Centro de Educação Ambiental e Formação Social TFG

Page 1



CENTRO UNIVERSITÁRIO BELAS ARTES DE SÃO PAULO ARQUITETURA E URBANISMO

CENTRO DE FORMAÇÃO SOCIAL E EDUCAÇÃO AMBIENTAL

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO ORIENTANDA: ISABELLA CAPPELLI VILAR ORIENTADOR: LUIS FELIPE XAVIER

SÃO PAULO 2019



AGRADECIMENTOS

À minha familia pelo suporte, apoio e pelas melhores oportunidades que uma pessoa poderia ter, principalmente aos meus pais Patricia e Adelino, que nunca pouparam esforços para realizar meus desejos, minha avó Rita pelo cuidado, carinho e empatia admirável. Sem eles nada disso seria possível. Aos amigos que fiz na faculdade, que se tornaram minha segunda família, por todo incentivo, toda risada, todos os momentos de alegria compartilhados, não só momentos bons, mas pelas dificuldades e angústias enfrentadas, noites sem dormir, desabafos mas que sempre estenderam a mão para ajudar, pelas rodas de conversa que me acrescentaram, por todo compartilhamento de informação e por tudo que fizeram que auxiliou em minha mudança e crescimento pessoal. A todos os professores que me serviram de inspiração, mostraram com paixão toda a beleza da profissão de um arquiteto e urbanista, ensinamentos que me fizeram aprender que a arquitetura vai muito além do edifício, do espaço projetado, ela é o ponto de partida das relações humanas nos espaços. Ao meu orientador Luis Felipe, por ter abraçado a ideia do tema, por ter acreditado (e me fazer acreditar nas horas de desespero) fortemente no projeto, por todo auxílio nas pesquisas, na construção dos conceitos, por estar presente 200% do tempo e por todo suporte ao longo do semestre. Ao meu namorado Caio, por ter me acompanhado no processo da execução do trabalho, por ter servido de amparo para tudo que foi preciso, por todo amor e carinho comigo e principalmente pela enorme paciência. A todos que de alguma forma contribuíram com a minha formação ao longo destes cinco anos, a que venho concretizar todo meu conhecimento aprendido através deste trabalho.


“A grande mudança que necessitamos fazer é de consumo, para a produção, mesmo que em pequena escala, em nossos próprios quintais. Se 10% de nós fizessem isso, haveria o suficiente para todos. Assim, vê-se a futilidade dos revolucionários que não tem jardins, que dependem do próprio sistema que atacam, que produzem palavras e balas, e não alimento e abrigo.” (Bill Mollison)

“É dentro do coração do homem que o espetáculo da natureza existe; para vê-lo, é preciso senti-lo.” (JeanJacques Rousseau)


SUMÁRIO RESUMO INTRODUÇÃO

8 10

tema justificativa objetivos metodologia

REFERENCIAL TEÓRICO educação ambiental

12

permacultura alimentação bioconstrução técnicas de bioconstrução sistemas agroflorestais agricultura sintrópica PANCs resíduos sólidos urbanos

ESTUDOS DE CASO centro de cultura max feffer escola no uruguai ekôa

42

LOCAL contexto urbano

54

contexto histórico área de intervenção

PROJETO

70

CONCLUSÃO

108

REFERÊNCIAS

110


RESUMO A inquietação frente aos problemas ambientais é enorme, vivemos em um tempo em que a ganância fala mais alto do que o cuidado com o ecossistema. É um paradoxo acabarmos com nossos biomas, a terra, geradora de vidas, quando vamos entender que o verdadeiro valor da natureza é inestimável? Quando vamos dar importância a essas questões? Diariamente somos bombardeados de notícias a respeito das atrocidades cometidas na natureza por meio da ação humana, com um único propósito, o acúmulo de capital. É necessário a tomada de atitude para que haja mudança, e mais importante, é necessário assumirmos a responsabilidade de nossas ações diárias para que outros entendam a importância do hábito sustentável e abandonem a prática do consumo pelo consumo (desenfreado). A transição começa pela sensibilização da necessidade de mudança dos hábitos individuais em busca do bem comum - na forma como produzimos e nos reproduzimos socialmente. A alimentação, por exemplo, é algo necessário do cotidiano, que precisamos fazer (no mínimo) duas vezes ao dia. Se nos alimentamos todos os dias de um alimento que nós mesmos cultivamos, criamos uma conexão de autoconhecimento com o nosso corpo e o alimento que foi fornecido pela terra. O processo de apropriação de como as coisas são conectadas - alimento, terra, ambiente, ser humano, etc - se inicia em uma pequena escala e pode tomar forma (e corpo) conforme estas ações se tornam hábitos inseridos em uma totalidade maior. A reflexão sobre como os processos estão conectados ajuda-nos a compreender a importância do manejo adequado dos recursos - da extração dos recursos minerais à gestão do ciclo de vida útil de cada material. Desta forma podemos alcançar uma maior otimização de todos recursos envolvidos - minerais, materiais, humanos, sociais e ambientais. O trabalho parte do conceito de permacultura como ensinamento (e trocas), a partir da experimentação e reflexão de práticas sensíveis ao ciclo de vida útil de cada sistema empregado, para a mudança no habitar das pessoas. Vislumbramos propor um espaço que possa estabelecer trocas dialogadas com os participantes das atividades e aos transeuntes que passarem pelo local (como uma escola aberta). Através de ações e experimentações de bioconstrução. permacultura, nutrição, agricultura sintrópica, PANCs, gestão de resíduos sólidos, educação ambiental e formação social pretendemos refletir sobre outras formas de pactuarmos nossa ação no meio - que busquem o bem comum.

8 | resumo


ABSTRACT There is a significant concern regarding environmental problems; we live in an era in which greed speaks louder than the care we have for the environment. Our destruction and lack of care towards the environment and biomes that bring us life, can be seen as a paradox. When will we truly understand that nature’s value is priceless? When will we give importance to these issues? We are constantly bombarded with news about the atrocities perpetrated in nature through human action, with capital accumulation being its only purpose. In order to have a change, action much be taken. But most importantly, it is vital that we take responsibility of our daily actions so that others understand the importance of sustainable habit and abandon the practice of consumption for the consumption (rampant). The transition begins by raising awareness of the need to change individual habits in search of the common good – in the way we socially produce and reproduce. Food, for example, is something necessary for everyday life, which we need to have (at least) twice a day. If we feed ourselves something that we grow ourselves, we create a connection of self-knowledge with our body and the food that was provided by the earth. The process of appropriation of how things are connected – food, land, environment, human being, etc. – begins on a small scale and can take shape (and body) as these actions become more common habits. Reflection on how processes are connected helps us understand the importance of adequate management of resources – of the extraction of mineral resources to the management of each material’s life cycle. In this way, we can achieve greater optimization of all resources involved – mineral, material, human, social and environmental. Work starts from the concept of permaculture as teaching (and exchanged), from the experimentation and reflection of practices sensitive to the life cycle of each system employed, to change in people’s habitation. We envision that we propose a space that can establish dialogued exchanges with the participants of the activities, and to passersby who pass through the place (such as an open school). Through actions and experiments of bioconstruction, permaculture, nutrition, agricultura sintrópica (syntropic agriculture), unconventional food plants, solid waste management, environmental education and social training we intend to reflect on other ways of agreeing on our action in the environment – that seek the common good.

resumo | 9


INTRODUÇÃO Projeto arquitetônico que tem como proposta a construção de um Centro de Formação Social e Educação Ambiental que auxilie no processo de sensibilização das pessoas sobre: o manejo dos recursos naturais, minerais e ambientais; gestão de resíduos sólidos e de construção; permacultura e bio-construção; segurança alimentar e nutrição. Se busca, através da proposta, criar um espaço que possa ampliar o entendimento sobre ações de baixo impacto ambiental nos preceitos da permacultura.

Diante dos dilemas atuais de degradação ambiental observado por inúmeros pedidos de socorro da mãe natureza e a falta de iniciativa (ou informação) da população para tais, decidiu-se criar um projeto com fins educacionais pautado nos conceitos de permacultura para que haja uma população mais preocupada à necessidade e urgência a qual o planeta necessita.

Pretendemos criar um centro de formação social e educação ambiental, através da troca e integração de pessoas interessadas em aprender sobre o manejo adequado sobre os recursos minerais, naturais e ambientais, focando nas questões de permacultura e bioconstrução. Vislumbramos tratar de um local interativo, colaborativo para discutirmos, refletirmos sobre os hábitos e padrões de produção e reprodução social.

Ampliar e amplificar uma rede de discussão sobre Permacultura e Bioconstrução, em diversos locais, para que esse tipo de informação seja acessível para todos os extratos sociais, do centro aos rincões do país. Adotar como atrativos do projeto, atividades compartilhadas e participativas (da concepção, construção, uso, operação e manutenção do equipamento) para o público, na utilização das instalações e na participação das oficinas livres nos diferentes ambientes propostos como restaurantes, hortas comunitárias, compostagem, coleta seletiva, e aulas práticas de gastronomia, oficinas de Bioconstrução, etc... Facilitar o acesso à Educação Ambiental de modo a despertar o interesse dos alunos sobre o comportamento humano em relação aos recursos naturais. Criar visitas guiadas a escolas, faculdades e grupos de pessoas interessadas, de modo a ser um passeio agradável e educativo, com a finalidade de mudar os hábitos de consumo. Capacitar os educandos para disseminar o conhecimento sobre a questão ambiental e a revisão do padrão de produção e reprodução social.

10 | introdução


METODOLOGIA - Pesquisa bibliográfica relacionada ao tema para que haja embasamento na criação do edifício e na elaboração de seu programa de necessidades, baseados na permacultura, bioconstrução, sistemas agroflorestais, agricultura Sintrópica e PANCs. - Pesquisar e analisar locais com boa infraestrutura de transportes para que seja fácil a locomoção até o Centro; - Levantamento de equipamentos culturais da região - Propor um centro que se adeque com um local carente de equipamentos desta natureza; - Pesquisas relacionadas à materialidade do projeto, para que haja baixo impacto ambiental, seguindo o conceito do centro; - Conhecer e visitar projetos arquitetônicos que se relacionam com o tema, como Centros de educação ambiental, para que haja um melhor compreendimento do tema, e aplicar isso tanto no programa quanto na funcionalidade do edifício; - Como método final, o então trabalho de projetar o edifício que será formulado a partir de todos os dados levantados.

introdução

| 11


REFERENCIAL TEÓRICO EDUCAÇÃO AMBIENTAL O homem consome desde os primórdios da espécie humana com a finalidade de se manter vivo. O processo ocorria de forma natural, funcionava através da extração, ou ele mesmo construindo. Consumir era necessidade básica para a sobrevivência. (KREMER, 2007) De acordo com Kremer, o consumo como fator social é um conceito novo comparado à vivencia humana, ele altera a forma de pensar do ser humano através do meio inserido. Para a sociabilidade do indivíduo é imposto que ele consuma, transformando isso em uma tarefa cotidiana. “Numa sociedade regida pelo consumo, as pessoas são reconhecidas, avaliadas e julgadas por aquilo que possuem, aquilo que vestem, aquilo que calçam, pelo carro e pelo celular que exibem em público.” (GONÇALVES, 2018, p.04)

Após a Revolução industrial, achava-se que a industrialização dos processos era a chave social e econômica da época, trazendo bens supérfluos, e a obsolescência programada, o que ocasionou em um consumo exagerado, e consequentemente a descartabilidade como condição indispensável da sustentação da nova sociedade do consumo (RETONDAR, 2007) “Os atos de consumir e descartar ocorrem rápida e sucessivamente, pois sempre há algo mais novo, cuja posse, espera-se, finalmente trará a derradeira felicidade e bem-estar prometidos pela propaganda” (KREMER, 2007).

Em 1972, ocorreu a Conferência de Estocolmo, onde foram debatidas as consequências da degradação ambiental, mostrando que o crescimento da economia estava contrário à preservação do meio ambiente. Visto que já estava sendo notada a mudança climática, a degradação ambiental, escassez de água e a poluição que nos trouxe os buracos na camada de ozônio e nos encaminhou para o esgotamento de recursos naturais. Consequência do comportamento humano inadequado em relação à natureza (KREMER, 2007). Segundo Almeida; Rigolin (2003), citado por Alcantara (2012, p.01) “Na Natureza, existe uma harmonia nas relações entre os seres vivos, entre si e entre os seres vivos e o meio ambiente. É o chamado equilíbrio ecológico. Ao quebrar essa harmonia, o homem provoca o que chamamos de impacto ambiental. ” Não devemos nos prender apenas ao pensamento ecológico da educação ambiental, visto que engloba repensarmos em práticas políticas, econômicas e sociais para seu entendimento.

12 | referencial teórico


É compreensível que não se tinha o conhecimento do impacto do lixo no meio ambiente, não existia coleta seletiva, reciclagem e compostagem, não se falava do problema do consumo excessivo, são temas atuais que fazem parte de nosso dia a dia, todavia mesmo sabendo da existência destes, grande parte dos cidadãos ainda não sabem utilizá-los, e não compreendem que o consumo gera lixo, o qual é um dos principais motivos da degradação ambiental. “Existe, portanto, a necessidade de incrementar os meios de informação e o acesso a eles, bem como o papel indutivo do poder público nos conteúdos educacionais, como caminhos possíveis para alterar o quadro atual de degradação socioambiental. Trata-se de promover o crescimento da consciência ambiental, expandindo a possibilidade de a população participar em um nível mais alto no processo decisório, como uma forma de fortalecer sua corresponsabilidade na fiscalização e no controle dos agentes de degradação ambiental.” (JACOBI, 2003, p.192)

Nas escolas a educação ambiental é vinculada à outras matérias que fazem parte da grade curricular obrigatória, de acordo com a lei 9.795, de 27 de abril de 1999: “Art. 10 º. A educação ambiental será desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal.”

