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160 ANOS cOM O PORTO DEPOIS DO ISEP

DE FORA cá DENTRO

À cONvERSA cOM...

Empreendedor ISEP

SRU – Sociedade de Reabilitação Urbana

ISEP|GO – Gabinete de Orientação do ISEP

DANIEL CASTANHEIRA

ESPINHEIRA QUELHAS

TERESA ESPASSANDIM


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ÍNDICE

03 EDITORIAL 04 A RETER » Novos Mestrados com Marca de Qualidade OE+EUR-ACE » Projetos do EPS@ISEP apresentados nos EUA » Matemática Fora de Portas » ISEP: Uma Marca Além-Fronteiras

06 EVENTOS » SIES 2013 – 8º Simpósio Internacional de Sistemas Embebidos Industriais » Os Novos Desafios do Cálculo Automático na Engenharia de Estruturas

» XV.EEG: Geoengenharia – Um Olhar Sobre o Futuro » Conferência sobre Remuneração de Parcerias Público-Privadas » Simpósio de Metrologia 2013

10 À CONVERSA COM... » TERESA ESPASSANDIM – ISEP|GO – Gabinete de Orientação do ISEP

06 EVENTOS

14 DE FORA CÁ DENTRO » ESPINHEIRA QUELHAS – SRU – Sociedade de Reabilitação Urbana

16 DESTAQUE » QUE FUTURO PARA O PORTO?

18 INVESTIGAÇÃO À LUPA » Novo Centro de Investigação de Metrologia (ISEP, HSJ, IEP e CATIM)

20 DEPOIS DO ISEP » DANIEL CASTANHEIRA – Empreendedor ISEP

12 À CONVERSA COM

22 A NOSSA TECNOLOGIA » GILT Apoia a Internacionalização das Empresas Portuguesas

24 BREVES » ISEP participa na Semana da Reabilitação Urbana » Rede Nicole dá as Boas-Vindas ao ISEP » ISEP ajuda a Marinha a testar Soluções Robóticas » Protocolo de Cooperação ISEP – Audatex Portugal » Museu do ISEP está mais Inclusivo » Boas Práticas na Integração de Novos Alunos » V Feira de Emprego e Empreendedorismo

16 DESTAQUE

» Seminários ISEP Sustentável » Fórum do Mar » Operations Research in Healthcare: a Survey » XIV Grande Noite do Fado Académico » Queres saber o que significa Estudar no ISEP? » Stone Cladding Engineering » Empreendedores ISEP: Miguel Gomes Rocha

27 PROVAS DE DOUTORAMENTO

20 INVESTIGAÇÃO À LUPA


EDITORIAL

EDITORIAL Num panorama nacional que se ressentiu das dificuldades das famílias e da redução das verbas do Orçamento de Estado que desde 2008 se tem vindo a acentuar, os acessos no Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) encontram-se ao nível das melhores instituições de ensino do país, o que é representativo da notoriedade que esta escola de engenharia possui. Com raras exceções, todas as licenciaturas ficaram equilibradas no seu preenchimento. Mas as estatísticas são preocupantes: os dados da Direção-Geral do Ensino Superior (DGES) mostram que o número total de candidatos às universidades e politécnicos passou de quase 60.000, em 2009, para 53.000 em 2012. As engenharias encontram-se entre as áreas que, a nível nacional, mais vagas deixaram por preencher, o que obriga a um reforço por parte de governantes, de professores, de educadores, da mensagem da sua importância para o desenvolvimento do país e para a formação de um grupo profissional qualificado, que de uma forma geral, tem altas taxas de empregabilidade. Sob pena de se colocar em causa o futuro e a viabilidade do país. Portugal precisa, particularmente no momento que atravessa, de tecnologia para aumentar as exportações, nomeadamente de alto valor acrescentado. Os novos alunos que agora integram a comunidade do ISEP têm uma responsabilidade acrescida. Terão que estar preparados para responder, dentro de poucos anos e em plena recuperação económica, a um país a precisar de profissionais qualificados e à altura de novos desafios. Mais do que formar engenheiros, o ISEP forma cidadãos. Ao longo das páginas deste Boletim é notória a importância que a instituição dá à formação cívica dos seus alunos através das várias iniciativas que promove. Fomos palco de um alargado debate sobre o Porto. “Que futuro para o Porto” trouxe ao ISEP os principais candidatos à Câmara Municipal do Porto e acolhemos, nessa condição, o atual Presidente da Câmara Municipal da cidade, Rui Moreira. A nossa investigação continua a distinguir-se e a responder às questões prementes da sociedade. Falamos, nesta edição, do Centro de Instrumentação e Metrologia na Saúde (CIMS), que junta o ISEP, o Centro de Apoio Tecnológico à Indústria Metalomecânica (CATIM), o Instituto Eletrotécnico Português (IEP) e o Centro Hospitalar de S. João (CHSJ) numa parceria que permitirá reagir à crescente importância da metrologia, também na área da saúde. Um dos mais inovadores e distintos projetos de regeneração urbana tem a marca ISEP. Rui Espinheira Quelhas, um dos primeiros engenheiros formado na casa é administrador executivo da Porto Vivo – Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU), e mantém, até hoje, uma ligação à instituição, contribuindo para a formação de homens e de profissionais. De destacar, a conversa com Teresa Espassandim, psicóloga desde 2002 e responsável pelo Gabinete de Orientação do ISEP, rosto de um projeto bem-sucedido, que tem como objetivo dar suporte aos estudantes, desde a primeira hora, ao nível do projeto pessoal e profissional de vida, passando pelo percurso académico, até à entrada no mercado laboral.

ISEP.BI 18 _ FICHA TÉCNICA PROPRIEDADE ISEP – Instituto Superior de Engenharia do Porto DIREÇÃO João Manuel Simões Rocha EDIÇÃO ISEP|DCC – Divisão de Cooperação e Comunicação REDAÇÃO Alexandra Trincão, Flávio Ramos & Mediana DESIGN ISEP – DCC – GDM.2013 IMPRESSÃO Ancestra, Indústria Gráfica, Lda. TIRAGEM 1.250 exemplares DEPÓSITO LEGAL 258405/07 CONTACTOS ISEP|DCC – Divisão de Cooperação e Comunicação » Rua Dr. António Bernardino de Almeida, nº 431 | 4200-072 Porto – Tel.: 228 340 500 » Fax.: 228 321 159 » e-mail gci@isep.ipp.pt

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A RETER

NOVOS MESTRADOS COM MARCA DE QUALIDADE OE+EUR-ACE

PROJETOS DO EPS@ISEP APRESENTADOS NOS EUA

Depois do mestrado em Engenharia Informática ter recebido a marca de qualidade europeia EUR-ACE em 2012, a Ordem dos Engenheiros (OE) reconheceu este ano a excelência dos mestrados de Engenharia Eletrotécnica – Sistemas Elétricos de Energia, Engenharia Química e Engenharia Eletrotécnica e de Computadores . O EUR-ACE compreende um Quadro de Qualificações Setorial e um Quadro de Padrões de Avaliação de Qualidade desenvolvido por 14 instituições profissionais e académicas europeias, incluindo a Ordem dos Engenheiros. No seu seguimento, a OE desenvolveu e implementou o Sistema de Avaliação de Qualidade de Cursos de Engenharia EUR-ACE, destinado às escolas de engenharia portuguesas. De acordo com a Ordem, o potencial desta marca diferenciadora é «claro e imenso», já que serve de «estímulo e referência para o desenvolvimento de sistemas de garantia de qualidade internos nas instituições»; reconhece a qualidade e gera confiança (trazendo valor acrescentado à cooperação transnacional); e apoia positivamente a internacionalização dos diplomados, já que atesta a «capacidade competitiva dos jovens engenheiros portugueses no quadro do mercado de trabalho Europeu». A marca EUR-ACE representa para a Ordem dos Engenheiros «uma visão de futuro de qualidade com critérios Europeus»1.

Os estudantes Marcos Moura e Ádám Jenei representaram o ISEP na 2013 CDIO Academy, que decorreu em junho, no campus do MIT – Massachusetts Institute of Technology, em Cambridge, EUA. A presença serviu para divulgar dois projetos desenvolvidos ao abrigo do European Project Semester. O ISEP é uma das 12 escolas europeias que promovem o European

Project Semester (EPS@ISEP). Já na sua terceira edição, o EPS@ISEP é uma formação especialmente vocacionada para apoiar a formação de engenheiros interessados em prosseguir carreiras internacionais. Este curso semestral, lecionado em inglês, reúne equipas multiculturais e com diferentes áreas de especialização, desafiando-os a desenvolverem projetos de engenharia que resolvam problemas reais. Na sua primeira edição, em 2011, o EPS@ISEP permitiu desenvolver

O sistema OE+EUR-ACE comprova que um curso garante resultados de aprendizagem em linha com o quadro de qualificações europeu e os padrões EUR-ACE. Deste modo, atesta que uma formação incide no desenvolvimento de competências para a resolução de problemas técnicos, realização de projetos e desenvolvimento de atividades de investigação, considerando dimensões de comunicação, liderança e princípios éticos.

soluções de apoio à gestão do centro de dados do ISEP. Em 2012, o sucesso da iniciativa cresceu. Na segunda edição, o curso teve mais estudantes, mais nacionalidades e mais projetos, tendo submetido quatro desses projetos para apresentação na conferência da Academia CDIO. Marcos Moura e Ádám Jenei, estudante de origem húngara que veio para o Porto para frequentar o EPS@ISEP, foram os promotores de dois dos projetos no MIT.

A Ordem destaca que um curso EUR-ACE se demarca pela metodologia centrada no aluno; por uma globalidade de atividades académicas orientadas para a prática profissional e estimuladoras da aprendizagem ao longo da vida; e pelo desenvolvimento das capacidades de análise crítica e resolução de problemas. Com este resultado, a qualidade da formação ISEP é novamente reconhecida a nível nacional e internacional. O Instituto Superior de Engenharia do Porto é uma das seis instituições nacionais de ensino superior com cursos acreditados pela EUR-ACE, em linha com as universidades do Porto, Técnica de Lisboa, de Aveiro, da Beira Interior e de Trás-os-Montes e Alto Douro. Até ao final de 2013 terão sido submetidas mais de dez candidaturas de cursos do ISEP à OE, aguardando-se para breve a decisão relativa à licenciatura em Engenharia Informática – que representaria a primeira licenciatura com a marca EUR-ACE em Portugal.

«Foi uma experiência espetacular», destacou Marcos Moura, que apresentou um sistema autónomo de monitorização em tempo-real dos níveis de óleo em contentores. Esta tecnologia é capaz de comunicar quando deve ser feita a recolha dos óleos usados, oferecendo uma resposta mais eficiente, económica e amiga do ambiente. Atualmente, Marcos Moura encontra-se a frequentar o mestrado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores no ISEP. O segundo projeto foi apresentado por Ádám Jenei e consiste num sistema de descontaminação de águas usadas para o cultivo de microalgas em ambiente artificial. A resposta desenvolvida permite que a água seja reutilizável para o mesmo fim (apoiando, por exemplo, os projetos que o ISEP está a desenvolver para produção de biocombustíveis a partir de microalgas). Benedita Malheira, coordenadora do EPS@ISEP, destacou a importância de o ISEP se ter feito representar por estudantes em Massachusetts. São eles «os atores principais» destes projetos, referiu. Ainda de acordo com a docente, os resultados da edição desta prima-

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Sistema de Qualidade da Ordem dos Engenheiros – OE EUR-ACE +

vera do EPS@ISEP deverão ser apresentados na próxima conferência da Academia CDIO ou num outro fórum de relevo.


A RETER

MATEMÁTICA FORA DE PORTAS

ISEP: UMA MARCA ALÉM-FRONTEIRAS O Instituto Superior de Engenharia do Porto assume a internacionalização como um eixo estratégico de atuação. Em 2012-2013, o ISEP acolheu mais de uma centena de estudantes estrangeiros, oriundos de 24 países e cinco continentes. Para eles e muitos mais, somos a escola de engenharia de eleição. A realidade atual torna indispensável que a missão de uma instituição académica se cumpra num quadro de referência internacional. É neste sentido que a internacionalização do ISEP tem investido na afirmação e partilha de boas práticas (Prémio Greenlight da Comissão Europeia e consórcio CDIO); na investigação (onde colaboramos com algumas das principais redes mundiais de conhecimento); e no ensino (com destaque para a crescente atratividade do ISEP na captação de estudantes estrangeiros, na certificação EUR-ACE ou no lançamento de programas como o EPS@ISEP).

A Avenida dos Aliados e a Rotunda da Boavista transformaram-se em salas-de-aula na primavera. Ao longo de dois meses, o ISEP dinamizou o projeto Matemática Fora de Portas para 800 alunos do 4º ao 11º ano de escolaridade. Esta iniciativa resultou de uma parceria com a Câmara Municipal do Porto e esteve enquadrada no programa Porto de Futuro. Matemática Fora de Portas incidiu no vetor de intervenção “Novos Modelos de Referência” para promover aulas de matemática em espaços não convencionais e especialmente pensadas para os públicos em questão. O objetivo era captar o gosto pela disciplina, demonstrando aplicações concretas da matemática no quotidiano. Concebidas em função do nível de ensino dos alunos, as aulas nos ex-

-libris portuenses incidiram em dois temas: organização e tratamento de dados (utilizando o tráfego automóvel da Avenida dos Aliados para abordar princípios do estudo da estatística); e a geometria no meio envolvente (aplicando estratégias matemáticas para analisar o edifício da Casa da Música e a sua envolvente). Esta aproximação entre a matemática ensinada numa sala de aula e a matemática aplicada à vida real procurou consolidar conceitos matemáticos através do uso de recursos e materiais do dia-a-dia. Os docentes envolvidos incentivaram a capacidade de raciocínio e de resolução de problemas para motivar os alunos a prosseguirem os estudos em áreas científicas e tecnológicas. Esta colaboração do ISEP com a Câmara Municipal do Porto pretendeu contribuir para transformar experiências de aprendizagem, alargando oportunidades e perspetivas dos jovens estudantes. Em paralelo, possibilitou uma experiência de aprendizagem num contexto diferente, quer em termos da envolvência (demonstrando que fora da escola também se aprendem os conteúdos escolares), quer ao nível do corpo docente e metodologias. A máxima desta iniciativa era demonstrar que é possível aprender pelo prazer de aprender. «Quanto mais cedo conseguirmos incutir nos jovens estudantes o gosto pela matemática, mais hipóteses teremos de sucesso», indicou o presidente do ISEP, João Rocha.

