TCC - Arquitetura e Urbanismo - Etapa Fundamentação

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CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO GARQ 1070 – SEMINÁRIO DE PROJETO

Centro de Lazer e Cultura em Parada de Lucas

Por Isabelle Silva de Teves Matrícula: 16103954

Professor da Disciplina Seminário de Projeto: Gustavo Jucá Ferreira Jorge Coordenador do Curso de Arquitetura e Urbanismo: Gustavo Jucá Ferreira Jorge

ORIENTAÇÃO INTERMEDIÁRIA: Visto em: _____/_______/______ Rubrica Prof. Disciplina: _________ ENTREGA FINAL: Visto em: _____/_______/______ Rubrica Prof. Disciplina: _________

Rio de Janeiro 2020-1


SUMÁRIO

1. Apresentação 1.1. Tema Escolhido 1.2. Sítio de Desenvolvimento do Projeto 2. Justificativa para a Escolha do Tema 3. Formulação da Situação-Problema 3.1. Agentes da Intervenção 3.2. Caracterização do Público Alvo 4. Relevância do Trabalho 4.1. Objetivos 5. Condicionantes Legais 5.1. Urbanísticos 5.2. Edilícios 5.3. Temático (normas especiais relativas ao tema escolhido) 5.4. Demais Aspectos Legais 6. Estudo de Viabilidade Técnica 7. Condicionantes Urbanísticos e Ambientais 7.1. Localização e Contexto Urbano 7.2. Histórico 7.3. Hipsometria do Terreno (e Entorno) 7.4. Usos do Solo no Entorno 7.5. Gabaritos 7.6. Circulação 7.7. Transporte Público 7.8. Vegetação 7.9. Aspectos Climáticos – Poluição Sonora 7.10. Aspectos Climáticos – Ventos Dominantes 7.11. Aspectos Climáticos – Incidência Solar e Sombreamentos 8. Referências Projetuais 9. Conceito Adotado 10. Partido Adotado 11. Setorização


12. Programa de Necessidades Espaciais 13. Pré-dimensionamento 14. Fluxograma (e Organogramas) 15. Cronograma de Execução do Trabalho de TCC 16. Bibliografia 17. Anexos


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1. Apresentação A palavra lazer é derivada do latim “licere”, que significa “ser lícito” ou “ser permitido”. Essa expressão nos remete a um trecho da música “Tempos Modernos” de Lulu Santos (1982): “vamos viver tudo o que há pra viver, vamos nos permitir”. No decorrer da história da nossa sociedade, podemos perceber que a diminuição da jornada diária de trabalho de 48 para 44 horas semanais, implementada através da Constituição Federal em 1988, contribuiu para estimular a utilização do tempo livre para fins de lazer e descanso. Acrescenta-se ainda que tal prática é, em tese, incentivada pelos governos ao somar um terço ao salário na remuneração de férias anuais. Todavia, não são em todos lugares na Cidade em que há facilidade de encontrar espaços públicos com essa finalidade. De acordo com Marcellino (2002), podem existir inúmeros fatores que se tornam empecilhos e acabam inviabilizando as práticas de lazer, tais como: fator econômico, faixa etária, violência, falta de planejamento urbano adequado e falta de estrutura da periferia. Portanto, entende-se que regiões consideradas mais pobres, fora das centralidades e interesses do Poder Público, com população de renda inferior, têm maior dificuldade de acesso, de forma geral, ao entretenimento. Além disso, quando tratamos da temática lazer, podemos rapidamente correlacionar a cultura, onde muitas pessoas relacionam, indevidamente, a classe social. Entretanto, o mesmo autor citado anteriormente, faz essa ligação entre os temas e conceitua o lazer como: “cultura – compreendida no seu sentido mais amplo – vivenciada (praticada ou fluída) no seu ‘tempo disponível’ (MARCELLINO, 1990, p. 31)”. Portanto, nesse contexto, o presente trabalho tem como finalidade apresentar um estudo para realização de um projeto arquitetônico, tendo como proposta um Centro de Lazer e Cultura, a ser desenvolvido no bairro de Parada de Lucas, zona norte do Rio de Janeiro, através da instalação de um equipamento multiuso.

1.1 Tema escolhido O lazer é imprescindível na vida de qualquer pessoa, além de ser um direito reconhecido por lei a todo cidadão, conforme Constituição Federal de 1988, no Título II, Capítulo II, artigo 6º. Já no Título VIII, Capítulo III, Artigo 217, o Poder Público é dito como agente incentivador e responsável pela promoção do lazer na


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sociedade. Outrossim, o lazer também é assegurado pela Declaração Universal dos Direitos Humanos no Artigo XXIV (1948, p.13): “Todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e a férias remuneradas periódicas”. De acordo com a Constituição da Organização Mundial da Saúde (OMS, 1946): “Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a mera ausência de doença ou enfermidade”. Dessa forma, pode-se correlacionar o divertimento a melhoria da qualidade de vida, pois ele consegue ajudar a fugir da rotina, trazer novas experiências, desenvolver novos interesses, reduzir os estresses do dia a dia, além de contribuir para o equilíbrio entre o corpo e a mente, o que resulta, por conseguinte, em um bem-estar geral. No entanto, a falta de espaços de lazer e acesso à cultura é uma situação muito comum em bairros considerados mais pobres. Em função disso, essa deficiência de entretenimento e cultura deveria ser tratada como uma questão emergencial nas cidades, de modo abrangente. Portanto, a definição do tema se deu a partir da análise e verificação dessa carência no sítio em que receberá o projeto.

1.2. Sítio de Desenvolvimento do Projeto O sítio escolhido para a implantação do projeto encontra-se em área urbana, em Centro de Bairro 2, zona residencial 5, conforme Decreto 322/1976 e Lei Complementar 116/2012. O terreno possui 13.219,54m², localiza-se em Parada de Lucas, na Rua Bulhões Marcial, número 361, na zona norte do Rio de Janeiro. O local tem fácil acesso pela Avenida Brasil, sendo aproximadamente 800 metros e 2 minutos de carro ou 900 metros e 11 minutos a pé. Além disso, está situado próximo à vários pontos de ônibus, estação de trem e passarela que conecta ao outro lado do bairro, para facilitar o acesso de todos e priorizar a utilização do transporte público ou até mesmo a pé. Portanto, a localidade dispõe de variadas opções de mobilidade urbana.


