INVENCÍVEIS URBANOS - CASA DE PASSAGEM PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE RUA

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INVENCÍVEIS URBANOS

CASA DE PASSAGEM PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE RUA

ISABELLA I. DE CASTRO



ISABELLA IARA DE CASTRO

INVENCÍVEIS URBANOS CASA DE PASSAGEM PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE RUA Trabalho desenvolvido para aprovação final de graduação no curso de Arquitetura e Urbanismo pelo Centro Universitário Estácio, como requisito para obtenção de título. Orientadoras: Profª. Ma. Alexandra Marinelli Profª. Drª. Rosa Sulaine de Farias

Ribeirão Preto, SP 2019.



AGRADECIMENTOS A Deus. Aos meus pais, Marco Antônio de Casto e Alcione Iara S. C. Castro, que fazem tudo por mim, não deixam faltar nada, se desdobram para dar o melhor pra mim, que vão pra todos os lugares para me ajudar, e se não fosse por eles eu não estaria realizando um sonho. Ao meu mentor espiritual, a quem tantas vezes recorri em momentos mais íntimos de preocupação e medo com trabalhos do curso e em outras situações da vida. Aos meus familiares, cada um que me ajudou nesses 5 anos, de uma forma ou de outra. À Isabella Fernandes e Kelen Freitas, ao nosso trio, que se formou logo no primeiro ano, e mesmo distante permaneceu firme durante os 5 anos de faculdade, meu porto seguro do curso. À Coordenadora Catherine D’Andrea, quem me ajudou a tomar uma das decisões mais difíceis durante o curso, que me acalmou e me incentivou. Aos Conselheiros Tutelares do Conselho Tutelar II de Ribeirão Preto, meus companheiros de trabalho, que me fizeram enxergar outras realidades de vida, e assim que pudesse desenvolver esse trabalho da melhor forma possível. Ao David, meu ponto de paz e de equilíbrio no final da jornada, que me ajuda, me acalma e me incentiva todos os dias. Ao Raul, Hudson, Gabriel e Brendow, ao grupo que me acolheu quando precisei mudar de turma.



“Vestidos de farrapos, sujos, semi-esfomeados, agressivos, soltando palavrões e fumando pontas de cigarro, eram, em verdade, os

donos da cidade, os que a conheciam totalmente, os que totalmente a amavam, os seus poetas.” - Jorge Amado, no livro Capitães de Areia


RESUMO Os abrigos e centros de acolhimento existentes não resolvem o problema da situação de rua, apenas são um amparo por um curto período, não oferecendo atrativos para jovens permanecerem no local e almejarem uma mudança de vida, com as crianças e adolescentes voltando para as ruas em poucos dias. Portanto, o objetivo desse projeto, baseado em pesquisas em livros e estudos de caso e de campo, é o de criar um espaço onde os menores em situação de rua possam ter a oportunidade de aprender e crescer em busca de uma vida melhor.

Palavras-chave: 1. Crianças e adolescentes. 2. Moradores de rua. 3. Casa de passagem. 4.. Abrigo


ABSTRACT Existing shelters and host centers do not solve the problem of homeless, they are just a short-term solution, offering no appeal to young people stay and aim for a change of life, with children and adolescents returning to the streets in a few days. Therefore the purpose of this project, based on book research and case and field studies, is to create a space where street minors can have the opportunity to learn and grow, searching for a better life.

Keywords: 1. Children and adolescents. 2. Homeless people. 3. Host Center. 4. Shelter.


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[1] Introdução

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1.1 Delimitação do Tema

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1.2 Problemas

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1.3 Justificativa

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1.4 Objetivos

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1.5 Metodologia

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[2] Quadro Teórico

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2.1 Problemas que Levam os menores às ruas

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2.2 Estudos de Casos

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2.2.1 Acolhimento Infantil

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2.2.2 Casas de Passagem para Moradores de Rua

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2.3 Políticas Públicas e Projetos Sociais

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[3] Referências Projetuais

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3.1 Sesc 24 de Maio

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3.2 The Bridgde Homeless Assistance Care

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[4] Levantamentos Físicos

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[5] O Projeto

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[6] Referências Bibliográficas

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[7] Anexo A

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Imagem 1 – Criança pedindo esmola Fonte: https://www.acessepiaui.com.br/noticia/10917/Pobreza-e-mortalidade-infantil-voltam-a-crescer-no-Brasil . Acesso em: junho de 2019


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introdução

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1 INTRODUÇÃO


Por trabalhar no Conselho Tutelar II de Ribeirão Preto, pude vivenciar diversas situações envolvendo crianças e adolescentes. Um das situações que mais me prende a atenção, é quando aparecem casos de crianças e adolescentes em extrema vulnerabilidade social, que vão para as ruas, seja morar, ou então trabalha, vendendo balas, panos de prato, entre outros, para ajudar em casa. A falta de um equipamento que atenda essa população, me incentivou na escolha do objeto a ser apresentado.

introdução

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1.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA Título: Casa de passagem para crianças e adolescente que se encontram em situação de rua, para garantir proteção e apoio à curto ou médio prazo (pernoite - 2 anos).

1.2 PROBLEMAS Segundo um levantamento feito pela Secretaria Municipal de Assistência Social (SEMAS) e pelo Instituto Limite entre junho de 2017 e junho de 2018 aponta que existem 105 menores de idade em situação de rua.

e, a maioria, carregam histórico familiar – genitores detidos, usuários de substâncias psicoativas, moradores de rua. Muitos deles já estão confortáveis com a situação de rua, e já tiram seu sustento dela, muitos são usuários de drogas e colaboram para o tráfico, funcionando como “entregadores”. Quando necessitam, o Fale Assistência Social (FAS) é facilmente acionado pelo 0800-773-0161 – Central que recebe denúncias de diversos cunhos, sejam de crianças e adolescentes até de idosos – e o Conselho Tutelar, ou Abordagem, é requisitado no local para fazer o acolhimento da criança ou adolescente no Serviço de Acolhimento Institucional para Criança e Adolescente (SAICA). Os funcionários do SAICA relatam que as crianças abrigadas lá, que por algum motivo tiveram seus direitos violados, podem, facilmente, ser influenciadas pelas crianças e adolescentes em situação de rua que chegam lá, já que muitas vezes estes são acolhidos por vontade própria para sanar algumas necessidades básicas imediatas, sejam elas: higiene, alimentação ou dormitório. Sanadas as necessidades, eles saem do local, e os funcionários não podem obriga-los a permanecer abrigados.

13 introdução

Essas crianças e adolescentes cresceram em extrema vulnerabilidade


ou dormitório. Sanadas as necessidades, eles saem do local, e os funcionários não podem obriga-los a permanecer abrigados. Esse tipo de acolhimento seria eficaz se fosse possível uma mudança de vida e comportamento para eles, o que raramente acontece. E quando acontece a permanência do mesmo no abrigo é por pouco tempo, cerca de 2 meses, e acabam retornando para a rua, por não terem regras a seguir e não se sentirem presos.

1.3 JUSTIFICATIVA

introdução

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Em conversa com a Conselheira Tutelar Cármen Theodoro Gaspar de Lima (2019), a Não de mesma forma que funciona o Serviço de Acolhimento Institucional para Criança e Adolescente (SAICA), e sim de forma semelhante à que deveria funcionar o CETREM, além de possuir atividades para que o adolescente sinta o local como um atrativo e possa permanecer e estabelecer um outro tipo de vida. A Casa de Passagem que existe em Ribeirão Preto hoje – o CETREM – é destinada à moradores de rua adultos, ou seja, maiores de 18 anos, aceitam famílias, mas nunca crianças ou adolescentes desacompanhados, já que por lei (Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA), o acolhimento em instituição deveria ser feito, conforme preconiza o art. 7. Sendo assim, não podemos ignorar o fato de que, mesmo que exista uma lei para proteção dessas crianças e adolescentes para que sejam acolhidos, existem os que estão em situação de rua por “vontade própria” e não existe um equipamento público que atendam suas necessidades destinado exclusivamente para eles.


1.4 OBJETIVOS Objetivo Geral O presente trabalho visa projetar uma Casa de Apoio na cidade de Ribeirão Preto/SP para crianças e adolescentes que se encontram em situação de rua, afim de garantir a proteção e abrigos provisórios ou permanentes para os usuários.

Objetivo Específico Criar espaço para oficinas e aprendizados para capacitações; ala para vestiários; administração; áreas de lazer coletivas; local para preparo e consumo de refeições. Utilizar um edifício existente no centro da cidade que consiga atender toda a demanda de programa e com propostas arquitetônicas e tecnológicas que requalifiquem o local, mudando, se necessário, a planta do edifício, além de torna-lo um ambiente aconchegante e atrativo para os usuários.

1.5 METODOLOGIA Para alcançar os objetivos, é necessário estudar o público alvo, entender sua demanda e o porquê estão em tal situação, com auxílio de pesquisas bibliográficas, visitas em campo, para coleta de informações e estudo de casos que se assemelhem com a proposta. Para o projeto arquitetônico, a leitura de projetos com características que serão utilizadas como referências projetuais.

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abrigados apenas pernoites; ala para abrigados permanentes; banheiros e


Imagem 2 – Meninos dormindo juntos na calçada Fonte: http://escrevalolaescreva.blogspot.com/2015/04/se-os-direitos-das-criancas-fossem.html . Acesso em: junho de 2019


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2 QUADRO TEÓRICO



2.1 OS PROBLEMAS QUE LEVAM OS MENORES PARA AS RUAS Leite (1998) destaca que o perfil do menor de rua vem de um estereótipo antigo de opiniões públicas que expressam o que a maioria da sociedade pensa o “mito da negatividade, da sujeira, da lascívia, da preguiça, da ociosidade, da permissividade, da delinquência, mas também do abandono, da solidão, da tristeza, da pobreza, da vitimização” (LEITE, 1998, p. 23 apud BOTELHO et al., 2008, p. 363) e até de estudiosos desde o Império e rados problemáticos. “Os proponentes desse modelo eram juristas e médicos, psiquiatras ou higienistas, mas ainda assim o campo da saúde mental deu pouca atenção aos meninos de rua.” (LEITE, 1998, 2005 apud BOTELHO et al., 2008, p. 363).

Segundo Oliveira e Milnitsky-Sapiro (2007, p. 623), “é só a partir de meados dos anos 70 que o problema popularmente conhecido como menor abandonado (termo de conotação pejorativa) passa a ser assunto presente e foco crescente de atenção.”

