Curso de Jornalismo da UFSC Avaliação da disciplina Edição Professor Ricardo Barreto Edição, textos, planejamento e editoração eletrônica: Iuri Barcellos Impressão: Gráfica Post Mix Junho de 2013
Zona de Conflito
Zona de Conflito
1-A
Florianópolis, 21 de junho de 2013
Toturas eram comuns em Abu Ghraib no Iraque Livro revela falcatruas do governo americano para invasão ilegítima e interesses econômicos na ocupação do país
C
sendo tortuneles erros rados. de escrita, George informações W. Bush foi incongrueno 43º pretes ou mal sidente dos apuradas Estados Unieram encondos com tradas. E mandato que apenas presidencial por pressão no período de sua equide 2001 a pe Bush deu 2009, no mês sinal verde de setembro para a inno primeiro vasão. Um ano de manano depois dato, quada invasão tro aviões ao Iraque americanos Fotos e documentos foram divulgados primeiro na The New Yorker onde Seymour é colaborador f o t og r a f i a s foram sede presos questrados por integrantes da Al- anos após os atentados do 11 de amarrados, nus, se masturban-Qaeda e em ataque suicida dois setembro de 2001, o governo dos do, machucados ou em situações colidiram contra as duas torres EUA recebeu documentos que ale- constrangedoras foram divulgado World Trade Center, outro avião gava que o Iraque possuía bom- das. As fotografias haviam sido se chocou com o Pentágono e o bas de destruição em massa e feitas pelos próprios soldados quarto caiu num campo na Pen- matinha vinculo com a Al-Qaeda, rindo do escárnio dos iraquianos silvânia. A população americana assim começava a invasão a ou- sendo humilhados, além das fotoestava assustada e pedia respos- tro país e a caça por Saddam grafias terem saído no New Yortas contra os ataques sofridos, Hussein, ex-presidente do Iraque ker elas haviam sido transmitidas assim, Bush iniciou em outubro morto pelos EUA em 2006. pelo programa 60 Minutes II da daquele ano a Guerra ao Terror, O jornalista e autor do livro, CBS. Esse tipo de comportamena mais longa e cara guerra da Seymour Hersh, afirma que todos to dos militares americanos já história dos Estados Unidos. Dois os documentos foram forjados, era esperado e documentado em
O governo americano, um pouco antes de começar a ofensiva, acusou os iraquianos de possuírem armas de destruição em massa e que Saddam Hussein, presidente do Iraque na época, tinha conexão com a Al-Qaeda – organização árabe responsável pelos atentados de 11 de setembro de 2001. Todas essas acusações, conforme o governo dos EUA poderiam ser confirmadas por documentos. A partir desse pressuposto foi dado o sinal verde para a invasão do Iraque, a qual seria em legítima defesa (preventiva). Um segundo motivo era a favor dos Direitos Humanos, pois Hussein praticava crimes contra a humanidade, motivo que só foi levantado quando as armas de destruição em massa iraquianas não foram comprovadas. Mesmo sem qualquer prova e sem autorização do Conselho de Segurança da ONU, os EUA com auxílio do Reino Unido, Austrália e Polônia invadiram o Iraque no dia 20 de março de 2003. No decorrer da guerra o go-
Goran Tomasevic / Reuters
Saddam Hussein é morto na invasão ilegítima americana
Estátua de Saddam Hussein é derrubada
verno holandês investigou independentemente a legitimidade do conflito, a conclusão foi que qualquer motivo era falho a partir do momento em que o Conselho de Segurança da ONU não categorizava o Iraque um país ameaçador e as fontes sobre armas nucleares eram desconhecidas. Hussein foi capturado em dezembro de 2003 escondido em um porão. Condenado a morte no dia 26 de dezembro de 2006 e enforcado em Bagdá no dia 30 do mesmo mês.
relatórios dos supervisores de Abu Ghraib, as fotografias apenas comprovavam os abusos. É evidente que as torturas ocorridas no Iraque não foram sem propósito ou de pequenos grupos como o governo dos EUA afirmou. As humilhações eram incentivadas pelos líderes da Defesa dos EUA, que na época tinha como secretário Donald Rumsfeld, todos os atos tinham como razão recolhimentos de informações terroristas. Baseado em centenas de documentos o livro é bem fundamentado porém cansativo, são muitas personagens, nomes de documentos, lugares e departamentos do governo. Em função de facilitar a fluidez do livro, os editores poderiam ter suprimido histórias secundárias ou resumido fatos. O autor poderia ter aguardado mais alguns meses para fechar as histórias: como os nomes dos 11 soldados envolvidos, julgamentos, países aliados e prisão de Saddam Hussein. Em âmbito geral o livro é bem informativo, porém não tem um ritmo bom de leitura, ele dá a impressão de estarmos lendo um apanhado de documentos oficiais.
