alguns elementos arquitetônicos auxiliam na interpretação do comportamento humano, onde temos como exemplo: .Relação de Interior/Exterior, que está relacionada com o estabelecimento de fronteiras, que podemos observar na territorialidade, que se manifesta através de elementos como muros, portas, soleiras etc.; .Relação 26

de

Visibilidade,

que

se relaciona com o controle da exposição e está relacionada com privacidade e identidade; .Apropriação, que se relaciona com a dimensão de viver no espaço e está relacionada com o fenômeno da ambiência, qualidade dos espaços. Os territórios são defendidos pelos seus usuários, pois foi uma forma de que o ser humano criou para viver e conviver em sociedade. Então qualquer violação desse ambiente resulta em uma reação de defesa que varia de acordo com a importância que o local tem para o grupo. .Território Corporal: É limitado pela pele, por isso não pode ser confundido com espaço pessoal; .Território Primário: Pertence a uma pessoa ou um grupo, é uma extensão do “eu”, da identidade e da autoestima; .Território Secundário: são menos importantes que o primário, mas ainda possuem importância para seus membros. .Território

Público:

São

áreas

abertas para qualquer pessoa da comunidade.

MORADIA ESTUDANTIL E SEUS USUÁRIOS De acordo com Delabrida (2014), os espaços concedidos para a construção de uma nova moradia estudantil, são definitivos para a formação do indivíduo, tanto na visão individual quanto na coletiva, sendo um meio favorável para a permanência dos estudantes de outros locais e que possuem uma baixa renda. Pessoas vindas de diferentes regiões, com hábitos e gostos diferentes, irão usufruir do mesmo espaço comum, podendo surgir diversos tipos de problemas, como o da convivência, porém, todas compartilham o mesmo objetivo final, a graduação. Para auxiliar na diminuição dos conflitos, devemos


projetar algo que preserve a privacidade dos moradores, mas mantendo as áreas de uso público. Atualmente a relação moradia estudantil e usuário tende a ser superficial, sem vínculos pela falta de versatilidade e conforto oferecidos. Portanto é importante mudar essa visão para que o espaço seja de acolhimento, fazendo o papel de lar, mesmo temporário. Para a criação de vínculos entre a habitação e o habitante é essencial a inclusão de conceitos humanizadores na fase projetual. A qualidade espacial reflete a inserção de valores humanos, principalmente em habitações coletivas. (BARROS, 2008)

Imagem 04: Área de Convívio da Moradia Estudantil de Chicago. Fonte: Archdaily. 27


Tabela 01: Diretrizes Projetuais em Habitações Coletivas. Inclusão de conveitos humanizadores no processo de projeto.

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FLEXIBILIDADE DE USO

Habitação Coletiva requer durabilidade com facilidade de manutenção, adptabilidade para diferentes novas tecnologias.

Projetar para flexibilidade de uso com o emprego de paredes internas de vedação, divisórias flexíveis, piso elevado que abrigue instalações, paredes hidráulicas, mobiliário sobre rodízios, etc, desde que ambientes resultantes continuem a cumprir sua função social.

GRADIENTE DE INTIMIDADE

Os ambientes internos da moradia precisam estar arranjados em uma sequência que corresponda a seus graus de intimidade para que acomodem as sutilezas das interações sociais.

Arranje os ambientes da moradia de modo a criar uma sequência que comece pelas partes mais públicas e se encaminhe para áreas um pouco mais privadas, finalizando com os domínios mais intimos.

ÁREAS COMUNS NO CENTRO

Nenhum grupo social sobrevive sem o contato informal constante entre os seus membros.

Crie uma única área comum para cada grupo social, no centro de gravidade dos espaços ocupados pelo grupo, tendo os caminhas de circulação tangentes a ela.


GRADIENTE DE ABERTURAS

Facilidade de acesso e o controle de iluminação, ventilação e privacidade pelo usuário contribui para o senso de proteção característico do lar.

Projetar fechamentos para aberturas que sejam de fácil controle pelo usuário e que possibilitem gradação, tais como venezianas sanfonadas ou brises articulados. Luz filtrada permite nuances de luz e sombra, impedindo o ofuscamento.

Fonte: Barros (2008)

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3


leituras projetuais


moradia estudantil da universidade de chicago STUDIO GANG

.LOCAL: Chicago, EUA .ÁREA: 37.000 m² .ANO: 2016 Imagem 05: Moradia Estudantil da Universidade de Chicago. Fonte: Archdaily.

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Imagem 06: Moradia Estudantil da Universidade de Chicago. Fonte: Archdaily.

Localizada a uma quadra de distância da faculdade de Chicago, a moradia estudantil do Campus Universitário Norte, é uma mistura de residências estudantis, comércios e praças. O edifício é dividido em quatro volumes, onde o térreo, associado com o nível superior, formam um ambiente destinado ao uso público. Seus apartamentos são diferenciados de acordo com o ano em que o estudante se encontra

além de serem projetados com a finalidade de os universitários viverem em coletividade. No projeto podemos identificar os três volumes que estão localizados nas extremidades do lote e que foram utilizados como uma divisão. Os edifícios contam com programas destinados ao uso coletivo e de uso privado. Cada edifício contém diferentes quantidades de pavimentos, destacando as características individuais de cada

um. Todas as suas fachadas são revestidas de com elementos arquitetônicos feitos de concreto, produzindo ondulações. As áreas importantes para o uso coletivo (dos moradores) encontram-se por todos os níveis do projeto.

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programa Os programas envolvidos nesse projeto mostram a importância da inserção de projetos de uso coletivo, dando ao edifício uma multifuncionalidade que servirá como incentivo à socialização dos moradores e da população do entorno. Além dos apartamentos, o edifício contém programas como: salas de aula, música e estudos, localizadas também ao ar livre, além de escritórios, cozinha, áreas administrativas, comerciais e de alimentação. Analisando os programas contidos no projeto, é possível observar a diversidade de programas disponíveis para os estudantes residentes e também os programas disponíveis para o público, dividindo as partes privadas nos níveis superiores e deixando os dois primeiros níveis voltado para o público. As áreas verdes que criam uma praça, que faz o incentivo aos moradores próximos para que utilizem e criem ambientes externos para estudos e a socialização. 34

Legenda: 1.Entrada 2.Passagem 3.Jardim Triangular 4.Jardim Circular 5.Jardim de Varejo 6.Jardim para Aulas 7.Jardim para Residentes 8.Entrada de Estudantes 9.Lobby 10.Circulação Vertical 11.Sala de Correio 12.Escritório 13.Administração 14.Sala de Jantar Pública 15.Sala de Jantar para Moradores 16.Sala de Jantar Particular 17.Cozinha 18.Depósito da Cozinha 19.Doca da Recepção 20.Sala de Aula 21. Elétrica 22.Comércio

Legenda: 1.Centro de Estudo Coletivo 2.Quartos Estudantis 3.Apartamentos Estudantis 4.Apartamento Principal 5.Telhado Verde

Moradias Área Comercial Área Administrativa Circulação Vertical Área Educacional Área Técnica Área Verde Área Social Imagem 07: Programa de Necessidades (Planta Térreo e Pav. Tipo) . Fonte: Archdaily Alterado pela Autora.