O discurso sobre o menino de rua, ao mesmo tempo em que evidencia a carência, a necessidade de cuidados e atenção, coloca-o em um lugar despido de valor fálico. À menor dificuldade desliza-se do discurso da carência para o discurso do perigoso aquele que vive o ideal de poder gozar fora da lei, que não se sujeita; aquele que ameaça com seu gozo

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as políticas públicas na época sugeriam internação desses menores conside-


e precisa ser detido. (ROSA, 1999).

Existem premissas expressas pelo senso comum de que temos dois tipos de jovens nas ruas: aqueles que são inocentes e assim são facilmente induzidos a praticar pequenos crimes, como furtos ou entregadores de drogas, colaborando para o tráfico; e a outra de que o jovem tem uma pré-disposição psíquica perversa, “ele age perigosamente e deve ser internado urgentemente para tratamento.” (LEITE, BENTES & SCHMID, 2001 apud BOTELHO et al., 2008, p. 363). Contudo, nenhuma delas leva

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em consideração a origem sócio cultural do jovem.

Ferreira (2000) separa dois perfis: os meninos de rua e meninos na rua ou meninos trabalhadores e a partir desses dois grupos desenvolve uma cronologia sobre como os meninos vão morar na rua através do que ela chama de travessia (de meninos trabalhadores ou meninos na rua para meninos de rua).

Uma primeira pontuação necessária reside no termo já naturalizado “meninos de rua”. A preposição “de” denota uma relação de posse, pertinência, proveniência, origem. Não são da mãe ou do pai, como dizemos de outras crianças, “Este é de Paulo”, mas de rua. Ao dizer os meninos e a rua, colocamos os dois termos em relação, retificando uma representação já cristalizada - uma vez que a representação que se tem dessas crianças e adolescentes define o tipo de tratamento que se dá a elas. (FERREIRA, 2000, p. 4).


Os meninos trabalhadores são aqueles que não têm na rua um lugar de entretenimento e sim um local de violência. Tiram da rua o sustento próprio ou uma forma de tentar complementar a renda da família e se expõe a diversos trabalhos na rua até a mendicância, estabelecendo uma relação debarganha em que o menino oferta a sua condição “Compra pra me ajudar? ou Se não vai comprar, me dá um trocado ou uma coisa de comer?[...]. É por sua condição que o outro lhe deve algo.” (FERREIRA, 2000, p. 6); se organizam em bandos, com regras e locais divididos, limites territoriais, mantêm cumplicidade entre os membros e se protegem mutuamente, “vigiar ou lavar carros, fazer vendas ambulantes de vários produtos doins e flores, percorrem os bares e restaurantes da cidade, ao longo da madrugada.” (FERREIRA, 2000, p. 5).

O jovem não é criança e muito menos adulto; já não está dentro, nem totalmente fora do seio familiar. Assim, o adolescente começa a formar um mundo à parte. O que está em jogo na adolescência é “a capacidade do sujeito de integrar-se no campo sócio-simbólico, que testa sua capacidade de resposta desde o plano da identificação simbólica fundante” (SAGGESE, 2001, p. 83 apud BOTELHO et al., 2008, p. 362 )

A travessia pode ocorrer quando o menino chega em casa e se encontra em um ambiente totalmente desestruturados, muitos tem como o dinheiro que ganham nas ruas como uma forma de “passaporte” para adentrar a casa, outros com famílias com diversos problemas que vão desde fome à

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[...]. Perambulam pela cidade e muitos deles, como os vendedores de amen-


agressão física e doméstica. Assim o menor vê na rua um modo de fuga dos problemas, ou seja, um atrativo e o tempo passado nas ruas acabam intensificando até virarem meninos de rua. “O bando vai progressivamente substituindo os laços com a família, na medida em que o líder controla, vigia e pune, mas também protege cada um.” (FERREIRA, 2000, p. 6).

Assim, está feita a travessia... menino na rua - menino de rua. É importante ressaltar, porém, que não se trata de pensar esta como sendo uma trajetória comum aos meninos de rua nem, tampouco,

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as únicas razões determinantes de sua ida para a rua. Se trago esta questão é para assinalar que estas crianças e adolescentes podem encontrar neste percurso, as facilidades de sua permanência na rua, uma vez que, muitas vezes, estão excluídas da maioria dos bens sociais e dos serviços de assistência.[...] Quando a rua é a casa, é preciso produzir daí um saber e um conhecimento que é construído com astúcia e inteligência. Entrar na lógica da rua implica em de-significar uma série de coisas e valores. Sobreviver, quando tudo aponta para a morte não deixa de ser uma vivência sempre traumática. É preciso criar do nada. (FERREIRA, 2000, p. 6).

Em Meninos de Rua: Desafiliados em busca de saúde mental, Botelho et al. (2008) lista alguns dos problemas que podem levar o menor para as ruas “fugindo de dados reais de suas vidas, como: condições de moradia precárias, insalubridade, ‘casa cheia’, violência doméstica, fome [...] O que


queremos dizer é que ele “escolhe” a rua visando sua saúde mental. [...] ‘Escolha’ criativa, identificatória e libertária.” (BOTELHO et al., 2008).

Ser livre é o maior desejo de todo e qualquer adolescente; e no caso daquele que vive em situação de vulnerabilidade e desafiliação, esse desejo aparece na própria ambiguidade, como é visto nas instituições por onde ele passa. A liberdade é o maior desafio que ele enfrenta, e as instituições sociais tendem a infantilizar esse adolescente, tirando-lhe quase de, que vem associada à curiosidade, à sagacidade, à astúcia, ao imediatismo e à provisoriedade. (BOTELHO et al., 2008)

Assim o termo invencível cultural é criado por Leite (1998), “é um adolescente que aprende a ler as situações-limite que a sociedade oferece, analisando suas possibilidades de vida como lhe são colocadas e procurando as que lhe deem mais possibilidades de sobrevivência.” (apud BOTELHO et al., 2008). Seguir regras pra esses jovens é abrir mão de sua espontaneidade, criatividade e, principalmente, sua liberdade.

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sempre seus mecanismos de exercitar essa liberda-


2.2 ESTUDOS DE CASO 2.2.1 ACOLHIMENTO INFANTIL NO BRASIL No Brasil Colônia era comum a colocação de crianças em instituições da Igreja sem que a pessoa que o fez fosse identificada, o que, na época, preservava reputações de famílias com filhos bastardos, além de preservar a vida da criança. “Mesmo assim, muitos bebês faleciam antes mesmo de completarem um ano, em função de maus-tratos ocorridos dentro das pró-

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prias instituições responsáveis pelos cuidados” (SANTOS, 2004 apud ABREU 2016).

Ao longo da história brasileira, o acolhimento institucional de crianças e adolescentes era ditado pelos Códigos de Menores de 1927 e 1979, e visto como a principal solução do Estado. Ambos eram direcionados à Doutrina da Situação Irregular, ou seja, em grande parte menores em situação de pobreza e desvio social. Essas instituições eram grandes sistemas de internações, que tinham dois objetivos: “o primeiro dizia respeito à defesa do ‘menor abandonado’; o segundo tinha por foco defender a sociedade desse mesmo ‘menor’, que também era percebido como delinquente em potencial e, portanto, oferecia perigo à população.” (AIRES E cols., 2010 apud ABREU, 2016).

Em 1964, após o golpe militar, é criado a Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor (FUNABEM), órgão normativo que com diretrizes políticas e técnicas tinha o objetivo de implementar a política nacional do


bem-estar do menor, e assim foram criadas as FEBEMs, órgãos executivos. Grandes internatos já existentes foram rebatizados com o nome, outras instituições foram criadas, juntos com o eufemismo de “unidades educacionais” ou “terapêuticas”. “Criavam-se instrumentos para que o Estado pudesse se introduzir nas famílias e, assim, controlá-las.” (ABREU, 2016).

Foi sendo construído um sistema de proteção e assistência que permitia que qualquer criança em condição de pobreza fosse enquadrada sob a ação da Justiça e da assistência. Utilizando-se dos arguproteção, tais sistemas confinavam crianças e adolescentes em grandes instituições totais. (BRASIL, 2009 apud ABREU, 2016).

Pesquisas e estudos apontam essas instituições como espaços desumanizados e violentos. Mostram possíveis danos negativos de ordens psíquicas, afetivas e sociais às crianças e adolescentes que ficavam internados. (ABREU, 2016). Com o passar dos anos, o Código de Menores, em determinado momento, tornara-se insuficiente, frente à realidade modificada. Na transição entre uma e outra realidade, sob novos mecanismos de atenção ao problema da criança, destaca-se a atuação dos Juízes de Menores. É a partir da instalação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), através da Lei n° 8.069 (1990) que o acolhimento institucional começa a ser revisto e usado como último recurso, tendo o cuidado de separar a criança que sobre maus-tratos da criança carente, com limitações socioe-

25 quadro teórico

mentos de que a institucionalização era sinônimo de


econômicas. Essa evolução na legislação brasileira acompanhou diretrizes internacionais, sendo assim, possível ver muitas semelhanças de princípios entre o ECA (1990) e o outras normas internacionais, “como, por exemplo, a designação de crianças e adolescentes enquanto sujeitos de direito e a prioridade de mantê-los em seu meio de origem.” (ABREU, 2016). De acordo com o previsto em lei, o sistema de acolhimento institucional atual tem como proposta uma articulação com as redes assistenciais disponíveis, com objetivo de reintegrar crianças e adoles-

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centes às famílias de origem ou, caso a primeira opção não seja possível, colocá-los em família substituta. Os serviços passaram a ser considerados medidas protetivas, sob caráter excepcional e provisório. O encaminhamento deve ocorrer apenas quando todos os recursos que visem à manutenção na família de origem estiverem esgotados e não motivado apenas pela carência de recursos socioeconômicos. (ABREU, 2016).

Quando o encaminhamento à instituições de acolhimento é feito ele deve ter caráter provisório, com data para acabar, afim de cessar a institucionalização prolongada, não podendo ultrapassar o período de dois anos, “e, se isso vier a acontecer, deve ser em caráter excepcional e estar fundamentada em uma avaliação criteriosa realizada pelos diversos órgãos que acompanham o caso.” (ABREU, 2016). Caracterizando, assim, o acolhimento como transitório, e junto com ele os vínculos criados são breves e superficiais. O que causa uma certa confusão, já que para a criança ter um desenvolvimento saudável são necessários vínculos de afetividade, contudo vai con-


contra a intenção de promover o convívio e a reintegração familiar, ou seja retornar ao seu núcleo (interno ou extenso) de origem, que deve ser feito dentro desse período de dois anos. (ABREU, 2016).

