Revista Exxtra 38

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EDIÇÃO 37| Outubro de 2010

Índice 32 | POR QUE DILMA MERECEU A VITÓRIA? 33 | NORDESTINO NÃO É GENTE? ESPECIAL

06 | Palavra Deles 08 | Vera Silveira em DoisToques 10 | Satélite 12 | Via Brasília 14 | Coluna Ivan Lopes da Silva ELEIÇÕES 16 | 30 MILHÕES NÃO FORAM ÀS URNAS 20| O PREÇO DE UM SENADOR CAPA 26 | BRASIL ELEGE UMA MULHER PARA A PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA 28 | COMPROMISSOS DA PRESIDENTE ELEITA 30 | SERRA RECEBE COM HUMILDADE RESULTADO DA ELEIÇÃO 31 | REFORMAS POLÍTICA E TRIBUTÁRIA PODEM ENTRAR NA PAUTA DO NOVO GOVERNO

34 | PROPAGANDA ELEITORAL DEVERIA COMEÇAR EM JANEIRO 36 | VALORIZAÇÃO DO REAL É DESAFIO ECONÔMICO DO NOVO EXECUTIVO 38 | DERROCADA DA OPOSIÇÃO 40 | GASTANÇA DA UNIÃO 42 | ORÇAMENTO RECEBE 9,7 MIL EMENDAS, QUE SOMAM R$ 72 BILHÕES GERAL 44 | A LITORALIZAÇÃO NÃO ESTANCOU 48 | PREVENÇÃO DE DESASTRES MARCA DOIS ANOS DA TRAGÉDIA DE 2008 50 | SISTEMA DE DEFESA CIVIL COLUNAS 52 | Gente 54 | Vida & Saúde 56 | De tudo um pouco, por Meg Gonzaga

Editorial Dilma Rousseff será a próxima presidente da República. A candidata do PT foi eleita em segundo turno das eleições presidenciais, no domingo, 31 de outubro, com 56,05% dos votos (55.752.529). Ela será a primeira mulher a ocupar o cargo na história da política brasileira. O atual presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, foi eleito vice-presidente na chapa da petista. Os dois assumem o cargo apenas em 1º de janeiro de 2011, mas as negociações sobre a composição do próximo governo começam agora. Nos próximos dias, Dilma e Temer devem definir, por exemplo, se vão nomear uma equipe para tratar da transição entre os dois governos, como fez Lula em 2002. Os integrantes da nova equipe ministerial também serão definidos até o final de dezembro. A Exxtra deste mês traz reportagem especial sobre a eleição da primeira presidente mulher do Brasil. Análise do resultado, desafios e compromissos da candidata eleita.

Boa leitura! Ivan Lopes da Silva Diretor Geral

Diretor Geral: IVAN LOPES DA SILVA | Editora: VERA SILVA SILVEIRA | Coordenação de Redação: SOLEDAD URRUTIA DE SOUSA | Administração e Comercial : KARINA RAMOS | Assinatura: LUCIANE JUNQUEIRA Circulação: PATRÍCIA JUNQUEIRA EXXTRA | Outubro, 2010 |05 Endereço: Crispim Mira 124, Centro - Florianópolis - Santa Catarina - CEP 88020-540 - Fone: 48 - 39520012 - E-mail: redacao@exxtra.com.br Exxtra é uma publicação da Editora Exxtra Com Dois Xis e Multimídia Ltda. A revista não se responsabiliza por conceitos emitidos em artigos assinados. Distribuição dirigida e comercial.


Palavra deles “Não sei ainda se vou participar do governo Antônio Gavazzoni (DEM), suplente de senador eleito Luiz Henrique (PMDB)

“Eu conheço o (Raimundo) Colombo, é uma pessoa de consenso. Vamos ter um bom convívio”. José Fritsch, presidente estadual do PT

“A minha popularidade é resultado do meu trabalho, de viajar, de conversar com o povo, de não ter medo de discutir qualquer assunto, em qualquer momento”. Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

“Ninguém sabia que os projetos aprovados na Casa (Assembléia) até pelo próprio governo teriam reflexos futuros na folha do Estado?”. Deputado estadual Antonio Carlos Vieira (PP)

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“Conforme nós formos conversando e definindo (nomes para o Governo), vamos anunciando. Não tem segredo, não tem tabu”. Eduardo Moreira (PMDB), vicegovernador eleito.


Trabalhei muito para ser não apenas uma boa candidata, mas também governadora. Tudo que estava ao meu alcance foi feito. Percorri o Estado todo, conversei, dialoguei e me inteirei de todos os nossos problemas. Estudei, com minha equipe, as soluções ideais para que fizéssemos um governo à altura de Santa Catarina”. Deputada federal Angela Amin (PP)

“Hoje somos seis deputados estaduais, dois federais, um senador e um governador. Eu ajudei esse partido a crescer...”. Governador Leonel Pavan (PSDB)

“Enquanto não formos capazes de tratar com inteligência ‘civilizada’ os resíduos que o nosso modo de viver produz, não poderemos nos considerar desenvolvidos e, menos ainda, vivendo de maneira sustentável. Portanto, lixo representa o nosso estágio cultural”. Ex-governador Esperidião Amin (PP)

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“Se o presidente Lula está mesmo preocupado com o Enem e com a educação no país, ele deve trocar o ministro (Fernando Haddad), e não ficar acusando a oposição”. Deputado federal Paulo Bornhausen (DEM)

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Vera Silveira em

Dois TToques oques A mulher no poder Os brasileiros elegeram a primeira mulher presidente da do país. Logo após a eleição, Dilma Rousseff (PT) já era citada como a terceira mulher mais influente do mundo. Ou seja, o sexo feminino no Brasil pela primeira alçou voo na política, há poucos meses, jamais imaginados.

Dados

Desafios Com uma bancada ainda insignificante, numericamente, no Congresso, mas de grande destaque nos encaminhamentos de projetos de alto alcance social, principalmente, a mulher deve se impor, agora com mais visibilidade, para também melhorar o desempenho parlamentar em Brasília. Com isso deve lutar por políticas públicas que ajudem na valorização do trabalho feminino e mudem as estatísticas levantadas pelo censo brasileiro, que mostram as mulheres sempre aquém do que elas realmente merecem; pelo esforço, capacidade e competência.

As mulheres responsáveis pelo sustento da família representam 29,6% das trabalhadoras ativas do País. Destas, 62,9% têm mais de 40 anos e 38,4% frequentaram a escola por menos de oito anos. 21,9% atuam como domésticas e 78,6% têm rendimentos mensais inferiores a três salários mínimos. O rendimento médio mensal é de R$ 956,80, isto significa 71,3% dos rendimentos do homem, que é de R$ 1.342,70. Entre as mulheres chefes de família, 50,6% não têm cônjuge e moram com os filhos, na maioria, menores de idade. Hoje as mulheres já são a maioria nas escolas e universidades e entre os jovens, já possuem maior escolaridade. Mesmo assim, quando conseguem vencer as barreiras e alcançar postos maiores, como chefias, as disparidades ainda são grandes no mercado de trabalho. Segundo o IBGE, no emprego formal, o salário da mulher é apenas 78% do salário do homem. Entre as pessoas com 12 anos ou mais de estudo, os homens ganham, por hora, 70% a mais que as mulheres.

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Mulher do Cone Sul

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Com a eleição de Dilma Rousseff (PT) como presidenta da República, o que parecia ○ ○ ○ ○ ○ ○ casualidade ou fato isolado na Argentina e no Chile ganha o selo de tendência no Cone Sul da América. O Brasil passou a ser o terceiro país da região a eleger uma mulher com poucos anos de diferença. Contudo, uma mulher chegar ao ponto mais alto do governo não implica protagonismo da agenda de gênero, com temas como participação política equitativa, saúde sexual e reprodutiva, igualdade de oportunidades ou distribuição das tarefas familiares. Uma mulher no poder não garante preocupação pelos assuntos das mulheres, necessariamente. Na verdade, o que assegura é uma melhor qualidade da democracia. Além disso, a chegada de mulheres à Presidência vai criando a ideia de que as lideranças femininas em política podem ser iguais às masculinas, e isso é bom porque se naturaliza como algo já ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ instalado. 08 | Outubro, 2010 | EXXTRA


Vera Silveira em

Dois TToques oques Registro

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O fenômeno começou com Michelle Bachelet, primeira presidenta do Chile (2006-2010) e primeira a formar um gabinete com paridade de gênero na América Latina. Sua gestão impulsionou numerosas medidas para reduzir a discriminação das mulheres. Seu trabalho, de fato, fez com que, no dia 14 setembro, fosse designada chefe da Entidade para a Igualdade entre os Gêneros da Organização das Nações Unidas (ONU-Mulheres), a nova agência da ONU que a partir de janeiro promoverá os discriminados direitos das mulheres.

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Um ano após Bachelet, foi a vez da atual presidente argentina, Cristina Fernández, uma legisladora de destaque em várias mandatos. Seu triunfo foi preparado pela gestão de seu antecessor – e marido –, Néstor Kirchner (2003-2007), morto neste mês. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Pioneira A Argentina foi pioneira mundial em uma lei de cotas e ocupa o segundo lugar, após a Costa Rica, entre as nações latino-americanas com maior proporção de mulheres no parlamento: 38,5% na Câmara dos Deputados e 35% no Senado. Entretanto, as ações afirmativas não explicam a ascensão de Bachelet no Chile, porque nesse país não há lei de cotas e a atual participação feminina no parlamento é baixa: 14% de deputadas e 13% de senadoras. E mais, o país onde as cotas são um fracasso é o Brasil, onde as deputadas somam 8,8% do total e as senadoras 12,3%, e nos governos estaduais e prefeituras é ainda pior.

Avanços Em outros países sul-americanos o panorama é diferente, mas todos mostram avanços em participação e igualdade nas candidaturas. Desde janeiro, a Bolívia é o segundo país com um gabinete paritário e uma mulher, Ana María Romero, presidente da bicameral Assembleia Plurinacional, o segundo cargo institucional do país. Além disso, as mulheres controlam inéditos 28% das bancadas e a maioria delas se comprometeu formalmente a promover uma agenda de gênero pactuada com a não governamental Coordenadoria da Mulher, recordou sua responsável de Incidência, Mónica Novillo. No Uruguai, a lei de cotas será aplicada a partir de 2014 e atualmente conta com 15,2% de mulheres na Câmara de Deputados e 12,9% no Senado. Apesar disso, as legisladoras encontraram um atalho para empurrar a agenda de gênero: uma Bancada Bicameral Feminina, criada em 2000. A lei no Paraguai fixa em 20% a cota feminina, desde 1996. Mas as deputadas são apenas 12,5% do total e as senadoras 15,6%.

