Eis que era tudo muito bom.
Ismael Roselei de Carvalho
MUITO
E era BOM
(coisas de casais)
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Ismael Roselei de Carvalho
Eis que era tudo muito bom.
ISMAEL ROSELEI DE CARVALHO
EIS QUE ERA MUITO BOM Coisas de casais.
Bernardino de Campos. 2017
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Ismael Roselei de Carvalho
DEDICATÓRIA
“Aos meus mestres, de longe e de perto, e ao Espírito Santo que nos ensina o que é bom, minha gratidão.” O autor
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INDICE: Introdução E eis que era muito bom. O que começa errado, tende a não dar certo. Um marido abençoado, não perfeito. Deus oportuniza e ilumina, você escolhe. Beleza e cura para ela. O casamento real mais perto do ideal. A costela dele achada nela. O mal com o bem se paga Vingança é prato que...não se come. União ou unidade? Um amor que não passa. Tempo de ajustamento. Proibida entrada de estranhos Poema para dias cinzentos. O marido, um libertador. Deus romântico? Aprenda a brigar bem. Conselho de amigo. Bonitos e felizes. Conclusão Dados sobre o autor.
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INTRODUÇÃO
A família, indubitavelmente, é a instituição mais importante que temos aqui neste tempo de vida. E são muitos os inimigos que se empenham para destruir os valores que ela possui, pelo simples fato da família ser criação de Deus. Ser criação de Deus por si só, é motivo suficiente para que os inimigos se levantem para desfazer o que Ele fez. E assim, como forma de neutralizar, ao menos um pouco, esse esforço do mal, e também, como forma de honrar o Criador, esse livro vem ao encontro das necessidades de consolidação de princípios e valores. E assim possibilitar um relacionamento que os leve a um fortalecimento, maturidade, e alegria perene. Que a permissividade e perversidade proposta pelo presente século, não tenham poder de destruir, ainda que possam arranhar, a obra prima de Deus, que é um lar bem ajustado, com o casal se amando e gerando filhos para Deus e não para a calamidade.
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E EIS QUE ERA MUITO BOM. E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom; e foi a tarde e a manhã, o dia sexto (Gênesis 1:31) À medida que Deus ia criando os elementos que constituiriam o universo, e, por conseguinte, a Terra, ao final do dia, Ele observava a obra de sua criação e via que era “bom” aquilo que tinha criado. No dia que criou a humanidade, homem e mulher os criou, ao contemplar a criação, com destaque para a presença do casal, viu que não era apenas “bom”, mas sim, “muito bom”. A existência do casal fez a diferença no conceito de Deus. O homem sozinho não chamou tanto a atenção de Deus, mas com a mulher mexeu com o coração do Criador. Diante do que está escrito me permito a imaginar Deus olhando para eles e exclamando: “Hum, estava bom, mas agora, que maravilha! Perfeito! Lindo!” O casal é a coroa, o melhor de tudo que Deus criou. É por isso que podemos crer e investir no bem do casamento, pois o próprio Criador disse que era muito bom e se Ele disse é porque sabia o que estava dizendo. Todos os casais devem tomar para si esta observação Divina e pensar: “Meu casamento é algo muito bom, vou investir nele para conformá-lo ao que disse Deus.” A palavra chave para o sucesso do casamento é investimento, fazendo dele uma prioridade. Essa palavra, prioridade, tem sua origem no latim “priore” e significa a condição do que é o primeiro em tempo, ordem, e dignidade. É o primeiro, o principal, e o mais importante, e lembro tal palavra
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existe apenas no singular, exatamente pelo fato de não ser possível haver mais de uma prioridade, se houver , já não é prioridade. Investir no casamento é o que e o quanto se oferece para que ele seja “pra sempre” e com prazer. A relação do casal vem antes em tempo, dando a entender sua urgência, aquele que se atende primeiro, e ocupa o primeiro lugar na lista de coisas importantes, e por fim, sua dignidade, algo de elevada nobreza e merecedor do maior respeito. Muitos casais vivem juntos uma vida, mas nem todos têm a consciência desse nível de valor e assim a relação permanece na marca da mediocridade. Num bom casamento está o nascedouro de outras coisas valores e relações importantes, como filhos, amigos, trabalho, igreja e outros bons relacionamentos. Além disso, um bom casamento proporciona saúde menA relação do casal vem antes em tal, pessoas ale- tempo, dando a entender sua urgêngres e felizes, gen- cia, aquele que se atende primeiro, e ocupa o primeiro lugar na lista de te de bem com a coisas importantes, e por fim, sua vida. Os filhos dignidade, algo de elevada nobreza num casamento e merecedor do maior respeito. bem ajustado são filhos centrados que andam na luz, admiráveis, e que serão adultos maravilhosos que tomarão parte na construção de um mundo melhor, serão filhos que darão prazer aos seus pais. Quando o casamento vai bem, outras coisas o seguem.
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O QUE COMEÇA ERRADO, TENDE A NÃO DAR CERTO. E disse Sarai a Abrão: Eis que o Senhor me tem impedido de dar à luz; toma, pois, a minha serva; porventura terei filhos dela. E ouviu Abrão a voz de Sarai. Assim tomou Sarai, mulher de Abrão, a Agar egípcia, sua serva, e deu-a por mulher a Abrão seu marido,...Gênesis 16:2,3 Agar, a escrava, passou a desprezar Sara logo que engravidou. É muito interessante esse momento. Sara era senhora, mas tornou-se escrava de Agar quando tomou emprestado seu útero. Cumpriu-se o que Provérbios 22.7, quem toma emprestado torna-se escravo daquele que emprestou. Aprendemos aqui muitas lições, primeiro é não se tornar escravo agindo afoitamente, deixando de esperançar em Deus. Isso vale para todas as situações da vida. Sara não quis manter firme a esperança e a paciência até que a promessa se cumprisse e desse a luz a um filho. A paciência é uma das virtudes onde o tempo é absolutamente necessário. E na prova do tempo, Sara foi reprovada, impaciente não soube esperar. A escrava Agar parece que foi usada, injustiçada, e quando pôde cobrou seu preço. Gostamos quando lemos no evangelho de Marcos que as bênçãos, sinais e maravilhas seguem aqueles que creem, mas é preciso lembrar que nossas maldades também nos alcançam com suas consequências. Elas sempre nos acham. Sara e Abraão erraram feio nessa decisão que saiu da raia do pecado do adultério e poligamia e chegou as raias da maldade em fazer usura da escrava que
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foi tratada como sendo não humana, desprovida de sentimentos. Como poderia alguém que não é humano, é coisa, é propriedade, e ainda assim gerar um filho humano para Abraão. A coerência é umas das virtudes mais belas dos que temem a Deus. Nossos pensamentos, palavras, e atitudes tem que ser condizentes com nossa condição de filhos de Deus, independentes de nossos objetivos. Quando a escrava grávida começa a se sentir gente, vem logo o desejo de competir com a sua dona, então a despreza. Diante disso Sara coloca culpa em seu marido, sendo que na verdade foi ela quem jogou a escrava nos braços dele. Nas crises conjugais, geralmente, há mais de um culpado, e, costumeiramente, poupamos a nós mesmos e culpamos o parceiro, e isso não é justo. A serva pertencia a Sara, mas preferiu acusar o marido e exigir sua intervenção. Queria que o marido Abraão resolvesse um problema que ela deu causa estando em suas mãos o poder de resolvê-lo. Especialmente quando um homem é maduro, ele detesta ser acusado de algo que não fez, ou que pelo menos não tem culpa sozinho, muitos casamentos se rompem por causa disso. Preste atenção, não se precipite diante de erros cometidos, assuma sua parcela de culpa e Nossos pensamentos, palabusque soluções vras, e atitudes tem que ser condidiscutindo o pro- zentes com nossa condição de filhos blema e não acude Deus, independentes de nossos objetivos. sando alguém. Sara achou que poderia começar uma família usando sua serva, foi um mau começo. Aquilo que começa errado tende a não dar certo. O que você está tentando construir tem uma boa base de amor, há firmeza, alguém está sendo ferido, direitos estão
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sendo preservados, os riscos foram calculados, e se tem risco é possível ter o controle deles, e por fim, é justo? Pense nisso, para que algo dê certo não se deve começar errado. Mas digamos que você começou errado um relacionamento, e agora? Bom, embora não seja possível voltar ao passado para fazer o certo, mas é possível, recomeçar certo. Penso assim, feche o ciclo de coisas más que vem ocorrendo, perdoem-se pelos erros, e façam nova proposta, com novos planos. Realinhem seus desejos e intenções, deixem claro o que se quer individualmente, comprometam-se com a relação e sigam em frente. É verdade que o que começa errado tende a não dar certo, mas isso não é uma fatalidade, é possível reverter o processo, apenas vai precisar de um maior investimento para corrigir o destino.
