Apostila de Hermenêutica e Exege

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2º Módulo Curso de Capacitação Teológica

Organizado por

Pr. Iuri A. S. Haubrich 2º Módulo


Sumário Introdução Geral ......................................................................................................................................................... 2 Definição da Palavra “Hermenêutica” ..................................................................................................................... 2 A necessidade da Hermenêutica :............................................................................................................................ 2 As Características do Bom Intérprete. ..................................................................................................................... 2 Os Problemas da Interpretação Bíblica ........................................................................................................................ 3 Os Abismos: ............................................................................................................................................................ 4 Os propósitos das figuras de linguagem................................................................................................................... 4 Uma Breve da História da Interpretação Bíblica .......................................................................................................... 6 Hermenêutica entre os Judeus ................................................................................................................................ 6 Hermenêutica Judaico-helenística ....................................................................................................................... 7 As Escolas de Hillel e Shammay ........................................................................................................................... 7 Judeus Cabalistas ................................................................................................................................................ 8 Período Patrístico ................................................................................................................................................ 8 Os pais alexandrinos............................................................................................................................................ 9 Pais antioquinos .................................................................................................................................................. 9 Influência Ocidental ............................................................................................................................................ 9 Período Medieval .............................................................................................................................................. 10 Período Renascentista ....................................................................................................................................... 10 Hermenêutica da Reforma ................................................................................................................................ 11 Do período moderno ao Contemporâneo .............................................................................................................. 11 Do Racionalismo ao Conceito de Mito ............................................................................................................... 12 A Demitologização e o Existencialismo .............................................................................................................. 14 Reação ao Método Crítico-Histórico .................................................................................................................. 15 Hermenêutica Bíblica ................................................................................................................................................ 16 A Hermenêutica de Jesus ...................................................................................................................................... 16 Regras Básicas de Interpretação ............................................................................................................................ 17 Princípios de Hermenêutica de Ellen White ........................................................................................................... 17 Exegese..................................................................................................................................................................... 18 Conceituação de Hermenêutica e Exegese ............................................................................................................ 18 Modelo para interpretação Bíblica ........................................................................................................................ 19 Passos Sugestivos da Exegese................................................................................................................................ 19 Os Erros Exegéticos ................................................................................................................................................... 20 Erros de Lógica ...................................................................................................................................................... 21 Exemplos práticos de Exegese, considerando quanto a Bíblia o: ............................................................................ 22 Exercícios .................................................................................................................................................................. 24

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Introdução Geral Pregar e ensinar bem traz consigo a necessidade de interpretar de forma correta as santas escrituras. Mas, o que significa “interpretar o texto sagrado”? Podemos definir “interpretação bíblica” como “o ato de entender corretamente o texto sagrado, ou seja, saber o que de fato o escritor, inspirado pelo Espírito, desejava transmitir para os seus leitores ou ouvintes originais e como o texto se aplica aos nossos dias”. Sendo assim, o curso tem como propósito apresentar aos alunos as regras fundamentais de interpretação da Bíblia, para que eles possam, através delas, encontrar o sentido correto de uma passagem das Escrituras em estudo (Exegese), visando aplicá-lo na sua vida e compartilhar com os outros (Homilética).

Definição da Palavra “Hermenêutica” O Dicionário Aurélio nos apresenta a seguinte definição de hermenêutica: Interpretação do sentido das palavras; interpretação dos textos sagrados; arte de interpretar leis. Na mitologia grega, Hermes era o mensageiro e intérprete da vontade dos deuses, e de seu pai, Zeus. Essa mensagem era transmitida de uma forma em que os homens pudessem entender. A palavra Hermeneuo veio a ser usada com o sentido de explicar, interpretar, traduzir. No Novo Testamento temos: Lucas 24:27; 1 Coríntios 12:10; 1 Coríntios 14:28; Hebreus 7:2. Roy Zuck define assim hermenêutica: “Hermenêutica é a arte e a ciência de interpretação. É ciência porque postula princípios seguros e imutáveis; é arte porque estabelece regras práticas e envolve uma tarefa.”

A necessidade da Hermenêutica : Mesmo as Escrituras defendem a necessidade de uma Hermenêutica Bíblica. Exemplo a) - II Pedro 3:15 e 16 1. Algumas coisas difíceis de serem entendidas. 2. Naquela época, alguns já torciam a Bíblia. b) - Luc. 24:27 1. Estavam deprimidos por não interpretarem devidamente as profecias messiânicas. 2. O próprio Senhor Jesus reconheceu a necessidade de explicar as Escrituras. a. “Expunha-lhes” (diermeneuo) Jesus fez hermenêutica com os discípulos. c) - II Tim. 2:15 1. “Manejar bem a palavra da verdade”: Entender bem e ensinar corretamente a palavra da verdade d) - II Cor. 2:17 1. “Mercadejando” – Falsificando. Precisamos estar atentos para não sermos enganados com falsos ensinos.

As Características do Bom Intérprete. 1ª É uma pessoa regenerada. - A fé salvadora e o Espírito Santo nos são necessários para compreendermos e interpretarmos bem as Escrituras (João 16:13; 1 Coríntios 2:14). O Espírito de Deus ilumina o texto principalmente no sentido de aplicá-lo aos nossos corações. 2ª Tem um bom raciocínio, paciência e perseverança. Precisamos nos esforçar, na dependência do Espírito, para compreendermos a Palavra de Deus. Por causa da nossa natureza pecaminosa, pelos resultados da queda, teremos dificuldade para entendermos e aceitarmos algumas coisas, é necessário estar submissos ao Espírito Santo.1 1

Os métodos de interpretação bíblica não anulam a ação do Espírito Santo (iluminação, conf. Ef 1.18; Hb 6.4; 10.32, do grego ϕωτιζω photizo), antes cooperam com o mesmo para o entendimento das verdades sagradas.

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3ª Conhece a história bíblica e a história geral O conhecimento da história bíblica é uma ferramenta necessária para aqueles que querem interpretar a Bíblia corretamente. Há a necessidade de comparação de textos e de doutrinas. Para que isso aconteça, precisamos ler a Bíblia uma ou mais vezes ao ano e ter uma visão panorâmica de cada livro. 4ª Investe em livros. para computador 5ª Sabe pesquisar usando as línguas originais. Se os textos em português estão cada vez mais fiéis, qual é a diferença entre ler em português ou ler nas línguas originais? O texto português é como uma televisão em preto e branco, enquanto o texto original é como uma televisão a cores. A imagem, a ação e a história são iguais nos dois. A diferença é que a televisão a cores é mais vívida, mostra mais detalhes e é mais interessante e mais gostosa de assistir.

Os Problemas da Interpretação Bíblica Um homem estava no cartório, aguardando o momento do seu casamento. Minutos antes de assinar os documentos, a polícia chegou e o algemou, levando-o para a cadeia. A noiva desconsolada, ficou sabendo que o seu noivo era um homicida. Alguns anos depois dos seus crimes, ele entregou sua vida para Jesus e passou a estudar a Bíblia. No momento da prisão ele se defendeu citando o seguinte texto bíblico: Nenhuma condenação há para os que estão em Cristo. Esse é um dos exemplos que mostram como a Bíblia é usada da maneira equivocada. Se esquecem de ver o texto dentro do seu contexto e de compararem com outros textos que falam do mesmo assunto. No mesmo sermão que Jesus pregou sobre o perdão, Jesus também falou a respeito da justiça (lei humana): “Entre em acordo depressa com seu adversário que pretende levá-lo ao tribunal. Faça isso enquanto ainda estiver com ele a caminho, pois, caso contrário, ele poderá entregá-lo ao juiz, e o juiz ao guarda, e você poderá ser jogado na prisão. Eu lhe garanto que você não sairá de lá enquanto não pagar o último centavo". Mateus 5:25 e 26. Alguém pode perguntar: “O que tem gerado interpretações errôneas?” Eis alguns motivos: 1) Aceitação cega de uma explicação sem investigações. 2) Influência de crenças pessoais ou populares. 3) Colocação da experiência acima das Escrituras. 4) Falta de conhecimento do contexto histórico-cultural. 5) Falta de conhecimento e aplicação de regras de interpretação. 6) Não compreender a verdade como sendo única e progressiva. 7) Não perceber o grande conflito nas páginas da Bíblia e da História. Interpretar a Bíblia não é uma tarefa simplória. Por exemplo, como saber se uma passagem foi escrita apenas para o público alvo original ou também se destina às gerações subsequentes? (1Tm 2.12 “Não permito, porém que a mulher ensine...”), em que situações a passagem pode ter mais de um significado? Nesse caso como descobri-lo? Visto que existem interpretações divergentes das profecias bíblicas, como vamos saber qual mais provavelmente é a correta? Precisamos transpor alguns “abismos” entre nós e a Bíblia a fim de entendermos melhor a sua mensagem, dentre os quais:

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Os Abismos: A transposição de tais abismos dará ao intérprete e pregador da palavra uma maior segurança no falar, adquirindo dos seus ouvintes uma maior confiança, despertando-os também para um crescente desejo de conhecer mais e melhor a Bíblia, onde isto deverá resultar na transformação, santificação, e consagração de vidas para o serviço cristão.

1.O Abismo Temporal - Is 1.1; Jr 1.1-2; Mt 2.1; Lc 1.5. A Bíblia começou a ser escrita há aproximadamente 1450 anos a. C., e o último livro a ser escrito foi perto do ano 95 d. C. Sendo assim, o leitor da Bíblia deve estar ciente de que se trata de um documento antigo (apesar de conter uma mensagem atual para a humanidade). 2.O Abismo Geográfico - Jo 4:4. Lc 10:30. A região onde foi realizada a história bíblica, também conhecida como crescente fértil, é marcada de contrastes e muita beleza. Nela temos desertos, vales, montes, rios e mares. Parte da história foi no deserto, numa região seca. Outra parte foi realizada nos montes e vales. Cada lugar servia de inspiração para o escritor, que usava as características da região para enriquecer aquilo que estava querendo dizer. O estudante da Bíblia precisa ter estes mapas em mãos, em forma de quadros ou transparências para enriquecer o que está sendo ministrado. 3.O Abismo Cultural - Pv 22.28 (marcos antigos); 2Rs 2.9 (porção dobrada, ver Dt 21.17); Joel 2.13 (rasgai o vosso coração); Mc 11.12-14 (a figueira amaldiçoada); Mt 3.12 (limpará sua eira); Lc 7.3638(começou a regar-lhe os pés). A mensagem foi dado dentro de gêneros literários específicos. Os escritores da Bíblia utilizaram estilos diferentes. As figuras de linguagens e metáforas são diferentes das que usamos hoje no dia a dia, sem falar nos costumes. E tudo isso precisa ser observado antes de fazer uma interpretação. 4. O Abismo Linguístico e Literário A Bíblia foi escrita originalmente na língua hebraica, aramaica e grega – línguas que possuem uma estrutura diferente da nossa. No grego não existe a sequencia sujeito + verbo + objeto. A Língua é dinâmica, evolui, alguns expressões em português deixaram de ser utilizadas com o passar do tempo. Para transpormos o abismo do idioma, precisamos considerar o significado que as palavras tinham no tempo do autor, pois elas mudam de significado com o passar do tempo. A parte literária foi afetada e influenciada pelo meio cultural em que cada autor humano escreveu (Expressões semíticas, flora e fauna, utensílios, costumes), sem contudo contaminar a mensagem da Bíblia, ou seja, seu conteúdo moral, profético e transformador pelo qual a fé chega aos ouvintes, e os que creem são transformados pelo poder do Espírito Santo. “Dada à existência de um abismo cultural entre nossa era e os tempos bíblicos - e como o nosso objetivo na interpretação bíblica é descobrir o sentido original das Escrituras - é imperativo que nos familiarizemos com a cultura e os costumes de então.”2

Os propósitos das figuras de linguagem. A figura de linguagem é uma forma de expressão em que as palavras usadas comunicam um sentido não literal. É uma representação legítima que pretende comunicar mais clara e graficamente uma ideia literal. Dá vida e cor a uma passagem Chamar a atenção Tornar ideias abstratas mais completas 2

A Interpretação Bíblica, Zuck, p. 90

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Ajudar a guardar informações Abreviar uma ideia - João 1:29 Encorajar reflexão, ponderação - Salmo 52:8 A seguir temos um quadro com as principais figuras de linguagem e também alguns textos como exemplo. FIGURA DE LINGUAGEM Metáfora

CARACTERÍSTICAS

EXEMPLO

Uma semelhança entre dois objetos ou fatos, caracterizando-se um com o que é próprio do outro. Há equivalência direta posta entre os dois objetos.