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Satélite Senadora Niura garante assinaturas para gratificação dos professores A senadora Niura Demarchi (PSDB-SC) conseguiu, na sextafeira 5 de novembro, o número de assinaturas necessárias para a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 23/2010 que estabelece uma gratificação de regência de classe, para os professores da educação básica pública em exercício em sala de aula, de no mínimo, 70% da remuneração básica. Niura (foto) considera que a aprovação da PEC é fundamental para a valorização da carreira docente. “Não há estabelecimento de ensino ou rede escolar de boa reputação que não se sustente em professores bem qualificados e satisfeitos com sua profissão. E essa satisfação significa possuir boas condições de trabalho, inclusive o recebimento de justa remuneração”, ressaltou. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

PSDB define ações A Executiva Estadual do PSDB esteve reunida, no dia 8 de novembro, em seu primeiro encontro após o segundo turno das eleições, sob a presidência do governador Leonel Pavan (foto). Os membros presentes avaliaram como positivo o desempenho do PSDB estadual nas eleições, com a eleição de Paulo Bauer para o Senado, de seis deputados estaduais e dois federais, além da vitória da coligação para o Governo do Estado. A executiva também considerou muito positiva a significativa votação de Serra em Santa Catarina, mostrando boa receptividade dos ideais da social democracia entre os catarinenses. Com base na análise dos resultados da eleição, o diretório deverá fortalecer no próximo ano ações do Instituto Teotônio Vilela (ITV), órgão de estudos e formação política do PSDB, para divulgar a social democracia.

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Amin diz que lixo é cultura, milagre é outra coisa “Enquanto não formos capazes de tratar com inteligência ‘civilizada’ os resíduos que o nosso modo de viver produz, não poderemos nos considerar desenvolvidos e, menos ainda, vivendo de maneira sustentável. Portanto, lixo representa o nosso estágio cultural”, diz o ex-governador (foto) Esperidião Amin (PP), em visita à cidade de Hamburgo (Alemanha). Acompanhada da mulher, deputada federal Angela Amin (PP), o deputado federal eleito para a próxima legislatura, participou de um congresso mundial, que tem como tema central o “Desenvolvimento Urbano e Sustentabilidade – o Grande Desafio para a gestão de resíduos no século 21”.


Satélite Sessão especial na Assembleia homenageia Lício Mauro da Silveira Quase um mês após a morte do deputado Lício Mauro da Silveira, vítima de infarto no dia 15 de outubro, a Assembleia Legislativa continua rendendo homenagens ao parlamentar. No intervalo da sessão ordinária do dia 11, uma sessão especial sacramentou oficialmente o nome da Escola do Legislativo como Deputado Lício Mauro da Silveira. A esposa, Carla Anette Puls da Silveira, os filhos, Marcelo Henrique e Andréa Carla Puls da Silveira, familiares e amigos participaram da sessão (foto), que foi presidida pelo presidente da escola, deputado Joares Ponticelli (PP). Ponticelli falou emocionado sobre o colega de partido, que merecidamente tinha conquistado mais uma vitória como deputado estadual nas últimas eleições. “Infelizmente nosso amigo não teve tempo de comemorar esta eleição tão dura e tão vitoriosa”. E completou: “Lício era o principal cliente e colaborador da escola e agora seu nome será eternizado através da instituição”. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Candidatos eleitos em SC serão diplomados na Capital em 16 de dezembro Os candidatos eleitos no estado nas Eleições 2010 serão diplomados pelo Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina em 16 de dezembro, a partir das 20h, em sessão solene aberta ao público que será realizada no Centro de Convenções de Florianópolis (Centrosul), na Avenida Governador Gustavo Richard, nº 850, Aterro da Baía Sul. A cerimônia será dirigida pelo presidente do TRESC, desembargador Newton foto Trisotto (foto foto), e contará com a presença de todos os integrantes da Corte. A diplomação terá a seguinte ordem: 40 deputados estaduais, 16 deputados federais, dois senadores e seus suplentes e, por fim, governador e vice-governador. Haverá discursos dos candidatos mais votados para Assembléia Legislativa, Câmara dos Deputados e Senado, além do novo governador.

De acordo com o artigo 215 do Código Eleitoral, o diploma a ser entregue aos eleitos deverá apresentar o nome do candidato, a indicação da legenda pela qual concorreu, o cargo para o qual foi eleito ou a sua classificação como suplente, e, facultativamente, outros dados a critério do tribunal responsável EXXTRA | Outubro, 2010 |11


Via Brasília Governadores pedem prioridade para propostas

Em reunião, no dia 23 de novembro, com o presidente da Câmara, Michel Temer, e líderes do Congresso (foto), os governadores eleitos de cinco estados pediram a aprovação, até o final do ano, de duas propostas que tramitam na Casa. A primeira altera a Lei Kandir A Lei Kandir (Lei Complementar 87/96) dispensou do ICMS operações que destinem mercadorias para o exterior, bem como os serviços prestados a tomadores localizados no exterior. Com isso, estados e municípios perderam parcela da arrecadação de seus impostos. Essa lei disciplina o ressarcimento por parte da União até que outra lei estabeleça um mecanismo definitivo. A segunda (PEC 507/10) prorroga por tempo indeterminado o Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza, cuja vigência termina neste ano. As duas propostas são oriundas do Senado. O PLP 352 está pronto para ser analisado pelo Plenário, após ser aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) na primeira semana deste mês. Já a PEC 507, que teve a admissibilidade aprovada pela CCJ também no início do mês, ainda precisa passar por uma comissão especial, que vai analisar seu mérito. Dois partidos ainda não indicaram seus integrantes para a comissão, que terá 18 titulares. Participaram da reunião o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e os governadores eleitos de São Paulo, Geraldo Alckmin; da Bahia, Jaques Wagner; de Minas Gerais, Antonio Anastasia; do Espírito Santo, Renato Casagrande; e do Ceará, Cid Gomes, além do vice-governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão.

Desembargador diz Tiririca leu e escreveu

que

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Depois de cerca de um mês de reclusão no Nordeste, Francisco Everardo Oliveira Silva leu, escreveu e poderá ser diplomado. Foi o que garantiu nesta quinta-feira (11) o presidente do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), Walter Almei Guilherme, ao se referir ao teste a que o palhaço Tiririca (PR), recém-eleito deputado federal com a maior votação do país (1.353 milhão de votos), foi submetido para provar que é alfabetizado.A audiência em São Paulo teve início pela manhã de hoje e ainda não foi finalizada. “Foi apresentado um primeiro texto de jornal, e ele leu. Foi mostrado um segundo texto de jornal, e ele leu”, declarou o desembargador, lembrando que o processo para comprovar escolaridade não se refere a pedido de impugnação de candidatura, mas para verificação de eventual fraude eleitoral – a decisão do tribunal que permitiu a candidatura não está sob contestação.

PT e PMDB anunciam acordo Os presidentes do PMDB, Michel Temer (foto), e do PT, José Eduardo Dutra, anunciaram, no início deste mês, um acordo parcial na disputa que as duas legendas patrocinam pela presidência da Câmara. Temer - que é o vicepresidente eleito - e Dutra disseram que PT e PMDB aceitam dividir o poder na Casa pelos próximos quatro anos, sendo dois anos para cada partido. Apesar disso, afirmaram que ainda não há acerto sobre qual das duas legendas comandará a Câmara no biênio que se inicia em 1º de fevereiro.


IBGE revisa para 5,2% crescimento da economia em 2008 O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revisou para cima o resultado do Produto Interno Bruto referente ao ano de 2008, na comparação com 2007. De acordo com os dados, a economia brasileira teve expansão de 5,2% em relação a 2007e não de 5% como havia sido divulgado anteriormente. Em valores correntes, a riqueza gerada no país naquele ano alcançou R$ 3 trilhões, e o PIB per capita atingiu R$ 15.989,75.

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Mariani recebe em Brasília o Prefeito de Corupá O prefeito Luiz Carlos Tamanini se encontrou com o deputado federal Mauro Mariani e participou de reuniões nos dias 10 e 11 de novembro, em Brasília. Em pauta projetos de Corupá que já estão em andamento e planos para o Orçamento da União de 2011. Mauro Mariani, eleito o deputado federal mais votado da história de Santa Catarina com 186.733 votos, retomou sua agenda normalmente em Brasília após o recesso parlamentar em razão das eleições dando prioridade às discussões do Orçamento da União de 2011, já que o momento é de definir quais emendas o parlamentar apresentará.

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Deputado Paulo Bornhausen: “CPMF nunca mais”

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O líder dos Democratas na Câmara dos Deputados, Paulo Bornhausen (foto) repudia veementemente a possibilidade de recriação da CPMF, o famigerado Imposto do Cheque. Seguindo ordens, inspiradas no capricho vingativo do atual Presidente da República, a Presidente eleita, Dilma Rousseff, está convocando os governadores de sua base aliada para assumirem o movimento pela volta do imposto que o povo brasileiro derrubou. A continuidade prometida durante a campanha está privilegiando as piores características deste governo federal, a falta de competência para gerir os recursos públicos e a gana pela cobrança de impostos. O aumento da IOF - logo após o fim da CPMF - e o constante aumento da arrecadação de impostos alimentaram os cofres públicos com mais recursos do que os gerados pelo Imposto do Cheque. A solução para o caos da saúde pública do Brasil está na regulamentação da Emenda 29 e na profissionalização da gestão. Os Democratas não permitirão que o povo pague a conta da eleição. Conclamamos a Oposição, no Congresso e no Legislativo e Executivo estaduais, e toda a sociedade para impedir mais esse descalabro do governo do PT.