Richard Louv, jornalista americano que se dedicou ao estudo do desenvolvimento infantil, um dos mais reconhecidos autores que pauta os conceitos da criança no meio natural, um de seus livros, o qual ganhou mais destaque - Last Child in the Woods: Saving Our Children from Nature Deficit Disorder (Ultima Criança na Floresta) - aborda através do que ele chama de “transtorno do déficit de natureza” diversos estudos da relevância da natureza na formação de um indivíduo, mostrando os impactos positivos no desenvolvimento da criança, como a ascensão da saúde mental, física, o bem-estar, e os negativos que levam as crianças que crescem longe do meio ambiente a problemas associados ao tempo em frente à televisão, computador, e outros meios tecnológicos que geram cansaço psicológico, emocional e serve de trava para o desenvolvimento do ser. Louv (2009) ressalta a importância de áreas verdes como jardins e hortas em ambientes cotidianos das crianças, como suas moradias, escolas e os espaços urbanos para seu maior desenvolvimento decorrido do aprendizado com a natureza. É necessário que a sensibilização ambiental atinja a população, para que possamos expandir através da educação a economia baseada no reaproveitamento de materiais e dessa forma atingir o desenvolvimento sustentável pautando a importância de aspectos econômicos, ambientais e sociais trabalhando juntos (tripé da sustentabilidade).

referencial teórico | 13


PERMACULTURA SIGNIFICADO:

Permacultura é um processo que engloba métodos holísticos. Tem como princípio a ética e o design. É possível deixarmos de ser consumidores dependentes e nos tornamos produtores conscientes (sensibilizados) se adotadas as práticas da permacultura.

SURGIMENTO:

O conceito de “Permacultura” surgiu na década de 1970 na Austrália quando David Holmgren e Bill Mollison perceberam os danos que o processo de produção e reprodução social estavam causando nos recursos naturais. Holmgren e Mollison cunharam o termo Permacultura que unia “Cultura” e “PermanenteV”, em resposta à crise ambiental já notada na época. David Holmgren conheceu Bill Mollison em 1974 na faculdade da Tasmânia (TELFORD, 2018) onde desenvolveram juntos uma tese que futuramente daria como resultado a publicação do livro Permaculture One, sendo o ponto de partida para a evolução do conceito. Um ano mais tarde, o Permaculture Two, que estabelecia como necessidade que fossem acrescentadas mais informações e atualizações ao tema, visto que era necessário trazer algo mais prático do que teórico. (MOLISSON, 1998). A pesquisa se utilizou de uma observação de como as culturas tradicionais se ligavam à terra, como no caso da sociedade indígena, pois como dito por Holmgren (2007): “(...) essas culturas existiram em um relativo equilíbrio com o meio ambiente e sobreviveram por mais tempo do que qualquer um de nossos experimentos. ” (HOLMGREN 2007)

A forma primitiva de sobrevivência destes povos os impulsionou a perceber a importância do resgate das práticas ancestrais, aliadas às contemporâneas para propor modelos mais sustentáveis ao uso dos recursos naturais (CJ, 2019). Após estudos, Holmgrem e Mollison decidiram difundir seus pensamentos através de um curso, foi criado o “Permaculture Design Course” que tinha a finalidade de formar permacultores, para que estes pudessem mais tarde formar mais permacultores e que pudessem criar um futuro sustentável com pequenas mudanças. (TELFORD, 2018))

14 | referencial teórico


PRINCÍPIOS:

A flor da permacultura simboliza a forma em que as pessoas se constroem e se organizam. É necessário se planejar por meio de métodos holísticos. A permacultura parte dos princípios da ética e do design, que permeiam em forma de um espiral outros 7 domínios acerca ao tema, os quais tem início em uma escala pessoal e local, e conforme sua disseminação, evoluí em forma de espiral, atingindo uma escala coletiva e global rumo ao desenvolvimento sustentável. (HOLMGREN, 2011). São aplicáveis à nossa reorganização econômica, social, pessoal e política. (HOLMGREN, 2007).

Figura 01: Flor da Permacultura

Fonte: Permaculture Principles (2002)

referencial teórico | 15


Como diz Holmgren (2007), os princípios éticos da permacultura tem a intenção de promover uma consciência menos egoísta, prezando pelo coletivo. “(...) reside em um conjunto de normas regido por valores humanistas e ecológicos, que visa orientar seus adeptos a manter uma conduta consciente e responsável nos mais diferentes níveis e contextos.” (SILVA, 2013, p.182)

Todas as ações da permacultura partem destes princípios, isso faz com que a permacultura não seja somente uma ferramenta, mas também uma portadora de intencionalidade, devem ser seguidas as tais normas da permacultura pois sem eles não é possível a prática da ação. (NERY, 2017, p.46)

PRINCÍPIOS DA ÉTICA (MOLISSON, 1994):

- Cuidado com a Terra

– Cuidado da terra como fonte de vida, respeitando os seres vivos, o ar, a água e o

manejo do solo;

- Cuidado com as pessoas – Cuidado com si mesmo, e do outro a fim de nutrir o bem-estar geral para uma convivência saudável em sociedade;

- Partilha justa –

Limitar o consumismo e redistribuir o excedente, com o intuito de não desperdiçar.

Figura 02: Princípios da Ética e do Design Use as bordas e valorize elementos originais Use e valorize a diversidade

Use soluções pequenas e lentas Integre ao invés de segregar Projete dos padrões aos detalhes Não produza desperdícios

Fonte: Permaculture Principles (2002)

16 | referencial teórico

Seja criativo e responda às mudanças Observe e interaja Capte e armazene energia

Obtenha rendimento Pratique a autorregulação e aceite retornos Use e valorize os serviços e recursos renováveis


PRINCÍPIOS DE DESIGN (MOLISSON 1994): - Localização relativa: cada elemento (casa, tanques, estradas, etc.) é posicionado em relação a outro, de forma que se auxiliem mutuamente; - Cada elemento executa mais funções; - Cada função importante é apoiada por muitos elementos; - Planejamento eficiente do uso de energia para a casa e os assentamentos (zonas e setores); - Preponderância do uso de recursos biológicos sobre o uso de combustíveis fósseis; - Reciclagem local de energias (ambas: as humanas e as combustíveis); - Utilização e aceleração da sucessão natural de plantas, visando ao estabelecimento de sítios e solos favoráveis; - Policultura e diversidade de espécies benéficas, objetivando um sistema produtivo e interativo; - Utilização de bordas e padrões naturais para melhor efeito.

De acordo com Molisson (1994), o planejamento do design permacultural deve seguir algumas premissas listadas acima para ser executado com excelência. O zoneamento também é contado para estabelecer usos necessários entre os ambientes, estabelecendo uma relação funcional com todo o programa, de acordo com a quantidade ou frequência de utilização ou visita. A setorização se refere aos fatores externos, como a insolação, vento e chuva, cuja função é auxiliar no planejamento da construção e melhor aproveitamento dos elementos.

PDC: Após a dissipação do conceito de permacultura através do PDC (Permaculture Design Course) ao redor do mundo, surgiram diversos grupos que norteiam a questão da Educação Ambiental através de práticas permaculturais. No Brasil se iniciou em locais distantes dos centros urbanos, nos litorais e campos, até que atingiu as cidades mais centrais e hoje se concentra em diversos meios urbanos do país, do centro às periferias. A permacultura se opõe às práticas capitalistas, visto que para a conservação da natureza e das relações humanas sadias, não existe a exploração, tanto humana através do trabalho quanto da própria natureza para o acúmulo de capital.

Sendo assim, complementa-se que a permacultura é uma forma de otimizar o planejamento e excecução dos espaços de forma sustentável pautando nos conceitos da ética, buscando o respeito com os membros envolvidos e melhorar a qualidade do ambiente inserido.

referencial teórico | 17


ALIMENTAÇÃO Muito se fala sobre a influência da nutrição em nossas vidas, a saúde está diretamente ligada ao nosso estilo de vida. O alimento é essencial para que possamos sobreviver (PINHEIRO, 2004). A aceleração do cotidiano nos leva a uma vida corrida. Nos distraímos no trabalho, nos estudos, nos deixando com pouco tempo para realizarmos atividades de lazer, esporte, cultura, consumindo nosso tempo de vida útil que interfere no tempo necessário de preparo de alimento de qualidade (PINHEIRO, 2004). Por muito tempo foi deixada de lado a preocupação com a comida saudável. “(...) a própria industrialização é percebida como um processo que pode distanciar o alimento das pessoas, na medida em que, muitas vezes, pode dificultar a percepção da origem e/ ou dos ingredientes que compõem um determinado alimento.” (PROENÇA, 2010, p.43).

Com o crescimento do setor alimentício, foram criados muitos alimentos processados e industrializados que contém alto teor de sódio, açúcar, gordura e outras substâncias que alteram o sabor do alimento e acabamos perdendo a conexão com a alimentação natural. Esquecemos a origem de nossa comida. (PINHEIRO, 2004). A adição de aditivos, como pesticidas, hormônios, conservantes, corantes trazem riscos a nossa saúde. (FRANÇA, 2012). O objetivo da produção de alimento em massa visa acumular capital. Não são medidos esforços bem como consequências em se objetivar a produção agrária através da monocultura que tem que subsidiar a indústria de alimentos processados. A sustentação desse modelo, que traz riscos à saúde, ocasiona a expansão das fronteiras agrícolas, com produção pautada na monocultura, que empobrece o solo e necessita de agentes para correção das anomalias causadas pela produção em um sistema de baixa complexidade. (ARAÚJO, 2017)

Imagem 01: Solo degradado pós agricultura intensiva

Fonte: ONU (2019)

18 | referencial teórico


“Entre os mais pobres, alimentos com alta densidade energética têm substituído alimentos tradicionais mais saudáveis: exemplo claro é o consumo elevado de açúcares, refrigerantes e alimentos com alto teor de gordura.” (PINHEIRO, 2008, p.02).

Atualmente existe uma nova onda de preocupação com a saúde, que aumentou a demanda por alimentos bons, o conceito de “slow food” trata da apreciação da comida, a volta do prazer pelo ato de se alimentar bem, a interação social nas diferentes fases do ato de comer (do plantio, da colheita, do ato do preparo, à ingestão do alimento), como parte intrínseca ao lazer. “Um movimento mundial nesse sentido, o slow food, vem sendo desenvolvido com o objetivo de resgatar uma cadeia cultural envolvendo os alimentos, da produção ao consumo. O termo tenta contrapor-se ao fast food (comida rápida), difundindo a calma ao comer, o máximo proveito da refeição, considerando, além do conteúdo nutricional, os aspectos culturais e de prazer”. (PROENÇA, 2010, p.46).

Muitas doenças ligadas ao consumo de gordura e industrializados foram notadas, despertando o cuidado com a alimentação, que faz com que as pessoas se aproximem mais do alimento vindo da terra.

Figura 03: Gráfico do aumento da obesidade ao longo dos anos

Fonte: Ministério da Saúde (2019) - Editado pela autora

Gráfico aponta o aumento da obesidade conforme o passar dos anos, demonstrando maior índice na população de menor poder aquisitivo.

referencial teórico | 19


O agronegócio utiliza da produção em grande escala para baratear o custo final, o resultado deste padrão de produção, que se restringe apenas a acumulação de capitais dos detentores de terras, é: a imposição de um modelo de consumo que se restringe a 0,06%* do alimento comestível que o planeta nos oferece; a expansão da fronteira agrícola sobre as reservas naturais; a supressão de terras dos povos originários (indígenas e quilombolas); a concentração de renda e de riqueza ao sistema nega a produção de pequenos agricultores (principalmente que se valem da agricultura familiar); o empobrecimento do solo; o esgotamento dos recursos minerais; a contaminação dos aquíferos (figuras 04, e 05); o fornecimento de um alimento de baixo valor nutricional; riscos à saúde por ocasião da adição de aditivos, conservantes e agrotóxicos. Figura 04: Registo de agrotóxicos no Brasil

Fonte: Ministério da agricultura (2019)

Muitas pessoas ainda se alimentam apenas de industrializados, pela imposição das indústrias transnacionais sobre o “que é necessário”, pela adoção de uma cultura alimentar equivocada que não é nossa. Apenas dez multinacionais controlam a produção e o comércio de alimentos no mundo (BBC, 2016). Se entende que por industrializado o produto que conta com aditivos alimentares potencialmente perigosos à saúde, altos teores de gorduras, sódio, açucares e fibra alimentar. Ingredientes que são utilizados para neutralizar os agentes, para aumento do tempo de conservação do alimento e para realçar e modificar a percepção do gosto. A característica principal é o baixo valor nutricional destes alimentos - menos dotado de nutrientes, vitaminas e proteínas. (FRANÇA, 2012) Segundo pesquisa: “O uso intensivo dos agrotóxicos está associado a agravos à saúde da população, tanto dos consumidores dos alimentos quanto dos trabalhadores que lidam diretamente com os produtos, à contaminação de alimentos e à degradação do meio ambiente.” (IBGE, 2015)

* Dados retirados da reportagem da BBC: https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/08/150811_plantas_consumo_fn 20 | referencial teórico


Figura 05: Dados referêntes ao uso de agrotóxicos

Fonte: Abrasco (2018)

Existem também, industrializados que acompanham os modismos do momento, que constam em seus rótulos títulos como “integral”, “leve”, “light”, mas ainda assim contam com ingredientes de baixo teor nutritivo. As pessoas querem mudar seus hábitos, porém não sabem por onde começar, o que está muito ligado à questão de educação nutricional, aos hábitos alimentares e à educação ambiental. “O equilíbrio alimentar, embora tenha o seu controle dificultado pela multiplicação de opções disponíveis, aparece valorizado pela conscientização da importância da alimentação na manutenção da saúde. A busca pela qualidade reflete, além do seu valor nutricional, as preocupações com processos de produção e conservação de alimentos que valorizem tudo o que for natural, fator este estimulado pela consciência ecológica.” (PROENÇA, 2010, p.46).

referencial teórico | 21


BIOCONSTRUÇÃO A bioconstrução surgiu há muitos anos atrás nos primórdios da humanidade na terra, visto a necessidade de autoconstruir com pouca tecnologia, com o “que está ao alcance da mão”. A arquitetura era criada de acordo com a localização, clima, vegetação, solo e recursos (materiais, humanos e ambientais) disponíveis da área em que eram desenvolvidas técnicas para a utilização destes recursos. (LIMA, 2007) A bioconstrução serve para que seja concebida uma construção autoconstruída, onde grande parte da realidade da população não tem recursos e acesso para contratação de profissionais com conhecimento técnico para o amparo à utilização de materiais industrializados. A adoção de processos e métodos industrializados deu uma dinâmica maior aos processos construtivos, mas desvalorizou as práticas manuais (vernaculares¹) e artesanais dos povos originários. A adoção da Bioconstrução é uma forma econômica, social e sustentável de construir (MULLER, 2011). Figura 06: Processos de economia circular de materiais

Fonte: Ideia Circular

As técnicas vão depender dos contextos do local que será feita a construção, visto que a obra utilizará dos recursos naturais, minerais, humanos e ambientais característicos da região, podendo também utilizar resíduos sólidos e de construção que seriam destinados ao aterro para reciclagem, retrabalho e reutilização (figura 06). O morador participa de todas as etapas da obra, e muitas vezes incluí a família e a comunidade local. (CJ, 2019) O ideal é que sejam estimuladas práticas locais, materiais naturais, que contenham baixo gasto de energia e baixo impacto ambiental. O planejamento para tal prática também se torna essencial para que não haja resíduos, visto que vindo de fontes renováveis de energia, um material rejeitado pode se decompor ao longo dos anos, porém materiais industrializados não. Por isso sempre que possível incorporar resíduos na obra, de modo que funcione em um ciclo fechado. ¹ Vernacular: O que é de origem, “puro” faz referência à arquitetura dos povos originários 22 | referencial teórico


Antes da construção, é necessário que haja um planejamento, como o posicionamento da construção em relação à orientação solar, para se ter um melhor aproveitamento dos recursos climáticos; verificar o zoneamento local, bem como o entorno e seus elementos; entender o terreno e dimensioná-lo, projetar os espaços externos e internos de modo a aproveitá-los de forma funcional; criar um modelo físico da construção para melhor entendimento do objeto; escolher materiais que sejam próprios do local; optar por tecnologias que sejam de fácil apropriação; optar por aproveitar os recursos humanos existentes, a partir de suas habilidades; conceber o processo construtivo englobando todo o ciclo de vida útil dos materiais (concepção, obra, suo, operação, manutenção); preparar a obra e construir aliando técnicas de baixo impacto ambiental. De acordo com Claudio CJ, responsável pelo site do IPOEMA, para que seja feita uma construção de baixo impacto ambiental é necessário:

1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8.

