TFG - MENSA Mercado para imigrantes do Bom Retiro

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mercado para imigrantes do Bom Retiro

Autora: Isadora Fernandes Porfirio Orientação: Professor Rafael Urano Trabalho Final de Graduação em Arquitetura e Urbanismo Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP

Dezembro 2018



Aos meus pais e à minha irmã. Obrigada por estarem comigo sempre, principalmente neste ano difícil.

À minha melhor amiga, Meg. Esse TFG é para você, obrigada por ter me ensinado tanto. Ao meu professor orientador, obrigada pelos ensinamentos.



mensa

do italiano, segundo o dicionário Michaelis:

“men.sa sf 1. mesa para refeições. 2. comida. 3. refeição.”


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índice 1 1. INTRODUÇÃO E APRESENTAÇÃO

3 2. ALIMENTO COMO CULTURA

12 3. BOM RETIRO E A COMUNIDADE IMIGRANTE DE SÃO PAULO

32 4. CULINÁRIAS DO BOM RETIRO

40 5. OBJETIVO PROJETUAL

43 6. MERCADOS MUNICIPAIS NA CIDADE DE SÃO PAULO

57 7. TERRENO E ENTORNO


66 8. PROGRAMA

70 9. REFERÊNCIAS PROJETUAIS

80 10. PARTIDO

81 11. ESTUDOS PRELIMINARES

85 12. O PROJETO

104 13. REFERÊNCIAS BIBLOGRÁFICAS

107 14. FIGURAS



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introdução e apresentação O foco deste trabalho é a gastronomia e a população imigrante no Brasil, especificamente em São Paulo. Após meses de levantamentos e indagações sobre as relações da população mundial com os alimentos, a gastronomia e a produção agrícola e agropecuária questão fundamental já que, segundo a ONU, em 2016 o número de pessoas que passavam fome chegava a 108 milhões e até o ano de 2050 a demanda por alimentos aumentará em 50% - decide-se trazer como tema deste Trabalho Final de Graduação a importância da alimentação, não só como aspecto essencial da vida humana, mas como questão cultural. A primeira ideia a ser debatida para o projeto arquitetônico foi a de um Mercado Municipal, popularmente conhecido como “Mercadão”, já que nada no cenário urbano representa melhor o relacionamento da população com os alimentos do que um local público, aberto e que congrega em suas alamedas e boxes distintos temperos e tradições. A cidade de São Paulo foi a que mais recebeu imigrantes no Brasil desde a economia cafeeira no século XIX e o bairro que melhor representa em números relativos e em diversidade de nacionalidades a população imigrante é o bairro do Bom Retiro. Após a escolha do bairro e do terreno específico de inserção do projeto proposto, o programa projetual sofreu mudanças. Dado que o Bom Retiro é um bairro central e próximo ao Mercado Municipal de São Paulo e ao Mercado Municipal da Cantareira, o projeto desenvolvido neste trabalho será provido de um restaurante beneficente e de uma escola de culinária, além de um Mercado Municipal voltado para a população estrangeira e imigrante da cidade de São Paulo. No mercado projetado os principais comerciantes serão imigrantes, que ao comercializarem alimentos típicos de sua nação, estarão também disseminando sua cultura para toda Isadora Fernandes Porfirio - TFG

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a população da cidade. Na escola de culinária o foco será o ensino de gastronomias de diversos países, sobretudo das nações que passaram por uma emigração expressiva para o Brasil. O foco do restaurante beneficente será atender a população carente, principalmente aquela que vive em situação de rua próxima ao centro de São Paulo. O preço das refeições deve ser extremamente baixo. Embora o foco do mercado seja receber vendedores de nacionalidades estrangeiras, foi considerada de extrema importância a existência de alimentos frescos a venda, assim existirá uma área para produtores orgânicos hortifruti, podendo ser brasileiros ou não. Estes comerciantes deverão ser preferencialmente pequenos produtores familiares, voltados a produtos orgânicos, já que a maioria dos Mercados Municipais de São Paulo não são focados nestes tipos de alimentos e grande parte dos mercados especializados em orgânicos da cidade estão localizados nas áreas mais nobres, dificultando o acesso para a população de baixa renda.

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alimento como cultura De um modo geral, os fatores naturais mais necessários ã sobrevivência do ser humano são a água, o oxigênio e o alimento. A água e o oxigênio são encontrados no meio natural já prontos para o consumo, ainda que, por vezes, passem por um processo de filtragem e purificação. O alimento, além de ser encontrado pronto para o consumo no meio natural, também pode ser modificado de inúmeras formas e assim se apresentar como fonte de energia para o homem. De acordo com o historiador Massimo Montanari, tanto a alimentação, como a gastronomia são questões culturais, desde o momento no qual preparamos alimentos para o consumo até o momento em que são consumidos. Isso se deve ao fato de que, dentre um leque extenso de opções de preparo e de cocção, escolhemos apenas alguns com base em fatores nutricionais, econômicos, geográficos e de preferência. Um estudo realizado por Dolores M. R. Corner aponta que a gastronomia como manifestação cultural, memória e identidade, constitui o último hábito que um grupo abandona quando emigra. Os alimentos, além de serem necessários para subsistência, representam para cada um e para cada cultura, sentimentos e memórias. Consequentemente, a alimentação representa a conexão pessoal mais forte do imigrante com sua nação no país que o está acolhendo. A cultura brasileira teve como base de seu desenvolvimento e de sua estruturação elementos diversos das culturas dos imigrantes na época da colonização do Brasil, tanto por portugueses, italianos, holandeses e alemães imigrantes que optaram pela mudança de país - como por imigrantes que chegaram às terras brasileiras contra sua vontade, caso dos africanos vindos do Zimbábue, Quíloa, Congo e Cabo Verde para se tornarem escravos. Embora Isadora Fernandes Porfirio - TFG

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tenham sido subjugados e explorados por mais de 400 anos, a cultura dos povos africanos não deixou de representar parte essencial da formação da cultura brasileira. No livro “Alimentar a cidade”, Richard Grahan ressalta: “A escravidão e o comércio de escravos marcaram de maneira profunda o ser social e político da cidade [de Salvador], e sua grande população negra teve influência decisiva sobre hábitos, sinais e símbolos locais”. A realidade que enfrentamos desde o nascimento do Brasil é que os hábitos alimentares daqueles que não eram colonizadores e europeus, ou seja, índios e escravos, pouco são valorizados e disseminados. A maioria dos restaurantes mais estrelados da capital de São Paulo são das culinárias italiana, espanhola e francesa, como o restaurante Fasano e o Figueira Rubaiyat, sendo que o último possui em seu menu pratos que chegam até R$ 1600,00 segundo a revista Veja São Paulo. Uma reportagem realizada pelo jornal Folha de Sâo Paulo em 2014 aponta que os restaurantes de culinária típica africana são encontrados principalmente no centro de São Paulo, onde a população desta ascendência transita com frequência e sente necessidade de sentir o gosto de casa. Os preços dos pratos destes restaurantes centrais, como o da Figura 1, são bastante acessíveis, variando de R$ 17,00 a R$ 50,00 e os fregueses são em grande parte imigrantes africanos. O fluxo de imigrantes para o Brasil não cessou desde o seu descobrimento, sendo que aproximadamente 2,3 milhões de imigrantes chegaram ao estado de São Paulo desde 1870, vindos de todas as partes do mundo. Em 2016 foram levantados dados demonstrando que só na Capital do estado existem 385 mil imigrantes regulares, número que representa apenas 32% do total de imigrantes em situação regular no Brasil (AUN- Agência Universitária de Notícias USP). Dados do estado de São Paulo levantados por Sandra Lencioni apontam que o estado é responsável por 32,3% do PIB brasileiro e somente a capital de São Paulo possui o PIB de 263.177.000 milhões de reais, o que representa 36,2% do Estado inteiro. Dados demográficos levantados pelo IBGE indicam que em 2017 o estado

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Fig. 1 - Issingui, prato típico africano, servido no restaurante Biyou’Z no centro de São Paulo

Fig. 2 - Fideuà de camarão, prato típico espanhol servido no restaurante Figueira Rubaiyat


de São Paulo chegou a 45.094.866 pessoas, sendo que 12.106.920 vivem na capital. Dados do censo de 2000 mostram que os residentes em São Paulo registrados e não-naturais do país chegavam a 195.497 no mesmo ano e a maior colônia era a de portugueses (63.274 = 32,37%); seguida pelos japoneses (22.005 = 11,26%), italianos (19.786 = 10,12%) e espanhóis (13.782 = 7,05%). Para quem vive na capital do estado de São Paulo não é raro ouvir conversas em espanhol, japonês, coreano e árabe. Quase todas regiões da cidade possuem um número considerável de comércios administrados por imigrantes e também de serviços voltados para os mesmos. Uma pesquisa produzida pelo Observatório das Migrações em São Paulo da Unicamp gerou um “Mapeamento dos imigrantes” que chegaram ao estado entre 2010-2015. Após uma análise do mapa, tendo como base os imigrantes vindos de 32 países, chegou-se a conclusão que a cidade do estado com o maior número de imigrantes recentes de todas as nacionalidades (menos de Gana, como são 3 pessoas em São Paulo e 19 em Guarulhos) é a cidade de São Paulo. O número total relatado pela pesquisa é de 24.046 pessoas estrangeiras registradas na capital. Os bolivianos foram os que mais desembarcaram na cidade nos últimos anos (o total levantado foi de 3.516 pessoas entre 2010 e 2015). Estes dados são muito representativos da situação na cidade, porém é importante ressaltar que representam somente os imigrantes legalmente registrados na cidade, pois o número de estrangeiros deve ser significativamente maior quando contabilizadas as pessoas não-registradas, como observa a socióloga Joice Vanini, ao afirmar que quase todos os imigrantes latino-americanos em São Paulo se encontram em situação irregular.