Ivan Lopes da Silva |

ivan@exxtra.com.br

O “profeta” LHS mira em 2014

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ara os profissionais em política quando acaba uma eleição uma nova inicia. Assim, o ex-governador, senador eleito Luiz Henrique (PMDB), seguindo a sua determinação em garantir o comando do Estado, com o seu grupo político por pelo menos 30 anos, não perde tempo e já esboça os futuros movimentos eleitorais. Somados os seus oito anos no Governo, mais os quatro já garantidos por Raimundo Colombo (DEM), com otimismo de reeleição, fecharia um ciclo de 16 anos ininterrupto no Governo do Estado, controlados por uma aliança arquitetada e comandada pelo peemedebista. Porém, tudo dando certo para LHS, isso significa apenas a metade do caminho profetizado em 2000, quando dava os primeiros passos em busca de um mandato de governador em que grande parte até do seu partido não acreditava que teria êxito. Porém, o “profeta” venceu até o momento, fazendo o seu sucessor e garantindo um mandato de oito anos no Senado. Na condição de principal líder do PMDB, maior partido da coligação governista, que tem como principais sócios o DEM, do futuro governador, e o PSDB, do atual - Leonel Pavan-, LHS também já trata de garantir o controle do diretório estadual peemedebista. A sigla está sendo presidida pelo deputado federal João Matos, após a

14 | Outubro, 2010 | EXXTRA

direção nacional do partido destituir Eduardo Moreira do cargo, numa queda de braço envolvendo o grupo que apoiava Dilma Rosusseeff (PT) à Presidência da República e o que declarava voto para José Serra (PSDB). O atual mandato do diretório do PMDB acaba apenas em dezembro de 2011. No entanto, para resolver uma questão legal e estatutária, o diretório deve escolher um nome para concluir este período, que antecede a eleição para a escolha de um novo diretório. Com a vitória de Dilma, que tem como vice, o deputado Michel Temer, presidente nacional do partido, há a tendência do parlamentar ser confirmado para permanecer no comando que exerce interinamente. Matos, junto com o exgovernador Paulo Afonso, segundo vice-presidente da sigla, coordenou a campanha vitoriosa da petista nas hostes peemedebistas. Com isso, sai fortalecido do pleito. Caso não haja um consenso entre as duas alas para comandar o partido, neste período, o nome mais citado é do deputado federal Mauro Mariani. O parlamentar é visto como o nome natural para disputar o Governo do Estado, na próxima eleição em que o PMDB tenha candidatura própria. Só não disputou no pleito passado, pois o convite para assumir a empreitada

Mauro Mariano e Luiz Henrique da Silvei chegou aos 45 minutos do segundo tempo. Mariani se tornou o afilhado político número um de LHS. Portanto, é natural que esteja na primeira fila para dar continuidade às aspirações do ex-governador, para chegar aos 30 anos de poder profetizados. Portanto, para não colocar em risco o atual grupo político de LHS, envolvendo os três partidos, Mariani ficaria para 2018, na possível sucessão de Colombo, após a reeleição. Mariani concorreria a prefeito de Joinville, em 2012. LHS já declarou que já está empenhado em reconquistar a Prefeitura do município onde iniciou a sua vitoriosa jornada política. A cidade que está sendo administrada pelo petista Carlito Mens, durante a campanha presidencial foi palco de uma


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ira provocação contra LHS. Recebeu o presidente Lula, em apoio às candidaturas petistas no estado. Mais do que isso, atacou a biografia de Luiz Henrique, em seu pleno berço político. O desaforo, só será engolido, quando os peemedebistas desalojarem o PT da Prefeitura. Para LHS, Mariani conseguindo a eleição de prefeito em 2012, iria para a reeleição em 2016. Caso fosse bemsucedido, renunciaria em abril de 2018 e se lançaria candidato à sucessão de Colombo. Com isso, abria a perspectiva de iniciar um período no Governo de oito anos, contando a reeleição. Somados, seriam 24 anos com LHS articulando a sucessão vitoriosa no estado. E, ainda faltariam mandatos para completar a sua profecia. É coisa para o profeta Luiz Henrique.

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Rápidas Colombo e as pessoas em 1º lugar O governador eleito, Raimundo Colombo (DEM), após o anúncio dos seus dois principais colaboradores, já definiu com que “cara” será norteada a sua administração. Com Antônio Ceron para a Secretaria de Articulação Estadual e o professor Ubiratan Rezende para a Fazenda, o futuro governador começa a definir a filosofia de trabalho, centrada no discurso de campanha, que anunciava um Governo onde as pessoas estariam “em primeiro lugar”. Sem deixar de cumprir os compromissos com os partidos coligados, Colombo quer uma equipe competente, seja oriunda de partidos políticos ou de técnicos sem vinculação partidária.

Influência pró-Dilma Informações divulgadas pelo IBGE dão conta de que o salário médio do trabalhador brasileiro em setembro foi de R$ 1.499, o maior já pago no país desde março de 2002. O valor é 1,3% maior do que o valor de agosto (R$ 1.480,20), até então o recorde. Na comparação com setembro do ano passado, o poder de compra dos trabalhadores empregados aumentou 6,2%. Números como estes, com certeza, influenciaram muito o eleitor, que votou em Dilma Rousseff (PT), dando confiança ao Governo da era Lula.

Desafios dos Prefeitos A diminuição na arrecadação pública e o aumento das despesas dos municípios, por conta dos pacotes do Governo Federal que reduziram os impostos desde o estopim da crise financeira internacional, são fatores que impulsionaram prefeituras a buscar novos modelos de gestão. O maior desafio dos prefeitos, hoje, é fazer mais com menos, por isso precisam buscar outras formas de gestão que possibilitem obter resultados mais específicos em curto e médio prazos. Um exemplo de boa gestão administrativa está sendo empreendido em Içara, Sul do estado. O novato e jovem prefeito Gentil da Luz (PMDB) foto, está ganhando notoriedade administrativa, pela sua tenacidade e gosto pelo que faz. Tem tudo para se transformar em uma referência de administração competente. EXXTRA | Outubro, 2010 | 15


eleições

Cerca de 80% do eleitorado brasileiro compareceu às urnas para votar no dia 31 de outubro

30 MILHÕES NÃO FORAM ÀS URNAS Abstenção de 21,5% nas eleições é a maior desde 94. 36 milhões de pessoas não apareceram ou votaram em branco ou nulo no segundo turno das eleições

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quantidade de brasileiros que não apareceu para votar no domingo das eleições presidenciais chegou a 29,1 milhões, ou 21,50% dos eleitores, índice só menor do que o registrado em 1994, quando Fernando Henrique Cardoso (PSDB) venceu Lula. A opção de não votar nem em Dilma Roussef, a presidente eleita, nem em José Serra, seu adversário, porém, não deve ser atribuída apenas à ausência, certamente amplificada pela coincidência do pleito com o feriado de 2 de novembro, Dia de Finados. Quando somados também os 16 | Outubro, 2010 | EXXTRA

cidadãos que compareceram às sessões de votação, mas optaram pelo voto nulo ou em branco, o contingente chega a 36,6 milhões de pessoas, e representa 26,76% do eleitorado, a maior marca desde 1998, quando FHC bateu Lula novamente. Para o presidente do TSE, Ricardo Lewandowski, o feriado prolongado pesou no aumento da abstenção. O cientista político Alexandre Barros cita a insatisfação de eleitores de Marina Silva (PV) como motivo para a quantidade de descontentes. Barros diz que a boa

situação econômica e as semelhanças entre Dilma e Serra fizeram muita gente descansar em vez de votar. Ele não vê a abstenção como problema, mas como percepção de que o voto é um direito, e não um dever. Os 36,3 milhões de brasileiros que não escolheram nem Dilma Rousseff nem José Serra seriam suficientes para mudar o resultado das eleições. Isso porque a soma de descontentes e indiferentes supera em três vezes a diferença entre a petista e o tucano, que foi de 12 milhões a favor de Dilma, a primeira mulher eleita presidente do Brasil.


Mais de 20% do eleit or ado br asileir pareceu às urnas par a vot ar no dia 331 1 de outubr eleitor orado brasileir asileiroo não com compareceu para votar outubroo

Para Alexandre Barros, porém, essa é uma matemática simplista. Ninguém tem condições de saber como votariam os que se abstiveram se resolvessem escolher um dos dois candidatos que disputaram o segundo turno. “Essa é a pergunta que não adianta fazer, porque ninguém tem a resposta”, diz o consultor político Alexandre Barros. Levantamento baseado em informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostra que a média de não-comparecimento às urnas somada à insatisfação pelo voto nulo ou em branco é de 26,79% entre 1994 e 2010. Ou seja: o percentual destas eleições coincide com essa média. O índice de abstenção no segundo turno da disputa presidencial também foi maior do que na primeira rodada. Se no domingo passado, deixaram de votar 29,1 milhões, no primeiro turno, foram 24,6 milhões, ou 18,1%. Só no dia 31, outros 7,1 milhões de brasileiros preferiram apertar o botão “branco” da urna ou anular o voto, digitando um número inexistente.

No domingo, 31 de outubro, 36 milhões de brasileiros não foram às urnas ou preferiram votar em branco ou nulo. Somente nas duas eleições de Fernando Henrique Cardoso, esse índice foi maior nos últimos anos “Um contingente grande do eleitorado brasileiro parece ter se cansado dessa polarização entre PT e PSDB”, observa o cientista político José Luciano Dias. “A votação de Marina foi o primeiro reflexo disso. A opção de não votar no segundo turno também”, conclui. De fato, o percentual dos que não votam parece oscilar de acordo com a certeza que o eleitorado demonstra quanto às boas possibilidades percebidas por trás das candidaturas em disputa. Os dados do TSE mostram que o contingente de brasileiros indiferentes ou descontentes com as eleições vinha

caindo entre 2002 e 2006. Foram os anos em que a maior parte do eleitorado encontrou em Lula o desaguadouro das suas aspirações. Em 2002, numa consideração de que ele e o PT fariam um governo que respeitaria a ética na política e combateria a corrupção. Em 2006, muitos dos que assim pensavam estavam decepcionados, por conta de episódios como o mensalão. Mas Lula compensara esse fato trazendo para si a nova classe média que emergia com sua política social. Agora, o percentual dos que não se julgavam representados nem por Dilma nem por Serra voltou a subir. A soma da abstenção com os votos brancos e nulos era de 32% em 1994, subiu para 36% em 98 e caiu até 24% no segundo turno de 2006. No primeiro turno deste ano, foi para 25%. E agora, alcançou os 27%, mesmo índice da média dos últimos 16 anos e o maior valor desde 1998. Já a abstenção sozinha vem oscilando durante esse período. Chegou a 29% em 1994 e, neste segundo turno, a 21,5%, o maior índice desde então. A média histórica mostra a abstenção média de 19,70% Segue>> nos últimos 16 anos. EXXTRA | Outubro, 2010 |17


eleições

Presidente do TSE, Ricardo Lewandowski

Abstenção e voto dos descontentes sobe no segundo turno A diferença entre a abstenção no primeiro e no segundo turno destas eleições foi de 4,5 milhões. É como se quase todo o eleitorado do Pará (4,7 milhões) deixasse de votar de uma vez só. O Pará foi o estado que teve a maior abstenção – 26,79% ou 1,27 milhões de eleitores. A soma da abstenção com o número de brancos e nulos também subiu entre o primeiro e o segundo turno. Passou de 34,2 milhões para 36,3 milhões de eleitores.

18 | Outubro, 2010 | EXXTRA

Cientista político, Alexandre Barros

Feriado, economia e Marina ajudam a explicar ausência Eleição em meio a dois feriados, os eleitores de Marina Silva (PV) e a boa situação econômica do Brasil explicam o aumento da abstenção no segundo turno de 2010 e a quantidade votos nulos e brancos. A opinião é do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Ricardo Lewandowski, e do cientista político, Alexandre Barros, da consultoria Early Warning. 36,3 milhões de brasileiros não compareceram às urnas ou votaram em branco e nulo no último domingo. A abstenção de 21,5% foi a maior desde 1994. No domingo (31 de outubro) à noite, Lewandowski afirmou que, tradicionalmente, há um aumento no índice de abstenção entre o primeiro e segundo turno. Tanto que, por conta disso, a Justiça Eleitoral fez

campanhas para os eleitores comparecerem às urnas. Lewandowski citou diferentes possibilidades para justificar o aumento na abstenção. Para ele, a maior foi o feriado prolongado. Além do dia de Finados, na terça-feira (2), muitos estados decretaram ponto facultativo na segunda (1º) por conta do dia do funcionário público, que aconteceu na quinta-feira (28) anterior a eleição. Alguns servidores não trabalharam nem na sexta-feira. No entanto, o presidente do TSE disse que não há como mudar a data do segundo turno, já que o intervalo de quatro semanas é previsto pela Constituição Federal. “Nós temos que pensar no deslocamento do feriado”, sugeriu.