No ano letivo que terminou, o ISEP recebeu 100 estudantes em mobilidade internacional, através do programa Erasmus e de protocolos de cooperação luso-brasileiros, aos quais se juntaram outra centena de estudantes estrangeiros que optaram pelo ISEP. Entre as 11 licenciaturas e 11 mestrados, o ISEP é a segunda-casa para promissores jovens europeus, asiáticos, africanos, norte-americanos e sul-americanos. Ao receber alunos de Espanha, Irlanda, Reino Unido, Alemanha, Itália, Polónia, Roménia, o ISEP promove o espírito de Europa enquanto casa comum. A sua área de influência estende-se a estudantes e investigadores dos BRIC, designadamente brasileiros, indianos e chineses. A aproximação à comunidade lusófona é feita através da formação de engenheiros oriundos de Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Brasil e Timor-Leste. O ISEP também é a casa de estudantes provenientes de importantes comunidades portuguesas, recebendo estudantes de França, EUA, Venezuela e África do Sul. Os laços ibero-americanos são reforçados pelos estudantes brasileiros, bolivianos, equatorianos, venezuelanos e espanhóis que escolhem o ISEP para a realização da sua formação superior. Cabo Verde destaca-se como o país com mais representantes. Mas o ISEP chega ainda a muitos outros, através da dinamização da sua Semana Internacional, da participação em programas intensivos, na promoção de visitas de estudo técnicas. A todos, divulgamos a qualidade do ensino superior público português, o potencial inovador da engenharia nacional e as riquezas singulares de Portugal. Incutimos a simpatia e o espírito industrioso e criativo do Porto. PAÍSES DE ORIGEM DE ESTUDANTES ISEP Portugal | África do Sul | Alemanha | Angola | Bélgica | Bolívia | Brasil | Cabo Verde | R. P. China | Equador | Espanha | Estados Unidos da América | Finlândia | França | Irlanda | Itália | Moçambique | Polónia | Reino Unido | Roménia | São Tomé e Príncipe | Timor-Leste | Turquia | Ucrânia | Venezuela Descubra algumas opiniões sobre o ISEP, o Porto e Portugal em: www.facebook.com/engenhariaISEP/app_201742856511228

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EVENTOS

SIES 2013 8º SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE SISTEMAS EMBEBIDOS INDUSTRIAIS O Centro de Investigação em Sistemas Embebidos e de Tempo Real (CIS-

esses três dias, os 75 participantes desfrutaram de um ambiente propício

TER) coorganizou o 8º Simpósio Internacional de Sistemas Embebidos In-

à partilha de conhecimento e ao lançamento de parcerias para o futuro.

dustriais (SIES 2013: 8th IEEE International Symposium on Industrial Embedded Systems – www.cister.isep.ipp.pt/sies2013), entre 19 e 21 de junho.

Além dos artigos científicos, o programa contou com três oradores convidados: Rolf Ernst, da Universidade Técnica de Braunschweig, Alema-

O SIES é um evento de uma das maiores associações internacionais de

nha, com uma palestra sobre sistemas e comunicações nos automóveis

profissionais na área da tecnologia, o Institute of Electrical and Electro-

modernos; Michael Paulitsch, da empresa alemã EADS, com uma pales-

nics Engineers (IEEE), e tem-se assumido como uma das principais refe-

tra sobre as plataformas computacionais na área aeroespacial; Chenyang

rências na área dos sistemas embebidos a nível global.

Lu, da Universidade de Washington, em St. Louis, EUA, com uma palestra sobre as redes sem fios de controlo para sistemas ciberfísicos.

A organização local do evento permitiu trazer ao ISEP investigadores de topo que, durante três dias, debateram os avanços mais recentes e os

Em paralelo com o SIES, foi também organizado o 1º workshop indus-

desafios futuros que se colocam aos sistemas computacionais embebi-

trial CISTER (www.cister.isep.ipp.pt/ciwork2013), com o objetivo de

dos – área onde o CISTER se tem destacado a nível nacional e interna-

juntar investigadores e representantes da indústria (com foco nacio-

cional desde há mais de uma década.

nal) na área dos sistemas computacionais embebidos, para partilharem avanços e desenvolvimentos, bem como potenciais aplicações práticas

Além da organização local, vários investigadores do CISTER desempe-

industriais de sistemas embebidos de tempo real.

nharam papéis de realce no simpósio, nomeadamente a cocoordenação global do evento e as responsabilidades sobre a componente finan-

Nesta 1ª edição, que contou com 32 participantes, as seguintes empre-

ceira e sobre a publicação das atas (publicadas pela IEEE).

sas apresentaram a sua perspetiva sobre sistemas embebidos e os desafios e oportunidades com que se deparam: Tomorrow Options, Micro

Ao longo dos três dias de conferência, foram apresentados 26 artigos

I/O, Critical Software, Edisoft, Critical Materials, ISA, Evoleo and Aavanz.

científicos com os mais recentes avanços nas áreas de otimização, plataformas multiprocessador, escalonamento, requisitos, testes, erros, com-

Dado o sucesso desta 1ª edição, prevê-se a sua realização anual como

plexidade, análise temporal e plataformas de sensores sem fios. Durante

plataforma de aproximação entre a indústria e academia.

CONFERÊNCIA SOBRE REMUNERAÇÃO DE PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS O Laboratório de Engenharia Matemática (LEMA) dinamizou a “Confe-

mentos do Estado às concessionárias são más e os resultados impre-

rência sobre Remuneração de Parcerias Público-Privadas”, no dia 24 de

visíveis». O investigador do LEMA expressou mesmo que, «qualquer

maio. Coorganizada pelo LEMA com a Associação Cívica Transparência

aluno do primeiro ano do ISEP faria melhor».

e Integridade (TIAC), esta primeira conferência enquadra-se no cumprimento da responsabilidade social do ISEP, constituindo mais um passo

Para além das palestras submetidas por investigadores do ISEP, o pro-

na colaboração estabelecida estre estas duas instituições, com o obje-

grama da Conferência incluiu apresentações de peritos convidados,

tivo de contribuir para a transparência da Administração Pública e uma

destacando-se as participações de Avelino de Jesus, docente no Insti-

discussão esclarecida dos seus atos. Este evento serviu também para

tuto Superior de Economia e Gestão e antigo membro da Comissão de

apresentar publicamente um estudo conjunto do LEMA sobre o tema.

Reavaliação das PPP, Mariana Abrantes de Sousa, economista e consultora financeira internacional especializada em PPP, e Carlos Enes, jorna-

«Tratando-se de um tema de enorme complexidade, pretendeu-se

lista da TVI e autor de diversas reportagens de investigação sobre PPP.

criar um fórum de análise e de discussão, permitindo aprofundar, confrontar e divulgar trabalhos recentes sobre Parcerias Público-Privadas,

Tratando-se de um fórum de discussão, foram incluídos no programa

os seus cadernos de encargos, os concursos, os contratos, as revisões

da conferência diversos espaços de debate e análise das comunicações

de contratos, as suas execuções, as taxas de rentabilidade interna, a

apresentadas, de que resultaram intensas trocas de ideias entre investi-

análise de risco e os acordos de reequilíbrio financeiro», como se lê da

gadores e estudantes de mestrado e de doutoramento presentes.

página da conferência www.isep.ipp.pt/rppp. Além do ISEP e TIAC, este evento contou com colaborações do Centro O estudo apresentado este ano pelo LEMA e TIAC aponta para um re-

de Matemática da Universidade do Porto, do Centro de Matemática da

sultado prejudicial ao interesse público, no caso das PPP analisadas. De

Universidade do Minho, do Centro de Estatística e Aplicações da Uni-

acordo com José Matos, «as fórmulas utilizadas para calcular os paga-

versidade de Lisboa e da Universidade Lusófona do Porto.


EVENTOS

SEMINÁRIO TéCNICO OS NOVOS DESAFIOS DO CÁLCULO AUTOMÁTICO NA ENGENHARIA DE ESTRUTURAS O ISEP, através do Departamento de Engenharia Civil (DEC), tem apostado numa criteriosa divulgação e contextualização de ferramentas de cálculo automático de estruturas, em colaboração com parceiros externos. Para potenciar um conhecimento consolidado das suas reais capacidades e limitações nas diversas áreas de aplicação, o DEC promoveu o seminário técnico “Os Novos Desafios do Cálculo Automático na Engenharia de Estruturas”, no dia 29 de maio. Este evento dirigido a profissionais e estudantes de engenharia incidiu nas mais recentes aplicações de programas de cálculo automático para análise e dimensionamento de estruturas. O evento contou com, aproximadamente, 280 participantes, que assistiram a um conjunto de apresentações de oradores ligados a instituições académicas e empresariais de reconhecido mérito. No caso das empresas e gabinetes de projeto, estiveram representadas nomes como a GEG, Vesam, SE2P, Bysteel, Martifer, EDP-Produção, Carmo e AFA. As universidades do Porto, Minho e Beira Interior foram as instituições académicas convidadas. No total foram realizadas onze apresentações, que cobriram vários subdomínios relacionados com as estruturas metálicas, estruturas especiais hidráulicas e ferroviárias, estruturas de madeira e metodologias BIM. As apresentações incluíram os temas “Conceção e dimensionamento de estruturas metálicas num edifício singular”; “Aplicação da integração total ao projeto, detalhe e produção de enformados a frio”; “Influência da situação de incêndio na conceção e análise de estruturas metálicas”; “Interligação de diferentes modelos de cálculo e faseamentos construtivos”; “Modelação numérica de faseamentos construtivos complexos – caso prático da Scotland National Arena”; “Análise estrutural em aproveitamentos hidroelétricos”; “Possibilidades e desafios do cálculo dinâmico de estruturas ferroviárias”; “Avaliação do comportamento estrutural de pontes metálicas antigas: os casos da ponte do Pinhão e da ponte Luiz I”; “Análise estrutural de estruturas de madeira”; “Modelação e cálculo de estruturas inseridas em projetos integrados desenvolvidos pela AFAConsult”; “Aplicação em metodologias BIM em projeto de estruturas: possibilidades e desafios”. No futuro, a organização pretende potenciar novas colaborações, em particular na organização de eventos técnicos e outras ações de disseminação do conhecimento, no apoio à formação e consultorias especializadas, e ainda em colaborações em trabalhos académicos a serem desenvolvidos por alunos da licenciatura e mestrado do ISEP. “Os Novos Desafios do Cálculo Automático na Engenharia de Estruturas” (www.isep.ipp.pt/cae2013) foi organizado em parceria com a Autodesk e teve o apoio das empresas Datech, CPCis, Lusocuanza, Soft Tools/Siscad e Jans Informática.

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EVENTOS

XV EEG

GEOENGENHARIA: UM OLHAR SOBRE O FUTURO A geotecnia, geoengenharia e geoambiente são áreas em que o ISEP se tem destacado ao nível da formação, investigação e prestação de serviços. Esta ciência que incide na exploração sustentável de matérias-primas, obras públicas, preservação do meio ambiente, património e recursos naturais é lecionada no ISEP num “curso de elite”. A licenciatura e o mestrado foram as primeiras ofertas formativas do seu género em Portugal, beneficiam de um protocolo de dupla titulação com a Universidade Politécnica de Madrid e abrem várias oportunidades de internacionalização. Cumprindo com o forte espírito de equipa que é alimentado ao longo do curso, o Departamento de Engenharia Geotécnica (DEG) procura fomentar um contacto continuado entre alunos, antigos alunos e profissionais do setor, promovendo bianualmente um Encontro de Engenheiros Geotécnicos. O XV Encontro de Engenheiros Geotécnicos (XV.EEG) foi uma iniciativa

«A exemplo de anos anteriores, e de modo proativo, reuniu o meio aca-

organizada pelos finalistas do curso de Engenharia Geotécnica e Geo-

démico, empresarial e representantes da sociedade civil, para promo-

ambiente no dia 25 de maio. A edição de 2013 esteve subordinada ao

ver a discussão sobre temas de maior atualidade relacionados com a

tema “Geoengenharia: Um Olhar Sobre o Futuro” e reuniu, no Centro

prospeção, exploração e beneficiação de recursos geológicos, as obras

de Congressos do ISEP, estudantes, investigadores, docentes, geopro-

públicas e a respetiva interface com o meio ambiente», acrescentou.

fissionais e empresários do setor extrativo e das obras públicas. A edição deste ano contou com cerca de 170 participantes, destacanContando com uma ampla participação de diversas gerações de en-

do-se a presença de vários palestrantes convidados de elevada repu-

genheiros geotécnicos, este momento de «agradável confraternização

tação no meio académico, académico-empresarial e empresarial, «que

visou promover uma troca de experiências profissionais, mas também

em muito contribuíram para que o referido evento tivesse sido mais

a identificação de oportunidades e de networking», referiu José Augus-

um marco, na senda da excelência das anteriores edições», destacou

to Fernandes, diretor do DEG.

o diretor do DEG.


EVENTOS

SIMPÓSIO DE METROLOGIA 2013 «Não há exportações sem metrologia. O crescimento do setor expor-

ainda a relevância da metrologia na saúde, com intervenções do Hos-

tador passa por um investimento em competências e profissionais de

pital de São João (HSJ), e contou ainda com participações especiais do

metrologia, capazes de assegurar o cumprimento de critérios de quali-

Instituto Português da Qualidade e do Exército Espanhol.

dade e padronização internacionais». Foi este o mote que inaugurou o “Simpósio de Metrologia 2013”, promovido pelo ISEP no dia 15 de maio.

Estiveram presentes no simpósio perto de duas centenas de profissionais nacionais e estrangeiros ligados à metrologia, que aproveitaram

Coorganizado pelo ISEP, através do Departamento de Física (DFI), jun-

também para visitar a exposição de soluções empresariais montada no

tamente com o Instituto Eletrotécnico Português (IEP) e o Centro de

Centro de Congressos do ISEP.

Apoio Tecnológico à Indústria Metalomecânica (CATIM), o “Simpósio de Metrologia 2013” pretendeu assinalar o Dia Internacional da Metro-

Esta iniciativa, para além de ser uma oportunidade para enriquecer o

logia e realçar a importância desta ciência no quotidiano.

debate sobre os desafios da medição, serviu ainda para apresentar o novo grupo de investigação do ISEP, o Centro de Instrumentação e

A metrologia assume-se uma ciência transversal a todas as atividades

Metrologia na Saúde (CIMS), que reforça os laços entre o ISEP, o HSJ,

económicas, desde o comércio à saúde, sendo ainda a responsável

CATIM e IEP.

pela garantia de rigor nos processos produtivos contribuindo de forma decisiva para qualidade dos produtos que nos rodeiam.

«Com o sucesso alcançado fica a promessa de este simpósio se tornar um evento anual e de referência na área», projetou António Silveira,

O simpósio começou por realçar a importância destas iniciativas numa

diretor da licenciatura em Engenharia de Instrumentação e Metrologia.

área de atividade vital para a inovação e o desenvolvimento económico. Os temas abordados ao longo do dia focaram áreas associadas

O ISEP leciona a licenciatura e mestrado em Engenharia de Instrumen-

à gestão de equipamentos de monitorização e medição na indústria,

tação e Metrologia, que importam boas práticas do norte da Europa e

com a participação de especialistas da Continental Mabor, Bial, Centro

constituem ofertas formativas ímpares no contexto nacional com ele-

Tecnológico Têxtil e Vestuário (CITEVE) e Unicer. O Simpósio destacou

vados índices de empregabilidade.

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À CONVERSA COM...

“ORIENTAçãO PARA A CARREIRA E dESENVOlVIMENTO VOCACIONAl OPERA-SE AO lONGO dA VIdA” TERESA ESPASSANDIM, RESPONSÁVEL PELO ISEP|GO, O GABINETE DE ORIENTAÇÃO DO ISEP ISEP.BI Os números dizem-nos que o desemprego jovem ultrapassa Teresa Espassandim é psicóloga e exerce no ISEP desde janeiro

os 40 por cento. Os diplomados são mais de 13 por cento. Embora a

de 2002 como responsável pelo Gabinete de Orientação do

engenharia seja uma área que, por norma, escapa a estas estatísticas,

ISEP – o ISEP|GO. Formou-se em Psicologia na Universidade do

como é que consegue preparar e motivar os estudantes para o mer-

Porto; é psicoterapeuta; especializada em Psiquiatria e Saúde

cado de trabalho?