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País

Número de imigrantes regulares em SP (2010-2015)

Argentina Bolívia Chile Paraguai Uruguai Venezuela Colômbia Peru Equador Alemanha Bélgica Grã-Bretanha Canadá Espanha EUA França Suíça Itália Haiti Japão China Coreia Rússia Portugal Paquistão Índia Bangladesh Angola Congo África do Sul Gana Senegal TOTAL

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1636 3516 1229 948 424 202 484 855 69 481 87 268 92 890 668 836 117 752 3363 864 837 353 58 2759 18 95 885 212 181 236 3 628 24046


Ainda em relação ao levantamento produzido pelo Observatório das Migrações em São Paulo, no estado o número de imigrantes que trabalhavam em serviços administrativos chegava a 6.221 e os que trabalhavam na área agropecuária, florestal e da pesca eram 4.396. A indústria é onde os imigrantes estavam mais inclinados a atuar quando chegavam à São Paulo entre 2010 e 2015, eles eram 6.480 no período do levantamento da pesquisa e 1.862 destes atuavam como vendedores em lojas ou mercados. Os bolivianos, que são os imigrantes recentes em maior número na capital paulista, desempenhavam funções principalmente na área de serviços administrativos (total de 2.288 no setor, o que representava mais de 36% do total de imigrantes recentes trabalhando na área). Destes 2.288 bolivianos, 1.401 eram operadores de máquinas para costura de peças do vestuário, um número muito significativo para este trabalho, já que, o bairro do Bom Retiro é conhecido como local que mais concentra indústrias têxteis, comércio de roupas e de aviamentos da cidade de São Paulo.

Fig. 3 - Rua José Paulino majoritariamente comercial no Bom Retiro, onde os térreos são ocupados principalmente com comércio relacionado à indústria têxtil.

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Passando para um olhar focado na paisagem urbana da capital de São Paulo, o bairro mais representativo da acomodação imigrante no Brasil é o Bairro da Liberdade. A maior parte dos comércios da Liberdade vende produtos orientais e, de acordo com o Governo Brasileiro, dos 400 mil imigrantes japoneses que vivem em São Paulo parte se encontra residindo no bairro. Uma situação muito similar ocorre no Bairro da Bela Vista, porém neste caso os imigrantes são de origem italiana. O geógrafo Diego Segobia Bocci aponta que inserção de imigrantes japoneses e italianos nos respectivos bairros foi iniciada em 1908. O Atlas da Imigração Internacional em São Paulo da UNESP aponta que em 1900 os imigrantes representavam 21% da população total do estado. Embora o número de imigrantes que chegaram a São Paulo no século XIX tenha sido expressivo, a historiadora Sênia Bastos afirma que os paulistas sentiam aversão aos estrangeiros. Ainda de acordo com Bastos, havia pouca disponibilidade de leitos ainda que fossem em locais mal estruturados nos quais tanto os hóspedes eram mal vistos como os estrangeiros que passavam procurando por estadia.

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Fig. 4 - Imagem de lâmpadas japonesas em umas das ruas centrais do Bairro da Liberdade, SP.


O que ocorre com a população estrangeira que hoje chega ao país buscando moradia e estadia prolongada não é muito diferente que um século atrás. Os imigrantes que chegam a procura de um local para residir, de oportunidades de emprego e de locais acolhedores e representativos de suas próprias culturas acabam não encontrando nada disso e sendo muitas vezes explorados como mão-de-obra e morando em condições insalubres. Sidney Antonio da Silva, autor de “Bolivianos em São Paulo: entre o sonho e a realidade” ressalta que muitos dos bolivianos que chegam a cidade tem as expectativas que foram alimentadas durante a travessia até São Paulo destruidas logo que chegam. Neste momento de chegada a capital os que desembarcam se deparam com a ambição de alguns oficinistas. Estes podem ser bolivianos ou não, mas agem sem escrúpulos e ignorando as leis vigentes no Brasil, explorando deliberadamente os recém-chegados, já que o seu projeto de ganho econômico está em jogo e deve ser feito à qualquer custo. Desta forma, muitos bolivianos são sujeitos a trabalhar das seis da manhã até a meia-noite, a alimentar-se mal e a conviver com constantes ameaças de seus superiores. De acordo com o Observatório das Migrações em São Paulo o aporte teórico dado por “Territoires circulatoires et espaces urbains : Différentiation des groupes migrants” (1993) de Alain Tarrius, professor de sociologia e antropologia da Universidade de Toulouse, permite entender que determinados percursos acabam por conectar migrantes a um local específico de destino, porém isto não os desvincula dos lugares de suas nações de origem; migrantes realizam processos identitários, que os levam a viver em comunidade e ao mesmo tempo os permitem compor e recompor a dinâmica urbana que existia nas cidades onde viviam no território para o qual migraram. Fluxos distintos de migração tem ocorrido atualmente também devido a guerras e situações de risco, os imigrantes saem de um país em crise procurando nada mais que uma nação que os acolha. No início da formação e estruturação da metrópole paulista não existia a concorrência imobiliária que existe atualmente. Quem hoje chega na

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cidade de São Paulo não sofre somente com a procura de lar e emprego em uma nação que sofre economicamente, também é alvo de preconceito, rejeição, racismo e xenofobia. O cenário atual é triste e irônico, mesmo que o Brasil tenha se formado por muitas nacionalidades distintas entre si, os imigrantes que chegam no país hoje dificilmente se deparam com uma recepção amigável dos brasileiros. A ONU-BR divulgou em 2017 dados levantados em um relatório da Organização Internacional para as Migrações (OIM) que indicavam que a população de migrantes vivendo no Brasil cresceu 20% entre 2010 e 2015, chegando a 713 mil pessoas. Desse número total, 207 mil vieram de outros países da América do Sul. No mesmo período o número de sul-americanos que chegaram ao território brasileiro também aumentou 20%. Ademais, dados oficiais fornecidos pelo IBGE (2010) sugerem que 18,8 mil bolivianos encontram-se instalados na capital paulista, o número sugere uma superação inédita do contingente de italianos e japoneses em São Paulo. A socióloga Joice Vanini afirma que dentre os fatores que levam bolivianos e latino-americanos a emigrar o que possui maior peso é a fragilidade econômica do país de origem, já que a população que mais sofre com a debilidade econômica são os menos favorecidos pois enfrentam sérias dificuldades de sobrevivência. Joice destaca que ao chegar ao Brasil os imigrantes bolivianos acabam se deparando com um trabalho exaustivo, sem segurança e que desrespeita os direitos humanos. Ainda assim a exploração se dá com a conivência dos imigrantes pois muitos consideram a exploração uma fase transitória. Em fábricas de costura é possível encontrar muitos coreanos e bolivianos explorando seus compatriotas. A situação dos imigrantes, sobretudo irregulares, que ocorre hoje na cidade de São Paulo pode ser brevemente resumida: pessoas que escolhem por emigrar já que se vêem em situações difíceis no país de origem chegam desamparadas a São Paulo, e acabam aceitando um regime de trabalho que muito se assemelha ao da escravidão, vivendo e trabalhando nos mesmos espaços e ganhando comida e aluguel ao invés de salário.

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O bairro de São Paulo que mais hospeda fábricas têxteis e, consequentemente, uma rotina de exploração oculta de estrangeiros e um número de imigrantes de países diversificados é o bairro do Bom Retiro.

Fig. 5 - Croqui da fachada de uma rua típica do Bom Retiro.

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Bom Retiro e a comunidade imigrante de São Paulo A Arquiteta e Urbanista Liziane Peres Mangili, autora do livro “Bom Retiro, bairro central de São Paulo: transformações e permanências (1930-1954)” afirma que o bairro do Bom Retiro teve a sua urbanização iniciada com o processo chamado “cinturão de chácaras”. As chácaras consistiam em residências de fazendeiros e em fazendas que forneciam frutas e legumes à cidade. Porém, o que realmente marcou o desenvolvimento do bairro foi a instalação da Estrada de Ferro São Paulo Railway (hoje Santos-Jundiaí), conhecida como Estrada de Ferro “Inglesa”. O Banco de Dados da Folha aponta que após a inauguração da Ferrovia em 1867, muitos depósitos e indústrias começaram a surgir na região, além de moradias para os trabalhadores e a primeira Hospedaria dos Imigrantes. O Bom Retiro teve seu surgimento como área fabril e operária, grande parte dos imigrantes que chegavam na cidade de São Paulo acabaram se instalando na região procurando possibilidade de emprego e preços baixos de terrenos recém loteados. Assim, dentro do bairro existiam famílias de imigrantes com características culturais bastante diferenciadas que viviam praticamente na mesma residência. No início do século 20 o Bom Retiro abrigava principalmente imigrantes de nacionalidade italiana. Grande parte das ruas eram de casas simples ou cortiços e existiam alguns serviços especializados em produtos importados e pontos de encontro entre a população. A Rua José Paulino, atualmente substancialmente comercial, era dominada pelo comércio de imigrantes portugueses e, às vezes, por turcos, sírios ou libaneses. Depois do ano 1920, muitos judeus começaram a chegar em São Paulo e consequentemente seguiam para o Bom

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Retiro. Estes, vinham principalmente da Rússia, Lituânia e Polônia e passaram a exercer o comércio. Somente no final dos anos 30 os judeus começaram a se instalar em grande número no bairro, em decorrência da 2ª Guerra Mundial. O historiador Oswaldo Truzzi escreve em “Etnias em convívio: o Bairro do Bom Retiro em São Paulo” que após uma década, os imigrantes de origem judaica já representavam maioria dentro do bairro. Isso se deve ao fato de que muitos italianos decidiram mudar de bairro, se instalando em regiões como a de Higienópolis. Para os judeus recém chegados era extremamente conveniente residir em um local onde já existiam representantes de sua cultura, pois isto lhes conferia auxílios e a segurança da vida em comunidade. Além disso o bairro já possuía sinagogas e escolas judaicas. Os imigrantes recém chegados iam trabalhar em oficinas de confecção têxtil montadas por judeus. Também existia o trabalho a prestação que consistia na venda de tecidos de porta em porta, os tecidos eram concedidos por comerciantes têxteis que remuneravam os vendedores após a cofirmação das vendas. Ainda segundo Truzzi, somente a partir da década de 60 os sul-coreanos começaram a chegar em São Paulo e a comprar as principais lojas do bairro do Bom Retiro. Assim, os judeus começaram a migrar para bairros mais residenciais, já que as gerações mais jovens de origem judaica possuíam a ambição de se tornarem profissionais liberais e não comerciantes. Levando em consideração todas as informações apresentadas a respeito da comunidade imigrante no Brasil no Bom Retiro, foi decidido que o bairro é ideal para a implementação de um mercado voltado para cultura dos imigrantes.

