Análise epidemiológica da situação de saúde na população privada de liberdade no Brasil: Dados de Bases de Informação
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Equipe técnica
Angelica Espinosa Miranda
Departamento de Medicina Social, Universidade Federal do Espírito Santo
Eliana Zandonade
Departamento de Estatística, Universidade Federal do Espírito Santo
Francisco Job Neto
Área Técnica Saúde Prisional, Secretaria de Assistência à Saúde, Ministério da Saúde
Júlio César Pompeu
Departamento de Direito, Universidade Federal do Espírito Santo
Renata Costa Moura
Departamento de Psicologia, Universidade Federal do Espírito Santo
Ronaldo Coelho
Departamento de informação em Saúde, Ministério da Saúde Victor Fonseca
Organização Paola Bernardi Primo Designer Gráfico Iury Borel Coordenação:
Angelica Espinosa Barbosa Miranda
Financiamento: Ministério da Saúde
Editora Pró-Reitoria de Extensão UFES
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Correio Eletrônico:
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Endereço Eletrônico:
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APRESENTAÇÃO
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METODOLOGIA
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RESULTADOS
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TABELAS
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CONCLUSÕES
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001_
Proporção de população privada de liberdade na população geral segundo unidade da federação (UF), Brasil 002_ Modelo de regressão linear com as tendências de proporção de casos notificados ao longo dos anos de 2007 a 2014, para os estados da federação e para todo o Brasil 003_ Casos notificados segundo UF e região de notificação por ano de notificação em unidades prisionais, Brasil, 20072014 004_ Proporção de casos de agravos de saúde notificados, por UF e por ano de notificação, 2007-2014 005_ Modelo de regressão linear para medir as tendências de proporção de casos notificados ao longo dos anos de 2007 a 2014, para os estados da federação e para todo o Brasil 006_ Casos notificados em xunidades prisionais segundo gênero e razão de sexo , Brasil, 2007-2014 007_ Casos notificados em unidades prisionais segundo sexo e faixa etária por ano de notificação, Brasil, 2007-2014 008_ Casos notificados em unidades prisionais segundo raça/cor por ano de notificação, Brasil, 2007-2014 009_ Casos notificados em unidades prisionais segundo escolaridade por sexo e ano de notificação, Brasil, 2007-2014 010_ Casos notificados em unidades prisionais segundo agravo e ano de notificação, Brasil, 2007-2014 011_ Proporção de agravos notificados, para todo o Brasil por ano 012_ Modelo de regressão linear para medir as tendências de proporção de agravos notificados ao longo dos anos de 2007 a 2014, para todo o Brasil
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APRESENTAÇÃO
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APRESENTAÇÃO
O Ministério da Saúde, em parceria com o Ministério da Justiça, criou em abril de 2012 o Grupo de Trabalho Interministerial (GTI) e o Comitê Técnico Intersetorial (CTI) de Saúde no Sistema Prisional com a finalidade de elaboração da Política Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário. A propostatem a finalidade de atuar na interlocução sobre saúde prisional entre os diversos setores do executivo. A formulação desta política é uma iniciativa que visa garantir o direito constitucional à saúde e o acesso pelas pessoas privadas de liberdade ao Sistema Único de Saúde (SUS) com equidade, integralidade e universalidade, além de organizar as ações e serviços de saúde dentro dos estabelecimentos penais. Esta política tem como base as diretrizes delineadas na Política Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário (PNSSP) instituída por meio da portaria interministerial nº .777, de 9 de setembro de 2003.
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Para o desenvolvimento desta política os Ministérios da Saúde e da Justiça disponibilizam alguns recursos como forma de incentivo financeiro aos estados e municípios. Entre estes recursos está o Incentivo para Atenção à Saúde no Sistema Penitenciário destinado ao custeio das ações e serviços de saúde desenvolvidos nas unidades prisionais. Além do financiamento compartilhado do Incentivo para Atenção à Saúde no Sistema Penitenciário, conforme Portaria Interministerial n.º 1.777/2003, no qual o Ministério da Justiça é responsável pelo financiamento da adequação do espaço físico para os serviços de saúde nas unidades prisionais e aquisição de equipamentos de saúde destas unidades. Com a PNSSP, o Serviço de Saúde no Sistema Prisional passa a ser ponto de atenção da Rede de Atenção à Saúde (RAS) do SUS, qualificando a atenção básica no âmbito prisional, como a principal porta de entrada do sistema e ordenadora das ações e serviços de saúde pela RAS. O Plano de Monitoramento e Avaliação (M&A). deve considerar a complexidade e a diversidade das ações de uma política de abrangência nacional, que envolve o levantamento dos diferentes atores sociais e políticos. Parte-se da concepção que monitoramento é acompanhamento rotineiro e sistemático de informações prioritárias sobre intervenção, seu funcionamento e efeitos. Enquanto que avaliação normativa compreende a emissão de julgamento sobre recursos implementados, processos e efeitos em comparação com normas estabelecidas. Ambos provêm informações a serem utilizadas para melhorar a intervenção e subsidiar decisões de forma rápida e oportuna. O M&A é um dos componentes estratégicos na formulação da política nacional. Para estruturação de um protocolo
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consistente faz-se necessário a análise situacional prévia do cenário atual na saúde prisional, e neste sentido, um estudo utilizando as bases oficiais de notificação compulsória de agravos de saúde do Ministério da Saúde é de fundamental importância. O objetivo deste estudo foi realizar o levantamento de dados epidemiológicos nos sistemas de informação do Sistema Único de Saúde (SUS) e do Sistema Prisional, como estratégia para futura implantação de painel de indicadores epidemiológicos do Plano de Monitoramento e Avaliação da PNSSP, sistematizando a produção de evidências confiáveis para a tomada de decisões no campo das políticas públicas em saúde da população privada de liberdade.