Mental pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto

Teresa Espassandim (T.E.) São, de facto, números com um impacto

e tem uma pós-graduação em Juventude: Novos Contextos

tremendo para os jovens e para qualquer pessoa que está a planear

e Intervenções pela Universidade do Porto. É formadora cer-

entrar no ensino superior. Muitos ponderarão que diferença fará o en-

tificada pelo IEFP; membro da direção da RESAPES-AP (Rede

sino superior para o seu sucesso profissional... Claro que as engenha-

de Serviços de Apoio Psicológico no Ensino Superior) e da As-

rias e tecnologias acabam por ser um nicho dentro destes números

sembleia de Representantes da Ordem dos Psicólogos Portu-

avassaladores do nosso mercado, mas a empregabilidade dos nossos

gueses e conta com uma experiência de formação de mais de

diplomados atinge taxas na ordem dos 90 por cento e os estudantes,

3000 horas, na área das softskills.

quando vêm para o ISEP, já têm conhecimento dessa realidade. Já sabem que, investindo nesta formação, têm maior probabilidade de ace-


À CONVERSA COM...

der ao mercado de trabalho e perspetivas de uma carreira profissional

exterior) e as atividades extracurriculares (associativas, desportivas, de

atrativa. Ainda assim, haverá diferenças de área para área dentro da en-

voluntariado...). Os estudantes, quando têm dificuldade em organizar o

genharia e, por isso, o trabalho de motivação constante passa por gerar

seu curriculum vitae, acabam por descobrir nesse processo que muitas

alternativas ao discurso atual da nossa sociedade, ampliando o ques-

das experiências que tiveram no seu percurso académico e de vida, fo-

tionamento sobre o que valerá a pena ou não, não apenas para o cres-

ram promotoras de desenvolvimento, criaram valor e que os diferencia.

cimento do país, mas sobretudo para o projeto individual, assente nos interesses, valores e aptidões de cada um. Claro que a ideia da “teoria

ISEP.BI E conseguem fazer passar essa mensagem, desde o início do

da utilidade” de uma formação superior face aos níveis de desemprego

percurso académico de um estudante?

está enraizada em alguns setores e, apesar da maior empregabilidade

T.E. Para essa mensagem passar, de forma mais personalizada, temos

dos engenheiros, esse discurso persiste.

também os atendimentos individuais de orientação profissional que são momentos de coaching psicológico que fazemos ao longo do ano

ISEP.BI O que é feito nessa área?

e em qualquer etapa do percurso académico do estudante. Por exem-

T.E. Ao nível da motivação, passa por um discurso positivo – otimis-

plo: para aqueles que estão a candidatar-se a programas de mobilidade

ta, mas real –, de que os estudantes podem agir para preparar esse

internacional e precisam de elaborar um curriculum vitae nesse con-

seu futuro profissional. É aqui que decorre a nossa ação: no sentido

texto; para os que se candidatam a cursos de mestrado e se confron-

preventivo ao proporcionar contextos intencionais de facilitação do

tam com a necessidade de realizar novas escolhas vocacionais; para

desenvolvimento pessoal, de experimentação de diferentes papéis, de

os estudantes inscritos nas unidades curriculares de projeto /estágio e

“ensaio” da vida real, de (re)construção de projetos de vida para que,

que terão contacto com empresas. Para este último caso, temos uma

no final do seu ciclo de formação, se sintam competitivos e seguros de

proximidade com os departamentos de engenharia informática e de

todas as suas aptidões. O ISEP cumpre um papel preponderante, nesse

engenharia eletrotécnica, que investem bastante nesta etapa de es-

desenvolvimento humano.

tágio. Antes dos estudantes irem estagiar para as empresas, fazemos uma formação específica com eles, orientada para a simulação de en-

ISEP.BI Desde o primeiro ano?

trevistas profissionais, para a realização de uma análise SWOT pessoal e

T.E. Apostamos na lógica de desenvolvimento pessoal e social, para

para a perspetivação do estágio como oportunidade de exploração vo-

que em qualquer momento do percurso do estudante, desde o primei-

cacional e de crescimento profissional. Depois disso, apoiamos quem

ro ano, seja disponibilizado um programa de formação diversificado

está a preparar a sua integração profissional em engenharia. Os aten-

centrado no desenvolvimento e no treino de competências transver-

dimentos de orientação profissional podem ser mais focados na ajuda

sais – as softskills. Temos uma oferta que versa a liderança e o trabalho

à elaboração de um curriculum vitae personalizado para uma empresa

em equipa, a negociação e gestão de conflitos, a inteligência emocio-

específica, ou podem ser momentos de apoio à tomada de decisão,

nal, a gestão do tempo entre outros. Estamos agora a preparar dois

que inclui, eventualmente, orientação vocacional, para o direciona-

novos cursos de formação: um em assertividade e gestão das relações

mento de trajetórias profissionais e pessoais. A orientação e gestão da

profissionais e outro em competências interculturais para a mobilida-

carreira funcionará ao longo da vida, pois num mundo marcado por

de profissional. Com isto, acreditamos genuinamente que, ao fornecer

mudanças tecnológicas e por ritmos de produção de conhecimento acelerado as escolhas tendem a ser muito pouco definitivas...

“ ... A EMPREGAbILIDADE DOS NOSSOS DIPLOMADOS ATINGE TAxAS NA ORDEM DOS 90 POR cENTO...” estes espaços de experimentação em grupo, complementares ao plano curricular, promovemos o enriquecimento pessoal e a aquisição de fatores diferenciadores com mais-valias diretas. Apostamos muito no desenvolvimento da identidade profissional e na construção de portefólios de competências antes da etapa da transição para o mercado de trabalho. Depois, temos ações específicas, para estes momentos de transição. São ações inteiramente adequadas a estudantes finalistas, recém-mestres ou recém-licenciados. Em contexto de formação e de grupo, facilita-se o desenvolvimento do marketing pessoal, promove-se o balanço de competências e a reflexão crítica e dotam-se os estudantes de instrumentos de procura ativa de emprego bem como a sua preparação para processos de recrutamento e seleção, que acabam por ser modalidades de apoio mais instrumentais, capazes de os preparar com sucesso para entrarem no mercado de trabalho. ISEP.BI Tornam-se competitivos logo à partida. T.E. Acreditamos nisso e passamos essa mensagem, expressando-se em algumas recomendações que fazemos: as experiências profissionais durante o período académico, o investimento em formação complementar, os idiomas, as experiências de mobilidade internacional (muitos desconhecem que podem fazer a sua tese de mestrado no

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À CONVERSA COM...

ISEP.BI E como dão a conhecer aos estudantes estas ferramentas, que

eficazes para o seu marketing pessoal, reveladores da sua produtivida-

não são obrigatórias?

de. Depois, ao longo do tempo, fomos reforçando a oferta formativa

T.E. O calendário académico é cíclico pelo que em cada ano a divulga-

do serviço, sempre com o espírito de “porta aberta”, encorajador de

ção destes recursos e modalidades de ajuda impõe-se. Estando atentos

encontros face-a-face, não obstante a facilitação da comunicação ele-

aos momentos em que os estudantes se encontram e antecipando ne-

trónica para as questões mais pontuais. Não queremos que isto seja

cessidades que daí decorrem, o correio eletrónico, o envolvimento do

sentido como um serviço “formatador” dos estudantes, mas antes que

corpo docente e as próprias atividades para eles dirigidas sensibilizam

este lhes permita dar respostas personalizadas, não tipificadas. Temos

a comunidade discente, tornando-se parte da cultura institucional.

um feedback muito positivo e os números de adesão às diferentes atividades do ISEP|GO também resultam da tomada de consciência dos

ISEP.BI E atividades ‘fora de portas’ e outros contactos com os estu-

estudantes de que é preciso uma atitude mais proativa.

dantes? T.E. Vamos para a 12.ª edição do ‘Examina o Teu CV’, que é uma ativi-

ISEP.BI Conjuntura, Bolonha. Alguma vez sentiram que teriam de

dade que fazemos no exterior do gabinete. O ISEP|GO vai ao encontro

adaptar as formações?

dos estudantes para num contexto informal onde estes se encontram,

T.E. Apesar de haver já uma longa tradição no ISEP e no politécnico

tenham mais uma modalidade de ajuda. Adicionalmente, gerimos a

em geral de disponibilizar formações muito orientadas para o desen-

bolsa de emprego ISEP, um interface online que junta diplomados e

volvimento de competências profissionais ao fim de três anos e com

empregadores, facilitando a resolução das suas necessidades mais ime-

forte ligação ao tecido empresarial envolvente, Bolonha veio introduzir

diatas de empregabilidade. Temos também uma newsletter mensal

claramente mudanças ao nível do processo de ensino-aprendizagem.

eletrónica, onde abordamos temas que foram identificados pelos pró-

Responsabilizando mais o estudante pelo seu processo formativo mas

prios estudantes, com base num inquérito de necessidades/ interesses.

sublinhando o papel do ensino superior como contexto de aquisição

Desenvolvemos sempre assuntos que se enquadram na realidade aca-

de competências transversais, o ISEP|GO procurou desde sempre estar

démica e de trabalho do futuro profissional de engenharia. Na próxima

a par das necessidades e competências valorizadas pelo mercado de

edição, falaremos, por exemplo, em como o voluntariado pode ser con-

trabalho e oferecer cursos de formação que permitissem aos estudan-

texto de desenvolvimento de competências. Estamos constantemente

tes atualizar as suas aptidões. Com essa realidade, as situações intensi-

e consistentemente a passar a mensagem de que, quanto mais rico

ficaram-se, não se alteraram.

for o perfil dos estudantes, mais diferenciados eles se tornam face à saudável concorrência do mercado de trabalho.

ISEP.BI E quando falam com os estudantes, apresentam a emigração como uma opção?

ISEP.BI Quantos estudantes estão nas atividades de integração pro-

T.E. Essa ideia de obrigatoriedade, de falta de alternativa ao ‘têm de

fissional?

ir para fora’ não está no nosso discurso. As engenharias e as tecnolo-

T.E. Dez por cento dos estudantes do ISEP, em 2012, o que representa

gias, apesar de tudo, vivem um panorama diferente de outras áreas

cerca de 680 estudantes. Pelo que percebemos, em 2013 vamos supe-

profissionais, bem mais generoso em termos de oportunidades reais

rar esses números.

de trabalho. Ainda assim, as engenharias não são todas iguais. Veja-se, por exemplo, que futuros profissionais de engenharia informática

ISEP.BI Desde quando apostam nesta iniciativa??

não pensam tanto em sair, por conjuntura. Os que pensam fazem-no

T.E. O gabinete foi criado em setembro de 2001. Arrancou com as ati-

por querer experimentar uma realidade internacional, por desejo de

vidades de promoção de competências da empregabilidade e outras

contactar com outras culturas, por sentir um mundo maior, ou por von-

competências sociais, porque entendemos que era preciso saber apro-

tade em conhecer empresas de outra dimensão. Mas, se falarmos com

ximar o estudante do potencial empregador e dotá-lo de instrumentos

profissionais de engenharia civil, por exemplo, eles verificam que hoje


À CONVERSA COM...

há mais constrangimentos e pensam então em “abrir o compasso” na

sino superior e têm quase a certeza (se é que isso é possível) de que

procura de oportunidades. Mas, inevitavelmente, o desenvolvimento

vão entrar no ISEP, já nos procuram, para conhecer os cantos à casa e

profissional vai ser cada vez mais intercultural, mesmo dentro das nos-

as ferramentas que poderão ter. Não só os estudantes com algumas

sas fronteiras.

condicionantes de saúde, mas também alguns pais, que recorrem ao serviço para saberem que apoios existem e o que os filhos podem es-

ISEP.BI Quando criam formações, inspiram-se em modelos existentes,

perar do ISEP.

ou baseiam-se em algo que foi criado à medida do ISEP, que tem mais de 160 anos de história?

ISEP.BI Engenharias e tecnologias é sinal de emprego, na atual conjuntura.

T.E. As formações em competências transversais que construímos têm

T.E. Posso afirmar que essa mensagem passou muito bem para o públi-

por base o que a literatura e a investigação científica na área da in-

co em geral. E isso pode ser bom ou mau, na medida em que pode le-

tervenção psicológica no ensino superior demostram ser eficaz, o que

var os estudantes a fazer escolhas vocacionais que não são inteiramen-

a experiência e as boas práticas de outros serviços de apoio ao estu-

te as deles. Alguém que tem apetência para Física e para Matemática

dante revelam de mais útil. Mas há sempre a adaptação à realidade

e é curioso não vai ter dificuldades em Engenharia. Mas os estudantes

da engenharia e do ISEP, que pode passar pela estrutura, conteúdos e

também procuram o curso superior que lhes dê maiores garantias de

atividades das sessões, até ao horário das mesmas. Analisamos sempre

emprego. Tenho verificado isso, ou seja, as engenharias e tecnologias

o que tem resultado, o que falhou, retiramos conclusões sobre aspetos

enquanto nichos de empregabilidade podem atrair, não necessaria-

que deveriam ser desenvolvidos e temos em conta as sugestões apon-

mente aqueles que têm interesse e aptidão por estas ciências, mas jo-

tadas em edições anteriores, para além de que o trabalho em equipa

vens que, por outras razões, colocam em primeiro lugar o valor saídas

no ISEP|GO também gera estilos diferenciados que assim permitem ir

profissionais acima de qualquer outro. Depois, ao entrarem no curso de

ao encontro dos estudantes. Há um investimento constante na atuali-

ensino superior precisam de tempo para (re)confirmarem este projeto

zação das formações porque são sintonizadas também com a realidade

vocacional... Esta é uma grande questão, pois os estudantes entram

do mercado de trabalho.

no sistema de ensino, avançam de ano para ano, poucas escolas têm Serviços de Psicologia e Orientação (SPO) – e as que têm estão condi-

ISEP.BI E que ideias e planos têm para 2014?

cionadas a dar resposta a milhares de estudantes dos agrupamentos

T.E. Gostávamos muito de intensificar a nossa colaboração e contacto

escolares e, desta forma, ultrapassam-se momentos fundamentais para

com os estudantes que vão realizar as unidades curriculares de proje-

se explorar possíveis trajetórias profissionais e desconstruir alguns mi-

to/estágio dos diferentes cursos. É uma altura em que eles estão mais

tos. Para a maioria dos estudantes, o ensino superior enquanto contex-

disponíveis para trabalhar as competências de empregabilidade e de

to de maior liberdade e autonomia, possibilita-lhes oportunidades de

refletir sobre a temática da carreira e, por isso, é um momento de fa-

experimentação e confirmação das escolhas que fizeram.

larmos de desenvolvimento profissional. Tudo o que as instituições de ensino superior procuram é promover o sucesso académico e o desen-

ISEP.BI Daí a importância da orientação vocacional.

volvimento global da pessoa do estudante e se há etapa fundamental

T.E. É uma das modalidades de ajuda que temos. Constitui-se como

é a transição bem-sucedida e eficaz. E esse é o próximo desafio.

um fator de desenvolvimento humano e de redirecionamento de traje-

ISEP.BI São procurados por estudantes do secundário que pretendem

de vocações e de testes psicológicos. Este é um processo que se revela

entrar no ISEP?

em alguns casos como que em formato de “voos de borboleta” e não

T.E. Aqueles que estão muito convictos do que querem estudar no en-

tanto em autoestradas iluminadas de facilidade.