áreas de convivência Para uma maior interação entre os estudantes, os arquitetos inseriram áreas de convivência compartilhada entre três pavimentos, ou seja, a cada 80 ou 100 habitantes, disponibilizaram três andares de áreas comuns e com atividades distintas como: estudar, ver filmes, cozinhar e reuniões. Por conta da variedade no tamanho dos pavimentos, cada bloco está levemente deslocado entre si.

Imagem 08: Diagrama Representando a Área de Convivência. Fonte: Archdaily.

Além desses espaços, podemos contar com outras áreas que incentivam o convívio e socialização entre os moradores como: salas de música, multiuso, espaços de leitura e pátios livres.

Imagem 09: Área de Convivência - Moradia Estudantil da Universidade de Chicago. Fonte: Archdaily.

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materialidade O pavimento térreo é revestido por vidros, permitindo maior permeabilidade com as praças existentes. Já o restante do edifício é revestido por painéis de concreto branco pré-moldado, buscando uma atualização no estilo neogótico, que podemos encontrar nos outros edifícios existentes no campus. Todd Zima, diretor de desgin, cita as características desse estilo como: verticalidade, ritmo, janelas profundas, calcário e uma plasticidade orgânica que cria efeitos de luz e sombra. As aberturas na fachada foram ajustadas para a entrada de luz e ventilação de maneira equilibrada. As grades de metal, fornecem sombras e também contribuem para a entrada da ventilação natural. Quanto à sustentabilidade, o edifício apresenta certificado LEED Gold, (Leadership in Energy and Environmental Design) que é uma ferramenta de certificação que busca incentivar e acelerar a adoção de práticas de construção sustentável sendo eficiente no controle de gasto de energia. É 36

Imagem 10: Materialidade Presente no Edifício da Moradia Estudantil. Fonte: Archdaily.

otimizada a incidência de luz natural, por meio de sua implantação nortesul. O projeto possui um amplo telhado verde formado devido a diferença de altura existente entre os edifícios, são responsáveis por 100% da captação das águas pluviais, despejando-a de volta ao solo lentamente e eliminando a sobrecarga no sistema de esgoto da cidade.

Imagem 11: Materialidade Presente no Edifício da Moradia Estudantil. Fonte: Archdaily.


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PRIMEIRO LUGAR NO CONCURSO PARA MORADIA ESTUDANTIL DA UNIFESP - OSASCO HEREÑÚ + FERRONI ARQUITETOS

.LOCAL: Campus Osasco da UNIFESP (não construído) .ANO: 2015 Imagem 12: Maquete Eltrônica da Moradia Estudantil da UNIFESP- Osasco. Fonte: Archdaily.


Imagem 13: Maquete Eltrônica da Moradia Estudantil da UNIFESP- Osasco. Fonte: Archdaily.

O projeto está localizado na cidade de Osasco - SP, e é vencedor no concurso nacional para a moradia estudantil da UNIFESP, que mescla programas voltados para os estudantes residentes, quanto para os moradores do entorno. O edifício foi projetado para ter 2 térreos por conta de seu terreno acidentado e 4 pavimentos voltados para a moradia, na intenção de facilitar a acessibilidade entre os blocos, que ocorre através das rampas internas e externas.

Um ponto importante a ser destacado é a utilização de amplos espaços públicos, principalmente a praça central, que servem com o intuito de promover a coletividade entre todos os usuários, tendo programas diversificados. Dividido em quatro blocos, o projeto cria uma área central, além de ambientes externos que são utilizados para programas com temáticas públicas. Interligados por rampas, corredores e escadas, permitindo

o acesso aos pavimentos. Suas fachadas externas são construídas com vidros para possibilitar a passagem da iluminação natural. Já as fachadas internas, são protegidas por brises evitando a insolação direta às moradias e salas de aula. Nos dois níveis inferiores, é onde encontramos as áreas públicas do edifício, já nos demais o uso é destinado exclusivamente as habitações.


programa A proposta feita no projeto mostra seu conceito, através da importância da inserção de programas que incentivam o uso coletivo entre os moradores, funcionários e a comunidade como um todo. Os programas envolvem: .Dois modelos de apartamentos, sendo um individual e o outro compartilhado; .Quadra de esportes; .Sala de estudos e multiuso; .Áreas recreativas localizadas ao ar livre; .Lavanderia; .Biblioteca comunitária; .Academia; .Ateliê de uso comum; .Áreas administrativas e técnicas.

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Legenda: Moradias Área Comercial Área Administrativa Circulação Vertical Área Educacional Área Técnica Área Verde Área Social

Imagem 14: Programa de Necessidades. Fonte: Archdaily Alterado pela Autora.

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MATERIALIDADE A construção do projeto foi pensada a partir de uma lógica modular e que contribuísse para a utilização de peças modulares e que contribuísse para a utilização de níveis diversos de materiais pré-moldados, sendo feito desde a estrutura até os mobiliários, como: nichos, armários e bancos. A orientação do edifício foi pensada para que grande parte dos apartamentos pudessem usufruir da iluminação e ventilação natural, além da orientação estratégica, foram adotadas técnicas para a reutilização de água e de captação de energia solar, fazendo com que o projeto apresente altos níveis de eficiência energética.

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AMPLIAÇÕES

Dos núcleos de moradias

Imagem 15: Módulos de Apartamentos Propostos no Projeto. Fonte: Archdaily.


Imagem 16: Materialidade Presente no Edifício da Moradia Estudantil. Fonte: Archdaily. 43


ALOJAMENTO ESTUDANTIL NA CIUDAD DEL SABER [SIC] ARQUITETURA

.LOCAL: Cidade do Panamá, Panamá. .ÁREA: 11.300 m² .ANO: 2008 Imagem 17: Moradia Estudantil na Ciudad del Saber. Fonte: Archdaily. 44


Imagem 18: Moradia Estudantil na Ciudad del Saber. Fonte: Archdaily.