Sinédoque

É tomar a parte pelo todo ou o todo pela parte, o plural pelo singular, o gênero pela espécie, ou vice-versa. Ela trata mais de ideias e conceitos.

Metonímia

É o emprego de um nome por outro com o qual tem relação. É empregar a causa pelo efeito, ou o sinal ou símbolo pela realidade que indica o símbolo

Prosopopeia

É a personificação das coisas inanimadas, atribuindo-se lhes os feitos e ações das pessoas. É a expressão do contrário do que se quer dizer, porém sempre de tal modo que se faz ressaltar o sentido verdadeiro. É um exagero para dar ênfase, representando uma coisa com muito maior ou menor grau do que em realidade é, para apresentá-la viva à imaginação.

João 15:1 Mateus 5:13 João 10:9 João 14:6 Jeremias 50:6 Gênesis 49:9 Salmo 16:9 Atos 24:5 Gênesis 6:12 Romanos 1:16 Lucas 16:29 João 13:8 1 João 1:7 1 Coríntios 10:21 Hebreus 13:4 Isaías 55:12 Salmo 85:10-11 1 Reis 18:27 Jó 12:2

Ironia

Hipérbole

Alegoria

Fábula Enigma Tipo3

Símbolo

Parábola

É uma ficção em que se admite um sentido literal, exigindo, todavia, uma interpretação figurada. São várias metáforas unidas. Uma alegoria histórica. Um tipo de alegoria, porém sua solução é difícil e abstrata. Uma classe de metáfora que não consiste meramente em palavras, mas em fatos, pessoas ou objetos que designam fatos semelhantes, pessoas ou objetos no porvir. É prefigurativo. É uma espécie de tipo pelo qual se representa alguma coisa ou algum fato por meio de outra coisa ou fato familiar que se considera a propósito para servir de semelhança ou representação. É ilustrativo. É uma espécie de alegoria apresentada sob forma de uma narração, relatando fatos naturais ou acontecimentos possíveis, sempre com o objetivo de declarar ou ilustrar uma ou várias verdades importantes. É um símile ampliado. 4

Números 13:33 Deuteronômio 1:28 João 21:25 Mateus 5:29,30 João 6:51-65 Salmo 80:8-13 2 Reis 14:9 Juízes 14:14 Mateus 12:40

Batismo Ceia 2 Reis 13:14-19

Mateus 13:3-8 Lucas 18:10-14 João 15

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Muito importante em profecias e para entender o relacionamento entre as duas alianças, ritual do santuário, etc. Geralmente se reconhece o fato de que uma parábola foi contada para apresentar uma verdade principal. Forçar cada detalhe do texto dentro de algum esquema fantástico de significado é abusar do texto e do propósito original do autor. 4

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Símile

Apóstrofe

Antítese

Provérbio

Paradoxo

Personificação Zoomorfismo Antropopatismo Antropomorfismo Eufemismo

É uma comparação expressa pelas palavras semelhante ou como. A ênfase recai sobre algum ponto de similaridade entre duas ideias, grupos, ações, etc. É uma figura usada pelo orador, no discurso. Consiste em interrompê-lo subitamente, para dirigir a palavra, ou invocar alguma pessoa ou coisa, presente, ausente, real ou imaginária. Inclusão, na mesma frase, de duas palavras, ou dois pensamentos, que fazem contraste um com o outro. É um dito comum, popular. Os provérbios do Antigo Testamento estão redigidos em sua maior parte em forma poética, consistentes em dois paralelismos, que geralmente são sinônimos, antitéticos ou sintéticos. É uma parábola condensada, é um dito conciso que comunica uma verdade de uma forma estimulante. De para (contra) + doxa (opinião). Uma declaração oposta à opinião comum, que parece absurda, porém, quando estudada, torna-se correta e fundamentada. É atribuir características humanas a coisas, ideias ou animais. É atribuir características animais a homens ou a Deus. É atribuir sentimentos humanos a Deus. É atribuir características humanas a Deus. É suavizar a expressão duma ideia substituindo a palavra ou expressão própria por outra mais agradável, mas polida.

1 Pedro 1:24 Salmo 1:3,4

Jeremias 47:6 Salmo 114:5-8 Isaías 14:9-32 Deuteronômio 32:1 Mateus 7:13-14 Mateus 7:17-18 Lucas 4:23 Marcos 6:4 2 Pedro 2:22

Mateus 23:24 Mateus 19:24 2 Coríntios 12:10 Marcos 8:35 Gênesis 4:10 Números 22.30 Salmo 91:4 Gênesis 6:6 Salmo 8:3 2 Crônicas 16:9 Atos 7:60 Gênesis 4:1 1 Tessalonic. 4:13-15

Uma Breve da História da Interpretação Bíblica Para entendermos as diversas escolas de interpretação contemporâneas, quais seus pressupostos, como elas nos afetam e qual é a mais adequada (ou verdadeira) precisamos conhecer um pouco da história da hermenêutica.

Hermenêutica entre os Judeus Provavelmente, um dos primeiros empreendimentos do uso da Hermenêutica entre os judeus venha da época de Esdras, conforme lido em Ne.8:1-8, onde consta uma menção especial a leitura da Torah nunca dantes vista entre os judeus. Deve-se levar em consideração que a extrema preocupação com a leitura da Torah deu-se apos ou a partir do exilio babilônico. A ideia de reunir pessoas em grupos nesse período culminou mais tarde no projeto de sinagoga judaica (Ez.3:15;8:1;14:1;20:1). Para manter a própria identidade e esperança nas difíceis situações de era necessário a compreensão e prática correta das Escrituras Sagradas que eles haviam abandonado. Eles sabiam que estavam fora da sua terra prometida por não cumprirem a lei. 5 E acabaram por surgir grupos religiosos, que para “proteger” a Lei criaram certas regras como uma “capa protetora” ou “um campo de força” impedindo que algum desavisado descumprisse a Lei. Somente para se ter uma ideia, para o 4º mandamento que é o primeiro mandamento

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Ver Neemias 13:17 e 18

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positivo do Decálogo (ou seja, não começa com a palavra “não”) e requer o descanso na presença de Deus durante o sábado, foram criadas 39 proibições. 6 Após a destruição do Segundo Templo pelos romanos e o desenvolvimento do Judaísmo Rabínico, a prática da religião do povo passou a ser aplicados de maneira bem diferente de sua origem (aquela dada por Deus através dos profetas). O Judaísmo Rabínico teve sua origem com os fariseus, em hebraico, perushim, os separatistas ou interpretes da Torá. Este grupo interno do judaísmo no início da era comum se opunha ao literalismo bíblico dos mais aristocráticos e sacerdotais saduceus e ao ascetismo dos essênios. Quando Jerusalém foi destruída no ano 70 d.C. os saduceus e essênios foram praticamente extintos, os fariseus ficaram como o grupo sobrevivente e suficientemente forte para se impor ao judaísmo como um todo. No judaísmo atual ainda existem diversos grupos, mas, a hermenêutica mais comumente aceita aplicada a vida diária, é a dos fariseus. Havia também a necessidade de traduzir os textos sagrados hebraicos para a língua aramaica falada na Palestina e na diáspora judaica oriental7 e também para o grego -falado por muitos judeus na diáspora ocidental. Qualquer tradução dificilmente consegue manter claro cada um dos detalhes da língua original (embora seja possível – e assim se espera – Mantenha a essência da mensagem). Assim a tradução de Gn.1:2 “deserto e vazio” no hebraico, ficou helenizado para “invisível e desorganizado”. “Nephesh” (“pessoa” traduzida por “alma”) Hermenêutica Judaico-helenística

A interpretação utilizada pelos judeus da diáspora difere bastante daquela utilizada pelos judeus palestinos, cuja interpretação era centrada na pratica da Torah. Para os judeus da diáspora helenística, o Pentateuco tinha se convertido num corpo legislativo, baseado numa determinada concepção da divindade mais próxima da razão filosófica do que da revelação do Sinai. Esta concepção divina é demonstrada através das frequentes referencias ao Logos e a conceitos tais como causalidade, destino, imortalidade, etc. Assim os mandamentos bíblicos capacitavam o individuo para o triunfo sobre suas paixões, libertando a alma da escravidão do corpo, podendo assim prosseguir na busca da vida eterna no reino do imaterial. Por essa razão, alegorizava-se o Pentateuco, transformando-se o Deus bíblico em razão pura e transcendente, totalmente espiritual e livre de paixões (dai a ausência de antropomorfismos e antropopatismos na LXX ). Outro fator determinante na hermenêutica judaico-helenística foi a influencia do Gnosticismo. A salvação na historia da lugar a salvação pela gnose, obtida pela revelação sobrenatural dispensada unicamente aos iniciados. Os sinais externos e visíveis do judaísmo ( circuncisão, leis alimentares e higiênicas ) dão lugar à busca pelo conhecimento pleno e verdadeiro. As Escolas de Hillel e Shammay

Hillel8, vindo da Babilônia e de uma cultura helenística no primeiro século a. C., deu pouco ou quase nenhum valor ao fervor apocalíptico e ao messianismo radical de caráter politico desenvolvido entre os zelotes. Assim, todo o seu ensino vinha mais da dedução racional que da tradição, servindo-se do jogo de pergunta e resposta próprio do método socrático. Criou sete regras de interpretação, as quais dão ênfase ao estudo exegético das escrituras, deixando de lado a tradição oral. Hillel tinha a preocupação sempre nova de atualizar a Torah para os judeus das diversas situações (diáspora, palestinos), o que lhe valeu a acusação de modificador da Torah e de criador de novas leis (Taqqanot). Shammay, um outro importante rabino, mais fechado e conservador, e seguidor da tradição, demonstra, em determinados momentos, ser mais aberto e flexível que Hillel na interpretação da Torah. Não aceitando o influxo do contexto e das exigências da modernidade sobre o texto bíblico. 6

Alguns exemplos: cuspir em direção ao vento, separar a cebola (que não se quer comer) da salada, É permitido cozinhar diretamente no calor

do Sol, mas não sobre algo que foi previamente aquecido pelo Sol; portanto, pode-se esquentar um ovo no calor dos raios do Sol sobre prato, panela ou frigideira fria (se o utensílio foi previamente esquentado no Sol, é proibido), mas é proibido utilizar água quente de aquecedor solar. "Apagar fogo" ou diminui-lo. Outros são mais fáceis, para saber mais veja o anexo. 7 Aos poucos os judeus foram perdendo a fluência na sua língua nativa devido o domínio estrangeiro. “Leram no livro, na Lei de Deus, claramente, dando explicações, de maneira que entendessem o que se lia.” Neemias 8:8 8 Hillel foi o avô de Gamaliel que foi usado por Deus para livrar os apóstolos da condenação do Sinédrio em Atos 5e quem instruí na Lei o apóstolo Paulo (At 22:16)

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Por exemplo, na interpretação do texto de Dt.24:1, sobre o divorcio, o termo “coisa vergonhosa”, com relação à mulher como motivo fundamental para o divorcio significava para Hillel qualquer coisa que desagradasse ao marido (infidelidade, uma palavra mal dirigida, o encontro de uma mulher mais agradável, etc.) enquanto que para Shammay representava apenas a infidelidade conjugal. Judeus Cabalistas

A palavra Qabbalah significa recepção e designa o conjunto de doutrinas judaicas de caráter esotérico, místico e magico. O movimento teve sua origem na Espanha e na Alemanha por volta do século XIII, como uma reação contra a filosofia racionalista. Os cabalistas conferiam valor sobrenatural a cada palavra, letra ou mesmo sinal do texto massorético, fazendo combinações numéricas, superposições e substituições de letras e sinais, na busca de sentidos ocultos. Período Patrístico