tórias académicas e profissionais e não a lógica ‘old school’ de escolha

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DE FORA CÁ DENTRO

ESPINHEIRA qUELHAS, ANTIGO ALUNO DO ISEP E ADMINISTRADOR DA PORTO VIVO ‒ SOCIEDADE DE REABILITAÇÃO URBANA

“é IMPORTANTE qUE O ENSINO SUPERIOR SE «CASE» CONNOSCO” As portas do ISEP abriram-se para Rui Espinheira Quelhas em 1978, ano

exercício das suas funções: “Estamos a dar novas ferramentas aos jo-

em que inicia o curso de Engenharia Civil. Termina a formação com

vens, que não vão poder trabalhar em construção nova... A menos que

apenas 19 anos de idade, tornando-se num dos mais jovens engenhei-

queiram ir para o Dubai”.

ros daquela instituição. Ao longo do seu percurso profissional, desempenhou diversos cargos, sempre com a engenharia como paixão e o

E a principal lição a reter desta frase é a mudança de paradigma, que o

ISEP como referência. E cerca de 35 anos depois, mantém uma forte

setor da construção enfrenta. “Nós não temos mercado para construir

ligação àquela instituição, não apenas pela vertente sentimental do

novo, exceto nos nichos de mercado. Em massa, a maior parte vai ser

ex-aluno, mas também como administrador executivo da Porto Vivo –

reabilitação. E se temos de mudar de paradigma, é nas escolas que o

Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU), projeto que estabeleceu uma

processo deve começar”, avisa Rui Espinheira Quelhas.

parceria com o ISEP. Os números demonstram que há, em Portugal, cada vez menos consRui Espinheira Quelhas é parte de uma autêntica união de facto – entre

trução de edifícios novos e cada vez mais prédios reabilitados. A taxa

reabilitação urbana e o ISEP – que deve estender-se no tempo e na forma,

média de reabilitação nacional está a crescer e já atinge os 25 por cento

porque as escolas devem estar sempre interligadas com projetos desta

de processos de licenciamento.

dimensão. Rui Espinheira Quelhas quer que a teoria seja permanentemente colocada no terreno, em nome da harmonia das cidades, que se

Quando o projeto Porto Vivo arrancou, em 2004, “existia apenas o con-

perdeu por culpa de erros do passado que agora se tentam corrigir.

ceito da manutenção, mas não havia o conceito de reabilitação”. Nos últimos anos, houve uma evolução notável e a realidade do Porto é de-

“É importante que o ensino superior se «case» connosco, porque nós

monstradora do que se aprendeu e praticou, em termos de urbanismo:

podemos ensinar, ao nível de mestrados, por exemplo, o outro lado

em 2011, 87% dos processos eram de reabilitação; no ano seguinte,

da reabilitação: o problema do licenciamento, que não se ensina nas

esse número cresceu para 91 pontos percentuais; e no ano em curso,

escolas, o problema relacionado com a alma do edifício, as questões

93% dos processos da cidade inteira.

jurídico-administrativas, que impedem que se corrijam erros. É preciso ter em conta que, quando o aluno termina um curso, tem apenas con-

Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, entre 2001 e 2011,

ceitos genéricos e só o trabalho no terreno fortalece essas ferramentas.

o Porto recuperou 5700 edifícios, o que contrasta, por exemplo, com

Por isso, é importante fornecer-lhes conhecimento que só no terreno

apenas 3800 em Lisboa. Esta diferença é expressiva. Apesar da maior

se adquire”, defende.

dimensão económica da capital, a cidade do Porto conseguiu reabilitar muito mais edifícios, naquela década.

A Porto Vivo transformou-se ela própria numa escola e Rui Espinheira Quelhas, através dos protocolos estabelecidos com o ISEP, cede aos

A engenharia e arquitetura são cada vez mais o motivo da visita de es-

estudantes este instrumento que os torna ainda mais capazes, para o

trangeiros: cerca de 90 por cento dos turistas viaja ao Porto para conhe-


DE FORA CÁ DENTRO

cer o património histórico. “Quando iniciámos este processo, tínhamos 1,1 milhões de turistas no Porto, agora estamos em 2,3 milhões. O Porto mais do que duplicou o turismo, por efeito do aeroporto do Porto, do rio Douro, mas também pela parte da reabilitação urbana”, assinala. E estes dados ajudam a compreender a importância dos projetos SRU. A reabilitação urbana assume-se como fundamental para as cidades, sendo que o Estado deve continuar a apoiar este projeto. “Quem acha que o Estado deve sair das SRU engana-se. O país com maior taxa de reabilitação da Europa é a Alemanha, em resultado da Segunda Guerra Mundial. E o estado alemão manteve-se nas SRU durante 14 anos. Em Portugal, o Estado está nas SRU há sete anos. E já vai sair? Seria o fim... Não acredito nessa tese. Nem os que a defendem acreditam”, salienta Rui Espinheira Quelhas. Cinco resoluções a favor do Porto Vivo foram apresentadas na Assembleia. Todas elas defendiam que o Estado deveria manter-se no projeto. A reabilitação faz-se da forma possível, não no modo ideal. Mas há princípios básicos que Rui Espinheira Quelhas defende. Um desses princípios passa pelo recrutamento nas escolas. “Eu não quero nada com gente da minha idade. Quero jovens projetistas, arquitetos e engenheiros. Eu tenho de pegar em pessoas que não estão formatadas para o betão, para o novo, porque isso é a nossa escola. Vamos mudar a agulha e é mais fácil fazê-lo com jovens, logo no início de carreira. Grandes arquitetos deram cabo da cidade. Não foram os miúdos...”.

“O PDM DO PORTO é úNIcO E LISbOA vAI cOPIá-LO”

O qUE é A SOcIEDADE DE REAbILITAçãO URbANA? A Porto Vivo – Sociedade de Reabilitação Urbana da Baixa Portuense é uma entidade de capitais públicos, que tem como finalidade a promoção da reabilitação urbana da área correspondente às freguesias da Sé, Miragaia, S. Nicolau, Vitória, Massarelos, Bonfim, Cedofeita e Santo Ildefonso. Foi constituída no dia de 27 de novembro de 2004, cabendo-lhe também orientar o processo, elaborar a estratégia de intervenção e atuar como mediador entre proprietários, investidores e arrendatários. Quando necessário, chama a si as operações de reabilitação, com os meios legais de que tem ao dispor. Cumpre a sua missão através da definição de unidades de intervenção, para as quais elabora um documento estratégico que traduz as opções de reabilitação e revitalização urbana da unidade em causa. A Porto Vivo é uma empresa de capitais públicos, do Estado e da Câmara Municipal do Porto.

“Quando se fala em reabilitação, há, necessariamente, que falar em demolição. Se não existem pessoas, mais vale demolir e fazer um jardim”, defende o administrador executivo da Porto Vivo, numa alusão aos PDM de última geração – que Portugal ainda não adotou.

O problema da reabilitação urbana é muito mais administrativo, que está relacionado com o proprietário, com o inquilino, com o direito, em prédios que têm dezenas de proprietários: “Os problemas difíceis de resolver estão ligados à propriedade, porque andamos 100 anos a fazer asneiras. A reabilitação deve ter leis do património e leis fiscais a acompanhá-las. Claro que não é fácil corrigir bloqueios sem criar outros

No entanto, Rui Espinheira Quelhas acredita que dentro de alguns anos essa realidade vai mudar: “Dentro de uma década, vamos avançar para os PDM de última geração em Portugal, que passarão por começar a definir áreas de demolição. A construção maciça deste país vai cair, porque é a pior construção que se fez”.

problemas sociais”, diz Espinheira Quelhas. A lei do património “continua a ser obsoleta”, porque “a propriedade continua a ser vista como um direito e não uma obrigação”. Depois, há questões constitucionais. “O verdadeiro problema são os proprietários, não os inquilinos. O segundo problema que tenho é a lei do património. Depois, temos o código das expropriações, de meados da década de 60...”, assinala. O Porto tem sido um exemplo de boas práticas. Os Censos 2001 diziam que na cidade Invicta havia, naquele ano, 18 mil edifícios em estado de ruína – o que não se verificava em Lisboa, onde existia uma dinâmica económica diferente. O Porto, como segunda cidade do país, tinha “um problema desastroso”. O Plano Diretor Municipal (PDM) era “centrífugo” e afastava as pessoas do centro para a periferia, o que, associado ao congelamento das rendas, obrigava à tomada de medidas. Em 2006, a cidade Invicta apresenta o primeiro plano concêntrico. “O PDM do Porto é único e Lisboa vai copiá-lo. É um PDM inteligente, ao contrário do passado, em que se pensava apenas no aumento da capacidade construtiva”, realça Rui Espinheira Quelhas. E Portugal vai caminhar no sentido dos Planos Diretores de última geração, como se verificam, por exemplo, em Oslo, onde só é permitida a construção de um prédio se não houver nenhum outro para reabilitar.

cURRÍcULO Rui Ferreira Espinheira Quelhas tem 54 anos e é formado em Engenharia Civil pelo ISEP. É administrador executivo da Sociedade de Reabilitação Urbana do Porto desde 2004. Foi diretor na Portugal Telecom (1991-1994) e delegado regional do norte do Instituto do Emprego e Formação Profissional (1994-1995). Faz também parte do Conselho Estratégico da Portugal Telecom, desde 2002, e foi chefe de gabinete do Presidente da Câmara do Porto, entre 2002 e 2004. Cumpriu três mandatos como membro do Conselho de Administração da agência para a modernização do Porto (APOR), entre 2003 e 2009. Esteve na comissão de constituição da Sociedade de Reabilitação Urbana do Porto, a primeira em Portugal. E foi um dos autores da primeira legislação urbana, que foi feita na cidade do Porto. Rui Espinheira Quelhas dá aulas na Universidade Católica, num curso de gestão, e tem ainda ligação a alguns movimentos cívicos, como vice-presidente da Associação de Amizade Portugal-Guiné Bissau e da Associação de Amizade Portugal-Moçambique.

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DESTAQUE

MANUEl PIzARRO

RUI MOREIRA

O Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) promoveu o ciclo

José Soeiro, do Bloco de Esquerda, apresentou neste debate o tema

de conferências “Que futuro para o Porto?”, com quatro dos principais

do emprego e das políticas para a juventude, tendo como convidados

candidatos à Câmara Municipal, que aceitaram o desafio de debater

Jorge Pinho, das Indústrias Criativas da Região Norte, e Rita Mota Sou-

o futuro da cidade Invicta. Manuel Pizarro, do Partido Socialista, Rui

sa, Magistrada do Ministério Público. A última conferência, protagoni-

Moreira, independente, José Soeiro, do Bloco de Esquerda, e Pedro

zada por Pedro Carvalho, candidato da CDU, teve como tema central

Carvalho, candidato da Coligação Democrática Unitária, esgrimiram

a cultura e o ordenamento territorial e como convidados o geógrafo

argumentos, numa discussão ampla, que contou a moderação do pre-

Rio Fernandes, professor Catedrático no Departamento de Geografia

sidente do ISEP, João Rocha, e de convidados selecionados consoante

da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e o jornalista David

os temas, perante uma plateia participativa.

Pontes, da agência Lusa.

A iniciativa decorreu em maio e junho, no Auditório Magno, inserindo-

A abertura de cada um das sessões foi feita por João Rocha, que apre-

-se nas comemorações dos 160 anos do ISEP. Os debates foram divi-

sentou alguns números mais recentes da instituição, salientando que

didos por quatro conferências, sendo que cada candidato teve a par-

o “ISEP é desde 1852 uma referência académica portuense, com diplo-

ticipação de dois convidados, de diferentes áreas da sociedade, para

mados espalhados pelos quatro cantos do mundo, com uma taxa de

debater diversas questões ligadas ao futuro da cidade do Porto.

empregabilidade, ao fim de seis meses, de 98 por cento”.

O socialista Manuel Pizarro esgrimiu argumentos sobre investigação

Estava lançado o mote para o debate, com Manuel Pizarro a abordar

científica, apoio ao emprego e empreendedorismo com Pedro Pinto,

a importância das instituições e a apresentar os números críticos da

do Centro Empresarial Lionesa, e com José Manuel Mendonça, do Ins-

crise na cidade do Porto. “Cerca de 20 por cento de desemprego, 14 mil

tituto de Engenharia de Sistemas e Computadores do Porto (INESC).

habitantes vivem com Rendimento Social de Inserção e 55 mil habitantes têm mais de 65 anos”, destacou Pizarro, que, no entanto, ressalvou

O independente Rui Moreira, com a presença de Francisco Maria Balse-

como aspeto “muito positivo” a “paixão dos portuenses pela cidade”.

mão, presidente da Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE) e com a do provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto (SCMP),

Honrado pelo convite para estar presente numa instituição que consi-

António Tavares, trouxe a debate a coesão social, a promoção econó-

dera “umas das melhores escolas de engenharia a nível nacional”, Ma-

mica e a captação de investimento para a cidade

nuel Pizarro destacou os emblemas da cidade, como a Fundação de


DESTAQUE

jOSé SOEIRO

PEdRO CARVAlhO

CANDIDATOS À CÂMARA MUNICIPAL APRESENTARAM PROPOSTAS PARA RECUPERAR PERDAS DA CIDADE Serralves, a Casa da Música, o Teatro Nacional de São João, o Aeroporto

futuro, dado o cenário de crise “nacional e internacional”.

do Porto e o Porto de Leixões, sem deixar de referir a importância de instituições como a Universidade do Porto e o Instituto Politécnico do

“A coesão social é o primeiro vetor da nossa candidatura”, sublinha Rui

Porto, juntamente com os centros de investigação, nas quais se for-

Moreira, que vê as “pessoas no limiar da pobreza” e “incapazes supe-

mam, segundo o candidato, “a maior riqueza do presente”.

rar as adversidades”. Neste contexto de “uma sociedade que deixou de acreditar”, nem as IPPS têm capacidade de resposta. Rui Moreira

A prioridade da candidatura de Pizarro assenta no apoio à economia e

promete afrontar as “situações de pobreza absoluta” e, por outro lado,

ao desenvolvimento de políticas ativas de emprego, assumindo o pa-

“alterar os recursos da cidade”. É apologista de um trabalho em rede,

pel decisivo que a Câmara Municipal deve ter no apoio às ambições

que envolva Misericórdias, para que os recursos possam chegar aos

das gentes do Porto e das suas instituições.

cidadãos. “Não pode haver cidades em carência absoluta. Temos de recorrer às instituições que estão no terreno e para conseguir chegar

Alterando o patamar político que se verificou na cidade nos últimos

aos cidadãos e suprir as suas necessidades”, enfatizou Rui Moreira.

anos, Pizarro acredita que é possível dinamizar a economia e o emprego através do conhecimento e da investigação, para os quais as insti-

Melhorar as acessibilidades, “fomentar o empreendedorismo”, cativar

tuições académicas são fundamentais.

centros de pesquisa, “encontrar uma rede de investimento” e chamar empresários para o Porto são também prioridades do agora presidente

A reabilitação urbana foi um tema transversal e recorrente em todas as

da Câmara Municipal do Porto.

conferências, assim como a internacionalização da economia a partir da cidade. “O Porto deve assumir a liderança de uma dimensão regio-

“O Porto tem de impor, exigir, e não pode ser uma cidade marcada pela

nal, caso não seja possível agrupar vontades da maioria eleita”, defende

perda de centros de decisão. Tem de ser uma urbe com capacidade de

Pizarro, que privilegia a “procura de outras formas de cooperação com

decisão, com impacto na atividade económica. Tem de ser uma cidade

outras cidades ou países”.

mais competente, mais atenta, capaz de olhar a realidade social, prestar atenção as associações sociais”.