O alojamento estudantil, está localizado em Ciudad del Saber, um centro desenvolvido pelo Plan Maestro em meados dos anos 2000. O centro possui aproximadamente 120 hectares de uma antiga base militar de Clayton, perto do Canal do Panamá. Mesmo que exista um espaço permeável para conectar outros locais, ainda é meio isolada pela vegetação em áreas parcialmente remotas. Os materiais utilizados

procuram manter a baixa manutenção, com pisos monolíticos, de granilite. No térreo foi utilizado concreto e piso cimentado com acabamento rústico. As esquadrias são de alumínio e são protegidas pelo Sol e pela chuva pelos painéis corrediços, que otimizam a luz natural e a ventilação, se estendendo por todo o pé direito do pavimento. A cobertura dispõe de painéis de captação de energia solar para a utilização de aquecimento de água

e reservada em boilers. Há também a captação das águas pluviais como um colchão de isolamento térmico.

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programa O edital do concurso exigia que os edifícios fossem implantados em um longilíneo, com uma vegetação abundante e que fosse no centro do campus da universidade. O projeto foi dividido em oito blocos paralelos entre si, fazendo com que fossem criados vários pátios com jardins entre os edifícios e favorecendo a ventilação natural. Foram criados térreos permeáveis, para a integração do conjunto com os espaços já existentes, A circulação do edifício se dá por meio de escadas e elevadores e uma estrutura linear liga todo os edifícios em uma circulação de uso comum.

Legenda: Moradias Área Comercial Área Administrativa Circulação Vertical Área Educacional Área Técnica Área Verde Área Social

O térreo foi pensado como apoio aos demais pavimentos, contamos com programas como: área de estar, lavanderia, sala de estudo, auditório. O primeiro e segundo pavimento são elevados por pilotis e contam com programas como: dormitórios, copas e depósitos

Imagem 19: Programa de Necessidades Fonte: Archdaily Alterado pela Autora. 46


Imagem 20: Moradia Estudantil na Ciudad del Saber. Fonte: Archdaily.

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COMPILAÇÃO DAS REFERÊNCIAS PROJETUAIS Tabela 02: Compilação das Referências Projetuais

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OBRAS ANALISADAS

CIRCULAÇÃO

PROGRAMA

PÚBLICO

MORADIA ESTUDANTIL DA UNIVERSIDADE DE CHIGAGO

A circulação horizontal ocorre através de amplos espaços nas áreas comuns e todos os edifícios são conectados através de sua circulação. Já nas áreas onde o acesso é mais privado, os corredores ficam mais estreitos e privativos. A circulação vertical é dada através de várias escadas e elevadores distribuídos pelo edifício.

O programa é dividido em quatro edifícios, onde o térreo foi destinado aos programas de uso público. A divisão dos apartamentos é dada pelo ano em que o estudante se encontra.

Estudantes universitários da Universidade de Chicago.

PRIMEIRO LUGAR NO CONCURSO PARA MORADIA ESTUDANTIL DA UNIFESP OSASCO

A circulação horizontal ocorre através de amplos espaços nas áreas comuns. Já nas áreas onde o acesso é mais privado, os corredores ficam mais estreitos e privativos. A circulação vertical é dada através de escadas e elevadores distribuídos pelo edifício.

Por conta de seu terreno acidentado, o edifício foi projetado para ter 2 térreos, onde foram colocados programas de uso coletivo, já no restante dos pavimentos o foco principal são as moradias.

Estudantes universitários da UNIFESP OSASCO.

ALOJAMENTO ESTUDANTIL NA CIUDAD DEL SABER

A circulação horizontal é feita através de amplos espaços e é aberto nas áreas comuns, além da passarela que conecta todos os blocos. Na área mais privada, ela acontece de uma maneira mais fechada. A circulação vertical é dada através de escadas e elevadores.

Dormitórios individuais ou coletivos funcionais, áreas comuns como: sala de estar, área de serviço, cozinha, além de espaços públicos e salas multiuso.

Estudantes e professores universitários da Ciudad Del Saber.


PLÁSTICA

ORGANIZAÇÃO ESPACIAL

CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO

Organização em lâminas que são conectadas através de uma passarela.

Solução de implantação das lâminas, de modo a oferecer a integração com o entorno, criando caminhos e praças para a população. Espaços coletivos que além de integrarem os moradores, é integrado entre os pavimentos.

Formas retas, utilizando materiais pré-fabricados, desde a estrutura até seus fechamentos, que foram utilizados nichos que servem tanto para o armazenamento de objetos tanto para a otimização de insolação e ventilação.

Organização em lâminas, colocadas nas extremidades do terreno para que pudesse se criar uma praça central.

Solução de implantação das lâminas, de modo a se adaptar a topografia, além da utilização de materiais e fechamentos préfabricados.

Formas limpas e puras, com materiais de baixa manutenção. Otimização de ventilação e insolação por meio de painéis corrediços perfurados.

Organização em blocos conectados por uma passarela; entre os blocos criam-se pequenos jardins.

Solução de implantação de blocos com gabarito baixo e que atendem as necessidades, evitando um grande edifício que não cria relação com o entorno.

O projeto conta com quatro lâminas que variam de altura e são levemente curvadas em seus centros. Os materiais utilizados foram estruturas de aço, vidro e fechamentos em concreto e placas pré-moldadas que foram esculpidas dando movimento a fachada.

49


4


universidade de são paulo


A HISTÓRIA DO CAMPUS DE RIBEIRÃO PRETO O campus abriga vários tesouros históricos que estão diretamente ligados ao desenvolvimento da cidade de Ribeirão Preto. Segundo ao Jornal da USP entre os anos de 1870 e 1940, o espaço em que hoje encontramos a instituição abrigou anteriormente uma fazenda de café chamada Monte Alegre, onde podemos encontrar a primeira e grande residência construída, que era a sede da Fazenda e que hoje conhecemos como o Museu Histórico. Com o passar dos anos, a região foi desapropriada pelo governo para a construção da Escola Prática de Agricultura Getúlio Vargas, porém pouco tempo depois o local passaria a ser propriedade da Universidade, 52

que tinha como principal objetivo instalar a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), que seria a primeira unidade do novo campus. Em 1948, a Faculdade de Medicina foi criada, porém somente no papel e somente em 1952 ocorreu a primeira aula de inauguração. O edifício permaneceu sozinho no campus até o início dos anos 60. Ainda na década de 60, a Faculdade de Medica de Ribeirão Preto (FMRP), emprestou parte

de sua área para o início das faculdades de Filosofia, Ciências e Letras. Em 1973, a Escola de Enfermagem, Faculdade de Farmácia e Odontologia, foram desmembradas e com isso surgiu a Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto e a Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto foram incorporadas ao campus.