[...] o acolhimento será dirigido a pequenos grupos e em espaços privados, onde objetos pessoais e registros relacionados a cada criança possam ser guardados, preservando assim sua intimidade e privacidade. Destaca-se a necessidade de respeitar a história e individualidade de cada um de modo a dades. (ABREU, 2016)

Portanto, o acolhimento institucional é provisório e oferecido em uma faixa-etária de 0 a 18 anos, podendo ter no máximo 20 acolhidos por instituição. “Sua organização deve ser semelhante à de uma residência, e sua localização em área residencial, e próxima da comunidade de origem do público atendido, a fim de favorecer o convívio familiar e comunitário.” (ABREU, 2016).

Em 2013 o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) produziu um relatório (Relatório da Infância e Juventude – Resolução nº 71/2011: Um olhar mais atento aos serviços de acolhimento de crianças e adolescentes no país) de inspeção em 86% das casas de acolhimento no Brasil.

27 quadro teórico

construir condições para a formação de suas identi-


Verificou-se um total de 29.321 crianças e adolescentes atendidos em abrigos e casas-lares e outras 1.019 atendidas pelo acolhimento familiar, somando mais 30.000 entre o ano de 2012 e 2013. A faixa etária é, de um modo geral, bastante ampla, e contempla em sua maioria indivíduos de 0 a 15 anos. Quanto aos modelos mais comuns, 53% das entidades tipo abrigo estão na região Sudeste, o que acompanha a maior concentração populacional nessa região, enquanto a casa-lar está mais concentrada na região Sul, e não existe nos Estados do Piauí, Acre e 24 Roraima. Na pesquisa de Assis e

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quadro teórico

Farias (2013) foi verificado que 78% de um total das 2.624 entidades pesquisadas já começam a se adequar aos parâmetros previstos nas normativas, tendo, no máximo, 20 crianças ou adolescentes atendidos por entidade. A região com maior dificuldade em seguir tais recomendações é a Nordeste. (ABREU, 2016).

Em visita feita ao SAICA, verificou-se que, atualmente, estão acolhidas cerca de 30 menores. O local possui um terreno amplo, com 5 casas construídas: 1 para administração, 3 para acolhimento e 1 para recâmbio (que inicialmente foi construída para ser berçário). As 3 casas de acolhimento possuem a mesma estrutura e mesma disposição dos cômodos, podendo ter até 16 abrigados cada. No momento, apenas 2 casas estão sendo utilizadas.


SAICA

quadro teórico

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QUADRILÁTERO CENTRAL

Mapa 1- Localização do SAICA em relação ao Quadrilátero Central Fonte: Google Maps. Modificado pela autora.


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Mapa 2 - Localização do SAICA Fonte: Google Maps. Modificado pela autora.

1 - Casa de Administração

Acesso Principal

2 - Casa de Acolhimento

Acessos Secundário

3 - Casa de Acolhimento 4 - Casa de Acolhimento 5 - Casa de Recâmbio


Imagem 3- Casa 2 de Acolhimento Fonte: Arquivo Pessoal

Imagem 4 - Casa 3 de Acolhimento Fonte: Arquivo Pessoal

quadro teรณrico

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A coordenadora Maria Aparecida de Souza relatou que o tempo que eles utilizam para fazer um estudo do caso de cada acolhido é de 3 meses, em que é verificado pelo corpo técnico se é necessário ou não permanecer acolhido ou retornar ao convívio familiar.. Outra funcionária do local, Maria Firoko relatou como é o processo com o acolhimento de adolescentes que não querem permanecer no local, ou então tem algum desvio de comportamento (agressão verbal, revolta, entre outros), ou que são usuários de drogas. Em casos extremos é feita um documento que o mesmo assina declarando que está saindo por vontade casos em que até fogem pulando as grades.

quadro teórico

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própria. Contudo, fazem o possível para que permaneçam local, mas que há

Imagem 5 - Dormitório Fonte: Arquivo Pessoal


Imagem 6 - Dormitório Fonte: Arquivo Pessoal

Imagem 7– Dormitório Fonte: Arquivo Pessoal

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quadro teรณrico

34 Imagem 8 - Dormitรณrio Fonte: Arquivo Pessoal

Imagem 9- Refeitรณrio Fonte: Arquivo Pessoal


Imagem 10 - Sala de Brinquedos Fonte: Arquivo Pessoal

Imagem 11- Sala de TV e Refeitรณrio ao fundo Fonte: Arquivo Pessoal

quadro teรณrico

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quadro teórico

36 Imagem 12 – Sala de TV Fonte: Arquivo Pessoal

Imagem 13 - Espaço de Armazenamento Fonte: Arquivo Pessoal


Imagem 14- Casa de Recâmbio Fonte: Arquivo Pessoal

Imagem 15 - Casa de Recâmbio Fonte: Arquivo Pessoal

quadro teórico

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2.2.2 CASAS DE PASSAGEM PARA MORADORES DE RUA Na antiguidade, a Igreja montava albergues, casas de apoio, e induzia pessoas à ajudarem os pobres e necessitados (crianças abandonadas, viúvas, doentes, viajantes e pobres) “vendendo a ideia de que, ajudando ao próximo, eram perdoados por seus pecados. Com o passar do tempo essa posição de voluntário ganhou lugar no mercado de trabalho, surgindo assim no século XX, o Serviço Social.” (VIEIRA, 1978 apud PEREIRA, 2014, p. 6). No Brasil da Primeira República, a modernização e a preocupação com a higiene tornam-se muito grande, importando diretrizes científicas

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dos Estados Unidos e da Europa, com a intenção de conter antigos costumes do capitalismo colonial. “A Abolição da Escravatura, a imigração intensiva de trabalhadores estrangeiros e a consequente adoção de relações assalariadas foram algumas das medidas tomadas para inserir o Brasil no processo civilizatório europeu” (SEVCENKO, 1998 apud ALBUQUERQUE et al, 2015, p. 6). A elite republicana achava que a miséria, tão presente, atrasava a modernização. A sociedade era dividida por uma lógica binária entre os “trabalhadores disciplinados” e os “ociosos e vadios”, em que se encontram as pessoas os moradores de rua, “a medicina social prescrevia novos hábitos (‘civilizados’) de vida, novos costumes, combatia a desordem relacionando-a à doença, oferecendo-se ao Estado como fundamento de uma política social racional e tecnicamente orientada” (RAUTER, 2003, p. 22-23 apud ALBUQUERQUE et al, 2015, p. 6). Atualmente, cada município no Brasil conta com uma Secretaria de Assistência Social. É fato que o investimento público nessa área, sobretudo para albergues, é mínimo, oferecendo ao usuário o básico do conforto e assistência, tanto física quanto psicológica.


Não existe de fato um trabalho (público) de construção de um processo de reversão dessa situação. O que vemos são abordagens truncadas, equivocadas, muitas vezes desrespeitosas e violentas, que visam apensas a limpeza das ruas da região central, é uma verdadeira ação higienista. [...] se todos os moradores de rua optassem por sair das ruas hoje, não haveria uma estrutura de acolhimento adequado. (CARAN, 2011, apud SCANDIUZZI, 2011).

ples, e de baixo custo, já que muitas vezes é utilizado um edifício préexistente, ou seja, por não serem projetados para a finalidade de albergue, a adaptação gera uma setorização e divisão dos cômodos. Até mesmo os abrigados preferem um local simples, que lembre o aconchego de suas próprias casas. (PEREIRA, 2014).

PROJETO OFICINA BORACEA O projeto Oficina Boracea foi elaborado e construído na gestão de prefeitura da Marta Suplicy, localizado na Barra Funda na cidade de São Paulo. O local é uma readaptação de antigos galpões onde funcionavam antigas oficinas de transportes da prefeitura. A Oficina foi o primeiro local na cidade de São Paulo pensado exclusivamente para acolher a população sem teto, desenvolvido para abrigar 680 pessoas. Com um programa amplo, o arquiteto contou com ajudas interdisciplinares: profissionais da assistência social, alunos e arquitetos da FAU/USP e representantes da prefeitura.

39 quadro teórico

A arquitetura que se encontra na maioria dessas edificações é sim-


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Imagem 16– Vista Superior e Esquema de Localização do Programa Fonte: https://issuu.com/franflausino/docs/francielly_flausino_lemos_-_tfg. Acesso em: abril, 2019


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Imagem 17– Planta Baixa Fonte: https://issuu.com/ senacbau2013_2017/docs/ vanessa_uehara_issuu. Acesso em: abril, 2019

Mesmo sendo uma adaptação de galpão, nota-se que o arquiteto adotou como programa a espacialização de uma forma fluída, de maneira que os espaços internos fossem conectados com o exterior através de pátios de convívios. Percebe-se que o arquiteto manteve a linguagem e materialidade dos galpões, blocos de concreto e a cobertura de estrutura metálica. Ainda assim, tenta diferenciar nos ambientes internos com uso de cores.


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Imagem 18 - Túnel de Acesso Fonte: http://www.loebcapote.com/projetos/19. Acesso em: abril de 2019

Imagem 19 - Dormitório Fonte: http://www.loebcapote.com/projetos/19. Acesso em: abril de 2019


Fonte: http://www.loebcapote.com/projetos/19. Acesso em: abril de 2019

Imagem 21 - Estacionamento de carrinhos Fonte: http://www.loebcapote.com/projetos/19. Acesso em: abril de 2019

43 quadro teórico

Imagem 20 – Pátio


2.3 Políticas Públicas e Projetos Sociais Segundo

Sposito

(2003b,

p.59),

o

termo

política

pública

“compreende a dimensão éticopolítica dos fins da ação, e deve se aliar, necessariamente, a um projeto de desenvolvimento econômico-social e implicar formas de relação do Estado com a sociedade.” (apud OLIVEIRA; MILNITSKY-SAPIRO, 2007, p. 624). Em 1995 Adolescentes de 15 a 19 anos somavam 15,7 milhões de pessoas, ou 10,4% da O Censo de 2000 do IBGE mostra que a mesma faixa-etária somava aproximadamente 18 milhões de pessoas. Já no Censo de

quadro teórico

44

2010 esse número cai para aproximadamente 17 milhões de pessoas. Como resultado, vivemos em 2000 um inédito pico demográfico do número de adolescentes, calculado em cerca de 50 milhões na faixa etária de 10 a 24 anos. Mais do que isso: entramos no novo século com a maior população juvenil da história demográfica brasileira (OLIVEIRA, 2001, p.54 apud OLIVEIRA; MILNITSKY-SAPIRO, 2007). Oliveira e Milnitsky-Sapiro (2007, p. 624) faz um resumo de vários autores e mostra que “a evolução das políticas de juventude na América Latina foi determinada ‘pelos problemas de exclusão dos jovens da sociedade’ e pelos ‘desafios de como facilitar-lhes processos de transição e integração ao mundo adulto”. A Constituição de 1988 passa a regular importantes princípios de reestruturação do sistema brasileiro de políticas sociais, dentre eles, uma ampliação e extensão dos direitos sociais. Ocorre, porém, que esses direitos ficam “no papel”, pois não há como coloca-los em prática, uma vez que as políticas públicas também vivem um momento de reformula-