Mau tempo Para o ministro, também influenciaram o crescimento das condições climáticas adversas em alguns estados, como a seca no norte do país e as fortes chuvas no Rio Grande do Sul. “Tradicionalmente, há uma oscilação para maior. Não me parece que seja um número muito significante”, afirmou. Lewandowski comparou a ausência com a votação nas últimas eleições para o parlamento europeu. Lá, somente 30% dos eleitores compareceram para votar. No entanto, o voto para o parlamento europeu é facultativo. Por último, o presidente do TSE ponderou que a forte votação obtida pela senadora Marina Silva (PV) no primeiro turno – 19,6 milhões (19,33%) – pode ter influenciado na abstenção também. No entanto, ele descartou que a troca de acusações e o baixo nível da campanha no segundo turno tenham influenciado. “Não quero supervalorizar a troca de farpas. Essa troca de farpas mais intensa se manteve no nível de normalidade”, disse, acrescentando que não cabe à Justiça Eleitoral fazer essa avaliação. “Isso eu deixo para os sociólogos, historiadores, politicólogos e até antropólogos.”

Efeito Marina O cientista político Alexandre Barros, que acompanha eleições desde 1950, diz que muitos eleitores de Marina preferiram não votar em ninguém. Mas só isso não explica porque 36,3 milhões não foram às urnas ou preferiram o sufrágio em

Fora do segundo turno, Marina Silva influenciou a aisência do eleitor branco ou nulo. O consultor endossa a tese de Lewandowski sobre a influência do feriado e cita o desinteresse do eleitor em face da boa situação econômica vivida pelo Brasil. De acordo com Barros, apesar de procurarem se diferenciar, Dilma e Serra praticamente não tinham diferenças. “O que tinha era alguém dizer: ‘Ah, eu não gosto do Serra ou eu não gosto da Dilma’.” Além disso, o cientista político enxerga que ambos os candidatos pregavam um quadro de continuidade, principalmente quanto à economia, um discurso conservador. Nenhum deles se mostrava como um ‘salvador da Pátria’. Por isso, parte dos eleitores

preferiu ficar em casa, na praia ou no campo. “A tendência é a inércia quando tudo está bem”, avalia Barros. O cientista político diz que alguns eleitores de Dilma, certos de sua vitória, também não compareceram às urnas. O mesmo motivo que fez apoiadores de Serra, resignados com a iminente derrota, optarem pelo descanso no feriado prolongado. De todo modo, ele não vê a abstenção crescente como um problema. Além do aumento da população idosa, Barros enxerga um amadurecimento da sociedade. “Vem crescendo no Brasil a noção de que o voto é um direito e não um dever”, afirma o cientista político.

EXXTRA | Outubro, 2010 | 19


política

O PREÇO DE UM SENADOR Em média, os senadores levantaram este ano uma vez e meia mais que seus colegas de 1994, e cinco vezes mais recursos que os candidatos de 2002

N

unca foi tão caro conquistar uma cadeira no Senado. Em 1994, cada senador arrecadou, em média, R$ 2,8 milhões. Este ano, a média de arrecadação dos senadores foi R$ 4,1 milhões. Os valores já descontam a inflação do período, medida pelo IPCA. Ou seja: os 54 senadores eleitos em outubro, descontada a inflação, arrecadaram uma vez e meia mais que seus colegas de 1994. E comparada com a eleição de 2002, quando a arrecadação declarada diminuiu, cinco vezes mais.

Para analistas ouvidos pelo Congresso em Foco, são várias as razões que tornam a eleição mais cara. Os militantes, voluntários que trabalham de graça pela causa partidária, são substituídos por profissionais bem pagos. E a eleição é cada vez mais concorrida. A inibição da prática do caixa dois, em virtude das operações da Polícia Federal, é também um dos fatores apontados para o aumento do valor declarado nas arrecadações. Em 1994, os 54 senadores eleitos receberam R$ 46 milhões em contribuições de empresas e cidadãos, segundo o livro Reforma política, de Gláucio

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Ary Dillon Soares e Lúcio R. Rennó, que compilou dados da Justiça Eleitoral. Em valores corrigidos, seriam R$ 152 milhões, média de R$ 2,8 milhões por senador. Quatro anos depois, em 1998, a média de arrecadação dos 27 eleitos subiu um pouco: R$ 2,9 milhões em valores corrigidos. Essa era a maior média de recursos destinados aos eleitos até as eleições deste ano. De 2002 até agora, o valor caiu à metade. Em 2002, foram R$ 1,3 milhão por senador e, quatro anos depois, em 2006, R$ 1,5 milhão, em valores corrigidos. Nestas eleições há um aumento expressivo, tanto em relação aos últimos pleitos quanto ao de 1994. A arrecadação total chega a R$ 222 milhões, como mostrou o Congresso em Foco. O aumento foi de 210% em relação a 2002 e de 46% em relação a 1994, as duas últimas eleições em que 54 cadeiras estavam em disputa. Os valores descontam a inflação no período.


Campeões em arrecadação LINDBERG FARIAS (PT-RJ) – R$ 14.014.781,53 AÉCIO NEVES (PSDB-MG) – R$ 11.970.313,79 MARTA SUPLICY (PT-SP) – R$ 11.839.006,24 ITAMAR FRANCO (PPS-MG) – R$ 11.589.868,48 DEMÓSTENES (DEM-GO) – R$ 9.212.013,12 ALOYSIO NUNES (PSDB-SP) R$ 9.193.018,50 GLEISI HOFFMANN (PT-PR) – R$ 7.979.322,30 IVO CASSOL (PP-RO) – R$ 7.924.244,43 EUNÍCIO OLIVEIRA (PMDB-CE) – R$ 7.753.530,00 ARMANDO MONTEIRO (PTB-PE) – R$ 7.346.540,00 Analistas discordam sobre os motivos que levaram ao encarecimento da campanha este ano. O diretor de documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antônio Augusto de Queiroz, o Toninho, acredita que a coibição da prática do caixa dois nas campanhas é o principal motivo. “A Polícia Federal pegou avião e pessoas com dinheiro. Houve um comedimento dos candidatos”, disse ele. O senador Delcídio Amaral (PT-MS), que arrecadou R$ 5,9 milhões, tem a mesma opinião. “Vão dizer que as campanhas estão mais caras. Não é que tenham ficado milionárias, é que passaram a declarar mais do que no passado”, disse o petista ao Correio Braziliense em agosto deste ano. Mas o diretor da ONG Transparência Brasil, Cláudio Weber Abramo, discorda. Para ele, é “impossível” atestar que uma parte do dinheiro do caixa dois passou a ser contabilizada. Abramo diz não se surpreender com a evolução dos gastos da campanha ao Senado. Ele acredita que a arrecadação maior é resultado do

Paulo Bauer PSDB-SC, arrecadou R$ 2.150.186,97

Luiz Henrique PMDB-SC, arrecadou R$ 3.161.500,00

aumento da competitividade entre os candidatos a senador. “Aumentou a quantidade de dinheiro que se está investindo em campanhas”, resume. Para Toninho, a profissionalização crescente das eleições também ajuda a explicar o aumento dos gastos de campanha. “A militância rareou. As pessoas fazem campanha profissionalmente, por dinheiro.” O diretor do Diap entende que isso prejudicou principalmente os candidatos que recebem o chamado “voto de opinião”, com mais consistência ideológica. Como mostrou o Congresso em Foco, 46 dos 54 senadores eleitos conseguiram arrecadar mais de R$ 1 milhão nesta eleição. As dez campanhas mais ricas arrecadaram quase R$ 100 milhões. O ex-prefeito de Nova Iguaçu Lindberg Farias (PT), o ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves (PSDB) e a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy (PT) fizeram as três campanhas mais caras do país ao Senado.

movimentações financeiras nas eleições. Os candidatos a presidente e vice e seus comitês financeiros prestam contas ao Tribunal Superior Eleitoral. Os demais, aos tribunais regionais eleitorais. Se os candidatos não prestarem contas, ficam sem a certidão de quitação eleitoral, documento que será exigido caso queiram disputar novas eleições, daqui a dois ou quatro anos. De acordo com o TSE, o candidato que não presta contas corre o risco de responder por abuso de poder econômico. Se por acaso o político for condenado por abuso de poder, aí sim, pode ser impedido de se candidatar a outro mandato eletivo. Em caso de ter as contas de campanha rejeitadas, o político corre o risco de ser impedido de concorrer a novas eleições. Isso vai depender de uma interpretação do caso pela Justiça à luz da Lei das Inelegibilidades, a Lei 64/90. Os dados informados à Justiça Eleitoral dizem respeito a recursos movimentados em conta aberta especificamente para a arrecadação, doação e gastos com a campanha eleitoral, esclarece o TSE.

Transparência As prestações de contas são o mecanismo para dar transparência às

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política Ex-cara pintada fez campanha mais cara para Senado Lindberg Farias arrecadou R$ 14 milhões. É a campanha para senador que mais arrecadou dinheiro. O segundo nesse ranking é Aécio Neves. Os dez senadores que mais arrecadaram levantaram, juntos, quase R$ 100 milhões O ex-prefeito de Nova Iguaçu (RJ) Lindberg Farias (PT-RJ) é o senador eleito que mais conseguiu levantar dinheiro para a campanha no Senado. O ex-líder do movimento dos “caras pintadas”, que ajudou a derrubar o ex-presidente Fernando Collor (PTBAL), arrecadou R$ 14,014 milhões, de acordo com as contas prestadas pelo candidato à Justiça eleitoral. A maior parte dos recursos obtidos pelo petista, R$ 8,98 milhões, foi repassada pelo diretório nacional do PT. Lindberg não está sozinho entre os senadores que fizeram campanha milionária. O ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves (PSDB-MG), a exprefeita de São Paulo Marta Suplicy (PT) e o ex-presidente da República Itamar Franco (PPS-MG) ocupam, respectivamente, o segundo, o terceiro e o quarto lugar no ranking dos senadores eleitos campeões em arrecadação, com mais de R$ 11 milhões cada. Os dez senadores que mais arrecadaram levantaram, juntos, R$ 98,82 milhões. Partido e construtoras Os três senadores eleitos que mais conseguiram recursos para a campanha eleitoral têm algo mais em comum: tiveram no repasse feito pelos próprios partidos e nas empreiteiras duas das principais fontes de arrecadação. Depois do Diretório Nacional 22 | Outubro, 2010 | EXXTRA