Imagem 21: Vista Aérea do Campus da USP e ao Fundo a Cidade de Ribeirão Preto. Fonte: Jornal da USP, Silvio Tucci Jr. 2017

Imagem 22: Visão do Prédio da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. Fonte: Jornal da USP.

Com a quantidade de cursos oferecidos, surgiu a necessidade de uma área em que reunisse o interesse de todos, criando-se a Prefeitura do Campus USP de Ribeirão Preto.

Preto, sendo vinculado a Escola de Comunicação e Artes da USP (ECA). Somente no ano de 2010, o curso passou a ser responsabilidade da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto.

Nos anos de 1990, foi criada a Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade FEARP.

Em 2007, foi criada a Faculdade de Direito de Ribeirão Preto (FDRP) e é um dos cursos mais jovens que a instituição oferece.

No ano de 2001, foi criado o Curso de Música de Ribeirão

A Faculdade de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto,

sendo criada no ano de 2008.

53


MAPA DO CAMPUS DE RIBEIRÃO PRETO A- Portaria Av. dos Bandeirantes B- Portaria Av. do Café C- Portaria do Hospital das Clínicas 1- Guarda Universitária 2- Dep. Genética - Bloco C 3- Edusp - Editora USP 4- Biotério Geral 5- ARFUSP - Associação Ribeirãopretana de Func. USP 6- Dep. Genética - Blocos A, B, D, E, F, G, H, I, J 7- Divisão de Comunicação da SCS 8- Creche Carochinha 9- Áreas Verdes e Meio Ambiente 10- Zoologia 11- Divisão de Manutenção e Operação 12- FFCLRP - Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras 13- Bloco Didático 14- Administração 15- Dep. de Patologia (FMRP) 16- PUSP-RP - Prefeitura de Campus - Administração 54

17- Serviço Social 18- CCPI - Cento de Orientação Psicológica 19- Seção de Graduação de PósGraduação (FFCLRP) 20- EAD - USP 21- Departamento de Música Bloco Didático 22- Seção de Moradias 23- CAPEE- Apoio ao Professor e Estudantes Estrangeiros 24- Virologia - FMRP 25- Fisioterapia e Terapia Ocupacional 26- Prédio Central - FMRP 27- Administração - FMRP 28- Bloco Multidisciplinar - FMRP 29- Bloco Didático - FMRP 30- Hospital das Clínicas 31- Terminal de Ônibus 32- Saúde Mental - FMRP 33- Banco Bradesco 34- Banco do Brasil 35- Banco Santander 36- Restaurante Universitário 37- CREU- Bloco G a J (Vila Estudantil) 38- CEMEL - Centro de Medicina Legal 39-Hemocentro 40- EERP - Escola de Enfermagem 41- FDRP - Faculdade de Direito 42- Seção de Atividades Culturais PUSP 43- Seção de Pós-Graduação

44- FEARP- Fac. de Economia, Administração e Contabilidade 45- Centro de Visitantes 46- Teatro do Campus 47- Biblioteca Central - PUSP 48- Ce Ti-RP - Centro de Tecnologia da Informação 49- Casa de Hóspedes - PUSP 50- Bloco de Exatas - FFCLRP 51- CREU - Blocos A e E 52- UBAS - Unidade Básica de Saúde 53- CEFER- Centro de Ed. Física, Esporte e Recreação 54- CREU - Bloco F 55- Correios 56- Museus da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto 57- Bloco S - FCFRP 58- Bloco A a R - FCFRP 59- Administração - FCFRP 60- FCRP - Faculdade de Odontologia 61- Sala de Concertos da Tulha 62- EEFERP - Escola de Educação Física e Esporte 63- Fiocruz 64- IEA - Instituto de Estudos Avançados 65- Parque Tecnológico 66- AUSPIN - Agência USP de Inovação - Polo RP 67- SGA- Superintendência de Gestão Ambiental


Imagem 23: Mapa do Campus. Fonte: Revista Prefeitura do Campus de Ribeirão Preto, adaptado pela Autora.

55


PLANO DIRETOR FÍSICO DE 2009 De acordo com o documento do Plano Diretor do Campus de Ribeirão Preto 2009, assim como o de 2003, foi baseado no mapeamento aerofotogramétrico de 1998 atualizado com as novas construções e alterações viárias. O plano de 1998 propôs duas zonas uso para o campus, sendo uma de uso não edificável e outra para uso edificável, sendo subdividida em cinco partes. Sendo as zonas de uso não edificáveis propostas no Plano Diretor foram subdivididas em zonas de uso não edificáveis (os recuos das divisas do campus e das vias, áreas de preservação permanente e a encosta do Morro do Observatório) e áreas não edificáveis (como a rotatória central e o entorno do lago e das casas da Rua Pedreira de Freitas e do edifício central da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto). As zonas de uso edificáveis propostas no Plano Diretor de 56

1998 foram subdivididas em zona de uso predominantemente cultural, zona de uso predominantemente esportivo e de lazer, zonas de uso compartilhado entre o campus e a cidade de Ribeirão Preto, zona de uso voltada para as atividades industriais não poluentes na área da saúde e por fim uma zona de uso predominantemente acadêmico, de apoio e de serviços. As áreas não edificáveis indicadas neste plano, foram atualizadas de acordo com o Plano Ambiental feito em 2007. Do restante, foram mantidas as orientações do Plano de 2003. Nesse plano, foram desenvolvidas algumas diretrizes para o desenvolvimento sustentável do campus, sendo elas: proteção e recuperação do patrimônio histórico e cultural do campus, racionalização do uso do solo do campus, proteção do meio ambiente, racionalização do uso da água, racionalização do uso de energia, melhoria e complementação da infraestrutura do campus e por fim eixos de melhoria para o pedestre e o ciclista. Dentre as possíveis áreas edificáveis


Imagem 24: Plano Diretor Físico do Campus de Ribeirão Preto, 2003. Fonte: Plano Diretor Físico do Campus de Ribeirão Preto, 2009.

que o campus oferece, a Habitação Estudantil desenvolvida neste presente trabalho, irá ser implantada no setor nordeste do campus, onde já estão instalados outros quatro blocos, que constituem a Via Estudantil.