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METODOLOGIA
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TIPO DE ESTUDO Estudo quantitativo, incluindo avaliação ecológica e transversal, conduzido com dados secundários provenientes da bases de dados do Sistema Nacional de Agravos Notificação (SINAN), Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) e os Sistemas de Registro do Sistema Prisional (INFOPEN e GEO presídios). POPULAÇÃO ALVO População privada de liberdade no Brasil no período de 2007 a 2014. VARIÁVEIS Foram estudadas as seguintes variáveis: Unidades da federação, Casos notificados segundo UF e ano, sexo, faixa etária, raça/cor, escolaridade e agravos. E criados os seguintes indicadores:
- Proporção da população carcerária pela população da UF (população carcerária por ano/população IBGE em dezembro por ano)*1.000 - Proporção dos casos notificados, por UF, por região e por ano (Casos notificados por ano/população carcerária em dezembro por ano) *1.000 - Proporção por agravos notificados, com denominador população carcerária (agravos notificados por ano/população carcerária em dezembro por ano)*10.000
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ANÁLISE ESTATÍSTICA Para o levantamento de dados epidemiológicos dos agravos notificáveis na população privada de liberdade foram realizadas análises dos dados de notificação no Sistema de Informação – SINAN no nível nacional. O SINAN foi consolidado com o Sistema de Registro do Sistema Prisional. Os dados quantitativos foram analisados de forma descritiva por meio do programa Statistical Package for the Social Sciences - SPSS 20.0 e Stata 11.2. Foi realizada uma análise descritiva, incluindo distribuição de frequência para variáveis qualitativas, bem como gráficos apropriados. Foram preparados gráficos das séries históricas e estimados os modelos de regressão linear das variáveis observadas ao longo dos anos do estudo. Foi apresentado o modelo encontrado, o valor de R2, que indica a porção da variabilidade explicada pela tendência linear, o p-valor do teste F e também a classificação da tendência como estável (sem tendência), crescente ou decrescente. O nível de significância adotado foi de 5%. PROCEDIMENTOS ÉTICOS O projeto com o estudo contido nesta proposta foi realizado com autorização do Ministério da Saúde, que liberou a base de dados sem a identificação dos indivíduos. A proposta foi submetida ao Comitê de Ética do Centro de Ciências da Saúde e aprovada sob o parecer número 1.058.616/2015, conforme preconiza a resolução nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. É necessário frisar que esta pesquisa apresentou riscos mínimos identificáveis para os dados da população privada de liberdade. RESULTADOS A Tabela 1 apresenta os resultados das proporções do número de casos de população privada de liberdade no Brasil por Unidade da Federação (UF) e ano de notificação. O cálculo foi feito com a população privada de liberdade por ano dividida pela população geral (IBGE) por ano e por 1.000 habitantes, conforme descrito nos indicadores.
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Tabela 1: Proporção de população privada de liberdade na população geral segundo unidade da federação (UF), Brasil, 2007 a 2014
UF
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
AC
3,416 4,464 4,950 5,133 5,117 4,672 5,580 5,468
AL
0,492 0,536 0,627 0,992 1,067 1,312 1,501 0,762
AM 0,919 1,085 1,142 1,278 1,526 1,898 1,881 1,362 AP
0,294 3,431 2,892 2,721 2,671 2,927 3,793 3,360
BA
0,586 0,580 0,562 0,634 0,671 0,723 0,762 0,920
CE
1,462 1,511 1,506 1,798 1,895 2,048 2,206 1,747
DF
3,183 3,014 3,129 3,472 3,918 4,304 4,426 4,628
ES
1,703 2,014 2,304 2,775 3,393 4,118 3,917 4,002
GO 1,508 1,662 1,665 1,832 1,836 1,823 1,910 1,849 MA 0,467 0,519 0,538 0,579 0,583 0,632 0,649 0,922 MG 1,093 1,567 1,753 1,904 2,107 2,294 2,533 2,773 MS
3,991 4,354 4,084 3,889 4,243 4,510 6,019 5,158
MT
3,176 3,627 3,685 3,771 3,636 3,407 3,341 3,201
PA
0,962 1,025 1,176 1,109 1,275 1,405 1,473 1,502
PB
2,220 2,383 2,261 2,138 2,165 2,286 2,359 2,350
PE
2,193 2,268 2,388 2,720 2,916 3,221 3,495 3,250
PI
0,859 0,723 0,824 0,870 0,906 0,926 1,012 1,014
PR
1,971 2,190 2,074 1,892 1,947 2,082 1,952 2,555
RJ
1,452 1,382 1,446 1,596 1,724 1,904 2,062 2,163
RN
0,965 0,958 1,203 1,359 1,367 1,811 1,435 2,007
RO
3,225 3,433 4,645 4,753 4,021 4,684 4,340 4,389
RR
3,133 3,617 3,917 3,763 3,716 3,642 3,370 3,373
RS
2,311 2,546 2,634 2,935 2,712 2,715 2,526 2,439
SC
1,804 2,009 2,180 2,327 2,312 2,555 2,656 2,433
SE
1,091 1,131 1,358 1,662 1,703 1,957 2,097 2,102
SP
3,399 2,290 3,734 3,967 4,185 4,554 4,714 4,654
TO
1,155 1,299 1,275 1,363 1,401 1,481 1,648 1,874
Total 1,926 1,804 2,178 2,337 2,450 2,657 2,769 2,779
Fonte: Sistemas
de Registro do Sistema Prisional e IBGE, Brasil.