Lindberg Farias, ex-cara pintada (no detalhe), arrecadou mais de R$ 14 milhões vindos principalmente do PT e de empreiteiras do PT, que doou quase R$ 9 milhões a Lindberg Farias, as construtoras foram a segunda maior fonte de recursos da campanha do petista. Oito empresas da área de construção doaram R$ 2,33 milhões para a campanha do senador eleito pelo Rio. Quase metade desse valor, R$ 1 milhão, foi doado pela gigante Camargo Correa. O diretório estadual do PT também foi generoso com o candidato, para o qual repassou R$ 1,36 milhão. Não é possível, ainda, saber quem doou para os partidos políticos. Dono de uma arrecadação de R$ 11,97 milhões, o tucano Aécio Neves declarou mais de 300 contribuições. A maior parte dos recursos levantados pelo ex-governador veio do diretório estadual do PSDB e das empreiteiras. Mais de 30 construtoras contribuíram com R$ 4,43 milhões. Entre elas, algumas das principais do país, como a própria Camargo e Correa, a OAS e a Mendes Júnior. O diretório estadual do partido repassou R$ 3,23 milhões ao senador eleito. A ex-prefeita Marta Suplicy arrecadou R$ 11,83 milhões para a campanha. Assim como Lindberg e Aécio, a petista também teve no próprio diretório do partido e nas construtoras duas das principais fontes de recursos. De acordo com a declaração à Justiça

eleitoral, Marta recebeu R$ 4,42 milhões do diretório nacional do PT e quase R$ 4 milhões de mais de 20 empresas da área de construção. As instituições financeiras também abasteceram a campanha dos candidatos. Marta Suplicy, por exemplo, recebeu R$ 300 mil do Itaú. Aécio declarou ter recebido R$ 400 mil do BMG, um dos bancos investigados pela CPI dos Correios de envolvimento com o mensalão. Já o Itaú doou outros R$ 500 mil para o tucano. O prazo para a entrega da prestação de contas dos candidatos que participaram apenas da eleição do dia 3 de outubro venceu ontem. Nem todos os dados, porém, estão disponíveis na página do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na internet. Até o momento, há poucas prestações de despesas publicadas no site do tribunal. Mas o valor das despesas e das receitas costuma ser bem aproximado. Os dados informados à Justiça Eleitoral dizem respeito a recursos movimentados em conta aberta especificamente para a arrecadação, doação e gastos com a campanha eleitoral, esclarece o TSE.

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PT e PMDB elegem quase metade dos senadores Partidos da atual base governista ocuparão a partir do ano que vem dez cadeiras a mais que hoje. Em contrapartida, PSDB e DEM, principais partidos hoje na oposição, só elegeram sete parlamentares para o Senado. Se o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, teve motivos ontem (3) para comemorar sua passagem para o segundo turno, ganhou também razões para se preocupar. O novo Senado se revela muito mais favorável à sua adversária, a petista Dilma Rousseff. Na próxima legislatura, os partidos que compõem a base governista vão ocupar pelo menos dez cadeiras a mais. Esse é o número de assentos que as legendas que apoiam a candidatura de José Serra perderam nas eleições desse ano. O PT de Dilma e o PMDB de Michel Temer, seu vice, foram os grandes vencedores na votação para o Senado. As duas siglas conquistaram praticamente metade das 54 vagas em disputa. A oposição elegeu apenas nove, ou seja, 16%. Os peemedebistas elegeram 14 nomes, e os petistas, 11. Mas as duas legendas podem ter até mais cinco senadores, dependendo da decisão da Justiça sobre a validade da Lei da Ficha Limpa nestas eleições. O PSDB e o DEM, hoje a segunda e a terceira maior bancada, elegeram apenas sete senadores e viram algumas de suas principais lideranças serem barradas nas urnas. Os senadores Marco Maciel (DEMPE), Tasso Jereissati (PSDB-CE), Heráclito Fortes (DEM-PI) e Arthur Virgílio (PSDBAM) não passaram da terceira colocação. O PSDB fez cinco senadores, entre eles, o ex-governador Aécio Neves (MG) e o exdeputado Aloysio Nunes Ferreira (SP). O DEM não elegeu nenhuma cara nova. Renovou o mandato de dois senadores: José Agripino (RN) e Demóstenes Torres

O ex-governador de Minas, Aécio Neves, um dos cinco senadores do PSDB

(GO). Outros oito partidos da atual base governista elegeram 16 senadores. O PP emplacou quatro; o PR, o PSB e o PP, três nomes cada. O PDT elegeu dois parlamentares. O PCdoB, o PRB, o PSC e o PTB fizeram, juntos, quatro senadores. O Psol, que concorreu à Presidência com Plínio de Arruda Sampaio, o PMN e o PPS, que fazem parte da aliança de Serra, também conquistaram uma cadeira cada. O Psol ainda pode ganhar novo assento, dependendo da decisão da Justiça sobre as candidaturas de Jader Barbalho (PMDBPA) e Paulo Rocha (PT-PA), barrados pela ficha limpa. Das 54 vagas em disputa, pelo menos 16 serão ocupadas por senadores reeleitos. Entre eles, o ex-presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) e o líder do governo, Romero Jucá (PMDBRR). Outros quatro senadores vão renunciar ao Senado até o final do ano porque se elegeram governadores: Rosalba Ciarlini (DEM), no Rio Grande do Norte; Renato Casagrande (PSB), no Espírito Santo; Raimundo Colombo (DEM) e Tião Viana (PT), no Acre. O PMDB seguirá com pelo menos as atuais 18 cadeiras, o que lhe garante o posto de maior bancada. O PT, hoje quarta maior força, com oito nomes, passará a ser a segunda mais numerosa composição do Senado, com 14 representantes. Um crescimento de 75%. Os tucanos, que ocupam atualmente 15 assentos, passarão a se dividir em 11 cadeiras. O DEM, hoje com 13 senadores, será reduzido a seis nomes. Um terço dos 18 nomes que o

partido elegeu em 2006. Outros dois partidos também terão menos representantes na Casa: o PDT e o PTB. A bancada pedetista diminuirá de seis para quatro, e a petebista, de sete para seis. Por outro lado, a do PP saltará de um para quatro, mesmo número da bancada do PSB, hoje de três senadores. O PCdoB também ganhará uma segunda cadeira, com Vanessa Grazziotin (AM). No momento, oito candidatos ainda vivem a angústia de conquistar uma vaga. Jader Barbalho e Paulo Rocha (PT) no Pará; João Capiberibe (PSB), no Amapá, e Cássio Cunha Lima (PSDB), na Paraíba, foram barrados com base na Lei da Ficha Limpa, que veda a candidatura de políticos com condenação em órgão colegiado ou que renunciaram para escapar da cassação. Os votos dados a esses candidatos foram considerados nulos pela Justiça eleitoral. A situação deles será decidida pela Justiça, que analisará seus respectivos recursos e a validade da aplicação da lei nas eleições deste ano. Por isso, mesmo tendo ficado em segundo lugar, Marinor Brito (PsolPA), Gilvam Borges (PMDB-AP) e Wilson Santiago (PMDB-PB) ainda podem, em tese, não serem empossados. A senadora Fátima Cleide (PT-RO), terceira colocada, pode herdar a vaga do eleito Ivo Cassol (PP-RO) caso a Justiça também casse a candidatura do ex-governador com base na nova lei. Cassol conseguiu uma liminar que garantiu que seus votos fossem computados. Foi o segundo mais votado no estado. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

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CAP A APA

BRASIL ELEGE UMA MULHER PARA A petista Dilma Rousseff governará o país nos próximos quatro anos

D

ilma Rousseff será a próxima presidente da República. A candidata do PT foi eleita em segundo turno das eleições presidenciais, no domingo, 31 de outubro, com 56,05% dos votos (55.752.529). Ela será a primeira mulher a ocupar o cargo na história da política brasileira. O atual presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, foi eleito vicepresidente na chapa da petista. Os dois assumem o cargo apenas em 1º de janeiro de 2011, mas as negociações sobre a composição do próximo governo começam agora. Nos próximos dias, Dilma e Temer devem definir, por exemplo, se vão nomear uma equipe para tratar da transição entre os dois governos, como fez Lula em 2002. Os integrantes da nova equipe ministerial também serão definidos até o final de dezembro. Levantamento da Agência Câmara revela que as promessas da próxima presidente para melhorar a saúde, a segurança pública, a geração de empregos e a educação, que são os quatro principais temas que preocupam a população (segundo levantamento do Ibope em junho), já foram transformadas em projetos de lei que tramitam no Congresso. Veja no quadro ao lado, as principais propostas da nova presidente nos quatro temas e as propostas que já estão na Câmara.

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A A PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

Dilma Rousseff será a próxima presidente da República

Eleita afirma que vai desenvolver economia sem prejudicar área social Em seu primeiro pronunciamento, a presidente eleita, Dilma Rousseff, reconheceu que o Brasil terá um duro trabalho para atingir um desenvolvimento econômico “de qualidade”, mas ressaltou que os ajustes a serem feitos não prejudicarão os programas sociais. Ela afirmou que a arrecadação que será feita com o pré-sal permitirá atingir os objetivos sociais. “O fundo social do pré-sal será um mecanismo de poupança de longo prazo”, disse. Ainda no aspecto econômico, Dilma reafirmou o compromisso com a estabilidade da economia, com

os contratos firmados e com as conquistas estabelecidas. Ela ressaltou a importância de simplificar a tributação e também comprometeuse a valorizar o microempreendedor e a ampliar os limites do Supersimples. A presidente ressaltou que as agências reguladoras terão respaldo e autonomia para atuar na concorrência. “Vamos buscar um desenvolvimento de longo prazo. É preciso estabelecer regras mais claras e cuidadosas para evitar a especulação, que aumenta a volatilidade”, afirmou.