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Figura 1 – Mapa da região com a delimitação do terreno

Fonte: Mapa – Google Satélite; Acervo Pessoal

O clima é tropical semiúmido e a topografia do terreno, assim como de seu entorno imediato, é predominantemente plana e, de modo geral, o local não desfruta de muita vegetação ou grande arborização, apenas algumas árvores dispostas nas calçadas. Na vizinhança percebe-se a presença de bares, algumas lanchonetes e restaurantes com foco em comida caseira, pequenos comércios de roupas e brechós, salões de beleza, farmácias, hortifruti, lojas de materiais de construção e outros itens, Igreja Universal do Reino de Deus, edifícios residenciais e a Caixa Econômica Federal, bem ao lado do terreno proposto. Desse entorno observado, as edificações, em sua maioria, tem entre um a dois pavimentos e as mais altas costumam ter até 3 pavimentos. No que se refere ao fluxo de pedestres, a intensidade é maior na Rua Bulhões Marcial, por ser uma via principal, assim também como o fluxo de carros, motocicletas e ônibus, e menor na Rua Manguaba, onde há pouca movimentação de pessoas e veículos. Contudo, nas demais ruas da circunvizinhança do terreno, os fluxos são de baixo a moderado.


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Figura 2 – Mapa com indicação de Fluxos de Pedestres e Veículos

Fonte: Mapa – Google Satélite; Acervo Pessoal

2. Justificativa para a Escolha do Tema A escolha do tema foi pensada como um instrumento de melhoramento para o bairro em questão, Parada de Lucas, e essencialmente para a vida da população local, que não dispõe de equipamentos de entretenimento, lazer, cultura ou espaços que permitam o convívio e realização de outras atividades. Nesse sentido, a escolha dessa temática direciona para o desenvolvimento de um equipamento multiuso, onde seja possível propor as atividades mencionadas. Sendo assim, como um exemplo de equipamento multiuso, é válido citar as unidades do SESC – Serviço Social do Comércio – que oferecem cultura, educação, saúde, lazer e assistência. Com relação a cultura e lazer, ele promove acesso a cinemas, teatros, apresentações musicais, museus, bibliotecas, além de eventos culturais, palestras, oficinas, entre outros, objetivando o bem estar físico, mental e social.


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Figura 3 – Interior SESC Ramos, RJ

Fonte: Foto – Erbs Jr.; Site SESC.

Como outro exemplo de um equipamento que atua dessa forma, é possível ressaltar também as Bibliotecas Parques. A Biblioteca Parque Rocinha tem como embasamento o pensamento de que as bibliotecas não são somente lugares de silêncio obrigatório e leitura. Entretanto, podem ser espaços múltiplos, de convivência e criatividade. Ela dispõe de salas de “dvdteca”, cineteatro, salas multiusos para desenvolvimento de cursos, estúdios, café-literário, entre outros espaços que estimulam atividades culturais e conhecimento lúdico. Figura 4 – Biblioteca Parque Rocinha, RJ

Fonte: Foto – Caru Ribeiro; Site Mapa de Cultura RJ


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3. Formulação da Situação-Problema A urbanização sempre traz diversas consequências a sociedade, sejam elas positivas ou negativas. Geralmente, os resultados negativos são advindos do rápido crescimento das cidades somado a falta de investimento em políticas públicas eficazes, sobretudo em locais que não são considerados nobres. Com isso, podemos notar que existem lugares na mesma cidade, que apresentam vários segmentos de equipamentos urbanos reunidos, enquanto outros carecem da maioria deles. Portanto, é nítida a atenção que dão a locais mais ricos e o descaso que ocorre em bairros de periferia, próximos a comunidade e até mesmo às próprias favelas. Podemos perceber essa diferença simplesmente ao passar pelos túneis, já que a cidade do Rio de Janeiro é basicamente conectada dessa forma, onde as imagens do caminho vão mudando bruscamente, ou até mesmo a diferença de tratamento, em maior parte, das estações de metrô da zona sul e zona norte. Isso nos faz questionar sobre o porquê desse desequilíbrio e desigualdade entre pontos que constituem a mesma cidade. Sendo assim, partindo do que foi observado anteriormente e tendo como área de atuação o bairro de Parada de Lucas, foi verificada uma escassez de espaços direcionados ao divertimento e cultura. Comprovando essa situação, de acordo com os dados verificados no Instituto Pereira Passos, o local não contabiliza nenhum equipamento de lazer ou cultura. Entretanto, no âmbito cultural, fora dessa estatística podemos citar apenas a escola de samba Unidos de Lucas e o Centro Cultural Waly Salomão do Grupo Cultural AfroReagge, localizado em Vigário Geral, bairro vizinho. Porém, com relação a esse, o fato de estar implantando dentro da comunidade, no coração do bairro, pode dificultar o acesso de uma quantidade maior de pessoas e tornar inviável a utilização de quem vem de outras regiões, até mesmo moradores de Parada de Lucas, por ser aproximadamente 20 minutos de caminhada, tendo como ponto de partida a estação de trem, já que nem sempre existe a facilidade de entrada com carro.


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Figura 5 – Centro Cultural Waly Salomão, Vigário Geral, RJ

Fonte: Site Cultura Mix

3.1. Agentes da Intervenção O projeto de lazer e cultura destaca-se como um importante equipamento urbano na Cidade, tendo em vista a requalificação da região em questão. Desta forma, o principal agente de intervenção para realização desta proposta seria o poder público, provavelmente a Prefeitura do Rio de Janeiro. Todavia, considerandose também a possibilidade de parcerias público-privadas, cuja viabilidade econômica seria resultante de programas do Governo Federal de incentivo às políticas públicas, como por exemplo o Programa Nacional de Apoio à Cultura, PRONAC, implantado pela Lei Rouanet – Lei 8.313/1991). Como exemplos de equipamentos que funcionam dessa forma ou de modo semelhante, podemos citar: •

O Centro Cultural Waly Salomão, já mencionado anteriormente, que é uma parceria entre o Grupo Cultural AfroReagge, Grupo Light e Governo do Estado do Rio de Janeiro, através da Secretaria Estadual de Cultura. Dentro de exemplo, tem também uma outra situação, mais recente, que é o AfroGames, onde existe uma parceria entre a Secretaria Estadual de Cultura, o patrocínio da Oi, apoio do Grupo Globo e da HyperX. Essa última é uma empresa do ramo da tecnologia de alto desempenho, cujos produtos e equipamentos são focados em jogos.


