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ELISAS - OFICINA LITERÁRIA PARA MENINAS 1ª EDIÇÃO - VITÓRIA/ES - 2017 Elaborada e pensada pelo Boas de Prosa, Elisas é uma oficina literária para meninas que possui o objetivo final de contribuir para a formação de jovens e adolescentes que desejam conhecer mais sobre literatura, mercado editorial e escrita literária, com foco no estímulo de suas criatividades e identidades. Esta miniapostila foi feita para complementar o ensino presencial realizado entre março e abril de 2017, em Vitória, Espírito Santo. TEXTOS: Isabella Mariano e Juane Vaillant, com colaborações de Aline Miranda e Tamyres Batista Costa. ISABELLA MARIANO Isabella Mariano nasceu em 1992 e é formada em Jornalismo pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Atualmente, cursa o mestrado em Comunicação e Territorialidades pela mesma instituição onde se graduou e trabalha na área do jornalismo online e cultural. Gosta de diagramação, produção cultural e de um bocado de outras coisas. Mas, é claro, sua paixão maior é pela literatura. Tanto é que ela lançou, em 2013, um pequeno livro com suas poesias, chamado "gotas", que está disponível online. Ela também é autora do livro "Cortes lentos", lançado pela editora Pedregulho, em 2015. Apesar de preferir escrever poemas, também se dedica ao exercício da prosa no blog Boas de Prosa. Pode ser meiga e sensível em um texto e, noutro, ser uma verdadeira sanguinária. Faz parte. JUANE VAILLANT Juane Vaillant é formada em Rádio e TV pela Faesa, cursou Teatro na FAFI, faz parte do coletivo de produção e articulação cultural Assédio Coletivo e é apaixonada por tudo que envolva arte e cultura, de atuação a edição de vídeo - embora sua grande dedicação seja escrever. Contos, fanfics, artigos, poemas, roteiros... Apenas escrever. Juane gosta de se definir como uma pessoa vermelha. Tanto é que a cor estampou a capa de seu primeiro livro de contos, chamado "O mundo de cá" e lançado em 2015 pela editora Pedregulho. Intensa e calorosa. Mas não se avexe não, dê uma olhada em seus textos e verá que é muito fácil entendê-la. CONHEÇA: boasdeprosa.blogspot.com.br MÓDULO 1 Introdução ao tema Divulgados em 2016, os resultados da quarta edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, elaborada pelo Instituto Pró-Livro em parceria com o Ibope sobre o ano de 2015, mostraram que entre os escritores (as) que os brasileiros mais gostam de ler estão Monteiro Lobato,
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Machado de Assis e Paulo Coelho. Na edição anterior, que analisou o ano de 2014, o resultado foi o mesmo: os principais nomes citados eram de autores homens. Durante muitos anos, os livros mais elogiados, reconhecidos e estudados no Brasil eram escritos por homens. Temos aí nomes de grande importância como Machado de Assis, Raul Pompeia, Graciliano Ramos, Guimarães Rosa, Mário de Andrade e outros. Sempre em busca de seu espaço e independência, com o tempo, algumas mulheres alcançaram com suas obras o posto do que se chama de “clássico literário” como Clarice Lispector, Lygia Fagundes Telles e Cecília Meireles. Uma pesquisa coordenada por Regina Dalcastagnè, da Universidade de Brasília (UnB), demonstrou que as principais editoras brasileiras publicam, em sua maioria, obras escritas por homens. “Chama a atenção o fato de que os homens são quase três quartos dos autores publicados: 120 em 165, isto é, 72,7%. Cerca de 70 anos após Virginia Woolf publicar sua célebre análise das dificuldades que uma mulher enfrenta para escrever, a condição feminina evoluiu de muitas maneiras, mas a literatura – ou, ao menos, o romance – continua a ser uma atividade predominantemente masculina”. Ainda assim não há dados que demonstrem que as mulheres escrevem menos ou que não gostam de escrever. Ao citar Virginia Woolf, a pesquisadora Regina Dalcastagnè se refere a sua obra “Um Teto Todo Seu”, publicado originalmente em 1928. Nele, a escritora reflete sobre as condições das mulheres de sua época e a qualidade da literatura produzida por poucas delas e faz uma afirmação que ilustra bem a falta de mais nomes femininos na literatura brasileira: “Dê-lhe um espaço, um teto todo seu e quinhentas libras por ano, deixe que ela diga o que lhe passa na cabeça e deixe de fora metade do que ela hoje inclui, e ela escreverá um livro melhor algum dia”. Para que se haja mais mulheres escrevendo, é preciso que elas tenham tempo para ler, entender a literatura e, enfim, espaço para produzir. A escola pode servir de espaço para que novas escritoras desenvolvam sua escrita, e em muitos casos realmente serve, porém são poucas as iniciativas que permitem esse tipo de atividade no ambiente escolar. Pensando nessas questões, em 2014, a escritora Joanna Walsh lançou a campanha #ReadWomen2014 (em tradução livre: #LeiaMulheres2014), alertando para a falta de apoio e de espaço das escritoras, com o objetivo de fazer com que cada vez mais leia-se livros escritos por mulheres. A campanha foi bem recebida ao redor do mundo e inclusive inspirou a criação de uma série de clubes de leitura em diversos cantos do Brasil. Grupos, inclusive, que serviram de ponto de encontro para que jovens escritoras trocassem referências e incentivassem umas às outras.