Penitenciaria iraquiana vira centro de atrocidades a presos de guerra Mais de um ano depois da invasão e derrubada do governo iraquiano, fotografias e vídeos foram divulgados pela revista The New Yorker e pelo programa de TV 60 Minutes II da CBS, as imagens mostravam militares americanos humilhando e torturando prisioneiros de Abu Ghraib. Muitos deles nus e/ou amarrados eram fotografados como troféus, em muitas das fotos soldados dos EUA apareciam rindo e fazendo sinal de positivo para a câmera. Abu Ghraib é um complexo penitenciário com cerca de 1,15 quilômetro quadrado de área, fica na cidade iraquiana de mesmo nome a 20 quilômetros de Bagdá, capital do país. Construída em 1960, a prisão era utilizada por Hussein no aprisionamento e execução de prisioneiros. Logo no início da invasão, os EUA tomaram o complexo e o tornaram abrigo para prisioneiros de guerra. Das sete mil pessoas encarceradas até 2004, estimam-se que 90% não eram culpadas e que muitas estavam ali sem motivos aparentes (dados da Cruz Vermelha Internacional).
The New Yorker
adeia de Comando foi publicado em 2004 pela editora Editouro, o livro é de autoria do renomado jornalista estadunidense Seymour M. Hersh, de 76 anos. O repórter, natural de Chicago no estado de Illinóis, é conhecido mundialmente por ter recebido o Prêmio Pulitzer em 1970 por sua reportagem que revelava o massacre de My Lai no Vietnam em 1969. A obra, Cadeia de Comando, tem 398 páginas e narra os fatos por trás da invasão no Iraque feita pelos Estados Unidos em 2003. Abril de 2004, em matéria para a revista The New Yorker, Hersh divulgou imagens chocantes de torturas e humilhações feitas por militares do exército americano que ocupavam o complexo penitenciário de Abu Ghraib, a 20 quilômetros de Bagdá capital do Iraque. O livro é baseado em documentos do próprio governo dos EUA, os quais em nenhum momento comprovam que o país do Oriente Médio possuía armas de destruição em massa. Ainda nos arquivos do governo, Hersh comprova que nomes do alto escalão dos EUA sabiam que civis estavam
Soldado diz não se arrepender do que fez
Os capturados passavam por interrogatórios e para a obtenção de informações torturas eram praticadas. Em 1984 a ONU fez uma convenção na qual ficava proibido qualquer tipo de tortura física ou mental, mesmo em caso de terrorismo, em 2006, Bush outorga lei permite tortura para obtenção de informações. Após um ano e meio de investigações e mais de 70 entrevistas, senadores dos EUA escreveram
em relatório que os aprisionados tinham como humilhação masturbar uns aos outros enquanto os soldados assistiam (no Islamismo a masturbação é pecado), alguns eram engaiolados e deixados ao sol, outros amarrados com arames enquanto recebiam descargas elétricas e banho de água fria ou acorrentados no pescoço e atacados por cães. Em caso de fratura, os prisioneiros podiam ser amputados e até mortos. Quando veiculado, Bush chamou o ocorrido de vergonha nacional e que não se poderia culpar a nação inteira por erro de poucos. No total 11 soldados foram culpados, com penas de afastamento do exército e outros com 10 anos de prisão, nomes do alto escalão da Defesa dos EUA não foram a julgamento. O site WikiLeaks colocou na rede 100 documentos que mostravam o envolvimento de políticos nas práticas para que as ações continuassem. Neles o ex-secretário da Defesa, Donald Rumsfeld é citado como conivente com as torturas.