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O Projeto Música Encantada, projeto cultural com foco em educação musical infantil em lugares de menor Índice de Desenvolvimento Humano, onde recebe apoio da Lei de Incentivo à Cultura, através da parceria com o Ministério da Cidadania, patrocínio da TechnipFMC, do setor de petróleo e gás, e apoio da empresa Nexans, do ramo de cabos e sistemas de cabeamento. A sede do projeto localiza-se na Pavuna, porém ele contempla vários bairros. Figura 6 – Uma das salas do Projeto Música Encantada, Pavuna, RJ.

Fonte: Página do Facebook Música Encantada

Os incentivos da Lei Rouanet também mantêm instituições como o Museu do Amanhã, o Centro Cultural do Banco do Brasil, entre outros museus,

centros

culturais

equipamentos culturais.

e

inúmeros

projetos

inseridos

em


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3.2. Caracterização do Público Alvo O lazer e a cultura estão, ou certamente deveriam estar, presentes na vida das pessoas, em todas as idades. Por isso, o público-alvo e a faixa etária para os indivíduos utilizadores é bem ampla. No entanto, em um primeiro momento, o projeto visa alcançar principalmente os moradores da região e entorno. Ainda assim, será um espaço convidativo destinado a toda a comunidade e visitantes, sem nenhum tipo de distinção. Todavia, para melhor caracterização desse público, o equipamento proposto pretende atender, essencialmente, a população do bairro de Parada de Lucas e o bairros vizinhos mais próximos, Cordovil e Vigário Geral. Dessa maneira, propõe-se um raio de abrangência de 1,5 a 2,0 km, sempre estimulando a utilização de transportes públicos, bicicletas ou a pé, de acordo com a distância onde o indivíduo esteja.

4. Relevância do Trabalho Segundo Dumazedier (1978), o lazer está associado a uma série de ocupações que a pessoa pode se dedicar por vontade própria, seja por diversão, para descanso do trabalho ou outros fatores. Contudo, o lazer está vinculado especialmente a nossa felicidade e, consequentemente, a nossa saúde. Enquanto a cultura é de extrema significância para agregar conhecimento. “O termo cultura carrega a ideia de diversidade e pluralidade” (BELING, 2005, p.82). Dessas premissas, podemos entender que a inserção de um espaço voltado para o divertimento, gerador de cultura e outras atividades é um fator motivador para impulsionar transformações do micro para o macro. Ou seja, beneficiando tanto o indivíduo, como o bairro, a cidade e a sociedade como um todo. Tendo em vista que Parada de Lucas é um bairro considerado pobre, perigoso, com moradores de baixa renda, e Índice de Desenvolvimento Social de 0,553 (IBGE, Censo 2010) conforme indicado abaixo (Tabela 1), esse projeto visa agregar valor à região e contribuir para o seu progresso.


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Tabela 1 – Trecho da Tabela de Índice de Desenvolvimento Social (IDS) e alguns dos seus indicadores, Região Administrativa XXXI % dos Rendimento % dos domicílios domicílios com Áreas de Planejamento, Índice de domiciliar per com rendimento rendimento Regiões de Planejamento, Desenvolvimento capita em domiciliar per domiciliar per Regiões Administrativas e Social salários capita até um capita superior Bairros mínimos salário mínimo a 5 salários mínimos XXXI Vigário Geral 0,559 0,996 60,215 1,431 Cordovil 0,570 1,071 57,273 1,611 Jardim América 0,587 1,262 48,334 2,078 Parada de Lucas 0,553 0,835 68,026 0,971 Vigário Geral 0,531 0,848 66,764 1,070 Fonte: Dados – IBGE, Censo 2010; Cálculos – IPP/DIG; Tabela – Acervo Pessoal.

É válido ressaltar que, como a maioria dos residentes são economicamente menos favorecidos, muitas vezes as pessoas deixam de praticar alguma atividade que lhes dê prazer ou acrescente conhecimento, pois terão que se deslocar para outro lugar, gastar dinheiro com passagem, e dependendo de onde, gasta-se mais de uma passagem só de ida, como por exemplo casos que necessitem do uso trem e metrô. Isto é, um simples passeio se torna inviável, devido a questões financeiras. Por isso, a importância deste trabalho se reflete em colaborar para o progresso da localidade, contribuir para melhoria na qualidade de vida e bem-estar dos usuários, promover a evolução social e interpessoal, além de gerar uma sensação de orgulho e pertencimento dos moradores ao local, com a instalação do equipamento proposto.

4.1. Objetivos O projeto tem como objetivo geral a elaboração de um espaço de convívio agradável, que venha proporcionar divertimento e cultura aos moradores do bairro e arredores, assim também como aos visitantes, resultando no desenvolvimento e satisfação da população que irá usufruir deste equipamento. Além disso, como principais objetivos específicos: •

Contribuir para a ressignificação da área, através de uma proposta convidativa, de fácil acesso.


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Criar um ambiente que propicie o encontro, a interação de pessoas e transmita certa segurança aos usuários.

Inserir equipamento de caráter multiuso, destinado a atividades de lazer e culturais.

5. Condicionantes legais Para a formação e desenvolvimento de um projeto bem sucedido, é necessário estar atento às condicionantes legais que incidem sobre aquela determinada região, assim também como a edificação que se pretende executar. Por isso, deve ser verificada a legislação, normas técnicas vigentes e outras possíveis informações relevantes. A partir disso, são extraídos indicadores primordiais como limites de uso e ocupação do solo, índice de aproveitamento, taxa de ocupação, afastamentos, gabarito permitido, entre outros aspectos. Dessa maneira, o resultado da análise realizada permitirá um estudo com as diretrizes que nortearão o projeto.

5.1. Urbanísticos Para verificar esses dados, foi consultado o relatório de informações urbanísticas, extraído do aplicativo “Legislação Bairro a Bairro”, disponibilizado pela Secretaria Municipal de Urbanismo do Rio de Janeiro, onde foi selecionado o trecho do logradouro 014647 – Rua Bulhões Marcial, com início na Rua Lucas Rodrigues e fim do trecho na Rua Mundaú A porção em questão é caracterizada como Macrozona de Ocupação Incentivada. Ou seja, conforme explicado no Plano Diretor, Lei Complementar 111/2011, seção I, artigo 32, é uma região onde há estímulo de adensamento populacional, engrandecimento de atividades econômicas e equipamentos de grande porte são estimulados. A área em análise está inserida na Região Administrativa XXXI – Vigário Geral e Área de Planejamento 3, sendo classificada como Zona Residencial 5 e Centro de Bairro 2. Nessa região, não há definições de Áreas de Especial Interesse Social (AIES), Áreas Protegidas, Bens tombados ou Patrimônios históricos.