Apos o período apostólico, entram em cena os herdeiros e continuadores da tradição apostólica, conhecidos historicamente como os pais da Igreja. Simultaneamente a influência da cultura greco-romana se fez sentir na teologia dos pais da igreja, além das incursões do gnosticismo. Este período caracterizou-se, na historia da Igreja, por um grande conflito: alguns propondo a rejeição do AT como um livro cristão (e mesmo alguns livros do NT que consideram “judaicos demais”) como se vê no pensamento de Marciao9 (o Herege10), em 144 d.C. Muitos dos primeiros cristãos, fortemente influenciados pela cultura grega, continuaram a alegorizar o texto bíblico como faziam os rabinos. Dentre os que se destacaram no método alegórico estão Orígenes (185-254), Clemente (150-250), Dionísio Magno(†264) Atanásio (296-373), Dídimo, o cego (313-398), Gregório de Nissa(330-395), Basílio (330-379), Cirilo de Alexandria (†444) e Gregório Magno(540-604)11. O suicídio de Saul (que causava escândalo aos mais piedosos) logo passou a ser interpretado como prefigurando Jesus, que parte voluntariamente para a morte a fim de nos salvar 12. Essa interpretação segue a orientação de Agostinho: “O que quer que apareça na Palavra divina que não diz respeito ao comportamento virtuoso ou à verdade da fé deve ser tomado como figurativo”13. Com esse recurso a dificuldade em explicar o suicídio de um rei de Israel foi facilmente solucionada. Na segunda formulação do capítulo 10 da Epístola de Barnabé, livro apócrifo do início do segundo século, a alegoria é empregada para explicar as estranhas proibições de Lv 11,6 e Dt 14,7: “Também „não comerás a lebre‟. Por que razão? Isso quer dizer: não serás pederasta, nem imitarás aqueles que são assim. Porque a lebre, a cada ano, multiplica seu ânus. Ela tem tantos orifícios quanto o número de seus anos”. Como podemos ver, as explicações eram bem criativas. É até difícil imaginar de onde o autor desta epístola buscou inspiração para formular essa interpretação. A carta de Barnabé e rica em alegorias do AT: os sete dias da criação simbolizam os seis mil anos de duração do mundo, sendo o sábado símbolo do descanso escatológico. Também emprega a GEMATRIA, método no qual as letras das palavras eram convertidas em valores numéricos para uma aplicação escatológica.

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Marcião tinha ligações com o gnosticismo e cria que o Deus do AT era um Criador mal que Jesus tinha vindo destruir. Acreditava na inspiração divina do AT, mas que era que vinha de uma fonte má. O seu canon consistia dos escritos de Lucas e os de Paulo, mesmo assim “tirou” toda citação do AT ou qualquer coisa que contradizesse sua visão teológica. Mesmo assim teve vários seguidores. Em reação a sua heresia, a igreja acelerou o processo de verificar quais livros eram inspirados (canon do NT). De certa forma, sua influência é sentida até hoje quando vemos alguém um pastor rejeita o AT ou até mesmo em Lutero quando desdenha a carta de Tiago, chamando-o de “carta de palha” Marcion’s canon: Luke + Paul’s writings. Marcion accepted only the gospel of Luke to the exclusion of the other three gospels. He also accepted all of Paul’s writings but he would "cut out" any Old Testament quote or anything else that contradicted his theological views. He rejected all other books of the Bible except Luke + Paul’s writings. 10

“O próprio Policarpo (discípulo do apóstolo João), quando Marcião, um dia, se lhe avizinhou e lhe dizia: “Prazer em conhecê-lo”, respondeu Eu te conheço como o primogênito de Satã” - De Viris Illustribus - Polycarp the bishop. 11 FITZMYER, Joseph. A Bíblia na igreja. 1997, p.91. 12 O‟ COLLINS, Gerald. Problemas e perspectivas de teologia fundamental. 1993, p.49. 13 KERMODE, Frank; ALTER, Robert Edmond. Guia literário da Bíblia. 1997, p.687.

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Os pais alexandrinos

Foi na cidade de Alexandria que a religião judaica e a filosofia grega se encontraram e começaram a ter um processo de união. A filosofia platônica era tida como popular e era utilizada na interpretação das Escrituras. No início do 3º século d.C. a interpretação das Escrituras sofreu forte influência da escola catequética de Alexandria, a qual tinha como mestre, Panteno. Este faleceu em 190 d.C. e é o mais antigo mestre citado desta escola do Egito. Ele foi professor de Clemente de Alexandria (155-216 d.C.), o qual provavelmente foi influenciado por Filo. Clemente de Alexandria ensinava que as Escrituras possuíam uma linguagem simbólica para despertar a curiosidade das pessoas e isto ocorria porque nem todos deveriam entendê-la. Para ele o método literal desenvolvia uma fé muito elementar. Foi o primeiro a aplicar o método alegórico na interpretação do AT e a propor o princípio de que toda Escritura deve ser entendida alegoricamente. Desenvolveu uma teoria na qual cinco (5) sentidos estão ligados à Escritura, os quais estão cheios de riquezas e são muito profundos e, ainda teve como discípulo, Orígenes ( 185-254 d.C.). Orígenes era tricotomista (Doutrina que admite que são três os princípios que se integram no homem; o corpo, a alma e o espírito) como Platão e achava que as Escrituras também possuíam três partes, afinal foram reveladas para os homens. Para ele o corpo era o sentido literal, o qual desprezava; a alma, o sentido moral; e o espírito, o sentido alegórico ou místico. Pais antioquinos

No meio de toda essa confusão, surgiu um grupo de eruditos em Antioquia, da Síria, que tentou acabar com o letrismo dos judeus e com o alegorismo dos alexandrinos. Doroteu e Lúcio faziam parte deste grupo e, segundo dizem, foram eles que fundaram a escola de Antioquia no final do terceiro século. Os pais da igreja, em Antioquia, incentivaram o estudo das línguas originais das Escrituras (hebraico e grego) e também começaram a redigir comentários sobre as Escrituras. Para os antioquenses o significado espiritual de um acontecimento histórico estava implícito no próprio acontecimento. Um exemplo: para eles a partida de Abraão de Harã (Gn 12.1-9) para a terra prometida por Deus, nada mais é, que um sinal de fé, confiança em Deus. Teodoro de Mopsuéstia foi considerado o maior intérprete e crítico da escola de Antioquia. Defendia com muito zelo o princípio da interpretação histórico-gramatical, isto significa que o texto tinha que ser interpretado conforme as regras gramaticais e os fatos da história. Foi considerado o exegeta da época e a sua exegese era intelectual e dogmática. A escola de Antioquia criticava os alexandrinos por colocarem a historicidade do AT em dúvida constantemente. Todavia teve alguns problemas que a levou a entrar em contradição. Entre eles deve-se ressaltar que Teodoro, apesar de aceitar o sentido literal das Escrituras, não aceitou a inspiração divina de alguns livros. Também não se pode deixar de falar em Nestório, discípulo de Teodoro, o qual se envolveu numa grande heresia concernente à pessoa de Cristo e também deixou se influenciar com outras circunstâncias históricas. Influência Ocidental

Entre os séculos V e VI surgiu, no Ocidente, um tipo intermediário de exegese. Além de acolher alguns elementos da escola alegórica de Alexandria, acolheu também os princípios da escola da Síria. Mas teve uma influência importante porque acrescentou um elemento, até então sem importância, que era a autoridade da igreja e da tradição na interpretação da Bíblia. Desta forma o ensino, no âmbito da igreja, passou a ter valor e virou regra. Essa exegese foi representada por Hilário, Ambrósio, Jerônimo e Agostinho. Mas estes dois últimos foram os que mais influenciaram no método de interpretação entre todos os setes que se destacaram. Jerônimo 14, 347-419 d.C., adotou, no princípio, a alegorização de Orígenes. Mas depois se tornou mais literal graças à influência da escola de Antioquia e dos membros judeus. Acreditava que o método literal desvendava o sentido mais profundo das Escrituras, caso contrário, ignorava-o. Chegou a alegorizar o caso de Judá e Tamar (Gn 38) por causa disso. O comentário que fez sobre Jeremias tinha o método literal, mas ao compará-lo com o comentário sobre Obadias, nota-se a diferença entre os métodos literal e alegórico. 14

Jerônimo viajou muito, mas por volta de 386 d.C. morou em Belém. Onde em clausura, escreveu vários comentários sobre os diversos livros da Bíblia e a traduziu para o latim. Esta foi a maior de todas as suas obras, A Vulgata.

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Era um profundo conhecedor do grego e do hebraico, embora tenha utilizado na sua exegese muitas notas linguísticas, históricas e arqueológicas. Período Medieval

A partir do trabalho hermenêutico de Agostinho, iniciou-se um novo período, marcado pela ortodoxia e pelo pouco desenvolvimento da hermenêutica. Prevaleceu, neste período, a concepção de que a interpretação da Bíblia teria que se adaptar a tradição eclesiástica, o que levou a uma ênfase a interpretação alegórica, ao aspecto pratico e a fidelidade aos dogmas da igreja. Isto limitou ate mesmo a produção literária de textos interpretativos da Bíblia além de impedir o surgimento de qualquer contribuição nova; o trabalho dos interpretes consistia em repetir os dogmas já estabelecidos pela igreja. Este dogmatismo chegou ao extremo de estabelecer como única tradução considerável o texto da Vulgata. A Bíblia era considerada um livro cheio de mistérios, só podendo ser entendida misticamente. Essa orientação para a leitura espiritual da Bíblia conduz para o fato de que a exegese não e tanto uma investigação sobre o significado de palavras, senão a busca de um sentido para a vida. Por isso, a leitura medieval atualiza imediatamente o texto em estudo, passando a seu valor dogmático sem considerar, necessariamente, seu contexto original, ou o sentido que dele se depreenderia. Uma outra tendência dessa hermenêutica e considerar que se uma passagem do NT interpretava um texto do AT como prefiguração de Cristo, apenas este sentido era considerado verdadeiro, rejeitando-se a ideia original do texto ( por exemplo, o texto de Oseias 11:1, aplicado em Mt. 2:15 em relação a Cristo, e visto na interpretação dogmática medieval sem que se considere a possibilidade de o profeta estar originalmente se referindo ao povo de Israel ). Preservavam, também, a concepção agostiniana dos quatro sentidos da Bíblia: literal ( histórico ), alegórico ( cristo logico ), tropológico ( moral ) e analógico (escatológico ). Entre os expoentes do período escolástico, vale a pena destacar o trabalho de Tomas de Aquino, cujos comentários nasceram de seu trabalho como mestre. Em seu trabalho exegético, admite a existência de apenas dois sentidos no texto bíblico: o literal, ou histórico, e o espiritual, ou alegórico. Quanto à questão da multiplicidade do sentido literal, já presente em Agostinho, Tomas de Aquino parece rejeitar essa possibilidade, admitindo muito mais facilmente a multiplicidade do sentido espiritual. Houve, inclusive, uma significativa contribuição dos filólogos, principalmente nos séculos XIII e XIV. Esta preocupação, no entanto, começou a decair, lentamente, no final do século XV, quando a interpretação mistico-alegorica levou a um descuido do trabalho exegético. Somente no século XVI, a exegese propriamente dita, começa a ganhar um novo espaço. Período Renascentista

Depois do longo período medieval, onde a reflexão hermenêutica foi tolhida e limitada para dar lugar ao dogma e ao monopólio da igreja, os séculos XV e XVI assistem ao retorno da preocupação com os textos originais própria do espirito renascentista. Este movimento, de caráter humanista, originou-se na Itália e estendeu-se por toda a Europa, caracterizando-se principalmente por uma volta aos clássicos da antiguidade greco-romana e, do ponto de vista religioso, por uma volta a patrística. Este tipo de postura trouxe de partida três consequências rápidas: primeiro, a preocupação com os textos hebraico e grego provocou o surgimento da critica textual, notabilizando-se ai Johan Reuchlin ( aprox. 1518 ), com a publicação da primeira gramatica e dicionário da língua hebraica, e Erasmo de Roterdã (aprox. 1530 ), com a publicação do NT grego com notas explicativas; segundo, a diluição dos múltiplos sentidos da Bíblia em um único sentido, o gramatico histórico15; terceiro, as traduções antigas, como a LXX e a Vulgata, tem o monopólio ameaçado pelo surgimento de novas versões, mais relacionadas aos textos originais. A nova tendência da critica textual representa, na verdade, uma influencia do renascimento cultural sobre a hermenêutica bíblica. Aqui a ideia e que os escritores bíblicos poderiam ser lidos da mesma forma que qualquer outra obra de caráter profano, sendo submetidos aos métodos críticos como defendia Hugo de Groot, calvinista holandês ( 1583 –1645 ). Baruc Spinoza ( 1632 – 1677 ) já negava a autoria mosaica do pentateuco e falava em compilação, interpolação e erros de copia. Esta leitura da Bíblia, que mais tarde vai influenciar a hermenêutica moderna, foi rejeitada pelos reformadores graças a sua ênfase na infalibilidade das Escrituras. 15

Este método foi utilizado na reforma e é utilizado na IASD, como veremos adiante.