Os detentos não tinham proteção sob a Convenção de Genebra - as condições de aprisionamento, dependiam da vontade do presidente. Seymour Hersh
Curso de Jornalismo da UFSC Avaliação da disciplina Edição Professor Ricardo Barreto Edição, textos, planejamento e editoração eletrônica: Iuri Barcellos Impressão: Gráfica Post Mix Junho de 2013
Zona de Conflito
Zona de Conflito
Florianópolis, 21 de junho de 2013
Gastos exarcebados fazem potência mundial tremer
Ahmad Ah Rubaye / Associeted Press
Em 2008 os Estados Unidos entraram em uma de suas piores crises econômicas desde o Crack da Bolsa de Valores em 1929. A Guerra ao Terror iniciada em 7 de outubro de 2001 teve ligação direta com a recessão econômica do país. Em 2003, o ex-secretário da Defesa dos EUA Donald Rumsfeld calculou que seriam necessários 60 bilhões de dólares para finalizar a invasão, a projeção era otimista, mas logo mostrou-se errada. Nos primeiros quatro anos de guerra os EUA gastavam cerca de US$ 300 milhões diários, o que somava semanalmente aproximadamente US$
2,1 bilhões. Desde 2003 investimentos sem planejamento foram feitos na guerra, de 2001 a 2008 as despesas saltaram de US$ 304 bilhões para US$ 616 bilhões. O superávit de US$ 128 bilhões em 2001 virou déficit de US$ 458 bilhões em 2008. A dívida americana só aumentava e de 56% passou para 94% dos bens produzidos. O valor da Guerra ao Terror está na casa dos US$ 6 trilhões, em 2010 a dívida dos americanos chegou a US$ 14 trilhões acima do teto permitido por lei. Com o fim da guerra no Iraque em 2011 e retirada de grande parte da tropa os gastos não cessaram, auxílios, reconstruções, indenizações e tratamentos são pagos. Na guerra 150 mil soldados foram enviados ao Iraque e Afeganistão, atualmente um pequeno efetivo continua no Iraque, porém no Afeganistão cerca de 70 mil soldados, 100 mil contêineres e 25 mil veículos continuam e espera-se que US$ 6 bilhões sejam gastos na retirada.
US$ 30 bilhões em equipamentos em uso
Guerra do sangue por petróleo acaba em fracassa para EUA “O país [Iraque] nada num mar de petróleo”, essas foram as palavras do ex-secretário da Defesa americana Paul Wolfowitz no dia 4 de junho de 2003, em entrevista na Europa. Os iraquianos possuíam em 2003 pelo menos 112 bilhões de barris de petróleo cru em suas reservas, apenas atrás da Arábia Saudita que é o país com maior produção. Esse valor era subestimado pois Saddam Hussein não fazia investimentos na modernização e exploração do óleo. Em contrapartida os americanos são os principais consumidores do produto no mundo e importam cerca de 60% do petróleo que usam, além de serem os donos de algumas das principais multinacionais do ramo. A intenção de intervir nos poços de petróleo iraquiano é comprovada com a criação de um grupo de estudos sobre o futuro do Iraque tendo como prioridade a discussão sobre o petróleo. Além disso uma intervenção americana nos poços debilitaria o poder da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e reduziria qualquer dependência no petróleo russo. Outra comprovação do interesse dos EUA sobre o petróleo
1-B
Confrontos próximos a poços de petróleo
iraquiano veio em 2011 quando o site WikiLeaks divulgou na internet documentos que mostravam EUA, Reino Unido e empresas petroleiras planejando a partilha do petróleo um ano antes da invasão do Iraque. O petróleo seria usado para pagar as dívidas e cobrir os gastos que a invasão ao Afeganistão tinha causado. Porém o roubo do petróleo não funcionou com o escândalo das torturas em Abu Ghraib, ainda hoje os EUA negociam, com a resistencia do Iraque, uma parcela do petróleo. Após o conflito Bush, Donald Rumsfeld e Tony Blair foram considerados criminosos de guerra.
Oriente Médio luta por revolução há 50 anos Movimento conhecido como Primavera Árabe é forte nos países da região em busca de um novo jeito de pensar, governar e viver Onda revolucionária iniciada em dezembro de 2010, tem como objetivo a mudança política e governamental nos países árabes, tendo resquícios laicistas democráticos provenientes do pensamento político ocidental. As nações da região vivem em um cenário atrasado em comparação com o resto do mundo, economicamente atualizados porém politicamente com resquícios da Guerra Fria. O primeiro ato considerado estopim da manifestação foi o tunisiano Mohamed Bouazizi que no dia 18 de dezembro de 2010 ateou fogo ao próprio corpo. A autoimolação de Bouazizi chamou atenção para a precariedade e impunidade vivida pelo povo da Tunísia. Com isso mobilizações começaram a eclodir dentro do país, resultando na renuncia de Zine El Abidine Bem Ali presidente da Tunísia por 24 anos.