ção, intensificado com a agenda do governo Fernando Henrique Cardoso, a partir de 1993. (OLIVEIRA; MILNITSKY-SAPIRO, 2007, p. 624-

625)

Em 1990 com o Estatuto da Criança e do Adolescente instituído (Lei n° 8.069, de 13 de Julho de 1990), a criança e o adolescente passa a ser visto como cidadão de direitos. “Em

2013 foi instituído o Estatuto da Juventude

(Lei nº 12.852, de 5 de agosto de 2013), que demarca princípios e diretrizes para as políticas públicas rantindo sua aplicação independente da vontade de quem esteja à frente da gestão pública.[...] privilegiam uma perspectiva inclusiva, compreendendo os jovens como participantes ativos e relevantes do contexto político e socioeconômico atual. Além do mais, por ser muito recente, seus efeitos jurídicos e políticos ainda são pouco visíveis O Estatuto prevê aos jovens direitos relacionados à diversidade, lazer, segurança pública e acesso à Justiça, saúde, educação, entre outros. Entretanto, quanto à moradia, apenas o art. 31 prevê que: “o jovem tem direito ao território e à mobilidade, incluindo a promoção de políticas públicas de moradia, circulação e equipamentos públicos, no campo e na cidade”. (BRASIL, 2013 apud ABREU, 2016, p. 24).

45 quadro teórico

voltadas a esse grupo, promovendo direitos e ga-


Em Ribeirão Preto, como forma de ajudar o adolescente no primeiro emprego temos fundações e associações que fazem o intermédio entre o adolescente e empresa públicas ou privadas. Entre elas estão a FUNDET, CIEE e o IAPE. FUNDET – Fundação de Educação para o Trabalho, é uma organização governamental, instituída pela Lei Municipal n° 2.673, de 19 de setembro de 1972. “Integra diferentes setores públicos e privados para a consolidação efetiva das Políticas Pública Municipal para o desenvolvimento integral de jovens e adolescentes em condições socioeconômicas desfavoreci-

quadro teórico

46

dos.” (PMRP). Foi criado o programa Braços Abertos, que promove a aprendizagem profissional com capacidade para atender cerca de 600 aprendizes por anos e em 2002 foi considerado, pelo Ministério do Trabalho, o melhor Programa de Aprendizagem realizado por uma Prefeitura em todo o Brasil. (PMRP). A Fundet busca parcerias e convênios com empresas privadas e instituições públicas para a inserção de adolescentes no programa de aprendizagem profissional, promovendo a cidadania e vivência profissional para adolescentes entre 14 e 17 anos que tenham no mínimo a matrícula no 8°ano do ensino fundamental. Os aprendizes possuem registro em carteira e todos os direitos trabalhistas e previdenciários previstos conforme dispositivos pela Lei do Aprendiz n°10.097/2000. (PMRP)


CIEE – Centro de Integração Empresa-Escola, é uma associação nacional civil de direito privado, sem fins lucrativos e de fins não econômicos. Possibilita aos adolescentes e jovens uma formação integral, ingressando-os ao mundo do trabalho. Criado em 1964, atualmente possui diversos serviços entre eles estágio, programa aprendiz legal, cursos onlines, podcasts, entre outros.

IAPE – Instituto de Apoio a Programas de Estágio e Aprendiz, é uma instituição particular de utilidade pública municipal, sem fins lucratipresas públicas e privadas. Além disso, executa projetos educacionais, de capacitação e de desenvolvimento de recursos humanos. Os serviços oferecidos pela Secretaria de Assistência Social como políticas públicas que inclui o público alvo são:

• O Conselho Tutelar, que é responsável por zelar pelos direitos da criança e do adolescente, da faixa etária de 0 à 18 anos. Foi criado juntamente com o ECA, seguindo assim, as Leis do mesmo. Age em conjunto com o CRAS, CREAS, SCFV, Ministério Público, Polícia Militar, outras Secretarias, entre outros. Em Ribeirão Preto se encontram 3 conselhos tutelares que atendem conforme área de abrangência estabelecida.

47 quadro teórico

vos. Por meio de convênios, desenvolve um programa de estágio para em-


• O CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) atende famílias que se encontram em vulnerabilidade social. “Serve como “porta de entrada” dos usuários à rede de Proteção Social Básica do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), recepcionando, acolhendo, escutando, orientando e sendo referência para os mesmos” (PMRP). Na cidade de Ribeirão Preto, atualmente existem 7

quadro teórico

48

CRAS localizados e distribuídos nas 5 regiões do município.

• O CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social), “oferta serviços, programas e projetos de caráter especializado, destinado à famílias e indivíduos em situação de risco pessoal e social, com violação de direitos. O usuário é inserido à rede de Proteção Social Especial, de média e alta complexidade. Ribeirão Preto conta com 3 CREAS, que atendem conforme área de abrangência estabelecida, assim como os Conselhos Tutelares.


• O SCFV (Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculo) – Núcleo da Criança e do Adolescente, ligado à Proteção Social Básica “visa atendimentos à criança e ao adolescente de 6 a 17 anos e 11 meses, no contraturno escolar, oferecendo-lhes atividades socio educativas complementares à escola, em atividades diárias nas áreas de esporte, cultura, lazer e cidadamentos espalhados nas periferias da cidade.

Com tantos serviços ofertados, é necessário verificar a defasagem de investimentos nessa área, com a falta de profissionais nos CRAS e CREAS. Vê-se o descaso do atual governo, que não contrata novos profissionais.

49 quadro teórico

nia.” (PMRP). O serviço conta com 14 equipa-


Imagem 22 – Menino mendigando na rua Fonte: https://www.revistapazes.com/o-sinal-vermelho-por-jose-adriano-goncalves/ . Acesso em: junho de 2019


02

3 REFERÊNCIAS PROJETUAIS


quadro teรณrico 24


INTRODUÇÃO O presente trabalho terá como referência principal de projeto o Sesc 24 de maio e o The Bridge Homeless Assistance Care. O Sesc 24 de maio foi o principal norteador para os estudos preliminares por ser um projeto em um edifício pré-existente. O corte esquemático-programático facilita o entendimento do projeto. As soluções estruturais encontradas, como o reforço com quatro pilares centrais que possibiliaproveitar a insolação natural e a construção da torre de serviços e circulação vertical ao lado do edifício existente, que permitiu melhor aproveitamento do espaço. Já o The Bridge Homeless Assistance Care será referência na constituição do programa e como o mesmo se organiza no terreno, voltado para uma área de convívio: o pátio interno. Além disso a organização dos dormitórios, que garantem privacidade para o usuário.

53 referências projetuais

taram a construção da piscina na cobertura , os panos de vidro que fazer


SESC 24 DE MAIO FICHA TÉCNICA Arquitetos: MMBB Arquitetos e Paulo Mendes da Rocha Localização: Rua 24 de Maio, 109 — República, São Paulo Área: 27.865m² Ano: 2017 O diferencial do Sesc 24 de maio está na sua localização privilegiada e seu entorno imediato. Fica a 350 metros do Vale do Anhangabaú e 260 metros do Teatro Municipal. A proximidade com diversas galerias como a Galeria do Rock Praxo de circulação de pessoas e mercadorias.

referências projetuais

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ças das Artes e Galeria do Reggae, faz com que funcionem com um constante flu-

Mapa 3 - Localização SESC 24 de Maio Fonte: Google Maps. Modificado pela autora.


Imagem 23 – SESC 24 de Maio Fonte: http://www.forumpermanente.org/noticias/2017/08/conheca-sete-destaques-do-sesc-24-de-maio-que-abre-as-portas-em-agosto-folha-de-sp . Acesso em: novembro de 2019.


referências projetuais

56 Imagem 24 – Prédio Mesbla 1940 Fonte: http://www.saopauloantiga.com.br/mesbla/ . Acesso em maio, 2019.

O projeto traz a ideia do reuso. O prédio era uma antiga loja de departamentos da Mesbla e recebeu novos usos, entre eles: cultura, lazer e esporte. Preservar parte da edificação existente foi levada em consideração porque o custo final da obra seria menor do que se demolissem o prédio e construíssem do zero. Contudo, a aquisição do prédio vizinho resultou em sua demolição para a construção de uma estrutura de apoio e serviços, o que resultou em maior aproveitamento do edifício da Mesbla.

Imagem 25 – Desenho Prédio Mesbla Fonte: http://www.saopauloantiga.com.br/ mesbla/ . Acesso em maio, 2019.


BLOCO PISCINA BLOCO ESPORTIVO

57 referências projetuais

BLOCO CULTURAL

circulação principal circulação torre de serviços

Imagem 26 – Corte Esquemático e Programático Fonte: Archdaily Acesso em: junho de 2019. Modificado pela autora.

Tem um programa complexo e amplo e para quebrar a monotonia dos pavimentos sobrepostos, com pavimentos intermediários que promovem cultura e lazer de contemplação, que acontece nos pavimentos da praça (térreo), convivência (3° pavimento) e o jardim da piscina (11° pavimento).


Uma nova estrutura com quatro pilares no vazio central do edifício foi construída para viabilizar uma piscina na cobertura e um auditório no subsolo. Nesse vazio é possível identificar alguns pavimentos com pésdireitos duplos conforme a necessidade do programa na área central, que ora encontra-se ocupada, ora vazia, conforme podemos ver nos pavimentos da administração, oficinas e de esportes.

referências projetuais

58 Imagem 24 – Prédio Mesbla 1940

Imagem 27 – Corte Esquemático Vazios e Visuais Fonte: http://revista5.arquitetonica.com/index.php/magazine-1/arquitetura/ocupacaosesc-24-de-maio-e-a-cidade-uma-analise-projetual-por-meio-da-metodologia-defrancis-ching2 Acesso em: junho de 2019. Modificado pela autora.


referências projetuais

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LEGENDA Imagem 28– Planta Baixa Fonte: Archdaily Acesso em: junho de 2019. Modificado pela autora.