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Hermenêutica da Reforma

É neste momento e contexto histórico que desponta o trabalho hermenêutico dos reformadores. Notabilizaram-se, nesse aspecto, Melanchton, Lutero e Calvino. Embora apresentassem algumas diferenças quanto à interpretação de determinados textos, sua hermenêutica trazia alguns princípios comuns: 1- A interpretação das Escrituras não deve ser monopólio da igreja e seu colegiado Em lugar disso, e estabelecido o principio de que a Bíblia e interpretada pela própria Bíblia. 2- As Escrituras são inspiradas e, por isso, infalíveis; concepção que reforçou a tese da inerência do texto bíblico. Por isso, não podem receber o tratamento critico como se fossem um livro qualquer sobre religião. 3- Se as Escrituras são inspiradas, para entendê-las o homem não pode prescindir da iluminação do Espirito Santo por causa do estado de cegueira espiritual resultante da queda. 4- O estudo das Escrituras remete o individuo a procura da intenção do autor original, o que significava geralmente o sentido literal da passagem, a menos que o próprio autor indicasse o contrario. Essa tendência indica que o método hermenêutico da Reforma da ênfase ao sentido literal, gramatico-histórico, o que não significa que não existam passagens com sentido figurado. Entretanto para uma passagem requerer uma interpretação simbólica ela deve ter um influxo do seu próprio contexto, ou de um outro texto da Bíblia que indique claramente esse sentido. Apesar da rejeição ao monopólio da igreja e da tradição na interpretação bíblica na proposta hermenêutica dos reformadores, a historia apresenta um curioso paradoxo, pois uma vez ocorrida à reforma e a oficialização de seus conceitos em alguns Estados europeus, voltou-se ao escolasticismo medieval, e o confessionalismo e a imposição de limites doutrinários a liberdade de investigação mais uma vez esteve presente. Neste período, conhecido como pós reforma, verificou-se a tentativa de sufocar qualquer interpretação que fosse diferente da dos mentores reformistas. Esta postura, em combinação com o fracionamento do protestantismo, fez com que a hermenêutica passasse a ser usada mais uma vez como um instrumento a serviço do dogmatismo. Berkhof define assim esse fato: “A exegese se tornou serva da dogmática, e degenerou em mera busca de textosprovas” Surgindo assim o Confessionalismo, ou seja, a sua interpretação era também controlada pela posição teológica oficial de sua igreja. A Bíblia não falava por si só novamente. 16

Do período moderno ao Contemporâneo A Bíblia sempre foi considerada como a Palavra de Deus, normativa e fonte de inspiração missiológica nos círculos cristãos. Não havia questionamento quanto à sua autoridade divina, e permitia-se que a Escritura fosse sua própria intérprete.17 Com o advento do Iluminismo mudou-se o paradigma hermenêutico, já que a visão iluminista rechaçou qualquer outra autoridade que não a razão humana.18 A crença na revelação sobrenatural foi gradativamente substituída pelos métodos naturalistas nos círculos acadêmicos. 19 Ou seja, o método gramáticohistórico foi sendo substituído pelo método crítico-histórico.

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Temos que ter o cuidado de não sermos “não conformistas sem causa”, podemos pedir ajuda dos pastores e dos livros da igreja, mas é nosso dever conhecer a Bíblia por nós mesmos. Desta forma veremos que as crenças fundamentais dos adventistas estão baseadas na Bíblia e não num dogma oficial. Ainda que se fale em doutrinas da IASD, nós chamamos de “28 crenças fundamentais” e não dogmas, para à medida que formos conhecendo a verdade, venhamos a segui-la. 17

Cf.: Alberto R. Timm, "Antecedentes Históricos da Interpretação Bíblica Adventista," em Compreendendo as Escrituras: Uma Abordagem Adventista, ed. George W. Reid (Engenheiro Coelho, SP: Unaspress, 2007), 1-14. 18 Ángel Manuel Rodriguez, "Hermenéutica Contemporánea: Cuestiones y Problemas," em Entender la Palabra: Hermenéutica Adventista Para el Nuevo Siglo, ed. Gerald A. Klingbeil Merling Alomía, Martin G. Klingbeil e Jorge Torreblanca (Cochabamba, Bolívia: UAB, 2000), 7. 19 Conforme relata Alberto Timm, “... os modernos racionalistas desenvolveram o Método Crítico-Histórico para acomodar a Bíblia retrocedendo [grifo do autor] às antigas culturas em que ela foi produzida” Timm, 4.

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Do Racionalismo ao Conceito de Mito O Iluminismo, também conhecido como Século das Luzes (em oposição à Idade Média que era caracterizada como Idade das Trevas)20 é um movimento intelectual que surgiu inicialmente na França, no século XVIII. Tinha como objetivo defender a liberdade de pensamento e a igualdade de todos. Propunha ainda, um rompimento com as estruturas prevalecentes na época, tais como o direito divino dos reis, a política mercantilista e o poder político da Igreja Católica. Também criticava a intolerância religiosa e a corrupção do clero.21 Kant definia o iluminismo como o uso livre da razão.22 Segundo Cotrim, o pensamento iluminista confia na razão para resolver os problemas de sua sociedade.23 Durante este período, portanto, a razão tornou-se “o critério último e fonte principal do conhecimento.”24 Consequentemente, o princípio protestante Sola Scriptura,25 i.e, somente a Escritura, que foi o grito de guerra da Reforma, foi substituído em alguns círculos acadêmicos por uma nova abordagem no estudo da Bíblia.26 Isto resultou da influência de vários fatores, entre eles o racionalismo,27 a crítica literária radical,28 e pelo desenvolvimento de uma nova hermenêutica, através do método crítico-histórico,29 o qual predomina até hoje no liberalismo.30

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Paulo W. Buss compara a Idade Média com “uma selva obscura cheia de obstáculos.” Bengt Hägglund, História da Teologia, trad. Mário L. Rehfeldt e Gládis Knak Rehfeldt, 7ª ed. (Porto Alegre - RS: Concórdia, 2003), 7. 21 José Jobson Arruda, História Integrada: do Fim do Antigo Regime à Industrialização e ao Imperialismo (São Paulo: Ática, 1996), 17. 22 Para um estudo mais amplo sobre a definição kantiniana de autonomia da razão, ver: Paul Tillich, Perspectivas da Teologia Protestante dos Séculos XIX e XX. , trad. Jaci C. Maraschin, 2ª ed. (São Paulo: ASTE, 1999), 56-59. Sobre a influência de Renê Descartes e Isaac Newton ver: Cláudio Vicentino, História Geral, 10ª ed. (São Paulo: Scipione, 2007), 239. Sobre os principais filósofos do Iluminismo: Vicentino, 240-241. 23 Gilberto Cotrim, História Global: Brasil e Geral, 7ª ed. (São Paulo: Saraiva, 2003), 266-267. 24 Gerhard F. Hasel, Teologia do Antigo e Novo Testamento: Questões Básicas no Debate Atual, trad. Luís M. Sander e Jussara Marindir P. S. Arias (São Paulo: Academia Cristã, 2007), 34-35. 25 Os reformadores utilizaram o princípio Sola Scriptura ao afirmarem que, em matéria de fé e de doutrina somente a Bíblia é a suprema autoridade, “só ela é o árbitro de todas as controvérsias.” Alderi Souza de Matos, http://www.monergismo.com/textos/cinco_solas/solascriptura_alderi.htm (accessed em 23 de Março de 2009). Ver também: Gottfried Brakemeier, "Somente a Escritura: Avaliação de Um Princípio Protestante. Reação a Gunter Wenz, Evangelho e Bíblia no Contexto da Tradição Confessional de Wittenberg," Estudos Teológicos 44/1 (2004). http://www3.est.edu.br/publicacoes/estudos_teologicos/indice_download.htm [accessed em 23 de março de 2009]; Nisto Cremos: As 28 Crenças Fundamentais da Igreja Adventista do Sétimo Dia, ed. Associação Ministerial da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, trad. Helio L. Grellmann, 8ª ed. (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2008).289, 327; Woodrow Whidden, Jerry Moon, and John W. Reeve, A Trindade: Como Entender os Misterios da Pessoa de Deus na Bíblia e na Historia do Cristianismo, trad. Hélio Luiz Grellmann, 2ª ed. (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2006), 187, 189, 196-197; Jaroslav Pelikan, The Christian Tradition: A History of the Development of Doctrine, 5 vols., vol. 5 (Chicago: University of Chicago Press, 19711989), 194. 26 Para um estudo mais amplo sobre o princípio Sola Scriptura e seu uso pelos reformadores ver: Frank M. Hasel, "Pressuposições na Interpretação das Escrituras," em Compreendendo as Escrituras: Uma Abordagem Adventista, ed. George W. Reid (Engenheiro Coelho, SP: Unaspress, 2007), 36-40. ver também: Peter M. van Bemmelen, "A Autoridade das Escrituras," em Compreendendo as Escrituras: Uma Abordagem Adventista, ed. George W. Reid (Engenheiro Coelho, SP: Unaspress, 2007), 8083. E ainda: Alberto R. Timm e Amin A. Rodor, "A Trindade nas Escrituras," Parousia 2005, 32; onde é mencionado que este princípio era o ideal do protestantismo. 27 O racionalismo sustentava que a religião revelada inclui uma religião baseada inteiramente na razão e que gradualmente se desenvolve até chegar a ela. Assim, abandonou a concepção ortodoxa da inspiração da Bíblia. Desta forma, a Bíblia tornou-se um livro da Antiguidade, a ser estudado como qualquer outro documento antigo. Ver: Hasel, Teologia do Antigo e Novo Testamento: Questões Básicas no Debate Atual, 35. Ver também: Hägglund, 303-305. 28 A Crítica Literária tem como objetivo encontrar e distinguir as supostas fontes literárias usadas pelos escritores, em nosso caso os escritores bíblicos. Por outro lado, se usada positivamente, ela pode ser útil para evitar uma interpretação errônea do texto. Para mais detalhes e uma extensa bibliografia ver: Norman L. Geisler, Baker Encyclopedia of Christian Apologetics (Grand Rapids - Michigan: Baker Books, 1999). 29 Daqui em diante o Método Crítico-Histórico será chamado MCH. É também conhecido como “alta-crítica,” ver: R. K. McIver, "The Historical-Critical Method: The Adventist Debate," Ministry, Março 1996, 14. “criticismo histórico,” ver: A. L. Nations, "Historical Criticism and the Current Methodological Crisis," SJT 36/1 (1983): 59-71. “criticismo bíblico,” ver: Gerhard F. Hasel, "The Origen of the Biblical Sabbath and the Historical-Critical Method: A Methodological Test Case," Journal of the Adventist Theological Society 4/1 (1993): 25. “criticismo racionalista,” ver: Roy A. Harrisville and Walter Sundberg, The Bible in Modern Culture: Theology and Historical-Critical Method from Spinoza to Käsemann (Grand Rapids, Michigan: Eerdmans, 1995), 32. “liberal” ou “científico moderno,” cf.: Roberto Pereyra, "El Método Histórico Crítico: Un Debate Adventista Contemporáneo," em Entender la Palabra, ed. Merling Alomía et al. (Cochabamba: UAB, 2000), 59-60.