Área social Dilma reforçou o compromisso de erradicar a miséria e criar oportunidade para todos os brasileiros. Essa meta, segundo ela, não será realizada só pelo governo, mas por todos os brasileiros, inclusive empresários, trabalhadores e integrantes de igrejas, universidades, imprensa e governos. “Não podemos descansar enquanto houver famílias e crianças morando nas ruas. Peço o apoio de todos para superar esse abismo que impede o Brasil de ser uma nação desenvolvida”, disse. Segue>>

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CAP A APA

A president a eleit a faz o seu primeir so após apur ação das urnas na noite de 331 1 de outubr presidenta eleita primeiroo discur discurso apuração outubroo

COMPROMISSOS

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Dilma assumiu como seus compromissos básicos honrar as mulheres, valorizar a democracia e erradicar a miséria. Veja abaixo os principais pontos do pronunciamento: Democracia e princípios “Registro um compromisso com meu país: valorizar a democracia em toda a sua dimensão, desde o direito de opinião e expressão até os direitos essenciais básicos, da alimentação, do emprego, da renda, da moradia digna e da paz social.” Erradicação da miséria e mais empregos “Reforço meu compromisso fundamental que mantive e reiterei ao longo da campanha: a erradicação da miséria e a criação de oportunidades para todos os brasileiros e para todas as brasileiras. Ressalto entretanto, que essa ambiciosa meta não será realizada apenas pela vontade do governo. Ela é importante. Mas, esta meta é um chamado à nação.” Liberdades de imprensa e religiosa “Eu vou zelar pela mais ampla e irrestrita liberdade de imprensa, vou zelar pela mais ampla liberdade religiosa e de culto. Vou zelar pela observação criteriosa e permanente dos direitos humanos tão claramente consagrados na nossa própria Constituição.” Mercado interno “No curto prazo não contaremos com a pujança das 28 | Outubro, 2010 | EXXTRA

economias desenvolvidas para impulsionar nosso crescimento. Por isso se tornam mais importantes nossas próprias políticas, nosso próprio mercado, nossa própria poupança e nossas próprias decisões econômicas.” Fim do protecionismo “Eu estou longe de dizer com isso que pretendemos fechar o país ao mundo, muito ao contrário, continuaremos propugnando pela ampla abertura das relações comerciais, pelo fim do protecionismo dos países ricos, que impede as nações pobres de realizarem plenamente suas vocações; propugnando contra a guerra cambial que ocorre hoje no mundo.” Inflação e gastos públicos “Cuidaremos de nossa economia com toda a responsabilidade. O povo brasileiro não aceita mais a inflação como solução irresponsável para eventuais desequilíbrios. O povo brasileiro não aceita que governos gastem acima do que seja sustentável. Por isso faremos todos os esforços pela melhoria da qualidade do gasto público, pela simplificação e atenuação da tributação e pela qualificação dos serviços públicos.”


Investimentos sociais “Recusamos as visões de ajuste que recaem sobre programas sociais, serviços essenciais à população e os necessários investimentos para o bem do país.” Desenvolvimento “Vamos buscar o desenvolvimento de longo prazo, a taxas elevadas social e ambientalmente sustentáveis. Para isso, zelaremos pela nossa poupança pública, zelaremos pela meritocracia no funcionalismo e pela excelência no serviço público.” Pequeno empreendedor “Valorizarei o microempreendedor individual, para formalizar milhões de negócios individuais ou familiares, ampliarei os limites do Supersimples e construirei modernos mecanismos de aperfeiçoamento econômico.” Austeridade fiscal “Mas, acima de tudo, quero reafirmar nosso compromisso com a estabilidade da economia e das regras econômicas, dos contratos firmados e das conquistas estabelecidas.” Pré-Sal “Trataremos os recursos provenientes de nossas riquezas naturais sempre com pensamento de longo prazo . Por isso, trabalharei no Congresso pela aprovação do Fundo Social do Pré-Sal, do marco regulatório do modelo de partilha do Pré-Sal.” Agências reguladoras “As agências reguladoras terão todo o respaldo para atuar com determinação e autonomia voltadas para a promoção da inovação, da saudável concorrência e da efetividade do controle dos setores regulados. Apresentaremos sempre com clareza nossos planos de ação governamental.”

Educação, saúde e segurança pública “Eu me comprometi nesta campanha com a qualificação da educação e dos serviços de saúde. Me comprometi com a melhoria da segurança pública, com o combate às drogas que infelicitam nossas famílias e comprometem nossas crianças e nossos jovens. Reafirmo aqui esses compromissos.” Pessoas com deficiência e os mais necessitados “Disse na campanha que os mais necessitados, as crianças, os jovens, as pessoas com deficiência, o trabalhador desempregado, o idoso, teriam toda a minha atenção. Reafirmo aqui esse compromisso.” Oposição “Dirijo-me também aos partidos de oposição e aos setores da sociedade que não estiveram conosco nesta caminhada. Estendo minha mão a eles. De minha parte não haverá discriminação, privilégios ou compadrio. A partir da minha posse serei presidenta de todos os brasileiros e brasileiras, respeitando as diferenças de opinião, de crença e de opinião política.” Reforma política “Nosso país precisa melhorar a conduta e a qualidade da política. Quero empenhar-me, junto com todos os partidos, por uma reforma política, que eleve os valores republicanos, avançando e fazendo avançar nossa jovem democracia.” Combate a corrupção e transparência “Valorizarei a transparência na administração pública, não haverá compromisso com o erro, o desvio e o mal feito. Serei rígida na defesa do interesse público em todos os níveis de meu governo. Os órgãos de controle e de fiscalização trabalharão com meu respaldo sem jamais perseguir adversários ou proteger amigos.”

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CAP A APA

“..o que pode parecer uma derrota é apenas o começo de uma luta política pela liberdade de expressão..”.

SERRA RECEBE COM HUMILDADE RESULTADO DA ELEIÇÃO

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ex-governador José Serra (PSDB) disse em seu primeiro pronunciamento, após a divulgação do resultado da eleição presidêncial, em São Paulo, que recebeu com respeito e humildade a voz do povo nas urnas. Ele cumprimentou a presidente eleita, DilmaRousseff, e afirmou desejar que ela “faça o bem ao Brasil”. “Eu disputei com muito orgulho a presidência da República. Quis o povo que não fosse agora, mas digo aqui, de coração, que sou muito grato aos 43,6 milhões de brasileiros que votaram em mim”, acrescentou Serra. Ele agradeceu aos militantes “que lutaram nas ruas e na internet na defesa de um país democrático”. Serra agradeceu também o apoio de aliados como o governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).

30 | Outubro, 2010 | EXXTRA

De acordo com Serra, o que pode parecer uma derrota é apenas o começo de uma luta política pela liberdade de expressão. Ele lembrou que o PSDB e o DEM elegeram, ao todo, dez governadores de estado (8 do PSDB). Segundo Serra, a maior vitória nessa corrida eleitoral não foi mérito dele, mas sim dos eleitores. “Pode parecer estranho, mas eu vim aqui não para falar da frustração, mas de confiança e esperança. Nesse segundo turno, quando enfrentamos forças terríveis, vocês, eleitores, alcançaram uma vitória estratégica no Brasil, cavaram uma trincheira, construíram uma fortaleza, consolidaram um campo político de defesa da liberdade e da democracia no Brasil.” Serra incluiu no pronunciamento a citação de trechos do Hino Nacional, como se tornou costume ao longo de sua campanha.


REFORMAS POLÍTICA E TRIBUTÁRIA PODEM ENTRAR NA PAUTA DO NOVO GOVERNO

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ientistas políticos divergem sobre as chances de o Congresso aprovar as Reformas Política e Tributária no governo da presidente eleita Dilma Rousseff. Ela contará com uma numerosa base aliada na Câmara e no Congresso. A coligação dos nove partidos que ajudaram a eleger a primeira presidenta da história do Brasil conta com um total de 311 deputados na Câmara. Esse número fica perto de 350 quando são incluídos os 41 deputados eleitos pelo Partido Progressista, que não fez parte da coligação mas costuma votar de acordo com as orientações do governo. Desse ponto de vista, a base aliada de Dilma tem apoio “O fato de um governo ter maioria por uma bem maior do que os 307 votos necessários para aprovar coligação de nove partidos é algo muito complicado, propostas de emenda à Constituição necessárias para embora pareça uma coisa simples. Quanto maior o número implementar as reformas Política e Tributária. de partidos que se coligam, mas difícil se torna o Para o cientista político Maurício Moya, da entendimento. Então, a mudança de uma coligação de Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o início do partidos para outra que constitua maioria não significa governo é o melhor momento para tentar debater e votar alterações profundas no sistema político nem na operação esses temas no Congresso. “Ela já política de cada governo, porque sai com uma coalizão essas reformas dependem de um praticamente montada porque ela “No Brasil, só se fez reforma política quórum muito elevado”. vai herdar a coligação eleitoral e em 1889, com a Proclamação da Octaciano Nogueira ressalta ainda a coalizão do governo Lula. Eu que a falta de consenso em torno República; e em 1930. O que se têm acredito que, até abril ou maio, desses temas polêmicos deve feito são reformas eleitorais. (...)” ela deve ter uma certa construir uma pauta menos tranquilidade. Geralmente os complexa para a análise dos presidentes brasileiros têm uma certa lua de mel logo deputados, a partir do próximo ano. que assumem e têm algum tempo enquanto montam os “No Brasil, só se fez reforma política em 1889, seus ministérios, enquanto os novos deputados e com a Proclamação da República; e em 1930. O que se senadores ainda não assumem - porque eles assumem têm feito são reformas eleitorais. Além do mais, é preciso 45 dias depois do presidente. É a partir de abril ou maio lembrar que certas reformas interessam não só aos que a gente vai poder avaliar melhor o desempenho do partidos, mas também aos estados. Reforma tributária sem governo”. obter consenso entre os 27 estados é muito difícil que se Já o cientista político Octaciano Nogueira, da faça”. UnB, não acredita na aprovação das duas reformas, Mesmo ainda sem consenso, atuais líderes mesmo com o apoio da numerosa base aliada de Dilma. partidários governistas e da oposição têm defendido Segundo Octaciano, a presidente eleita poderá enfrentar publicamente que o Congresso coloque as reformas problemas para harmonizar os diferentes interesses dos política e tributária na pauta de debates o mais rapidamente partidos da coligação. possível. EXXTRA | Outubro, 2010 |03


CAP A APA

POR QUE DILMA MERECEU A VITÓRIA? ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

A vitória de Dilma Rousseff (PT), como a primeira mulher eleita presidente do Brasil, é um marco na política do país. Criticada pela “falta” de um currículo político, não convenceu o eleitorado. Ela colheu os bons resultados do prestígio de Lula, que tanto quanto o governo FHC, foi um governo democrático. Por Ivan Lopes da Silva

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economia foi muito bem gerida durante a Era Lula, a despeito do que falam muitos petistas (talvez preocupados com a falta de oposição competente). A política econômica foi um sucesso. Manteve o bom sistema de metas de inflação implantado por Armínio Fraga no (bom) segundo governo FHC, e acrescentou a isso: a preocupação quase obsessiva por acumular reservas internacionais; a excelente ideia de comprar de volta nossa dívida em dólar; e medidas de incentivo fiscal, quando foi necessário. A dívida como proporção do PIB caiu consideravelmente, e só voltou a subir quando foi necessário combater a crise. Certamente voltará a cair. Por essas e outras, o país foi um dos últimos a entrar, e um dos primeiros a sair, da maior crise econômica desde 32 | Outubro, 2010 | EXXTRA

1929. E, na área social, Lula realmente se destaca na história brasileira, e na conjuntura econômica mundial. FHC não merece nada além dos parabéns por ter copia do o Bolsa-Escola do governo petista do Distrito Federal (cujo governador havia idealizado o programa ainda na década de 80), e o PT merece críticas por ter atrasado sua adoção, insistindo no confuso “Fome Zero” por tempo demais. Mas, uma vez restabelecida a sanidade, o programa foi implementado com imenso sucesso. Associado à política de recuperação do salário mínimo e à boa gestão da economia, gerou resultados que não estavam nas projeções do mais otimista petistas, em 2002. A pobreza caiu. Mais de 30 milhões de pessoas subiram às classes A, B e C. Cortando a pobreza extrema pela metade. A desigualdade de renda

caiu consideravelmente, sendo que a renda dos 10% mais ricos cresceu à taxa de 3 e poucos % na Era Lula, enquanto a renda dos mais pobres cresceu mais ou menos 10% ao ano, as famosas taxas chinesas, Seria idiota dizer que isso não é, em nenhum grau, motivo para a maioria do eleitorado ter votado em Dilma Rousseff. Dilma participou ativamente e, no mínimo, apoiou isso tudo. Marina Silva, é verdade, apoiou quase tudo isso. José Serra não o fez, e muitos de seus simpatizantes continuam convictos de que os últimos oito anos, em que a renda dos brasileiros mais pobres cresceu no ritmo da economia chinesa, foi uma era das trevas da qual a nossa elite bem pensante acordará em breve, chorando de felicidade porque era só um pesadelo.