Circulação Vertical Torre de Serviços e Circulação Vertical Pilares Acrescidos


referências projetuais

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Imagem 29 – Perspectiva Esquemática e Planta Baixa Fonte: http://revista5.arquitetonica.com/index.php/magazine-1/arquitetura/ocupacao-sesc-24-de-maio-e-a-cidade-uma-analiseprojetual-por-meio-da-metodologia-de-francis-ching2 Acesso em: junho de 2019. Modificado pela autora.


Fonte: Archdaily Acesso em: junho de 2019.

Imagem 31 – Interior SESC 24 de Maio. Fonte: Archdaily Acesso em: junho de 2019.

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Imagem 30 – Vista área SESC 24 de Maio.


referências projetuais

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Imagem 32 – Jardim da Piscina SESC 24 de Maio. Fonte: Archdaily Acesso em: junho de 2019.

Imagem 33 – Interior SESC 24 de Maio. Fonte: Archdaily Acesso em: junho de 2019.


Fonte: Archdaily Acesso em: junho de 2019.

Imagem 35 – Interior SESC 24 de Maio. Fonte: Archdaily Acesso em: junho de 2019.

63 referências projetuais

Imagem 34 – Auditório SESC 24 de Maio.


THE BRIDGE HOMELESS ASSISTANCE CARE FICHA TÉCNICA Arquitetos: Overland Partners Localização: Dallas, Estados Unidos Área: 75.000 m² Ano: 2008 O projeto é referência internacional para abrigos de moradores de rua. Um conjunto de 5 edifícios (recepção, serviços, depósito, pavilhão de por uma praça interna que oferecem atendimento 24h.

referências projetuais

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dormitórios e refeitório), capazes de atender até 6 mil pessoas, conectados

Mapa 4 - Localização The Bridge Homeless Assistance Care Fonte: Google Maps. Modificado pela autora.


Imagem 36 – The Bridge Homeless Assistance Care Fonte: https://epoca.globo.com/cultura/noticia/2017/08/novos-centos-culturais-de-sao-paulo-apostam-na-integracao-com-cidade.html . Acesso em: junho de 2019


O programa é composto por dormitórios fixos para pessoas que tem emprego, biblioteca, alas especiais para idosos e deficientes físicos, salas para atendimentos médicos e assistência social além de um espaço para animais de estimação, já que muitos moradores são acompanhados por eles.

referências projetuais

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Imagem 37– Planta de Situação e Programa Fonte: Archdaily Acesso em: junho de 2019. Modificado pela autora.


Como sistema construtivo foi utilizado a alvenaria de blocos de concreto e cores neutras ao longo de todo o complexo, os textos e poemas dos frequentadores é utilizado como forma de decoração e expressão pessoal.

Imagem 38– Dormitório Fonte: Archdaily Acesso em: junho de 2019.

LEGENDA Recepção Dormitórios Serviços Refeitório / Cozinha Armazenamento Refeitório Externo

referências projetuais

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The Bridge é extremamente sustentável, inclusive ganhou um prémio LEED, pois o mesmo possui teto verde no prédio do refeitório externo, sistema de reciclagem de água da chuva e aproveitamento da luz natural, com grandes aberturas (imagem 40).

referências projetuais

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Imagem 39 - Vista área do pátio Fonte: Archdaily Acesso em: junho de 2019.

O projeto diminuiu o número de sem tetos crônicos em 57% e a criminalidade da região em mais de 20% . Tem programas de emprego e para saúde mental e atende um vasto público.


Imagem 40 - Dormitório Fonte: Archdaily Acesso em: junho de 2019.

O projeto no último andar do prédio de Serviços, The Bridge tem uma ala para pessoas que irão permanecer mais tempo abrigados ali. Por estar no último andar de um dos prédios tem pouco fluxo de pessoas por ali, assim acaba por criar uma maior privacidade para o usuário.

referências projetuais

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Imagem 41 – Meninos usando drogas Fonte: https://blogdorobsonmoreira.blogspot.com/2015/03/drogas-o-cancer-da-sociedade-brasileira.html . Acesso em: junho de 2019


02

4 LEVANTAMENTOS FÍSICOS


O QUADRILÁTERO CENTRAL O Centro de Ribeirão Preto está compreendido entre as avenidas 9 de Julho, Jerônimo Gonçalves, Francisco Junqueira e Independência, tem uma malha regular e ortogonal das vias, com quadras de aproximadamente 90 metros. É caracterizado por maior concentração de atividades (comércio, serviços, cultura e lazer), e densidade demográfica. A cidade cresceu ao redor das praças XV de Novembro e Carlos Gomes, os casarões dos barões faziam a fachada imediata e a área que hoje se nomeia “baixada” já era composta por quadras de comércios e hotéis, já que onde hoje fica a rodovi-

levantamentos físicos

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ária, antigamente era uma linha férrea, ou seja, era por ali que chegavam as pessoas na cidade.

LEGENDA Calçadão

Área de maior concentração comercial e serviços Centralidade Principal Franjas Urbanas Misto de Alta Densidade Uso de Serviços Dispersos

Mapa 5 - Zoneamento Funcional da Área do Quadrilátero Central Fonte: Plano de Mobilidade de Ribeirão Preto. Modificado pela autora.


LEGENDA Volume grande de pedestre Volume médio de pedestre Polo gerador de viagens Área de maior concentração comercial e serviços

Mapa 6 - Fluxos de Pedestres em circulação na área do Quadrilátero Central Fonte: Plano de Mobilidade de Ribeirão Preto. Modificado pela autora.

Hoje, o fluxo de pedestres, o grande volume de pedestres se encontra mais distante dos polos geradores de viagens e mais próximos a área comercial do centro, onde as calçadas são mais largas e inclusive onde se localizam os calçadões, há melhor condição de caminhabilidade e um fluxo menos intenso de veículos. É possível observar que no perímetro da área de maior concentração de comércio e serviços o fluxo de pedestre diminui.

levantamentos físicos

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USO DO SOLO

levantamentos físicos

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Mapa 7 - Uso do Solo no Quadrilátero Central por Predominância Fonte: Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto/SP. Modificado pela autora.


Em análise do mapa podemos definir a multiplicidade e diversidade dos usos, que foi um dos motivos cruciais na escolha da área. Muitos edifícios da área de maior concentração de comércio e serviços possuem características multifuncionais, ou seja, possuem uma fachada ativa voltada em sua maioria para o comércio e os pavimentos superiores destinados à serviços e/ou residências.

levantamentos físicos

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LEGENDA Área Verde Comércio Institucional Habitacional Prestação de Serviço Local do Projeto

Mapa 8 - Uso do Solo no entorno do lote Fonte: Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto/SP. Modificado pela autora.


TRANSPORTE COLETIVO

levantamentos físicos

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Mapa 9 – Linhas de Transporte Coletivo e Paradas de Ônibus Fonte: Plano de Mobilidade de Ribeirão Preto. Modificado pela autora.


O Quadrilátero Central tem a vantagem de que a maioria das linhas de transporte coletivo passam no bairro ou então nos novos terminais ao lado da rodoviária, facilitando o transporte para qualquer área da cidade sem que precise fazer integração entre linhas municipais. Atrelado à facilidade de acesso, ao lado do prédio escolhido tem um ponto de ônibus (ponto 328), e no quarteirão da frente, na Praça das Bandeiras, tem mais quatro pontos de ônibus - dois na Rua Américo Brasiliense (pontos 329 e 330), um na Rua Visconde de Inhaúma (ponto 3573), e um na Rua Florêncio de Abreu (ponto 275).

LEGENDA ‘

Rede de transporte coletivo Pontos de parada

Calçadão Local do Projeto

Imagem 42– Pontos de ônibus próximo ao prédio Fonte: Arquivo Pessoal

levantamentos físicos

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EQUIPAMENTOS PÚBLICOS

levantamentos físicos

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Mapa 10 – Equipamentos Públicos Fonte: Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto/SP. Modificado pela autora.


Um dos principais motivos para que o local ficasse dentro do quadrilátero central foi por conta da quantidade de equipamentos públicos que existe no bairro, que funcionarão como um apoio à instituição. Muitas escolas do centro são particulares, mas ainda sim têm escolas públicas que atendem a partir do 1° ano do Ensino Fundamental até o Ensino Médio: -E.E. Fábio Barreto: do 1° ao 5° ano do Ensino Fundamenal - E.E. Dr. Guimarães Junior: do 5° ano ao 9° ano do Ensino Fundamental e Ensino Médio

- E. E. Conêgo Barros: Ensino Médio Além das escolas públicas ainda tem o Centro Cultural Palace, que promove aulas de dança, música , oficinas culturais entre outros.

LEGENDA Administração Pública

Cidade

Circulação e Transporte

Vizinhança

Cultura e Religião

Bairro

Educação

Região

Lazer e Esportes Saúde Segurança Pública Local do Projeto

79 levantamentos físicos

- E. E. Otoniel Mota: Ensino Médio


GABARITO

levantamentos físicos

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Mapa 11 – Gabarito no Quadrilátero Central por Predominância Fonte: Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto/SP. Modificado pela autora.


É possível analisar que conforme se aproximam da Avenida 9 de Julho (indo em direção à Zona Sul da cidade), as quadras tem predominâncias de edifícios com mais de 5 pavimentos, o que nos leva a evidenciar uma classe social com um poder aquisitivo mais alto. Na área central onde fica a maior concentração comercial estão quadras com alturas medianas, de 3 a 5 pavimentos, grande parte dos edifícios com pavimentos superiores voltada para prestação de serviços, como dito anteriormente. Na baixada, que faz parte das franjas urbanas estão pavimentos baixos, a maioria térreo ou com 2 pavimentos., e evidencia uma classe social com poder aquisitivo menor.

levantamentos físicos

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LEGENDA Área Verde 1 a 3 Pavimentos 3 a 5 Pavimentos Mais de 5 Pavimentos Local do Projeto Mapa 12 – Gabarito no entorno do lote Fonte: Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto/SP. Modificado pela autora.


FIGURA FUNDO

levantamentos fĂ­sicos

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Mapa 13 – Figura Fundo Fonte: Google Maps. Modificado pela autora.


Pode-se observar nos mapas 12 e 13 que a área estudada tem quadras densamente ocupadas, principalmente na faixa de maior concentração comercial, o que pode trazer a sensação de aprisionamento, por ser muito fechado. Portanto pretende-se criar mais áreas de convivências externas, entrando como diretriz projetual.

levantamentos físicos

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LEGENDA Edificações Local do Projeto

Mapa 14– Figura Fundo aproximado ao lote Fonte: Google Maps. Modificado pela autora.