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A Razão se tornou norma da verdade não apenas no ambiente secular, mas também na teologia e na religião. Para Baruch Spinoza, a Escritura deveria estar sujeita e concorde com a razão. 31 A razão para Spinoza, como declarado em seu Tratactus Theologico-Politicus (1670) é o guia do homem para a verdade.32 Seguindo esta linha de raciocínio, J. S. Semler (1725-1791) que é geralmente considerado o pai do criticismo histórico,33 considerou a Bíblia como um documento histórico, e que deveria ser interpretado com uma metodologia puramente histórica, i.e, crítica, como qualquer outro documento antigo. Fazendo distinção entre a Escritura e a Palavra de Deus. 34 Na visão da teologia protestante do Iluminismo, houve uma mudança do pensamento ortodoxo quanto à natureza do Antigo Testamento. Este deixou de ser aceito como uma coleção de revelação sobrenatural, e começou a ser considerado como um conjunto de fontes provindas de uma cultura tão antiga e distante para ser compreendida.35 Jean Astruc (1684-1766), um dos pioneiros em defender a ideia de que o Pentateuco foi redigido a partir de diversas fontes, aplicou os princípios da crítica literária radical à Bíblia.36 Apesar de suas opiniões não terem sido aceitas prontamente, desenvolveu o critério dos nomes divinos, que consistia em demonstrar que Moisés utilizou-se de dois autores principais, cada um conhecendo apenas um nome para a divindade, um Elohim e o outro YHWH, para a análise do livro de Gênesis. Este critério de divisão de fontes acabou por ser a premissa fundamental da Hipótese Documental, que serviu de base para a então chamada, alta crítica. 37 O termo “alta crítica” foi empregado pela primeira vez por Johann Gottfried Eichhorn (1752-1827) em sua segunda edição da sua “Einsleitung” em 1787.38 Aplicou o critério dos nomes divinos à grande parte do Pentateuco. Mas foi Julius Wellhausen (1844-1918) que deu forma final à Hipótese Documental. Demonstrou um desenvolvimento maduro do MCH em sua obra “Introdução à História de Israel.”39 Ganhou apoio entre vários eruditos alemães rapidamente, pois sua teoria estava em conformidade com o dialeticismo hegeliano e o evolucionismo darwiniano que predominavam nos círculos acadêmicos da época. 40 A era do Iluminismo foi fundamental para a teologia bíblica, pois trouxe mudanças que tiveram uma “influência definitiva,”41 transformando-a em uma ciência histórica que descreve o que os autores bíblicos

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Para mais esclarecimentos sobre o desenvolvimento do método crítico-histórico ver: Edgar Krentz, The Historical-Critical Method (Philadelphia: Fortress Press, 1995). Ver também: Alan Richardson, The Bible in the Age of Science (Londres: 1961), 9312. 31 Cf.: Krentz, 14. 32 Cf.: Hasel, Teologia do Antigo e Novo Testamento: Questões Básicas no Debate Atual, 271. 33 Douglas Stuart and Gordon D. Fee, Entendes o Que Lês?, trad. Gordon Chown, 2ª ed. (São Paulo: Vida Nova, 1998), 246. Ver também: Krentz, 19. e ainda: Hasel, Teologia do Antigo e Novo Testamento: Questões Básicas no Debate Atual, 273. 34 Para maiores detalhes ver Johann Salomo Semler, Albhandlung Von Freier Untersuchung des Canon, 4 vols., vol. 4 (Halle: 1771-1775). Ver também Werner Georg Kümmel, The New Testament: The History of the Investigation of Its Problems (Nashville: Abingdon Press, 1972), 64. Semler afirmou que “a Escritura e a Palavra de Deus são claramente distintas, pois conhecemos a diferença... À Sagrada Escritura pertencem Rute, Ester, Cantares de Salomão, etc., mas nem todos esses livros, chamados de sagrados, pertencem à Palavra de Deus...” Johann Salomo Semler, Albhandlung Von Freier Untersuchung des Canon, 4 vols., vol. 1 (Halle: 1771-1775), 75. 35 Stefan Heidemann, "Der Deutschen Morgenland: Bilder des Orients in der Deutschen Literatur Und Kultur Von 1770 Bis 1850," (2008). http://www.uni-jena.de/data/unijena_/faculties/phil/iskvo/Heidemann_Texte/Heidemann-Morgenland+2008Paradigmenwechsel.pdf [accessed Em 23 de Fevereiro de 2009 ]. 36 Hasel, Teologia do Antigo e Novo Testamento: Questões Básicas no Debate Atual, 35. Sobre a divisão das fontes do Pentateuco conforme Jean Astruc ver Jr. Gleason L. Archer, Merece Confiança o Antigo Testamento?, trad. Gordon Chown, 7ª ed. (São Paulo: Vida Nova, 2007), 466. 37 Ver o Histórico da Teoria Documental do Pentateuco em: Gleason L. Archer, 465-476. Ver também: Greg King, "A Hipótese Documentária," Revista Teológica do SALT - IAENE 4/2, Jul-Dez (2000): 29-36. 38 F. Prat, "Biblical Criticism," Original Catholic Encyclopedia. (1914). http://oce.catholic.com/index.php?title=Biblical_Criticism [accessed em 23 de fevereiro de 2009.]. 39 Geisler, 769. Ver maiores informações sobre a contribuição de Julius Wellhausen à Hipótese Documental em Julius Wellhausen, Die Composition Des Hexateuchs Und Der Historischen Bücher Des Alten Testaments, 2ª ed. (Universidade de Princeton: G. Reimer, 1889).; Julius Wellhausen, Prolegomena Zur Geschichte Israels, 5ª ed. (Berlin: Druck und verlag von G. Reimer, 1899). 40 Na dialética hegeliana, um conceito (tese) inevitavelmente origina um conceito antagônico a si próprio (antítese), e a interação destes leva a um novo conceito (síntese). Este por sua vez se torna a tese de uma nova tríade. (Detroit - NY: Columbia University Press, 2000), s.v. "The Columbia Encyclopedia." Ver também: Gleason L. Archer, 472. 41 Hasel, Teologia do Antigo e Novo Testamento: Questões Básicas no Debate Atual, 273.

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pensavam, isto é, “o que queriam dizer.”42 Desta forma, a interpretação das Escrituras depende da filosofia predominante na época dos autores bíblicos. Foi também neste período que o supernaturalismo foi rejeitado.43 Ainda neste contexto, desenvolveu-se a escola da história das religiões,44 que tem por finalidade averiguar a influência que a literatura extra bíblica exerceu sobre as Escrituras, conhecida por este motivo como método comparativo.45 De Wette (1780-1849) vê um “desenvolvimento genético da religião,” começando pelo hebraísmo, passando pelo judaísmo até o cristianismo.46 Sobre o prisma da história das religiões existe uma descontinuidade entre AT e NT, e uma marcante rejeição do supernaturalismo também pode ser observada.47 Sob este ponto de vista, deveria ser retirado da Escritura tudo aquilo que fosse considerado local e temporal, a fim de chegar àquilo que é permanente.48 A tarefa do criticismo histórico era recuperar a verdade que repousa oculta na Bíblia.49 Nas palavras de James A. Sanders, “a autoridade não repousa na Escritura, mas entre as linhas da Escritura, em algo que pode ser recuperado apenas pelas ferramentas que o Iluminismo nos dá.”50 Segundo Gabler (1753-1826) os teólogos necessitariam distinguir entre os vários períodos da velha e da nova religião.51 A ocupação, portanto, seria averiguar quais conceitos do cristianismo seriam relevantes para o homem de hoje. 52 Desta forma introduziu o conceito de mito aos estudos do Novo Testamento. 53 A Demitologização e o Existencialismo O conceito de mito alcançou o seu ápice com o programa da “demitologização” de Bultmann (1884-1976). O seu discurso em 1941 provocou um acentuado debate sobre o NT e a mitologia.54 Bultmann propunha que o NT foi escrito em linguagem mitológica e que existem palavras que são incompreensíveis ao homem moderno e devem ser demitologizadas, i.e, reinterpretadas de maneira existencialista.55 A tarefa da teologia, portanto, é demitologizar a pregação cristã, já que, “em se tratando de linguagem mitológica, ela é inverossímil para o ser humano de hoje...” 56 Na teologia bultmanniana, a história não tem caráter decisivo em questões teológicas, pois as verdades morais do NT podem ser aceitas independentemente de se ter um conhecimento de quem ou em que época essas verdades tenham sido apresentadas pela primeira vez.57 Krentz afirma que na teologia existencial há um perigo de a história ser interiorizada.58 O objetivo dos evangelhos, portanto, não seria apresentar uma biografia de Jesus, mas a mensagem de Jesus e das comunidades cristãs primitivas.59 Ele via um desenvolvimento de unidades de tradições na narrativa dos evangelhos que surgiram a partir das ansiedades da igreja primitiva. Esta ideia era compartilhada por outros eruditos, como Hermann Gunkel e Martim Dibelius, em cuja visão, os evangelhos são o resultado de uma variedade de tradições orais pré-literárias, e que os evangelistas teriam sido os editores dessas tradições. Os eruditos da escola

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Ibid. O supernaturalismo se “fundamentava na necessidade de revelação e da autoridade da Escritura.” Hägglund, 304. 44 Para um estudo mais amplo sobre a Escola da História das Religiões ver: Ibid, 340-343. 45 Odette Mainville, A Bíblia à Luz da História: Guia de Exegese-Histórico-Crítica, trad. Magno Vilela (São Paulo: Paulinas, 1999), 104-105. 46 O. Merk, Biblische Theologie des Neuen Testaments in Ihrer Anfangszeit (Marburg: 1970), 210-214. 47 Hasel, Teologia do Antigo e Novo Testamento: Questões Básicas no Debate Atual, 274 48 Ibid, 274. 49 Jaques De Senarclens, Herdeiros da Reforma, trad. A. Sapsezian (São Paulo: ASTE, 1970), 82. 50 James A. Sanders, "From Sacred Story to Sacred Text: Canon as Paradigm." Religious Studies Review 15 (April 1989), 99. 51 Johann Philipp Gabler, Kleinere Theologische Schriften, vol. 2 (Cambridge, Massachusetts: Stettin, 1831), 186; ver também Kümmel, 99. 52 Ibid, 100 53 Krentz, 21. 54 Para um estudo mais amplo sobre o discurso de Bultmann e o debate que este provocou ver: Hasel, Teologia do Antigo e Novo Testamento: Questões Básicas no Debate Atual, 301. Ver também: Nilo Duarte de Oliveira, “A Demitologização das Escrituras de Rudolf Bultmann e a Reação Protestante” (Centro Universitário Bennett, 2004). 55 Sobre a interpretação existencialista de Bultmann ver: Hägglund, 352-353. 56 Rudolf Bultmann, Crer e Compreender: Artigos Selecionados, ed. Walter Altmann, trad. Walter O. Schlupp e Walter Altmann (São Leopoldo - RS: Sinodal, 1987), 14. [Os grifos são do autor]. 57 Ibid, 22. 58 Krentz, 31. 59 Para um estudo mais amplo ver Rudolf Bultmann, Jesus and the Word, trad. Louise Pettibone Smith and Erminie Huntness Lanteno (New York: Scribner’s, 1958). Ver também Hägglund, 352. 43