Rui Moreira, candidato independente à liderança do município do Porto, apontou as questões sociais como sendo prioritárias no seu projeto

Também a questão da mobilidade preocupa Rui Moreira, que adivinha

para a Invicta. Rui Moreira vê as pessoas “preocupadas” em relação ao

pouco ou nenhum investimento na rede de Metro, nos próximos anos.

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DESTAQUE

INVESTIGAçãO CIENTíFICA, APOIO AO EMPREGO E EMPREENdEdORISMO Manuel Pizarro, Pedro Pinto e José Manuel Mendonça

A COESãO SOCIAl, A PROMOçãO ECONóMICA E A CAPTAçãO dE INVESTIMENTO Rui Moreira, António Tavares e Francisco Maria Balsemão

EMPREGO E POlíTICAS PARA A jUVENTUdE José Soeiro, Rita Mota Sousa e Jorge Pinho

CUlTURA E ORdENAMENTO dO TERRITóRIO Pedro Carvalho, Rio Fernandes e David Pontes


DESTAQUE

Mas Rui Moreira não se limita a olhar o interior das fronteiras portuenses e lamenta que as autoestradas outrora gratuitas tenham, agora, custos para o utizador. “Verificou-se uma política estúpida de portajar as auto-estradas”, acusa. Medidas como esta provocaram constrangimentos que limitam, caso não sejam contrariados, o desenvolvimento da cidade. Igualmente preocupado com o futuro do Porto, José Soeiro, candidato do Bloco de Esquerda, começou por abordar a perda de população na cidade. “Mais de 20 mil pessoas abandonaram a cidade”, realçou, lançando o mote para uma visão crítica. José Soeiro nota um “empobrecimento social” e considera que a autarquia está “de costas voltadas para as instituições importantes” da cidade. “A autarquia não tem revelado respeito por essas instituições”, lamenta. Apesar de tudo, José Soeiro considera que há no Porto pessoas “capazes de resistir” perante as adversidades, pessoas “que não desistiram” e que apresentam “grande potencial para apresentar projetos autárquicos. “A cidade mobiliza-se”, diz, com confiança. Fazendo um sublinhado pelo “sentimento de orgulho na cidade”, o candidato do Bloco espera que sejam tomadas algumas medidas – todas elas parte do seu projeto autárquico –, como “redes de solidariedade” que garantam “proteção social” e um ambicioso projeto que permita “reinventar a cidade”. “É preciso virar a crise ao contrário. Fazer um investimento na formação e no trabalho qualificado. Estas medidas ajudam-nos a reduzir desigualdade”, defendeu. José Soeiro quer também uma “defesa intransigente do ensino supe-

NÚMEROS POSITIVOS, EM CENÁRIO DE ADVERSIDADE

de problemas de ação escolar”, sustenta o candidato.

MAIS ALUNOS NO ISEP E ALTA PERcENTAGEM DE EMPREGAbILIDADE

O projeto de Pedro Carvalho, da CDU, privilegia também a correção

O presidente do ISEP, João Rocha, enunciou que “nos últimos

de problemas relacionados com a “desertificação da cidade”, bem evi-

seis anos, o financiamento do estado ao ISEP reduziu-se em

dente num número: a perda de “64 por cento de população, no centro

50 por cento e o financiamento por receitas próprias passou

histórico”. Este é o resultado do que o candidato considera ser “uma

de 18 para 46 por cento. A despesa com pessoal reduziu-se 17

falta de estratégia municipal”.

pontos percentuais e o pagamento de encargos sociais (CGA,

rior”. “Vemos estudantes a abandonar estudos superiores, porque não têm condições económicas. Estudantes que perderam bolsa quando a mesma era mais necessária. A autarquia pode envolver-se na resolução

Segurança Social e ADSE) passou de zero para quatro milhões Deste modo, salienta, é urgente um investimento que inverta “a fuga

de euros.”

da classe média para a periferia” e a “desertificação do centro histórico”. Num cenário de maior adversidade para o Ensino Superior, “O Porto adotou um modelo de desenvolvimento errado e é preciso in-

existem números bastante positivos para o ISEP, sendo que o

verter este modelo no espaço de uma década”, defendeu o candidato

presidente destaca “o crescimento do número de alunos de

da CDU, que acredita numa cidade com “enorme potencial”.

5700 para 6750 e por consequência, a redução de custo por aluno, de 3600 para 2600 euros”, e como fator mais relevante

Pedro Carvalho considera que são necessárias também políticas locais

da importância da formação no Instituto, “o percentual de em-

de emprego para que o Porto não perca os técnicos que as suas uni-

pregabilidade dos alunos de cerca de 98 por cento”.

versidades formam. “A cidade perde cinco postos de trabalho por dia. Produzimos técnicos para todo o país, mas não os aproveitamos”, des-

João Rocha destacou também o “número de projetos ativos

taca o candidato.

que cresceu 107 por cento, e o número de investigadores que teve um aumento de cerca de 130 por cento”. Ainda a realçar, o

Na área da cultura, Pedro Carvalho assinala outras falhas que urge cor-

investimento à investigação, com “crescimento de 152 por cen-

rigir: “Deixámos de ter cultura, concessionando a privados a exploração

to, mas proveniente maioritariamente de fontes não nacionais”.

dos espaços culturais. A Câmara precisa ter produção cultural autónoma no Teatro São João e no TECA. Acresce que a autarquia apenas de-

O presidente do ISEP congratula-se com a missão desta ins-

dica um por cento do seu orçamento para a Cultura”.

tituição, nas áreas da “formação e partilha de conhecimento, privilegiando a inovação tecnológica e o empreendedorismo

“Queremos uma cidade viva, que seja um ponto de entrada para região demarcada do Douro. O Porto tem futuro”, rematou Pedro Carvalho.

para a criação de valor e diferenciação”.

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20

INVESTIGAÇÃO À LUPA

CENTRO DE INSTRUMENTAÇÃO E METROLOGIA NA SAÚDE DESBRAVA FRONTEIRAS DO ISEP, CATIM, IEP E CHSJ

dA UNIãO FAR-SE-Á FORçA O Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP), o Centro de Apoio

Uma vertente importante nesta parceria é a redução de custos em to-

Tecnológico à Indústria Metalomecânica (CATIM), o Instituto Electro-

das as entidades envolvidas, sem a perda do rigor exigido – pelo con-

técnico Português (IEP) e o Centro Hospitalar de S. João (CHSJ) esta-

trário, procurar-se-á um reforço desse pilar da ciência. “A Metrologia é

beleceram uma parceria que resultou no Centro de Instrumentação e

uma atividade transversal a todas as atividades económicas, à segu-

Metrologia na Saúde (CIMS), capaz de agregar sinergias, dar uma res-

rança, à saúde, à investigação científica, entre outras. Queremos, com

posta eficaz às solicitações nesta área e suscitar o reconhecimento de

este Centro, assegurar o rigor exigido na área da saúde, permitindo,

futuros parceiros.

em simultâneo, um poupança que prevemos muito grande às instituições”, destaca António Silveira, responsável do ISEP e um dos mentores

Este novo centro permitirá reagir à crescente importância da metrolo-

do projeto.

gia, também na área da saúde. Por outro lado, o CIMS abre caminho a uma fiabilidade acreditada, quer ao nível dos equipamentos, quer no

A aposta na investigação e em novos métodos de calibração será ainda

que concerne aos procedimentos a adotar.

mais competente, mas com menos despesa por parte das entidades hospitalares. O CIMS quer afirmar-se como um centro de competências

Dada a capacidade reconhecida das entidades envolvidas neste projeto,

de referência, sobretudo no campo da instrumentação e metrologia

bem como as elevadas competências complementares na metrologia, é

voltadas para Equipamentos de Monitorização e Medição (EMM) médi-

possível antever o sucesso de um projeto bem pensado, que reúne co-

cos e outros da eletromedicina.

nhecimento, competência, instrumentos e uma cooperação estratégica. Assente numa estrutura leve, apesar do aglomerado de diversas insEssa cooperação tornava-se essencial, numa área onde a excelência

tituições e entidades, complementará competências e aptidões, nas

teria, necessariamente, de partilhar ferramentas, em torno de um ob-

áreas da metrologia, engenharia e área hospitalar. Num quadro de

jetivo comum, desde o ensino à investigação, até à implementação,

exigências crescentes, tornou-se necessário partilhar experiências e

no terreno, das medidas necessárias. A colaboração entre parceiros

conhecimentos, para fortalecer uma massa crítica que, isoladamente,

será feita sob o modo de assessoria mútua, intercâmbio de especia-

não chegaria tão longe.

listas e técnicos, prestação de serviços em diferentes áreas, cooperação em projetos de investigação (nacionais e internacionais), entre

Este Centro tem diversos projetos e iniciativas previstos, com o fim su-

outras ações.

premo de melhorar práticas e condições de trabalho, no cumprimento


INVESTIGAÇÃO À LUPA

das metas estabelecidas. E essas metas foram conhecidas no protocolo estabelecido, que definiu linhas orientadoras, missão, estrutura e o modelo jurídico do CIMS, assim como os estatutos pelos quais este Centro se irá reger. Assim, caberá ao CIMS “coordenar, promover e desenvolver conhecimento científico no domínio da instrumentação e metrologia da saúde”, “promover a disseminação de resultados de projetos e estudos junto da comunidade”, “prestar serviços tecnológicos avançados, “apoiar e desenvolver ações de formação pós-graduada e especializada na área da metrologia na saúde”, “colaborar com outras entidades nacionais e internacionais e no “esforço nacional de disponibilização de meios de calibração para os instrumentos de medição utilizados nas diversas Unidades de Serviços Hospitalares”. A área de intervenção deste Centro focar-se-á “exclusivamente” no campo da instrumentação e metrologia na Saúde, sendo que o CIMS “não fará concorrência comercial às atividades de cada um dos sócios-fundadores”. Pelo contrário, fortalecerá cada um deles, ao possibilitar a realização de projetos e trabalhos que estejam para além da capacidade ou competência de um dos associados. O Centro assentará em três pilares de intervenção, que passam por um grupo de investigação e desenvolvimento (I&D), por uma academia de formação e por laboratórios de metrologia. Relativamente ao grupo de investigação, vai ser gerido por docentes e investigadores do ISEP, contando com especialistas dos restantes parceiros (IEP, CHSJ e CATIM), nas diversas áreas científicas. No desenvolvimento do grupo, dos projetos de I&D e na angariação de projetos e serviços de consultadoria no domínio da metrologia na saúde, espera-se uma intervenção ativa de todos os parceiros, sempre que se verifique uma limitação de competências de cada um dos parceiros. Já a academia de formação tem como meta a realização de ações de

Por seu turno, os laboratórios de metrologia – terceiro pilar deste pro-

formação avançada. Na agenda desta academia, estará a promoção e

jeto – têm como finalidade realizar calibrações e ensaios médicos, em

organização de seminários, workshops e conferências, cujas atividades

diferentes campos, desde suporte de vida, eletromedicina, meios com-

letivas teóricas devem ocorrer no ISEP, enquanto as componentes prá-

plementares de diagnóstico e análises.

ticas serão realizadas nos laboratórios parceiros do IEP, HSJ e CATIM, sempre que possível.

Relativamente ao financiamento, estão previstas diversas ações que permitirão angariar receitas. Desde logo, o produto das contribuições dos associados. Também o desenvolvimento e execução de projetos de I&D financiados por entidades terceiras (ou pelos associados fundadores) gerarão receita, a ser aplicada neste projeto. Acrescem os serviços de consultadoria, assim como a realização de seminários, workshops, conferências ou outras iniciativas, que permitirão adicionar receita. É expectável que uma iniciativa com esta dimensão suscite, por outro lado, donativos e outros benefícios, que serão investidos nesta cooperação. Dentro da área da gestão do CIMS, é constituída uma direção executiva, formada por quatro elementos em representação dos quatro parceiros. Da abstração de uma ideia partiu-se para a definição de um projeto muito concreto, que promete eliminar barreiras físicas e humanas, abrindo caminho a uma troca de conhecimento e recursos. O Centro de Instrumentação e Metrologia na Saúde não é um ponto de chegada, mas a criação de uma ponte para o reforço de parcerias, de cooperação, de forma cada vez mais intensa. As entidades envolvidas estão cientes desta realidade e criam elos para uma atuação conjunta. Da força fez-se união e da união far-se-á força.

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DEPOIS DO ISEP

“ENGENhARIA ABRE UM lEqUE dE OPORTUNIdAdES MUITO FlEXíVEl EM TEMPOS dE CRISE” DIPLOMADO DO ISEP qUE SE TRANSFORMOU NUM EMPREENDEDOR De que serve um curso de engenharia civil, num momento de con-

A engenharia apresenta a componente prática, mas também uma

tração económica, onde não há investimento? Daniel Castanheira, ex-

componente teórica muito forte. As duas vertentes “complementam-

-aluno do ISEP, dá a resposta, não no sentido teórico, mas contando a

-se, o que constitui uma vantagem”. Acresce que “engenharia será

sua história, a história de um engenheiro civil que recolheu, no ISEP,

sempre necessária”, desde a informática à mecânica, passando pela

as ferramentas necessárias para as aplicar noutras áreas de negócio,

civil, sendo que nenhum ciclo negativo contraria esta verdade. “Não

com sucesso. Aos 30 anos, Daniel Castanheira é um bom exemplo

acredito que, dentro dos próximos 20 anos, não seja necessário cons-

que espelha os benefícios de um curso de engenharia, mesmo que

truir-se uma ponte...”, diz Daniel Castanheira, dando como exemplo a

os percursos académico e profissional nem sempre coincidam. Este

engenharia civil que, fruto da queda do investimento, não tem apre-

engenheiro civil recolheu no ISEP diversas ferramentas que lhe per-

sentado as mesmas oportunidades que, por exemplo, a área infor-

mitiram estar apto a ter uma atividade profissional mais abrangente,

mática. E mesmo que a crise económica provoque uma saturação,

por opção, que não passasse pela engenharia civil.

abrem-se portas no estrangeiro, para os engenheiros portugueses, não na lógica da emigração como solução, mas como observação do

Entre 2001 e 2006, concluiu o curso no ISEP, fortalecendo as suas apti-

mercado de uma forma global. “Há muitos engenheiros ex-alunos do

dões desde então. Hoje, Daniel Castanheira é um empreendedor, que

ISEP a encontrar oportunidades fora de Portugal, graças ao facto dos

desenvolve um projeto inovador, que até pode estabelecer pontes

seus cursos serem reconhecidos no estrangeiro”, assinala.

com a engenharia civil – não por ironia do destino, mas porque a engenharia está presente em diversas áreas de negócio. Nesse sen-

As engenharias estão em crescimento, “além de que, quando vemos a

tido, não é difícil perceber mais-valias de um curso de engenharia.

alta empregabilidade do curso, poderemos não perceber que as pes-

“Engenharia tem muitas vantagens. Destaca-se o enorme leque de

soas formadas em engenharia podem estar a exercer noutras áreas”,

oportunidades: já vi anúncios de emprego onde pedem engenheiros

porque este curso tem uma abrangência enorme, quando se compara

para áreas completamente distintas como a banca, ou área de gestão.

com outros que implicam componentes fortes como o conhecimento

O curso é mais técnico do que teórico e permite-nos bases que abrem

da língua. “Noutra profissão, é muito complicado ‘saltar fora’ e pro-

inúmeras portas”, realça Daniel Castanheira.

curar emprego alternativo qualificado”, sustenta Daniel Castanheira.