O sucesso das manifestações tunisianas levaram instabilidade a outros governos árabes, exemplo o egípcio e o libanês. No Egito manifestantes começaram a revolta no dia 25 de janeiro, menos de um mês depois hosni Mubarak renunciou o cargo, depois de 30 anos no comando. Na Líbia as manifestações foram mais sangrentas, o país passou por um longo período de guerra civil, até as cidades de interior entraram em conflito. Muammar Kadafi, ex-ditador do país ficou oito meses escondidos e depois de 42 anos no poder do país foi morto por rebeldes em sua cidade natal Siter. Os eventos apesar de recentes são considerados ideologicamente atrasados, na Europa, por exemplo, esse estilo de luta acontecia em 1848 na Primavera dos Povos, especialistas em 2011 afirmavam que a Primavera Árabe é um amadurecimento dos ideais do século
Início das manifestações na Tunísia
XIX, o processo é o mesmo mas tem diferentes tempos. Um dos apoiadores das revoltas foram os EUA que em contrapartida há anos apoiaram a entrada dos ditadores no poder. Um hipótese para o regime ditatorial que os países árabes viviam é o nacionalismo exagerado. Derrubar ditadura não siginifica alcançar a democracia exemplo é o Egito que após derrubar o ditador teve um período de transição com membros do exército no poderacional.
Bin Laden auxilia americanos na Guerra Fria e depois vira inimigo Herdeiro de família rica da Arábia Saudita, Osama Bin Laden foi um dos fundadores da Al Qaeda, grupo fundamentalista radical islâmico conhecido por autorias em ataques violentos em centros urbanos. No 11 de setembro de 2001, quatro aviões americanos foram sequestrados por membros da Al Qaeda e arremessados em diferentes pontos dos EUA. Em contra resposta o presidente George W. Bush ordenou a invasão do Afeganistão como proteção dos EUA contra terroristas. A Guerra ao Terror que começou em 2001 demorou dois mandatos, em 2011, no dia 1 de maio, no governo Barack Obama foi anunciada a morte de Osama Bin Laden. A Operação Lança de Netuno, como foi chamada a ação que matou Osama Bin Laden, ocorreu na noite de 2 de maio de 2011. Dois helicópteros com 20 soldados da marinha americana invadiram o complexo residencial e demoraram cerca de 40 minutos para finalizar. Durante a ação, houveram trocas de tiros na qual três aliados de Bin Laden morreram e o próprio morreu com tiro na cabeça. Após a morte, seu cor-
Confrontos próximos a poços de petróleo
po foi mantido sob custódia militar, transportado a um super porta-aviões dos EUA e passou por uma cerimônia islâmica de sepultamento. Após o ritual o corpo de Bin Laden foi lançado ao mar como manda a tradição Islã. O terrorista morreu com 54 anos. Barack Obama, presidente dos EUA, fez um pronunciamento mundial onde anunciou a morte do terrorista. As fotografias da execução de Bin Laden não foram divulgadas. Foram 3.519 dias, duas guerras e 1,18 trilhões de dólares em gastos militares. Du-
rante cinco anos, Bin Laden viveu na cidade de Abbottabad a 100 quilômetros da capital Islamabad. O líder da Al Qaeda possuía uma ampla casa, com muros altos, cercas e guaritas, o que destoava das residências do local. O que intrigou a inteligência dos EUA foi o fato do esconderijo ser próximo de uma academia militar de elite. Informações pós-morte afirmam que Bin Laden subornou alguns oficiais da região para a construção do complexo residencial A difícil relação do Paquistão com os EUA piorou, o país recebeu cerca de US$ 20 bilhões de dólares no início da guerra para contribuir no conflito. Desconfiados o governo americano decidiu investigar secretamente o paradeiro de Bin Laden no país. A CIA já suspeitava que o terrorista vivesse ali. Após a operação secreta a chefe da inteligência paquistanesa exigiu que fosse aberto um inquérito sobre a legitimidade da invasão, considerada ofensa à soberania do Paquistão. O governo do país também pediu o fim de ataques com aviões não tripulados que em 2010 matou cerca de 700 paquistaneses.
Há muita coisa a respeito desta administração presidencial [George W. Bush] que não sabemos e talvez nunca venhamos a saber Seymour Hersh