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Por Ivan Lopes da Silva

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NORDESTINO NÃO É GENTE?

eleição de Dilma Rousseff passou por cima do preconceito contra a mulher ao conferir a ela o cargo máximo da Nação. Ao mesmo tempo, a vitória esmagadora da petista, no Nordeste do país, fez aflorar, em uma parcela da população, a aversão aos nordestinos, demonstrando ira de preconceito social. A estudante de Direito de São Paulo, Mayara Petruso, de 21 anos, através do Twitter, ilustra bem esta idiotice ao postar a seguinte mensagem: “Nordestisto (sic) não é gente, faça um favor a SP, mate um nordestino afogado!” A atitude besta não só foi parar no Ministério Público, através de uma representação movida pela seção pernambucana da Ordem dos Advogados do Brasil, por racismo (pena de dois a cinco anos de detenção, mais multa) pelo carro que tem. Mesmo que digam o contrário, e incitação pública de prática de crime, como também sabemos que é assim. Quem não se enquadra no perfil mereceu uma reprimenda do seu não é alguém digno para os padrões próprio pai. locais. Uma das coisas mais repugnante São muitas as formas de No país em que um é o preconceito, seja ele de gênero, cor preconceitos, mas a racial ainda é a operário chegou à ou classe social. O interessante é que predominante. No Brasil, apesar de vivemos numa sociedade hipócrita e Presidência da República, haver população, em sua maioria, negra estabelecida cada vez mais sob as o homem, ainda, é ou afrodescendente, o racismo é uma algemas do preconceito. De um lado prática muito frequente, o que nos leva valorizado pelas roupas e todos aqueles que julgam os outros de a questionar qual seria o verdadeiro pelo carro que tem. alguma forma e em outro canto as motivo para tamanha discriminação. pessoas que lutam contra esse tipo de Mesmo que digam o No mercado de trabalho e na sociedade covardia. contrário, sabemos que é em geral as pessoas de cor de pele negra Quando você lê que pessoas são menos aceitas que as pessoas de pele assim. debocham da miséria alheia e festejam branca. Segundo estudo elaborado pelo felizes em festas glamourosas, cujo Instituto de Economia da Universidade ingresso custa R$ 1.000 (mil reais), dá Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o uma sensação estranha de que o projeto de sociedade falhou. rendimento mensal real do trabalho, a desigualdade de È uma barbárie, engomada pela publicidade, que nos raça e a de gênero prevalecem. O vencimento médio acomete diariamente pela alienação que deixa a grande massa dos homens brancos em todo país equivalia, em 2006, a passiva a esses absurdos cometidos por uma minoria – na R$1.164,00, valor 53% maior do que a remuneração maioria das vezes sustentada pelo sacrifício de milhares de obtida pelas mulheres brancas, que era de R$ 744,71. O trabalhadores em condições de escravidão social. Quem rendimento dos homens brancos era ainda 98,5% realmente se importa? superior ao dos homens negros e pardos, que era de R$ No país em que um operário chegou à Presidência 586,26. Era ainda 200% superior ao rendimento das da República, o homem, ainda, é valorizado pelas roupas e mulheres negras. EXXTRA | Outubro, 2010 | 33


eleições

LEWANDOWSKI: PROPAGANDA ELEITORAL DEVERIA COMEÇAR EM JANEIRO Presidente do TSE reconhece que regras para a manifestação dos candidatos na mídia são “rígidas demais” e diz que a internet deve ser mantida como um território livre de fluxo de informações.

34 | Outubro, 2010 | EXXTRA

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presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Ricardo Lewandowski, disse no domingo, 31 de outubro, que a propaganda dos candidatos deveria começar no início do ano eleitoral, mas sem uso da máquina pública. Segundo ele, o atual tempo de três meses é curto. “O ideal para conhecer melhor os candidatos seria que a propaganda começasse mais cedo, mas isso é o que eu defendo como cidadão, e não como magistrado”, explicou. Em entrevista coletiva em Brasília após o encerramento das votações, Lewandowski disse que o segundo turno foi tranquilo, mas não quis fazer uma estimativa precisa do horário do fim da apuração dos votos em todo o Brasil. “No primeiro turno, quando havia mais candidatos para o eleitor escolher, a apuração foi concluída em três horas e meia [após o fechamento das urnas]. Agora, esse tempo deverá ser reduzido substancialmente”, afirmou. Ao ser perguntado se as poucas filas e o pequeno movimento nas seções eleitorais se deveram ao fato de muitos brasileiros terem aproveitado o feriado para viajar, Lewandowski preferiu fazer uma outra avaliação: “Atribuo esse fato à facilidade do eleitor para votar, pois em média cada pessoa gastou apenas 30 segundos; no primeiro turno, a média havia sido de 1 minuto e nove segundos.” Reforma eleitoral Um dos repórteres, depois de alegar que o excesso de regras nas eleições deste ano limitou o trabalho jornalístico das emissoras de rádio e TV, perguntou se Lewandowski seria favorável a uma reforma eleitoral para o próximo pleito. O ministro reconheceu que “as regras quanto à manifestação dos candidatos são um pouco rígidas demais”. Ele explicou, porém, que como na condição de juiz apenas aplica as leis. “As reformas devem ser tratadas pelo Congresso Nacional”, disse. Quanto a eventuais exageros no uso da internet

na campanha, Lewandowski disse que a rede mundial de computadores é e deve continuar sendo um território livre de manifestação do pensamento. “Seria extremamente difícil controlar o fluxo de informações na internet, e o próprio Judiciário ainda está aprendendo a lidar com fenômenos como o twitter para saber como pode evitar abusos, mas de forma pontual, para não impedir o livre fluxo de ideias e informações”, destacou. Comportamento do presidente Ao responder a uma pergunta sobre a participação ativa do presidente Lula na campanha deste ano, Lewandowski foi cauteloso. “Eu só posso me manifestar nos autos, e todas as vezes em que houve representação contra o presidente da República ele foi penalizado, quando necessário. Houve equilíbrio nas punições às duas coligações que estão no segundo turno”, ressaltou. Sobre o uso da propaganda eleitoral dos candidatos para a divulgação de denúncias em vez de propostas, Lewandowski avaliou que de forma geral houve a exposição de ideias e projetos: “Num determinado momento aconteceu o acirramento das denúncias, mas nada que possa ter fugido do que se espera numa disputa para presidente da República.” Problemas em Brasília Lewandowski também falou sobre uma queixa do ex-senador e ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz. Embora Roriz não fosse mais candidato ao governo — desistiu em favor da esposa, Weslian Roriz, por causa do impasse sobre a aplicação da Lei da Ficha Limpa —, a sua foto foi mantida nas urnas. Roriz reclamou, porém, que não viu a foto quando votou neste domingo. “Isso deve ser perguntado a ele, porque todos testemunharam que o sistema funcionou. Deve ter sido um problema pessoal dele”, afirmou o presidente do TSE. Lewandowski fez um comentário semelhante sobre a denúncia de um eleitor do Lago Sul, em Brasília, de que o seu voto já teria sido registrado quando ele chegou à seção eleitoral. “Deve ter sido um caso isolado. O sistema é absolutamente seguro e foi testado por uma auditoria internacional”, completou.

EXXTRA | Outubro, 2010 | 35


VALORIZAÇÃO DO REAL É DESAFIO “O governo fará uma maior proteção à indústria nacional, especialmente nas concorrências com países que são praticamente imbatíveis no mundo todo, como a China e alguns países do Leste asiático”.

Economistas analisam o cenário após eleição

Economistas acreditam que Dima Rousseff dará continuidade ao processo adotado pelo presidente Lula

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presidente eleita do Brasil, Dilma Rousseff, deverá dar continuidade ao processo de redistribuição de renda adotado pelo governo Lula, mas terá o desafio de lidar com o problema da valorização do real frente ao dólar. A valorização é um instrumento de controle da inflação, mas prejudica os exportadores brasileiros que perdem competitividade. Mas alguns economistas, como o consultor Amir Khair, acreditam que Dilma estará atenta para este problema: “O governo fará uma maior proteção à indústria nacional, especialmente nas concorrências com países que são praticamente imbatíveis no mundo todo, como a China e alguns países do Leste asiático”. Quanto à cotação do dólar frente ao real, o governo já vem adotando algumas medidas que vêm surtindo efeito, como o aumento de imposto para aplicações estrangeiras em renda fixa; mas o economista afirma que talvez elas não sejam suficientes. “Creio que, se depender da Dilma, ainda neste ano será regulada a entrada de recursos, possivelmente uma quarentena. Evidentemente, o problema cambial afeta o mundo todo porque há uma desvalorização do dólar perante todas as outras moedas. Mas eu creio que essa medida será adotada ainda neste governo”. O economista Geraldo Biasoto Júnior não acredita na reversão da valorização do real porque, segundo ele, há uma política de incentivo à exportação de commodities agrícolas: “No governo Lula, temos visto uma tendência permanente à supervalorização do câmbio. Mantivemos a taxa de juros mais elevada do mundo por muitos anos e isso estabelece um diferencial para o investidor externo, pois o juro pago no mercado internacional hoje é quase zero. E há uma entrada cavalar do dólar na economia brasileira. Como o Banco Central tem uma postura extremamente passiva frente a esse processo, é lógico que todos os agentes econômicos trabalham com a hipótese de que o câmbio será permanentemente valorizado”. O economista Gustavo Zimmermann, do Instituto de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp), diz que o dólar não pode nem ser controlado pelo governo, nem flutuar livremente por definição do mercado. Segundo ele, o real em alta sobrevaloriza os salários e compromete a competitividade.

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O ECONÔMICO DO NOVO EXECUTIVO

Gestão Pública Geraldo Biasoto aponta outro problema que, na sua opinião, não será resolvido no governo Dilma: a má gestão dos recursos públicos. Ele acredita que, em vez de melhorar a gestão, o governo vai preferir aumentar a carga tributária. “O governo poderá tentar voltar a CPMF, que aumentaria a carga em mais 1% do PIB”.