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E esse é também o foco do Elisas - Oficina Literária para Meninas que, em sua primeira edição, em 2017, tem o objetivo final de contribuir para a formação de jovens e adolescentes que desejam conhecer mais sobre literatura, mercado editorial e escrita literária. Pretende-se ainda estimular suas criatividades, apresentando possibilidades futuras de atuação. O nome Elisa foi escolhido para intitular o projeto como uma referência à escritora, atriz e cantora Elisa Lucinda, nascida na cidade de Cariacica, no Espírito Santo; que em seus textos frequentemente expõe vivências e traços da identidade da mulher negra brasileira. A escolha por abrir as inscrições apenas para meninas é a base do projeto e dialoga com o foco do blog Boas de Prosa, idealizador da oficina, que é abordar assuntos cotidianos vistos pelos olhos de mulheres. Somos acostumadas a ler, ouvir e assistir produções masculinas, tendo uma visão de mundo praticamente unilateral, onde os problemas do “universo masculino” estão sempre à frente dos problemas femininos. As participantes do projeto acreditam que é necessário um movimento de união, proposição e resistência feminina para mudar esse quadro. Além de dar espaço para que as mulheres se expressem, o objetivo do Elisas é formar leitoras e escritas. Mulheres que não se sintam intimidadas ou relutantes na hora de mostrar seus trabalhos, seja na internet ou em publicações formais. O primeiro passo para isso é entender que seus problemas e questionamentos diários são tão importantes quanto os problemas masculinos. MÓDULO II Processo editorial e Divulgação Editoração é o nome que se dá ao processo de produção de publicações, sejam periódicas ou não, como livros, revistas, informativos, coletâneas, cartilhas, entre outras. Quando falamos da editoração do livro estamos nos referindo a tudo o que é preciso fazer para transformar uma ideia em um livro. Pode não parecer, mas aquele pequeno objeto que estampa as prateleiras de bibliotecas e livrarias passou por muita coisa antes de chegar lá. Segue uma lista de ações necessárias para a publicação de um livro impresso: - Pensar o conceito do livro; - Escrever; - Criar o projeto gráfico e diagramar; - Solicitar um número de publicação e um código de barras (ISBN); - Solicitar o registro da obra na Biblioteca Nacional; - Revisar o texto do livro; - Fazer orçamento para impressão do livro; - Imprimir.