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5.2. Edilícios De acordo com o Decreto 322/1976 e Lei Complementar 116/2012, é possível destacar as diretrizes: •

Gabarito de Altura: o Edificações afastadas e não afastadas das divisas: ▪

Em logradouro com largura inferior a 8 metros – máximo 3 pavimentos.

Em logradouro com largura 8 e 9 metros, excluídos esses limites – máximo 4 pavimentos.

o Contudo, pavimentos de uso comum “pilotis”, de cobertura e de garagem não contabilizam nessa contagem. o Edificações não afastadas das divisas – máximo 5 pavimentos mais um pavimento de pilotis destinado a uso comum e estacionamento. o Edificação afastada das divisas, levando em consideração o que foi dito nos tópicos anteriores, não poderá ter mais de 18 pavimentos, incluídos, quando for o caso, os pavimentos com a finalidade de lojas dos edifícios comerciais ou mistos, mesmo que tenham embasamento não afastado das divisas, quando a cota de soleira for inferior ou igual a + 10 metros em relação ao nível médio do mar. •

Afastamento frontal mínimo – 3 metros.

Afastamentos mínimos laterais e de fundos: o Edificação afastada das divisas – iguais às dimensões dos prismas de iluminação e ventilação PIV exigidos para as edificações. No entanto, não podem ser menores que 2,50 metros, havendo ou não abertura de vãos. o Edificação não afastada das divisas – não precisam observar afastamentos em relação às laterais e fundos. Todavia, não podem ultrapassar o limite máximo de profundidade de construção.

Índice de Aproveitamento do Terreno (IAT) – 4.

Taxa de ocupação – 70%.


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Taxa de permeabilidade – 15%.

5.3. Temático (normas especiais relativas ao tema escolhido) Não foram identificadas normas ou leis específicas a temática escolhida de Lazer e Cultura. Sendo assim, as diretrizes, normas técnicas e legislação discorridas neste capítulo 5 como um todo, já são suficientes para atender às necessidades do projeto proposto.

5.4. Demais Aspectos Legais Além das condicionantes supracitadas, é fundamental levar em consideração as normas de proteção contra incêndio, que são de extrema relevância para a segurança do local e prevenção de riscos e tragédias. Assim como também a utilização das normas de acessibilidade universal aos espaços de uso, para proporcionar um ambiente que seja inclusivo a todos. A NBR 9077 – Saídas de emergência em edifícios é uma das mais importantes em uma edificação. De modo geral, no que diz respeito às principais diretrizes, ela estabelece que: •

Os acessos devem possibilitar fácil escoamento dos usuários do prédio e serem desobstruídos de obstáculos em todos os andares, bem sinalizados e iluminados.

As larguras mínimas das saídas devem ser de 1,10 metros, o que equivale a duas unidades de passagem e 55 centímetros para as ocupações em geral.

Em escadas convencionais, quando o edifício for menor que 15 metros: as portas não podem diminuir a largura mínima, os lances da escada devem ser retilíneos e os pisos antiderrapantes, os degraus devem ter até 17 centímetros de espelho e profundidade de, no mínimo 28 centímetros, largura mínima da escala deve ser de 1,20 metros.

Para edificações entre 15 a 60 metros, as escadas já devem ser protegidas, ter portas corta-fogo as paredes devem ter revestimento lateral que devem resistir, no mínimo, 4 horas de fogo.

Para edifícios superiores a 60 metros, a escada já deve ser enclausurada, que estará protegida da fumaça, deve resistir também,


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no mínimo, 4 horas de fogo, dispor de antecâmaras de saída e entrada de ar. Para complementar as medidas necessárias da NBR 9077, que devem ser seguidas no projeto, tem-se o Decreto nº42 de 17 de dezembro de 2018, que regulamenta o Decreto nº247 de 21 de julho de 1975, dispondo sobre o Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico – COSCIP. Entre as medidas de segurança dispostas por ele, é válido enfatizar: •

Alarme de incêndio

Extintores

Compartimentação horizontal e horizontal

Resistência ao fogo dos elementos construtivos

Controle de fumaça

Controle de materiais de acabamento e revestimento

Detecção de incêndio

Escada de emergência

Iluminação e sinalização de emergência adequadas

Saídas de emergência

Outrossim, é necessário a NBR 9050, onde deve-se garantir acessibilidade a edificações, espaços, equipamentos urbanos, mobiliários, entre outros, tendo em vista a possibilidade de utilização, com a segurança adequada, de todas as pessoas, independentemente da idade, limitação de mobilidade, estatura ou outros fatores. Contudo, como pontos principais, pode-se colocar em destaque: •

Os corredores, espaços livres e vãos de portas precisam permitir, facilmente, a passagem de cadeirantes.

Os andares da edificação devem ser acessíveis através de rampas ou elevadores.

Os banheiros devem dispor de cabine especial para pessoas portadoras de necessidades especiais.


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6. Estudo de Viabilidade Técnica Atualmente, o terreno em evidência no desenvolvimento desse trabalho, está ocupado por uma garagem de ônibus. Dessa maneira, podemos entender que esse terreno está sendo subutilizado, visto que possui extensão de 13.219,54m², está em uma região que permite 70% de ocupação e situado em um centro de bairro. Sendo assim, levando-se em consideração os fatores estudados e discorridos até aqui, é possível avaliar que a implantação de um equipamento multiuso, que abrange atividades de lazer, cultura e esporte atenderia melhor às necessidades da população de Parada de Lucas e vizinhanças, do que a presença de um local destinado somente a garagem. Além disso, seria uma obra que agregaria valor a região. Contudo, é válido ressaltar que o terreno escolhido tem grande potencial construtivo, não só pela sua extensão, mas também pelo local onde está inserido, pois, entre outros fatores, existe a facilidade de acesso via transporte público e a pé, dependendo da distância onde o visitante esteja, e é cercado por comércio local, o que gera uma movimentação e fluxo de pessoas naquele trecho.

7. Condicionantes Urbanísticos e Ambientais As condições naturais de determinada região, como o relevo, aspectos climáticos, cobertura vegetal, utilização do solo, entre outras, são características importantes do ambiente, que estão ligadas com a constante urbanização, que pode causar a alteração dessas peculiaridades. Sendo assim, é válido analisá-las para melhor entendimento da região, além da possibilidade de criar futuras decisões e soluções a serem tomadas no desenvolvimento do projeto. Da mesma forma, analisar aspectos históricos, contextos urbanos, modos de circulação, fluxos e abastecimento de transportes públicos, proporciona maior compreensão da localidade da região em estudo.