Aproveitar água de chuva Tratar as águas servidas (esgoto) no próprio quintal; Captar energia solar; Se integrar positivamente ao terreno e à paisagem; Aproveitar luminosidade natural; Aproveitar circulação natural dos ventos; Ter um ótimo conforto térmico; Reciclar resíduos orgânicos no próprio terreno.

Segundo Minke (2015) a terra nos permite bons resultados para a construção, visto que auxilia no conforto térmico regulando a temperatura do exterior com o interior. Pela manhã a parede que constituída deste material absorve o calor e a noite libera para aquecer os cômodos. Imagem 02: Casa João de Barro bioconstruída (por ele mesmo)

Fonte: Izalete Tavares (2016) referencial teórico | 23


TÉCNICAS DA BIOCONSTRUÇÃO Em geral, técnicas para se bioconstruir são feitas com materiais naturais, como a terra. Na maioria dos locais a terra é o material mais facilmente encontrado na natureza. As técnicas mais conhecidas para a bioconstrução são: COB²:

Utiliza a terra para modelar. A terra tem que estar compacta, formando uma argila, que junto com a palha e areia se torna uma massa moldável e homogênea, a prova de fogo e resistente a abalos sísmicos. É muito utilizada pois forma uma massa de modelar capaz de

Imagem 03: Construção em Cob

construir de paredes até móveis nas suas mais variáveis formas, inclusive é a mesma massa do abobe, porém são criadas bolotas com a mão e aplicados direto no local assentando uma ao lado da outra (BRANDÃO; SILVA; VAZQUEZ, 2009). A execução em Cob é útil para o conforto térmico, visto que as paredes são grossas que faz com que a edificação no inverno seja quente e no verão fresca (BRANDÃO; SILVA; VAZQUEZ, 2009). Fonte: Acervo de fotos Ecovila Clareando (2016) Imagem 04: Processo de excecução em Cob

Imagem 05: Construção em Cob

Fonte: Ziggy Liloia (2008)

Fonte: Paterson (2008)

² Cob: É uma palavra inglesa que significa “maçaroca”, técnica que pode ser utilizada para moldar desde móveis até uma casa (Prompt, 2008) 24 | referencial teórico


TAIPA DE PILÃO:

Imagem 06: Construção em taipa de pilão

Técnica que consiste em prensar a terra em camadas sobre tramas de madeira, chamada de taipa, com o pilão (apiloamento). Sua vantagem além do conforto térmico, aproveitamento do material sem gerar resíduos, é que pelo fato de ser muito bem compactada, não gera trincas e rachaduras e pode ser utilizada de parede estrutural em construções altas devida ao seu bom desempenho. Não é necessário acabamento, pois a tinta fixa diretamente nela (BRANDÃO; SILVA; VAZQUEZ, 2009). É mais resistente que o adobe porém da mesma forma que o superadobe e o hiperadobe, é mais cansativa devido ao fato da força necessária para o apiloamento. Hoje em dia a técnica pode ser feita por meio de técnologias mecânicas que realizam um trabalho mais rapidamento e se torna uma parede tão resistente quanto uma de concreto. A mistura se faz com argila areia agua e palha. Em alguns casos acrescenta-se cal para controlar a acidez da argila (BRANDÃO; SILVA; VAZQUEZ, 2009).

Fonte: Joe Fletcher (2017) Imagem 06: Esquema de montagem em taipa de pilão

Imagem 08: Parede em taipa de pilão

Fonte: BARDOU (1981) Imagem 07: Execução de parede em taipa de pilão

Fonte: Bioestrutura Engenharia (2013)

Fonte: Nic Lehoux (2007)

referencial teórico | 25


TAIPA DE MÃO OU PAU A PIQUE

Técnica antiga que consiste na colocação da terra em uma treliça fixada no solo, feita em madeira ou bambu, preenchido com galhos ou bambu, servindo de trama para a estruturação. Após a trama é feita, cria-se os vãos para portas e janelas, para que depois seja aplicado o barro. Quando o barro é seco as áreas aplicadas apresentam rachaduras, pode se aplicar acabamento para que fique liso (BRANDÃO; SILVA; VAZQUEZ, 2009).

Imagem 09: Parede Pau a Pique

Imagem 10: Execução de parede em Pau a Pique

Fonte: Hilton Franco (2012)

Fonte: Acervo Casa Tiera (2012)

ADOBE Cria-se tijolos a partir da compactação da barro e palha em uma fôrma e seca naturalmente não necessitando de forno para sua confecção. Pela composição do material garante um bom conforto térmico (BRANDÃO; SILVA; VAZQUEZ, 2009).

Imagem 11: Execução de tijolos em Adobe

Imagem 12: Casa construída em Adobe

Fonte: Markus Roselieb (2019)

Fonte: Acervo Ecocasa Tecnologias (2015)

26 | referencial teórico


SUPERADOBE

Técnica de argila ensacada em um saco de propileno que é compactada através do apiloamento por pistões, ideal para formas orgânicas. Cada camada deve ter no mínimo 40cm de espessura. Empilha-se até formar uma estrutura vertical, coloca-se arame farpado para dividir as camadas e dar mais sustentação às paredes e após chegar na altura necessária tira os sacos e reboca a parede. Técnica também útil para favorecer o conforto térmico dentro da construção (BRANDÃO; SILVA; VAZQUEZ, 2009). Imagem 13: Execução em Superadobe

Imagem 14: Construção em Superadobe

Fonte: Jose Andres Vallejo (2013)

Fonte: Jose Andres Vallejo (2013)

HIPERADOBE Técnica semelhante ao Superadobe, que utiliza sacos em nylon, chamado de Raschel, o mesmo utilizado em embalagem de frutas e legumes para criar paredes mais finas e facilitar o processo da etapa do reboco na hora de rebocar. (BRANDÃO; SILVA; VAZQUEZ, 2009). Imagem 15: Execução de Hiperadobe

Imagem 16: Construção finalizada em Hiperadobe

Fonte: Jun Kamiya (2017)

Fonte: Acervo Irina Biletska & Gonzalo Nadal (2016)

referencial teórico | 27


MADEIRA Material que possuí em grande quantidade na maioria dos estados brasileiros, se extraída de forma correta serve como um ótimo material construtivo. Possuí diversas características vantajosas na construção civil, visto que é um material renovável e comparado a outros materiais construtivos tradicionais, é o que menos gera resíduos. Além disso, possuí alta resistência, é um bom isolante térmico e acústico e não deforma com o calor. Possível de encontrar madeiras de diversos tipos e variadas técnicas: Imagem 17: Tábuas de madeira

Madeira Maciça

– Alta durabilidade e resistência – importante verificar sua procedência e escolher entre madeiras de reflorestamento que contenham o selo de certificação FSC (comprova que é produzida de forma sustentável) e a madeira de demolição, que possibilita o reuso de materiais que seriam descartados.

Fonte: For Móbile Imagem 18: Cerne de madeira

Fonte: Cobrire construções Imagem 19: Tábuas de MLC

Fonte: Carpinteria

Madeira Reciclada

– Oriunda de restos de obra para confeccionar formas, andaimes e contenções por exemplo, dá um outro uso para o que seria descartado, geralmente ela passa por uma empresa recicladora, que recebe estes restos de madeira, e a indústria moveleira se aproveita destas madeiras para a confecção de mdf, compensado e laminados. Cor Wood - Técnica de bioconstrução que visa utilizar sobra de madeira da obra. Para a junção delas se utiliza massa composta de argila, cal e cimento.

Madeira Laminada Colada (MLC)

– Processo industrial que alia a técnica de colagem à laminação de camadas de madeira, que torna a madeira mais resistente, por aguentar cargas pesadas possuindo baixo peso próprio e possibilita vencer grandes vãos, tendo um desempenho melhor que o da madeira maciça. Existe

similar à MLC, a Madeira Lamelada a qual utiliza peças de lamelas maiores que pode utilizar madeiras que foram recicladas e é mais útil para grandes vãos e execução de arcos.

Imagem 20: Tábuas de CLT

Madeira Laminada Cruzada (CLT) – União de tábuas

Fonte: U.S Department of Agriculture 28 | referencial teórico

em camadas perpendiculares (longitudinal e transversal), de forma que faça proveito de todos os esforços da madeira, assim possibilita uma maior carga aplicada e maior estabilidade. Material flexível que permite a mesma resistência estrutural do concreto armado, porém com menor peso.


Imagem 21 Geodésica em madeira de demolição

Imagem 22: Casa executada em Corwood

Fonte: Weiqi Jin (2018)

Fonte: Richard Flatau (2013)

Imagem 23: Madeira reciclada (compensado)

Imagem 24: Obra em Madeira Lamelada Colada

Fonte: Matthias Kabel (2005)

Fonte: Acervo do SPA Bad Dürrheim

Imagem 25: Obra em Madeira Laminada Colada

Imagem 26 Obra em Madeira Laminada Cruzada

Fonte: Acervo Paróquia San Francesco

Fonte: Ema Peter (2014) referencial teórico | 29


BAMBU

Bambu – Mais ecológico do que a madeira, o bambu é um ótimo material, é renovável, possuí um rápido crescimento, possuí alta produtividade, logo é facilmente extraído e além disso tem uma boa performance estrutural, resistindo bem a esforços de tração e compressão por ser um material mais flexível e leve, ademais, possuí um ótimo desempenho termo acústico devido ao fato do material ser oco (PADOVAN, 2010). A emissão de carbono é zero e ainda capta mais gás carbônico que uma árvore e gera oxigênio equivalente a três árvores. (OSSE; MEIRELLES. 2010) Imagem 27: Construção em bambu

Fonte: Jimbawan (2010)

Para a execução de uma construção em bambu é importante que ele receba um tratamento para que não seja atacado por insetos, fungos e bactérias e não seja afetado pela ação do tempo. Também é de suma importância que seja feito uma base de concreto para que não entre em contato com a água, evitando possíveis rachaduras e insetos (PADOVAN, 2010). Para a união e encaixe de um bambu ao outro são feitos cortes para o encaixe específico de cada situação, que varia se é inclinado, em 90°, se utilizará outras peças para o auxílio, variando conforme a finalidade desejada. Figura 07: Tipos de cortes para a união entre bambus

Fonte: Hidalgo-Lopéz (2003) 30 | referencial teórico


Figura 08: Alguns exemplos de encaixes e amarração de bambu

Fonte: Hidalgo-Lopéz (2003) Imagem 28: Estrutura mostrnando junção do bambu

Imagem 29: Amarração do bambu

Fonte: Acervo Bambusa (2014)

Fonte: Sueli Issaka (2017)

Imagem 30: Centro Comunitário Camburi

Imagem 31: Diversas uniões e junções do bambu

Fonte: Nelson Kon (2018)

Fonte: Rio Helmi (2010) referencial teórico | 31


SISTEMAS AGROFLORESTAIS A produção produtos orgânicos se deu início na década de 70, justamente pela pela exigência de uma parcela da população preocupada com a degradação do meio ambiente e que almejava uma melhor qualidade de vida, através de uma alimentação natural (FILHO et all. 2002). Após a 1ª Guerra Mundial, para aumentar a produção de alimentos, foram usados práticas tecnológicas que envolvia o uso de sementes geneticamente modificadas, agrotóxicos e o uso de maquinários para otimizar o tempo. Para isso foi usado o que antes vinham a ser armas químicas no período da Guerra (CARNEIRO et. all, 2015). Como o objetivo do agrotóxico é matar determinados seres vivos “incômodos” para a agricultura (um objetivo biocida), a sua essência é, portanto, tóxica. A síntese química foi amplamente desenvolvida nas primeiras décadas do século XX, especialmente no período das duas guerras mundiais, com o objetivo de produzir armas químicas para dizimar o inimigo (seres humanos). O DDT, sintetizado em 1939, deu a largada dessa cadeia produtiva. Finda a Segunda Guerra Mundial, a maioria das indústrias bélicas buscou dar outra aplicação aos seus produtos: a eliminação de pragas da agricultura, da pecuária e de doenças endêmicas transmitidas por vetores. A saúde pública ajudou a legitimar a introdução desses proodutos tóxicos e a ocultar sua nocividade sob a alegação de combater esses vetores. (CARNEIRO et. all, 2015, p.77)