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A seguir apresentamos os gráficos por UF e região geográfica brasileira. Figura 1: Proporção de população privada de liberdade na população geral notificadas por UF e por ano na Região Norte, 2007 a 2014
Região Norte
Fonte: Sistemas de Registro do Sistema Prisional e IBGE, Brasil.
Figura 2: Proporção de população privada de liberdade na população geral notificadas por UF e por ano na Região Nordeste, 2007 a 201
Região Nordeste 4,000 3,500 3,000 2,500
2,000 1,500 1,000 0,500 0,000
2007 AL
2008
BA
2009
CE
SE
2010
MA
2011
PB
2012
PE
2013 PI
2014 RN
Fonte: Sistemas de Registro do Sistema Prisional e IBGE, Brasil.
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Figura 3: Proporção de população privada de liberdade na população geral notificadas por UF e por ano na Região Centro-Oeste, 2007 a 2014.
Região Centro-Oeste 7,000 6,000 5,000 4,000
3,000 2,000 1,000 0,000
2007
2008
2009
DF
2010 GO
2011 MS
2012
MT
2013
2014
Fonte: Sistemas de Registro do Siste-
ma Prisional e IBGE, Brasil.
Figura 4: Proporção de população privada de liberdade na população geral notificadas por UF e por ano na Região Sudeste, 2007 a 2014.
Região Sudeste 5,000 4,500 4,000 3,500 3,000 2,500 2,000 1,500 1,000 0,500 0,000
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2007
2008
2009
ES
2010
MG
2011
RJ
2012
SP
2013
2014
Fonte: Sistemas de Registro do Sistema Prisional e IBGE, Brasil.
Figura 5: Proporção de população privada de liberdade na população geral notificadas por UF e por ano na Região Sul.
Região Sul 3,500 3,000 2,500 2,000
1,500 1,000 0,500 0,000
2007
2008
2009
PR
2010
RS
2011
SC
2012
2013
2014
Fonte: Sistemas de Registro do Sistema Prisional e IBGE, Brasil.
Figura 6: Proporção de população privada de liberdade na população geral notificadas por ano no Brasil, 2007 a 2014.
Brasil
3,000 2,500 2,000 1,500
1,000 0,500 0,000
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
Fonte: Sistemas de Registro do Sistema Prisional e IBGE, Brasil.
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Modelos de regressão linear foram aplicados para medir as tendências de proporção de casos notificados ao longo dos anos de 2007 a 2014, para as UF e para todo o Brasil. A tabela a seguir apresenta o modelo encontrado, o valor de R2, que indica a porção da variabilidade explicada pela tendência linear, o p-valor do teste F e também a classificação da tendência como estável (sem tendência), crescente ou decrescente. Tabela 2: Modelo de regressão linear com as tendências de proporção de casos notificados ao longo dos anos de 2007 a 2014, para unidades da federação e para todo o Brasil.
REGIÃO UF MODELO R2 VALOR TENDÊNCIA
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Os dados da Tabela 2 mostram que o número de pessoas privadas de liberdade aumentou em várias UF das diferentes regiões geográficas e permaneceu estável em outras, com a única exceção do Estado do Rio de Janeiro, onde a tendência foi decrescente. Os casos notificados de agravos nos serviços de saúde prisional estão descritos na Tabela 3. Os casos estão apresentados segundo UF e região de notificação por ano de notificação em unidades prisionais no Brasil de 2007 a 2014. A Região Sudeste é a Região Geográfica com o maior número de população privada de liberdade no Brasil e pode-se observar na Tabela que foi a Região que notificou o maior número de casos, com 13.149 casos no total, sendo o Estado de São Paulo o com maior número de registros. Na sequência, as regiões Sul e Nordeste notificaram mais casos, com 3.231 e 3.213, respectivamente. No geral, pode-se observar que o número de notificações aumentou ao longo dos anos, o que pode representar um maior acesso aos serviços de saúde. A Figura 7 representa o número de notificações por ano no Brasil. A Figura 8 traz a distribuição proporcional por região brasileira e por ano dos agravos notificados de 2007 a 2014.
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