7.1. Localização e Contexto Urbano A área em questão está localizada em Parada de Lucas, bairro da zona norte do Rio de Janeiro, que compartilha fronteiras com os bairros Cordovil, Irajá, Vista Alegre, Vigário Geral, e com o município de Duque de Caxias. Abrange a Avenida Brasil, onde há uma curva acentuada a zona oeste e conta com a Rua Bulhões


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Marcial como principal via de acesso. Essa via beira a linha do trem e faz a ligação entre os bairros de Cordovil, Vigário Geral, em direção ao município de Duque de Caxias. Figura 3 – Mapa do bairro Parada de Lucas

Fonte: Instituto Pereira Passos

A localidade pertence a Região Administrativa XXXI e a Área de Planejamento 3, possui área territorial total de 219,80 hectares, ou 2.198.000,03 m², e de acordo com o CENSO 2010, sua população está em torno de 23.923 habitantes, onde 50,98% são mulheres e 49,01% são homens, distribuídos entre 7.716 domicílios. O bairro comporta em sua extensão a favela conhecida, popularmente, pelo mesmo nome do bairro, Parada de Lucas, situada no lado oposto a Rua Bulhões Marcial, ou seja, no outro lado da linha férrea, contemplando também trechos da Avenida Brasil e Área Militar da Marinha. Entretanto, a comunidade também recebe a denominação de Parque Jardim Beira Mar, apesar de não ser muito, ou quase nunca, utilizada.


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Figura 4 – Favela de Parada de Lucas

Fonte: Site RioOnWatch – Relato das favelas cariocas

No que diz respeito a elementos estruturais, vale ressaltar os limites entre as favelas e a urbanização, a presença de Escolas Municipais e Centro Educacional, a Clínica da Família Joãozinho Trinta, edifícios de cunho residencial e o transporte ferroviário. Como referências urbanas, cabe destacar o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Departamento Estadual de Trânsito (DETRAN) e uma área militar próxima ao DETRAN. Todavia, apesar de estarem contidos no bairro, esses últimos citados não estão na centralidade e sim no trecho da Avenida Brasil. Figura 5 – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

Fonte: Site Época Negócios


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7.2. Histórico O nome do bairro faz referência a um agricultor bem-sucedido, chamado José Lucas de Almeida, que possuía lavoura entre Cordovil e Vigário Geral e faleceu aos 94 anos. Não se sabe exatamente como e quando o imigrante português conhecido como "o Lucas", chegou naquela região, que fazia parte das sesmarias do Irajá. Com a construção da nova ferrovia, Estrada de Ferro Leopoldina, que ligaria o Centro do antigo estado da Guanabara até a Raiz da Serra, surgiu o nome atual do bairro, quando o agricultor pediu para fazerem uma paragem em suas terras para que os pequenos proprietários da região pudessem escoar suas mercadorias. Com isso, o local onde uma pequena cobertura em madeira servia de apeadeiro começou a ser chamado de “Parada do Lucas”. Logo após isso, houve a implantação da estação de trem, em 1949, se consolidou como Parada de Lucas. Figura 6 – Ônibus tipo "lotação" encostado junto à antiga estação de (Parada do Lucas)

Fonte: Acervo Última Hora, Arquivo do Estado de São Paulo, 1950

No governo Washington Luiz, o bairro foi cortado pela antiga estrada RioPetrópolis, que corresponde atualmente à Rua Bulhões Marcial. Ao longo da Avenida Brasil, me meados da década de 1950, foram instaladas indústrias, como o Parque Gráfico da antiga Editora Bloch, e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A partir da divisão das terras, formou-se o bairro, povoado principalmente por pessoas que vinham da Zona Sul e Centro do Rio, pessoas vindas do interior do Estado do Rio, e, posteriormente, por grande quantidade de nordestinos. Todavia,


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na origem, destaca-se a presença marcante de portugueses, afrodescendentes quase diretos dos escravos africanos e, inclusive, judeus e pessoas do Oriente Médio. Figura 7 – Parada de Lucas em 1948

Fonte: Foto – Gilson Fonseca; Acervo IBGE

Entre a linha férrea, a Avenida Brasil e a Área Militar da Marinha, situa-se extensa favela, ou comunidade, que leva o mesmo nome do bairro, além de ser nomeada também como Parque Jardim Beira Mar. A ocupação iniciou em 1931, quando a região ainda era conhecida como Conjunto Rádio Nacional, com a entrada de pessoas que residiam no morro da Caixa D’Água. Em seguida, o crescimento sucedeu-se em 1965, devido a chegada de moradores da Cidade Alta, que antigamente era conhecida como “Morro da Titica”. É valido destacar que, nesta mesma época, a favela, propriamente dita, foi resultado também de um projeto da Igreja Católica, da Paróquia São Sebastião, chamado Cruzada São Sebastião. Essa instituição empenhou-se em organizar e construir algumas casas, uma escola e uma creche. No entanto, pouco tempo depois, esse projeto foi abandonado devido à escassez de recursos financeiros. Com isso, a ocupação mais se desordenada se intensificou na região da comunidade.


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Figura 8 – Paróquia São Sebastião, Parada de Lucas, RJ.

Fonte: Foto – Sidnei Gomes; Google Street View

A principal agremiação carnavalesca é o GRES Unidos de Lucas, que foi resultado da união, como o próprio nome se refere, das Escolas de Samba “Aprendizes de Lucas” e “Unidos da Capela”, sucedida em 1966, sendo nomeada de “A Galo de Ouro da Leopoldina”. Figura 9 – Galo de Ouro da GRES Unidos de Lucas, Desfile 2007

Fonte: Site Oficial Unidos de Lucas

O bairro já foi homenageado pelo cantor Ed Motta, em seu primeiro disco, em 1988, quando ainda fazia parte da banda Conexão Japeri. A música tem como título o próprio nome do bairro, Parada de Lucas. Contudo, apesar de observarmos que o começo da ocupação foi por volta de 1931, a data de fundação do bairro ficou registrada como 23 de julho de 1981,


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devido a denominação, delimitação e codificação do Bairro terem sido estabelecidas nessa data, através do Decreto nº 3158, com alterações posteriores no Decreto nº 5280 de 23 de agosto de 1985.