De acordo com Neto (2010), houve em 1990 a abertura internacional do mercado e a estabilização cambial, em que as pessoas estavam exigindo produtos diferenciados, dessa forma, constatou que havia lugar para os orgânicos e artesanais, qualidade que se refere a produção em pequena escala, a qual remete ao sabor, abrindo espaço para a agricultura familiar. Segundo Claudio CJ (2018), o conceito de Sistema Agroflorestal é: “Um Sistema Agroflorestal, comumente chamado pela abreviação ‘SAF’, é uma forma de uso da terra na qual se resgata a forma ancestral de cultivo, combinando espécies arbóreas lenhosas como frutíferas ou madeireiras com cultivos agrícolas e/ou animais. Essa combinação pode ser feita de forma simultânea ou em sequência temporal, trazendo benefícios econômicos e ecológicos.” (Claudio CJ, 2018)

A agrofloresta visa minimizar os efeitos da intervenção humana na Terra, através de replicar a forma que a própria natureza age em seu ecossistema. Para que isso seja efetivo, busca misturar espécies de plantas, com diferentes ciclos, portes e funções, que de forma integrada o solo se torna mais fértil e a planta cresce de forma saudável. (PEZARICO et al., 2013)

32 | referencial teórico


“(...) SAFs otimizam o uso da terra, conciliando a preservação ambiental com a produção de alimentos, conservando o solo e diminuindo a pressão pelo uso da terra para a produção agrícola. Podem ser utilizados para restaurar florestas e recuperar áreas degradadas” (EMBRAPA, 2018)

Imagem 32: Agrofloresta - Terra Planta

Fonte: Acervo Terra Planta - Sistemas Agroflorestais Orgânicos

Hoje em dia, o produto orgânico possuí um valor mais elevado comparado a produtos convencionais (Watanabe et. all, 2018), correspondente ao fato de que não se usa nada que altere a terra ou o próprio alimento. Preservando o meio ambiente e o sabor do alimento. A conexão com o produtor e o consumidor final se torna essencial para sabermos o que estamos comendo, visto que se conhecemos o local do plantio, e o cultivo, nos conectamos melhor com a agricultura local, além de fortalecer a geração de trabalho e renda a mais famílias através da agricultura familiar. Esse modo de produção, que parte do cultivo combinado de várias culturas e que se realiza em pequenas propriedades (que se localizam nas “franjas” da cidade) se contrapõe aos interesses das indústrias transnacionais (que precisam afirmar o modelo da monocultura) de alimentos; das indústrias químicas que perderam mercado com a produção de armas químicas e reorientaram sua produção para os agrotóxicos; para o regime de latifúndio monocultor interno que pauta sua produção do modelo agroexportador em detrimento do mercado de consumo interno (CARNEIRO et. all, 2015).

referencial teórico | 33


AGRICULTURA SINTRÓPICA A agricultura faz parte dos costumes e da cultura das sociedades humanas, durante a evolução teve papeis importantes tanto na oferta de alimentos quanto nos negócios realizados pelos povos. Os primeiros registros da agricultura são do período neolítico, com a criação e desenvolvimento das primeiras técnicas e instrumentos para o cultivo de plantas. Assim como a sociedade evoluiu através do tempo a agricultura também, tornando-se hoje insubstituível para qualquer sistema político econômico (PASINI, 2017). Os avanços da ciência e tecnologia tornaram a antiga agricultura sobrevivencialista em um grande negócio global com influências políticas. Todo esse rápido avanço custou para a sociedade um panorama mundial de consumo indevido e possível esgotamento dos recursos naturais. As consequências dessa degradação para as civilizações são devastadoras, portanto as novas técnicas de agricultura ganharam espaço no cenário atual (PASINI, 2017). Figura 09: Relação das praticas agrícolas aos impactos causados

Fonte: PASINI (2017)

Como tentativa de contrapor essa situação o suíço Ernest Götsch desenvolveu o conceito da Agricultura Sintrópica, buscando melhores resultados através de modos de cultivo que proporcionassem condições favoráveis ao bom desenvolvimento das plantas. A sintropia é um conceito que elucida a característica do aumento da complexidade e organização nos seres vivos, relacionando-a diretamente com a sucessão natural (GREGIO, 2018).

34 | referencial teórico


“A agricultura sintrópica trabalha com quatro dimensões: largura, comprimento, altura (estrato ou andar) e tempo. Assim buscamos oferecer a cada planta um nicho que potencializa sua fotossíntese e diminui seu estresse, olhamos para cada indivíduo e buscamos criar para ele uma bolha de conforto, observamos se há cobertura do solo suficiente para ativar os processos biológicos no solo, a qualidade dessa cobertura, observamos de qual estrato a planta faz parte e se está no consórcio adequado, ou seja, se a planta é do estrato baixo: temos os outros estratos acima dela? (médio, alto e emergente), a qualidade desses estratos acima dela são formados por espécies do ciclo atual ou do futuro? Pois a sucessão caminha para sistemas de abundância” (REBELO, 2018, p.10).

Com esse novo conceito em vigor, a agricultura passou a ser vista como algo que vai do simples para o complexo possibilitando assim a produção de alimentos em ambientes florestais a partir da recuperação de áreas degradadas. Esse método de cultivo complexo possibilitou um novo cenário para o atual sistema agrícola mundial. A busca por formas de menor impacto ambiental e preservação dos recursos naturais é fundamental mediante à perspectiva global atual (GÖTSCH, 2019). A Agricultura Sintrópica vai contra os conceitos de agricultura convencional, que se tornou um método de produção dominante, totalmente prejudicial para o meio ambiente devido ao grande uso de insumos químicos. Ao induzir o desequilíbrio ecológico a forma atual e capitalista de agricultura acaba provocando consequências serias para o meio ambiente custando grande porção dos recursos naturais do planeta (GREGIO, 2018).

Imagem 33: Agricultura Sintrópica aplicada no Sítio Semente

Fonte: Selma Becker (2016)

referencial teórico | 35


PANCs A alimentação faz parte da rotina diária dos seres humanos. Ela é fruto dos milênios de busca dos predecessores do homem, o próprio homem e seus descendentes. A partir da evolução as sociedades atuais tem total autonomia para consumir alimentos de origem vegetal, devido aos ensinamentos gerados pela necessidade de alimentos. Hoje a alimentação passou a ser um fator de saúde pública uma vez que sua falta ou excesso podem contribuir para certas doenças (Kinupp, 2009) Oriunda das necessidades e curiosidade dos seres humanos criou-se o conceito de Plantas alimentícias não convencionais (PANCs). O termo descrito pelo biólogo e professor Valdely Kinupp em 2008 caracteriza as PANCs como todas as plantas com umas ou mais partes comestíveis, podendo ser nativas ou exóticas e não estão inclusas no nosso cardápio cotidiano KELEN et. al., (2015). Imagem 34: Taioba - PANC rica em nutrientes e vitaminas

Fonte: Obsidian Soul (2017)

KELEN et. al,. (2015 p.08) Descreve: “Mais de 50% das calorias que consumimos no mundo provêm de no máximo quatro espécies de plantas. 90% dos alimentos consumidos vêm de somente 20 tipos de plantas. ” (KELEN et. al, 2015 p.08)

As plantas comestíveis não convencionais estão distribuídas por todos os biomas brasileiros e mundiais. Elas podem ser espécies de plantas espontâneas silvestres ou cultivadas, e presentes em diversas regiões o que a torna um influenciador das culturas alimentares de populações tradicionais e regionais (Kinupp, 2009)

36 | referencial teórico


É importante frisar que muitos desses alimentos têm um papel importante na nutrição dos seres humanos, sendo fontes de micronutrientes essenciais para a homeostase. A relevância das PANCs para a alimentação ultrapassa as necessidades básicas de suprimentos ingeridos pelos humanos, possuindo um papel cultural e nutritivo (Knupp, 2009) Imagem 35: PANC Peixinho-da-horta

Imagem 36: PANC Azedinha

Fonte: Ernani Mesquita (2019)

Fonte: Evelyn Müller (2018)

Imagem 37: PANC Ora-pro-nobis

Imagem 38: PANC Hibisco (Vinagreira)

Fonte: Paula Rodrigues (2018)

Fonte: Pham Manh Ha (2018)

Peixinho-da-horta: A planta geralmente é consumida empanada simulando um peixe frito, por haver um leve gosto do mesmo. Possui potássio, cálcio, ferro e fibra em quantidades nutricionais relevantes (EMBRAPA, 2018). Azedinha: Remetendo a um sabor ácido, similar ao do limão é utilizada para o tempero de saladas, acrescentadas em bebidas como sucos e chás, utilizadas também para o preparo de doces e geleias. Possuí quantidade relevante de vitaminas, cálcio, e é um ótimo antioxidante (EMBRAPA, 2018). Ora-pro-nóbis: Possui alto teor de proteína, cálcio, ferro e fibras. Pode ser consumida nos mais diferentes tipos de preparo, crua, cozida e desidratada que serve de ingrediente para o cozimento de pães, tortas e bolos (EMBRAPA, 2018). Hibisco: Considerada uma planta antioxidante, possuí alto teor de vitaminas e ferro. Muito utilizada como um chá, mas também podem ser consumidas cruas ou cozidas (CORRÊA, 2018).

referencial teórico | 37


RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS Segundo a norma da ABNT, NBR 10.004: 2004, resíduos sólidos são aqueles que: “Resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição.”

Nada é jogado “fora” temos de nos sensibilizar de que esse termo foi definido de forma errônea, que tudo que consumimos tem uma destinação na natureza. Produzimos uma quantidade muito grande de resíduos por dia e se não tomarmos conta do consumo e destinação deste, trarão riscos ao meio ambiente, e diretamente, em nós. (SEIDEL, 2010).

Figura 10: Geração de resíduos sólidos no Brasil (Tonelada/ Hab/ Dia)

(Tonelada/ Dia)

0,48%

1%

2017

2016

2016

2017

Fonte: Panorama Abrelpe (2017)

De acordo com dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE) em 2017, o Brasil gerou 78,4 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos no país. Com uma diferença de 1% de 2017, o qual teve 71,6 milhões de toneladas, o que mostra que 6,9 milhões de toneladas de resíduos não foram para a coleta, e acabaram sendo jogados em locais impróprios. “A produção crescente dos resíduos sólidos resulta de vários fatores: o crescimento demográfico acelerado e a longevidade, o processo intensivo de industrialização, a concentração da população em cidades, e os padrões insustentáveis de produção e consumo da sociedade moderna”. (JACOBI; BESEN, 2006, p,91).

38 | referencial teórico


A má gestão de resíduos sólidos no país cria, além de problemas à saúde da população, complicações no ecossistema marinho, pelo fato de que tudo que é jogado na cidade e não tem sua destinação correta, leva até os mares, comprometendo a vida marítima dos seres.

Figura 11: Disposição final de Resíduos sólidos no Brasil por tipo de destinação (Tonelada/Dia) 114.189

115.801

45.500

44.881 33.948

35.368

59%

59,1%

23,5%

22,9%

17,5%

18%

2016

2017

2016

2017

2016

2017

ATERRO SANITÁRIO

ATERRO CONTROLADO

LIXÃO

Fonte: Panorama Abrelpe (2017)

Nos lixões e os locais impróprios para a destinação do lixo, gasta-se cerca de R$ 420 milhões anualmente para o tratamento de saúde e recuperação ambiental. (ABRELPE, 2017). “A vivência cotidiana muitas vezes mascara circunstâncias visíveis, mas não perceptíveis. Mesmo contemplando casos de agressões ao ambiente, os hábitos cotidianos concorrem para que o morador urbano não reflita sobre as consequências de tais hábitos, mesmo quando possui informações a esse respeito”. (MUCELIN; BELLINI, 2008, p.113).

No Rio de Janeiro, em 1992, devido à preocupação ambiental sobre o esgotamento dos recursos naturais da época, ocorreu a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, que ficou conhecida como Eco92. Lá foi discutido o que havia sido iniciado na conferência de Estocolmo em 1972. Ficou firmado a Agenda 21, que dá um começo para a questão do desenvolvimento sustentável do planeta, visto que o maior problema não era a produção, e sim, o consumo. (JACOBI, 2003)

referencial teórico | 39


Em concordância com o Instituto Brasileiro de Defesa ao consumidor, precisamos adotar a “Política dos 7 ‘Rs’” para redução dos Resíduos sólidos urbanos. É necessário que trabalhemos em equipe para que cada um faça sua parte e faça o descarte de resíduos nos locais corretos, por isso a necessidade da sensibilização dos 7 Rs (reduzir, repensar, recusar, reparar, reutilizar, reciclar e reintegrar).

Reduzir - o consumo de água, luz, e bens não necessários; Repensar - costumes e hábitos; Recusar - plásticos, embalagens desnecessárias; Reparar - um produto (sai mais barato para seu bolso e para o meio ambiente); Reutilizar - roupas, objetos que se tornaram obsoletos com o tempo mas que pode vir a ter outra função; Reciclar - o que não der para reparar, nem reutilizar (separar itens secos de itens molhados); Reintegrar - o que pode ser devolvido para a natureza (orgânicos);

De acordo com a Revista brasileira de educação ambiental / Rede Brasileira de Educação Ambiental (2007): - Uma profunda reflexão sobre o que nos é realmente necessário; - Coragem de recusar o consumo dos produtos desnecessários ou supérfluos; - Ponderação para reduzir o consumo dos produtos considerados necessários; - Decisão de reutilizar embalagens e outros produtos, renovando seus usos tanto quanto possível, aumentando sua vida útil e retardando seu descarte; - Iniciativa de encaminhar todos os produtos utilizados e quando possível, reutilizados, para a reciclagem. No momento em que estamos vivendo, a coleta seletiva não é mais uma opção, é uma exigência. A coleta seletiva contribui para a ação dos 7 Rs, resume-se no recolhimento dos materiais que podem ser reciclados, dessa forma sendo separados os diferentes materiais antes da coleta.

40 | referencial teórico


A reciclagem faz um novo uso ao “lixo”, ou seja, ela recolhe tudo que é descartado e cria a partir de um material, um novo produto. Muitos dos materiais que compramos não tem uma destinação certa, pois não é reciclável ou o processo para a reciclagem é muito difícil, e acabam indo para aterros ou lixões.