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GUIA BOM RETIRO: VISITAS E MANIFESTAÇÕES IMIGRANTES NO BAIRRO

Após um passeio rápido pelo Bom Retiro, é possível observar que o bairro reflete a sua diversidade cultural tanto demograficamente como arquitetonicamente, já que inúmeros estabelecimentos com anúncios em línguas estrangeiras podem ser facilmente encontrados a cada esquina da região. Com o intuito de demonstrar quantitativamente a existência de moradores estrangeiros na paisagem urbana do bairro e de justificar a necessidade de um Mercado de Imigrantes na área, foi realizado um Guia do Bom Retiro. Este consiste de um levantamento de todas as manifestações visuais de estrangeiros que foram encontradas nas fachadas das edificações. O Guia se dividiu em dois mapas, um que aponta principalmente estabelecimentos e centros culturais e outro que levanta comércios ligados à alimentação. Inúmeras visitas presenciais e online (pelo Google Street View) foram realizadas ao Bairro do Bom Retiro e em todas elas o foco inicial era identificar marcas visuais da presença dos imigrantes na região. Porém outra necessidade surgiu em campo: documentar de alguma forma as características arquitetônicas próprias desta região historicamente importante para a cidade de São Paulo. O bairro do Bom Retiro, além de ser conhecido pela diversidade cultural, também é caracterizado pelo grande número de fábricas têxteis e de aviamentos. A área possui muitas edificações antigas que datam do século XIX, já que sofreu uma grande urbanização a partir de 1900. Grande parte das edificações ainda existentes podem ser consideradas historicamente e culturalmente relevantes para a sociedade, embora muitas não estejam tombadas e geralmente estejam degradadas. Por estes motivos foram realizados croquis de alguns edifícios marcantes ao olhar. Cada um com características arquitetônicas muito únicas.

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Fig. 6 - Desenho de uma edificação antiga do Bom Retiro com o térreo ocupado por comércio de roupas.

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Fig. 7 - Desenho do Edifício do Colégio de Santa Inês Arquitetura Art Nouveau no Bom Retiro.

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Fig. 8 - Desenho da Fachada da Casa do Povo: Centro Cultural JudaĂ­co de Arquitetura Moderna.

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ESTABELECIMENTOS, CENTROS CULTURAIS E RELIGIOSOS A ajuda do Google Street View foi crucial na formulação do guia, já que muitas vezes detalhes nos edifícios passam despercebidos ao vivo. O tempo que se levaria caminhando pelas ruas seria muito maior que o tempo de análise online. A primeira parte do Guia do Bom Retiro Imigrante é um mapeamento dos estabelecimentos comerciais não relacionados à alimentação. No total foram levantados 62 estabelecimentos, dos quais 32 são comércios de diversos tipos, 5 são centros culturais e 25 são centros religiosos. O número de centros religiosos é muito expressivo, representando mais de 40% do total de locais compilados. Além disso, muitos destes centros religiosos são relacionados ao país de origem da religião, como por exemplo “Igreja Presbiteriana Coreana”. Um dos motivos pelos quais isso pode acontecer é que imigrantes recém chegados e os que sentem necessidade de uma conexão com a sua nação procuram locais nos quais se sintam parte de uma comunidade e uma relação de pertencimento cultural. Desta forma os centros religiosos atuam não só com rituais religiosos, mas também acabam tendo que sanar a falta de eventos diversos relacionados à cultura dos seus frequentadores. O Mapa realizado com os diversos estabelecimentos mostra que o local onde se concentram mais centros culturais e comércios é ao Sul do Bairro do Bom Retiro, principalmente nas Ruas Prates, Guarani e Correia de Melo.

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RESTAURANTES, MERCADOS E VENDAS A segunda parte do Guia do Bom Retiro Imigrante é diretamente ligada ao tema deste trabalho, já que foram compilados estabelecimentos imigrantes que tenham relação com comida e alimentação. A maioria destes locais se localiza ao Sul do bairro. Dos 75 estabelecimentos aqui apresentados, 6 são cafés ou padarias, 15 são vendas ou mercados e 54 são restaurantes. Os restaurantes representam mais de 70% do total de estabelecimentos coletados. Destes, a grande maioria é especializado em comidas típicas coreanas.

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RESTAURANTES, MERCADOS E VENDAS Todas as figuras compiladas no guia, sendo da parte de estabelecimentos e da parte de alimentação foram retiradas do Google Street View. Porém, é importante ressaltar que as visitas presenciais foram de extrema importância para o reconhecimento da área e também dos hábitos alimentares dos que moram na região. Os pequenos comércios de produtos típicos por vezes fazem o papel de mercado para aqueles que não conseguem encontrar alimentos que são considerados base da alimentação da sua cultura. Em outras situações a demanda de produtos importados é tanta que justifica a abertura da grandes supermercados dedicados à uma nação, como é o caso do coreano Otugui (52).

Fig. 9 - Croqui de comidas típicas encontradas no Bom Retiro.

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as culinárias do Bom Retiro O que é possível encontrar na mesa de refeições de cada cultura que habita o Bom Retiro? Para ilustrar a diversidade de tradições gastronômicas do bairro, quatro etnias que são fundamentais para o mosaico cultural da região e na comunidade imigrante em São Paulo são utilizadas como exemplo: italiana, boliviana, judaica e sul-coreana. A critério de exemplificação, faz-se uma breve descrição das principais características dos pratos e técnicas alimentares de cada uma delas.

ITALIANA Segundo pesquisa do IBGE, as regiões da Itália que mais originaram ondas imigratórias para o Brasil são Veneto, Campania, Calábria e Lombardia. Dados os diversos biomas, destacam-se ingredientes variados. Da agricultura, vêm limão siciliano, bergamota, figo, pêssego, cebola roxa, azeitona, azeite, aspargo, abobrinha, alcaparra, favas, lentilha, pimenta calabresa, manjericão, orégano e fungos. Da pecuária, destaca-se a produção de carnes suína, ovina e caprina, bem como embutidos e pescados como sardinha, anchova, lula e camarão. A produção de leite e derivados é também característica, com ênfase nos queijos - pecorino, ricota, gorgonzola, grana padano etc. Dos pratos que podem ser encontrados, estão as massas - espaguete, tortelli, lasanha -, os pães, pizzas e calzones, e receitas emblemáticas, como a cotoletta alla milanese, o vitello tonnato e o risoto de açafrão

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SPAGHETTI ALL’AMATRICIANA Massa tipo espaguete com molho de tomate e um tipo de bacon (guanciale) coberta por queijo pecorino.

Fig. 10 - Desenho de espaguete.

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BOLIVIANA De acordo com a antropóloga e historiadora Beatriz Rossells, autora de “La gastronomía en Potosí y Charcas Siglos XVIII, XIX y XX. En torno a la historia de la cocina boliviana”, a culinária boliviana é fundamentada em raízes e cereais, com grande variedade de espécies de milho e tubérculos. No Bom Retiro os ingredientes são encontrados em pratos que levam ainda coentro, gengibre, quinoa, amendoim, cebola, feijões, chili, frutas como abacaxi e chirimoyo, e carnes como peixes, cefalópodes, carne suína e de cordeiro. O consumo de carnes desidratadas é bastante característico da culinária, que tem pratos como chalona, cuero de chancho, humitas (similar a nossa pamonha), e ají de fideos - macarrão que leva batatas, pimentas, grãos e carne de porco com variações regionais.

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FRITANGA Carne de porco frita, banana frita e arroz e feijĂŁo, tudo temperado com pimenta.

Fig. 11 - Desenho de fritanga.

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JUDAICA As tradições culinárias do povo judeu se distinguem das demais citadas por ter não só ingredientes característicos como também regras religiosas (Kashrut) que garantem a denominação kasher. Daí, por exemplo, a proibição de carnes de porco e de frutos do mar, considerados impuros e a exigência de que somente um sochet (profissional treinado de acordo com as leis) pode realizar o abate de animais. Nos pequenos mercados desta cultura, podemos encontrar pratos de consumo mais fácil, como os das “delis”, bodegas que trabalham carnes curadas - como lox (salmão) e pastrami (boi) - bem como iguarias à base de batata, das quais destacamos latkes (panquecas) e pierogis (similares ao ravióli). A inclusão de receitas típicas do Oriente Médio, como falafel, tahine e cuscuz, também deve ser percebida. Semira Adler Vainsencher, pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco, destaca ainda a presença de elementos de regiões diversas na culinária judaica, o que se deve à diáspora.

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CALDO COM KREPLACH Caldo com cenoura, batata, salsĂŁo e outros legumes com pequenos pasteizinhos recheados de peru ou frango, chamados kreplach.