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Todo esse processo pode ser feito por uma editora ou pelo autor de forma independente, ou seja, ele será sua própria editora. Entre as maiores editoras do Brasil estão a Rocco, a Companhia de Letras e a Intrínseca - esta que publicou livros como “A Culpa é Das Estrelas”, de John Green; “Como Eu Era Antes de Você”, da Jojo Moyes; e “O Lar da Srta.Peregrine Para Crianças Peculiares”, de Ransom Riggs. Citando esses autores, parece impossível conseguir publicar um livro, mas não é. Porém também não é simples. É preciso conhecimento e, infelizmente, dinheiro. Pensar o conceito do livro é basicamente ter a ideia. É responder à pergunta: “Sobre o que eu quero escrever?”. A partir daí, é preciso então escrever. E esse processo pode ser um dos mais demorados. Mais à frente veremos algumas técnicas para facilitar o desenvolvimento da escrita. Na hora de criar um projeto gráfico e diagramar, é preciso recorrer a algum profissional da área do design. Ele ou ela é quem irá fazer a arte do livro, quem vai deixá-lo bonito, antes de mandarmos para a impressão. O processo de revisão é feito ao mesmo tempo. Enquanto uma profissional se dedica a criar a arte para esse livro, outra terá a tarefa de corrigir os erros de digitação ou de gramática que estão no livro - mas nem sempre essa correção pode ou deve ser levada ao pé da letra. Solicitar um número de publicação, um código de barras (ISBN) e o registro da obra na Biblioteca Nacional são as partes mais burocráticas e que, geralmente, uma editora consegue fazer com mais rapidez. O ISBN - International Standard Book Number - é um sistema internacional padronizado que identifica numericamente os livros segundo o título, o autor, o país, a editora, individualizandoos inclusive por edição. Seu sistema numérico também pode ser convertido em código de barras, o que elimina barreiras linguísticas e facilita a circulação e comercialização das obras. E, para solicitar, basta fazer um cadastro no site www.isbn.bn.br, realizar a solicitação e, após, fazer o pagamento das taxas referentes. Da mesma forma, o registro da obra na Biblioteca Nacional cobra um valor específico atualmente de R$20. Para realizar essa solicitação, precisa-se apresentar cópia do RG e do CPF, comprovante de pagamento de taxa, uma cópia do conteúdo do livro, além de preencher uma ficha específica. Isso pode ser feito no Escritório de Direitos Autorais (EDA) no Rio de Janeiro ou pelos correios. Todas as informações podem ser obtidas no site www.bn.gov.br. Com o livro pronto, se o autor pretende ter a obra em mãos, é preciso avançar para a etapa da impressão. É importante realizar diversos orçamentos, isso é, entrar em contato com mais de uma empresa que trabalha com impressão de livros para comparar os valores. Nessa etapa, é necessário ter em mente quantos livros serão feitos (isso se chama tiragem). Após esse longo e cansativo processo, que pode envolver dezenas de profissionais, e com o livro já em mãos, é preciso vender o livro. E aí chegamos à parte da divulgação. Muitas
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editoras pequenas têm optado por participar de feiras para poder divulgar os livros de seus autores, como a Bienal, a Feira do Livro e outros eventos locais. Isso porque as livrarias costumam cobrar uma porcentagem da venda dos livros e isso acaba prejudicando empresas pequenas. É importante, no caso do Espírito Santo, participar dos eventos literários, como saraus, lançamentos, debates e palestras para poder conhecer outras autoras e, assim, divulgar seu livro. Uma das maiores formas de se divulgar algo é pelo boca-boca, ou melhor, falando pessoalmente. Outra forma não menos importante é falar sobre seu livro na internet. Uma opção é criar páginas no Facebook ou em outras redes sociais para contar sobre a história do livro e tudo o que motivou você a escrevê-lo. Como se pode ver, esse processo não é simples e, por isso, muitos autores preferem investir em uma editora. As editoras costumam cobrar taxas para realizar todo esse processo, por isso é necessário estar atenta às propostas para saber qual será a melhor para você e sua obra. As editoras Cousa e Pedregulho são duas editoras pequenas do Espírito Santo que tem feito esse trabalho. Também vale conhecer a Poesia de Papelão Cartonera, uma editora sustentável que publica livros artesanais com capas pintadas à mão com papelão reutilizado. MÓDULO III Mulheres e Ficção Ao longo dos anos, a mulher tem sido representada na literatura de várias formas. Como dissemos, durante muito tempo, os livros mais lidos eram escritos por homens que criavam personagens femininas à luz de suas perspectivas. No período do romantismo, a mulher era representada de forma idealizada, vista como um ser inatingível, frágil, transformando-a assim muitas vezes em objeto de desejo. Mesmo nas histórias infantis clássicas, as mulheres são retratadas como vítimas, que precisam ser salvas ou que precisam de um romance para cumprir sua missão. De qualquer forma, a mulher na literatura pouco se parecia com a mulher real. Com o aumento do público leitor feminino somado à inserção das mulheres no mercado editorial, essa forma de representação está começando a ser revisada. Para pensar melhor sobre o tema, apresentamos algumas personagens para análise e debate em aula. - Lucíola e Iracema (ambas de José de Alencar) foram construídas no período romântico da literatura e, portanto, foram idealizadas e objetificadas, a serviço do homem. - Capitu (de Machado de Assis) é uma personagem muito interessante, porque representa como a mulher costuma ser vista através de olhos masculinos. - Katniss (Suzanne Collins) e Hermione (J.K. Rowling) mostram o poder da mulher e seu protagonismo, sem deixar de incluir o romance.