Figura 12: Participação das regiões do país no total de Resíduos Sólidos Urbanos Coletados

Norte 6,5%

Nordeste 22,4%

Centro-Oeste 7,3%

Sudeste 52,9%

Sul 10,9%

Fonte: Panorama Abrelpe (2017)

Repara-se que a região Sudeste possuí um maior número de coleta de resíduos sólidos urbanos logo é a que mais possuí incentivo de programas para que gere tal resultado, porém também é a região em que se concentra a maior produção dos mesmos. Figura 13: Distribuição dos Municípios com iniciativa de Coleta Seletiva no Brasil

NÃO

SIM

40%

60%

Norte

NÃO 49,7%

SIM

NÃO

SIM

50,3%

55,2%

44,8%

Centro-Oeste

Nordeste

NÃO

NÃO

12,2%

9,5%

NÃO 29,6%

SIM

SIM

SIM

87,8%

90,5%

70,4%

Sudeste

Sul

Brasil

Fonte: Panorama Abrelpe (2017) referencial teórico | 41


ESTUDOS DE CASO CENTRO DE CULTURA MAX FEFFER Localização: Pardinho, SP, Brasil Área do terreno: 7.130m² Área construída: 1.651m² Ano: 2008 Autoria: Amima Arquitetura

Imagem 39: Centro de Cultura Max Feffer. Fonte: Roger Hama Sassaki (2009)

O Centro, localizado em Pardinho, interior de São Paulo, Oeste Paulista próximo a Botucatu, se iniciou por meio do Projeto Pardinho, com a ideia de trazer cultura sustentável para a população do município através da valorização da cultura local. A intenção era de criar espaços que fossem ocupados para atividades que estimulem a criação, e que a população pudesse se entreter dentro do local. Por ser uma região caipira, os usos e programas que são feitos diariamente são de valorização da música raiz, lazer, empreendedorismo e a sustentabilidade. Imagem 40, 41, 42: Algumas atividades que ocorrem no local

Fonte: Acervo Centro de Cultura Max Feffer (2017)

De acordo com a arquiteta: “É um lugar de lazer, aprendizado e convivência para crianças frequentadoras da praça, vizinhos e moradores próximos, baseado nas melhores práticas ambientais”

Não apenas com o intuito de ensinar, mas aplicando seus conceitos no projeto, é considerado uma edificação verde, a única na América Latina a receber a certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design).

42 | estudos de caso


O projeto atende diversos pontos sustentáveis relacionados à construção, sendo os principais: - A antiga edificação do local foi reaproveitada; - Incentiva o desenvolvimento sustentável da região fazendo com que as atividades respeitem o meio ambiente, e o local que está inserido; - O terreno ocupa apenas 15% de construção, havendo uma área extensa para a permeabilidade do solo, que além disso também utiliza de pisos 100% drenantes; - Utilização de cores claras nos pisos e na cobertura as quais aumentam a reflexão solar, que contribui para o conforto térmico da edificação; - 63% da área do terreno é composto pela vegetação nativa, que colabora com a diminuição das ilhas de calor e por serem nativas, acostumadas ao ambiente, minimiza a utilização de água potável; - Faz o uso de materiais de baixo impacto ambiental de fibras vegetais, como o bambu como material construtivo usado na cobertura, com a justificativa de que é fácil de ser achado no Brasil e de fácil cultivo, também influencia no uso de tal, pois possuí diversas vantagens na construção. E a madeira vinda do Eucalipto. As telhas possuem 42% de papelão reciclado em sua composição, assim como a madeira dos caixilhos e os tijolos são de demolição, os corrimões vindos de desmanches de ônibus e os bancos e bebedouros vindos de descartes; - Para a diminuição de resíduos sólidos indo para os aterros, todos os resíduos da obra, foram incorporados à própria obra, ou então reciclados, foi utilizado o sistema de reuso de águas cinzas para descargas sanitárias e águas negras; - Foram utilizados metais hidrosanitários econômicos; - Faz o uso de um mictório seco; - Tratamento de esgoto por zona de raízes; - Uso da água de descarte da zona de raízes para irrigação do jardim; - Foi utilizado Tinta à base de água; - Houve uma preocupação de utilizar soluções de baixa tecnologia para que fosse dado o conforto ambiental da edificação, portanto não dispõe de ar condicionado, assim o conforto é trazido através da ventilação natural. Paredes trombe são locadas na face norte do projeto, a qual capta o calor e transmite para dentro do ambiente, que fornece o aquecimento do local; - Iluminação com feita por tecnologia LEED, acionadas por células fotovoltaicas, as quais duram mais e gastam menos, iluminação zenital, e sensores de presença; - Sistema de captação de águas de chuva que após filtradas são levadas para o banheiro para o uso de descargas; - Possuí pontos para a coleta seletiva; - Possuí um bicicletário incentivando o uso de um meio de transporte não poluente. estudos de caso | 43


Imagem 43: Detalhes de descarte de uma fábrica, que

Imagem 44: Placas solares, parede trombe, pisos 100%

serviam de moldes para confeccionar os produtos

permeável, caixilharia de demolição

Fonte: Roger Hama Sassaki (2009)

Fonte: Roger Hama Sassaki, (2009)

PROGRAMA ARQUITETÔNICO

1 2

3

4

12 11 10

7

5 6

8 9

Fonte: Amima Arquitetura Figura 14: Planta Térreo - Amima Arquitetura (2009)

13

14

15

Figura 15: Planta Pavimento Superior - Amima Arquitetura (2009)

Pavimento Térreo: 1. Info Centro - 42,73m² __ 106 pessoas 2. Acervo - 41,75m² _____104 pessoas 3. Biblioteca - 38,92m² ___ 97 pessoas 4. Escritório - 38,92m² ____5 pessoas 5. Sanitário Feminino - 21,00m² _____ 6. Sanitário Masculino - 20,45m² _____ 7. Depósito - 14,35m² _____________ 8. DML - 8,85m² _________________ 9. Dep. Apoio palco - 33,45m² _______ 10. Vestiário Feminino - 11,06m² _____ 11. Vestiário Masculino - 8,35m² _____ 12. W.C Def. Físico - 3,32m² ________ Pavimento superior: 13. Museu – 463,12m² ___ 1.157 pessoas 14. Loja/ Inf. – 62,40m² ___ 62 pessoas 15. Palco – 80,20m² _____ 200 pessoas

* Cálculo de lotação feito com base no Código de Obras e Edificações de São Paulo - COE LEI Nº 11.228/92 – Prestação de serviços de educação. 44 | estudos de caso


Projeto escolhido como referência para a materialidade da edificação, além de trazer o mesmo conceito de educar para a sustentabilidade e aplica-los na construção do projeto de forma que utilize materiais de baixo impacto ambiental, faz o uso de fontes renováveis de energia e evita ao máximo o desperdício, adotando formas de reutilizar materiais.

Imagem 45: Cobertura de bambu Figura 16: Detalhe cobertura de bambu

Fonte: Arcoweb

Fonte: Roger Hama Sassaki (2009)

Figura 17: Elevação

Figura 18: Elevação

Fonte: Amima Arquitetura (2009)

Fonte: Amima Arquitetura (2009)

Figura 19: Implantação

Fonte: Amima Arquitetura (2009)

estudos de caso | 45


ESCOLA NO URUGUAI Localização:Jaureguiberry, Uruguai Área construída: 270m² Ano: 2016 Autoria: Michael Reynolds, da Earthship Biotecture e Federico Palermo

Imagem 46: Escola no Uruguai Fonte: Lorena Presno, Diego Roche, Lucas Damiani (2016)

Considerada a primeira escola pública 100% sustentável da América Latina, localizada no Uruguai, contou para seu projeto e construção com o arquiteto Michael Reynolds, conhecido como o arquiteto da bioconstrução por utilizar materiais que seriam destinados ao lixo. Só foi possível a construção desta escola devido à TAGMA, uma organização sem fins lucrativos, a qual decidiu implementar no local a Earthship Biotecture, em que Michael Reynolds é o fundador. A TAGMA foi quem financiou a escola. A edificação utiliza todas as formas que a natureza nos fornece de nos trazer energia, o aproveitamento da iluminação solar com painéis fotovoltaicos que captam energia, moinhos de vento, sistema de captação de água de chuva que é armazenada em uma cisterna para que seja usado para o cultivo de hortas, e o reuso de águas cinzas e águas negras. Com a preocupação com a natureza, na construção foi utilizado 60% de materiais reciclados e 40% de materiais da construção usual. Entre os reciclados se encontram, 2 mil pneus, 5 mil garrafas de vidro, 2 mil metros quadrados de papelão e 8 mil latinhas de alumínio. Sendo o valor total da obra de 300 mil dólares. Imagem 47, 48 Muro de contenção executado com pneus

Fonte: Lorena Presno, Diego Roche, Lucas Damiani (2016)

46 | estudos de caso


A implantação do projeto se deu com a orientação solar como principal fator, visto que era necessária uma iluminação eficiente para o maior aproveitamento de luz natural, tanto para aquecer o ambiente durante o inverno, quanto para ventilar e trazer maior aproveitamento sem o uso de aquecedores, ar condicionados e luzes artificiais. Portanto o projeto se inicia com a edificação abrindo-se para o norte, constituída de vidro e madeira permeando através da fachada em um corredor que abre para 3 salas de aula.

Imagem 49: Fachada do edifício

Fonte: Lorena Presno, Diego Roche, Lucas Damiani (2016)

O ponto chave do projeto é que para a construção do mesmo, a ONG, a qual auxiliou durante todo o processo, incentivou um grupo de 200 pessoas, das mais diferentes nacionalidades, idades, e funções para colaborar em sua execução e assim a escola ficou pronta em um tempo impressionante de 7 semanas, o que trouxe diversos benefícios como a aprendizagem sustentável de bioconstrução e reciclagem, e valorização do imóvel que com certeza serviu como um apego para a comunidade local. Além de que barateou o custo da obra, sendo mais viável para os financiadores.

estudos de caso | 47


Figura 20: Planta Escola

Fonte: Michael Reynolds (2013)

Figura 21: Corte Escola

Fonte: Michael Reynolds (2013) Figura 22: Fachada Escola

Fonte: Michael Reynolds (2013)

48 | estudos de caso


PROGRAMA ARQUITETÔNICO Imagem 50: Sala de aula

Sala de aula 1 - 44,00m² __ 29 pessoas Sala de aula 2 - 44,00m² __ 29 pessoas Sala de aula 3 - 44,00m² __ 29 pessoas Banho 1 - 17,20m² _ 2 vasos sanitários + 1 PNE Banho 2 – 17,20m² _ 2 vasos sanitários + 1 PNE Sala de bombas - 4,80m² __________ Sala de baterias - 4,80m² _________ Canteiro de flores - 20,70m² _______ Circulação - 75,90m² (28,10%) ______

Fonte: Acervo escola

Imagem 51: Materiais incorporados na obra

Fonte: Lorena Presno, Diego Roche, Lucas Damiani (2016)

* Cálculo de lotação feito com base no Código de Obras e Edificações de São Paulo - COE LEI Nº 11.228/92 – Prestação de serviços de educação. estudos de caso | 49


TEKÔA Localização: Morretes, Paraná Ano: 2016 Autoria: Tomaz Lotufo

Imagem 52: Tekôa Fonte: Sem muros arquitetura integrada (2017)

O Tekôa é um projeto que tem como fim a educação ambiental para aprender na teoria e na prática conceitos permaculturais para que as pessoas que visitem o local aprendam sobre práticas sustentáveis e o impacto de se adotar estas soluções. A área de intervenção é uma área privada, localizada na Reserva Biosfera da UNESCO na Mata Atlêntica, segundo Arruda e Lotufo (2018), o projeto foi elaborado de modo que houvesse um percurso eco-pedagógico em que as pessoas explorem de forma lúdica e prática como as sociedades humanas podem lidar com os desafios de degradação ambiental atualmente. Imagem 53: Tekôa

Fonte: Sem muros arquitetura integrada (2017) 50 | estudos de caso


Para isso, o espaço foi desenhado para que houvesse aprendizado em cada parte, portando foi dividido em: Recepção e loja para os visitantes receberem informações sobre o local e já aprendem sobre as práticas de produção e consumo ético; Horta mandala e Galinheiro, mostrando como funciona o processo de geração de resíduo e reaproveitamento do mesmo de forma que volte à natureza, adotando processos de reciclagem, compostagem e nutrição do solo; Agrofloresta, visando a técnica que inclui plantar alimento juntamente com árvores e expondo como funciona essa prática de modo a regenerar o solo, melhorar a qualidade da vegetação e gerar frutos de qualidade sem o uso de fertilizantes; Biocasa, onde é mostrado as fases das vegetações desde sua plantação até seu crescimento à ponto de gerar alimento, que ocorre inicialmente da plantação das sementes na horta. Visando o compartilhamento de informações e prática, essa área foi construída com estudantes de diferentes localidades por meio de um curso de bioconstrução; Pavilhão de Oficinas, espaço que tem como função dar cursos, proferir palestras, oficinas e experimentos no laboratório, trazendo conhecimento para os visitantes. Dentro do parque tudo tem a intensão de ser reutilizado, portanto o alimento gerado nas hortas e na agrofloresta, servem de alimento para a população que frequenta o parque, e os resíduos são compostados para que depois sirva de fertilizante para a horta e a agrofloresta. Imagem 54: Espaço da liberdade

Fonte: Sem muros arquitetura integrada (2017) estudos de caso | 51


Foi utilizado na construção do projeto técnicas simples para que qualquer pessoa possa reproduzir estas práticas, visando os princípios da bioconstrução de que qualquer um pode autoconstruir, uma arquitetura com práticas e materiais locais de baixo impacto ambiental de modo a não prejudicar o ecossistema e pautado no trabalho cooperativo. O terreno foi minimamente modificado, respeitando o perfil natural, a construção visou o conforto ambiental através do estudo do clima da região, ventos e insolação, para isso foi criado uma estrutura em bambu Phyllostachys espécie abundante na região, tal estrutura faz referência à copa de uma árvore, de modo a integrar na paisagem. Imagem 55: Estrutura de bambu

Fonte: Sem muros arquitetura integrada (2017)

O bambu utilizado é muito usada por artesãos na região e a ideia era criar uma estrutura simples para que pudesse ser replicada pelos mesmos e gerar renda para a comunidade local. As estruturas do estábulo foram mantidas para que não houvesse geração de resíduos na construção.