Fig. 12 - Desenho de kreplach.

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SUL-COREANA Um dos fundamentos da culinária coreana é o processo de fermentação, que prolonga a duração e o valor nutricional dos alimentos - para os coreanos, nutrição é também medicinal. Entre os ingredientes principais resultantes da fermentação, estão a pasta de soja (doenjang), o molho de soja (ganjang), pasta de chili (gochujang) e jeotgal (frutos do mar salgados). Esses temperos são usados no preparo do kimchi, uma das receitas que, segundo o portal oficial Korea.com - dedicado à promoção da cultura do país -, mais representam suas tradições culinárias e pode ser encontrado, com adaptações regionais, por todo o território. Também são exemplos característicos o bibimbap - assortimento de legumes, carnes e ovo sobre base de arroz - e o bulgogui, típico churrasco preparado com carne bovina ou suína em tiras.

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BIBIMBAP Seu nome significa mesclado de arroz, logo, consiste em grande parte de arroz, verduras e legumes e alguma carne. Todos os ingredientes são servidos juntos e preparados em uma tigela de pedra vulcânica.

Fig. 13 - Desenho de bibimbap.

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objetivo projetual Levando em consideração a situação precária na qual se encontra a maior parte dos imigrantes irregulares e até mesmo regulares na cidade de São Paulo e a alimentação como representação ímpar da cultura e como expressão de pertencimento, foi decidido que o projeto arquitetônico que poderia suprir a questão da representatividade, acolhimento e identidade do imigrante seria um Mercado de Alimentos destinado ao universo imigrante provido de um restaurante beneficente e uma escola de culinária.

O MERCADO A proposta do Mercado é que os próprios imigrantes que residam no Bairro do Bom Retiro ou no centro de São Paulo vendam e possuam espaços comerciais dentro do mercado. Quanto aos usuários e possíveis clientes do espaço, estes podem ser imigrantes que anseiam pelo gosto de sua nação e brasileiros curiosos para provar sabores de outros países ou procurando alimentos base de sua alimentação diária. Assim, o Mercado será constituído de boxes de venda de produtos internacionais e nacionais que representem a cultura dos imigrantes que os vendem. Também existirá uma área de hortifruti destinada a produtores locais do estado de São Paulo, onde alimentos frescos e orgânicos poderão ser encontrados a preços acessíveis às populações de baixa renda. O intuito é criar um local de encontro de pessoas de diversos países, um local de pertencimento por parte dos que não residem em sua nação, um local de aprendizado para aqueles que entram em contato com culturas diversas

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e um local no qual a população brasileira e internacional poderá observar e experimentar as diferentes formas de se alimentar das pessoas que compartilham o mesmo espaço urbano. Além disso, o mercado será gerador de empregos para estrangeiros recém chegados e poderá fornecer matéria prima aos restaurantes de imigrantes no Bom Retiro.

O RESTAURANTE BENEFICENTE Muitos dos imigrantes que chegam em São Paulo não possuem poder aquisitivo significativo e por isso acabam optando por trabalhos que os sujeitam a situação de exploração e moradias precárias. Levando isso em consideração, o Mercado contará com um Restaurante Beneficente que servirá refeições a preço baixo. O Restaurante Beneficente será destinado às populações de baixa renda, sejam imigrantes ou brasileiros, se estes estiverem em situação econômica emergencial poderão usufruir da comida preparada no restaurante. Desta forma, o preço da refeição completa não deverá ser maior que R$ 2,00. Toda refeição preparada pelo restaurante será resultado do preparo de alimentos que seriam descartados pelo mercado, ou seja, alimentos que estiverem extremamente maduros ou próximos a data de vencimento e que não encontraram compradores no último dia em que estavam aptos para a venda. Os alimentos que serão utilizados no restaurante estarão prontos para o consumo no momento de preparo das refeições, embora não estivessem adequados para a venda.

A ESCOLA DE CULINÁRIA E GASTRONOMIA IMIGRANTE Dentro das dependências do Mercado haverá uma escola que ensinará principalmente a gastronomia imigrante. Os professores poderão ser cozinheiros brasileiros ou imigrantes recém chegados, o objetivo é a troca de cultura e de informação e que os alunos tenham a possibilidade de aprender a preparar pratos internacionais e de se

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engajarem em uma nova profissão. A escola não terá como intenção formar alunos em um curso extenso focado em culinária internacional e sim realizar diversos workshops que dêem oportunidade de participação para diversas pessoas. Os produtos utilizados na escola, assim como no restaurante, serão de proveniência do mercado, isto é, serão produtos e alimentos que aos olhos do vendedor e consumidores não estão mais apropriados para venda - muito maduros ou próximos à data de vencimento. No momento no qual o preparo destes alimentos acontecerá os mesmos estarão no auge do limite apropriado para o consumo, o que é ideal, já que logo após as aulas os alunos provarão seus pratos como ensinamento didático.

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mercados municipais na cidade de São Paulo Após a escolha do tema de estudo e tipo de projeto arquitetônico a ser realizado, um levantamento dos principais e mais influentes Mercados Municipais de São Paulo foi feito. O objetivo deste levantamento é apontar características distintas e comuns entre os mercados e também dividí-los em categorias. A listagem, pesquisa e interpretação aqui apresentadas foram utilizadas como facilitadores do desenvolvimento de projeto, já que possibilitaram a investigação de possíveis referências projetuais e serviram como indicadores de carências programáticas e urbanas nos “mercadões” da capital paulista. Desta forma, foi possível elaborar um programa arquitetônico que atendesse as necessidades do centro de São Paulo, além de suprir demandas dos imigrantes do Bom Retiro e da cidade de São Paulo como um todo.

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Fig. 14 - Mapa realizado indicando os principais Mercados Municipais da cidade de SĂŁo Paulo listados pela Prefeitura da cidade.

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MERCADOS TURÍSTICOS Os mercados turísticos foram classificados de acordo com o preço dos produtos vendidos e com o maior fluxo de pessoas, tanto locais como turistas, que os visitam a passeio.

1) Mercado Municipal Paulistano O Mercado Municipal Paulistano é o mercadão mais conhecido pelos paulistas e pelos turistas que chegam à cidade de São Paulo. Este mercado está localizado na região central, mais especificamente no distrito da República. Seu entorno é majoritariamente comercial e se encontra na mesma rua que outro Mercado Municipal de São Paulo, o da Cantareira. Um fato também pertinente a respeito de seu entorno é que a Zona Cerealista de São Paulo, onde muitos alimentos a granel são vendidos a preços abaixo do mercado, fica a menos de trezentos metros de distância. O Mercadão Paulistano é implantado no centro de São Paulo de modo que todas as vias que o rodeiam são relevantes para o fluxo de automóveis da região. Além disso, está próximo às margens do Rio Tamanduateí, ficando separado do mesmo apenas pela Avenida do Estado. A planta do Mercadão Paulistano é relativamente simples, sendo composta de um retângulo e tendo expressiva parte de seu programa representado por boxes de vendedores e por quiosques de restaurantes. O térreo é totalmente ocupado por comerciantes de alimentos e alguns quiosques de lanchonetes, já o primeiro andar é dedicado exclusivamente a restaurantes. O Mercado Municipal de São Paulo possui uma característica que o diferencia da maioria dos mercadões da cidade: os comerciantes normalmente vendem produtos acima do preço encontrado em supermercados e nos outros Mercados Municipais. Isso se deve ao fato de que o Mercado Municipal Paulistano recebe uma quantidade expressiva de turistas e já ganhou título de ponto turístico.

Fig. 15 - Implantação do Mercado Municipal Paulistano, Imagem Google Maps

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Fone: (11) 3228-9332 Endereço: Rua da Cantareira, 306 - Centro - 01024000 Horário de Funcionamento: Segunda a Sábado: 6h às 17h ; Domingo: 6h às 16h Administradora: Aparecida Dolores Veronesi

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Fig. 16 - Planta do Mercadão de São Paulo.


Fig. 17 - Desenho do interior do Mercado Municipal de SĂŁo Paulo.

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5) Mercado Municipal Pinheiros (Engenheiro João Pedro de Carvalho Neto) Assim como o Mercado Municipal Paulistano, o Mercado de Pinheiros também possui caráter turístico. Segundo o site oficial do mercado o mesmo começou a sofrer uma transformação em 2014 conjuntamente com a área do Largo da Batata. Atualmente conta com empório de cervejas especiais, pizzaria napolitana, cevícheria e uma loja vitrine de Alex Atala, chef renomado brasileiro. Toda a transformação ocorrida no Mercadão de Pinheiros não só levou ao encarecimento dos produtos ali comercializados, como mudou o público alvo do mercado, atualmente grande parte dos usuários são pertencentes à classe média. Em relação a sua arquitetura, o edifício conta com um core central vazado que possibilita a visão do térreo a partir do primeiro andar. Sua planta, ao contrário da maioria dos Mercados Municipais, não é retangular e sim a junção de um centro retangular e duas metades de circunferência. O térreo do mercado é ocupado principalmente por comércios de hortifruti e o primeiro andar é provido de açougues e restaurantes. Sua implantação no terreno é realizada de forma que o único espaço o dividindo das construções vizinhas é o estacionamento. O mercado se conecta diretamente a duas vias de fluxo médio. Fone: (11) 3032-3551 Endereço: Rua Pedro Cristi, 89 - Pinheiros - 05421-040 Horário de Funcionamento: Segunda a Sábado: 8h às 18h Administrador: Renato Leonavicius

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Fig. 18 - Implantação do Mercado Municipal Pinheiros, Imagem Google Maps.


Fig. 19 - Desenho realizado em uma visita ao Mercado Municipal de Pinheiros.