Imagem 41 – Menino dormindo na calçada Fonte: http://www.jornaldaparaiba.com.br/vida_urbana/entidades-lutam-pela-inclusao-da-populacao-em-situacao-de-rua-no-censo-2020.html . Acesso em: junho de 2019


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5 O PROJETO


O projeto foi pensado a partir da necessidade de um equipamento para abrigar crianças e adolescentes que estão em situação de rua na cidade de Ribeirão Preto – SP. Pensando na grande oferta de outros equipamentos que servirão de apoio e na facilidade de acesso, optou-se por escolher uma área no quadrilátero central, já que a maioria das linhas de transporte coletivo tem parada no centro da cidade, ou nos terminais periféricos, conforme foi demonstrado na leitura do entorno. Estudando lotes para implantação, percebeu-se que o quadrilátero tem quadras densamente ocupadas, contudo, muitos prédios estão abando-

o projeto

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nados. Sendo assim, escolher um edificação pré-existente para implantação do projeto é uma opção viável. Pontuando os prédios abandonados, vê-se que vão de propriedades particulares até propriedades federais (Mapa X), com edificações em bom estado até inacabadas. Então adotou-se como diretriz de projeto implantar o equipamento em uma edificação que estivesse acabada, em bom estado de conservação e que também tivesse área edificada que atendesse o programa proposto.

LEGENDA Área Verde Imóvel Federal Imóvel Particular Imóvel Estadual Lote Não Edificado Obra Interrompida Edificação Escolhida

Mapa 15 - Imóveis sem uso/abandonados/ lotes privados não edificados Fonte: https://issuu.com/cinthiastecchini/docs/ cinthia_stecchini_-_pls-rp . Acesso em: junho de 2019. Modificado pela autora.


O prédio escolhido está localizado na Rua Américo Brasiliense, 426, local onde até o ano de 2015 funcionava uma das agências da Caixa Econômica Federal, antiga proprietária do prédio. Em 2018, a Prefeitura Municipal de Ribeirão Municipal adquiriu o prédio como uma forma de quitar débitos da Caixa junto à Prefeitura (MAULIN, Gabrie, 2019). A aquisição do prédio pela Prefeitura foi outro ponto importante para a escolha do prédio, pois segundo Pavini (2017), os gastos da Prefeitura apenas com aluguel de prédios somam R$13,5 mil por dia.

FICHA TÉCNICA Arquitetos: Ijair Cunha

87 o projeto

Área: 4.531,27m² Ano: 1982

Imagem 42– Fachada Frontal Caixa Econômica Federal Fonte: Arquivo Pessoal.


Conforme observa-se na figura abaixo, o edifício é cercado por outras edificações mais altas, o que colabora para a não incidência direta do sol pelos panos de vidro. Os ventos predominantes da área, assim como da cidade , são proeminentes do Sudeste, e é possível perceber correntes de ar grande parte do tempo na rua de frente ao prédio, ou seja, um ponto positivo para a ventilação natural. Observa-se que o prédio tem características do estilo modernista, adotando três dos cinco pontos de Le Corbusier: planta livre, fachada livre e janelas em fita, conforme as plantas originais (ANEXO A). Um ponto não utilizado no prédio é o da Laje Jardim, que posteriormente foi incorporado

o projeto

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como diretriz de projeto, a fim de criar mais uma área de convívio e de lazer contemplativo.

Mapa 16 - Estudo sobre insolação, ventos predominantes e edificações vizinhas. Fonte: http://www.todosmapas.com/mapa-de-ribeirao-preto-em_br-vxwb . Acesso em: junho de 2019. Modificado pela autora


introdução

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Imagem 43 – Caixa Econômica Federal Fonte: Arquivo Pessoal.


CONCEITO O presente trabalho tem por objetivo construir uma casa de passagem para crianças e adolescentes que estão em situação de rua. Sendo assim, projetar um local que seja acolhedor que os usuários para que se sintam confortáveis. Pela identidade tão marcante dos usuários que é a sede pela liberdade, o equipamento não deve ser fechado, ao ponto de que o usuário

o projeto

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se sinta preso, ou sufocado.

DIRETRIZES PROJETUAIS - Conexão com os equipamentos do entorno; - Integrar projeto com seu entorno; - Espaços coletivos de atividades em grupo: cursos, oficinas; - Espaços de convivência entre os usuários, funcionários e a população da cidade; - Espaços que zelam pela privacidade e individualidade dos usuários; - Espaços para cuidados da saúde mental dos usuários;


PROGRAMA DE NECESSIDADES - Área Coletiva: sala de jogos, sala de TV, informativa, biblioteca, salas para cursos/oficinas, refeitório;’ - Ala de acolhimento pernoite: dormitório coletivo masculino e feminino, banheiro/vestiário masculino e feminino; - Ala de acolhimento: dormitórios individuais, banheiro/vestiário masculino e feminino; - Atendimento/Administração: recepção, sala para atendimento social sala de reunião, copa, almoxarifado, banheiro feminino e masculino;

91 o projeto

(triagem), sala para atendimento psicológico, sala do coordenador,


o projeto 92


o projeto

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SISTEMA CONSTRUTIVO Por não ter acesso ao projeto estrutural do prédio, foi necessário fazer um ensaio sobre a estrutura com orientação do Prof. Ms. Marcos Silvério conforme as plantas disponibilizadas no Arquivo Público de Ribeirão Preto. Segundo os dados levantados, a estrutura da edificação é de concreto armado.

o projeto

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Imagem 44 — Esquema de estrutura e Circulação vertical Fonte: Elaborado pela autora


LEGENDA Vigas Pilares

Imagem 45 — Plantas Estruturais. Sem Escala. Fonte: Elaborado pela autora

o projeto

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ESTUDO PRELIMINAR Para um primeiro estudo e melhor entendimento de como será o edifício foi feito um corte esquemático dividindo os pavimentos de acordo com o Programa de Necessidades. A cobertura do prédio atualmente é com telhado, então para criar mais uma área de convívio optou-se transformar em laje jardim.

o projeto

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Imagem 46—Corte esquemático programático Fonte: Elaborado pela autora


o projeto

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LEGENDA Circulação Vertical Área de Convívio Jardim Banheiros Acesso Principal Acesso Secundário

Imagem 47— Planta de setorização Fonte: Elaborado pela autora


ESTUDO PRELIMINAR Ao longo do desenvolvimento do projeto, observou-se a necessidade de manter o subsolo como estacionamento para funcionários, além de entrada e saída de cargas (matérias, alimentos, lixo, doações, entre outros) O pavimento térreo após essa mudança, passou a ser para refeitório, lazer e áreas de convívio. Como o projeto do edifício atual preenche quase o lote todo, com apenas algumas áreas de recuo, para aumentar a iluminação e ventilação naturais, a primeira proposta é o recorte da laje na lateral direita e nos fun-

o projeto

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dos, aumentando o recuo (imagens 48 e 49) a partir do pavimento térreo. Contudo, após estudos sobre a estrutura, verificou-se que não haveria possibilidade do recorte da laje nos fundos, por conta do sentido das vigas ensaiadas. Sendo assim, apenas o recorte na lateral permaneceu, resultando em uma diminuição de 147,30m² por pavimento recortado.

LEGENDA Recorte Laje Fundo Recorte Laje Lateral

Imagem 48— Planta de recorte da laje Fonte: Elaborado pela autora

Imagem 49— Perspectiva de recorte da laje Fonte: Elaborado pela autora


LEGENDA Ventilação Insolação Recorte Laje

Imagem 50— Corte esquemático insolação e ventilação Fonte: Elaborado pela autora

Em um dos primeiros estudos a proposta para o térreo foi de colocar o refeitório na parte do trás do prédio e as áreas de lazer logo na entrada, próximo à recepção (imagem 51). Contudo ficava um grande corredor apenas para circulação horizontal, então novas setorizações foram pensadas para um melhor aproveitamento do espaço.

LEGENDA Refeitório Lazer Vestiários Acesso Imagem 51— Planta setorização estudo preliminar Fonte: Elaborado pela autora

o projeto

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ESTUDO DE INSOLAÇÃO Como visto anteriormente, o prédio é cercado por outros edifícios com alturas maiores a sua, o que, mesmo que tenha um fachada de vidro voltada para o norte, impede que a insolação seja tamanha ao ponto de ser um local quente no interior. Foi feio um estudo de insolação nos Solstícios de Inverno e de Verão, e nos Equinócios de Primavera e Outono em dois horários, às 10h00 e às 14h00. Posteriormente foram aplicadas venezianas em trilhos nas facha-

o projeto

100 EQUINÓCIO DE OUTONO, 10H00

SOLSTÍCIO DE INVERNO, 10H00

EQUINÓCIO DE OUTONO, 14H00

SOLSTÍCIO DE INVERNO, 14H00

Imagem 52— Estudo de insolação Fonte: Elaborado pela autora


SOLSTÍCIO DE VERÃO, 10H00

EQUINÓCIO DE PRIMAVERA, 14H00

SOLSTÍCIO DE VERÃO, 14H00

o projeto

101 EQUINÓCIO DE PRIMAVERA, 10H00


PARTIDO O projeto evoluiu até chegar à proposta final, que tem como partido a reutilização do espaço dando um novo uso se adaptando à estrutura original do prédio, modificando apenas em um local, sem que haja grandes prejuízos, para melhorar o conforto ambiental do interior, quando um recorte é feito nas lajes do térreo, 1º, 2° e 3° pavimentos, na lateral direita. Nas fachadas principais do prédio os panos de vidros são substituídos por alvenaria e grandes janelas. Venezianas de madeira correm por trilhos que acompanham toda a fachada onde antes ficavam os panos de vidro,

o projeto

102

com a finalidade de preservar a privacidade e individualidade dos usuários, mas também de dar a opção de entrar em contato com o exterior através dessas grandes janelas. Além disso, a composição das venezianas, com 4 cores (azul, verde, roxo e marsala), cria um visual divertido e descontraído.

Imagem 53— Perspectiva refeitório externo Fonte: Elaborado pela autora


o projeto

103

Imagem 54— Perspectiva fachada principal Fonte: Elaborado pela autora

O portão que existe junto à calçada, limitando a entrada ao prédio, é retirado, deixando a entrada edifício livre e convidativa, demonstrando que ali dentro eles não perderão sua liberdade ao ficarem presos à grades. As vedações externas que foram inseridas são de alvenaria. Já no interior, as novas divisões são feitas com drywall, com exceção nos dormitórios e na recepção, que foi usado blocos vazados, para criar um filtro visual.


ACESSO E FLUXOS O acesso principal ao prédio pode ser feito pela pequena escada junto à calçada ou então pela rampa. A rampa de acesso ao subsolo fica restrita aos funcionários, ou então para entrada e saída de cargas. O prédio tem duas torres de circulação vertical, tanto por escadas

ACESSO PRINCIPAL

como por elevador.