Figura 23: Corte Transversal

Fonte: Sem muros arquitetura integrada (2017)

52 | estudos de caso


Figura 24: Planta térreo

Fonte: Sem muros arquitetura integrada (2017)

Figura 25: Planta pavimento superior

Fonte: Sem muros arquitetura integrada (2017)

Recepção - 64,5 W.C - 2,12 W.C PNE - 4,08 Laboratório (cozinha escola) - 40 Oficina 01 (pedagogia prática) - 29,04 Oficina 02 (pedagogia prática) - 17,42 W.C 01 - 2,48 W.C 02 - 3,5 W.C PNE - 4 Espaço da liberdade - 105,6

estudos de caso | 53


LOCALIZAÇÃO CONTEXTO URBANO

A cidade de São Paulo é a que mais produz lixo do Brasil, sendo um total de 27 mil toneladas por dia e apenas 2,07% são reciclados (IBGE). Através de estudo e análises, foi visto que a região da Liberdade, é bem abastecida de equipamentos educacionais, como escolas técnicas, escolas de ensino fundamental e médio, cursinhos, faculdades, e capacitação profissional, como o colégio ETAPA, o colégio Adventista, diversas unidades da FMU, a Escola Paulista de direito, a Universidade Cruzeiro do Sul, entre outras de escala menor. O bairro também possuí uma parcela de caráter residencial, juntamente com comércios e serviços. Isto é, justamente o público buscado para o centro. O que influenciou na escolha da região foi a questão da mobilidade. A proximidade às estações de metrô, facilitando acesso às pessoas que residem longe do local do projeto e que precisam de transporte público para chegar ao local. O terreno proposto, está na centralidade da cidade de São Paulo.

54 | local


Figura 26: Espacialização do terreno - editado pela autora

local | 55


HIERARQUIA VIÁRIA E EQUIPAMENTOS As vias próximas, como a Av. 23 de Maio, via arterial, faz a ligação de Norte-Sul da cidade, em razão disto, é considerada uma das vias mais importantes, gerando fluxo intenso de automóveis. Paralela à via, a Av. da Liberdade é também de alto fluxo tanto de pedestres quanto de automóveis devido ao fato de ser bem abastecida de modais de transporte, tais como duas estações de metrô, Liberdade e São Joaquim, ciclofaixa e pontos de ônibus.

56 | local


Figura 27: Mapa de Hierarquia Viรกria e Equipamentos - editado pela autora

local | 57


Imagem 56: 1 - Parque Trianon

Imagem 57: 2 - MASP

Imagem 58: 3 - FIESP

Fonte: Marcelo Brandt

Fonte: Nelson Kon

Fonte: Nelson Kon

Imagem 61: 6 - Vila Itororó

Imagem 62: 7 e 8 - Faculdade Cásper Líbero e Unip

Imagem 63: 9 - FG

Fonte: Hélio Bertolucci Jr.

Fonte: Mariana Cavalcanti

Fonte: Acervo FGV

Imagem 66: 12 - Anhanguera

Imagem 67: 13 - FECAP

Imagem 68: 14 - FMU

Fonte: Acervo Anhanguera

Fonte: Acervo FECAP

Fonte: Google Maps

Imagem 72: 18 - Uninove - Unidade de Saúde

Imagem 73: 19 - Objetivo Vergueiro

Imagem 74: 20 -

Fonte: Google Maps

Fonte: Google Maps

Fonte: Google Ma


Imagem 59: 4 - SESC Paulista

Imagem 60: 5 - Centro Cultural São Paulo

Fonte: Pedro Vannucchi

Fonte: Michel Guimarães

Imagem 64: 10 - UNESP

GV

Imagem 65: 11-Direito FGV

Fonte: Acervo UNESP

Fonte: Acervo FGV

Imagem 69: 15 - FMU Direito

Imagem 70: 16 - Etapa

Imagem 71: 17 - Uninove

Fonte: Google Maps

Fonte: Google Maps

Fonte: Acervo Uninove

- FMU Pós Graduação

Imagem 75: 21 - Colégio Júlio Verne

Imagem 76: 22 - Universidade Cruzeiro do Sul

aps

Fonte: Google Maps

Fonte: Google Maps


CONTEXTO HISTÓRICO REGIÃO DA LIBERDADE A área em que hoje se situa o bairro da Liberdade assim como outras áreas de São Paulo, era a princípio aldeiamentos de indígenas, que logo com a chegada dos portugueses, criaram-se loteamentos de chácaras em que as ruas serviam de passagem para a conexão de Santo Amaro com a Sé (LIMA, 2018). Surgiu em 1765 o Largo da Forca, para que fossem executados rebeldes (fugitivos, negros, índios, mulatos, bastardos e infratores pobres) (VILHENA, 2004). Logo depois, o Cemitério dos aflitos localizado em frente à Capela dos Aflitos, um cemitério a céu aberto para que houvesse um local para que estas pessoas fossem enterradas, pois não poderiam estar enterradas no mesmo local que a alta sociedade que eram enterrados dentro das igrejas. Próximo, havia o Pelourinho onde os escravos eram violentados no local. Barone (2018) diz que o Largo da Forca e o Cemitério dos Aflitos foram locados no bairro para que não incomodassem a população paulista. Figura 28: Área do antigo Largo da Forca e Cemitério dos Aflitos

Fonte: Revista Trip (2019)

Segundo Dias (2019), houve a tentativa de enforcamento do soldado negro alforriado, conhecido por “Chaguinhas” em 1821, que liderava uma revolta contra os atrasos do pagamento salarial. Após a corda se romper três vezes, o público que assistia o enforcamento gritava por “liberdade” e assim ficou conhecida a atual Praça da Liberdade. Após a morte de Francisco José das Chagas (“Chaguinhas”), foi visto como herói pelo povo, vítima de uma morte cruel perante uma causa justa de reivindicação de sua busca pela liberdade. Velas foram acesas em nome do herói, e foi erguida uma cruz de madeira Santa Cruz dos Enforcados que em 1895 vem a ser o nome da Igreja Santa Cruz dos Enforcados (VILHENA, 2004).

60 | local


De acordo com Paiva (2011) o bairro até fins do século XIX não se localizava na região central da cidade de São Paulo, porém com a vinda de rede de esgoto, redes de eletricidade consequentemente bondes e água encanada começaram a criar ruas mais estruturadas e novos lotes e então começa a fazer parte do distrito da Sé para que depois se tornasse o Distrito da Liberdade. “Ocorre que a redefinição de porções daquele espaço urbano – promovida pela migração da população negra expulsa das áreas mais centrais no processo de “higienização” da cidade – foi seguida da sua apropriação pelos migrantes italianos e seus descendentes, além de acolher a migração japonesa. Num espaço de quatro décadas entre o final do século XIX e início do XX este adensamento de populações de origens variadas fez da Liberdade um lugar singular no contexto dos territórios da migração na cidade” (PAIVA, 2011).

No século XIX viviam na região portugueses e italianos em casarões que a partir de 1905 com a chegada dos primeiros imigrantes japoneses começam a se estabelecer nos porões destas casas. Com a abolição da escravatura, o trabalho começa a ser substituído por mão de obra imigrante e os antigos escravos, negros sem emprego, e sem dinheiro começam a ir para as periferias da cidade, iniciando o processo de gentrificação e apagamento da memória negra (BARONE, 2018). Atividades japonesas se iniciam no século XX e assim abrem comércios, serviços, chegada de chineses e coreanos fazendo com que a cultura oriental ganhasse força e em 1974 recebe luminárias de forma a representar uma cidade oriental. Inaugura a estação de metro “Liberdade” que em 2018 é acrescido a palavra “Japão”. Hoje em dia é um bairro turístico conhecido como bairro oriental, com serviços e comércios bem estabelecidos.

Imagem 77 : Capela Nossa Senhora dos Aflitos

Imagem 78 : Praça da Liberdade

Fonte: Denise Geribello (2014)

Fonte: Abílio Guerra (2013)

local | 61


LINHA DO TEMPO DOS ACONTECIMENTOS HISTÓRICOS DO BAIRRO E DA SUSTENTABILIDADE

62 | local


Figura 29: Linha do tempo - elaborado pela autora (2019)

local | 63


ÁREA DE INTERVENÇÃO O terreno escolhido se localiza na Av. da Liberdade, 1001 no bairro da Liberdade, no momento são três estacionamentos onde entre eles possuem 3 estabelecimentos de comércio local do ramo alimentício. Se localizam em frente à Av. da Liberdade com um acesso pela Rua São Joaquim em que existe uma pequena estrutura com 3 pavimentos que serve também de estacionamento. Figura 30: Mapa da área de intervenção Fonte: Google Maps (2019)

1

2

3

4

10

5

9

6 64 | local

7

8


1. Edificios com 12 pavimentos, de uso misto, com térreo comercial e torre residencial; 2. Comércios locais variando de 1 a 2 pavimentos (lanchonete e mercearias); 3. Edificio da Caixa Econômica Federal, possuíndo 12 pavimentos; 4. Faculdade FMU, possuí 4 pavimentos; 5. Ciclofaixa da Avenida da Liberdade; 6. Escola Paulista de Direito (EPD), possuí 11 pavimentos; 7. Edifício residencial, possuí 19 pavimentos; 8. Cursinho Etapa, edificação térrea; 9. Estação de metrô São Joaquim; 10. Hospital Oswaldo Cruz.

1- Edificio Uso Misto

2 - Fachada dos comércios

4- FMU

5- Ciclofaixa Av. Liberdade

8- Curso Etapa

9- Metrô São Joaquim

3 - Caixa Econômica Federal

6- EPD

7- Edificio Residencial

10- Hospital Oswaldo Cruz

Imagens 79-88: Entorno do local Fonte: Google Maps (2019) local | 65


MOBILIDADE URBANA - FLUXOS E TRANSPORTES

Figura 31: Mapa de Fluxos e Transporte

Fonte: Geosampa - editado pela autora (2019)

O local é bem abastecido de equipamentos de transporte, possuí uma estação de Metrô bem ao lado, a São Joaquim da linha azul, juntamente com pontos de ônibus e uma ciclofaixa que permeia por praticamente toda a linha azul do metrô. O fluxo de pessoas na Av. da Liberdade é alto devido à estação de metro e à quantidade de instituições educacionais próximas, inclusive, há 3 anos foi implementada a Faixa Verde para que pedestres pudessem transitar pela via, e este ano (2019) visto que a faixa tinha intenção de ser provisória, a calçada foi ampliada. O maior fluxo de veículos é na Av. 23 de Maio devido à ligação Norte- Sul que faz na cidade, entretanto, a Av. da Liberdade é um pouco menos movimentada de carros, porém possuí um maior número de modais de transporte, fazendo com que esta via esteja repleta de movimentação de todos os portes.

66 | local


USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

Figura 32: Mapa de Uso e Ocupação do Solo

Fonte: Geosampa - editado pela autora (2019)

Predomina na quadra onde o lote está inserido, o uso misto, de residencias, comércios e serviços, tendo fluxo durante grande parte do dia, o que torna a região ativa e pouco perigosa, principalmente de se localizar próximo a ruas bastante movimentadas. O local não possuí muitos edifícios de gabarito alto, porém nas quadras a partir da Rua Galvão Bueno, a área começa a adensar. A região da Liberdade, em geral é pouco adensada, contendo edificações mais altas nos limites da Sé, Bela Vista e Aclimação.

local | 67


LEGISLAÇÃO

Figura 33: Mapa de Zoneamento

Fonte: Geosampa - editado pela autora (2019)

Previsto pelo Plano Diretor Estratégico - PDE (Lei 16.050/2014), o terreno localiza-se em uma Zona Eixo de Estruturação da Transformação Urbana (ZEU) “[...] são porções do território em que pretende promover usos residenciais e não residenciais com densidades demográfica e construtiva altas e promover a qualificação paisagística e dos espaços públicos de modo articulado ao sistema de transporte público coletivo.” (GESTÃO URBANA, Prefeitura de São Paulo, 2014).

Devido ao fato do terreno estar localizado em uma ZEU, que permite construções residenciais e não residenciais com densidade construtiva alta, a área é bem abastecida de transportes, possibilitando a mobilidade, que vem em primeiro lugar, sendo uma localidade de alto fluxo de pedestres. O local possibilita o adensamento da região através destes pontos estratégicos de modais de transporte, de forma a trazer a população para estes lugares que possuem boa infraestrutura.