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MERCADOS REGIONAIS Os Mercados regionais foram classificados a partir de um raio de distância de mais de 6 quilômetros entre outros Mercados Municipais.

4) Mercado Municipal Santo Amaro O Mercado Municipal de Santo Amaro está localizado a menos de 200 metros do cemitério de Santo Amaro. As vias no entorno possuem fluxo médio/intenso de automóveis e o mercado conta com estacionamento. A planta do edifício é retangular e sua cobertura plana. Seu pé direito é de aproximadamente um e meio pavimento, existem aberturas zenitais além de uma praça de alimentação central. O interior está ocupado por estabelecimentos diversos. Fone: 5687-2707 Endereço: Rua Ministro Roberto Cardoso Alves, 359 Sto Amaro - 04737-000 Horário de Funcionamento: Segunda a Sábado: 8h às 19h Administrador: Ricardo Lovaglio Bezerra

Fig. 20 - Implantação do Mercado Municipal Santo Amaro, Imagem Google Maps.

3) Mercado Municipal Ipiranga (José Gomes de Moraes Neto) O Mercado Municipal Ipiranga está localizado em uma área mista. A planta da construção é retangular, aparenta ser um quadrado perfeito e a sua cobertura é plana. O pé direito do edifício é de um e meio pavimento. O mercado é permeável aos usuários já que suas entradas estão diretamente conectadas às calçadas, possibilitando um fluxo pedonal livre. Fone : 2063-3405 Endereço: Rua Silva Bueno, 2109 - Ipiranga - 04208052 Horário de Funcionamento: Terça a Sábado: 8h às 19h;

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Fig. 21 - Implantação do Mercado Municipal Ipiranga, Imagem Google Maps.


Domingo: 8h às 13h Administrador: João Isaias

8) Mercado Municipal Tucuruvi O Mercado Municipal Tucuruvi apresenta uma planta simples retangular, seu pé direito é de um e meio pavimento e possui um estacionamento. Seu entorno é misto, assim existem comércios e residências ao seu redor. O fluxo das vias próximas não é intenso. Fone: 2203-8850 Endereço: Av. Nova Cantareira, 1686 - Tucuruvi 034426010 Horário de Funcionamento: Terça a Sábado: 8h às 19h ; Domingo: 8h às 13h Administrador: Ricardo Timóteo

13) Mercado Municipal Guaianases (Leonor Quadros)

Fig. 22 - Implantação do Mercado Municipal Tucuruvi, Imagem Google Maps.

O mercado Municipal Guaianases está localizado no centro da Praça Presidente Getúlio Vargas que é inexpressiva, já que o seu entorno é constituído por estacionamentos. As vias ao redor do mercado são de fluxo leve e há um viaduto próximo. A planta do mercado é simples e retangular e sua cobertura é constituída de 6 águas, típica de construções fábris. Seu entorno é primordialmente constituído por comércios. Arquiteturalmente é muito parecido com o Mercado Municipal Sapopemba que também possui dois pavimentos de pé direito. Fone: 2557-8213 Endereço: Pça. Pres. Getulio Vargas s/n° - Guaianases 08450-380 Horário de Funcionamento: Terça a Sábado: 8h30 às 19h30 ; Domingo: 8h às 13h Administrador: José Ivo C. dos Santos

Fig. 23 - Implantação do Mercado Municipal Guaianazes, Imagem Google Maps.

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MERCADOS LOCAIS Os Mercados locais são os que distam menos de 6 quilômetros de outros Mercados Municipais e, assim, foi concluído que atendem uma quantidade menor de pessoas.

2) Mercado Municipal Cantareira (Kinjo Yamato) O Mercado Municipal da Cantareira se encontra próximo ao Mercado Municipal Paulistano, porém os dois apresentam propostas distintas, já que a maioria dos produtos que são vendidos no seu interior se encontra a um valor abaixo do encontrado em supermercados. Além disso, o mercadão Kinjo Yamato é tido como o primeiro Mercado Municipal da cidade de São Paulo, segundo seu site oficial. Originalmente, em 1936, este mercado era a céu aberto e hoje faz parte do complexo de mercados da Cantareira conjuntamente com o Mercado Municipal Paulistano. A origem do mercado é atribuída a imigrantes japoneses que buscavam complementar a renda. Eles traziam os alimentos que sobravam das colheitas e os comercializavam no terreno onde hoje se encontra o edifício. O fluxo das vias ao redor do mercado não é intenso, embora se encontre no centro de São Paulo. O pé direito de seu interior é de um e meio pavimento e possui muitas aberturas zenitais, já que grande parte de sua estrutura é constituída somente de uma cobertura. No seu interior é possível notar que mais de metade da área de circulação dos usuários e clientes é descoberta. O prédio do mercado não possui recuo das construções vizinhas e há um pequeno estacionamento para clientes e descarregamentos. Fone: 3228-9332 Endereço: Rua da Cantareira, 377 – Centro - 01024000 Horário de Funcionamento: Segunda a Sábado: 03h às 15h Administradora: Aparecida Dolores Veronesi

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Fig. 24 - Implantação do Mercado Municipal Cantareira, Imagem Google Maps.


6) Mercado Municipal Lapa (Rinaldo Rivetti) O Mercado Municipal da Lapa chama atenção pela sua planta e inserção no espaço urbano. Embora possua uma forma triangular, o seu interior não difere muito de um Mercado Municipal típico, com espaços de circulação e lojas abarrotadas de produtos. O interior do Mercado da Lapa não é constituído por boxes e sim por lojas unidas umas nas outras que apresentam dois andares. Além disso, o mercadão da Lapa é contornado por vias de todos os lados e está muito próximo à linha férrea. Fone: 3832-1834 Endereço: Rua Herbart, 47 - Lapa - 05072-030 Horário de Funcionamento: Segunda a Sexta: 8h às 19h ; Sábado: 8h às 18h Administrador: Marlon Silveira Diniz

7) Mercado Municipal Pirituba

Fig. 25 - Implantação do Mercado Municipal Lapa, Imagem Google Maps.

O Mercado Municipal de Pirituba é o mercado que possui a volumetria e arquitetura mais distintas dos outros mercadões da cidade de São Paulo; sua planta é circular e sua cobertura é inclinada. O pé direito do edifício é de um e meio pavimentos. O seu entorno é predominantemente residencial. As vias próximas apresentam um tráfego médio de veículos. Fone: 3978-9990 Endereço: Rua Almirante Isaias de Noronha, 163 - V. Pereira Barreto - 02919-100 Horário de Funcionamento: Segunda a Sábado: 7h às 21h ; Domingo: 7h às 14h Administrador: José Aparecido do Nascimento

Fig. 26 - Implantação do Mercado Municipal Pirituba, Imagem Google Maps.

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9) Mercado Municipal Penha (Senador Antonio Emydio de Barros) O Mercado Municipal da Penha se divide em três edifícios distintos com plantas retangulares e coberturas planas. O mercado conta com estacionamento e seu prédio central possui dois pavimentos, os outros prédios possuem pé direito de um e meio pavimento. Além disso, o Mercado Municipal da Penha tem uma pequena praça anexa. Todas as vias ao seu redor possuem um fluxo de automóveis baixo/médio. O seu interior conta com boxes individuais para seus comerciantes. Fone: 2641-3390 Endereço: Av. Gabriela Mistral, 160 - Penha - 03701010 Horário de Funcionamento: Terça a Sábado: 8h às 19h; Domingo: 8h às 13h Administrador: Joel Candido

Fig. 27 - Implantação do Mercado Municipal Penha, Imagem Google Maps.

10) Mercado Municipal Vila Formosa (Antonio Meneghini) A cobertura do Mercado Municipal Vila Formosa é plana e sua planta é retangular. Se encontra no centro de uma praça e as vias ao seu redor possuem um fluxo de automóveis médio. O mercado possui estacionamento e seu pé direito é de um pavimento e meio. A vizinhança do mercado é composta por parte comercial e residencial. O mercado cria visualmente uma centralidade na área na qual se insere. Fone: 2674-0531 Endereço: Praça das Canárias, s/nº - V.Formosa 03359-120 Horário de Funcionamento: Terça a Sábado: 8h às 19h ; Domingo: 8h às 13h Administrador: Rogério Gomes

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Fig. 28 - Implantação do Mercado Municipal Vila Formosa, Imagem Google Maps.


11) Mercado Municipal Sapopemba As vias do entorno do Mercado Municipal Sapopemba possuem um fluxo médio/alto. O mercado conta com estacionamento e possui dois pavimentos. Sua planta é retangular e sua cobertura é simples de padrão fabril. Sua vizinhança é majoritariamente comercial. Fone: 2702-8899 Endereço: Av. Sapopemba, 7911 - V. Reg. Feijó 03988010 Horário de Funcionamento: Terça a Sábado: 8h às 19h; Domingo: 8h às 13h Administradora: Maria Valdécia Franklin Andrade

12) Mercado Municipal Teotônio Vilela O Mercadão Teotônio Vilela aparenta possuir uma escala menor que os outros mercados aqui apresentados, além disso o fluxo de usuários no mercado não parece ser grande. A única via de acesso para o Mercado Municipal Teotônio Vilela é a Av. Arquiteto Vilanova Artigas que possui um fluxo leve de automóveis. O mercado possui um estacionamento pequeno logo à frente de sua entrada.

Fig. 29 - Implantação do Mercado Municipal Sapopemba, Imagem Google Maps.

Fone: 2704-0398 - 2704-6448 Endereço: Av. Arquiteto Vilanova Artigas, 1900 – 03928-240 Horário de Funcionamento: Segunda a Sábado: 7h às 19h ; Domingo: 7h às 13h Administradora: Elisângela A.S. Ferreira

Fig. 30 - Implantação do Mercado Municipal Teotônio Vilela, Imagem Google Maps.