DEPOIS DO ISEP

Durante o seu processo de formação no ISEP, Daniel Castanheira sen-

acesso à habitação de arrendamento de curta duração, criando pon-

tiu um aumento de conhecimento e de aptidão logo desde o pri-

tes entre proprietários e estudantes. E através de uma solução para

meiro ano. “Lembro-me de ter cadeiras, durante o primeiro ano, de

um problema foi detetada a necessidade de requalificação de muitos

Matemática, Física, Química, Informática, uma cadeira de Desenho...

apartamentos na cidade do Porto. “A plataforma tem a componente

Ou seja, o primeiro ano é muito distinto e prepara-nos, dá-nos ferra-

dos proprietários e dos alunos. Mas, verificámos que existem muitos

mentas para várias áreas diferentes. Depois, vamos evoluindo no cur-

prédios antigos na baixa portuense que necessitam, porventura, de

so e quando chegamos ao terceiro ano temos a opção de escolher.

ser reabilitados. E a partir daqui começam a traçar-se parcerias com

Já nos conhecemos melhor – quando temos 18 anos e começamos o

projetos distintos, que se aproximam da minha área de formação. Ou

curso, somos muito jovens e podemos não tomar a melhor decisão,

seja, não trabalhando na minha área, diretamente, existem conheci-

correndo o risco de nos arrepender. Assim, ao final do terceiro ano,

mentos que poderão ser aproveitados”, refere este ex-aluno do ISEP.

estamos mais preparados para decidir. Acabei por seguir Infraestruturas e Ambiente, mas tinha outras opções. Engenharia permite-nos

O Porto Rooms tem sido bem acolhido pelos estudantes. Era destina-

isso”, resume.

do para estrangeiros, mas os portugueses também começaram a retirar benefícios do seu uso. “Temos recebido uma quantidade imensa

O ISEP tem outro aspeto “muito positivo”, que facilita o percurso aca-

de estudantes, ao longo deste ano. Foram mais de 500 alunos que

démico e orienta os estudantes: “No meu caso, no primeiro ano, eu

nos enviaram pedidos de quartos”, refere Daniel Castanheira. E mais

não sabia que engenharia tirar. E o ISEP dá essa possibilidade de as

uma vez a sua formação académica foi essencial para cooperar neste

pessoas mudarem de um curso engenharia para outro. No primeiro

projeto, já que quando este ex-aluno do ISEP esteve no estrangeiro,

ano, existem muitas cadeiras similares entre os cursos e o ISEP faculta

notou dificuldades em encontrar alojamento, sobretudo destinado

essa ferramenta, que é útil para pessoas que tenham dúvidas ou que

a estudantes. “Alugar um quarto ou apartamento durante um longo

reconheçam que deveriam seguir outro caminho”. Por outro lado, “o

período de tempo é relativamente fácil. Mas em períodos mais curtos,

acompanhamento ao estudante feito pelo ISEP é muito importante”.

o mesmo não sucede”, explica.

A componente prática do curso permite, por outro lado, “chegar ao

O problema da língua também se coloca, quando é necessário esta-

mercado de trabalho” durante a formação, ainda que este mercado

belecer um contacto entre um proprietário e um estudante de outro

esteja em constante evolução. Nesse sentido, os alunos têm um papel

país. E esta é uma das bases do projeto: tentar encontrar uma solu-

fundamental a cumprir: “Não saímos do ensino superior a saber tudo

ção para os obstáculos levantados pelas barreiras linguísticas. O Porto

sobre engenharia. É preciso ter consciência dessa realidade quando

Rooms distingue-se também por uma abordagem diferente, apenas

iniciamos a nossa vida profissional. E os cinco anos de um curso ser-

na cidade do Porto, para já. “Ser específico permite acrescentar valor”,

vem-nos para obter ferramentas que, mais tarde, serão muito úteis.

justifica Daniel Castanheira, destacando, no entanto, que o mercado

Os alunos devem ir aproximando-se do mercado de trabalho”.

do arrendamento estudantil no Porto já é, por si só, de grande dimensão.

Este ex-aluno do ISEP recorda o seu passado no instituto e destaca os aspetos positivos. “O meu curso trouxe-me mais-valias, trouxe-me segurança, na eventualidade de eu necessitar de entrar noutras áreas. A parte do empreendedorismo nasce porque – passando por experiências que um curso nos dá, ao colher diversos tipos de conhecimen-

“ESTUDAR SERá SEMPRE UM bOM INvESTIMENTO”

to –, ganhamos noção de que não temos de estar obrigatoriamente restritos ao nosso curso”, salienta.

Palavra de um ex-estudante: um país em crise não pode ser argumento para travar um processo de formação. “É lamentável ouvir dizer que o país está em crise e que, por isso, não se vai encontrar um

PORTO ROOMS: UM PROjETO DE SERvIçOS cOM UMA PONTE PARA A ENGENhARIA

emprego que torne rentável um investimento no ensino superior. E esta mensagem é enfatizada. Depois da crise ser superada, as portas do mercado laboral vão reabrir-se de novo e um curso superior será sempre uma mais-valia. Um curso superior dá-nos destreza e faz-nos perceber que podemos melhorar constantemente o nosso percurso educacional. Nós obrigamo-nos a criar hábitos, a gerir o tempo, e a

Daniel Castanheira saiu do ISEP e entrou no mercado de trabalho com

superar-nos constantemente quando vamos para o ensino superior”,

consciência de que iria encontrar uma realidade difícil, mas detinha

defende Daniel Castanheira.

aptidões que lhe abririam portas. Trabalhou em diversas áreas, até que desenvolve um projeto arrojado, na área do alojamento.

O percurso académico até ao final do secundário é naturalmente importante – não apenas porque abre as portas para o ensino superior,

Neste momento, está em curso uma candidatura para um projeto

no qual o estudante “toma consciência de que tem de adaptar-se”. E

que engloba três pessoas, cujas aptidões se complementam, a sOarq

isso “será importante no mercado de trabalho”, onde o profissional é

- architecture arts academy através do programa passaporte para o

por vezes obrigado a fazer algo de que gosta menos. “Quando saímos

empreendedorismo. Envolve arquitetura, informática e marketing,

do 12.º ano e entramos no ensino superior, a diferença de exigência

mas um engenheiro civil dá-lhe força. A par do sOarq está ainda en-

é notável. Ou seja, escolhemos, mas desconhecemos grande parte

volvido noutro projeto de empreendedorismo desde o início do ano,

do curso que vamos tirar. E quando enfrentamos uma nova profissão,

o Porto Rooms. Entretanto, não sendo vocacionado para engenharia,

sucede o mesmo. E um curso dá-nos esta aprendizagem, antes de

estes projetos podem criar pontes, dentro da área da reabilitação ur-

nos tornarmos profissionais. Por isso, mesmo em situação de crise,

bana. Esse projeto chama-se “Porto Rooms” e é uma plataforma on-

é importante manter a aposta no ensino superior e evitar descrença,

line direcionada para estudantes estrangeiros. O objetivo é facilitar o

desmotivação. Estudar será sempre um bom investimento”, refere.

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24

A NOSSA TECNOLOGIA

jOGO ENSINA GESTORES A CONqUISTAR MERCAdOS CARLOS VAZ DE CARVALHO, DIRETOR DO GILT, EXPLICA PROJETO qUE PROMOVE A APRENDIZAGEM ATIVA O Graphics, Interaction and Learning Technologies (GILT), um dos gru-

as dificuldades que um gestor enfrenta: desde a barreira da língua, à

pos de investigação do ISEP, está a desenvolver um projeto que tem

abordagem a adotar com potenciais parceiros, ao domínio das ferra-

como finalidade fornecer apoio a gestores no processo de internacio-

mentas eletrónicas de comunicação, ou ao tipo de interlocutor que

nalização das suas empresas, com recurso a tecnologias e métodos

contacta.

inovadores. Entre essas ferramentas estão os jogos com fins educativos, ditos “jogos sérios”, promotores da aprendizagem ativa.

O projeto coordenado pelo GILT e financiado por fundos comunitários teve início em dezembro de 2012 e acaba de completar a análise de

Este jogo em particular oferece diversos cenários com os quais os ges-

requisitos. Nesta análise, os responsáveis foram auscultar empresários e

tores têm de lidar, procurando as respostas certas, desde o modo corre-

perceber duas realidades: o testemunho dos que já passaram por este

to de abordagem do parceiro internacional, à importância da presença

processo de internacionalização e o dos que se preparam para o fazer.

em feiras internacionais, entre outras decisões estratégicas que podem conduzir ao sucesso. Tudo com base numa simulação que assenta em

A finalidade foi perceber, com precisão, que fatores estão envolvidos

realidades experimentadas.

num processo de internacionalização: “Identificámos seis cenários diferentes: por exemplo, um de pré-diagnóstico, que permite ao em-

“Este jogo reúne a atratividade e a motivação que um jogo fornece,

presário, antes de entrar nesse processo, perceber se está pronto. O

mas direciona o seu utilizador para uma finalidade séria, que é educa-

empresário vai identificar as suas próprias dificuldades e perceber o

tiva e formativa. O objetivo não é o entretenimento, mas a promoção

que tem de corrigir”.

de competências, no processo de internacionalização das pequenas e médias empresas”, resume Carlos Vaz de Carvalho, diretor do GILT.

Os restantes cenários incluem a comunicação eletrónica – de que forma se contacta com parceiros de outros países, com culturas diferentes –,

E porque esse processo surge como resultado do cumprimento de

como se pode participar em feiras, como se estabelecem relações empre-

diferentes etapas, que implicam conhecimentos e estratégias que um

sariais num determinado país e como se identificam questões culturais

gestor pode não dispor, nada melhor do que criar cenários que de-

específicas que podem provocar dificuldades numa relação empresarial.

monstram por antecipação (com realismo e fundamentados em exemplos reais) qual é a realidade que espera os gestores.

Neste momento, o jogo está a ser desenhado. Depois, o projeto entra na fase de desenvolvimento. Carlos Vaz de Carvalho estima que em

Assim, os responsáveis por este projeto começaram por identificar

breve os empresários já tenham disponível o primeiro cenário.


A NOSSA TECNOLOGIA

A ferramenta vai estar disponível para gestores de empresas, sendo

gias de Realidade Aumentada e Virtual e o projeto Virtual Sign, na área

que os alunos que pretendam ser empreendedores terão também a

do reconhecimento de linguagem gestual. Estabeleceu acordos com

plataforma acessível. Como se trata de uma parceria internacional, o

empresas, entre as quais a Virtual Campus e a Lusoinfo, com quem o

projeto ultrapassa as fronteiras portuguesas. E depois de terminado o

GILT desenvolve diversos projetos na área dos jogos educativos. Atra-

prazo de financiamento, deve continuar de forma sustentável.

vés destas redes e projetos, o GILT colabora ainda com mais de duas dezenas de grupos de investigação em entidades académicas, dos

O jogo é direcionado para as plataformas móveis (ainda que seja com-

quais se destacam dois, do Brasil, também integrados no projeto GA-

patível com outros dispositivos) e o objetivo é permitir ao empresário

BALL: a Universidade Federal de Pelotas e a Universidade Federal de

aplicar algum do seu tempo livre numa ferramenta divertida e muito

Rio Grande do Sul.

útil. “Ao divertir-se neste jogo, o gestor está a adquirir algumas competências. A ideia dos jogos sérios é essa: sem nos apercebermos, estamos a adquirir conhecimentos e competências que poderão ser aplicados noutros contextos”, realça. Essa é a abordagem do GILT, na área dos jogos sérios, com a finalidade de abrir caminho à utilização desta ferramenta na área do ensino. “As

vEM AÍ UM SIMcITy PARA DESENvOLvER cOMPETêNcIAS NA áREA DA ENGENhARIA

pessoas devem perceber que os jogos não são uma ferramenta má.

Os gestores de pequenas e médias empresas não são o único público-

Há uma série de competências que se aprende com jogos e não com

-alvo do GILT, na área dos jogos sérios, e há projetos idênticos dire-

livros. Por exemplo, jogar online com outros jogadores implica esta-

cionados para o ensino secundário e superior. O GILT prepara-se para

belecer contactos, reforçar aptidões sociais. Outro exemplo, as crian-

desenvolver um novo jogo para alunos do ensino superior. “Vamos co-

ças quando usam jogos online em inglês, são obrigadas a desenvol-

ordenar mais um projeto europeu na área dos jogos sérios. Acabo de

ver competências nesta língua. Os jogos são um bom complemento,

receber a notícia da sua aprovação. Neste projeto vamos usar um jogo

muito atrativo e motivam os alunos”, salienta Carlos Vaz de Carvalho,

do tipo SimCity para desenvolver competências na área de engenha-

engenheiro eletrotécnico que se dedicou à informática, área em que

ria. É um projeto novo, que vai arrancar dentro de dois ou três meses”,

concluiu o mestrado e o doutoramento.

adianta Carlos Vaz de Carvalho. O orçamento deste projeto deve ficar próximo dos 600 mil euros.

O projeto que está prestes a ser conhecido do público enquadra-se num conceito de aprendizagem ativa. “A aprendizagem experiencial diz-nos que o estudante deve experimentar, porque ao fazê-lo vai ter dúvidas, curiosidade, vai querer esclarecer essas dúvidas. A aprendizagem ativa diz-nos que o estudante deve estar no centro do processo.

ExAMINATOR: UMA AULA ATRATIvA DENTRO DO AUTOcARRO

Se formos a uma sala de aula, temos um professor no quadro e 80 por cento dos estudantes não recebe a mensagem, por distração. É um

O Examinator é mais um dos diversos projetos que o GILT desenvolveu. É

processo passivo. Já num processo ativo, está provado que 75 por cen-

um produto que está disponível online, na loja da Apple e na Google Play.

to da informação é interiorizada. Por isso, os jogos, como mecanismo

Trata-se de uma aplicação que serve os alunos que estão a preparar-se

de aprendizagem experiencial e ativa, são muito úteis”, refere.

para o 12.º ano. Apresenta diversas perguntas e temas que coincidem com as matérias que os alunos vão ter de interiorizar. A plataforma tem

O jogo ainda não tem nome, mas assenta no conceito “GAme BAsed

uma vertente fortemente pedagógica e pode ser acedida, por exemplo,

Language Learning”, que dá nome ao projeto: GABALL. O projeto GA-

durante o percurso entre casa e escola. Quando as respostas estão er-

BALL envolve vários parceiros do GILT: empresas de diversos países e

radas, o Examinator não só o assinala, como presta uma ajuda comple-

universidades do Brasil. O desenvolvimento do projeto está a cargo do

mentar: explica a origem do erro, para fornecer informação quando não

grupo de investigação do ISEP, sendo que o orçamento atinge os 600

somos capazes de responder corretamente. “Trata-se de um projeto mui-

mil euros, provenientes de fundos comunitários.

to interessante, que resulta de um trabalho feito em parceria com professores”, explica Carlos Vaz de Carvalho.