68 | local


DECLIVIDADE

Figura 34: Mapa de Declividade e Hidrografia

Fonte: Geosampa - editado pela autora (2019)

No local de intervenção existe apenas o córrego Itororó, afluente do Anhangabaú, nome devido ao antigo nome da avenida que é hoje se conhece por Avenida 23 de Maio, a qual o córrego flui abaixo dela. A declividade da região é acentuada, principalmente na região entre a Avenida da Liberdade até a Avenida 23 de maio.

local | 69


PROJETO TERRENO

O terreno possuí 2.485,00m², possuí dois acessos, um pela Rua São Joaquim e outro pela Av. da Liberdade, a face do projeto voltada para a Av. da Liberdade é a face Oeste, já da Rua São Joaquim, é a face Sul. O perfil natural do terreno foi levemente alterado na parte superior em que se encontra o primeiro estacionamento, mesmo assim, a cota mais alta permanece na entrada da Av. da Liberdade e a mais baixa na Rua São Joaquim, tendo um declive de 8 metros entre uma rua e outra. De acordo com o PDE é necessário que a construção siga os seguintes parâmetros de ocupação no lote: CA mínimo: 0,5 CA básico: 1 CA máximo: 4 TO lotes até 500m2: 0,85 TO lote superior a 500m2: 0,7 Gabarito de altura máxima: NA (Não se aplica) Recuos mínimos Frente: 5 Fundos e laterais Altura da edificação menor ou igual a 10m: NA Altura da edificação superior a 10m: 3h Cota parte máxima de terreno por unidade (m2): 20 Figura 35: Acessos ao terreno e insolação - elaborado pela autora

70 | projeto


PARTIDO ARQUITETÔNICO

Para o desenvolvimento do projeto, levou-se em conta todo o estudo feito através das referências teóricas e projetuais que tinham como intenção chegar a soluções sustentáveis e que colocasse a teoria em prática. A arquitetura necessita expor todas essas questões levantadas, e dessa forma chegou nas diretrizes projetuais, que partiram dos princípios de design da permacultura. 1. Compreender os elementos do sistema antes de agir sobre ele. Conectar o usuário ao contexto; - Quais são os elementos; - Quem são os usuários; 2. Gerar o mínimo de resíduos possível; - Utilizar recursos disponíveis – fazer o uso de materiais e serviços que se localizam próximos à região. 3. Obter um retorno para sustentar o local; - Como gerar lucro sustentável; 4. Pensar e planejar para o futuro; -Durabilidade dos materiais; 5. Energias renováveis, materiais renováveis; -Escolha de materiais que não se tornem obsoletos, que haja uma forma de retornar à natureza; 6. Não produzir resíduos; - Procura por materiais reciclados, ou utilizados para usar na execução da obra; 7. Observar padrões da natureza e padrões comprovados; - A natureza não é modular; 8. Desenvolver o projeto (execução) em grupo - integração dos usuários ao projeto; - Qual a forma de envolver a comunidade local? 9. Soluções pequenas e lentas; - Ajustar o projeto às reais necessidades; 10. Use e valorize a diversidade; - Adequar a edificação ao que já existe e às necessidades do local; 11. Valorizar as oportunidades - Olhar além dos muros que nos cercam – o mais óbvio nem sempre é o “mais certo”; 12. Prever o futuro/ responder a mudanças - readequar - O que ele será (qual seu uso)? - Ele será necessário para a próxima geração? - Ele pode vir a se tornar outro edifício, ou ter outro uso? projeto | 71


Chegou-se à conclusão de que para o projeto era necessário iniciar pelo que a cidade e quem mora nela necessitam. A cidade de São Paulo é marcada pela correria do dia-a-dia da maior metrópole do país, como visto nos estudos, também é a maior geradora de resíduos sólidos, portando necessita de um local onde possam aprender sobre a importância da mudança de hábitos sustentáveis. O propósito da edificação é influenciar a população residente do bairro e do entorno da região, de forma a sensibilizálas sobre a questão ambiental para que apliquem seus conhecimentos e influenciem em sua comunidade ou vizinhança, para que haja um envolvimento comunitário ligado à educação ambiental. Ampliando as boas maneiras da população, em que uns são influenciados diretamente através do centro, estes influenciam mais pessoas, que após algum tempo, indiretamente diversos indivíduos serão impactados. Criando, utopicamente, um bairro com práticas sustentáveis. Para que o conteúdo seja de fato espalhado para diversas regiões, não apenas atingindo a escala de bairro, serão propostas visitas de escolas e faculdades, com monitores especialistas que mostre os temas estudados no local, os guie pela edificação, onde os educandos conhecerão o território, podendo participar e aplicar o conteúdo dialogado em ações socioeducativas na região. As ações e aprendizados dos processos teóricos e prático-pedagógicos, poderão ser ampliados e amplificados pelos educandos em outras áreas da cidade de forma a criar uma rede que repense a questão ambiental para ancorar e reverter o processo de degradação ambiental. É importante capacitar tanto os próprios trabalhadores que atuarão no centro, quanto os colaboradores externos, como os catadores e carroceiros, para que haja sensibilização, geração de trabalho e renda. Visamos atrair visitantes por meio da publicidade, para conhecer os temas que serão abordados no centro, todos voltados para a permacultura, como a bioconstrução, compostagem, alquimia, economia circular, a alimentação direcionada para a diminuição da ingestão de carne animal, a redução do consumo, a reciclagem, entre outros. Dessa forma, o programa arquitetônico foi elaborado, com base nos estudos de caso e na necessidade apresentada, visto que é uma edificação de cunho educacional foi escolhido trabalhar com diversas frentes para que o visitante possa ter uma experiência teórica nas salas de aula e prática nos laboratórios e oficinas, sem contar os espaços de maquetaria, cozinha experimental e hortas, que foram postas também para criar um maior contato com o que é tátil. Importante que houvesse incluso no projeto áreas livres para que as pessoas possam se apropriar do espaço e se sentirem confortáveis em tal local. Espaços de exposição para que sejam colocadas as artes criadas nas oficinas e laboratórios, que tem como intenção criar arte com o que é da natureza ou mesmo resíduos e materiais reciclados. Locais de tratamento de água e esgoto que atendem os princípios de bioconstrução, cisterna para o tratamento de águas pluviais, placas solares para aquecimento de água e áreas para compostagem.

72 | projeto


PROGRAMA ARQUITETÔNICO

Figura 36: Programa arquitetônico - elaborado pela autora (2019)

BICICLETÁRIO

Figura 37: Ficha Técnica - elaborado pela autora (2019)

projeto | 73


Figura 38: Implantação do térreo - elaborado pela autora (2019)

74 |


| 75


IMPLANTAÇÃO

A forma da implantação se deu através do desenho do terreno, visto que não possuí linhas ortogonais e paralelas umas às outras, foi criado um desenho de piso para que tanto quem estivesse na Av. da Liberdade, quanto na Rua São Joaquim pudesse realizar o mesmo caminho através da edificação, portanto seguiu o perfil natural do terreno com rampas e escadas de acesso para as duas ruas. Por existir entre os dois estacionamentos serviços e comércios do setor alimentício, a intenção é agregá-los no projeto, visto que será necessário locais que possam fornecer refeições para os frequentadores que virão a surgir. A intenção é abrir as partes de trás e reformar os estabelecimentos para integrar com o edifício proposto sem que haja necessidade de projetar uma nova área com o mesmo uso, dessa forma aproveitando e incentivando algo local. A estrutura existente da Rua São Joaquim será reaproveitada na obra. A intenção principal é que o caminho do pedestre mude seu olhar frente às questões de reciclagem, compostagem, bioconstrução, então que esse passeio, que pode servir de “corta caminho” de uma rua a outra, altere a percepção do que é realizar uma atividade de permacultura, visto que ao longo deste caminho, terão espaços reservados para a prática de oficinas abaixo de uma marquise. Deste modo, estas pessoas se sentem ligadas antes mesmo de realizar uma atividade das oficinas e desperta o desejo de entender e querer fazer parte . A edificação funcionará como um laboratório de permacultura, logo na entrada da Av. da Liberdade, o cidadão tem a opção de caminhar pela marquise, ou então adentrar o edifício. A primeira coisa que verá serão as exposições do que foi produzido dos laboratórios e oficinas, visto que existem diversas coisas que podem ser feitas com o que muitos denominam de “lixo”. Ao longo do percurso de dentro da edificação, a pessoa passa pela biblioteca, que conta com um acervo de materiais, principalmente ligados à questões ambientais, a lan house para pesquisas, passa por outra exposição, em uma área aberta para que pessoas que estão fora do edificio possam ver e mais a frente loja com produtos produzidos de forma ética e sustentável de produtores locais para auxiliar às pessoas a importância da compra consciente de uma fonte confiável em que se mostra a origem de tal objeto, caminhando um pouco mais chega-se no café, local voltado para a gastronomia vegana, natural, ressaltando a importância desta forma de alimentação e dando a importância para a ingestão de PANCs! Quem estiver no café terá a visão da Rua São Joaquim. O caminho que é feito através da marquise pode se observar as oficinas que ocorrerão de bioconstrução que acontecem no local, a maquetaria e a vegetação pautada na agricultura sintrópica.

76 | projeto


SUBSOLO

Figura 39: Planta do subsolo - elaborado pela autora (2019)

O acesso pela Rua São Joaquim se dá através desta pequena entrada que possuí cerca de 7m de largura para que seja acessível à população. A pessoa que entra segue por meio destas rampas e escadas que dão na marquise ou então podem acessar o edifício por meio do elevador e escada dentro da construção que dá para o térreo de acesso à outra rua.

projeto | 77


Figura 40: Planta primeiro pavimento - elaborado pela autora (2019)

78 | projeto


Para o projeto foi pensado em criar aberturas para que fosse possível haver maior quantidade de iluminação, e possibilitando a ventilação cruzada dentro do edifício. Foi constatado nos dois estudos de caso (Centro de Cultura Max Feffer e Tekoa) espaços multiuso para que os visitantes pudessem se apropriar do espaço e que ele fosse usado para dar cursos, palestras e oficinas, dessa forma foi criado um espaço multiuso amplo para que tais atividades aconteçam pelo projeto. Neste espaço foi criado uma varanda para possibilitar o cultivo de plantas em vasos, mostrando que é possível criar alimentos em locais compactos como acontece em diversos casos de pessoas que habitam em apartamentos na cidade de São Paulo. Tanto no térreo quanto no primeiro pavimento a fachada norte será protegida por um muxarabi. Cada sala de aula possuí um layout diferente para que sejam dadas aulas de diferentes assuntos. A ultima sala comporta até 63 pessoas, foi pensada no caso de haver excursões de escolas, faculdades, etc. A cozinha experimental tem a intenção de ser um local para o aprendizado do preparo de comidas naturais, veganas e PANCs para demonstrar a importância do cultivo do próprio alimento, que é dado nos espaços de vegetação do edifício. Esta cozinha da a vista para a Avenida e da a vista para o outro lado da edificação através de uma face de vidro, onde quem está fazendo sua refeição pode observar o preparo da comida. Espaço de descompressão para funcionários e sala dos professores visando o conforto, o respeito e a ética para com os que trabalham no local.

projeto | 79


Figura 41: Planta segundo pavimento - elaborado pela autora (2019)

80 | projeto


O último pavimento se localiza o laboratório de compostagem e alquimia, juntamente a uma oficina de compostagem e oficina de PANCs para ressaltar a importância de não gerar resíduo, e fazer dele nosso aliado, para que o alimento que foi plantado no local volte para o local na forma de fertilizante. O trabalho pautado nos principios da permacultura, vem a ser saudável e compartilhado, portanto a área administrativa da edificação está situada em um local aberto para que haja a integração com os programas que ocorrem. A horta é um ponto importante no projeto, é onde as pessoas entrarão em contato com a terra, terão o cuidado de semear o que plantaram.

projeto | 81


Figura 42: Planta da cobertura - elaborado pela autora (2019)

82 | projeto


Figura 44: Planta Caixa D’água Figura 43: Detalhe placas solares

Figura 45: Ampliação Caixas D’água

projeto | 83


Figura 46: Corte AA - elaborado pela autora (2019)

84 | projeto


projeto | 85


Figura 47: Corte BB - elaborado pela autora (2019)

86 | projeto


projeto | 87


Figura 48: Corte CC - elaborado pela autora (2019)

88 | projeto


projeto | 89


Figura 49: Corte DD - elaborado pela autora (2019)

90 | projeto


projeto | 91


Figura 50: Fachada Av. Liberdade - elaborado pela autora (2019)

92 | projeto


projeto | 93


Figura 51: Fachada Rua SĂŁo Joaquim - elaborado pela autora (2019)

Figura 52: Esquema Circulo de Bananeiras - elaborado pela autora (2019)

Figura 53: Planta canteiro que serĂĄ inserido o canteiro de bananeiras e a BET - elaborado pela autora (2019)

Figura 55: Corte longitudinal da BET - elaborado pela autora (2019)

94 | projeto

Figura 56: Corte transversal da BET - elaborado pela autora (2019)


BACIA DE EVAPOTRANSPIRAÇÃO

Implementamos no projeto a bacia de evapotranspiração (BET) (Figura 53, 55 e 56) pois ela tem como intenção principal não gerar efluentes, isto é, não existe esgoto quando a BET funciona corretamente. Ela é responsável pelo tratamento de águas negras, enquanto o círculo de bananeiras trata as águas cinzas. O funcionamento dela ocorre a partir da impermeabilização do solo com uma camada de cimento, logo depois é colocado pneus formando uma fileira juntamente com entulhos. Os dejetos entram através de um encanamento e ficam armazenados entre os pneus e lá irá ocorrer a fermentação anaeróbica. O efluente vazará subindo para a primeira camada de entulho, que aos poucos continuará subindo até chegar na útima camada de solo com plantas (que consomem bastante água), de preferência bananeira e taioba. O líquido é bombeado das raízes das plantas até a atmosfera e o sólido é consumido pelas plantas nutrindo-as, auxiliando em seu crescimento.

CÍRCULO DE BANANEIRAS

A água que não foi tratada na BET será tratada no círculo de bananeiras (Figura 52 e 53), servindo como complementar a ela, funcionando da seguinte forma: As águas cinzas (águas restantes do uso do chuveiro, lavatório, lavanderia e cozinha) e os efluentes que nao foram absorvidos na BET serão encaminhados através de um encanamento para um círculo escavado contendo gravetos, troncos, entulhos ou pedras e ao seu redor possuem bananeiras que filtram a água. e servem de nutrientes para seu crescimento.

projeto | 95


Figura 57: Corte esquemático da edificação - elaborado pela autora (2019)

96 | projeto


SISTEMA CONSTRUTIVO

Para a definição do sistema construtivo do projeto, levou-se em conta materiais de baixo impacto ambiental. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, mais de 50% dos resíduos sólidos gerados, são provenientes da construção civil. A fim de não colaborar com esta porcentagem, para a construção serão utilizados materiais com baixo impacto ambiental, reutilizados, reutilizáveis e fáceis de se encontrar em territórios brasileiros, em sua maioria naturais, poucos processados e que futuramente poderão ser reciclados. Os principais: Terra – Possibilidade de trabalhar com diversas técnicas, as quais unem conhecimentos contemporâneos à vernaculares, como a confecção do adobe, hiperadobe, superadobe, etc; Palha – Utilizada como complemento para a construção com terra; Bambu – Material renovável, resistente e de fácil cultivo no Brasil; Madeiras de reflorestamento (Eucalipto) – Resistente, Crescimento rápido, facilmente achada no país e fácil cultivo. Os principais motivos que levaram a escolha do bambu como material estrutural construtivo, começa devido à sua grande resistência, oferta e principalmente seu cunho ecológico. Quando arranjado desta maneira, o bambu se comporta com semelhança à uma árvore, resistindo bem à esforços de tração e compressão, sua utilização pode se dar junto à outros materiais, como a terra e o vidro. Portanto a utilização dessa materia prima mostra-se eficiente e um potencial substituto para às construções tradicionais que muitas vezes se utilizam de aço e concreto armado. As vedações verticais podem se dar de forma diferente do material aplicado na estrutura principal, o uso da técnica da taipa de pilão substitui o tradicional uso de concreto para paredes externas, sendo considerado um material pesado é importante que possua apoio para execução, portanto para as paredes internas optou-se por aplicar a taipa de mão (pau-a-pique) visto que é um material mais leve e de fácil execução. A construção da edificação se dá de maneira lenta com o objetivo de trazer pessoas interessadas em aprender sobre bioconstrução. Conforme a construção for passando por suas etapas, as oficinas irão acontecer com a intenção de educar as pessoas sobre a importância de auto construir. Como exemplo, no momento em que a obra estiver passando pela construção de paredes de taipa, oficinas estarão funcionando trazendo para o público conhecimentos práticos à respeito de tais métodos permaculturais.