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- Daenerys Targaryen (R. R. Martin), apesar de ter sido criada por um homem, é uma personagem forte, independente, guerreira e corajosa. Ela se envolve com homens, mas o romance não é central, apenas parte de sua história. - CINEMA: As princesas da Disney e a necessidade de romance para cumprir sua missão. Mas e Moana, Valente e Elsa? O que elas representam? - CINEMA: Mulher Maravilha: guerreira, corajosa, porém com um corpo que não condiz. A porcentangem de mulheres publicadas hoje em dia ainda é bem menor do que a dos homens. No Brasil, cerca de 70% dos livros publicados são escritos por homens. Apesar disso, 6 mulheres estão entre os 14 escritores mais bem pagos de 2016, segundo a revista Forbes. Isso nos mostra que há público leitor para as escritoras mulheres, porém o mercado, carregado de preconceito e machismo, ainda é fechado para elas. Uma das saídas têm sido as publicações independentes, através de editais de cultura, financiamento colaborativo ou financiamento próprio. Algumas mulheres para ler e conhecer: - Alice Walker (Condado de Putnam Geórgia, 9 de fevereiro de 1944) é uma escritora estadounidense e ativista feminista. É conhecida pelo livro “A Cor Púrpura”. Tem 34 livros publicados. - Ana Cristina Cesar (Niterói, 2 de junho de 1952 — Rio de Janeiro, 29 de outubro de 1983) foi uma poeta e tradutora brasileira. Possui 9 livros publicados. - Anne Rice (Nova Orleães, 4 de outubro de 1941) é uma escritora norte-americana, autora de séries de terror e fantasia, como o livro “Entrevista com o vampiro”. Possui 34 obras publicadas. - Carolina Maria de Jesus (Sacramento, 14 de março de 1914 — São Paulo, 13 de fevereiro de 1977) foi uma escritora brasileira. Conta com 8 livros publicados. - Clarice Lispector (Chechelnyk, 10 de dezembro de 1920 — Rio de Janeiro, 9 de dezembro de 1977) foi uma escritora e jornalista nascida na Ucrânia e naturalizada brasileira. Mais de 20 obras publicadas. - Chimamanda Ngozi Adichie (Abba, 15 de setembro de 1977) é uma escritora nigeriana, costuma falar sobre a mulher e suas vivências em seus livros. Tem 9 livros publicados. - Elisa Lucinda (Cariacica, 2 de fevereiro de 1958) é uma poeta, jornalista, cantora e atriz brasileira. Possui 13 livros publicados. - J.K. Rowling (Yate, 31 de julho de 1965) é escritora, roteirista e produtora cinematográfica britânica, conhecida por escrever a série de livros Harry Potter. Tem 15 livros publicados. - Suzanne Collins (Hartford, 10 de agosto de 1962) é escritora e roteirista, conhecida pela trilogia Jogos Vorazes. Tem 12 livros publicados. - Virginia Woolf (Londres, 25 de janeiro de 1882 - Lewes, 28 de março de 1941) foi uma escritora, ensaísta e editora britânica, conhecida como uma das mais proeminentes figuras do modernismo. Tem 13 livros publicados
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Outros nomes: Adélia Prado, Angélica Freitas, Audre Lorde, Beatriz Nascimento, Cecília Meireles, Conceição Evaristo, Cora Coralina, Hilda Hilst, Lygia Fagundes Telles, Lya Luft, Isabel Alende, Rachel de Queiroz, Simone de Beauvoir, Suzanne Collins, Wisława Szymborska. Escritoras do Espírito Santo: Adriely Miguel, Aline Dias, Ana Carolina Assis, Andréia Delmaschio, Andressa Zoi Nathanailidis, Bernadette Lyra, Cora Made, Isabella Mariano, Izabela Orlandi, Juane Vaillant, Laíssa Gamaro, Lilian Menenguci, Luisa Soresini, Livia Gegenheimer, Karen Almeida de Assis, Naira Valente, Nieve Matos, Rissiane Queiroz, Sarah Vervloet, Suely Bispo. Quem foram as irmãs Brontë? As três irmãs, Charlotte, Emily e Anne Brontë, conseguiram notoriedade no universo literário em meados do século XIX, na Inglaterra. Elas tiveram que enfrentar muitas dificuldades para conseguirem publicar seus