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UM MARIDO ABENÇOADO, NÃO PERFEITO. E aconteceu que, chegando ele para entrar no Egito, disse a Sarai, sua mulher: Ora, bem sei que és mulher formosa à vista; E será que, quando os egípcios te virem, dirão: Esta é sua mulher. E matar-me-ão a mim, e a ti te guardarão em vida. Dize, peço-te, que és minha irmã, para que me vá bem por tua causa, e que viva a minha alma por amor de ti. E aconteceu que, entrando Abrão no Egito, viram os egípcios a mulher, que era mui formosa. E viram-na os príncipes de Faraó, e gabaram-na diante de Faraó; e foi a mulher tomada para a casa de Faraó. Gênesis 12:11-15 Abraão é conhecido como o Pai da Fé, um cara incrível, amigo de Deus, obediente, respeitado no lugar, cheio de promessas em sua vida, porém, um ser humano. E no texto bíblico acima temos Abraão, ao que me parece, numa flagrante falta de fé, usando de meia verdade (mentira) ao dizer que Sara era sua irmã e assim não corresse risco de morte, vez que ela era mulher desejável. Abraão não confiou que Deus o guardaria? Esqueceu-se da promessa? Tudo que indica que sim. Nossa humanidade faz com que não sejamos perfeitos, sempre suscetíveis a erros, más escolhas, e outras bolas foras. Ninguém olhe para si mesmo como alguém todo suficiente, isso não é possível. Tanto o marido como a esposa, não deve esperar perfeição de quem é imperfeito, nunca idealizar que o outro irá suprir todas suas carências e necessidades, e
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nem tampouco imaginar que irá acertar sempre. Um marido, como homem que é, tende a achar que é todo suficiente em termos de relacionamento, podendo suprir completamente sua esposa com relação a interagir com pessoas. Alguns chegam a pensar que ver gente, rir com amiTanto o marido como gas e amigos, estar a esposa, não deve esperar com parentes, visitar e perfeição de quem é imperfeito, nunca idealizar que o outro ser visitada, não é uma irá suprir todas suas carências necessidade, mas tenho e necessidades, e nem tampouuma informação àqueco imaginar que irá acertar les que assim pensam, sempre. vocês estão enganados. Em situações normais, gente gosta de gente e esposa, antes de ser esposa é gente. Somente Deus é capaz de suprir todas as necessidades de alguém. Portanto não seja o opressor dela nesse sentido, mas seu libertador, como bom marido que é. Compreender e perdoar o outro quando errar se faz necessário. Esteja pronto para isso, porque, certamente, ambos falharão em algum momento. Bom, pior do que fazer más escolhas trazendo prejuízo para nós mesmos, é causar danos na vida daqueles que estão perto da gente, como foi o caso de Abraão que com sua mentira expôs a risco aquele que o acolheu no momento da fome. Todo empenho deve ser realizado para não prejudicarmos inocentes com nossos erros. Tenho por hábito orar a Deus pedindo que me ajude a não errar feio demais, cometendo erros irreparáveis, ações que gerem prejuízos para inocentes. Nossas decisões e escolhas são como lançar uma pedra no lago, geram ondas, mais fortes ou mais fracas, alvissarei-
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ras ou destruidoras, e o nosso entorno será alcançado por essas ondas. Daí o cuidado com tudo o que fazemos para que vidas não sejam transtornadas por ondas que criamos. Costumo dizer que assim como as bênçãos seguem as pessoas que tem fé, trazendo a existência coisas poderosas, mas, a maldade também tem o poder de seguir pessoas trazendo destruição. Tem indivíduos que entram num ambiente e parece que a presença deles encheu o lugar, trazendo bem estar e alegria, já outros, sua chegada mais parece a entrada de um elefante numa relojoaria, um desastre. Há maridos que sua chegada é esperada com ansiedade por ela e pelos pequenos, mas também tem alguns que despertam temor, especialmente pela sua imprevisibilidade, nunca se sabe como estará o seu humor. As leitoras deste livro terão marido imperfeito, mas tomara que seja perfeitamente amável, homem que provoque saudades. E aos maridos, recomendo, lembre-se da pedra no lago, e reflita que tipo de onda você gera em seu lar, e em suas relações, que sentimentos são esses que você está provocando.
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DEUS OPORTUNISA E ILUMINA, VOCÊ ESCOLHE. E disseram: Chamemos a donzela, e perguntemos-lho. E chamaram a Rebeca, e disseram-lhe: Irás tu com este homem? Ela respondeu: Irei. Gênesis 24:57,58 Algumas pessoas tem convicção de que existe uma pessoa certa para cada pessoa. Chegam até a crer que se um casamento não deu certo é porque não era a pessoa escolhida por Deus. Quando o relacionamento vai a “mil maravilhas”, então, parece muito espiritual e romântico um amor chancelado pelo próprio Deus. Porém, e quando não dá certo, aí as coisas ficam mais complicadas, estaria Deus tratando com desigualdade seus filhos, abençoando um e amaldiçoando outro? Creio que Ele não faz isso. Ele nos deu a capacidade de decidir, escolher e se responsabilizar por isso. É o livre arbítrio. Veja, essa história da “metade da laranja” faz parte do imaginário na mitologia grega, onde se acreditava que existia a pessoa certa para alguém se casar e esse pensamento de alguma forma chegou entre os cristãos. A família de Abraão idealizou uma mulher para se casar com Isaque, teria que ser alguém entre seus parentes, e debaixo de oração mandou um servo procurar a tal moça. Quando foi encontrada, precisava agora saber se ela gostaria de conhecer e se casar com Isaque, e ela, disse sim. A escolha final foi da pretendida. A Bíblia diz que Deus é a testemunha e não parceiro da aliança entre o homem e sua mulher, assim, que Ele ilumine as escolhas e nos ensine o amor.
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A meu ver, Deus cria situações e oportunidades, viabiliA Bíblia diz que Deus za encontros, mostra pessoas, é a testemunha e não mas a decisão final é do inteparceiro da aliança ressado, daí importa estar alientre o homem e sua nhado com Ele. Penso que se mulher, assim, que crermos que é Deus quem esEle ilumine as escocolhe o futuro cônjuge, signilhas e nos ensine o fica dizer que aquele casaamor. mento vai dar certo sempre, independente do meu cuidado ou falta dele, pois foi Deus que escolheu então vai prosperar. Creio que mesmo naquelas coisas que, certamente, foi Deus que nos deu, se não cuidarmos, vamos perder. A saúde é um bom exemplo disso, Ele nos dá um corpo saudável, mas não cuida não e verá sua partida antecipada. É romântico ouvir isso: “Nosso amor estava escrito nas estrelas”, mas em se falando de amor é bom ter a cabeça nas nuvens, mas é ainda melhor ter os pés no chão. Amor é como a flor, precisa de cuidados especiais para ser lindo. Ademais, Deus não vai fazer o papel de marido ou de esposa, isso é coisa para humanos. E porque é importante pensar que somos nós que escolhemos aquele(a) com quem passaremos o resto de nossos dias sobre a face da terra? Exatamente pelo compromisso e responsabilidade que temos com nossas escolhas. Sendo Deus quem escolhe para mim, que compromisso tenho com a escolha Dele? Entretanto, se a escolha foi minha, estou comprometido com o resultado.
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BELEZA E CURA PARA ELA. Então te lavei com água, e te enxuguei do teu sangue, e te ungi com óleo. E te vesti com roupas bordadas, e te calcei com pele de texugo, e te cingi com linho fino, e te cobri de seda. E te enfeitei com adornos, e te pus braceletes nas mãos e um colar ao redor do teu pescoço. E te pus um pendente na testa, e brincos nas orelhas, e uma coroa de glória na cabeça. E assim foste ornada de ouro e prata, e o teu vestido foi de linho fino, e de seda e de bordados; nutriste-te de flor de farinha, e mel e azeite; e foste formosa em extremo, e foste próspera, até chegares a realeza. Ezequiel 16:9-13 Gosto de atentar para a forma como Deus trata sua mulher (Israel), aprendo muito com ele. Deus é um marido espetacular, cuida da beleza exterior, embelezando sua esposa com brincos, braceletes, roupas finas, colar, e olha, tudo coisa de primeira, super da moda, alta costura, muita qualidade. É verdade que Ele é dono do ouro e da prata, e nós homens, não temos tanta suficiência financeira assim, mas aquilo que nós amamos, priorizamos. Com boa vontade, sempre dá pra dar um jeito e destinar uma grana extra para ela, afinal, é um investimento. Investimento é aquilo que dá bom retorno. Mas não é só isso que o Deus marido faz, cuida também de sua saúde, ofertando-lhe alimentação natural, flor de farinha, mel e azeite, até que se pareça com uma rainha. Demais né? Sabemos que uma mulher sentindo-se bela, vai internalizar essa beleza, tendo como consequência um bem estar emoci-
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onal indizível. Tudo que o marido fizer por ela retornará para ele em forma de prazer.