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14) Mercado Municipal São Miguel (Dr. Americo Sugai) O Mercado Municipal de São Miguel é subdivido em edifícios que são interligados, todos possuem plantas retangulares. O pé direito é de dois pavimentos e existe um estacionamento no centro de seu terreno. Ao seu entorno se apresentam muitas bancas de comércio informal e as vias próximas possuem fluxo médio/intenso. Fone - 2297-0549 Endereço: Av. Marechal Tito, 567- São Miguel - 08010090 Horário de Funcionamento: Segunda a Sábado: 8h às 19h Administradora: Fernanda Castro Bones

15) Mercado Municipal Central Leste O Mercado Municipal Central Leste é cercado de vias por todos os lados, com fluxo moderado. A Avenida do Imperador é o principal acesso viário ao mercado. A planta deste mercado é retangular e o seu telhado é muito encontrado em indústrias, já que permite grandes vãos. O Mercadão Central Leste possui pé direito de dois pavimentos (aproximadamente 6 metros).

Fig. 31 - Implantação do Mercado Municipal São Miguel, Imagem Google Maps.

Fig. 32 - Implantação do Mercado Municipal Central Leste, Imagem Google Maps.

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terreno e entorno

PREMISSAS PARA ESCOLHA Após o levantamento de todos os terrenos que não estão ocupados por edificações, ou seja, principalmente estacionamentos, optou-se por utilizar a área do estacionamento localizado entre a rua Pedro Tomas e a rua Barra do Tibagi. O motivo principal para a escolha foi a localização central em relação ao bairro do Bom Retiro e o fato de o terreno ter acesso direto a duas ruas. Além disso, a área do terreno é suficiente para comportar um Mercado Municipal de tamanho pequeno a médio e é próximo a estabelecimentos imigrantes relacionados à alimentação. A topografia do terreno também se mostrou favorável, já que o lote apresenta um desnível de apenas 2 metros em aproximadamente 57 metros de extensão. Os levantamentos de Uso e Ocupação e dos Fluxos Viários foram feitos na área mais próxima ao terreno. Os levantamentos de Equipamentos, de Transporte Público e Zoneamento Urbano foram realizados em todo o bairro do Bom Retiro, pois estes fatores não seriam possíveis de ser interpretados de forma integral se feitos em um raio pequeno de distância.

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APRESENTAÇÃO DO TERRENO O terreno definido para o Mercado para Imigrantes do Bom Retiro é o do estacionamento Wall Park, na Rua Barra do Tibagi 682. Os vizinhos diretos do estacionamentos são dois bancos e logo a frente existe uma agência dos correios.

Fig. 33 - Vista aérea do terreno e entorno, Google Maps.

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LOCALIZAÇÃO E TOPOGRAFIA

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FLUXOS VIÁRIOS Os fluxos viários das ruas de entorno do terreno não são intensos. A Rua Barra do Tibagi possui um fluxo leve e tem grande potencial para ser o principal acesso ao Mercado.

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USO E OCUPAÇÃO A grande maioria das construções próximas ao estacionamento onde o mercado será implantado é destinada ao comércio e aos serviços.

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CICLOVIAS E TRANSPORTES PÚBLICOS Existem muitos pontos de ônibus dentro do Bairro do Bom Retiro e próximos ao terreno de escolha. As ciclovias, embora existam, não são muitas. O metrô Tiradentes é o que se encontra mais próximo ao lote.

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EQUIPAMENTOS A partir de uma análise rápida dos equipamentos encontrados no Bom Retiro é possível observar que as feiras livres não são muito expressivas (três pontos) e os pólos de cultura também são poucos. Assim, o MENSA conseguiria se inserir no bairro como um equipamento necessário e não competiria com os já existentes, mas sim os fortaleceria.

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ZONEAMENTO O Bairro do Bom Retiro tem a grande maioria de seus lotes pertencentes a ZDE-1, Zona de Desenvolvimento EconĂ´mico 1, na qual tambĂŠm se insere o terreno escolhido.

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Segundo o Plano Diretor Estratégico, LEI Nº 16.402, DE 22 DE MARÇO DE 20 Art. 13: “As Zonas de Desenvolvimento Econômico (ZDE) são porções do território com presença de uso industrial, destinadas à manutenção, ao incentivo e à modernização desses usos, às atividades produtivas de alta intensidade em conhecimento e tecnologia e aos centros de pesquisa aplicada e desenvolvimento tecnológico, entre outras atividades econômicas, subdivididas em: I – Zona de Desenvolvimento Econômico 1 (ZDE-1): áreas que apresentam grande concentração de atividades industriais de pequeno e médio porte, além de usos residenciais e comerciais;” Após o levantamento da legislação da Zona com a qual será trabalhada e as visitas presenciais ao terreno e ao bairro do Bom Retiro, pode-se confirmar que a área realmente possui muitas indústrias, principalmente têxteis e de pequeno e médio porte, embora existam residências e comércios.

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programa O programa do Mercado Municipal para Imigrantes, o MENSA, foi definido levando em consideração três espaços com propostas distintas: o mercado, a escola e o restaurante beneficente. Estes três centros serão muito conectados, porém terão espaços exclusivos destinados aos seus usuários, para que os percursos internos não sejam longos e desmotivantes e que os depósitos de alimentos não se confundam.

Fig. 34 - Esquema de áreas programáticas do MENSA.

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TABELA PROGRAMÁTICA MENSA Espaços

MERCADO Módulo box para comerciantes Módulo box para lanchonete Praça de alimentação Área de carga e descarga de mercadorias Sanitário Salas para administração Depósito Depósito refrigerado Área de lixo e tratamento Vestiário Vagas para carros Bicicletário RESTAURANTE BENEFICENTE Área de caixa

Quantidade

Área Unitária (m2)

Usuários

40

23

3 pessoas

15

21

3 pessoas

1

131

64 pessoas

1

50

2 caminhões médios

4 1

16 59

3 pessoas 5 pessoas

1 1

14 7

2 pessoas 2 pessoas

1

14

2 pessoas

2 4

27 60

6 pessoas 4 pessoas

1

30

25 pessoas

1

5

2 pessoas

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Balcão com 1 12 4 pessoas atendimento e saída de refeições Cozinha 1 30 15 pessoas profissional Depósito 1 14 2 pessoas Depósito 1 7 2 pessoas refrigerado Salão 1 104 72 pessoas Vestiário 2 27 6 pessoas Sanitário 2 16 4 pessoas Armário 72 0.25 72 pessoas ESCOLA Salas de 2 46 12 pessoas aula Armário 24 0.25 24 pessoas Depósito 1 14 2 pessoas Depósito 1 7 2 pessoas refrigerado Sanitário 2 16 4 pessoas Vestiário 2 27 6 pessoas Enfermaria 1 20 4 pessoas ÁREA 2045,87 TOTAL DO TERRENO: Durante o processo projetual foram realizadas algumas plantas esquemáticas dos espaços do programa para aferir a demanda espacial de cada local. Durante o processo de refinamento do projeto existiram alguns ajustes e modificações, porém estas áreas auxiliaram na elaboração de diversos diagramas de relacionamento, de plantas iniciais e do projeto final.

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Fig. 35 - Esquema de áreas programáticas da escola e do restaurante beneficente.


Fig. 36 - Esquema de รกreas programรกticas do mercado.

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referências projetuais As referências se dividem em dois grupos: referências de funcionamento de estabelecimentos e ONGs (como mercados e restaurantes beneficentes) e referências arquitetônicas e de materiais de construção.

REFERÊNCIAS DE ESTABELECIMENTOS Boston Public Market O Boston Public Market está localizado em Boston nos Estados Unidos e foi projetado por Architerra. O objetivo é dar oportunidades para pequenos produtores prosperarem. O mercado conta com uma estrutura de workshops e de aulas de gastronomia para auxiliar no surgimento de uma comunidade baseada na cozinha.

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Fig. 37 - Interior do Boston Public Market. Mensa: Mercado para Imigrantes do Bom Retiro


Fig. 38 - Salas de aula de gastronomia dentro do Boston Public Market.

Gastromotiva

Fig. 39 - Estudantes da Gastromotiva preparando refeiçþes. Isadora Fernandes Porfirio - TFG

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A Gastromotiva é um movimento que prega utilizar o poder da gastronomia, a comida e os seus elementos para transformar a sociedade, unir as pessoas e ajudar a diminuir a desigualdade social. Desta Forma, a Gastromotiva dá oportunidade para milhares de jovens realizarem seus potenciais. Segundo o site oficial Gastromotiva, os princípios que norteiam o movimento são: 1. O fornecimento de qualificação e educação empreendedora para as pessoas, bem como orientar o seu acesso ao mercado de trabalho; 2. Promoção da capacitação, emancipação e desenvolvimento humano; 3. Construção de pontes e redes, a fim de mobilizar a sociedade em questões sociais através de gastronomia; 4. Melhora da saúde e do bem-estar das pessoas através de segurança alimentar e gastronomia; 5. Reforço das identidades culturais regionais ligados aos hábitos e tradições alimentares.

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Fig. 40 - Refeiório da Gastromotiva.


Refettorio Ambrosiano - Food for Soul O Refettorio Ambrosiano é uma proposta que surgiu durante a EXPO 2015 em Milão. É um projeto que une pela primeira vez o universo da alta gastronomia, da arte, do design e da solidariedade. A iniciativa foi idealizada por Massimo Bottura e Davide Rampello com o objetivo de unir valores culturais com o ato de oferecer comida às pessoas que tem necessidades. O Refettorio surgiu da reestruturação de um teatro abandonado em Milão por profissionais renomados. O projeto começou com uma previsão de duração de seis meses durante a EXPO 2015. Todos os alimentos que iriam ser descartados pelos pavilhões da EXPO iam para o Refettorio ser preparados pelos melhores chefes do mundo para pessoas em situação de rua. O objetivo final era trazer uma sensação de conforto e tranquilidade para pessoas que estavam passando diariamente por situações de risco. O projeto dura até hoje e a iniciativa agora também existe em Paris. O Refettorio faz parte de uma organização sem fins lucrativos, a “Food for Soul” que acredita que uma refeição é um ato de inclusão social.