livros. Por serem mulheres, temiam não serem aceitas no universo da literatura, portanto faziam uso de pseudônimos. Charlotte publicou diversos livros e o seu romance mais conhecido, “Jane Eyre”, ela escreveu com o pseudônimo Currer Bell. Emily, que escrevia sob o pseudônimo Ellis Bell, é autora do livro “O Morro dos Ventos Uivantes”, hoje considerado um clássico da literatura mundial. E Anne, com o pseudônimo Acton Bell, publicou em 1848 o livro “A Inquilina de Wildfell Hall”, considerado um dos primeiros romances feministas. MÓDULOS IV + V Escrita criativa - contos e poemas Rotina de escrita É muito importante escrever com muita frequência quando iniciamos o processo. Só a prática nos faz ver quais são nossos pontos fortes e fracos e qual é nosso estilo literário. Uma boa forma de começar a criar uma rotina de escrita é escolher um horário (que seja bom para você todos os dias ou na maioria deles) para escrever algo que você observou durante o dia. Você pode criar um padrão de acordo com o que você mais gosta, como por exemplo “ter no máximo cinco linhas” ou “ser sempre um poema” para facilitar a execução. Não se esqueça de colocar o despertador para tocar ou anotar na agenda ou encher a parede de lembretes. Word prompt Word prompt, também conhecida como “palavras de gatilho”, são ideias e provocações para que a pessoa se sinta motivada a escrever. Elas são utilizadas para evitar o famoso “branco” quando vamos tentar começar a escrever alguma coisa. Eis aqui alguns exemplos: - Escreva sobre o ponto de vista de um amigo imaginário - Escreva um poema sobre um poema - Escreva sobre o ponto de vista de uma cor
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- Escreva sobre um sonho que parecia muito real - Escreva uma memória de infância em cinco linhas. - Escreva 25 frases começando com a palavra “verde”. - Conte uma história com apenas 5 frases e comece cada uma delas com uma vogal diferente - Pegue uma manchete de jornal e transforme em uma poesia. - Digite o nome de um objeto no google. Coloque em “imagens” e escreva um poema sobre a primeira imagem que aparecer. Transformando poemas Essa atividade consiste em utilizar um poema já existente, para criar outro. Pode fazer isso de várias formas, mas estes quatro passos podem ajudar no momento inicial. Passo 1: Escolha um poema e leia atentamente. Leia quantas vezes forem necessárias para entender tudo que o poema diz para você. Passo 2: Reescreva o poema modificando apenas a ordem das frases, das palavras ou da pontuação. Obs.: não coloque, nem retire nenhuma palavra. Passo 3: Escolha três frases do poema e refaça tentando dar o sentido inverso do que você entendeu. Passo 4: Escreva um poema com a mesma ideia do poema escolhido, mas que não tenha a maioria das palavras do outro. Use a criatividade e não se esqueça de colocar o seu olhar e estilo literário. Obs.: Você pode fazer todas as coisas em um dia só, ou cada etapa em um dia. As duas formas são válidas e os resultados serão muito diferentes. Três Palavras Geralmente se faz esse exercício em duplas, mas dá para fazer com quantas pessoas quiserem. É só questão de logística e planejamento. As duas pessoas pensam em três palavras (cada uma) e falam uma para a outra pessoa. Após isso, as duas têm que criar um poema ou conto utilizando as três palavras que recebeu. É interessante tentar ilustrar ou usar recursos de poesia concreta para passar melhor a mensagem. Uma forma de fazer o exercício em grupo é colocar várias palavras em um pote, retirar três e todos escrevem a partir dessas palavras. Para aumentar o grau de complexidade, escolher palavras de categorias diferentes ajuda: um substantivo, um verbo e um adjetivo, por exemplo. Mudança de ponto de vista Um dos recursos mais interessantes da literatura é o ponto de vista, ou seja, quem está contando. A primeira - e importante - subdivisão é entre o narrador personagem (que faz parte da história e a conta em primeira pessoa) e o narrador observador (que não faz parte da história e conta em terceira pessoa). No primeiro caso, o ponto forte é o mergulho na psique do personagem, a possibilidade de explorar os sentimentos do mesmo. Já no segundo, o autor