Na sua primeira epístola PeO homem se sente dro fala da prioridade que orgulhoso em estar acompanhado de uma mulher bem deve ser dada a beleza intecuidada, e toda mulher se rior, sem, contudo negar a achando bela, gratificada, exterior. dará retorno em amor. Assim, o casamento deve ser razão de beleza, crescimento e cura para ela, orgulho e dignidade para ele. O bem estar de uma esposa saudável e bela, uma mulher elegante no seu agir, fala muito sobre o marido que ela tem. De alguma maneira ela reflete quem ele é, e chego a acreditar que é exatamente isso que Deus espera quando nos ensina sobre o seu relacionamento de marido com sua esposa Israel e sobre o amor de Cristo pela sua noiva a Igreja. Tudo é feito como uma “dica Divina” para os maridos aprenderem como se portar diante de uma esposa.
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O CASAMENTO REAL MAIS PERTO DO IDEAL. “Quem é esta que aparece como a alva do dia, formosa como a lua, pura como o sol, formidável como um exército com bandeiras? Quem, pois, é esta que vem subindo do deserto, apoiada no seu amado?” Ct 6-10, 8:5 Entre o que se sonhou para o casamento e a realidade que se vive pode haver uma grande distância. A magia está na moderação daquilo que se sonha e o aceitar do outro com suas imperfeições e fragilidades, estando pronto a perdoar quando necessário, esse é o segredo. O amor tem esse poder transformador, ele promove o crescimento, possibilita transformações e assim aproxima o ideal do real. O amor considera e vai à busca do melhor dentro do melhor que cada um possa oferecer. Valores como beleza, saúde, educação, cultura, entre outros, são coisas que se adquire, é questão de um novo olhar, um olhar de carinho e um pouco de investimento. Isso é viver a realidade buscando não um conto de fadas, mas um ideal possível. O começo de tudo chama se aceitação da humanidade do outro com sua necessidade de crescer. Minimizar aquilo que não é bom, mas que carrega consigo, vícios, descontroles, falta de limites, teimosias e outras situações também faz parte das necessidades de transformações. Esses textos de Cantares acima, a mim me parecem que falam de uma mulher que se fez brilhante acompanhada de um homem de não menor brilho, e que juntos sobem do deserto. Ele vem do palácio, tem sangue azul, ela vem do deserto e das agruras da vida, mas ele a encontra no seu deser-
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to e a faz subir dali, revestindo-se, eles, da glória dos vencedores, como um O amor tem o exército com bandeiras. Ela se faz for- poder de promover o crescimidável com o apoio dele, brilhante co- mento, propor mo o sol, e apaixonante como a lua. E transformações ele, um homem admirável. O deserto e assim aproxinão foi capaz de vencê-los. A mutualida- mar o ideal do real. de cuidadora fez isso por eles. O ideal pode indicar um sonho possível a ser buscado, mas sempre considerando a humanidade do outro e vivendo a realidade dentro do melhor que ela possa oferecer, conforme ensina o pensador Mario Sérgio Cortela: “É o teu melhor na condição que você tem enquanto não tem condições melhores para fazer melhor ainda.” O amor é capaz de dar suporte para os avanços que o casal desejar. Amor aliado a sabedoria produz um grande efeito. Uma mulher fazendo uso desses dois recursos extraordinários provoca mudanças fantásticas no seu homem. Ela ama e sonha, mas de repente, seu homem está precisando de um polimento, e ela consegue, não batendo de frente, mas fazendo algo efetivo por ele, outras vezes fazendo com ele. Muitos homens não tiveram motivos suficientes para mudar a si mesmos, quem sabe é isso que faltou, um bom motivo, e a mulher pode ser esse motivo. Outros foram severamente influenciados pelo meio em que viveram e isso desfigurou alguns valores importantes. Falo de homens sendo transformados porque geralmente as mulheres são as que mais reclamam e estão a fim de trabalhar para fazer dele um homem mais ajustado. É obvio que mulheres também precisam de melhorias no seu ser, algumas há que se dessem uma lapidada em seus excessos nega-
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tivos seriam muito mais bonitas e apaixonantes. Para o homem é um grande prazer estar com uma mulher que sabe entrar e sabe sair, cuja elegância não está nas roupas de grife, mas nos gestos finos e delicados, no falar baixinho, na educação, e num olhar carinhoso, coisas assim fazem toda a diferença. Outro dia li num site dez dicas para ser uma mulher elegante e fiquei estarrecido com a superficialidade, o autor do texto propunha roupas, batons, sapatos, maquiagens, cores, e unhas. Tudo isso faz parte, é bom, mas não é isso que faz uma pessoa elegante. Elegância não é coisa que se veste, mas que se traz consigo. A elegância se vê na maneira como trata as pessoas, como lhes saúda, como se porta nos mais variados ambientes, desde um funeral até uma festa, tem a ver com atitudes, está no saber usar o tom de voz e também o silencio. Uma pessoa elegante transita num ambiente de maneira tal que parece que desliza entre os presentes. Seus gestos são delicados e há ternura e bondade no seu olhar. Infelizmente, por conta da queda de braço entre machismo e feminismo, ambos detestáveis aos meus olhos, pois creio apenas na masculinidade e na feminilidade, mulheres que poderiam ser chamadas de belas estão se portanto como homens, e pior, homens mal educados, quando abrem a boca falam tantas obscenidades que a elegância vai por água abaixo. E muitas estão entrando por esse caminho, como se grosserias fosse padrão de conduta desejável. Bom, o certo é que homens e mulheres podem ser melhores um para o outro, com a finalidade de serem agradáveis aos olhos e ao coração, mas que também, não se pode exigir mais do que aquilo que seria o razoável, nem deixar de viver um grande amor, por estar ocupado demais sonhando
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com algo irreal. Ouvi alguém dizer: “cabeça nas nuvens, mas pés no chão”, e concordo com isso. Penso que o segredo é ir desfrutando da companhia um do outro, mas sempre evoluindo aqui e ali, de maneira que logo terão uma maturidade relacional interessante. Quando leio Cantares de Salomão, encontro a Sulamita dizendo a respeito de seu homem: “Sim, ele é totalmente desejável, seu falar é muitíssimo suave”, entendo que está falando de um coração acessível, que seduz e desperta paixão, alguém que é cortês e cordato. E ele falando dela com orgulho: “ Muitas são as mulheres, mas para mim você é a única”. Viver um grande amor é isso, é viver a realidade, mas não se acomodar, e sim, crescer sempre, acrescentando valores atrativos para o casamento, aquilo que pode tornar um casal comum num casal admirável, que pode elevar o nível afetivo de um casamento, colocando-o no patamar dos acima da média.