7.3. Hipsometria do Terreno (e Entorno) O terreno proposto é predominantemente plano, assim como o seu entorno imediato. A região geográfica é considerada intermediária do Rio de Janeiro. E, especialmente, com relação ao terreno, situa-se a 8 metros de altitude, de acordo com

os

dados

extraídos

do

mapa

topográfico,

disponibilizado

pelo

site

“Topographic”. Figura 10 – Hipsometria do Terreno e entorno imediato

Fonte: Mapa – Site Topographic

7.4. Usos do Solo no Entorno De modo geral, de acordo com o Instituto Pereira Passos, em dados de 2018, a área territorial do bairro corresponde a 638.867 m², 80% da área total é urbanizada e a área construída total corresponde a 516.329 m², onde 256.670 m² configuram uso residencial. Com relação ao zoneamento, de acordo com dados de 2016, é definido 71,95% como zona industrial ou predominantemente industrial, enquanto 26,57% correspondem a zona residencial 5.


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Atualmente, no entorno do terreno proposto, os setores de comércio e serviços são compostos basicamente por bares, mercearias, alguns restaurantes e lanchonetes, supermercado, hortifruti, bancos, pequenas lojas de roupa, brechó e bazar, lojas de materiais de construção e vidraçarias, além de outras lojas menores com outras finalidades de venda. Já no campo institucional, percebe-se a presença de igrejas e um centro educacional voltado ao público infantil. Na Figura abaixo podemos entender melhor essas divisões. Salienta-se que bares, lanchonetes, restaurantes e afins foram inseridos como Uso Comercial. Figura 11 – Usos do Solo no Entorno

Fonte: Mapa – Google Satélite; Acervo Pessoal

Contudo, realizando a análise do local, percebe-se que há uma forte presença de uso misto do solo, sendo algo relacionado a comércio ou serviço no térreo e caráter residencial nos demais pavimentos. Um exemplo dessa situação é a edificação de esquina, logo ao lado do terreno, que no térreo localiza-se a Caixa Econômica Federal e o restante do prédio, nos demais andares, é somente uso residencial. E à frente desse edifício há um trecho destinado a vagas de estacionamento.


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Figura 12 – Edificação de Uso Misto

Fonte: Google Street View

7.5. Gabaritos Observa-se que na região em estudo, o entorno apresenta edificações que variam entre um até três pavimentos, que são, geralmente, de cunho residencial ou misto, conforme discorrido anteriormente. Durante a análise não foram verificadas construções muito elevadas nesse trecho ou prédios de grande porte. Figura 13 – Edificações na Rua Bulhões Marcial

Fonte: Google Street View


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Sendo assim, é possível concluir que as edificações na proximidade do terreno proposto estão dentro do indicado pela legislação, conforme visto anteriormente no item 5.2 do tópico 5, onde foi tratado sobre condicionantes legais edilícios. Figura 14 – Edificações na Rua Lucas Rodrigues

Fonte: Google Street View

7.6. Circulação Com relação às vias existentes, conforme nota-se na próxima imagem (Figura 15), a Avenida Brasil não se encontra no mesmo nível que as demais vias nessa área em evidência, onde é possível perceber que passa acima da linha ferroviária. No entanto, faz parte da proximidade da região e é de fácil acesso encontrar sua entrada. Logo, por ser um trecho de trânsito constante, sem presença de semáforos e cruzamentos, que acumula maiores fluxos de tráfego, ela pode ser considerada como uma via estrutural da Cidade. Ou ainda, podemos classificá-la como uma via de trânsito rápido. Como via arterial, destaca-se a Rua Bulhões Marcial, já que permite acessibilidade a diferentes vias e faz ligação entre regiões, como bairros e, até mesmo, município, como no caso de Duque de Caxias. Como vias coletoras, observam-se as ruas Mundaú, Saracá. Lucas Rodrigues e Luísa Prata, pois favorecem o trânsito interno do local, coletam e distribuem. A Rua Manguaba, apesar de ter saída entre as ruas Saracá e Luísa Prata, pode ser


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caracterizada como uma via local, pela ausência de semáforos, além do baixíssimo fluxo e circulação de veículos. Figura 15 – Circulação

Fonte: Mapa – Google Satélite; Acervo Pessoal

7.7. Transporte Público A gleba em análise dispõe de uma boa distribuição de pontos de ônibus e vans, dispostos na Rua Bulhões Marcial, Rua Lucas Rodrigues e Rua Mundaú. Existe também um ponto de ônibus na Rua Manguaba, porém, é destinado a atender somente a Linha 673 – Parada de Lucas x Penha, que antigamente era Parada de Lucas x Méier. Além dessas opções, a região é favorecida pela estação de trem Supervia, do Ramal Gramacho/Saracuruna. Essa estação localiza-se na via principal, Rua Bulhões Marcial, que dá acesso ao outro lado do bairro, na Rua Lyrio Maurício da Fonseca.


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Figura 16 – Transporte Público

Fonte: Mapa – Google Satélite; Acervo Pessoal

7.8. Vegetação Pode-se observar que o terreno proposto não dispõe de arborização ou algum tipo de vegetação. Entretanto, no entorno, percebe-se apenas a presença de algumas árvores distribuídas pelas calçadas, espaçadas pelos caminhos. Portanto, não existem espaços, mesmo que pequenos, destinados a áreas verdes. Figura 17 – Vegetação

Fonte: Mapa – Google Satélite; Acervo Pessoal


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7.9. Aspectos Climáticos – Poluição Sonora Entende-se como poluição sonora qualquer emissão de ruído ou som que traga danos à saúde, atrapalhe a tranquilidade e o conforto do indivíduo. Na Constituição Federal, essa questão é tratada pela Lei nº 6.938/81, que institui a Política Nacional do Meio Ambiente. Dessa forma, nas proximidades do terreno, podemos destacar como possíveis fatores de poluição sonora: os ruídos dos trens e os ruídos advindos do trânsito em horários de maior tráfego, como sons de veículos e buzinas. Fora esses destaques, não foram observados outros possíveis agentes. Figura 18 – Poluição Sonora

Fonte: Mapa – Google Satélite

7.10. Aspectos Climáticos – Ventos Dominantes No que diz respeito a classificação e direção dos ventos, nota-se que os ventos predominantes são originados do sudeste, enquanto os ventos tempestuosos surgem de sudoeste, conforme é possível verificar na Figura 19.


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Figura 19 – Ventos Dominantes

Fonte: Mapa – Google Satélite; Acervo Pessoal

Figura 20 – Rosa dos Ventos RJ

Fonte: Analysis SOL-AR

7.11. Aspectos Climáticos – Incidência Solar e Sombreamentos O Rio de Janeiro situa-se na Zona Bioclimática 8, as recomendações construtivas são para aberturas grandes e totalmente sombreadas, aplicação de paredes e coberturas leves e refletoras. A estratégia bioclimática recomendada é a utilização de ventilação cruzada o ano todo. A norma alerta que apenas o condicionamento passivo não será suficiente durante as horas mais quentes.