normas e diretrizes gerais da usp A USP não segue as legislações dadas pela cidade e por conta disso, possui suas próprias normas, que são planejadas pela Superintendência do Espaço Físico da Universidade de São Paulo (SEF), sendo obrigatório segui-las para a implantação de qualquer edifício dentro do campus. Sendo assim, ficou estabelecido que os recuos devem possibilitar a circulação de pedestres, com ambientação e escala adequada ao espaço. Devem fornecer boas condições de iluminação e ventilação. Os recuos mínimos devem ser respeitados,

sendo eles: . Em relação às vias principais de tráfego de veículos, deverá ser considerado o mínimo de 15 metros até o edifício; . Em relação ao estacionamento, deverá ser considerado o recuo mínimo de 10 metros até o edifício; . Para conjuntos arquitetônicos deverá ser considerado um espaço livre frontal dado pela expressão: f > ou = 3h; sendo f = recuo frontal e h = altura do edifício mais alto do conjunto; Sobre o posicionamento dos edifícios, ficou estabelecido que a melhor implantação é aquela em que as faces predominantes do edifício (face na direção do comprimento) são paralelas à linha EO. Essas faces predominantes deverão ter as aberturas necessárias para atender às condições requeridas para a iluminação natural e ventilação e as faces perpendiculares a essa fachada deverão ser cegas. Caso o edifício não consiga ser posicionado na implantação ótima, a segunda opção sugerida é a de 57


benefícios oferecidos pelo campus O campus conta com um Programa de Apoio à Permanência e Formação Estudantil (PAPFE), onde esse programa oferece apoio e bolsas aos alunos de graduação que apresentam dificuldades socioeconômicas para se manter durante sua formação. Tem como objetivo fornecer auxílio para que o estudante se mantenha, e possa concluir o curso, contribuindo para uma formação integral.

Imagem 25: Diagramas Indicando os recuos necessários e a orientação correta para implantação de um edifício no campus. Fonte: Diretrizes Gerais de Projeto.

que o edifício fique a 45 graus em torno do centro de giro (linha NS e EO).

58

De acordo com o Edital do PAPFE, para que o aluno consiga qualquer tipo de auxílio que exija a avaliação socioeconômica, é necessário que o mesmo faça a inscrição no Programa preenchendo um formulário e entregue os documentos que comprovam a situação informada. A avaliação socioeconômica é feita através de alguns critérios já estabelecidos pela instituição e cada item vale uma quantidade de pontos, depois de somados os


pontos, a prefeitura do campus classifica se o aluno poderá ou não receber o apoio pretendido.

Tabela 04: Apoio Alimentação e Apoio Transporte em 2019.

No Campus de Ribeirão Preto no início do ano são disponibilizados o Apoio Moradia, Apoio Auxílio Moradia, Apoio Alimentação, Apoio Transporte e no decorrer do ano são oferecidas outras bolsas, como: Bolsa FUVEST, Bolsa Ensinar com Pesquisa e Bolsa Aprender com Cultura e Extensão. Tabela 03: Alunos de Graduação Distribuídos por Unidades em 2019. Unidades

Total de Alunos Matriculados

EEFERP

1.082

EERP

2.270

FCFRP

1.762

FDRP

1.998

FEARP

5.428

FFCLRP

7.222

FMRP

3.021

FORP

1.660

Total

6.609

Processado em: 04/2020 Fonte: Sistema Júpter

Campus

Apoio Alimentação

Apoio Transporte

Bauru

157

60

Lorena

666

9

Piracicaba

430

37

Pirassununga

322

35

Ribeirão Preto

2.602

410

São Carlos

1.487

63

São Paulo

8.029

0

São Paulo - EACH

2.011

2.090

15.704

2.704

Total Processado em: 03/2020 Fonte: Sistema Júpter

Relação de Vagas/ Quantidade de Alunos no Campus de Ribeirão Preto. Nº de Vagas = 384 Nº de Alunos = 24.445 % de Alunos atendidos pelas meradias estudantis oferecidas pelo campus = 1,57%

Processado em: 03/2020 Fonte: Sistema Júpter 59


Tabela 05: Moradia Estudantil em 2019. Campus

BLOCO F - ANTIGA CEM

Bolsa Auxílio Moradia*

Vagas de Moradia**

Bauru

56

60

Lorena

353

0

Piracicaba

136

168

Pirassununga

145

103

Ribeirão Preto

1.165

384

São Carlos

630

252

São Paulo

4.178

1.726

São Paulo - EACH

1.091

0

Total

7.754

2.693

Processado em: 04/2020 * Bolsas concedidas. Nem todos os alunos receberam bolsas pelo período de 12 meses em função de conclusão ou trancamento do curso. ** Inclui as vagas destinadas aos alunos de Pós-Graduação. Fonte: CODAGE.

A instituição oferece algumas vagas provisórias para os alunos que não tem condições de arcar com custos para alugar um imóvel enquanto aguarda o resultado do apoio moradia, porém no caso de não existir vagas, a universidade oferece um auxílio emergencial de no máximo 3 meses ou até a divulgação dos selecionados. 60

Além do apoio moradia vaga

o Edital do PAPFE, explica como funciona o apoio auxílio moradia e o apoio alimentação, sendo respectivamente: um auxílio financeiro de aproximadamente R$ 300,00 mensais pelo tempo de 12 meses e o apoio alimentação seria a isenção do pagamento de refeições nos restaurantes universitários (Restaurante Central, USP Ribeirão Preto), cuja validade também é de 12 meses.

Foi a primeira moradia estudantil do campus, construída em 1963 e possui quartos individuais, abrigando cerca de 82 estudantes. No térreo foram colocados todos os espaços de convívio, preparação, sala de estudos, lavanderia, áreas de convívio e os dormitórios acessíveis para deficientes. Nos demais pavimentos foram instalados os dormitórios.


Legenda: Área Privada Área de Convívio Circulação Interna Área Verde Núcleos de Circulação Vertical Estacionamento

Imagem 26: Bloco F, Antiga Casa dos Estudantes de Medicina. Fonte: Acervo Pessoal.

Imagem 27: Planta Baixa do Térreo e Pavimento Tipo Respectivamente. Fonte: Isabela Manciopi.

61


CREU Localizados na Rua Pedreira de Freitas, possui cinco blocos (A, B, C, D e E), foi a segunda moradia estudantil presente no campus, construída em 1985 e o bloco E foi adaptado para deficientes físicos. Cada bloco possui 4 apartamentos e cada apartamento 4 quartos, que abrigam 2 alunos em cada, totalizando 160 vagas. Foi inserido um pavimento tipo com quartos, banheiros, sala, cozinha e lavanderia. Junto com o conjunto foi construído um anexo, contendo lavanderia, sala de estudos e administração.

Legenda: Área Privada Área de Convívio Circulação Interna Área Verde Núcleos de Circulação Vertical Estacionamento

Imagem 28: CREU Fonte: Acervo Pessoal.

62

Imagem 29: Planta Baixa Pavimento Tipo e Anexo Respectivamente. Fonte: Isabela Manciopi.


VILA ESTUDANTIL A última moradia estudantil, conhecida como Vila Estudantil foi construída em 2010 e está localizada em uma área de expansão do Plano Diretor e possui 4 blocos, abrigando um total de 136 alunos.