As expetativas apontam para 250 gestores, em Portugal, a aprender com o jogo. “Não queremos ser excessivamente ambiciosos, porque temos consciência de que ser gestor de uma pequena e média empresa é complicado. Somos realistas e temos noção de que os jogos ainda não são vistos como uma ferramenta profissional. Mas estas perspetivas não significam que iremos atuar apenas com o objetivo de atingir 250 empresários”, conclui Carlos Vaz de Carvalho

GILT vAI DESENvOLvER PROjETO DIREcIONADO PARA A TERcEIRA IDADE Pensar que os jogos se dirigem apenas aos adolescentes é um erro. A idade média dos jogadores é 32 anos e o perfil do jogador online é o

GILT USA REDE DE PARcERIAS PARA chEGAR MAIS ALéM

de uma pessoa do sexo feminino, com idade compreendida entre os

O GILT, integrado no ISEP, coordena as redes Europeias SEGAN e IC-

de Carvalho, que anuncia para breve o desenvolvimento de um projeto

TWays. A primeira, destina-se a promover a partilha e troca de know-

direcionado para a terceira idade. Não tem como objetivo a vertente

-how na área dos Jogos Sérios. A segunda destina-se a promover o uso das tecnologias no ensino secundário e básico. Entre outros, tem em mãos o projeto GABALL, o projecto GAVIOTA, de promoção de tecnolo-

lúdica, mas pretende facilitar o uso dos dispositivos móveis em opera-

40 e os 45 anos. Outra geração que estava afastada da tecnologia e que começa a integrar-se são os idosos. “A nossa missão é mostrar-lhes que este mundo não é assim tão complicado”, realça Carlos Vaz

ções úteis, como “aceder a contas bancárias, a jornais online”, entre outras ferramentas que irão chamar os mais velhos para o mundo digital.

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26

BREVES

Químicas (GRAQ) ao nível da descontamina-

busca e salvamento e de monitorização suba-

ção de solos e águas, entre outras realidades.

quática, envolvendo quatro veículos autónomos de superfície, dois veleiros autónomos,

É precisamente este papel de charneira, que

um glider subaquático, veículos submarinos,

levou agora o ISEP a integrar a NICOLE – fórum

sistemas de recolha automática de dados e de

europeu de destaque ao nível da gestão de

comunicações.

solos contaminados. Esta rede reúne parceiros industriais, académicos, empresas do setor de

Esta colaboração insere-se no compromisso

serviços e reguladores, para dinamizar a coo-

do ISEP com o aproveitamento económico,

peração e o desenvolvimento e aplicação de

científico e cultural do Mar português.

ISEP PARTIcIPA NA SEMANA DA REAbILITAçãO URbANA

tecnologias sustentáveis e boas práticas. A robótica e os sistemas autónomos são uma O ISEP junta-se assim ao Laboratório Na-

das áreas de especialização da licenciatura e

cional de Engenharia Civil (LNEC) como um

do mestrado em Engenharia Eletrotécnica e

dos dois representantes nacionais num dos

de Computadores e do grupo de investigação

O ISEP participou na Semana da Reabilitação

principais fóruns internacionais sobre solos

INESC TEC (Unidade de Robótica e Sistemas

Urbana, que teve lugar entre 3-10 de abril.

contaminados.

Inteligentes), Pólo ISEP.

apresentar alguns estudos e potencialidades

Na mensagem de boas-vindas ao ISEP, a NI-

O REX 13 reuniu mais de 30 investigadores

dos departamentos de Engenharia Civil e En-

COLE destacou que, «as one of the top tech-

do ISEP, do Centro de Investigação Naval, das

genharia Eletrotécnica (DEE) na valorização

nology academies in Portugal, ISEP has been pioneering education and research in Engineering since 1852».

universidades do Porto e do Algarve e da em-

Esta iniciativa da Vida Imobiliária serviu para

do património, conservação e projeção das cidades.

presa portuguesa MarSensing.

Este evento que atraiu mais de 10.000 visitantes contou com as participações do ISEP e de entidades como a Câmara Municipal do Porto, Ordem dos Engenheiros, Santa Casa da Misericórdia do Porto, Porto Vivo SRU, Caixa Geral de Depósitos, Schmitt+Sohn Elevadores, Lucios, Weber, Sika Portugal, CCDR-N, AICCOPN e Associação Portuguesa para a Reabilitação Urbana e Proteção do Património, para «celebrar a reabilitação urbana e dar a conhecer o impacto económico, social e estético deste

bém se realçou foi a do ex-autarca portuense,

PROTOcOLO DE cOOPERAçãO ISEP – AUDATEx PORTUGAL

Rui Rio, que recordou o interesse em se apoiar

O Instituto Superior de Engenharia do Porto

a recuperação do Porto.

celebrou recentemente um protocolo de co-

movimento», de acordo com a organização. Ao longo da semana, uma das vozes que tam-

operação com Audatex Portugal – empresa «Esta participação serviu para dar a conhecer

líder em soluções e serviços no domínio da

o que de bom se faz no ISEP», indicou Rui

regularização de sinistros. Esta parceria pre-

ISEP AjUDA A MARINhA A TESTAR SOLUçÕES RObÓTIcAS

tende trabalhar em soluções inovadoras para

A investigação desenvolvida no ISEP ao nível

cular da licenciatura em Engenharia Mecânica

REDE NIcOLE Dá AS bOAS-vINDAS AO ISEP

da robótica e sistemas autónomos tem per-

Automóvel, através da introdução da compo-

mitido explorar diversas valências da eco-

nente prática sobre o software AudaPad, pro-

nomia do mar, no combate aos incêndios

porcionando aos alunos competências técni-

florestais e proteção civil e ao nível da efici-

cas fundamentais para a inserção no mercado

O ISEP tem assumido um papel relevante no

ência industrial. Em julho, o ISEP juntou-se à

de trabalho com maior facilidade e nível de

desenvolvimento de soluções promotoras da

Marinha Portuguesa e colaborou no Robotics

competitividade», explicou, Fernando Ferrei-

sustentabilidade e da proteção ambiental. O

EXcercise 2013 (REX 13) – exercício que visou

ra, diretor da licenciatura em Engenharia Me-

Instituto tem apresentado tecnologias e me-

testar tecnologias robóticas e recolher dados

cânica Automóvel.

todologias nas áreas das energias limpas, efi-

científicos nas áreas de interesse da Marinha.

Gomes dos Santos, diretor do DEC, que apresentou a licenciatura e o mestrado em Engenharia Civil durante o certame, além de vários projetos desenvolvidos por mestrandos ISEP.

a gestão do ciclo de vida dos automóveis. «O protocolo estabelecido entre o ISEP e a Audatex constitui um reforço ao plano curri-

No âmbito da parceria, a Audatex dinamizou

ciência e racionalização energética, novos materiais, mas tem-se também destacado pelo

De acordo com o comunicado da Marinha, o

já uma sessão técnica destinada aos finalistas

desempenho do Grupo de Reação e Análises

exercício incidiu nas vertentes das missões de

do curso, onde apresentou a Audatex Drive,


BREVES

debateu temáticas associadas à reparação e

cando mais eficazmente com os visitantes»,

manutenção automóvel e apresentou as prin-

acrescentou a diretora.

cipais tendências do mercado. De acordo com Patrícia Costa, «em breve O acordo estende-se à cooperação na organi-

serão disponibilizados outros recursos, que

zação de eventos especiais, apoio a projetos

irão permitir a realização de uma visita mais

de final de curso, desenvolvimento de proje-

autónoma da comunidade surda ao espaço

tos de investigação conjuntos e partilha de

museológico».

boas práticas.

v FEIRA DE EMPREGO E EMPREENDEDORISMO Estudar no ISEP é o primeiro passo para uma carreira profissional em setores que vão da inovação tecnológica à reabilitação urbana. Esta perspetiva do ensino superior como uma formação profissionalizante e orientada

a Associação de Estudantes (aeISEP) promo-

bOAS PRáTIcAS NA INTEGRAçãO DE NOvOS ALUNOS

veu a V Feira de Emprego e Empreendedo-

O Gabinete de Orientação (ISEP|GO) represen-

rismo da aeISEP, entre 5 e 6 de junho.

tou o ISEP no encontro Práticas de Promoção

para o mundo real ajuda a explicar a ligação às empresas e a elevada empregabilidade da oferta formativa. Para reforçar esta máxima,

do Sucesso Académico, que decorreu, em A Feira de Emprego e Empreendedorismo

maio, no Instituto Superior Técnico (IST). A

promoveu um contacto próximo entre os

deslocação a Lisboa serviu para apresentar

estudantes e o mercado de trabalho, com

um modelo de referência ISEP.

vista a apoiar a integração profissional e

MUSEU DO ISEP ESTá MAIS INcLUSIvO

apresentar experiências e propostas profis-

O sucesso das organizações passa pela co-

sionais e de formação.

municação organizacional e pela valorização das relações entre e com as pessoas que as

Contando com várias empresas nas diversas

integram. Neste âmbito, o Instituto Superior

O Museu do ISEP disponibilizou na sua página

áreas da engenharia, o programa do evento

de Engenharia do Porto assume um forte

(www.isep.ipp.pt/museu) um vídeo de apre-

incluiu também palestras sobre empreen-

compromisso com a dimensão humana dos

sentação do projeto que está a desenvolver

dedorismo, tendências do mercado e uma

mais de 6750 estudantes e perto de 600 co-

com a Escola EB 2/3 de Paranhos, para melho-

exposição.

laboradores.

Inova.Empreende, Sika Academy, Grundfos,

Partindo desta premissa, o ISEP tem inves-

Spark Agency, Zagope, Continental e EFA-

tido em medidas que apoiem a integração

CEC foram alguns dos nomes presentes.

e o sucesso académico dos (novos) alunos,

rar as visitas de públicos com necessidades especiais, nomeadamente pessoas surdas. Em linha com o seu compromisso de responsabilidade social, o ISEP tem procurado

acompanhando-os ao longo do seu percurso,

estreitar as relações com o tecido sociocul-

com destaque para as atividades do ISEP|GO.

tural envolvente, funcionando como instituição âncora para o desenvolvimento de

Ao nível do acolhimento, o ISEP|GO tem pro-

projetos inovadores e inclusivos com a co-

movido sessões de integração dos novos alu-

munidade local.

nos desde 2009 e aproveitou para apresentar agora o sucesso do Integra ISEP, no IST. Esta

Neste sentido, o Museu tem estado a traba-

iniciativa já envolveu mais de um milhar de

lhar com a Escola EB 2/3 de Paranhos para

novos estudantes e registou um crescimen-

possibilitar «uma abordagem multissenso-

to de 21% na adesão na edição de 2012. Um

rial», que «evite a exclusão», referiu Patrícia

destaque maior vai para a satisfação dos parti-

Costa, diretora do Museu.

cipantes, com 98% a considerarem a iniciativa boa ou muito boa.

«Estamos convictos de que a inclusão associada ao respeito pela diversidade muito irá en-

O exemplo do ISEP foi muito bem recebido

riquecer o nosso Museu. Usando informação

por parte das instituições presentes no en-

escrita e oral com diversos níveis de comple-

contro, em que participaram vários docentes

xidade e empregando meios de comunica-

dos institutos politécnicos de Coimbra e Lis-

ção visuais, orais, táteis e interativos, o Museu

boa e das universidades de Lisboa, Técnica de

cumprirá melhor os seus objetivos, comuni-

Lisboa, Nova de Lisboa, ISCTE e de Évora.

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28

BREVES

SEMINáRIOS ISEP SUSTENTávEL No âmbito do Plano de Ação para a Sustentabilidade (PASUS), o ISEP inaugurou um ciclo seminários dedicados ao tema da sustentabilidade. As primeiras sessões foram subordinadas aos temas “Educação Ambiental” (15 de maio) e “Edifícios Sustentáveis” (5 de junho). Estes seminários abertos ao público e com duração de uma hora, «têm como finalidade principal motivar a comunidade ISEP e toda a nossa envolvente a agir e pensar de acordo com os princípios da sustentabilidade», indica a organização. Marta Pinto (Centro Regional de Excelência – Porto) foi a oradora convidada da primeira sessão. A responsável pelo projeto “Futuro 100 000 Árvores na Área Metropolitana do Porto”, abordou a importância da educação ambiental e o contributo indispensável das instituições académicas. Para a segunda sessão, o ISEP recebeu Ricardo Sá, diretor-geral da empresa Edifícios Saudáveis, que abordou a mudança de paradigma na construção, assente na passagem dos “edifícios energeticamente eficientes” para os “edifícios sustentáveis”. Este ciclo deverá ter continuidade no novo ano letivo.

Mar e apresentou algumas das dinâmicas em

O estudo “Operations Research in Healthcare:

que o Instituto pode colocar a inovação tec-

A Survey” incide num problema de otimiza-

nológica ao serviço das empresas.

ção associado à transplantação renal cruza-

Cumprindo com a ambição de usar a engenharia para redescobrir as potencialidades do Mar, interpretar e criar soluções para os

da e integra o projeto KEP – New Models for Enhancing the Kidney Transplantation Process, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tenocologia (FCT.)

desafios do futuro, o ISEP tem trabalhado em diversas soluções que podem apoiar a criação

Para a docente do ISEP, «o interesse que o arti-

de riqueza, processos de modernização e de

go tem suscitado vem confirmar que a saúde

internacionalização.

é uma área em franca expansão dentro da investigação operacional».

Ao nível da engenharia química, o Instituto está a trabalhar em estudos no âmbito da

Com mais de 2500 downloads, “Operations

segurança alimentar para as indústrias pes-

Research in Healthcare: A Survey” lidera o

queira e conserveira e no desenvolvimento

ranking da International Transactions in Operational Research, superando em quase mil descargas a segunda publicação.

de biocombustíveis a partir de microalgas. A independência energética passa também pelo aproveitamento de energias limpas.

Este estudo resultou de uma colaboração de Em termos da robótica e sistemas autónomos,

Ana Viana com Abdur Rais, investigador da

o ISEP tem explorado potencialidades para

Universidade do Minho.

missões de salvamento e de inspeção submarina, que podem apoiar o aproveitamento da plataforma continental portuguesa. A engenharia mecânica será sempre um aliado das indústrias naval, pesqueira e conserveira. Também ao nível da engenharia geotécnica e geoambiente, são já vários os estudos apresentados relativos à conservação da costa, exploração sustentável de matérias-primas e preservação de recursos naturais. Foi assim com um espírito de partilha que o ISEP voltou a marcar presença no encontro que reúne especialistas nacionais e internacionais vocacionados para os assuntos do mar. O Fórum do Mar é organizado por dois parceiros do ISEP, a Oceano XXI e a Associação Empresarial de Portugal.

OPERATIONS RESEARch IN hEALThcARE: A SURvEy O artigo “Operations Research in Healthcare:

xIv GRANDE NOITE DO FADO AcADéMIcO

A Survey”, da docente do Departamento de

A vivência académica é algo que extravasa a

Engenharia Eletrotécnica (DEE), Ana Viana, foi,

aprendizagem na sala de aula e laboratórios.

pelo segundo ano consecutivo, o artigo com

Compreende também os momentos infor-

mais downloads na revista International Tran-

mais de aprendizagem, as amizades e conví-

sactions in Operational Research.

vios que se cultivam e a incorporação de um espírito coletivo e as suas tradições. Neste

«O ponto de partida para a redação deste arti-

sentido, o fado de Coimbra talvez seja uma

FÓRUM DO MAR

go foi a vontade que ambos os autores tinham

das maiores imagens de marca do ensino su-

em aplicar técnicas de investigação operacio-

perior português.