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Figura 21 – Zonas Bioclimáticas

Fonte: Site ECycles

De acordo com a Figura 21, é notória maior incidência solar nas direções Noroeste e Oeste, enquanto nas direções Nordeste e Leste essa incidência é baixíssima, e nas direções Sudeste, Sul e Sudoeste é praticamente nula. Figura 22 – Incidência Solar

Fonte: Mapa – Google Satélite; Acervo Pessoal


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8. Referências Projetuais Entre diversas obras estudadas e pesquisadas, duas foram selecionadas como potencialidades para utilização como referências projetuais, sejam por suas características visuais, pelo contexto onde estão inseridas ou por questões de como foi elaborado o programa de necessidades que compõe tal edificação. Portanto, as obras destacadas em evidência foram: Centro Educacional Unificado – Pimentas e Unidade SENAC – São Miguel Paulista.

8.1. Centro Educacional Unificado – Pimentas Esse projeto foi desenvolvido pelos arquitetos Mario Biselli e Artur Katchborian, construído no ano de 2010, localiza-se em Guarulhos, no bairro dos Pimentas em São Paulo, que é uma região com deficiência de equipamentos de cultura, lazer e esporte. Nessa obra, da maneira que foi realizada a distribuição dos blocos com usos diversos, a equipe criou uma espécie de rua coberta, com uma grande praça central, onde é possível ou apenas sentar pra descansar, ou interagir, conversar e brincar, diferente de como acontece nas ruas das grandes cidades contemporâneas. O acesso a edificação se dá por uma grande abertura, que cria um percurso convidativo a entrada, seja por suas diversas cores chamativas, ou pelos desníveis criados durante o caminho. Os diversos usos do complexo se dividem em blocos. De um lado, salas de aula, biblioteca e refeitório. De outro, mais salas de aula, ginástica olímpica, dança e auditórios. Figura 23 – Acesso CEU

Fonte: Foto – Nelson Kon; Arch Daily


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Dessa forma, conforme as informações observadas, podemos perceber como essa edificação propõe a questão da convivência ao propor uma generosa praça central, que além de articular os ambientes, cria percursos diferentes, acolhe espaços livres. Outrossim, a utilização de variadas cores, estimula um espaço de permanência e cria uma atmosfera lúdica. Figura 24 – Praça central CEU

Fonte: Foto – Nelson Kon; Arch Daily

8.2. Unidade SENAC – São Miguel Paulista Localizado em São Paulo, foi projetado por Levisky Arquitetos em parceria com Estratégia Urbana, construído em 2018, tendo como principal uso a realização de cursos técnicos. A edificação é composta basicamente por três blocos interligados a uma praça central interna. Figura 25 – Fachada Unidade SENAC

Fonte: Foto – Pedro Mascaro; Arch Daily


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É importante notar que, o que inicialmente é interessante nessa obra, é a maneira que foi estimulada a aproximação das pessoas e o convívio, como a utilização de calçadas largas e uma praça logo na entrada principal, que acolhe não só os estudantes, mas como também convida a comunidade ao redor para usufruir da edificação. Além do aproveitamento e manutenção da massa arbórea já existente, que propicia um ambiente mais agradável para convivência. Figura 26 – Praça interna Unidade SENAC

Fonte: Foto – Ana Melo; Arch Daily

Outro fator que é válido ressaltar é, mais uma vez, a aplicação de muitas cores, porém de modo diferenciado da primeira referência citada acima. Sendo assim, projetados de forma lúdica e flexível, adicionado ao modo que foi realizado o emprego das cores, os espaços promovem o estímulo da criatividade e a motivação de permanência no local. Figura 27 – Interior Unidade SENAC

Fonte: Grupo ConsultEnge


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9. Conceito Adotado A partir da proposta de um Centro de Lazer e Cultura no bairro de Parada de Lucas, o conceito arquitetônico foi originado da ideia de criar espaços que possibilitem a integração dos moradores com a edificação e gerar um sentimento de pertencimento e identidade às pessoas desse local.

10. Partido Adotado O partido arquitetônico adotado foi baseado na necessidade daqueles que irão usufruir do espaço para fins de lazer, cultura, prática de esportes, além do convívio e interação com outras pessoas. Dessa forma, pretende-se: •

Criação

de

praças,

espaços

arborizados

e

sombreados

que

possibilitem o encontro, a interação entre os usuários e, além disso, contribuam para o conforto ambiental, tendo em vista que a localidade não dispõe de densa vegetação e massa arbórea. •

Aplicação de diferentes cores na edificação, pois elas podem alterar nossas emoções, estados de espírito e estimular nossos sentidos. Ou seja, podem facilitar a sensação de relaxamento, aprendizado, divertimento e movimento de acordo com a forma que são utilizadas.

11. Setorização

CONVIVÊNCIA

INFRAESTRUTURA

ACESSO

ADMINISTRAÇÃO

ESPORTE

LAZER/CULTURA

CONVIVÊNCIA


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12. Programa de Necessidades Espaciais Conforme abordado nos itens de setorização e fluxograma, as atividades propostas nesse projeto foram agrupadas conforme descrito abaixo. No entanto, alterações poderão ser realizadas durante o desenvolvimento do projeto, tanto na questão do dimensionamento, quanto às atividades. 1. Acesso: Aqui ficam concentrados mais a parte de Hall e Recepção da edificação, além dos sanitários disponíveis para utilização do público. 2. Lazer e cultura: nesse grupo estão as atividades ligadas ao divertimento, aprendizado e cultura. Localizam-se o “playground”, focado na recreação infantil; amplo salão de jogos com a disposição tanto de jogos digitais quanto de mesa, espaço para área expositiva, salas multiuso para realização de atividades diversas, salas para aprendizado e prática de música, acesso à internet, oficinas de arte e trabalhos manuais, biblioteca, espaço reservado à leitura, além de um auditório que terá utilização também para reprodução de filmes e peças de teatro. 3. Esporte: Esse poderia ter sido incluído também juntamente ao lazer, pois para muitas pessoas, além de ser somente uma prática de exercícios físicos, o esporte é um meio de recreação, diversão, movimento que gera prazer. No entanto, foi subdivido por questão organizacional. Nele, encontraremos uma quadra poliesportiva, uma sala de ginástica, com foco em realização de exercícios livres e aeróbios; sala de dança, sala infantil e terceira idade, com a proposta de atividades físicas voltada para cada faixa etária. 4. Convivência: recantos arborizados, destinados ao encontro, interação e estar da população. Nesse grupo também foi inserido um Café/bar e distribuição de “foodtrucks” e quiosques. 5. Administração: áreas destinadas a questões administrativas como secretaria,

diretoria,

escritório

coletivo,

sala

de

reuniões

e

almoxarifado. 6. Apoio/infraestrutura: aqui estão reunidas áreas destinadas aos funcionários do equipamento e áreas de estruturação do edifício como


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a central de segurança, gerador, subestação elétrica, aparelho de climatização, Lixo, DML, reservatórios e casas de bombas.