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fica mais livre para mostrar vários aspectos da história, sem que o protagonista esteja necessariamente presente. Mas dentro desses formatos muita coisa pode ser feita. Por exemplo, esse narrador personagem, ele é o protagonista ou está falando sobre a vida de alguém? Ele era próximo dessa pessoa? Ele gostava dela ou não? Para esse exercício, escolha um conto de até três páginas e reescreva com outro ponto de vista. Vale tanto mudar o estilo narrativo como o personagem que narra. Tente pensar em uma voz própria para esse narrador, sempre lembrando que ele não precisa pensar como você. Diário de bordo Ao menos uma vez por semana, conte algo que aconteceu com você, em forma de poema. Durante o dia, tente observar a sua volta. A paisagem, as pessoas, as conversas, os cheiros, a luz… De tudo um pouco. E quando for escrever, use um desses elementos: - O nome de uma rua - Um número de ônibus - Um prédio público - Uma hora do dia - O nome de um mês ou estação do ano - Um objeto de uso cotidiano - Um personagem real (alguém que você conviveu durante essa semana) - O seu próprio nome Essa é uma ótima maneira de exercitar o texto descritivo. Destrinchar a paisagem, as sensações dos personagens, a luz, o clima… Tudo isso é importante para contar uma história. E se? A imaginação é um dos combustíveis da escrita, assim como os sentimentos e as vivências do dia a dia. Imaginar como seria um mundo em que os bruxos existissem, com escolas e portais numa estação de trem, foi o que levou a escritora J.K. Rowling a escrever a famosa saga Harry Potter. Ela imaginou e, é claro, incluiu em seu universo imaginário tudo o que gostaria de transmitir com a escrita. A imaginação, às vezes, é uma bela forma de se entender a nossa própria realidade. Então, faça o seguinte exercício: pense em um objeto ou em um sentimento e, em seguida, pense em um verbo. Por exemplo: amor (sentimento) e falar (verbo). A partir daí, crie uma pergunta neste modelo: e se o amor falasse? Com base nessa pergunta, escreva um texto, pode ser um conto, um miniconto ou um poema. E se a televisão voasse? E se os livros andassem? E se o tempo fosse uma pessoa? Esse é um bom exercício para quem se interessa por livros de literatura fantástica, como Harry Potter, Senhor dos Anéis, As Crônicas de Nárnia e outros.
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REFERÊNCIAS AGÊNCIAS BRASILEIRA DE ISBN. Disponível em: www.isbn.bn.br. BIBLIOTECA NACIONAL. Disponível em: www.bn.gov.br. INSTITUTO PRÓ-LIVRO. Retratos da Leitura no Brasil - 4ª edição. Disponível em: prolivro.org.br/home/images/2016/Pesquisa_Retratos_da_Leitura_no_Brasil_-_2015.pdf DALCASTAGNÈ, Regina. A personagem do romance brasileiro contemporâneo: 19902004. Disponível em: periodicos.unb.br/index.php/estudos/article/view/2123/1687. WOOLF, Virginia. Um teto todo seu. São Paulo: Tordesilhas, 2014. FORBES. 14 escritores mais bem pagos de 2016. Disponível http://www.forbes.com.br/listas/2016/08/14-escritores-mais-bem-pagos-de-2016/
em:
REVISTA FÓRUM. 40 escritoras para ler antes de morrer. Disponível http://www.revistaforum.com.br/2014/10/28/40-escritoras-para-ler-antes-de-morrer/.
em:
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elisas Conheรงa: boasdeprosa.blogspot.com
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