O Livro de Contos e Lendas do 6.º C Vol.2

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Há muitos anos, passando em Portugal, uma família de peregrinos foi hospedar-se numa estalagem dessa mesma cidade, levando consigo um saco de farnel. Como o estalajadeiro era muito ganancioso, chamou a polícia dizendo que a família de peregrinos o tinha roubado. Quando chegou a polícia, os guardas disseram ao chefe da família de peregrinos que ele estava condenado à morte. O chefe dos peregrinos afirmou: - É tão verdade eu estar inocente como este galo cantar quando me enforcarem! O mais engraçado de tudo foi que, quando o enforcaram, o galo cantou mesmo. E agora, além da lenda de tradição oral, existe também a canção, a estátua do Nosso Senhor do Galo e o galo feito de barro colorido. Esta estátua do Nosso Senhor do Galo situa-se à saída de Barcelinhos.

Lenda recolhida pelo Luís Antunes


Frei João sem cuidados

Havia um frade chamado Frei João Sem Cuidados, que era pouco dado a preocupações, muito bonacheirão e estava sempre bem-disposto. Quando o rei soube da sua existência, mandou-o chamar e disse-lhe que tinha de responder a três perguntas. Se não respondesse correctamente, mandava-o matar. Frei João ficou preocupado e assustado e foi para casa. O moleiro Manuel, ao vê-lo preocupado, perguntou-lhe o que se passava. Frei João explicou-lhe tudo. O moleiro decidiu fazer o trabalho dele e ficou com o fato do Frei. No dia marcado, apareceu o moleiro disfarçado de Frei João e respondeu acertadamente às três perguntas que o rei lhe fez, não sabendo de nada. Assim, Frei João continuou bonacheirão e despreocupado.

Reconto de Rodrigo José Filipe Carneiro


O Flautista de Hamelin

Era uma vez uma cidade chamada Hamelin, que estava infestada de ratos. Para acabar com aquela situação, os responsáveis da cidade prometeram dar tantas moedas quanto o número de ratos a quem os exterminasse. Um dia, apareceu um flautista, que tocou uma melodia que encantava os ratos. Assim, conduziu-os na direcção do rio, para se afogarem. Depois de o flautista se ter livrado dos ratos, o povo negou-se a dar a recompensa. Então, no dia seguinte, quando todos foram à igreja, o flautista tocou a mesma melodia, mas desta vez, para encantar as crianças. Assim, o povo de Hamelin ficou sem as suas adoráveis crianças.

Resumo de Pedro Cunha


Boneco de arroz

Os tempos estavam difíceis. As tempestades não paravam. A peste continuava a matar. Wu-Tu tinha sobrevivido à peste e às tempestades – mas, mesmo assim, passava o dia a lamentar-se. -Quando é que os deuses ficarão tranquilos? O que terá acontecido para Leé Kong, Yo Cheî e Tieî Mo estarem tão zangados? E Wu Ta lamentava-se: -Só já tenho esta tigela de arroz. O que farei quando ela se acabar? Ainda Wu-Ta não tinha acabado a sua lamentação quando ouviu a voz forte de Leé Kong, o deus do Trovão. -Porque é que estás sempre a lamentar-te? Não comas hoje o arroz todo; guarda metade. Se não o fizeres, nunca mais terás arroz para comer duas vezes por dia. Wu-Ta estremeceu. Procurou em toda a casa, mas não encontrou ninguém. - Quem és tu? – perguntou.


Leé Kong voltou repetir o que dissera antes; depois ouviu-se um grande trovão e a casa tremeu tanto que parecia que iria desmoronar-se, como se fosse um castelo de cartas. Wu–Ta comeu metade do arroz que tinha na tigela e pôs-se a pensar no que lhe acontecera .Enquanto meditava nas palavras do deus do trovão, ia amassando o arroz que tinha sobejado e fazendo bonecos com a massa gelatinosa que surgia. Assim passou a noite. Quando o Sol nasceu, Wu Ta tinha feito inúmeros bonecos. Lembrou-se então das palavras de Leé Kong. Foi buscar um saco, meteu dentro os bonecos e foi vendê-los no mercado. As pessoas que passavam pelo canto onde ele estava sentado, admiravam os seus bonecos. -São tão lindos! -diziam as pessoas ao passarem. E rapidamente Wu-Ta vendeu todos os seus bonecos. -Os deuses protegeram-me! -exclamou Wu-Ta, recordando as palavras do deus do trovão. Com o dinheiro que ganhava, ia fazendo mais bonecos e comprando tintas e vernizes para os pintar. Os bonecos iam ficando cada vez mais bonitos. Wu-Ta passava as noites a fazer bonecos. Só ele os fazia tão perfeitos, pois possuía o segredo para a massa. -Mas de que me serve ser eu a fazer os bonecos mais bonitos da aldeia, se ninguém os vai continuar a fazer quando eu morrer?-lamentavase Wu-Ta. Estava ele um dia nestas lamentações, quando passou junto da sua banca Lao Liang. -Ensinas-me o segredo dos teus bonecos? -pediu-lhe o jovem. -Queres mesmo aprender a fazer bonecos de arroz?- certificou-se Wu-Ta. Wu-Ta ficou muito satisfeito, e ensinou a sua arte durante muitos dias e muitas noites a Lao Liang. Ao princípio, das mãos de Lao Liang não saía nada de especial. -É preciso ter muita paciência. É a primeira virtude-repetia constantemente Wu-Ta.


Mas aos poucos,Lao Liang ia modelando bonecos tão bonitos como os do seu mestre. “Agora já posso morrer descansado”, pensava Wu-Ta. Passado algum tempo, morreu satisfeito por ter ensinado a sua arte a alguém. Assim, a arte dos bonecos de arroz foi passando de geração. Ainda hoje se podem ver em várias esquinas de Macau homens a amassarem arroz e a fazerem belos bonecos dessa pasta gelatinosa.

Conto Macaense recolhido por Carolina Nicolau



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