13. Pré-dimensionamento

GRUPO ACESSO

LAZER E CULTURA

ESPORTE

PROGRAMA Hall/Recepção Sanitários (Fem/Mas/PCD) Playground Salão de jogos Área de exposições Sala de música Sala multiuso Sala internet Sala de oficinas Sanitários (Fem/Mas/PCD) Biblioteca Espaço leitura Depósito Foyer Auditório/cineteatro Controle de acesso Quadra poliesportiva Sala ginástica Sala de dança Sala infantil Sala terceira idade Avaliação física/ primeiros socorros Vestiários e sanitários (Fem/Masc/PCD)

ÁREA ESTIM. (m²) 100 34 134 70 200 150 100 70 70 70 34 200 50 30 90 300 1.434 10 432 70 100 70 70 15 50 817

CONVIVÊNCIA

ADMINISTRAÇÃO

APOIO/ INFRAESTRUTURA

Áreas de convivência (praça, áreas arborizadas...) Café/Bar “Foodtrucks” e quiosques Espera Secretaria Diretoria Escritório coletivo Sala de reuniões Almoxarifado Sanitários (Fem./Masc./PCD) Copa/estar funcionários Sanitários e vestiários funcionários Central de segurança

à definir 150 40 190 5 20 15 30 10 15 20 110 20 20 10


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Gerador Subestação elétrica Aparelho de climatização Lixo DML Reservatórios e casas de bombas

15 15 30 10 10 25 120

14. Fluxograma (e Organogramas)

3ª IDADE

INFANTIL

GERADOR

AVALIAÇÃO/ PRIMEIROS SOC.

DANÇA

SUB.ELÉTRICA

VESTIÁRIOS

GINÁSTICA

APARELHO DE CLIMATIZAÇÃO

QUADRA

CONTROLE

CONVIVÊNCIA

COPA/ESTAR FUNCIONÁRIOS

PLAYGROUND

SANIT./VEST. OFICINAS SEGURANÇA

SALÃO DE JOGOS

DML

REUNIÕES

INTERNET DIRETORIA MÚSICA

LEITURA

DEPÓSITO MULTIUSO

FOYER

CAFÉ/BAR

ALMOXARIFADO

ESPERA

ESCRITÓRIOS

SANITÁRIOS

SECRETARIA

BIBLIOTECA

EXPOSIÇÕES

AUDITÓRIO/ CINETEATRO

SANITÁRIOS

HALL/RECEPÇÃO

CONVIVÊNCIA

QUIOSQUES


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15. Cronograma de Execução do Trabalho de TCC Atividades/período Escolha do tema Definição do terreno Estudos preliminares Estruturação dos textos e análises Pré-programa e prédimensionamento Revisão bibliográfica 1ª entrega consolidada Entrega final com correções (1ª etapa) Visitas ao terreno e entorno Estudos preliminares Desenvolvimento do projeto e plantas Desenvolvimento do 3D Organização das pranchas Maquete Arte final Entrega/Defesa TCC (etapa final)

2020.1 FEV

MAR

ABR

MAI

2020.2 JUN

JUL

AGO

SET

OUT

NOV

DEZ


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16. Bibliografia

BIBLIOTECA PARQUE ESTADUAL. MAPA DE CULTURA RJ. Disponível em <http://mapadecultura.rj.gov.br/manchete/biblioteca-parque-estadual>. Acesso em 20 de março de 2020. BIBLIOTECA VIRTUAL DE DIREITOS HUMANOS DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Constituição da Organização Mundial da Saúde em 1946. Disponível em: <http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/OMSOrganiza%C3%A7%C3%A3o-Mundial-da-Sa%C3%BAde/constituicao-daorganizacao-mundial-da-saude-omswho.html>. Acesso em 20 de abril de 2020.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988.

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS, ONU, 1948.

DE LIMA CAMARGO, L.O. O que é lazer? 2ª ed. São Paulo, 1989.

DUMAZEDIER, J. Lazer e Cultura Popular. São Paulo: Perspectiva, 1976.

_____________. Lazer e Cultura Popular. São Paulo: Ed. Perspectiva, 1973.

_____________. Sociologia empírica do lazer. São Paulo: Ed. Perspectiva, 1979.

FRACALOSSI, Igor. "CEU Pimentas / Biselli + Katchborian arquitetos" 31 Jan 2012. ArchDaily Brasil. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/26029/ceupimentas-biselli-mais-katchborian-arquitetos> ISSN 0719-8906. Acesso em 06 de junho de 2020.

MARCELINO, N. C. Estudo do Lazer: uma introdução. Campinas SP, Autores associados 2002


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_____________. Estudo do lazer: uma introdução. Campinas: Ed. Autores Associados, 2006; MELO, V. A. ALVES JÚNIOR, E. D. Introdução ao lazer. Barueri, São Paulo: Mande 2003.

“NOVA UNIDADE SENAC SÃO MIGUEL PAULISTA / LEVISKY ARQUITETOS | ESTRATÉGIA URBANA" 10 Abr 2018. ARCHDAILY BRASIL. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/891754/nova-area-de-lazer-dogrande-hotel-levisky-arquitetos-estrategia-urbana> ISSN 0719-8906. Acesso em 05 de maio de 2020.

REESCREVENDO O FUTURO: UMA ENTREVISTA COM NEUZA NASCIMENTO. RIO ON WATCH. Disponível em: <https://rioonwatch.org.br/?p=2117#prettyPhoto>. Acesso em: 20 de março de 2020.

ZONAS BIOCLIMÁTICAS. CONSTRUÁGIL. Disponível em: <https://www.construagil.com.br/post/zonas-bioclim%C3%A1ticas>. Acesso em 18 de março de 2020.

PARADA DE LUCAS. ESTAÇÕES FERROVIÁRIAS DO BRASIL. Disponível em: <http://www.estacoesferroviarias.com.br/efl_rj_petropolis/paradalucas.htm>. Acesso em 18 de março de 2020.


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17. Anexos ANEXO 1 –

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