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A COSTELA DELE ACHADA NELA. "Todavia, nem o homem é sem a mulher, nem a mulher sem o homem, no Senhor” I Corintios 11.11 O homem foi feito do pó, a mulher do homem, e isso, conforme meu entendimento, dá ideia de valorização a ela e igualdade entre eles, filhos do mesmo Pai. O homem recebeu o sopro Divino após ser criado, o Espírito de Deus nele, e a mulher também recebe essa Presença acolhendo em seu corpo parte do corpo do homem. Creio que ser originado do humano que traz consigo o Espírito de Deus fala de sua significância, e transmite ao homem um recado: “ Proteja essa mulher porque ela é parte de você e de mim também, estamos nela, por isso cuide.” A costela fala de uma codependência, eles já não podem ser plenamente felizes se tentarem viver uma vida independente. É a materialização de um vínculo existencial a ser celebrado sempre, de maneira que ele olha para ela e se lembra que tem algo dele ali, e talvez por isso esse desejo do homem pela mulher, quem sabe se comporte como que a buscar de si mesmo e do qual necessite para viver. Li um texto, gostei e compartilho aqui: “ Ela foi dotada de idoneidade, ou seja competente para atende-lo em sua necessidade de ajuda, e não há machismo ou demérito nisso, apenas questão de posição, vez que ambos são iguais diante de Deus, porém diferentes em seus papéis. Li algo interessante recentemente: “O homem não precisa de uma esposa sem opinião, pois ele tem animais de estimação para isso. Ele precisa de conselhos sábios em consideração as decisões. O homem não precisa casar-se
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com um objeto sem sentimentos, pois, ele já tem bens materiais. Ele precisa de uma pessoa sensível para com as suas próprias necessidades para respeitá-la e com a qual ele possa amadurecer. Ele não precisa de uma cabeça, pois Deus é a cabeça de todo o homem. Ele precisa de alguém com intenções amáveis e construtivas que o encoraje e estimule a ser tudo o que Deus o criou para ser.” (Pr. Calvin Gardner). Convenço-me ainda mais desse dever do homem, pois as costelas é uma grande caixa óssea que protege órgãos vitais como o coração e os pulmões, além dos grandes vasos. Sua função protetora estende-se também ao fígado e ao estômago, órgãos situados no abdome, percebe a mensagem? O homem tem ombros largos, peitoral musculoso, braços e pernas fortes, exatamente para poder desempenhar seu papel de “lavrar e proteger”. O homem está relacionado a trabalho, daí alguns confundirem o trabalho como sendo a razão de sua existência, fazendo dele seu objetivo de vida, a ponto de confundir trabalho com lazer, de maneira que se não estiver trabalhando hora e horas a mais, se torna infeliz. Já ela tem cintura larga para poder acomodar sua cria, está fisiológica e anatomicamente preparada para acolher em seu ventre uma nova vida. Assim, o homem que protege e prove pra sua esposa tem cumprido seu papel, mas note, proteção que se exige dele, vai além da proteção física, é também emocional e espiritual, e desse modo também, a provisão, vai além do alimento, requer que ela seja provida de paz, contentamento, e alegrias.
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O MAL COM O BEM SE PAGA “A ninguém devolvei mal por mal.” Romanos A ninguém devolvei mal por mal. 12.17
A Bíblia traz alguns conceitos que algumas pessoas têm dificuldades de conceber, e esse texto acima é um deles. Re realmente é difícil, é preciso estar andando com Deus para poder vivencia-lo. O mal se paga com o bem, esse é um dos principais valores ensinados pelas Escrituras, entretanto, sabemos que somos tentados a retribuir com a mesma moeda, e aquela vontade de dar o troco é quase irresistível. Pagar o mal com o mal, aumenta o volume do mal, e não põe fim a questão, pois dá argumentos para o seu oponente voltar a agredir, ferir, provocar, o que for, e assim, a coisa vai se replicando, triplicando e as ofensas se amontoando. Ajustar nossos conceitos e valores aos da Palavra de Deus é questão de sabedoria, pois Ela tem sempre razão. Fomos ensinados a oferecer a outra face quando somos esbofeteados, e isso não é necessariamente uma expressão literal sobre o mal que recebemos, mas, nos mostra um caminho de paz. É oferecer algo bom quando receber o mal, é ser capaz de superar a dor e a vergonha e mostrar que seus valores são maiores e melhores. Ser inteligente, nesse caso, é esperar uma oportunidade, e elas sempre surgem, e aí, sem nenhuma arrogância, cobrança, ou presunção, você põe pra fora de si o que tem de bonito no seu coração, coisas como perdão, reconciliação, busca da paz, e outros, e sai dessa crise como um gigante. Também aprendemos com Cristo que se alguém te forçar a andar com ele uma milha, ande duas, pois na segunda milha, andando de boa vontade, os papeis se inverterão, aquele que
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era o maior se tornará o menor, e o menor se tornará maior. Durante a segunda milha é que é dada ao seu opositor a oportunidade de se arrepender. É claro que tem situação que isso começa a não funcionar em virtude do total desprovimento de virtudes do outro, então, nesse caso, especificamente, creio que se deva andar a segunda milha, porém, não todas as milhas, uma mudança de estratégia para a paz deve ser pensada. Quem nunca experimentou uma situação onde havia um mal estar, um clima de hostilidade com alguém, e de repente, esse alguém, lhe faz um bem inesperado, e aquilo desmonta seus argumentos contrários e te obriga e lançar fora as pedras que trazia nas mãos. Pois é, exatamente, essa a proposta. Fogo que se apaga com fogo contrário, é técnica para apagar fogo em coisas, mas não em coração de pessoas. A melhor técnica para apagar fogo em coração de pessoas é o abafamento, ou o resfriamento, e/ou ainda, a retirada do material combustível. Pergunte a um amigo bombeiro e ele confirmará isso. Abafamento é quando um dos envolvidos se aquieta e não dá importância a tudo que se disse ali; resfriamento é quando se propõe a paz, sem vencido e vencedor; e a retirada do material é a mudança de comportamento, é não dar mais causa para a contenda.
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VINGANÇA É PRATO QUE...NÃO SE COME.
Amados, nunca procurem vingar-se, mas deixem com Deus a ira, pois está escrito: "Minha é a vingança; eu retribuirei", diz o Senhor. Romanos 12:19
De vez em quando ouvimos alguém cheio de suas próprias verdades dizer frases parecidas com essas: “Vingança é um prato quente que se come pelas beiradas”, “ A sua hora vai chegar”, “O que é seu está guardado”, “Dor de barriga não dá uma vez só”, “O mundo dá muitas voltas”, e junto de frases assim, sempre um tom ameaçador. Pois bem, esses pensamentos são irracionais e despertam para a inimizade, o fomento das intrigas. Na vingança, os homens e mulheres são diferentes, os homens tem a ideia de destruir por completo o seu oponente, é reação imediata e impulsiva. A mulher se arma com atitudes de desprezo, fofocas e planos de vingança. Isso tudo passa a fazer parte do seu pacote de maldades. Todo tipo de vingança é mau, seja do homem ou da mulher. Ela instala no coração das pessoas a mágoa e a raiva, sentimentos nocivos que primeiro destroem as emoções, e depois trazem doenças para o corpo físico. Quando estamos certos numa questão e fomos injustamente prejudicados, houve rupturas de relacionamento, a recomendação é orar pelo inimigo. Quando oramos pelo inimigo, ao depararmos com ele, a raiva já não se manifesta com a mesma intensidade, porque há um conflito dentro de nós, como posso ficar com raiva de alguém por quem estou orando. Esse é o segredo
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para se libertar. Continue orando, a raiva e a mágoa vão diminuindo até deixar de existir, e assim também o desejo de vingança. Vou contar um fato: Em Roma, quando alguém matava sem justa causa, havia uma condenação onde o morto era amarrado nas costas do homicida, e este era solto pelas ruas da cidade. Detalhe, ninguém poderia lhe dar alimento ou água. E assim, ele perambulava pela cidade com o defunto nas costas. Nem sua família poderia ajudá-lo. No início dava a impressão que ele, homicida, estava numa posição privilegiada, pois destruiu aquele que o feriu. Passado não muito tempo, a putrefação do defunto e os vermes acabavam entrando no corpo do homicida e assim, ele também acaba morrendo. O que isso importa para nós hoje? Pessoas estão carregando defunto em suas costas quando não perdoam, ou passam a vida com espirito de vingança. Acham que estão com a razão, não perdoam, pensam em vingança e assim perdem o sentido da vida, e logo estarão mortos por causa daquilo que carregam consigo. Quando se tem certeza que foi injustiçado, lembre que a Bíblia diz que o Senhor é o teu vingador. Ele é quem se encarregará de fazer justiça. Não tome para si esse pretenso direito, entregue a Deus. Quando tento resolver através da minha vingança, é um indicativo que confio que sou mais competente para fazer juízo do que Deus.
Eis que era tudo muito bom.