Legenda: Área Privada Área de Convívio Circulação Interna Área Verde Núcleos de Circulação Vertical Estacionamento

Imagem 30: Vila Estudantil. Fonte: Acervo Pessoal

Imagem 31: Planta Baixa do Térreo e Pavimento Tipo Respectivamente. Fonte: Isabela Manciopi. 63


5


levantamentos


LOCALIZAÇÃO A USP conta com uma grande gleba, com muitas áreas disponíveis. A USP está passando por um momento de expansão, e os eixos que estão se expandindo são os eixos norte e sul. No eixo norte de expansão foram construídos serviços, como, o restaurante chamado bandejão, Banco do Brasil, Santander e Bradesco, estacionamentos e novas moradias estudantis (vila estudantil). No plano diretor da universidade, já existe a projeção de novos projetos, como laboratórios e um centro de convenções. Por ser uma área de expansão onde vários projetos serão executados, esse terreno está bem localizado, valorizado e tem disponível uma grande área para se projetar a nova moradia estudantil.

0

66

100 m

500 m


dop pel

LEGENDA: LOTE DO PROJETO PARQUE RES. CIDADE UNIVERSITÁRIA VILA MONTE ALEGRE CAMPUS DA USP - RP AV. GOV. LUCAS NOGUEIRA GARCÊS AV. LUIGI ROSIELLO R. TEN. CATÃO ROXO R. PROF. HÉLIO LOURENÇO

gan ger


TOPOGRAFIA O terreno selecionado encontra-se em uma região com uma topografia muito acentuada, com grandes desníveis. No corte A, podemos notar um desnível de 41 metros. Já no corte B, o desnível presente é de 15 metros. O terreno escolhido para a inserção do projeto, está situado dentro do Campus da USP, localizando-se na Av. Gov. Lucas Nogueira Garcês. O terreno fica dentro da Vila Estudantil, próximo as outras moradias estudantis já existentes (motivo para a escolha do lote, pois já havia infraestrutura pronta). O acesso ao lote se dá pela Rua Prof. Hélio Lourenço em uma via local ao lado do Restaurante “Bandeijão”. Possui um desnível de 1 m no Corte AA’ e 2 m no Corte BB’, em relação as dimensões, possui 47.00 x 63.00 m totalizando uma área de 2.961 m².

0

100 m

500 m


dop pel

do p

LEGENDA: LOTE DO PROJETO CURVA DE NÍVEL

pe

lg a

ng

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gan ger


USO DO SOLO O uso predominante no entorno é residencial, que variam de acordo com o local de sua implantação, onde podemos definir assim o padrão social e econômico. Podemos encontrar residências mais antigas no Bairro Vila Monte Alegre, pois é um bairro antigo da cidade, podemos encontrar também alguns comércios e prestações de serviços, como a CPFL. As residências mais novas estão locadas no Bairro Parque Residencial Vila Universitária e por ser um bairro mais novo, ainda possui muitos terrenos vazios. As áreas verdes estão distribuídas pelos bairros através de praças, rotatórias e canteiros.

0

70

100 m

500 m


dop pel

LEGENDA: LOTE DO PROJETO RESIDENCIAL VAZIO VERDE INSTITUCIONAL PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS COMERCIAL

gan ger


OCUPAÇÃO DO SOLO E GABARITO Conforme observado no mapa, o Bairro Vila Monte Alegre apresenta uma maior quantidade de áreas edificadas em relação ao Bairro Cidade Universitária, já que o mesmo está em desenvolvimento, por ser um bairro relativamente novo. Podemos observar que a predominância do gabarito são edifícios térreo, por conta de estarem localizadas em um bairro antigo. Apenas em alguns pontos isolados encontramos edificações com a presença de mais de um pavimento.

0

72

100 m

500 m


dop pel

LEGENDA: LOTE DO PROJETO 1 PAVIMENTO 2 PAVIMENTOS 3 OU MAIS PAVIMENTOS VAZIO

gan ger


HIERARQUIA VIÁRIA Podemos perceber as ruas no entorno do lote, são arteriais e coletoras, sendo assim possuem uma grande demanda de veículos, que em sua maioria vão em direção ao Campus da USP -RP.

0

74

100 m

500 m


dop pel

LEGENDA: LOTE DO PROJETO LOCAL COLETORA ARTERIAL

gan ger


EQUIPAMENTOS URBANOS Podemos notar uma variedade de equipamentos urbanos no entorno do lote para que atendam a demanda, pois além de atender as residências, esses equipamentos atendem a demanda vinda do Hospital das Clínicas.

0

76

100 m

500 m


dop pel

LEGENDA: LOTE DO PROJETO RESTAURANTE BOM PRATO UN. II (EM CONSTRUÇÃO) RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO (BANDEJÃO) POSTO DE COMBUSTÍVEL - REDE SÃO JUDAS CPFL - MONTE ALEGRE SAÚDE MENTAL BANCOS CLUBE COMUNICAÇÕES PRAÇAS CEMEL -FMRP POUSADA DA TUZA

gan ger


PONTOS DE ÔNIBUS Devido aos vários equipamentos urbanos presentes no entorno e que atendem a uma demanda regional, fazendo com que a região tenha muito fluxo, faz com que essa área seja bem servida de transporte público. Após uma análise, foi concluído que passam cerca de 13 linhas de ônibus, sendo linhas de bairros e circular.

0

78

100 m

500 m


dop pel

LEGENDA: LOTE DO PROJETO PONTOS DE ÔNIBUS

gan ger


PONTOS DE ÔNIBUS NO CAMPUS De acordo com o Jornal da USP, para atender à demanda dos usuários do Restaurante Central, os circulares 1 e 2 do Campus USP de Ribeirão Preto passarão a realizar parada de 10 (dez) minutos no Restaurante Central nos períodos de almoço e de jantar. Os ônibus circulares são gratuitos e facilitam o transporte e locomoção dentro do Campus de Ribeirão Preto. O serviço é oferecido de segunda a sexta-feira, das 6 às 24 horas e, aos sábados, das 8 às 17 horas.

80


Imagem 32: Mapa do Campus - Pontos de Ônibus. Fonte: Revista Prefeitura do Campus USP de Ribeirão Preto, Adaptado pela Autora.