O Instituto Superior de Engenharia do Porto

nal a problemas da área de saúde. Ambos

participou pelo terceiro ano consecutivo no

conhecíamos problemas que poderiam ser o

No dia 24 de abril, o Grupo de Fados de ISEP

Fórum do Mar, que se realizou em Matosi-

ponto de partida para o nosso trabalho, mas

cumpriu com a tradição e promoveu a XIV

nhos, no final de maio. A presença reforçou

tínhamos curiosidade em descobrir outros,

Grande Noite do Fado Académico (GNFA),

o compromisso do ISEP com a Economia do

menos explorados», refere Ana Viana.

no Centro de Congressos do ISEP. A edição


BREVES

de 2013 prestou homenagem a José Mesqui-

várias são unânimes: o ISEP é uma escola de

ta e contou com participações de grupos do

eleição, com forte componente prática, es-

Porto e Coimbra.

pírito de união e capacidade para apoiar os

Iniciada em 1999, a Grande Noite providencia

the anchorage metal parts, either in stainless steel or aluminum, is also presented».

estudantes, elementos essenciais para formar

O livro está disponível através dos sites da

a próxima geração de líderes em Engenharia.

Springer e da Amazon.

um momento para a troca de experiências entre a atual geração de grupos do Porto e os

O vídeo “Queres Saber o que Significa Estudar

conceituados intérpretes e grupos de outras

no ISEP?” está disponível em: www.facebook.

academias. O objetivo fundamental desta ini-

com/engenhariaISEP e em www.ipp.pt/ipptv/

ciativa é mostrar o que de novo se faz pelo

view_video.aspx?id=158

fado no Porto e prestar homenagem a uma individualidade do fado.

O ISEP lançou o grupo Empreendedores ISEP em 2011, para divulgar casos de sucessos de

Este ano a honra coube a José Mesquita, pro-

empreendedorismo por parte de alunos e

fessor catedrático jubilado da Universidade

antigos alunos do Instituto. Miguel Rocha, da

de Coimbra, que se juntou a um painel que

M. G. Rocha – Engenharia e Construções foi o

integra Luiz Goes, Augusto Camacho Vieira,

mais recente exemplo.

Almeida Santos, Joaquim Pimentel, Manuel Alegre, Carlos Paredes, Ângelo de Araújo, Fer-

Licenciado em Engenharia Civil, em 2007, Mi-

nando Machado Soares, José Afonso, Adriano

guel Rocha é o fundador e sócio-gerente da

Correia de Oliveira, Francisco de Vasconcelos, José Henriques Dias, António Portugal e António Pinho Brojo. A XIV GNFA fez viver o fado por uma noite

STONE cLADDING ENGINEERING

no ISEP e incluiu ainda uma exposição foto-

O diretor do mestrado em Engenharia Civil,

gráfica alusiva a esta tradição académica tão

Rui de Sousa Camposinhos, publicou o livro

portuguesa.

técnico Stone Cladding Engineering, em julho de 2013. Editado pela Springer, esta obra de 167 páginas, escrita em inglês, inclui fórmulas e tabelas para a avaliação da capacidade de resistência de sistemas de fixação de placas em pedra natural dowel, undercut e kerf, apresenta métodos de dimensionamento às forças sísmicas e do vento em revestimentos e fornece uma introdução aos painéis de pedra natural pré-esforçados, uma invenção sua. Nesta sua obra são incluídos exemplos de cál-

qUERES SAbER O qUE SIGNIFIcA ESTUDAR NO ISEP? «Esta casa é bastante boa para estudar porque tem um grande ambiente de camaradagem»; «tem um ensino mais prático, que se adequa bastante ao que estamos a estudar que é engenharia»; «o ISEP está bastante orientado para a parte técnica, o que é bom em termos de emprego»; «as condições de estudos são ótimas»; «temos as oficinas que são fantásticas». Estas são algumas opiniões de estudantes sobre as mais-valias de frequentar o Instituto Superior de Engenharia do Porto. O Instituto publicou um vídeo na sua página de Facebook, com comentários de estudantes, sobre o que significa estudar no ISEP. As

EMPREENDEDORES ISEP: MIGUEL GOMES ROchA

culo práticos e os textos são acompanhados por 67 ilustrações. De acordo com a Springer, «this volume pre-

sents new methodologies for the design of dimension stone based on the concepts of structural design while preserving the excellence of stonemasonry practice in façade engineering. Straightforward formulae are provided for computing action on cladding, with special emphasis on the effect of seismic forces, including an extensive general methodology applied to non-structural elements. Based on the Load and Resistance Factor Design Format (LRDF), minimum slab thickness formulae are presented that take into consideration stress concentrations analysis based on the Finite Element Method (FEM) for the most commonly used modern anchorage systems. Calculation examples allow designers to solve several anchorage engineering problems in a detailed and objective manner, underlining the key parameters. The design of

M. G. Rocha. Esta empresa de obras públicas, infraestruturas, urbanizações, movimento de terras, construção civil e conservação/reabilitação, diferencia-se da concorrência pela sua capacidade para perspetivar um mercado conservador de forma inovadora. Questionado sobre a relação entre a engenharia e o empreendedorismo, Miguel Rocha identificou a engenharia como «a base da inovação e do empreendedorismo. Podemos ser engenheiros sem sermos empreendedores ou inovadores, mas um bom empreendedor/ inovador tem a arte do engenho como um bom engenheiro». Este diplomado ISEP acredita que «o empreendedorismo é uma competência que se desenvolve» e por isso «as escolas, desde a primária, têm um papel fundamental» e destaca o contributo das instituições de ensino superior, que «devem ser o principal eixo de todo esse mecanismo». Neste sentido, as grandes mais-valias da passagem pelo ISEP foram «o desenvolvimento de competências», a «troca de experiências vividas e a discussão de problemas reais». Ressalva o «o auxílio dos docentes» para acelerar «o desenvolvimento de projetos e ideias». Miguel Rocha descreve o empreendedorismo, como «a arte de empreender, de desenvolver e ir mais além». Descubra mais exemplos em: www.facebook.com/engenhariaISEP/ app_186981981345123. Se és um/a empreendedor/a ISEP, contacta-nos: gci@isep.ipp.pt

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PROVAS DE DOUTORAMENTO

SENSORES LUMINEScENTES PARA ESPécIES REATIvAS DE OxIGéNIO E AZOTO

SUSTAINAbLE AUTOMOTIvE cOMPONENTS FOR INTERIOR DOOR TRIMS

As espécies reativas de oxigénio e azoto são moléculas, iões ou radi-

Os biomateriais têm sido alvo de interesse, ao longo dos últimos anos,

cais responsáveis pelo regulamento dos processos biológicos e desen-

ao nível da investigação científica e tecnológica e ao nível industrial. O

volvimento de muitas patologias; em última análise provocam o enve-

aumento da preocupação ambiental e o uso excessivo de recursos pe-

lhecimento e a morte dos seres vivos. Dispor de ferramentas analíticas

trolíferos levou ao aumento do desenvolvimento de novos materiais,

que permitam detetar e quantificar é de importância fundamental

os biocompósitos, que terão uma grande importância futura.

para o progresso de inúmeras áreas relacionadas com a química nos sistemas biológicos. O objetivo do trabalho foi desenvolver sistemas

É um facto que, aliado à redução de peso, a indústria automóvel po-

sensores para estas espécies reativas, desde o sensor químico até à

derá beneficiar com a inclusão destes materiais nos automóveis, não

parte instrumental.

só devido ao receio instalado da diminuição e extinção das reservas petrolíferas, mas também devido à forte legislação que obriga a uma

Desenvolveu-se um sistema sensor para peróxido de hidrogénio com

incorporação cada vez maior destes materiais nos automóveis.

base em luminol, o qual foi imobilizado em nanoestruturas de sílica sintetizadas por um processo de Sol-Gel e detetada a quimiolumines-

Este tema apresenta um grande potencial, pois visa encontrar soluções

cência por sondas de fibra ótica remotas.

para um desenvolvimento sustentável, com preocupações ambientais, de modo a ser possível obter soluções biodegradáveis para os painéis

Sintetizou-se, ainda, com êxito, um novo sensor seletivo para o óxido

interiores dos automóveis.

nítrico – a fluoresceinamina reduzida. O sistema sensor químico/equipamento é simples e bastante económico, uma vez que se usou LEDs

Sendo o principal objetivo deste trabalho a criação de um biocompó-

como fonte de radiação e fibras óticas para conduzir a radiação.

sito capaz de poder substituir os atuais painéis interiores dos automóveis, o trabalho centrou-se na obtenção desse biocompósito, tendo em

Otimizaram-se vários processos de síntese de nanopartículas semi-

conta a redução de custos das matérias-primas e a manutenção dos

condutoras cristalinas bimetálicas (quantum dots), nomeadamente

processos de fabrico dos atuais painéis. Assim, foram estudadas mecâ-

de cádmio/telúrio e cádmio/selénio. Experimentaram-se várias estra-

nica e morfologicamente as misturas de PLA e PHA de modo a poder

tégias de síntese com novos estabilizadores, diferentes técnicas de

definir a melhor matriz para a aplicação em estudo.Seguidamente foi

recobrimento e, finalmente, funcionalização. Os quantum dots sinteti-

estudada a incorporação de fibras de celulose para se afinar as proprie-

zados apresentam um elevado rendimento quântico, logo, excelentes

dades necessárias.

candidatos para sensores fluorescentes para as espécies reativas de oxigénio e azoto.

Ao longo deste relatório, é possível encontrar uma descrição das várias tarefas realizadas no desenvolvimento deste projeto. O trabalho

Descobriu-se, ainda, que a lactose modificada é fluorescente e res-

desenvolvido iniciou-se com uma análise aprofundada na literatura

ponde seletivamente à presença do ião hipoclorito por extinção da

acerca de materiais biocompósitos. Em seguida, apresenta-se o traba-

fluorescência.

lho experimental realizado. A escolha da matriz e dos parâmetros de processamento, seguido do estudo da incorporação de fibras. Tendo o compósito definido terminou-se o trabalho com a produção de uma

Nome Abel José Assunção Duarte

peça para demonstrar a potencialidade destes materiais.

área científica Química

Em termos conclusivos verifica-se que a matriz composta por 70% PLA

Orientador Joaquim Esteves da Silva (UP)

a aplicação em estudo. A incorporação de 20% de fibra nesta matriz

Instituição de Ensino Universidade do Porto Data da Prova Fevereiro 2013

e 30% PHA (fração mássica) apresenta as melhores propriedades para melhora o comportamento térmico do material, provando assim que é possível substituir os polímeros de origem petrolífera por estes biocompósitos sem comprometer o comportamento mecânico dos painéis interiores de porta.

Nome Nuno Alexandre de Oliveira Calçada Loureiro área científica Engenharia Mecânica / Engenharia dos Materiais Orientador José Luís Soares Esteves (UP) Júlio César Machado Viana (UM) Satyabrata Ghosh (Carborundum Universal, Índia) Instituição de Ensino Universidade do Porto (ao abrigo do Programa MIT-Portugal) Data da Prova Maio 2013


PROVAS DE DOUTORAMENTO

SISTEMAS hIPERMéDIA ADAPTATIvA PARA SUPORTE DE AMbIENTES DE APRENDIZAGEM cONSTRUTIvISTAS

qUALIDADE E OTIMIZAçãO DO DESMONTE DE MAcIçOS ROchOSOS EM GEOTEcNIA MINEIRA

O objetivo deste trabalho foi o de implementar um sistema híbrido

A perfuração é uma das operações envolvidas no desmonte de rocha

inovador (PCMAT - Plataforma de Aprendizagem Colaborativa da Ma-

com explosivos. A forma como esta operação é executada é determi-

temática), que permitisse relacionar a representação do conhecimento,

nante para o sucesso do desmonte. Quando é realizada corretamente o

preferências de aprendizagem e estilos de aprendizagem do aluno com

desmonte produz superfícies limpas com o mínimo de sobrescavação

um Modelo Pedagógico (MP) dinâmico e regras de adaptação que usam

e perturbação. A seleção das ferramentas de perfuração é um dos fato-

objetos de aprendizagem compatíveis com a norma IEEE LOM, para me-

res preponderantes para os custos do desmonte de maciços rochosos.

lhorar a aprendizagem da matemática nas escolas de ensino básico.

O objetivo deste trabalho é demonstrar a interdependência entre os parâmetros petrofísicos, geotécnicos e geomecânicos do maciço ro-

A plataforma de aprendizagem implementada é baseada numa aborda-

choso e as tecnologias de perfuração de forma a otimizar tanto técnica

gem construtivista, acedendo ao conhecimento do aluno para mostrar

como economicamente. A forma como a perfuração é executada é de-

conteúdos e atividades adaptadas às caraterísticas e estilos de aprendi-

terminante para a boa fragmentação do maciço rochoso. Este estudo

zagem do aluno. O comportamento inteligente da plataforma depende

irá centrar-se na perfurabilidade do maciço, linearidade dos furos, ren-

da existência de uma descrição do aluno - o Modelo do Aluno (MA).

dimento e desgaste das ferramentas de perfuração e desenvolvimento de metodologias do ciclo de perfuração.

O principal resultado alcançado foi a definição e validação de uma nova estratégia de adaptação e arquitetura para a implementação de

Neste trabalho, discute-se a importância de uma abordagem integrati-

um Sistema de Hipermédia Adaptativa (SHA) educacional para melho-

va para fins de geoengenhara mineira em que foi aplicada a técnica de

rar a aprendizagem da matemática nas escolas de ensino básico, ao

amostragem linear em superfícies expostas do maciço num ambiente

nível do segundo ciclo em Portugal.

de uma exploração granítica. As áreas selecionadas para este estudo — Pedreira de Serdedelo (Ribeira, Ponte de Lima) e pedreira do Fojo

A materialização dos modelos desenvolvidos e a sua respetiva integra-

(Ferreira, Paredes de Coura), NW de Portugal — estão situadas nas pro-

ção permitiram dotar o PCMAT das seguintes funcionalidades:

ximidades de falhas geológicas regionais. Em todo os casos de estudo foram desenvolvidos numa plataforma SIG usando as seguintes ferra-

1. Mostrar conteúdos, atividades e definir a estrutura das hiper-

mentas: cartografia geoaplicada, técnicas de geologia estrutural, da ge-

ligações adaptados ao conhecimento e preferência de apren-

otecnia e da geomecânica mineiras e avaliação de geotecnologias. Esta

dizagem do aluno;

abordagem leva-nos a compreender a relevância da heterogeneidade do maciço rochoso para o dimensionamento da exploração a diferen-

2. Ajustar conteúdos e atividades ao conhecimento e às preferências de aprendizagem do aluno.

tes escalas. O controlo geomecânico do desmonte do maciço rochoso através de uma perfuração alinhada é salientado com o intuito de uma abordagem de geoengenharia integrada nos maciços rochosos.

A primeira versão da ferramenta já foi implementada, testada e avaliada em duas escolas de ensino básico, ao nível do segundo ciclo. Os resultados permitiram concluir que as estratégias de adaptação e arquitetura definidas neste protótipo permitem apoiar e melhorar o desempenho dos alunos em matemática no ensino básico, ao nível do segundo ciclo. Este projeto mostra como as técnicas de área dos SHA podem melhorar os sistemas de e-learning no ensino básico, ao nível do segundo ciclo.

Nome António Carlos Reis Galiza Carneiro área científica Geotecnia de Maciços Rochosos Orientador Fernando Rocha (UA) Hélder Chaminé (ISEP) Instituição de Ensino Universidade de Aveiro

Nome António Constantino Lopes Martins área científica Ciências da Engenharia e Tecnologias Orientador Eurico Carrapatoso (UP) Luiz Faria (ISEP) Instituição de Ensino Universidade do Porto (ao abrigo do Programa MIT-Portugal) Data da Prova Junho 2013

Data da Prova Julho 2013

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