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UNIÃO OU UNIDADE? “Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho. Porque se um cair, o outro levanta o seu companheiro; mas ai do que estiver só; pois, caindo, não haverá outro que o levante” Eclesiastes 4:9-10
Um grupo social é formado pela reunião de pessoas que não querem ficar sozinhas no palco da vida, e por isso interagem com outros da mesma espécie e desenvolvem com eles um senso de pertencimento de maneira a se fortalecerem mutuamente, e assim, aumentam a segurança e melhor desenvolvem suas potencialidades. Os grupos podem ser formais ou informais. Os informais são os grupos que surgem voluntariamente dentro do grupo formal. Aqueles onde as pessoas se escolhem, preferem a companhia um do outro, elas se aproximam por causa das afinidades, gostam de estarem juntas. Elas não são obrigadas, não há dever de estarem ali. Esse grupo é duradouro e o seu ultimo estágio é a sintalidade, que defino por “personalidade do grupo”. A forma positiva como interagem no seu mundo privado, que por sua intensidade se faz perceber também em suas vidas pública. Sintalidade é a identidade de um grupo, ao que aqui preferimos chamar de unidade. Vou dar um exemplo, todos já ouvimos falar que em tal lugar existe uma “panelinha”, pois então, essa “panelinha” não tem sua formação imposta, são pessoas que se identificam e querem ficar juntas, e elas têm sintalidade ou unidade. Para melhor entendimento, explico que unidade é diferente de união, pois unidade é mais do que estar próximo, é estar mesclado. Já ouvi alguém diferenciar unidade de união,
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usando o exemplo das batatas. Duas batatas lado a lado, estão unidas, batatas cozidas e amassadas, estão em unidade. O grupo formal pode se dissolver, mas a “panelinha” permanece e vai além de muros e fronteiras. Um casal pode estar junto fisicamente, mas a quilômetros de distancia um do outro. Podem se falar, mas pensam diferente naquelas questões importantes, eles podem se entreolharem, mas não há brilho nesse olhar. Seus objetivos são conflitantes, e não há tanto prazer quanto possível em estarem juntos. Embora tenham se escolhido para juntos permanecerem, acabam permanecendo por um dever. Seria como se deixassem de ser um grupo informal e voltasse à condição de grupo formal, aquele que existe por força da obrigação. Eles se aturam, se toleram com paciência e resignação, mas não estão cheios de encantos por estarem ali. Por outro lado, quando há sintalidade eles agem como “equipe”, onde sintonia é tão grande que se falam sem abrir a boca, basta um olhar e a mensagem já foi transmitida, a comunicação é mais do que verbal, eles se leem a si mesmos. Fica muito próximo do texto bíblico que fala da relação de Deus com seus filhos onde diz: “antes que eles abram a boca eu os ouvirei.” Eles se apercebem da necessidade do outro com rapidez, porque estão conectadas, muitas palavras são desnecessárias. A unidade torna-se é a alma da relação, é a sua marca, o prazer de se pertencerem. e a impressão que deixam por onde passam. Ser um com alguém, é ter tanto dele em você, e ele ter tanto de você nele, que falar com um seria o mesmo que falar com o outro, dada a semelhança de pensar. E isso não se dá
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por falta de opinião, mas pela unidade de pensamento, posição que não se alcança do dia para a noite, mas num processo contínuo de ajustamento. Um observador disse a respeito de um casal que viviam como uma só carne: “É incrível a forma como um dirige a palavra ao outro, como se olham em concordância e riem juntos, eles não se alfinetam, há brilho no olhar, e parece que um lê o pensamento do outro.” É isso, bom demais, né? .
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UM AMOR QUE NÃO PASSA. Os 6.4... porque o vosso amor é como a nuvem da manhã e como o orvalho da madrugada, que cedo passa” Os 6.4 O amor é a força que une um casal e os mantem em unidade ao longo de suas vidas. Mas, no texto acima vemos Deus falando de um amor que passa, um amor que é raso, sem raiz, que por um motivo tolo deixa de existir. O que mais chama a atenção é o fato de ser um tipo de amor, não uma paixão. Esse tipo de amor, amor que desiste, que não vai longe, que não permanece, é o tipo de amor que não interessa ao casal porque a aliança conjugal envolve um voto de que será para toda a vida. O amor precisa crescer de maneira que traga uma sensação de pertencimento e que nos mantem na condição de “online” com o outro, um amor profundo é o amor que excede, vai além, faz coisas inimagináveis, tudo para contentamento do objeto de seu amor. O poeta descreve uma atitude de amor assim: “Você lembra, lembra! Eu costumava andar Bem mais de mil léguas Pra poder buscar Flores-de-maio azuis E os seus cabelos enfeitar.” ( canção de Keyton e Kledir) O amor é exagerado, o amor aparece, o amor se revela quando é amor. Amor não pode ser raso, tem que ser a amor que não passa, permanece.
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Amar alguém sem que este se perceba amado, é quase um caso de descaso, uma indiferença. Amor que não se expressa é onde o que ama sabe que ama, mas o amado não é alcançado. O amor pra ser amor, tem que fazer saber, tem que deixar claro, e se revelar. O amor demonstrado, produz amor, doces necessidades, leve dependência. Assim o amor ganha, se multiplica, retribui, contenta e encanta. Esse amor revelado, precisa de palavras e condutas, coisas próprias de quem sabe o que é o amor. Em “Pétalas”, Djavan canta o amor assim: “Por ser exato O amor não cabe em si Por ser encantado O amor revela-se Por ser amor Invade E fim!” “O amor não cabe em si”, “revela si”, e é isso mesmo, o amor por ser belo, resplandece. O amor costuma ir além, é exagerado, intenso, mas isso, quando revelado. Amar sem saber amar, atrapalha o amor, impede. Um amor assim, não deixa de ser amor, mas privatizado, sofre, espera, suporta até que seja, então, compartilhado. O amor com que se deve amar não empurra, mas abraça. Não sonega, presenteia. O amor vai junto, e volta sorridente. O amor conta as horas, quer um pouco mais. O amor promove, favorece, o amor ajuda, o amor se faz presente. Amar é fazer o outro sentir-se amado. Não pode haver dúvidas, leia o coração do amado, consulte seus olhos e escute seus lábios. Sentir-se amado é em amor estar saciado.
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TEMPO DE AJUSTAMENTO. “...Exatamente, da mesma maneira, vós maridos, vivei com vossas esposas a vida cotidiana do lar, com entendimento,...”I Pedro 3.7b Para os amantes do motociclismo “trocar a relação” é trocar um conjunto de engrenagens que possibilitam o funcionamento do sistema de transmissão, é o que faz andar o veículo. Quando a relação está desgastada, ela começa a não funcionar direito e vai até não andar mais. Numa relação afetiva também ocorre algo parecido, se as peças estiverem não se encaixando bem , assim como as engrenagens, é preciso buscar uma solução, com a diferença que a troca não é a primeira opção, nem mesmo na moto, pois tem como ajustar. A relação em ambos os casos, precisam de um encaixe perfeito das engrenagens, e ainda, estarem lubrificadas. Você não tem isso quando tudo é muito novo ou quando tudo está muito desgastado. Tenho crido que em toda e qualquer relação, seja ela afetiva ou não, há um período de ajustamento que se faz necessário. Os desencontros iniciais são quase que obrigatórios, por mais que o amor e o respeito estejam presentes sempre algo desagrada, exigindo aí uma correção. O desconhecimento disso faz com que casais, em alguns casos, acabem pondo fim a um relacionamento que poderia ser muito bom. Seria como um sapato bonito, desejado e novo, que você usa e ele te machuca os pés. Você não o joga fora, antes continua com ele porque sabe que vai se conformar. Do mesmo modo a relação precisa de um tempo para conformação e acomodação. Nossos pais tinham um jargão que dizia que era
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preciso comer um saco de sal com alguém para conhecê-lo. É perfeito esse pensamento. Um saco de sal não se come em poucos dias, mas sim, demanda muitos dias, muitos dias de convivência e correção de condutas. Daí o perigo dos casamentos antecipados e precipitados. Na verdade, a grande maioria se casa com um desconhecido, vindo depois as surpresas, boas e más. Vou dar exemplo, uma secretária do lar, por melhor intencionada que seja, nos primeiros dias trabalhando em sua casa, vai fazer coisas que você gostaria que não fizesse e vai deixar de fazer outras que gostaria que fizesse. Um pastor recém-empossado vai trazer coisas novas para a igreja, mas também vai trazer algumas angústias por coisas que a comunidade não queria que mudasse. Um gerente novo na empresa vai se enganar com relação a seus subordinados, pois alguns dos quais esperava muito, vão oferecer pouco, e outros dos quais não esperava muita coisa, vão surpreendê-lo. Daí o cuidado inicial ao mexer nas posições. Depois com mais tempo de casa, ele consegue fazer as mudanças individuais com mais acerto. O tempo e o modo, conforme diz o sábio Salomão é segredo de vida. O tempo é o quando as coisas acontecem, e o modo é o jeito que elas se dão. Particularmente, não gosto quando ouço alguém dizer: “Ninguém muda ninguém”. Penso que é uma meia verdade, podemos não mudar, porque mudar é uma decisão pessoal, mas, podemos sim, provocar o melhor no outro. Podemos sugerir, sugestionar, inspirar, entusiasmar. Todo começo de relacionamento é um pouco truncado, com coisas boas e outras desanimadoras, podendo melhorar ou não, dependendo como eles tratarem os ajustamentos inici-
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ais. Vai se casar? Então se prepare, esteja aberto às mudanças e também para provoca-las, mas não se desespere, nem desista, é assim que funciona, apenas mantenha bem lubrificada a relação com óleo do amor, que os atritos serão minimizados. Já os navegadores diriam que se o vento não é favorável, é hora de ajustar as velas. A capacidade de diagnosticar sem demora que algo não vai bem é crucial para o sucesso relacional. Costumo dizer que mais o importante do que a situação em si, é saber a direção que estão tomando. Três posições são possíveis, nivelado como quem olha para o horizonte, subindo como quem olha para o céu, ou descendo como quem olha para o fundo do poço. A relação depende dessa posição, nivelado, descendo ou subindo, isso vai determinar o seu futuro. Quando alguém observa que está nivelado, significa dizer que as coisas continuam como antes, no mesmo lugar, podendo ser um bom lugar, confortável, ou não. Caso perceba que a relação está descendo, é mau sinal, precisa de correção urgente para que não vá mais para o fundo, dificultando o seu resgate. Agora se está subindo, é ótimo, pois mesmo que esteja em profundezas, logo sairá dali, bastando manter em posição de subida. Resumindo seria isso: “Não importa se a relação está num buraco, o que importa é a direção para onde ela vai”.