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da crítica das formas buscavam encontrar o Sitz im Leben no qual as tradições orais surgiram. Apesar de Bultmann não ter sido o seu pioneiro, este objetivo foi por ele expandido.60 Enquanto a crítica da forma se relaciona com a busca das tradições orais, a crítica literária investiga as fontes escritas dos evangelhos. Ela se divide em uma série de disciplinas, como a crítica das fontes, a crítica da redação, a crítica do gênero, a crítica da narrativa, o estruturalismo, entre outros. 61 Surge, então, a chamada “Nova Hermenêutica,” cujos conceitos interpretativos foram tomados tanto de Bultmann quanto de Barth. Embora trabalhassem com o texto de forma distinta, consideravam que sua interpretação deveria ser baseada na mensagem do texto ou no que o texto “falaria” ao leitor, 62 quando este o abordasse através de uma pergunta existencial.63 Uma das contribuições de Barth foi discordar da posição em que a Bíblia é considerada um livro meramente humano. Na sua neo-ortodoxia, contudo,64 a Bíblia se torna a palavra de Deus quando há um encontro entre a humanidade e divindade.65 Um encontro existencial entre a Escritura e o homem. 66 A semelhança da neoortodoxia e da nova hermenêutica, poderia ser vista na contestação das verdades proposicionais, porque estas verdades apenas existem no campo existencial.67 Na opinião de Zuck, a nova hermenêutica leva o texto bíblico a “ter o sentido que o leitor desejar,”68 pois a verdade reside na experiência do leitor (campo existencial) ao permitir que o texto fale consigo.69 Reação ao Método Crítico-Histórico O MCH começou a ser questionado mesmo fora dos círculos mais conservadores. Karl Barth (1886 – 1968) propôs uma crítica ao método declarando ser este semelhante à doutrina da infalibilidade defendida pela igreja romana, visto que ambas substituem a autoridade divina das Escrituras por uma autoridade humana.70 Paul Tillich (1886 – 1965) declarou a impossibilidade de que algum método possa reivindicar ser apropriado para todo assunto. Para explicar os conteúdos da fé cristã, propôs o método da correlação, utilizando-se de perguntas existenciais e de resposta teológicas em que se relacionam de forma mútua e interdependente. 71 Tillich, através do método da correlação, procurou “demonstrar que a mensagem cristã é a resposta a todos os problemas envolvidos no humanismo autocrítico; é o que chamamos hoje de existencialismo.” 72

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Para um estudo mais amplo ver Rudolf Bultmann, The History of the Synoptic Tradition, trad. John Marsh (New York Harper and Row, 1963). Ver também William Baird, "New Testament Criticism," em The Anchor Bible Dictionary, ed. David Noel Freedman (New York: Doubleday, 1996), 732-733, 844. 61 Para maiores esclarecimentos sobre estas disciplinas, ver: Baird, 732-736; ver também Millard J. Erickson, Christian Theology (Grand Rapids: Baker, 1983-85), 81-104; Gerhard F. Hasel, Understanding the Living Word of God (Mountain View, Califórnia: Pacific Press, 1980). 62 Stuart and Fee, 249. 63 Werner G. Jeanrond, "History of Biblical Hermeneutics," em The Anchor Bible Dictionary, ed. David Noel Freedman (New York: Doubleday, 1992), 443. 64 A neo-ortodoxia é uma corrente teológica que surgiu no século XX. Segundo esta corrente teológica, “a Bíblia não é a revelação de Deus, mas um testemunho dessa revelação.” Pereyra, 139. 65 “O Criador pode vir ao nosso encontro, pode revelar-Se a nós e, assim, salvar-nos do pecado.” Ibid. Em relação à teologia do encontro na erudição adventista, ver: Fernando L. Canale, "Revelação E Inspiração," em Compreendendo as Escrituras, ed. George W. Reid (Engenheiro Coelho, SP: Unaspress, 2007), 60. 66 Antonio M. Artola e José Manuel Sánchez Caro, A Bíblia e a Palavra de Deus, trad. Frei Antônio Eduardo Quirino de Oliveira, vol. 2º (São Paulo: AM Edições, 1996), 270. 67 Roy B. Zuck, A Interpretação Bíblica: Meios de Descobrir a Verdade da Bíblia, trad. Cesar de F. A. Bueno Vieira (São Paulo: Vida Nova, 1994), 62-63. 68 Ibid, 63 69 Ibid. 70 Karl Barth, Church Dogmatics, trans. G. T. Thompson, vol. 1 (Edimburgo: T. & T. Clark, 1963), 119; ver também Norman Gulley, Cristo Viene! Un Enfoque Cristocéntrico de Los Enventos de Los Últimos Días, trad. David P. Gullón, 1ª ed. (Buenos Aires: Asociación Casa Editora Sudamericana, 2003), 103. 71 O método da correlação apresentada por Tillich é diferente do apresentado por Troeltsch que apresentaremos mais a frente. Para um estudo mais amplo sobre o método da correlação de Tillich ver: Paul Tillich, Systematic Theology, 3 vols. (Chicago: University of Chicago, 1967). Esta obra foi publicada em português, em um volume único, sob o título: Paul Tillich, Teologia Sistematica, trad. Getúlio Bertelli (São Paulo: Sinodal - Paulinas, 1967). Veja também: Cláudio Carvalhaes, "Uma Crítica das Teologias Pós-Modernas à Teologia Ontológica de Paul Tillich,” Universidade Metodista de São Paulo http://www.metodista.br/ppc/correlatio/correlatio03/uma-critica-das-teologias-pos-modernas-a-teologia-ontologica-de-paultillich/ (accessed em 23 de Março de 2009); sobre a relação de perguntas existenciais e respostas teológicas, ver David Tracy, "Tillich and Contemporary Theology," em The Thought of Paul Tillich, ed. Wilhelm Pauck James Luther Adams, Roger Licoln Shinn (San Francisco: Harper and Row Publishers, 1985), 266-267. 72 Paul Tillich, História do Pensamento Cristão, 2ª ed. (São Bernardo do Campo: ASTE, 2000), 287-289.

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A teologia de Tillich serviu como um referencial para uma nova postura teológica pós-moderna, já que a correlação permitiu um questionamento para os dogmas da teologia.73 de fato a agenda pós-moderna nega a possibilidade de se explicar tudo sobre o homem e o mundo através de uma meta-narrativa como a Bíblia.74 Para William Baird o método crítico histórico tem se tornado crescentemente problemático, e a variedade de propostas indica uma busca para um novo paradigma que ainda não foi encontrado.75 Alguns teólogos históricocríticos chegaram a falar em falência da crítica bíblica.76 Walter Wink (1935), ex-professor do Union Theological Seminary, em Nova Iorque, declarou em seu livro que o MCH entrou “em bancarrota.”77 A mesma posição foi defendida por Gerhard Maier em seu livro The End of the Historical-Critical Method, ao anunciar o fracasso do MCH,78 “porque apresenta uma impossibilidade interna.”79 Maier também enfatizou a necessidade da busca de um método alternativo, que levasse em conta a revelação divina da Escritura. Propôs, então, o método bíblicohistórico,80 o qual “é baseado no contexto bíblico de inspiração, na atividade de Deus na História através de atos e da palavra, no testemunho da Escritura sobre si mesma, no princípio da Bíblia como sua intérprete, etc.”81 Brevard Childs (1923 – 2007) apontou para uma abordagem pós-crítica, ao fazer teologia dentro do contexto do cânon, propondo assim o que viria a ser conhecido como uma “nova teologia bíblica.”82

Hermenêutica Bíblica Para entendermos corretamente a Bíblia, precisamos permitir que ela seja sua própria intérprete. Precisamos deixar que o texto bíblico fale por si só. Por isso, vamos apresentar os princípios que a Bíblia indica para sua própria interpretação.

A Hermenêutica de Jesus  Foi uniforme e tratava o texto, os registros, como fatos fiéis. (Mateus 24:38 e 29; Marcos 10:6; Marcos 13:19; Lucas 17:32)  Fazia aplicação sem mudar o sentido do texto (Mateus 4:7; Mateus 21:13)  Denunciou o modo como os rabinos estavam interpretando as Escrituras (Mateus 15:3-6)  Comparava textos do mesmo assunto (Lucas 24:27 e 44)

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Carvalhaes, (accessed em 23 de Março de 2009). Carlos Ceia, "Metanarrativa," E-Dicionário de Termos Literários (2005). http://www2.fcsh.unl.pt/edtl/verbetes/M/metanarrativa.htm [accessed em 23 de março de 2009]. 75 Baird, 725-736. 76 D. A. Carson, "Biblical Interpretation and the Church: Text and Context.," (Exeter: Paternoster Press, 2000), 46. 77 Walter Wink, The Bible in Human Transformatin: Toward a New Paradigma for Biblical Study (Filadélfia: Fortress Press, 1973), 1; veja ainda Wayne G. Rollins, "The Second Shoe: An Appreciation and Critique of Walter Wink's the Human Being " Cross Currents. 2003, 296; veja também: Gerhard F. Hasel, A Interpretação Bíblica Hoje, trad. Carlos A Trezza (Itapecerica da Serra - SP: SALT - IAE, 1985), 84. 78 Gerhard Maier, The End of the Historical-Critical Method, trad. Edwin W. Leverez and Rudolph F. Norden (Eugene: Wipf & Stock, 2001), 11-25 ver também Hasel, A Interpretação Bíblica Hoje, 87-91. 79 Maier. 23; ver também Richard M. Davidson, "A Personal Pilgrimage," Journal of the Adventist Theological Society 1/1 (1990), 49. 80 Também conhecido como “Método Gramático-Histórico” ver: Richard M. Davidson, "Biblical Interpretation," em Handbook of Seventh-Day Adventist Theology, ed. Raoul Dederen (Hagerstown, MD: Review and Herald Publishing Association, 2000), 90, ver: Hasel, A Interpretação Bíblica Hoje, 03; “método literário-gramático-histórico,” ver: William Larkin Jr, Culture and Biblical Hermeneutics (Grand Rapids: Baker Book House, 1988). Davidson prefere chamar “interpretação bíblico-histórica,” ver: Davidson, "A Personal Pilgrimage," 55. Este foi o método da Reforma protestante e é também da Igreja Adventista do Sétimo Dia, ver: Davidson, "A Personal Pilgrimage," 42. 81 Hasel, A Interpretação Bíblica Hoje, 91. 82 Brevard S. Childs, Biblical Theology in Crisis (Philadelphia: Westminster, 1970), 100; ver também Gerald T. Sheppard, "Canonical Criticism," em The Anchor Bible Dictionary, ed. David Noel Freedman (New York: Doubleday, 1992), 861-866; Hasel, Teologia Do Antigo E Novo Testamento: Questões Básicas No Debate Atual, 135-136. 74

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Regras Básicas de Interpretação Se um documento em seu original pertence a uma língua estrangeira, é necessário um conhecimento na língua, inclusive a compreensão da estrutura e nas expressões idiomáticas da língua. Deve-se identificar o tipo de forma literária: Prosa ou verso. Profecia ou história, alegoria ou parábola etc. Para entender a Bíblia os estudantes devem ter conhecimento do contexto histórico. É útil ter noção de fatores climáticos e geográficos que influenciam o escritor. “O criador de todas as ideias pode impressionar mentes diversas com o mesmo pensamento, mas cada um pode exprimi-lo por diferentes maneiras, e ao mesmo tempo sem contradições” (M.E p.22 Vol.1). 1. Reconheça que a Bíblia é produto da inspiração de Deus (isto é, inspiração do pensamento). 2. Devemos estar certos de que as citações foram de fato escritas pelo autor a quem são atribuídas. 3. Reconheça que o desafio da semântica reside em toda a comunicação. a. Reconheça que o sentido de algumas palavras podem mudar com o tempo. b. Entenda o uso da hipérbole e de outras figuras de linguagem c. Reconheça a possibilidade de expressões imprecisas. 4. Procure cuidadosamente pelo contexto imediato. a. Entenda o significado na frase em que ela esta inserida. b. Reconheça que o significado de uma palavra pode mudar quando é usada em um novo contexto. c. Cada declaração deve ser compreendida dentro de seu contexto histórico. Devem-se estudar o tempo, o lugar, e as circunstancias sob as quais a declaração foi feita, a fim de compreender o seu sentido. 5. Nem tudo na Bíblia pode ser compreendido à primeira vista, ou mesmo após anos de estudo. a. Em alguns casos, uma pessoa deve compreender a experiência de um acontecimento, direta ou indiretamente, antes de compreender a verdade do acontecimento. b. Devemos usar o bom senso e a razão santificada ao analisarmos a diferença entre princípios e normas. “As palavras significam coisas diferentes, para diferentes pessoas em virtude das diferenças pessoais como: Educação, faixa etária, experiências espirituais, localização geográfica e gênero”. Fazendo isto, poderemos reconhecer o princípio básico de cada declaração, conselho ou instrução a fim de entender a sua relevância para os que se acha em diferentes tempos e lugares. Distinguiremos entre a Verdade descritiva (Não são normas de vida para hoje, são simplesmente descrições) e a Verdade Prescritiva (É aquela que nos diz o que devemos fazer, uma prescrição).