ACESSO SECUNDÁRIO

o projeto

104

LEGENDA Fluxos internos (Proporcional à espessura e tamanho da seta)

Como atrativo para a entrada, na calçado do prédio foram feitas formas orgânicas que levam para dentro do prédio, convidando a entrar. Ao entrar no prédio existe uma barreira física, contudo não de toda visual, já que é feita de blocos vazados, então é possível ver o que acontece do outro lado. A barreira serve para o usuário ser induzido a se dirigir para a recepção e realizar atendimento prévio.


Imagem 56— Entrada Fonte: Elaborado pela autora

Identificando a fome como um dos principais problemas para os usuários, logo após a recepção, após a parede de blocos vazados, há o refeitório e uma pequena área de lazer com sofá.

Imagem 57— Refeitório Fonte: Elaborado pela autora

o projeto

105


O equipamento tem capacidade para abrigar até 99 crianças e adolescente, dividido em duas alas: a ALA PERNOITE, ou seja, daqueles que passarão apenas a noite sem vínculo com o equipamento; e a ALA ACOLHIDOS , daqueles que decidem permanecer e assim criam responsabilidades para com o equipamento.

LEGENDA Pernoite Feminina Pernoite Masculina Acolhidos Feminina Acolhidos Masculina

o projeto

106

Imagem 59— Setorização 1° e 2° pavimentos. Sem escala. Fonte: Elaborado pela autora

Nos dormitórios, tanto na ala pernoite quanto na ala acolhidos, os módulos formam corredores e as divisões entre os módulos é feita com blocos vazados, que ao mesmo tempo que passam privacidade por ser uma barreira física, ainda estabelecem limites pois possibilita o contato visual entre os usuários.

Imagem 59— Dormitório Ala Acolhidos Masculino Fonte: Elaborado pela autora


Imagem 60— Dormitório Ala Acolhidos Mas-

As vigas aparentes foram coloridas em todos os pavimentos como forma de trazer mais cor ao interior do edifício entrando em contraste com a neutralidade causada pelo branco das parede e do cinza do cimento queimado, utilizado como piso em todos os pavimentos.

Imagem 61— Dormitório Ala Acolhidos Feminono Fonte: Elaborado pela autora

o projeto

107


Uma grande mudança proposta é a transformação da cobertura – que no projeto original é feita com telhas— em Laje Jardim, criando um novo espaço de convivência, que entra diretamente em contato com o entorno, local que contribui para que o usuário não sinta que perdeu sua liberdade.

o projeto

108 Imagem 62— Perspectiva Fonte: Elaborado pela autora

Imagem 63—Laje Jardim Fonte: Elaborado pela autora


Tanto no térreo, na parte de trás do lote é criado uma área de descanso e lazer contemplativo, com vegetação, e mobiliário confortável. Os mobiliários sobrem os pavimentos e vão para as varandas criadas nas extremidades como forma de criar mais áreas de convivência entre os usuários, abrigados e funcionários, que podem permanecer desfrutando do lazer contemplativo.

o projeto

109

Imagem 64—Área de Descanso Fonte: Elaborado pela autora


RUA ÁLVARES CABRAL

RUA TIBIRIÇA

RUA FLORÊNCIO DE ABREU

15,45

RUA AMÉRICO BRASILIENSE Implantação Esc.: 1/750

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO

ARQUITETURA E URBANISMO

ISABELLA IARA DE CASTRO ORIENTADORA: ALEXANDRA MARINELLI

Implantação Escala: 1/750

Rua Américo Brasiliense, 426 Ribeirão Preto/SP

110 N

CASA DE PASSAGEM PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE RUA


3.60

7.75

7.75

7.75

2.35

7.75

3,00

5,00

8,40

3.90

ELEV.

1,60

2,50

LEGENDA

3,90 2,50

2,50

2,60

2,50

ELEV.

DEPÓSITO

2,60

DEPÓSITO 3,90

Demolir Construir

Planta Baixa Subsolo - Demolição e Construção Esc.: 1/200

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO

ARQUITETURA E URBANISMO

ISABELLA IARA DE CASTRO ORIENTADORA: ALEXANDRA MARINELLI

Planta Baixa Subsolo - Demolição e Construção Esc.: 1/200

Rua Américo Brasiliense, 426 Ribeirão Preto/SP

N

CASA DE PASSAGEM PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE RUA

111


ELEV.

2,40 1,90

4,30

36,10

5,90

4,80

12,35

4,80

9,10

4,55

2,40

3,65

1,50

5,90

2,20

TELEX

7,35

4,80

11,00

4,15

COPA FRIA

3,35

15,45

4,00

7,85

2,40

4,95

5,90 1,90

5,50

2,40

ARM.

ELEV.

1,20

2,80

LEGENDA Demolir Construir

Planta Baixa Térreo - Demolição e Construção Esc.: 1/200

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO

ARQUITETURA E URBANISMO

ISABELLA IARA DE CASTRO ORIENTADORA: ALEXANDRA MARINELLI

Planta Baixa Térreo - Demolição e Construção Escala: 1/200

Rua Américo Brasiliense, 426 Ribeirão Preto/SP

N

CASA DE PASSAGEM PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE RUA

112


1,50

5,50

1,50

ELEV.

6,90 7,85

2,20

2,20

4,85

2,05

2,95

4,75

5,00

2,20

7,90

7,75

11,00

9,10

2,85

4,15

10,80

4,80

5,75

7,35

5,90

LEGENDA Demolir Construir

Planta Baixa 1° Pavimento - Demolição Esc.: 1/200

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO

ARQUITETURA E URBANISMO

ISABELLA IARA DE CASTRO ORIENTADORA: ALEXANDRA MARINELLI

Planta Baixa 1º Pavimento - Demolição e Construção Escala: 1/200

Rua Américo Brasiliense, 426 Ribeirão Preto/SP

N

CASA DE PASSAGEM PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE RUA

113


4,75

2,20

10,80

11,00

2,85

LEGENDA Demolir Construir

Planta Baixa 2 Pavimento - Demolição e Construção Esc.: 1/200

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO

ARQUITETURA E URBANISMO

ISABELLA IARA DE CASTRO ORIENTADORA: ALEXANDRA MARINELLI

Planta Baixa 2º Pavimento - Demolição e Construção Escala: 1/200

Rua Américo Brasiliense, 426 Ribeirão Preto/SP

N

CASA DE PASSAGEM PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE RUA

114


4,75

2,20

10,80

11,00

2,85

LEGENDA Demolir Construir

Planta Baixa 3° Pavimento - Demolição e Construção Esc.: 1/200

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO

ARQUITETURA E URBANISMO

ISABELLA IARA DE CASTRO ORIENTADORA: ALEXANDRA MARINELLI

Planta Baixa 3º Pavimento - Demolição e Construção Escala: 1/200

Rua Américo Brasiliense, 426 Ribeirão Preto/SP

N

CASA DE PASSAGEM PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE RUA

115


A

-2.10 S

-0.90

1,60

39,85

C

ELEV.

8,40

C P2 2,35

D

E

-2.20

D

F

F

1,35 3,00

17,25

P2

S

2,50

CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO

ARQUITETURA E URBANISMO

2,50

E

7,74

ISABELLA IARA DE CASTRO ORIENTADORA: ALEXANDRA MARINELLI

Planta Baixa Subsolo - Layout Escala: 1/200

Rua Américo Brasiliense, 426 Ribeirão Preto/SP

N

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

B

2,60

18,4

Planta Baixa Subsolo - Layout Esc.: 1/200

CASA DE PASSAGEM PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE RUA

CAIXA D'AGUA

CAIXA D'AGUA

A

ELEV.

3,90

2,50

DEPÓSITO

3,90

CASA DE BOMBAS

2,60

-2.20

VEST. FEMININO

VEST. MASCULINO

S

-2.20

-2.20

-1,62

P2

RAMPA i = 18%

-0,67

P2

2,50

DEPÓSITO

B

5,00

DEPÓSITO

116


QUADRO DE ESQUADRIAS

+0.60

P1

4,55

P1

5,90

4,80

LARGURA

ALTURA

PEITORIL

CAMARÃO

4,00 m

2,90 m

-

P2

ABRIR

1,00 m

2,10 m

-

P3

CAMARÃO

8,00 m

2,90 m

-

P4

ABRIR (2 folhas)

2,00 m

2,10 m

-

J1

CORRER

1,20 m

2,10 m

0,80 m

S

C

ELEV.

1,90

P1

D

JARDIM EXTERNO

C

4,30

36,10

2,40

A

TIPO P1

12,35

4,80

SALA DE JOGOS

E +0.60

ÀREA DE DESCANSO

D

P1

SALA DE FILMES

P3

REFEITÓRIO P4

9,10

F

P2

LAZER/TV

VEST. P.C.D. P1

P2

P2

ELEV.

ARM.

2,40

1,20

5,90

REFEITÓRIO ABERTO

1,90

SALA A.C. 2,80

14,60 m²

REFEITÓRIO

128,45 m²

COZINHA

43,20 m²

SALA DE FILMES

43,70 m²

SALA DE JOGOS

53,60 m²

ÁREA DE DESCANSO E CONVÍVIO

50,75 m²

SALA COORDENAÇÃO

16,40 m²

VESTIÁRIO FEMININO

30,50 m²

VESTIÁRIO MASCULINO

28,35 m²

VESTIÁRIO PCD

5,70 m²

E

A

ISABELLA IARA DE CASTRO ORIENTADORA: ALEXANDRA MARINELLI

Planta Baixa Térreo - Layout Escala: 1/200

Rua Américo Brasiliense, 426 Ribeirão Preto/SP

N

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO

ARQUITETURA E URBANISMO

SALA ASSISTENTE SOCIAL

B

Planta Baixa Térreo - Layout Esc.: 1/200

CASA DE PASSAGEM PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE RUA

25 m²

D

P2

B

QUADRO DE ÁREAS RECEPÇÃO

7,85

2,40

SALA COORDENAÇÃO

5,50

2,20

3,65

5,90

VESTIÁRIO MASCULINO

2,40

1,50

4,80

7,35

3,35

P2

VESTIÁRIO FEMININO

SALA ASSISTENTE SOCIAL

RAMPA i = 18%

4,95

4,00

P4

11,00

15,45

P4

4,15

F

RUA AMÉRICO BRASILIENSE

D

+0.60

RECEPÇÃO

0.00

COZINHA

117


A

QUADRO DE ESQUADRIAS TIPO

P2

C

J1

5,50

W.C. MASC

P2

GUARDA CORPO

P2

9,10 7,35

P2

2,10 m

-

P4

ABRIR (2 folhas)

2,00 m

2,10 m

-

J1

CORRER

1,20 m

2,10 m

0,80 m

J2

CORRER

1,20 m

1,10 m

1,80 m

P2

SALA DE CURSOS E OFICINAS 2

SALA DE CURSOS E OFICINAS 3

7,75

ÁREA DE DESCANSO E CONVÍVIO FRENTE

J1

WC PCD

4,20 m² (x2)

WC MASC. E FEM.