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PROIBIDA ENTRADA DE ESTRANHOS
Como Alguém que decide pegar um cão pelas orelhas, assim sofre aquele que se mete em discussão alheia! Provérbios 26.17
Tenho um amigo que quando se metia em vida alheia logo vinha me dizendo: “Ismael, peguei um cachorrão pela orelha hoje, tá difícil de largar agora.” E a gente ria muito por conta disso. O problema da intromissão nos problemas do outro é cair na armadilha de ir logo dando pitaco, apontando soluções, distribuindo críticas, ou sendo parcial em casos complexos, e depois não conseguir sair da confusão criada sem se arranhar um pouco. Aí o sujeito tenta consertar o estrago que fez , mas sem sucesso, o cachorro já está pego pela orelha. Conhece a história do pretenso poeta que escreveu um soneto e o levou ao Manuel Maria Barbosa du Bocage, famoso poeta português, para que este lesse e anotasse suas ponderações de maneira a emendar o soneto? Acontece que era tão ruim o soneto que o poeta famoso não quis emendar nada e ao ser perguntado porque não fez, respondeu: “A emenda fica pior do que o soneto”. Essa expressão tornou-se um conhecido ditado popular português. Deixar-se envolver com questões alheias é difícil até de consertar a besteira depois, o remendo pode piorar o caso. A intimidade de alguém é solo sagrado, é preciso tirar os sapatos para nele entrar, assim como Moisés teve que tirar as sandálias para estar junto de Deus na sarça ardente. Tirar as sandálias ali significava baixar a bola, se diminuir, respeito ao que é sagrado, colocar-se em condição inferior diante de uma grandeza, e assim deve ser quando se fizer necessário adentrar o solo da intimidade de alguém, todo cuidado é pouco.
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E por ser solo sagrado e terreno escorregadio, só se deve pedir a intervenção num relacionamento a quem tem conhecimento de causa e condições morais para tal, alguém que possa ajudar na resolução e não um curioso qualquer, quem sabe um amigo (mais chegado que um irmão), ou um líder espiritual de sua confiança. Lembro-me de um caso de aconselhamento de um casal em crise onde o conselheiro não aconselhou, mas entrou na vida dos dois, envolveu-se afetivamente com quem estava fragilizado e o resultado foi uma tragédia. Percebo que as mulheres são mais prontas a falar de seus problemas do que os homens. Quando estão em situação de conflito, tendem a socializar a informação para o maior numero de pessoas possível, para que quem sabe venha de lá uma solução. Ela passa a mão no telefone e manda mensagens a tantos quantos entender necessário. Os homens, por sua vez, quando tem um problema de relacionamento, se fecham e nada dizem aos amigos. Se for um problema sexual aí é que não falam mesmo. Você já viu ou ouviu um homem dizer a outro: “Olha, eu estou com dificuldade de ereção, o que será que devo fazer?”, ou então, “Olha estou com sérios problemas, não tenho desejo pela minha esposa.” Ah, vai ser difícil encontrar um homem que faça assim, pois isso, aos seus olhos ,o isso o diminuiu perante outro homem. Para ele, sua condição de macho entra em cheque, há um risco nessa história. As mulheres, por sua vez, não tem o mesmo nível de preocupação nesse sentido, elas contam suas crises e não se sentem diminuídas ou ameaçadas, e talvez, por isso mesmo, é que tendem a falar com mais pessoas sobre suas crises de relacionamento. Homens se sentem ameaçados, diminuídos, e as mulheres se sentem aliviadas. Porque você acha que os homens quando vão ao médico resistem em falar de suas doenças? Uma das minhas hipóteses, seria por causa do machismo, ou se preferir, de sua condição de macho. O seu inconsciente alerta
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assim: “Se descobrirem que estou fragilizado posso perder minha fêmea (meus bens, minha posição, ou algo que o valha.)”, e assim, protege a informação, não pede ajuda, não fala. Homem não gosta de perder para outro homem, ou mostrar-se em condição de quem precisa de ajuda, até dizem que Moisés ficou perdido no deserto por quarenta anos com seu povo porque não admitiu perguntar o caminho de Canaã (brincadeirinha). Voltando a ideia inicial, a entrada de estranhos num relacionamento pode significar entrada de intruso, por isso, todo cuidado é pouco. O casamento é um clube privado, intruso não deve entrar. Daí, então, a necessidade de se proteger a relação contra os não bem vindos, e a melhor forma de se fazer isso é através de um viver relacional onde o companheirismo, confiança e a presença do outro funcione como um escudo protetor. Estar junto, fazer junto, é um santo remédio para a relação. Uma amiga conselheira me contou uma história de uma paciente sua que dizia não ter amigos e que sofria por conta disso. A conselheira então passou a indagar: Quem é que você chama quando seu carro quebra na rua? Meu marido, respondeu. Quem você quer por perto quando seu filho está passando mal? Meu marido respondeu mais uma vez. Quando você sente medo, pra quem você liga? Oras, para o meu marido! Pois então, disse a conselheira, teu marido é teu amigo. Teus amigos podem não ser tão amigos. Em alguns casos, intruso pode significar os parentes, a sogra, os pais, irmãos, gente muito próxima a quem se quer bem, porém, existe uma área delimitada onde nem esses são bem vindos, a não ser quando solicitado.
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POEMA PARA DIAS CINZENTOS. Saio às ruas das emoções Coisa ruim de pensar como quem procura o “nada” Vou pensar em Deus Com esperança de nada encontrar Vazio não posso ficar O “nada” era tudo que eu não precisava Deus que é tudo Contudo, saí a procurar. Não deixa o nada enE na procura o achei, trar O achei bem dentro de mim. De fato, Jesus é tudo, Nada de ânimo, nada de vontades, Nele , o nada não tem Novos sonhos, nada a realizar lugar. E porque não dizer Da vida, nada a esperar. Pensar em Deus Mas como? É com o Tudo enconComo fui com o nada me encontrar. trar. Me Pergunto de novo Como fui chegar nesse lugar. De volta pra mim mesmo, voltaram-me as razões. Dei-me conta que o “nada” é um vazio Lugar sombrio pra se estar Precisando achar saída Do nada me levantei E em silencio gritei: Haja vida! E houve vida! Puxa, Quanta vida nesta vida há! O “nada” não existe, E não tenho que estar lá. O nada não existe, Não vou com o nada ficar. Era apenas um pensamento
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O MARIDO, UM LIBERTADOR. “Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível.” Efésios 5:25-27 O relacionamento conjugal é comparado a relação entre Jesus e sua noiva, a igreja. Isso nos leva imaginar a figura do marido como um tipo de Cristo. Obviamente, não é um salvador eterno, mas, um salvador temporal. Alguém com quem ela possa contar na hora da dor e quando ela se vê em apuros, aquele que olha pra ela e por ela de maneira prioritária. O marido é o ajudador quando ela se vê em dificuldades. Ele sabe ler seu coração, é um libertador, não seu opressor, ele a faz sorrir e não chorar, liberta e não amarra, acrescenta e não diminui. Algumas vezes, ele é aquele que vai por ela, em outras, vai com ela. Ele é quem traz um bom conselho quando a dúvida paira, oferece segurança dizendo: “Estou com você.” O marido que se entrega é aquele que se “pré” ocupa com o momento dela e lhe antecipa as necessidades. Sabe o que mais, é alguém que deve estar pronto pra morrer por ela, se for o caso. Marido deve ser o herói que ela precisa. E se isso lhe parece pouco, ele valoriza o que ela valoriza, respeita os seus gostos e preferências, e lhe dá liberdade porque ela merece sua confiança, ele não a sufoca ou aprisiona. Quer mais? Então leia isso: “para a apresentar a si mesmo, sem mácula, nem ruga”, sabe o que Ele está falando? Está falando que cuida para que ela esteja bonita para Ele mesmo, sem manchas e sem rugas. Olha que tremen-
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do isso. Será que isso serve como uma indireta para os maridos que não investem na esposa, que não libera a carteira nem para os cremes anti rugas? Acho que sim! Homem gosta de mulher bonita e bem arrumada, então, que arrume a sua, não precisa olhar a do outro. Mas acima de tudo, ele não é o gatilho, a razão e motivo de rugas trazidas pelo estresse relacional, mas sim um pacificador de sua alma. As rugas não passam de meras marcas do tempo.