Princípios de Hermenêutica de Ellen White 1 – Para se interpretar a Bíblia devemos dar a devida importância ao estudo de seu contexto. “...Escritura separada do contexto, citando talvez a metade de um simples versículo, como prova de seu ponto de vista, quando a parte restante mostraria ser bem contrário o sentido” (GC, p. 526). 2 – Considerar o tempo e o lugar. Ellen White estava preocupada em que o “tempo e lugar” dos seus escritos antes que outros usassem inadequadamente. Devemos, também, considerar este fator ao interpretar a Bíblia (1ME, p. 57). 3 – Ela também reconhecia a necessidade de estudar as palavras usadas pelo autor inspirado. “As expressões e declarações não são compreendidas da mesma maneira por todos. Alguns entendem as declarações das Escrituras segundo sua mente e casos especiais...” (1ME, p. 20). 4 – O correto recebimento da Palavra de Deus requer uma atitude correta de coração. 17


“A percepção e apreço da verdade... depende menos da mente, que do coração” (DTN, p. 438). 5 – A Bíblia é clara aos sinceros de coração. “Todos os que a estudam com coração devoto. Toda alma verdadeiramente sincera virá à luz da verdade” (GC, p. 527). 6 – A Bíblia á clara aos dependentes de Deus que a estudam com reverência. “Devota dependência de Deus, e sincero desejo de saber a Sua vontade.” (GC, p. 605). “Quando se abre a Palavra de Deus sem reverência nem oração; quando os pensamentos e as afeições não se concentram em Deus, ou não se acham em harmonia com Sua vontade a mente fica obscurecida por dúvidas; e o cepticismo se robustece... O inimigo se apodera das ideias, e sugere interpretações incorretas.” (CC, p. 110). 7 – A Bíblia quando estudada e interpretada corretamente mostra-nos a salvação. “... muitos se perderão porque não estudaram a Bíblia sobre seus joelhos, com fervorosas orações a Deus.” (Carta 20, 1888). 8 – A Bíblia só pode ser interpretada com o auxílio do Espírito Santo. “Sem a presença do Espírito Santo, não somos capazes de compreender ou ensinar as escrituras.” (GC, pp. 531, 532; 1ME, p. 411). “Mediante a atuação do Espírito Santo na Palavra de Deus, Jesus vem a nós como uma presença permanente.” (2ME, pp. 38, 39). 9 - Todos podem interpreta a Bíblia, não somente os acadêmicos, usando métodos avançados de crítica. “Falta de conhecimentos científicos não é escusa para negligenciar-se o estudo da Bíblia; pois as palavras da inspiração são tão claras que o iletrado as pode compreender...” (OE, p. 106). 10 – Para interpretar a Bíblia precisamos comparara passagem com passagem. “... a Bíblia é seu próprio expositor. Uma passagem será a chave que descerrará outras passagens. ... Comparando diversos textos que tratam do mesmo assunto e examinando sua relação em todo o sentido, tornar-se-á evidente o verdadeiro significado das Escrituras.” (FEC, p. 187).

Exegese A palavra EXEGESE significa extrair o significado do texto bíblico. Enquanto a exegese consiste em extrair o significado de um texto qualquer, mediante legítimos métodos de interpretação; a EIXEGESE (lê-se “eisegese”) consiste em injetar em um texto, alguma coisa que o interprete quer que esteja ali, mas que na verdade não faz parte do mesmo. Em última instância, quem usa a eixegese força o texto mediante várias manipulações, fazendo com que uma passagem diga o que na verdade não se acha lá. A exegese utiliza as ferramentas da hermenêutica. “Hermenêutica é como um livro de receitas, com regras de como fazer um bolo; exegese é a preparação do bolo; exposição é a entrega do bolo para alguém comer.” Zuck. Eu diria que a homilética seria esta entrega do bolo (mensagem), com cobertura e chocolate granulado, dando água na boca de quem olhasse (ouvisse) este lindo bolo decorado. Utilizando estas figuras de linguagem de Zuck poderíamos dizer o seguinte: Hermenêutica: Livro de receitas (Regras de Interpretação), Exegese: Utensílios de cozinha (dicionários, mapas, livros de sociologia, etc.), Cozinheiro (pesquisador da verdade), Chef (Espírito Santo) Homilética: Garçom (por vezes um Aboyeur, o Pregador)

Conceituação de Hermenêutica e Exegese

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O termo “hermenêutica” deriva do verbo grego hermeneuein, usualmente traduzido por “interpretar”, e do substantivo hermeneia (επµενεια), que significa “interpretação”. A palavra “exegese”, do grego eksegesis (εξηγησιρ) de eksegeomai (εξηγεοµαι) significa “explicar, interpretar, contar, descrever, relatar”. •Hermenêutica Bíblica: é a disciplina da teologia exegética que ensina as regras para interpretar as Escrituras e a maneira de aplicá-las corretamente. É a ciência da compreensão de textos bíblicos. •Exegese: é a aplicação dos princípios hermenêuticos para chegar a um entendimento correto sobre o texto. É o estudo do sentido literal do texto. É a ciência da interpretação. É a extração dos pensamentos que assistiam ao escritor ao redigir determinado documento. Na exegese o exame do texto é feito para extrair entendimento e não incutir no texto o seu entendimento (eisegese). •Hermenêutica Bíblica: Analisa o sentido que o texto tem hoje para nós. •Exegese: Procura estudar o sentido que o autor quis atribuir ao texto sagrado.

Modelo para interpretação Bíblica Análise Histórica Geográfica e Cultural Contexto Político, Geográfico e Econômico Contexto Espiritual (Qual era a situação do povo de Deus na Época) O autor: Quem é? Quando Escreveu? Para quem Escreveu? Qual é o Tema do livro? Quais os Costumes presentes no texto e seu significado na época? Análise Gramatical Delimitação da Perícope (a parte do texto que você irá trabalhar) Tradução Análise da palavra chave Determinar a etmologia e o significado das palavras chaves nas línguas originais Análise Teológica (Interpretação da Passagem) Que verdade ou princípio (doutrinária, espiritual ou moral) que o texto ensina? Aplicação: Como isto é relevante hoje (ou como eu posso aplicar a minha vida)?

Passos Sugestivos da Exegese 1. Análise do contexto geral. 1.1. Leia todo o livro de uma só vez. 1.2. Estabeleça os limites da passagem a ser estudada (Perícope) 2. Análise do texto original. 2.1. Estabeleça o texto original. 2.2. Analise as palavras importantes. 3. Análise dos contextos específicos. 3.1. Examine o contexto histórico particular. 3.2. Interprete conforme o gênero literário. 4. Análise Estrutural 4.1. Análise temática. 4.2. Análise semântica. 5. Contexto Bíblico-Teológico 5.1. Analise a passagem relacionando-a com o restante da Escritura. 5.2. Analise a passagem relacionando com teologia bíblica.

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Os Erros Exegéticos A frequência dos erros exegéticos leva-nos a estudá-los para que não venhamos a cometê-los. Se alguém interpretar mal qualquer obra, por mais famosa que seja, nunca irá acarretar consequências eternas. Já com a Palavra de Deus, isto não ocorre. Ao interpretarmos a Bíblia estamos lidando com os pensamentos de Deus. Por isso, é que devemos tomar bastante cuidado e nos esforçarmos o máximo para interpretarmos com maior exatidão, entendê-los e ensiná-los corretamente. Ao criticarmos (lembre-se que criticar não é ir contra alguma coisa. É, sim, analisar algo de modo imparcial) o texto bíblico, devemos tomar cuidado para não duvidarmos da veracidade das Escrituras. Um bom exegeta poderá se interrogar: “Se há tantos erros que se pode cometer na interpretação do texto sagrado, como saberei se estou interpretando-o corretamente?” Muitos temem estar ensinando uma inverdade, podendo causar sérios danos ao povo de Deus por falta de habilidade e por ignorância exegética. Erro do Radical É um dos erros mais comuns. Muitos pensam que sempre pode extrair o significado etimológico pela raiz ou raízes de uma palavra, podendo cair em um absurdo linguístico. Por exemplo: a origem da palavra inglesa “nice”(agradável) é da latina “nescius” (ignorante). Portanto, nem sempre podemos definir o significado de uma palavra pelo radical. Anacronismo Semântico Um significado recente de uma palavra não pode ser transportado para um texto antigo. Devemos procurar entender as palavras no sentido em que elas quiseram exprimir na época em que foram escritas. Semântica Antiquada Neste caso o exegeta consegue o significado de uma palavra no tempo em que foi escrita, mas seu significado não é mais encontrado no campo semântico da palavra. Por exemplo, a palavra “pedagogo” antigamente, significava o escravo que conduzia as crianças à escola, hoje significa professor. Significados desconhecidos ou improváveis A palavra grega “kefalh” significa “cabeça”. Mas há quem a interprete metaforicamente como “fonte” ou “origem”, o que é passível de mais de uma tradução, além de incerto. O sentido de “liderança” ou “autoridade” encaixa-se bem melhor. O problema é que tais pesquisas são insuficientes ou, então, muitos dão ouvidos às opiniões alheias sem, contudo, verificar as fontes originais. Ainda há quem queira dar significação particular à determinada palavra deixando de ser imparcial. Mas se fizermos um exame minucioso, podemos verificar que tais práticas não têm como se sustentar. Mau uso do material de apoio O exegeta deve ser crítico, inclusive do material que usa como apoio à sua exegese, não aceitando simplesmente uma definição de um léxico sem antes analisar se é coerente com o texto sagrado. Erros Gramaticais Por exemplo a simples presença de um verbo no tempo aoristo não significa que a ação não é definida ou localizada em um tempo. Quando lemos que Safira caiu (epesen) aos pés de Pedro, o contexto nos mostra que isto ocorreu imediatamente. O artigo definido grego é extremamente difícil de ser classificado de maneira exaustiva. Por causa de alguns usos serem determinados mais pela intenção do falante ou escritor, há muitos erros por parte dos que ignoram os princípios orientadores. É errado pensar que, pelo simples fato do texto grego possuir um artigo, a tradução deva também possuí-lo ou o oposto. 20