81


6


o programa


PROGRAMA DE NECESSIDADES A partir das análises realizadas ao logo do trabalho, foi possível organizar um programa adequado e funcional para a nova moradia estudantil da USP-RP. Foram estabelecidos três pilares para o desenvolvimento do programa, sendo: Conviver, Estudar e Habitar. Um dos principais aspectos para a formação do estudante, é a troca de conhecimento e cultura com os outros estudantes, por isso foram projetadas áreas de convivência no edifício. Além da parte de integração, o estudante precisa de espaços adequados para que ele possa cumprir seus deveres acadêmicos, diante disso foram elaborados espaços para estudos, tanto de uma maneira individual, quanto coletiva. Como citado anteriormente, a grande maioria dos estudantes são vindos de outras regiões, desta forma a moradia estudantil tem que ser um lugar confortável e 84

acolhedor, para que os estudantes possam ter a sensação de pertencimento, promovendo um sentimento de “estar em casa”, mesmo que seja por um breve período. Tanto os quartos, como a moradia foram pensados para atender todas as necessidades


DORMITÓRIOS

DORMITÓRIOS

CONVÍVIO

CONVÍVIO

BANHEIROS

BANHEIROS

DORMITÓRIOS

DORMITÓRIOS

CONVÍVIO

CONVÍVIO

DORMITÓRIOS

CONVÍVIO BANHEIROS

BANHEIROS

DORMITÓRIOS

DORMITÓRIOS

CONVÍVIO

CONVÍVIO

BANHEIROS

BANHEIROS

COZINHA

DORMITÓRIOS

LAVANDERIA

CONVÍVIO

BANHEIROS

COZINHA BANHEIROS

BANHEIRO

LAVANDERIA

BANHEIRO

LAZER/ CONVÍVIO

LÂMINA 01

LAZER/ CONVÍVIO

LÂMINA 02

LAZER/ CONVÍVIO

EDIFÍCIO COMPLETO

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ACESSO

ORGANOGRAMA

LAZer

Conviver/ LAZER

HIGIENIZAR

comer

Conviver

Conviver/ INTEGRAR

CIRCULAÇÃO VERTICAL

HIGIENIZAR

REPOUSAR

Conviver

HIGIENIZAR

REPOUSAR

86

HIGIENIZAR

Conviver

REPOUSAR

Conviver


HIGIENIZAR

REPOUSAR

Conviver

HIGIENIZAR

REPOUSAR

Conviver

HIGIENIZAR

Conviver

REPOUSAR

HIGIENIZAR LEGENDA:

Conviver

REPOUSAR

SUBSOLO MEIO NÍVEL TÉRREO PRIMEIRO PAVIMENTO SEGUNDO PAVIMENTO TERCEIRO PAVIMENTO 87


7


ESTUDO PRELIMINAR


CONCEPÇÃO Como ponto inicial, tomouse como base três pilares para o desenvolvimento do edifício, sendo eles: CONVIVER, ESTUDAR e HABITAR. A moradia estudantil tem como principal obejtivo acomodar o estudante e garantir que tenham plenas condições de viver. A inserção da nova moradia estudantil, proporcionou ao edifício

Diagrama 01 90

e aos estudantes uma conexão direta com a cidade de Ribeirão Preto, já que o lote escolhido é localizado próximo a vias de grande fluxo. Considerando a topografia existente e pensando em aproveitála, foi pensado primeiro em um único volume, um prisma inicial (diagrama 01).

Diagrama 02

Após a inserção do prisma na topografia, o mesmo foi divido em três lâminas iguais para melhor distribuição do programa (diagrama 02). Após análise do programa foram realizados alguns “ajustes” no volume, para que o mesmo se encaixasse na topografia (diagrama 03).


Por fim, o bloco principal com a circulação foi “moldado”, servido assim de passarela entre os dois edifiícios e criando uma conexão entre os mesmos (diagrama 04). Conceito: O conceito do projeto tem como principal intenção promover uma integração e convívio entre seus

Diagrama 03

moradores, além de integrar os moradores com a dinâmica da cidade.

promover espaços de convívio

Partido: Com base na análise das referências projetuais, o partido arquitetônico baseia-se na topografia do terreno, fazendo com que o edifício tenha uma permeabilidade, além de

Diagrama 04 91


MAQUETE CONCEITUAL

Já a parte pública seria a área envolta da maquete, um espaço sem demarcações territoriais

Com base no tema de Habitação Coletiva, foi abordado na maquete o subtema de Coletivo x Individual e Público x Semiprivado x Privado. Diante a escolha do tema, foram feitos cortes no papel de maneira estratégica, onde em cada ângulo de observação fossem apresentados diferentes pontos de vista. A parte privada, foi pensada como uma área pessoal (ângulo de visão da maquete “fechada”), de acordo com Herman Hertzberger todos nós temos que ter um ninho seguro, um lugar onde nossas coisas estão seguras e onde podemos nos concentrar sem sermos perturbados. O semiprivado foi pensado como as aberturas das lâminas, o espaço de transição entre uma área pessoal e uma área pública, como Hertzberger cita em seu livro, a “soleira”. Imagem 33 : Maquete Conceitural Fonte: Acervo Pessoal.

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Imagem 34 : Maquete Conceitural Fonte: Acervo Pessoal.

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Imagem 35 : Maquete Conceitural Fonte: Acervo Pessoal.

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Imagem 36 : Maquete Conceitural Fonte: Acervo Pessoal.

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ANTEPROJETO


Planta cobertura Para melhor aproveitamentos dos recursos naturais, foram colocadas placas solares na cobertura para auxiliar no aquecimento de água. Além das placas solares, foram construídas quatro caixa d’água moldadas in loco e boilers distribuídos ao longo de seu comprimento.

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5m

10 m



PLANTA SUBSOLO O subsolo está destinado totalmente ao convívio e integração dos moradores, sendo uma área que pode ser utilizada para apresentações, jogos e lazer em geral. Para vencer os desníveis criados pela topografia, foram colocadas escadas que também funcionam como arquibancadas e uma rampa.

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5m

10 m



PLANTA TÉRREO Um andar de recebimento dos estudantes e conexão entre o edifício e o seu entorno, assim como a conexão entre a cidade e a Universidade (USP). Grande parte do seu uso esta destinado para o convívio e integração entre os moradores. No eixo central do edifício está localizada um pátio central, que foi criado se adequando com a topografia existente no local. Esse eixo cria uma conexão entre as duas lâmina. No térreo também estão locadas a cozinha e lavanderia, que tem como objetivo suprir a demanda dos estudantes. Os estudantes podem acessas os outros pavimentos através do bloco central de circulação, localizado no eixo central do edifício.

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5m

10 m



PLANTA PAVIMENTO TIPO

No edifício foram distribuídos 20 dormitórios por lâmina, sendo possível se transformar em um dormitório compartilhado já que as paredes que dividem os dormitórios não são estruturais. Próximo ao bloco de circulação foram colocados ambientes que estimulam o convívio e a integração entre os estudantes.