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DEUS ROMANTICO? Geralmente, temos que os homens não são lá muito românticos, ainda que isso tenha mudado pra melhor nos últimos anos. Entretanto, ainda é motivo de alguma tristeza para as mulheres. Homens são práticos, racionais, e elas emotivas, por isso, essa atração pelo romantismo. Ser romântico é ser fantasioso, poético, é dizer coisas boas de ouvir, é fazer coisas que tocam o coração, e assim, os homens acabam não indo muito bem nesse quesito. Perguntaram-me: “Deus é romântico”? Sem muito pensar acabei dizendo que acreditava que não, muito embora, não visse Deus como um ser sisudo, porém, não chegava a ser romântico. Os dias se passaram e sempre aquilo me incomodando, afinal, Deus é romântico ou não? Hoje, defendo a ideia de que sim, Deus é muito romântico. Ele trata de mostrar seu romantismo ao longo de sua Palavra, e de maneira toda especial, no livro de Cantares, escrito por Salomão, inspirado por Deus. As marcas do romantismo de Deus são conhecidas por alguns textos que tratam de relacionamentos conjugais, onde a forma de expressar de personagens deixa patente seu romantismo. Vejo a história de Jacó que quando viu sua futura esposa pela primeira vez, desabou em lágrimas e chorou copiosamente a ponto de merecer menção na história bíblica. Pergunto a você mulher, o que aconteceria com seu coração se esse choro tivesse acontecido quando do primeiro encontro com seu futuro marido? Imagina você poder contar aos seus filhos que o pai deles, quando viu a mamãe, chorou de emoção? Não mexe o coração da gente só de pensar nisso?
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Ainda falando de Jacó e Raquel, conta o relato bíblico que ele trabalhou graciosamente para o sogro por sete anos, para só depois tê-la como esposa, e que isso lhe pareciam como poucos dias pelo muito que a amava. Olha só isso, que loucura! Um fato registrado com romantismo e poesia. Temos também Isaque e Rebeca que foram vistos em lugar público brincando, se acarinhando, se tocando como amantes, expressando ternura um para com o outro a ponto de ser percebido por observadores que era uma relação de amor. Cantares de Salomão é romantismo do começo ao fim, mas destaco um momento em que ela, a sulamita, fala de seu amante dizendo que o falar dele é muitíssimo suave e agradável, sim, ele é totalmente desejável. E que por ser assim, havia vida na cama deles, e um casamento fortalecido com valores que davam sustentação e durabilidade a relação. E pra fechar, leio Deus falando ao profeta Ezequiel que, por alguma razão que só Ele sabe, sua esposa morreria, mas ainda assim, refere-se a ela como a “delícia dos olhos” do profeta. Fico impressionado e imaginando Deus falando isso, como que a nos ensinar que qualquer mulher gostaria de ser chamada de “delicia dos meus olhos” pelo seu marido. Ora, se Deus chama uma de suas filhas assim, então, vejo como uma quebra de paradigmas, um modificar de pensamentos retrógados, onde nós homens cristãos ficamos intimidados de falar de amor de um modo mais sensual, como se isso fosse uma indignidade ou ofensa. Quem tem facilidade para falar, fale. Quem não tem facilidade, faça algo, mas faça mesmo. Uma flor num dia qualquer, um bilhete num papel improvisado, a declaração carinhosa com batom no espelho, não sei, mas seja criativo. Ouvi alguém contando que sua esposa resolveu, na hora do jantar, estando apenas os dois
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em casa, ela acende uma vela, deixando uma penumbra no ambiente. E que isso modificou a relação dos dois, trouxe uma intimidade maior, e olha, disse o marido que até o tom de voz, naqueles momentos, é mudado. Falam baixinho, trocam confidências, as mãos se acariciam, e assim o amor se faz. Romantismo é coisa de Deus. Encorajo vocês a tentarem algo. O romantismo é criação Dele para a alegria e crescimento do amor conjugal. Decididamente, Deus é um ser romântico.
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APRENDA A BRIGAR BEM. Mais importante que não haver conflitos é saber administrálos bem, pois conflitos sempre existirão e pensar o contrário é uma utopia. Onde estiver dois, ali estará o conflito. Imagina, por exemplo, o caso de Abel e Caim, esse ultimo foi capaz de matar vinte e cinco por cento da população da terra, e ao que tudo indica por tola inveja, apenas um conflito a ser administrado. A inveja tem mesmo esse poder, onde há inveja, há sentimento faccioso, divisão e morte. Quando amigos se separam, relacionamentos de grupos vão mal, pode observar que a inveja passou por lá. E pra piorar, a inveja é um dos vícios mais comuns dos seres humanos. As pessoas podem te amar, mas não gostam de saber que você está melhor que elas, que prosperou mais, que tem um marido ou esposa mais amável ou mais rico, que você é um sucesso, que seu filho passou na universidade federal, coisas do tipo. Daí a importância de se entender o que é inveja, que é o desejo de se ter aquilo que não é teu, é do outro, e como cristão, dominar esse pecado. Sentir inveja é sentir-se mal porque alguém se deu bem, é torcer para que o outro não consiga, coisas feias assim. Nos relacionamentos encontramos pessoais fáceis de se lidar e pessoas de difícil trato, duros na queda. A problemática está exatamente no fato que temos a propensão em nos aproximarmos mais das pessoas fáceis, falamos mais com elas, interagimos de uma maneira mais constante, inclusive com nossos filhos, quando um é de fácil trato e o outro mais difícil. As pessoas difíceis deixamos na prateleira ou na ge-
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ladeira como queira. Mas, e quando essa pessoa difícil é o seu par? Aí a coisa complica um pouco, não é? As pessoas difíceis precisam saber que são difíceis e que não devem valorizar em si mesmas aquilo que não é virtude e não aproxima pessoas. Tem pessoas que tem orgulho de serem duronas, outras de ser sangue quente, coisas assim. Agora, isso não se faz no momento da discussão, se faz num outro momento, mais oportuno. E sempre que for necessário tecer uma crítica, que venha antes um elogio, uma promessa, um encorajamento, e aí, sim, fale do defeito do outro. Tudo que o casal tratar, tem que ter começo, meio e fim. E ao final deve vir a pergunta, “está resolvida essa questão? Havendo acordo, não se fala mais nisso, e caso, o fato surja novamente, de pronto, alguém já lembra: “Opa, já resolvemos isso.” Repetindo o que já dissemos anteriormente, tudo o que focamos acaba aumentando, e quem procura defeito logo se fartará deles. O melhor de nós continua a ser imperfeito, então não é justo buscar perfeição entre os imperfeitos. Jesus tinha uma formula para esses momentos, falava de autoexame, perdão, de oração e propunha andar mais uma milha com aquele que o oprime. Quanto ao autoexame, entendo que ele Ele dizia algo assim: “ Você que aponta o cisco no olho de teu irmão, vá primeiro e tira o graveto do seu próprio olho e depois enxergando melhor, volte a tratar do cisco no olho do irmão.” Está falando de um auto examinar, para que, quando nos exarminarmos, nos daremos conta de nossas muitas faltas e assim, teremos misericórdia e compaixão mesclados a nossa justiça.