Erros de Lógica “A lógica nos permite errar com segurança” Analogia O mau uso da analogia tem levado a muitos erros de interpretação. Vejamos estas analogias: a) “Por que os carros de bombeiros são vermelhos? Eles têm quatro rodas e oito homens; Quatro mais oito são doze; Doze polegadas faz um regente; Uma regente é a Rainha Elizabeth; A Rainha Elizabeth viaja pelos sete mares; Os sete mares têm peixes; Os peixes têm barbatanas (do inglês “fins”); Os Finlandeses (do inglês Finns) odeiam os russos; Os russos são vermelhos; Todos os carros de bombeiros são russos; Por isso é que são vermelhos” b) Pai, Filho e Espirito Santo são Deus; Pai, Filho e Espírito Santo possuem natureza divina; O crente possui a natureza do Filho que é Deus; Logo; o crente é Deus! Erros de Semelhança Nem sempre quando duas coisas são semelhantes em certos aspectos, o são em todos os aspectos. Por exemplo, é erro basear-se em Gl 3.28 para afirmar que por não haver distinção entre homem e mulher. Neste caso, a Bíblia não quer dizer que os homens e as mulheres são semelhantes em todos os aspectos (homens nunca darão à luz). Pelo contexto fala-se de justificação. Diante de Deus, nem homem nem mulher possui uma situação de vantagem. Tanto um como o outro é santificado pela fé. Temos que ver as outras distinções que Paulo faz em I Co 14.33b-36; I Tm 2.11-15. Quanto às funções dos homens e mulheres na igreja, nunca podemos afirmar que por serem semelhantes em outros aspectos, eles sejam em todos os aspectos. Ainda devemos analisar estes casos à luz do contexto bíblico (externo e interno) para saber se estas regras são culturais, para aqueles crentes daquela época ou se são universais. Uso inadequado de Silogismos Por exemplo: I Tm 3.11 e At 6.1-6 não podem ser usados para fazer o seguinte silogismo: “Os sete homens escolhidos em Atos 6.1-6 eram diáconos (premissa não declarada). Alguns dos homens mencionados em Atos 6.1-6 falavam publicamente e batizavam. Portando, diáconos (incluindo mulheres) podem (presume-se) falar publicamente e batizar. Mas, a Bíblia não disse isto. Erro advindo de uma cosmovisão em particular É erro acreditar-se na experiência e interpretação individual da realidade de uma pessoa como base adequada para interpretar a Bíblia. Muitos usam a experiência pessoal para interpretar Mc 8.34 dizendo que a cruz é a doença, o marido ou a esposa não crente, o desemprego, as tentações, etc. Mas colocam pouca importância na interpretação do leitor daquela época (morte). Inferências Negativas Nem sempre quando a proposição for verdadeira significa necessariamente que uma inferência negativa a partir desta proposição seja verdadeira. Por exemplo: “Todos os judeus ortodoxos creem em Moisés. O Sr. Smith não é um judeu ortodoxo. Portanto, o Sr. Smith não crê em Moisés” 21


Inferências Injustificadas É erro desencadear uma ideia, conceito ou experiência a partir de uma palavra ou ideia, que não tenha relação direta com o texto em questão. Por exemplo: usar Fp 4.13 para provar que o “tudo” é ilimitado. Apesar de ser uma verdade Bíblica, o texto aqui fala (pelo contexto) em viver alegre tanto na fartura como na fome. Isto é, Paulo diz que ele pode passar por qualquer situação em Cristo Jesus. Analogias Inadequadas É um erro supor que determinada analogia esclarece um texto ou tema bíblico quando, na verdade, ela é comprovadamente inadequada ou imprópria. Por exemplo: Ao ilustrar a graça com um juiz que condena dez criminosos e não concede perdão é errado. A analogia correta seria que, após aplicar a pena, cinco deles aceitam o perdão concedido e cinco não o aceitaram. A diferença está na escolha de cada um. Reconstrução livre da história O erro é enfatizar demais a reconstrução histórica especulativa dos judeus e dos cristãos do primeiro século, na interpretação de documentos do Novo Testamento. São tipos de literatura diferentes, um é inspirado os outros não. Erros Causalidade São explicações falhas das causas dos eventos. O erro mais comum é afirmar que se um evento qualquer aconteceu depois de um outro evento, então é porque ele ocorreu por causa deste outro evento. Por exemplo: Segundo alguns, em At 17.22-31 Paulo falhou em tentar dirigir-se aos ouvintes de forma filosófica e não bíblica. Por isso em 1 Co 2.2, Paulo afirma que, vindo de Atenas, nada procurou saber dos coríntios, por causa de sua experiência em Atenas. É um erro interpretar desta forma o texto. Com certeza Paulo saiu de Atenas e foi para Corinto, porém não há evidência de causalidade. Imposição interpretativa É a transferência de uma teologia pessoal para o texto. Quando fazemos isso, a solução é discernir quais são os nossos preceitos e ceder enquanto aprendemos toda a teologia histórica que pudermos. Outras dificuldades vem de: a) Nossa incapacidade (Jo 16.12; Mc 4.33; Hb 5.12) b) A revelação progressiva da Bíblia (Hb 1.1,2; Mt 5.34; Mc 4.28) c) A Bíblia não é um tratado de Ciências, como física, matemática, história, etc. d) Ela emprega linguagem popular; arredondamento de números, etc. c) A divisão vesicular é imperfeita. e) As epígrafes dos editores são imperfeitas f) Linguística bíblica, como em Is 45.

Exemplos práticos de Exegese, considerando quanto a Bíblia o: a) Idioma, b) Tempo, c) Local, d) Cultura, e) Contexto e as f) Circunstâncias 1. Gn 16.5 “SENHOR” Somente letras maiúsculas. No original hebraico aqui é Jeová. “senhor” somente minúscula, como em Gn 18.27, 30, 31, e no hebraico Adonai. 2. Gn 47.31 A palavra “cama”, de Gn 47.31, é citada em Hb 11.21 como sendo “bordão”. É que as três consoantes dessas duas palavras são as mesmas em pronúncias do falante. Os massoretas (700 d.C.) ainda não estavam em evidência nos tempos do NT. 3. Ex 23.7 Deus dizendo “não justificaria o ímpio”. Como entender isto? Ver também Ex 23.32; Is 2.9; Js 24.19. 4. Ex 29.37 “Tudo o que tocar o altar será santo”; como‟ De que maneira? Ver também Ex 30.29 e Lv 6.18,27. 22


5. Jz 25,25,28,305. O termo bosque ligado à história de Gideão. 6. 2 Sm 18.21 termo “Cusi” e seu significado Ver também Nm 12.21 7. Sl 90.10 “A duração da nossa vida é de 70-90 anos” ver a autoria deste Salmo (por Moisés), e a época e as circunstâncias em que foi escrito, em Nm 11.11-32. 8. Pv 1.22 “Simples e simplicidade”. Que são? 9. Pv 25.20 “Coração” significando a pessoa toda. 10. Ec 1.14;9.9 “Debaixo do sol tudo é vaidade”. Que significa vaidade ai? 11. Is 9.12,17,21 A mão de Deus estendida. Pra que? 12. Is 36.2 O termo “Rabsaque” e seu significado (=Comandante-em-Chefe). 13. Is 42.1,19 Dois “Servos de Jeová”, que: * Quem é o “servo” do v. 1? * Quem é o “servo” do v. 2? 14. Ez 8.1,2 O texto nada tem com a televisão, como alguns estão alegando. Que significa ? 15. Sf 1.3 Que “arrebatamento é esse de que trata o v. ? 16. Zc 14.10 Que significa “exalçar” neste v. ? 17. Mt 13.55 Os irmãos de Jesus segundo a carne. Eram irmãos carnais, ou primos (como dizem os romanistas)? O grego aqui diz “adelphos” – irmãos consanguíneos. 18. Mt 17.15 “Lunático” é no grego “selenazol”. Porque durante a lua cheia os ataques pioravam. 19. Mt 25.27 “Banqueiro” ai, é o que? 20. Mc 14.36 “Abba” termo aramaico. Esta é uma das evidências de que Jesus falava esta língua. Abba aparece apenas três vezes no NT; Mc 14.36; Rm 8.15; Gl 4.6. É um termo carinhoso para pai, correspondendo em nosso idioma a papai, e paizinho. 21. Mc 10.25 O fundo da agulha e camelo. Nunca existiu em Jerusalém porta ou postigo com este nome fundo da agulha. Para invencione. A expressão de Jesus significa simplesmente algo impossível. É impossível uma pessoa se salvar pondo sua confiança nas riquezas. Ver também Mt 19.24; Lc 18.25. 22. Mc 15.43 “Senador”. Não se trata do senador dos senados atuais, mas de um membro do Sinédrio. 23. Lc 16.9 Um texto de fato difícil. Forma interrogativa na construção, Isso ajuda. 24. Jo 21.7 “Porque estava nu”. Isso refere-se à roupa externa dos Judeus de então, não a roupa interna. 25. At 1.12 “Caminho de um Sábado”. = 6 estádios (medida grega de superfície equivalente a 185 metros, isto da pouco mais de 1 quilometro. 26. At 28.2 “bárbaros”. Em grego, este termo era aplicado a todos que não falavam o idioma grego. (Hoje é diferente em nosso idioma). 23


27. 1 Co 2.13 “Comparando as coisas espirituais com as espirituais”. Interpretando verdades espirituais para homens espirituais. 28. 1 Co 11.34“Ordená-las-ei quando for”. As porei em ordem. (não significa darei ordem). 29. 1 Co 13.12“agora vemos por espelho em enigma”. Os espelhos de então não eram vidro como os de hoje, que reproduzem com exatidão o nosso rosto. Eram de metal, e reproduziam a imagem de forma imprecisa e distorcida. 30. 1 Co 16.22“Maranata”. Termo da língua aramaica. Se escrito “Maranata ta. Vem, nosso Senhor. Se escrito “Maran ata = Significa: O Senhor está vindo! 31. 2 Co 6.5 “Nos trabalhos, nas vigílias e nos jejuns”. = Trabalho volumoso, sem dormir, e sem comer. 32. 2 Co 3.6 “A letra mata”. Isto refere-se à dispensação da lei (v. 7). 33. 2 Co 6.7 “Pelas armas da justiça, à direita e a esquerda armas de ataque (espirituais). 34. 2 Co 10.3 “Andando na carne”. Vivendo neste corpo mortal. 35. Gl 4. 24 “Porque estes são os dois concertos. “Porque estes são figuras dos dois concertos. A ARC dia “estes” (tradução falha) a ARA diz “estas” (tradução correta). Pode ser falha de revisão gráfica. 36. 1 Tm 2.15 “Salvar-se-á ai, refere-se à vida física. ( trata-se de uma promessa para mulheres grávidas ). 37. 1 Tm 2.9 Que tipo de tranças era este mencionado aqui. (pesquisar). 38. 1 Jo 5.16.17 “ Pecado para morte ”. “ Morte ” em que sentido ? 39. Ap 12.16 E a terra ajudou a mulher...” = Terra em que sentido ? 40. Ap 13.15 “Imagem” ai, nada tem a ver com a televisão, com muitos ensinam. (No original o termo é “Ikon”. Trata-se de uma imagem real, conforme Mt 24.15; 1 Ts 2.3,4.

Exercícios Faça a Conciliação destes versos: 1. Atos 7.16 com Josué 24.32 2. I Coríntios 10.8 com Números 25.9 3. Efésios 4.8 com Salmo 68.18 4. Mateus 1.1-17 com Lucas 3.23-38 5. I Samuel 21 com Marcos 2.26

6. Romanos 3.21-4.25 com Tiago 2.14-26 7. Mateus 27.36,37; Marcos 15.26; Lucas 23.36-38; João 19.17-21 8. I Coríntios 12.1-11 com Efésios 4.7-14 9. Hebreus 5.1-14 com Hebreus 7.1-10

Faça a interpretação destes versos; 1. I Coríntios 11.1-16 2. I Timóteo 2.9-15 3. Mateus 10.34-42 4. Mateus 13.24-30 5. Lucas 13.18-21 6. Mateus 13.36-43 7. Mateus 13.44-58

8. Lucas 8.4-15 9. Marcos 4.26-29 10. Marcos 7.1-23 11. Lucas 9.28-36 12. Lucas 15.1-10 13. Lucas 18.9-14 14. João 15.1-27 24


15. Lucas 16.1-13 16. Atos 28.1-10 17. Romanos 14.1-12 18. Romanos 14.13-23 19. I Coríntios 1.18-30 20. I Coríntios 14.1-40 21. II Coríntios 4.7

22. II Coríntios 12.1-10 23. Efésios 6.10-20 24. II Tessalonicenses 2.1-12 25. Efésios 6.10-20 26. Hebreus 12.1 27. I Pedro 3.1-7

Materiais utilizados: Manual de Exegese Bíblica, Prof. Isaias Lobão Pereira Júnior. Apostila de Hermeneutica: SALT – IAENE Princípios de Interpretação Bíblica: Vilson Scholz A interpretação bíblica: Roy B. Zuck

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