projeto | 97


Figura 58: Imagem da entrada da Rua São Joaquim - não autoral (2019)

98 | projeto


projeto | 99


Figura 59: Imagem da edificação - não autoral (2019)

100 | projeto


projeto | 101


Figura 60: Imagem de dentro da biblioteca - nĂŁo autoral (2019)

102 | projeto


projeto | 103


Figura 61: Imagem de debaixo da marquise - nĂŁo autoral (2019)

104 | projeto


projeto | 105


Figura 62: Imagem do terraço jardim (horta) - não autoral (2019)

106 | projeto


projeto | 107


CONCLUSÃO Através do processo de estudo e pesquisa para que este projeto pudesse vir a terminar foram constatados diversas práticas voltadas à educação ambiental, iniciando pela permacultura que norteia o projeto através de seus princípios, a questão de uma alimentação saudável, a importância dos pequenos agricultores, dos orgânicos, o quanto este tópico impacta na sociedade atual, a questão da possibilidade de qualquer pessoa autoconstruir, que vem a ser a bioconstrução, mostrando diversas técnicas que podem ser utilizadas visando a economia circular e a gestão de resíduos, a possibilidade de melhorar a agricultura aliando o plantio de árvores, a agrofloresta, e forma de proteger a terra através do que a própria natureza simula, gerando assim trabalho e renda para a população, mostrando o que realmente é importante e frisando cada vez mais que a permacultura é uma prática política, ela auxilia nas relações humanas. Tirando o partido da permacultura para o projeto, foi possível observar as inúmeras formas de se trabalhar com respeito frente às questões ambientais, alterou o conceito de sustentabilidade, mostrando que o importa não é não prejudicar as próximas gerações e sim deixar para elas um lugar melhor. Através dos princípios de design da permacultura foi realizado um questionamento para uma melhor organização, porém que acabou se tornando as diretrizes projetuais, chegando à conclusão de que a permacultura é um método de projeto efetivo. Ao longo dos anos acabamos nos distanciando do que sempre esteve conosco, acabamos buscando mais técnologias e formas mais efetivas de se construir para que agregue menos valor à obra, seja mais rápida e mais industrial, quando na verdade a própria natureza nos traz um sistema perfeito, que se aliada às técnicas, como dos tipos de madeira (laminada colada, laminada cruzada, lamelada), as amarrações e uniões do bambu, os mais diversos trabalhos com a terra, temos uma construção totalmente renovável. Portanto é necessário que nos atentemos mais ao que está ao nosso alcance, sem que seja necessário buscar processos tão distantes, o nosso maior desafio é aprender como trazer este contexto ambiental para cidades urbanizadas como é o caso de São Paulo. A mudança de uma sociedade se inicia pela mudança do indivíduo, isto é, a mudança de hábito.

108 | conclusão


conclusĂŁo | 109


REFERÊNCIAS ALCANTARA, Vania. Sociedade de consumo e impactos ambientais. Revista Sociedade de Consumo e Impacto Ambiental. 2012. Disponível em: <http://www2.videolivraria.com.br/pdfs/14849.pdf>. Acesso em 05 mai. 2019 ABRELPE. Estimativas dos custos para viabilizar a universalização da destinação adequada de resíduos sólidos no Brasil. São Paulo. Disponível em: <http://abrelpe.org.br/estimativa-dos-custos-para-viabilizar-a-universalizacao-da-destinacaoadequada-de-residuos-solidos-no-brasil/> Acesso em 17 mar. 2019. BRANDÃO, M. G. S.; SILVA, O. J. C.; VAZQUEZ, E. G. Bioconstrução: aplicabilidade no meio rural como forma de desenvolvimento sustentável e possibilidades de uso no ambiente urbano. In: SIMPGEU – SIMPÓSIO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA URBANA, 27 e, 28. São Paulo, 2009. BBC. As dez multinacionais que controlam o mercado mundial de alimentos. Brasil, 2016. Disponível em: <https://www. bbc.com/portuguese/geral-37710637> Acesso em 22 nov. 2019. CARNEIRO, Fernando Ferreira et al. Dossiê ABRASCO: um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde. EPSJV/ Expressão Popular. Rio de Janeiro / São Paulo, 2015. Centro de cultura Max Feffer. Amima Arquitetura. Disponível em: <http://amima-arquitetura.com.br/projetos/institucional/ centrodeculturamaxfeffer> Acesso em 02 nov. 2019. CORBIOLI, N. Amima Arquitetura: Centro Max Feffer. Projeto Design. Brasil, 2009. Disponível em: <https://www.arcoweb. com.br/projetodesign/arquitetura/amima-arquitetura-centro-cultural-28-07-2009>. Acesso em 24 set. 2019. DA CRUZ PAIVA, O. Territórios da migração na cidade de São Paulo: afirmação, negação e ocultamentos. RiMe. Rivista dell’Istituto di Storia dell’Europa Mediterranea, p. 687-704, 2011. EQUIPO Editorial. Conoce la escuela sustentable de Michael Reynolds en Jaureguiberry, Uruguay. Plataforma Arquitectura. Uruguai, 2016. Disponível em: <https://www.plataformaarquitectura.cl/cl/789739/conoce-la-escuela-sustentable-demichael-reynolds-en-jaureguiberry-uruguay> Acesso em 15 set. 2019. FRANÇA, F. C. O. et al. Mudanças dos hábitos alimentares provocados pela industrialização e o impacto sobre a saúde do brasileiro. I Seminário Alimentação e Cultura na Bahia. Bahia, 2012. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Coleção Leitura. São Paulo: Paz e Terra, 1996. p. 21. GÖTSCH, E. “TAO” para nossa compreensão da vida. 2019 Disponível em: <https://agendagotsch.com/pt/syntropicfarming-principles-by-ernst-gotsch/> Acesso em 11 nov. 2019

110 | referências


HOLMGREN, D. Os Fundamentos da Permacultura. Tradução: Alexander Piergili e Amantino Freitas. Austrália: Holmgren Design Services, 2007. HOLMGREN, D. Permaculture: principles and pathways beyond sustainability. Holmgren Design Services. Austrália, 2002. JACOBI, P.; BESEN, G.R. Gestão de resíduos sólidos na Região Metropolitana de São Paulo: avanços e desafios. São Paulo em Perspectiva. São Paulo, 2006. v. 20, n. 2, p. 90-104. Disponível em: <http://produtos.seade.gov.br/produtos/spp/ v20n02/v20n02_07.pdf>. Acesso em 15 mar. 2019. JACOBI, P. Educação ambiental, cidadania e sustentabilidade. Caderno de Pesquisa. São Paulo, 2003. n.118, p. 189-206. KELEN, M. E. B. et al. Plantas alimentícias não convencionais (PANCs): Hortaliças espontâneas e nativas. Porto Alegre, 2015. Disponível em: <https://www.ufrgs.br/viveiroscomunitarios/wp-content/uploads/2015/11/Cartilha-15.11-online. pdf> Acesso em 17 nov. 2019. KINUPP, V.F. Plantas Alimentícias Não-Convencionais da Região Metropolitana de Porto Alegre. Rio Grande do Sul, 2007 Disponível em: <https://lume.ufrgs.br/handle/10183/12870 >. Acesso em 28 out. 2019. KREMER, J. Caminhando rumo ao consumo sustentável: uma investigação sobre a teoria declarada e as práticas das empresas no Brasil e no Reino Unido. São Paulo, 2007. Disponível em: <https://tede2.pucsp.br/bitstream/handle/3866/1/ Joelma%20Kremer.pdf>. Acesso em 17 set. 2019. LIMA, F.; ARANHA, E. O uso dos materiais naturais na arquitetura. São Paulo: Archidomus, 2007. LIMA, J. D. A mudança de nome da Praça da Liberdade. E a memória negra em São Paulo. São Paulo, 2018. Disponível em: <https://www.nexojornal.com.br/expresso/2018/08/07/A-mudança-de-nome-da-Praça-da-Liberdade.-E-amemória-negra-em-São-Paulo> Acesso em 11 nov. 2019. MOLLISON, B.; SLAY, R. M. Introdução à permacultura. Panfleto I da Serie de Design em Permacultura. Brasília: MA/SDR/ PNFC, 1998. MUCELIN, C. A.; BELLINI, M. Lixo e impactos ambientais perceptíveis no ecossistema urbano. Sociedade & Natureza, Uberlândia, 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/sn/v20n1/a08v20n1> Acesso em 03 out. 2019. NETO, F.; NERY, D. Caminhos e perspectivas para a popularização da permacultura no Brasil. Tese de Doutorado da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2017. NETO, N. De C. et al. Produção orgânica: uma potencialidade estratégica para a agricultura familiar. Revista Percurso – NEMO. Paraná, v. 2, n. 2, p. 73-95, 2010. Disponível em: <http://eduem.uem.br/laboratorio/ojs/index.php/Percurso/ article/view/10582/6398> Acesso em 09 set. 2019. NUNES, C. Michael Reynolds e a primeira escola 100% sustentável no Uruguai. 2016. Disponível em: <https://sustentarqui. com.br/michael-reynolds-e-a-primeira-escola-100-sustentavel-no-uruguai/> Acesso em 6 out. 2019.

referências | 111


ORMOND, J. G. P. Agricultura Orgânica: Quando o passado é futuro. BNDES Setorial. Rio de Janeiro, 2002. n. 15, p 3-34. PADOVAN, R. B. O bambu na arquitetura: desing de conexões estruturais. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação. São Paulo, 2010. Disponível em: <http://hdl.handle. net/11449/89702>. Acesso em 14 out. 2019. PASINI, F. S. A Agricultura Sintrópica de Ernst Götsch: história, fundamentos e seu nicho no universo da Agricultura Sustentável. Tese de Doutorado. Dissertação (Mestrado em Ciências Ambientais e Conservação) - Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. 2017. PEZARICO, C. R. et al. Indicadores de qualidade do solo em sistemas agroflorestais. Revista de Ciências Agrárias. Brasil, v. 56, n. 1, p. 40-47, 2013. PINHEIRO, A. R. de O. Reflexões sobre o processo histórico / político de construção da Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional. Segurança Alimentar e Nutricional. São Paulo, v. 15, n. 2, p. 1-15, 2015. Disponível em: <https:// periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/san/article/view/1813/1866>. Acesso em 10 out. 2019. PINHEIRO, K. História da Alimentação. Universitas Ciências da saúde. p. 173-190, 2001. PORTILHO, F. Consumo sustentável: limites e possibilidades de ambientalização e politização das práticas de consumo. Cad. EBAPE.BR. Rio de Janeiro, v. 3, n. 3, p. 01-12, 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S1679-39512005000300005&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 21 nov. 2019. PROENCA, R. P. da C. Alimentação e globalização: algumas reflexões. Cienc. Cult. São Paulo, v. 62, n. 4, p. 43-47, 2010. Disponível em: <http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252010000400014&lng=e n&nrm=iso>. Acesso em 29 out. 2019. RAPOPORT, A. Vivienda y cultura. Coleccion Arquitectura y Critica, Barcelona, 1972. REBELLO, J. F. S. Princípios de agricultura sintrópica segundo Ernst Götsch. 2018. Disponível em <https://cepeas.org/ wp-content/uploads/2018/05/1-Princi%CC%81pios-de-Agricultura-Sintro%CC%81pica.pdf> Acesso em 02 nov. 2019. RETONDAR, A. M. Sociedade de consumo, modernidade e globalização. Annablume. São Paulo, v. 1, 2007. SEIDEL, J. M. Um Problema Urbano-Gerenciamento de Resíduos Sólidos e as Mudanças Ambientais Globais. In: V Encontro Nacional da Anppas, v. 4, p. 1-8, 2010. SILVA, L. F. M. Ilusão concreta, utopia possível: contraculturas espaciais e permacultura (uma mirada desde o cone sul). São Paulo, 2013. TRIGO, P. Centro Cultural MAX FEFFER é referência em arquitetura sustentável. São Paulo, 2011. Disponível em: <https:// teto2r.com/2011/09/16/centro-cultural-max-feffer-e-referencia-em-arquitetura-sustentavel/> Acesso em 22 nov. 2019.

112 | referências


Uruguai inaugura a primeira escola sustentável da América Latina. Redação Pensamento Verde. 2016. Disponível em: <https://www.pensamentoverde.com.br/arquitetura-verde/uruguai-inaugura-primeira-escola-sustentavel-da-americalatina/> Acesso em 04 out. 2019. VARGAS, D. V.; JAYO, M. Memoria e toponímia paulistanas sobre a origem do nome Liberdade. São Paulo, 2019. Disponível em <https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/20.229/7447>. Acesso em: 22 out. 2019. VICTORIANO, G. Centro Max Feffer Cultura e Sustentabilidade, Galeria Da Arquitetura. Disponível em: <https://www. galeriadaarquitetura.com.br/projeto/amima_/centro-max-feffer-cultura-e-sustentabilidade/1695>. Acesso em: 19 set. 2019. VIEIRA, A. A. Bioconstrução: uma revisão bibliográfica do tema e uma análise descritiva das principais técnicas. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Gestão Ambiental) - Universidade de Brasília, Distrito Federal, 2015. VILHENA, M. A. Os mortos estão vivos: traços da religiosidade brasileira. Revista de estudos da religião. São Paulo, v. 3, n. 2, p. 103-131, 2004. WATANABE, M. A.; LUIZ, A. J. B.; DE ABREU, L. S. Preços de hortifrutis convencionais e orgânicas em feiras livres e supermercado de Barão Geraldo, Campinas, SP, Brasil. In: CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E SOCIOLOGIA RURAL, 56. Campinas, 2018.

referências | 113



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.