Fig. 41 - Salão do Refettorio Ambrosiano.

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REFERÊNCIAS ARQUITETÔNICAS Mercado Municipal de Matosinhos O Mercado Municipal de Matosinhos fica em Martosinhos, Portugal, classificado como Monumento de Interesse Público. As características arquitetônicas que mais surpreenderam neste projeto foram as aberturas zenitais, a cobertura e o térreo livre.

Fig. 42 - Interior do Mercado Municipal de Matosinhos.

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Mercado Municipal de Santa Maria da Feira O Mercado Municipal de Santa Maria da Feira está localizado em Portugal, no distrito de Aveiro. O mercado foi projetado por Fernando Távora e é considerado monumento de interesse público. Esta obra arquitetônica foi concluída em 1959 e marca a arquitetura da década de 50, já que procurou integrar elementos locais e a arquitetura moderna. A parte mais fascinante do projeto foi que o partido se relacionou diretamente com a morfologia do terreno e o projeto integra-se no seu contexto urbano.

Fig. 43 - Mercado Municipal de Santa Maria da Feira.

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Fig. 44 - Detalhe da cobertura do Mercado Municipal de Santa Maria da Feira.

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Baltic Station Market O Baltic Station Market é localizado na Estônia e foi projetado por KOKO architects. A estrutura, a cobertura e a organização dos boxes para os vendedores são os pontos que mais se destacaram no projeto. Além disso, a materialidade de blocos de pedra também tem um impacto visual forte na construção. Fig. 45 - Pilares e Boxes para expositores do Baltic Station Market.

Fig. 46 - Cobertura e fachada do Baltic Station Market.

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SESC Pompéia O Sesc Pompéia foi projetado por Lina Bo Bardi e sua construção foi finalizada em 1986. O projeto conta com revestimentos crus de concreto e tijolos. Existem muitas aberturas provenientes da intercalação de tijolos. Existem vãos e pilares internos que dão sensação de amplitude aos usuários.

Fig. 47 - Interior SESC Pompéia.

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Fig. 48 - Interior SESC Pompéia.

Fig. 49 - Interior SESC Pompéia.

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partido O partido do projeto do Mercado MENSA é a união de três conceitos: pertencimento, fluidez e conexão. A questão do pertencimento vem para suprir a falta de espaços nos quais os imigrantes possam se expressar sem medo. Espacialmente, o projeto deverá passar a ideia de amplitude e tranquilidade, desta forma os usuários poderão se conectar com pessoas de muitos países e ter experiências culturais novas e únicas. A fluidez aparecerá principalmente no espaço interno e na conexão com o exterior. Os imigrantes e usuários em geral poderão fluir sem experienciar barreiras físicas, já que estas remeteriam às barreiras diárias que os imigrantes se deparam no Brasil. Ou seja, o espaço será amplo e desempedido. A conexão aparece no partido pelo fato do projeto ter um programa que incentiva os estrangeiros a cultivarem sua cultura. Ademais, o edifício terá uma linguagem e escala urbana similar às das construções de seu entorno. Desta maneira o prédio não será agressivo ao seu terreno de inserção e realizará uma conexão visual. A conexão acontecerá também no quesito dos fluxos pedonais do MENSA. Pensando na conexão também em relação à materialidade, o objetivo é utilizar materiais simples e que são facilmente encontrados ao redor do mundo, para que todos possam se identificar com o ambiente construído.

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Fig. 50 - Desenho ilustrando a conexão entre pontos.


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estudos preliminares No início do processo projetual o diagrama da inserção do programa no terreno priorizava o acesso de caminhões para descarregamento através de uma via interna situada no térreo do prédio. Na solução final o estacionamento e a carga e descarga estão no subsolo, para que o térreo, onde se localizam os acessos pedonais, seja dotado de espaços para usuários e pedestres. O Restaurante Beneficente foi alocado no térreo, já que seus clientes normalmente irão ao MENSA principalmente para a alimentação, assim o seu acesso será facilitado e as filas de espera poderão fluir.

Fig. 51 - Croqui de inserção do programa na planta e no terreno.

Fig. 52 - Croqui de corte esquemático do programa do Mercado para Imigrantes.

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Logo após a primeira ideia de como inserir o MENSA no terreno se iniciou a construção de um grid estrutural, para que se pudesse ter um parâmetro de vãos possíveis que as vigas venceriam. O processo projetual se deu conjuntamente com a ideia de estrutura, já que mercados em geral necessitam de plantas livres, que possibilitem fluidez para os usuários e diversas maneiras de layout de boxes. Desde o início da criação do MENSA a circulação vertical foi pensada em ser resolvida por grandes rampas. As rampas são acessíveis à todos, e durante o percurso dos usuários passarão a sensação de fluidez e conexão.

Fig. 54 - Primeiro esboço formal do projeto - pilares e rampa de circulação vertical do Mercado para Imigrantes.

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Fig. 53 - Fases para desenvolvimento da planta: 1. divisão do terreno em vãos de 7 metros 2. definição dos pilares 3. estruturação do programa no espaço interno.


O projeto teve mudanças perceptíveis durante o seu aperfeiçoamento. Em um segundo momento foram criados volumes independentes dentro da estrutura geral do mercado para comportar o restaurante, a administração e a escola. As rampas são fundamentais no MENSA, tanto no aspecto visual como no funcional. A circulação entre as duas ruas que o lote tem acesso foi priorizada para os pedestres.

Fig. 55 - Croqui de concepção de volumes e fluxos.

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Mezaninos foram criados para o melhor aproveitamento do espaço. O edifício do MENSA é inserido no terreno através de um corte na topografia, o que faz que um dos dois principais acessos seja dois metros superior que o outro.

Fig. 56 - Croqui de elevação e de corte longitudinal.

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Fig. 57 - Croquis de planta com a inserção de uma rampa central. Mensa: Mercado para Imigrantes do Bom Retiro


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o projeto

Após o desenvolvimento inicial de plantas e organizações espaciais de programa, chegou-se a conclusão que o terreno podia ser mais aproveitado com um modulamento de pilares de espaçamento de aproximadamente 11 metros. A solução estrutural contou com o auxílio do concreto protendido e uma estrutura que remete ao pórtico (composta de vigas e pilares). Depois de muitas experimentações, observou-se que as rampas do MENSA eram necessárias tanto para o deslocamento vertical como para dar singularidade estética à transição do espaço externo para o interno. O MENSA, como um mercadão típico, possui uma planta muito livre para possibilitar a mobilidade do display de boxes dos comerciantes. O Restaurante Beneficente é totalmente visível para quem frequenta o térreo do mercado, possibilitando conexão e fluidez do olhar pelo espaço. Os usuários poderão assistir aos cozinheiros e chefes preparando refeições únicas e típicas. O mercado ainda conta com um jardim externo e uma caixa d’água alta, onde reuniões e encontros serão marcados. Esta área de paisagismo auxilia na transição do ambiente tumultuado das ruas para o interior de um mercado cheio de experiências.

Fig. 58 - Croqui de corte com incidência solar e sheds.

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OS MATERIAIS

Euroshed

Brise de madeira Hunter Douglas

Vidro laminado

Concreto armado

Cimento queimado no piso

Piso intertravado

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Uma preocupação que surgiu logo no início do processo projetual foi a ventilação e o conforto térmico. Para evitar um super aquecimento pela incidência de sol e permitir uma ventilação constante foram utilizados o brise horizontal de madeira e o Euroshed. O brise utilizado é horizontal simples da marca Hunter Douglas. O Euroshed é um elemento pré-moldado italiano, que possui pequenas janelas pivotantes com abertura automatizada para os dias mais quentes e telhas de PVC. A figura 58 exemplifica o objetivo de circulação de ar ao utilizar o shed como solução de ventilação, além de demonstrar que o mesmo facilita a iluminação natural. O critério para a escolha dos materiais foi a simplicidade estética. Os materias principais foram: o concreto armado e protendido para a estrutura, o vidro para as aberturas, o cimento queimado para o piso e a madeira para os brises. Além disso, também foi pensado em um piso intertravado personalido para as áreas externas do MENSA.

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INSERÇÃO NO TERRENO E RELAÇÃO COM ENTORNO

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A inserção no terreno foi concebida de modo que o acesso principal pedonal é pela Rua Barra do Tibagi rua mais movimentada - e um acesso mais calmo pela Rua Pedro Tomas que possui pequena extensão e um fluxo lento de veículos. A relação do térreo com o entorno é direta. A própria fachada principal passa a sensação de transparência e permissividade de entrada, para ressaltar que o espaço é para todos, um espaço realmente público.