9,20 m² (x2)

SALA DE REUNIÃO

35,65 m²

SALA DE OFICINAS 1

71,45 m²

SALA DE OFICINAS 2

45,40 m²

SALA DE OFICINAS 3

44,85 m²

SALA PSICÓLOGO 1

50,75 m²

SALA PSICÓLOGO 2

9,20 m²

COPA

30,50 m²

SALA DOS FUNCIONÁRIOS

28,35 m²

INFORMÁTICA

50,00 m²

ÁREA CONVÍVIO FRENTE

23,50 m²

ÁREA CONVÍVIO FUNDO

45,50 m²

5,90

P2

J1

J1

J1

J1

J1

J1

4,80

P2

B

COPA FUNCIONÁRIOS ARM.

A

Planta Baixa 1° Pavimento - Layout Esc.: 1/200

CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO

ARQUITETURA E URBANISMO

ISABELLA IARA DE CASTRO ORIENTADORA: ALEXANDRA MARINELLI

Planta Baixa 1º Pavimento - Layout Escala: 1/200

Rua Américo Brasiliense, 426 Ribeirão Preto/SP

N

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

1,00 m

QUADRO DE ÁREAS

10,80

4,15

ELEV.

CASA DE PASSAGEM PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE RUA

ABRIR

J1

5,75

11,00 P2

P2

D

SALA DE REUNIÃO

P4

SALA DOS FUNCIONÁRIOS

B

-

J1

SALA PSICÓLOGO 1

SALA PSICÓLOGO 2

2,90 m

2,20

P2

P2

P2

P4

W.C. FEM

P2

2,85

PEITORIL

4,00 m

J1

2,20

SALA DE CURSOS E OFICINAS 1

ALTURA

CAMARÃO

P4

P2

7,90

J1

2,20

1,50

W.C. W.C. PCD PCD

2,05

ÁREA DE DESCANSO E CONVÍVIO FUNDO

D

1,50

SALA DE INFORMÁTICA

ELEV.

J1

J1

J1

GUARDA CORPO

7,85

J1

P2

5,00

J1

4,85

4,75

J1

2,95

J1

6,90

C

LARGURA

P1

118


A

P2

C

C P2

QUADRO DE ESQUADRIAS

J1 J1

J1

J1

J1

J1

J1

ELEV.

J1

TIPO

4,75 J1

LARGURA

ALTURA

PEITORIL

P1

CAMARÃO

4,00 m

2,90 m

-

P2

ABRIR

1,00 m

2,10 m

-

P4

ABRIR (2 folhas)

2,00 m

2,10 m

-

J1

CORRER

1,20 m

2,10 m

0,80 m

P4 2,20

ÁREA DE DESCANSO E CONVÍVIO

D

ALA PERNOITE FEMININA

J1

ALA PERNOITE MASCULINA

2,85

ÁREA DE DESCANSO E CONVÍVIO

P4 11,00

J1

GUARDA CORPO

GUARDA CORPO

D

VESTIÁRIO FEMININO

LAVANDERIA E DEPÓSITO DE MATERIAIS

VESTIÁRIO MASCULINO

10,80

QUADRO DE ÁREAS P2

VEST. PCD

J1

J1

J1

J1

J1

J1

ALA PERNOITE FEMININA (24 CAMAS)

127,30 m²

ALA PERNOITE MASCULINA (33 CAMAS)

158,80 m²

ÁREA CONVÍVIO FRENTE

23,50 m²

ÁREA CONVÍVIO FUNDO

45,50 m²

P2

B

P2

P2

B

ELEV.

LAVANDERIA E DEPÓSITO DE MATERIAIS 28,25 m²

ARM.

30,50 m²

VESTIÁRIO MASCULINO

28,35 m²

VESTIÁRIO PCD

5,70 m²

A

Planta Baixa 2° Pavimento (Ala Pernoite) - Layout Esc.: 1/200

VESTIÁRIO FEMININO

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO

ARQUITETURA E URBANISMO

ISABELLA IARA DE CASTRO ORIENTADORA: ALEXANDRA MARINELLI

Planta Baixa 2º Pavimento (Ala Pernoite) - Layout Escala: 1/200

Rua Américo Brasiliense, 426 Ribeirão Preto/SP

N

CASA DE PASSAGEM PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE RUA

119


A

P2

C

C P2 J1 J1

J1

J1

J1

J1

J1

ELEV.

J1

QUADRO DE ESQUADRIAS

4,75

TIPO

LARGURA

ALTURA

PEITORIL

J1 P4

P1

CAMARÃO

4,00 m

2,90 m

-

P2

ABRIR

1,00 m

2,10 m

-

P4

ABRIR (2 folhas)

2,00 m

2,10 m

-

J1

CORRER

1,20 m

2,10 m

0,80 m

2,20

ÁREA DE DESCANSO E CONVÍVIO

GUARDA CORPO

D

D

ALA ACOLHIDOS FEMININA J1

P4 11,00

J1

ALA ACOLHIDOS MASCULINA

P2

SALA DE DOAÇÕES

J1

J1

ARM.

ISABELLA IARA DE CASTRO ORIENTADORA: ALEXANDRA MARINELLI

127,30 m²

ALA PERNOITE MASCULINA (24 CAMAS)

171,21 m²

ÁREA CONVÍVIO FRENTE

23,50 m²

ÁREA CONVÍVIO FUNDO

45,50 m²

SALA DE DOAÇÕES

25,00 m²

VESTIÁRIO FEMININO

30,50 m²

VESTIÁRIO MASCULINO

28,35 m²

VESTIÁRIO PCD

5,70 m²

Planta Baixa 3º Pavimento (Ala Acolhidos) - Layout Escala: 1/200

Rua Américo Brasiliense, 426 Ribeirão Preto/SP

N

CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO

ARQUITETURA E URBANISMO

ALA PERNOITE FEMININA (18 CAMAS)

J1

B

Planta Baixa 3° Pavimento (Ala Acolhidos) - Layout Esc.: 1/200

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

J1

P2

ELEV.

CASA DE PASSAGEM PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE RUA

J1

J1

A

B

QUADRO DE ÁREAS

VESTIÁRIO MASCULINO

10,80

P2

VESTIÁRIO FEMININO

GUARDA CORPO

ÁREA DE DESCANSO E CONVÍVIO

2,85

120


A C

C

ELEV.

D

D

Planta Cobertura Caixa D'água e Casa de Máquinas Esc.: 1/200

B B

ELEV.

ARM.

Planta Cobertura Casa de Máquinas Esc.: 1/200

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO

ARQUITETURA E URBANISMO

ISABELLA IARA DE CASTRO ORIENTADORA: ALEXANDRA MARINELLI

Planta Baixa Laje Jardim - Layout/ Plantas de Cobertura Escala: 1/200

Rua Américo Brasiliense, 426 Ribeirão Preto/SP

N

CASA DE PASSAGEM PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE RUA

A

Planta Baixa Laje Jardim - Layout Esc.: 1/200

121


3.35

2,20

2,90

3.45

2.10 2.10

1.60

3.35 3.35

3.35

Corte AA Esc.: 1/200

1.60 2.65

2,30

2.80

Corte BB Esc.: 1/200

CASA DE PASSAGEM PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE RUA TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO

ARQUITETURA E URBANISMO

ISABELLA IARA DE CASTRO ORIENTADORA: ALEXANDRA MARINELLI

Cortes AA e BB Escala: 1/200

Rua Américo Brasiliense, 426 Ribeirão Preto/SP

122


3.85

5.60

Corte CC Esc.: 1/200

CASA DE PASSAGEM PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE RUA TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO

ARQUITETURA E URBANISMO

ISABELLA IARA DE CASTRO ORIENTADORA: ALEXANDRA MARINELLI

Corte CC Escala: 1/200

Rua Américo Brasiliense, 426 Ribeirão Preto/SP

123


2.20

1.60 0.45

2.10

2.90

0.60

0.45

0.80

0.50

2.20

0.60

Corte DD Esc.: 1/200

CASA DE PASSAGEM PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE RUA TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO

ARQUITETURA E URBANISMO

ISABELLA IARA DE CASTRO ORIENTADORA: ALEXANDRA MARINELLI

Corte DD Escala: 1/200

Rua Américo Brasiliense, 426 Ribeirão Preto/SP

124


Elevação Frontal Esc.: 1/200

CASA DE PASSAGEM PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE RUA TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

Elevação Lateral Direita Esc.: 1/200

CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO

ARQUITETURA E URBANISMO

ISABELLA IARA DE CASTRO ORIENTADORA: ALEXANDRA MARINELLI

Planta Baixa 2º Pavimento (Ala Pernoite) - Layout Escala: 1/200

Rua Américo Brasiliense, 426 Ribeirão Preto/SP

125


Elevação Posterior Esc.: 1/200

CASA DE PASSAGEM PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE RUA TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

Elevação Lateral Esquerda Esc.: 1/200

CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO

ARQUITETURA E URBANISMO

ISABELLA IARA DE CASTRO ORIENTADORA: ALEXANDRA MARINELLI

Elevações Posterior e Lateral Esquerda Escala: 1/200

Rua Américo Brasiliense, 426 Ribeirão Preto/SP

126


6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


-

-

-

- -

- -

-

-

- -

-

- -

129

referências bibliográficas

-

-

- - -

- -

-

-

-

-

-


-

-

-

-

- -

- -

- - -

- -

-

- -

- - - -

- - -

-

-

-

-

referĂŞncias bibliogrĂĄficas

130


ANEXO A


LEVANTAMENTO DE DADOS DO PRÉDIO NO ARQUIVO PÚBLICO DA PREFEITURA DE RIBEIRÃO PRETO - SP

referências bibliográficas

132


referĂŞncias bibliogrĂĄficas

133


referĂŞncias bibliogrĂĄficas

134


referĂŞncias bibliogrĂĄficas

135


referĂŞncias bibliogrĂĄficas

136


referĂŞncias bibliogrĂĄficas

137


referĂŞncias bibliogrĂĄficas

138


referĂŞncias bibliogrĂĄficas

139


referĂŞncias bibliogrĂĄficas

140



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