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Também ensinou o poder da oração pelo inimigo, e isso é algo poderoso, pois quando oro pelo meu inimigo, inicialmente não o faço de bom grado, mas depois vou me acostumando com a ideia e ao fim, já consigo realmente desejar o melhor para ele. Quando você encontra um inimigo pelo qual está orando, fica muito estranho ter sentimentos ruins a respeito dele, nosso espírito testifica que não é correto isso, orar mas sentir raiva daquela pessoa. E com a ação do Espirito de Deus, que abranda sentimentos, cura corações, e promove encontros de paz. Se o teu par, hoje, está sendo o teu inimigo, então ore por ele nessa condição. Soltar as pedras que trazemos nas mãos também é um dos segredos para a resolução de conflitos, pois quando estamos armados contra o outro, nossa mente fica predisposta ao conflito e não a sua resolução. Alguns sentimentos prejudicais são observados na vida de quem vive o conflito, e devem ser tratados à medida que se tenta solucionar a questão. E entre eles está a baixo autoestima, a mania de vitimização, a auto piedade, autosabotagem, pois estando presentes esses desvios de comportamento, irão dificultar o tratamento do conflito. Melhore a autoestima, tenha noção de valor próprio, ame-se até o limite desse amor estar nivelado ao amor que libera para o outro, atente para o fato de ter ou não sentimentos de auto piedade, pois assim, se houver, a pessoa se fere com muita facilidade e na resolução de conflitos, por vezes, é preciso fazer do seu rosto uma pedra. Aqueles que “gostam” de se fazer de vitimas, e usam como estratégia para receber a piedade que tanto precisa das pessoas , tornam ainda mais difícil a resolução de seus conflitos, choramingam, falam que merecem passar por aquilo, enfim, fazem coisas em
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busca de piedade. Mas o conflito, permanece onde sempre esteve, no mesmo lugar. Aprenda estabelecer limites para si mesmo, e nunca para o outro, pois se fixar limites para o outro, ele não cumprirá. Diga ao faltoso, que dará um prazo para que deixe de cometer tal ofensa, e caso continue aquele comportamento que lhe é agressivo, você irá tomar uma atitude e diga qual a atitude a ser tomada. Uma vez, avisado, conversado, e estabelecido o que irá fazer caso continue a agressão ou ofensa, então, tem que ficar firme, e se acontecer a falta, cumpra com o que disse. Aplique o limite. Vou dar exemplo: Marido adorava esculachar com a esposa na presença dos amigos, fazia ela passar por ridículos e assim todos riam muito. Um dia ela decidiu que aquilo não mais seria aceito. Em casa, avisou-o, e que da próxima vez que acontecesse, o deixaria falando sozinho, abandonando o ambiente, fosse onde fosse, na presença de quem fosse , e quando aconteceu, e de fato aconteceu, pois ele e não acreditou, então ela, saiu do ambiente e ele ficou sozinho com cara de tacho na roda de amigos. Isso é colocar limites, é dizer “chega”! Note bem os detalhes, é preciso avisar antes, dar o prazo, estipular a providência que irá tomar, e se acontecer, fazer o que disse que faria. Claro que há situações mais graves, e pessoas mais difíceis, mas em geral funciona bem. Importante também é comunicar amor mesmo em meio à crise, pois veja, ele não é um inimigo a ser vencido, na verdade não deve haver vencido ou vencedor, mas o amor deve ganhar, sempre. Vou dar exemplo, houve uma discussão, estão de cara feia um com outro, mesmo assim, prepare algo bom para o outro, um bom jantar, um favor especial, algo
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que fale por você e comunique amor e não rancor. Bom é falar menos quando o outro está irado, na verdade são palavras brandas e silencio que desviam o furor. Assuma a responsabilidade pela sua parte de culpa no evento, não ache que o outro é sempre o culpado e você a vitima. Geralmente, os dois têm suas respectivas parcelas de culpa por ação ou omissão. E por fim, vale destacar que , quanto maior e melhor for nosso relacionamento com Deus e sua Palavra, menor serão nossos problemas, e melhor será nosso relacionamento pessoal.
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CONSELHO DE AMIGO. Um dia, mesmo com medo, ela se foi. O desamor foi demais E você descobriu, então, Que ela era única Mas ela, depois de vencido o medo Se dá conta que você Era só mais um Assim te aconselho amigo Ame com amor Pois se o amor partir, Ela pode descobrir Que não vale a pena ficar. Ame com amor AMOR OU POESIA? "Um grande amor é aquele que sai dos livros, e do campo filosófico com todo o seus valores, e se transforma em relacionamento, fora disso, é só poesia".
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Ismael Roselei de Carvalho
BONITOS E FELIZES. Às vezes, achamos que nossa família tem muita coisa pra ser ajustada, e generosamente atentamos para outras famílias com olhar de admiração e um espirito de comparação, e aí um sentimento de desvalio se assenhora. Bom, isso é comum acontecer, mas não se pode desistir dela, ela tem jeito, pois seu sucesso é um plano traçado no céu. Todas as famílias estão lutando suas próprias lutas, com suas frustrações e fracassos, é uma ilusão acharmos que na família do outro tudo funciona bem e que a nossa é um horror. De perto é que as imaturidades se revelam. Tenho um amigo que diz que “De perto somos mais feio”, e esse é o risco que a família corre, olharmos sempre e unicamente sob a perspectiva das imperfeições. Lembro que tudo aquilo que focamos, aumenta. Coloque lentes coloridas no seu modo de olhar, valorize sua família, ame cada um com suas deficiências, importe-se com o crescimento individual, faça coisas que promovam a unidade, que ninguém fique para trás, cresçam e amadureçam juntos. Cada família tem sua própria beleza, e pode ficar ainda mais bela a partir de um senso de pertencimento e não de afastamento, melhorando os relacionamentos, perdoando as falhas que ocorram, e acima de tudo encorajando as transformações.
Eis que era tudo muito bom.
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Não desista de sua família, ela é sua. A comunhão pode não acontecer espontaneamente, então provoque, porque na comunhão há entendimento e afeição. Há em nós um chamado “discurso da falta” ou “discurso da escassez” onde nos sentimos sempre devedores de algo, como se fossemos incompetentes ou incapazes de construir algo bonito, ou ainda, que precisamos disso ou daquilo para ser felizes. Ela acha que o que oferece a ele não é suficiente, e se sente devedora. O mesmo pode ocorrer com ele, que entende que está em divida com ela, e quando esses sentimentos são passageiros, sem problemas, mas se persiste, então, é mudar o pensamento depressivo, melhorando sua autoestima e a alegria da casa. Ele diz, quando eu comprar um carro novo, aí vamos fazer isso ou aquilo. Ela diz, “Depois que as crianças crescerem vamos sair mais juntos.”, é o discurso da escassez, estão sempre esperando algo, e se justificando, e por consequência, deixando de viver o melhor , dentro daquilo que é possível no momento.Com a cabeça ocupado com o futuro, deixam escapar o presente. Diminua a pressão do viver, traga leveza para a relação e para o ambiente como todo. Somente quando o ambiente é propício há crescimento. Críticas e indiferença não promovem crescimento, apenas distanciam e separam pessoa.
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Ismael Roselei de Carvalho
Conhece a experiência realizada com o filhote de tubarão? Pois então, os biólogos apanharam um filhote de tubarão e o colocaram num criatório, uma caixa pequena. E passaram-se dias, meses e anos, e o tubarão cresceu pouco, permanecendo ainda muito pequeno para sua espécie. Então, o colocaram em um criatório bem maior, o suficiente para nadar e se alegrar ali. O tubarão cresceu e chegou ao tamanho normal da sua espécie. Felicidade é um estado de contentamento, renovado por picos de prazer e sensação de bem estar. Ser feliz está mais relacionado a valores internos do que posses materiais, que podem sim contribuir, porém, não são, absolutamente, determinantes. Felicidade é um sentimento adquirido e não implica ausência de dor, mas presença de forca que supera gratidão que reconhece e alegria que contagia. Portanto, ser feliz é possível, comece sendo grato e sorrindo, ela virá. A família precisa de espaço para crescer, de alegria e de leveza, assim a felicidade chegará.
Eis que era tudo muito bom.
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CONCLUSÃO: E eis que era muito bom, um amor assim, não tem como não se sentir amado. DADOS SOBRE O AUTOR. Ismael Roselei de Carvalho, Major de Polícia Militar, Pastor Auxiliar na Igreja Batista Renovada Cocajá, Ipaussú-SP, fundador do Ministério Casados em Cristo, editor do Blog Casados em Cristo, autor do Curso Casados em Cristo, e do livro “Amor abundante, Alegria na Cama”. É pai de 05 filhos, Diego, 30 anos, Letícia,29, Gizele, 16, Leandro, 13 , e Vitória, 11. Reconstruindo a vida depois de dois anos de luto, se refazendo e voltando a ver a beleza da criação na mesma intensidade de antes. Portanto, um ser em OBRAS.