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5m

10 m



PLANTA AMPLIADA DORMITÓRIO Os dormitórios a princípio foram projetados como módulos individuais, porém há possibilidade da criação de módulos compartilhados já que os fechamentos laterais são de Drywall. Os módulos são de 2.40 m de largura por 3.70 m de comprimento, sendo compostos apenas por cama, escrivaninha e armário. A cozinnha e o banheiro são coletivos, mostrando assim os graus de coletivo e privado dispostos no edifício. Junto a porta foi feito um móvel, onde o mesmo serve como um fechamento para o dormitório, logo acima da porta e do armário foram colocadas janelas para que pudesse ocorrer ventilação cruzada e criando uma pequena prateleira vista do corredor para que os estudantes possam se sentir em casa, colocando objetos

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e decorações, fazendo com que se sintam pertencentes ao edifício, mesmo que por um curto período.

Corte S/ Escala

1.20 m

2.40 m


Sistema construtivo O sistema construtivo escolhidos foi estrutura metálica, que por sua alta resistência permitiu ao projeto uma estrutura leve e com grandes vãos, além de permitir fundações mais rasas. Sendo uma estrutura pré-fabricada, ela chega ao local já pronta para a montagem, diminuindo o tempo de construção, gerando uma economia no projeto, além de diminuir a quantidade de detritos, deixando a obra mais limpa.

Imagem 37 : Estrutura de Aço. Fonte: HiperFerro.

Os fechamentos serão com painéis industrializados, pré-fabricados, permitindo uma flexibilidade e facilidade na manutenção e reparação dos sistemas hidráulicos e elétricos, podemos receber uma variedade de acabamentos.

mesmo tempo e por ser modular, a fiação será passada através dos alvéolos.

A laje alveolar é préfabricada e tem uma montagem fácil e rápida, garantindo a redução de serviços e materiais na obra. Com uma espessura reduzida, é oferece leveza e resistência ao

Imagem 38 : Laje Alveolar. Fonte: Lajes-Pré.

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CORTE AA O corte AA foi desenvolvido em apenas uma das lâminas (segunda lâmina) e consegue apresetar bem a solução dada a topografia existente.

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5m

É possível observas os corredores entre os dormitórios e as janelas que foram colocadas acima da porta e armário para proporcionar uma ventilação cruzada nos mesmos.

10 m

Ao fundo podemos notar a fachada dos apartamentos que se encontram voltados para o pátio central.


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CORTE BB

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5m

10 m

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ELEVAÇÃO 01 Podemos observar a fachada dinâmica que é formada a partir das venezianas dos dormitórios. Abaixo das duas caixas d’água se localizam os vestiários, que possuem uma fachada

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com janelas de correr cobertas com brises, para que não entre uma luz direta no ambiente.


0

5m

10 m

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ELEVAÇÃO 02

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5m

10 m


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MAQUETE ELETRÔNICA












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REFERÊNCIAS


livros

artigos

sites

HERTZBERGER, Herman. Lições de Arquitetura. Tradução: Carlos Eduardo Lima Machado. 3 ed. São Paulo: Martins Fontes – selo Martins, 2015. 272 p.

DELABRIDA, Z. N. C. Variáveis Individuais, Sociais e do Ambiente Físico em Residências Universitárias. Psico, v. 45, n. 3, p. e10-e20, 29 out. 2014.

IBGE. Brasil/ São Paulo/ Ribeirão Preto. Disponível em: <https:// cidades.ibge.gov.br/brasil/sp/ ribeirao-preto/panorama>. Acesso em: 11 de março de 2021.

BASSO, Admir; MARTUCCI, Ricardo. Coletânea Habitare – vol 1 – Inserção Urbana e Avaliação PósOcupação (APO) da Habitação de Interesse Social. Editado por: Alex Kenya Abiko e Sheila Walbe Ornstein. São Paulo: FAUUSP, 2002 (Coletânea Habitare). 373 p.

PARISOTTO, Carolina Facchi; PAGNO, Daniele Kunz. Habitação Estudantil: Arquitetura e sua Contribuição na Vida dos Acadêmicos da UNIOESTE de Francisco Beltrão. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 03, Ed. 07, Vol. 06, pp. 82-106, julho de 2018.

USP Universidade de São Paulo, Brasil. Anuário Estatístico. Disponível em: <https://uspdigital.usp.br/ anuario/AnuarioControle#>. Acesso em: 11 de março de 2021.

TRAMONTANO, Marcelo. Novos Modos de Vida Novos Espaços de Morar. Projeto do Curso de Arquitetura da EESCUSP. São Carlos, 1993. 28 p.

Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo. Moradia. Disponível em: <https://www.fearp.usp. br/es-es/international/alunosinternacionais-incoming/ moradia2.html>. Acesso em: 11 de março de 2021. Calouros 2021, Universidade de São Paulo, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto. Atendimento Social. Disponível em: <https:// sites.usp.br/calourofilo/servicoscampus/atendimento-social/>. Acesso em: 11 de março de 2021.

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Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo. Disponível em: < https://ffclrp.usp. br/ >. Acesso em: 02 de abril de 2021. Programa de Apoio à Permanência e Formação Estudantil para a Graduação. Disponível em: <http:// www.usp.br/coseas/PAPFE2010. pdf>. Acesso em: 02 de abril de 2021. MIRNA. Definições de Habitações (pelos dicionários de arquitetura). Habitação e Cidade, 21 de dezembro de 2011. Disponível em: <http://planhabdauufes. blogspot.com/2011/12/definicoesde-habitacao-pelos.html>. Acessado em: 02 de abril de 2021. SANTOS, Carolina Martins. Bolsas ajudam alunos de baixa renda a se manterem na USP. Jornal da USP, 13 de fevereiro de 2017. Disponível em: <https://jornal. usp.br/universidade/eventos/ bolsas-ajudam-alunos-de-baixarenda-a-se-manter-na-usp/>. Acesso em: 04 de abril de 2021.

Cartilha de Apresentação do Movimento de Casas de Estudante. Secretaria Nacional de Casas de Estudante – SENCE. Disponível em: <http://sencebrasil. blo gspot .co m/p/so bre- sence. html#:~:text=Existem%20 tr%C3%AAs%20tipos%20 b%C3%A1sicos%20de,de%20 Estudantes%20e%20 Rep%C3%BAblica%20Estudantil>. Acesso em: 04 de abril de 2021. Programa de Apoio à Permanência e Formação Estudantil para a Graduação. Disponível em: <https:// sites.usp.br/sas/wp-content/ uploads/sites/265/2020/12/ PAPFE_2020_12_15_EditalPAPFE-2021_APROVADOe-revisado-22122020.pdf>. Acesso em: 04 de abril de 2021.

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