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A

1

s

11

2

B

B

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4

8 s

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6

9

1 - Vagas de carros 2 - Vagas para descarga de mercadorias 3 - Vagas acessíveis 4 - Área de preparo e lavagem de alimentos 5 - Depósitos refrigerados 6 - WC e armários 7 - Área de descarte 8 - Elevador de carga 9 - Caixa de elevador e escada 10 - Hall 11 - Rampa de acesso N

A

PLANTA SUBSOLO

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escala 1:250


A

12

12

12 - Acessos pedonais pelo térreo 13 - Área de boxes 14 - Restaurante beneficente 15 - Cozinha industrial 16 - WC e armários 17 - Área de preparo de alimentos de origem animal 18 - Área de preparo de vegetais 19 - Área de lavagem 20 - Depósito de alimentos de origem animal 21 - Depósito de vegetais 22 - Elevador de carga 23 - Área de descarte 24 - Caixa de elevador e escada 25 - WC 26 - Rampa de acesso ao mezanino 27 - Acesso de automóveis ao subsolo

12

s

26

s

14

13 B

B

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N

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PLANTA TÉRREO Isadora Fernandes Porfirio - TFG

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A s

s

28 - Boxes para lanchonetes 29 - Área para alimentação 30 - Rampa de acesso pedonal pela Rua Pedro Tomas 31 - Elevador de carga 32 - Caixa de elevador e escada 33 - Box para açougue 34 - Rampa para acesso ao segundo piso

28

29 B

B

28 s

28 s

s

34

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31 33

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N

30

escala 1:250 A

PLANTA PRIMEIRO ANDAR - MEZANINO

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A

35 - Área para alimentação 36 - Box para açougue 37 - Área de mercado 38 - Sala de aula 39 - Depósito refrigerado 40 - Elevador de carga 41 - Caixa de elevador e escada 42 - WC

35

s

36

s

37

B

B

39 38

s

40

39

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s

38

42 s

N

escala 1:250 A

PLANTA SEGUNDO ANDAR - MERCADO E ESCOLA Isadora Fernandes Porfirio - TFG

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A

43 - Sala de reunião dos comerciantes 44 - Enfermaria 45 - Caixa de elevador e escada 46 - WC 47 - Sala de administração 48 - Sala de reunião da administração 49 - Sala do superior da administração

s

s

B

B

47

49 48

s

43

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s

44

46 s

N

escala 1:250 A

PLANTA TERCEIRO ANDAR - ADMINISTRAÇÃO

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A

B

B

N

escala 1:250 A

PLANTA DE COBERTURA Isadora Fernandes Porfirio - TFG

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CORTE A-A

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CORTE B-B Isadora Fernandes Porfirio - TFG

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PERSPECTIVA AÉREA DO MENSA

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Elevador de carga Caixa de elevador e escada Ida dos alimentos ao lavatรณrio Fluxo de deslocamento de alimentos Ida dos alimentos aos depรณsitos

PERSPECTIVA EXPLODIDA COM OS FLUXOS DOS ALIMENTOS Isadora Fernandes Porfirio - TFG

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3.50

DETALHE EM CORTE DO EUROSHED

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escala 1:25


Área do Restaurante - Térreo

Lavatório - Subsolo

escala 1:25

DETALHE EM CORTE DO LAVATÓRIO - SUBSOLO Isadora Fernandes Porfirio - TFG

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figuras Fig. 1 - Issingui, prato típico africano, servido no restaurante Biyou’Z no centro de São Paulo < https://www.facebook.com/pg/biyouzresto/photos/?tab=album&album_id=593984310678377 > Fig. 2 - Fideuà de camarão, prato típico espanhol servido no restaurante Figueira Rubaiyat < https://vejasp.abril.com.br/estabelecimento/a-figueira-rubaiyat/ > Fig. 3 - Rua José Paulino majoritariamente comercial no Bom Retiro, onde os térreos são ocupados principalmente com comércio relacionado à indústria têxtil. < Google Maps > Fig. 4 - Imagem de lâmpadas japonesas em umas das ruas centrais do Bairro da Liberdade, SP. < http://www.cartaeducacao.com.br/entrevistas/liberdade-concentrava-forca-o-pelourinho-cadeia-e-o-cemiterio-dos-negros-na-escravidao/ > Fig. 5 - Croqui da fachada de uma rua típica do Bom Retiro. Fig. 6 - Desenho de uma edificação antiga do Bom Retiro com o térreo ocupado por comércio de roupas. Fig. 7 - Desenho do Edifício do Colégio de Santa Inês - Arquitetura Art Nouveau no Bom Retiro Fig. 8 - Desenho da Fachada da Casa do Povo: Centro Cultural Judaíco de Arquitetura Moderna.

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Fig. 9 - Croqui de comidas típicas encontradas no Bom Retiro. Fig. 10 - Desenho de espaguete. Fig. 11 - Desenho de fritanga. Fig. 12 - Desenho de kreplach. Fig. 13 - Desenho de bibimbap. Fig. 14 - Mapa realizado indicando os principais Mercados Municipais da cidade de São Paulo listados pela Prefeitura da cidade. Fig. 15 - Implantação do Mercado Municipal Paulistano, Imagem Google Maps. < Google Maps > Fig. 16 - Planta do Mercadão de São Paulo. < http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/03.036/2259 > Fig. 17 - Desenho do interior do Mercado Municipal de São Paulo. Fig. 18 - Implantação do Mercado Municipal Pinheiros, Imagem Google Maps. < Google Maps > Fig. 19 - Desenho realizado em uma visita ao Mercado Municipal de Pinheiros. Fig. 20 - Implantação do Mercado Municipal Santo Amaro, Imagem Google Maps. < Google Maps > Fig. 21 - Implantação do Mercado Municipal Ipiranga, Imagem Google Maps. < Google Maps >

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Fig. 22 - Implantação do Mercado Municipal Tucuruvi, ImaMensa: Mercado para Imigrantes do Bom Retiro


gem Google Maps. < Google Maps > Fig. 23 - Implantação do Mercado Municipal Guaianazes, Imagem Google Maps. < Google Maps >

Fig. 24 - Implantação do Mercado Municipal Cantareira, Imagem Google Maps. < Google Maps > Fig. 25 - Implantação do Mercado Municipal Lapa, Imagem Google Maps. < Google Maps > Fig. 26 - Implantação do Mercado Municipal Pirituba, Imagem Google Maps. < Google Maps > Fig. 27 - Implantação do Mercado Municipal Penha, Imagem Google Maps. < Google Maps > Fig. 28 - Implantação do Mercado Municipal Vila Formosa, Imagem Google Maps. < Google Maps > Fig. 29 - Implantação do Mercado Municipal Sapopemba, Imagem Google Maps. < Google Maps > Fig. 30 - Implantação do Mercado Municipal Teotônio Vilela, Imagem Google Maps. < Google Maps > Fig. 31 - Implantação do Mercado Municipal São Miguel, Imagem Google Maps. < Google Maps > Fig. 32 - Implantação do Mercado Municipal Central Leste, Imagem Google Maps. Isadora Fernandes Porfirio - TFG

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< Google Maps > Fig. 33 - Vista aérea do terreno e entorno, Google Maps. < Google Maps > Fig. 34 - Esquema de áreas programáticas do MENSA. Fig. 35 - Esquema de áreas programáticas da escola e do restaurante beneficente. Fig. 36 - Esquema de áreas programáticas do mercado. Fig. 37 - Interior do Boston Public Market. < https://www.archdaily.com/789434/boston-public-market-architerra-inc > Fig. 38 - Salas de aula de gastronomia dentro do Boston Public Market. < https://www.archdaily.com/789434/boston-public-market-architerra-inc > Fig. 39 - Estudantes da Gastromotiva preparando refeições. < https://abraceobrasil.org/pt-br/projetos/gastromotiva/ > Fig. 40 - Refeiório da Gastromotiva. < https://abraceobrasil.org/pt-br/projetos/gastromotiva/ > Fig. 41 - Salão do Refettorio Ambrosiano. < https://www.riva1920.it/en/news/news-events/refettorio-ambrosiano-tables-milano-italy/ > Fig. 42 - Interior do Mercado Municipal de Matosinhos. < https://www.timeout.pt/porto/pt/compras/mercado-municipal-de-matosinhos > Fig. 43 - Mercado Municipal de Santa Maria da Feira. < http://www.epdlp.com/edificio.php?id=6581 > Fig. 44 - Detalhe da cobertura do Mercado Municipal de Santa Maria da Feira. < https://br.pinterest.com/pin/406379566351176835/ >

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Fig. 45 - Pilares e Boxes para expositores do Baltic Station Market. < https://www.archdaily.com/881525/baltic-station-market-koko-architects > Fig. 46 - Cobertura e fachada do Baltic Station Market. < https://www.archdaily.com/881525/baltic-station-market-koko-architects > Fig. 47 - Interior SESC Pompéia. < https://www.likealocalguide.com/media/ cache/2d/07/2d07ee1cb778c02ee5d4373060ef3fc2. jpg > Fig. 48 - Interior SESC Pompéia. < https://www.archdaily.com.br/br/01-153205/classicos-da-arquitetura-sesc-pompeia-slash-lina-bo-bardi/ 52797c0ae8e44e865400007b-classicos-da-arquiteturasesc-pompeia-slash-lina-bo-bardi-foto > Fig. 49 - Interior SESC Pompéia. < https://www.archdaily.com.br/br/01-153205/classicos-da-arquitetura-sesc-pompeia-slash-lina-bo-bardi/ 52797c0ae8e44e865400007b-classicos-da-arquiteturasesc-pompeia-slash-lina-bo-bardi-foto > Fig. 50 - Desenho ilustrando a conexão entre pontos. Fig. 51 - Croqui de inserção do programa na planta e no terreno. Fig. 52 - Croqui de corte esquemático do programa do Mercado para Imigrantes. Fig. 53 - Fases para desenvolvimento da planta: 1. divisão do terreno em vãos de 7 metros 2. definição dos pilares 3. estruturação do programa no espaço interno Fig. 54 - Primeiro esboço formal do projeto - pilares e rampa de circulação vertical do Mercado para Imigrantes. Fig. 55 - Croqui de concepção de volumes e fluxos. Isadora Fernandes Porfirio - TFG

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Fig. 56 - Croqui de elevação e de corte longitudinal. Fig. 57 - Croquis de planta com a inserção de uma rampa central. Fig. 58 - Croqui de corte com incidência solar e sheds.

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