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Biasoto afirma que o governo Lula aumentou as contribuições sociais incidentes sobre energia elétrica e ampliou a taxação para investimentos em saneamento básico. Mas, segundo Amir Khair, os investimentos feitos pelo governo na área social e no Programa de Aceleração do Crescimento têm contribuído para o crescimento do País e devem reduzir os custos de investimento das próprias empresas. Neste ano, a expectativa é que o Brasil tenha um crescimento econômico

Juros Gustavo Zimmermann acredita que é possível a queda das taxas de juros em dois ou três anos se houver uma política que siga o diagnóstico feito pela maioria dos economistas brasileiros. Zimmermann assinala que a alta carga tributária, os juros elevados, as deficiências na infraestrutura e os gastos públicos são alguns dos problemas que o próximo governo terá de enfrentar para manter o crescimento econômico. Ele admite que o País cresceu, mas avalia que isso ocorreu no mercado interno. “Cresceu porque a massa salarial cresceu. Mais pessoas ocuparam postos no mercado de trabalho e os salários têm tido correções reais.”

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DERROCADA DA

OPOSIÇÃO

Desafio é escolher líder que conduza PSDB, DEM e PPS às eleições de 2014

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om a derrota de José Serra na disputa pelo Palácio do Planalto, líderes dos PSDB, DEM e PPS tentam juntar os cacos e se reorganizar para enfrentar Dilma Rousseff e uma numerosa base aliada no Congresso. Uma segunda chance para aprender a ser oposição, após oito anos de governo Lula. “Pecamos por ter sido muito cordatos. Mesmo com o mensalão, os aloprados, nós nos encolhemos. Não fizemos a oposição que deveríamos”, admite a senadora Marisa Serrano (PSDB-MS). Pela frente, eles têm ainda a tarefa de consolidar um líder, que os conduza com menos sobressaltos à eleição presidencial de 2014. Os candidatos ao posto: os senadores Aécio Neves (MG) e Aloysio Nunes (SP) e os governadores Geraldo Alckmin (SP) e Beto Richa (PR). Sem cargo, o candidato derrotado à Presidência deve assumir função semelhante a do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso – a de conselheiro. Mesmo sem vencer a eleição, 38 | Outubro, 2010 | EXXTRA

Serra conquistou para a oposição um capital político de 43,7 milhões de votos, 43,9% do eleitorado. Juntos, PSDB e DEM vão governar 10 estados, entre eles os estratégicos e populosos São Paulo, Minas Gerais e Paraná. São quase 97 milhões de brasileiros – mais da metade da população. No Nordeste, reduto do PT, a oposição conquistou o Rio Grande do Norte e Alagoas. Em meio ao debate eleitoral, Serra conseguiu fazer um contraponto ao governo Lula. Questões como a corrupção, as deficiências de infraestrutura, o atraso em obras federais, a necessidade de aumentar o investimento público e de reduzir a taxa de juros foram mencionadas – porém, de forma tardia. A demora de Serra em assumirse candidato à Presidência, enquanto Dilma viajava o Brasil na pose de sucessora de Lula, angustiou e desmobilizou políticos e militantes da oposição. Em janeiro de 2010, o tucano, de quem se esperava a largada para investidas contra o governo federal, deixou claro: “Candidato a presidente

não é chefe de oposição.” Poucos se habilitaram para a tarefa. E a oposição teve voz fraca nas grandes decisões do país. Marisa Serrano atribui a moderação dos tucanos ao medo de parecerem com os petistas durante o governo FHC. “Nunca agimos de forma raivosa. Isso sempre foi o perfil do PT. Fomos tachados como um país sem oposição. Na verdade, estávamos aprendendo a ser oposição”, diz a senadora. “Teremos agora mais ação e fiscalização. Não deixaremos passar nada.” O presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), promete firmeza. “Faremos uma oposição segura.” Uma das mais contundentes vozes contra o governo Lula, o senador tucano Alvaro Dias (PR) quer uma oposição “sem adjetivos”, nem agressiva, nem suave. “O discurso de um oposicionista chega a poucos. O de um presidente, a milhões”, avalia. “Precisamos nos organizar para dar mais volume à oposição. Mais gente precisa falar por nós.”


Governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin

O presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ), pretende trabalhar por um discurso unificado para desgastar o PT e o governo de Dilma e por um projeto próprio, com a cara da oposição. “O Congresso foi combativo durante o governo Lula, mas os governadores de oposição só se pronunciaram muito perto do período eleitoral”, diz. “Os governador eleitos este ano devem agora ajudar a vocalizar nossas ideias por todo o país. São eles que estão mais próximos dos eleitores.” Estado de atenção - A ordem é manter vigilância sobre Dilma Rousseff e o PT desde o primeiro dia. “Não estamos no primeiro, mas no nono ano desse governo. Dilma deve explicações sobre tudo o que foi feito ou deixou de ser feito na era Lula, afinal, coordenou boa parte das iniciativas dele. O que Lula não fez, vamos cobrar de Dilma”, afirma Rodrigo Maia. Contra a numerosa base aliada que Dilma terá na Câmara e no Senado, tucanos e democratas têm um antídoto, ao menos no discurso. “Sendo poucos, temos de ter qualidade”, diz Marisa Serrano. Juntos, PSDB, DEM, PPS e PMN terão 21 senadores nos próximos quatro anos, número insuficiente até mesmo para a criação de uma CPI, que exige 27 assinaturas. Fiel escudeiro de Aécio, o deputado federal Nárcio Rodrigues (PSDB-MG) aposta no estilo mineiro para guiar a relação entre governo e oposição. “Precisamos sepultar os

Governador eleito do Paraná, Beto Richa

tempos em que PT e PSDB não podiam se falar. Nós, mineiros, vamos levar ao Congresso uma oposição convergente”, diz. E explica: “queremos firmar uma nova agenda de discussão, pela aprovação das reformas política e tributária e pelo estabelecimento de um pacto federativo, com mais poder e recursos para estados e municípios.” Para não cair na armadilha de ser “bonzinho demais”, Nárcio cita a disputa pelo governo de Minas Gerais, que resultou na vitória do tucano Antonio Anastasia. “Seremos conciliadores, mas não deixaremos de discutir de forma transparente as diferenças entre nós e o PT. Não somos bonzinhos. Sabemos demarcar território”, diz o deputado. “Vamos nos impor pela diferença, pelo confronte de ideias. Tancredo Neves nos ensinou: quem brigam são as ideias, não os homens.” Líderes – Para não incorrer no mesmo erro dos últimos anos, em que tentaram dar voz a suas ideias sem ter um rosto, a oposição tem pela frente ainda o desafio de escolher um líder. Das urnas de 2010 saiu um triunvirato: Aécio Neves, Geraldo Alckmin e Beto Richa. Aloysio Nunes, muito ligado a Serra, corre também para firmar-se entre os tucanos de destaque. Aécio e Alckmin são as apostas do presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson. Apesar das rusgas de Jefferson com meio mundo, o partido

apoiou a candidatura de Serra. “Alckmin e Aécio são os nomes para empolgar a oposição, são os líderes da paciência.” O papel de José Serra neste cenário ainda aparece como uma incógnita. Nem aos correligionários mais próximos o tucano falou sobre seus planos para os próximos anos. Mesmo assim, todos dão respostas semelhantes quando questionados sobre o destino de Serra: juntar-se a Fernando Henrique como conselheiro e porta-voz da oposição. Aventou-se a possibilidade de ele assumir a presidência do PSDB, remota, na opinião de seus aliados. “Não tenho ideia do que Serra fará agora, mas a participação dele será importante, como é a de Fernando Henrique. Todos os espaços tem de ser ocupados. Eles sempre serão procurados pela imprensa sobre os grandes temas. E darão sua opinião”, afirma Álvaro Dias. “Serra sempre será uma referência, com Fernando Henrique, pela qualidade do discurso e pela experiência. Ele não precisa de cargo para liderar”, diz Rodrigo Maia. Dono de uma língua afiada, Jefferson é mais direto: “Não há espaço para Serra como líder. Se ele não soube aglutinar as pessoas para vencer as eleições presidenciais, não saberá aglutinar para fazer oposição”, dispara. “Se ele quiser disputar um cargo eletivo, terá de recomeçar o caminho, quem sabe desde a prefeitura. Terá de ser ungido pelas bases.” EXXTRA | Outubro, 2010 | 39


G AS TANÇA DA UNIÃO Congresso aumenta estimativa de gastos em R$ 18 bi para o próximo ano

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Comissão Mista de Orçamento (CMO) da Câmara dos Deputados aprovou no dia 3 de novembro um relatório de receita orçamentária que aumenta em R$ 18 bilhões, em relação à proposta original (R$ 967,63 bilhões), a previsão de gastos da União. Apresentado pelo deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), o parecer define em R$ 985 bilhões o montante que o governo federal terá à disposição para gastos e investimentos em 2011, primeiro ano de governo Dilma Rousseff. Nas discussões, os deputados decidiram incluir mais R$ 8 milhões à previsão orçamentária relatada pelo deputado tucano – que, em seu parecer preliminar, definiu arrecadação de R$ 17,7 bilhões a mais do que a estimativa acordada no ano passado. “A conclusão deste relatório é que a receita primária (...) está abaixo do que pode ser arrecadado, 40 | Outubro, 2010 | EXXTRA

Deputado federal Bruno Araújo

tendo em vista: a ausência de receitas que já estão asseguradas em 2011 por força de alterações na legislação tributária posteriores ao encaminhamento do Projeto; também a ausência de receitas igualmente asseguradas, por força de decisão judicial favorável ao Fisco; desvio metodológico na previsão das

receitas do Regime Geral da Previdência Social; não inclusão da previsão de receitas com alienação de ativos; e subestimativa de elementos da receita não administrada, conforme o acolhimento de Emendas de Receita”, diz trecho de avaliação da receita registrado no relatório. A elevação da estimativa foi provocada, entre outros fatores, pelo reajuste da taxa do Imposto sobre Operações Financeiras – de 2% para 6% sobre investimentos financeiros no mercado de renda fixa. A previsão de arrecadação fixada na estimativa de receita foi elevada para R$ 18,4 bilhões, uma fez que foram agregados ao valor inicial os recursos vindos da venda de imóveis do Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs). Presidida pelo deputado Waldemir Moka (PMDB-MS), a CMO volta a se reunir nos próximos dias 9 e 10 (terça e quarta-feira) para discutir as diretrizes orçamentárias para 2011.


MÍNIMO DE R$ 600 Deputado pede salário mínimo em projeto de lei Paulo Bornhausen é líder do DEM na Câmara dos Deputados

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líder do DEM na Câmara, Paulo Bornhausen (SC), apresentou ao plenário um projeto de lei que, na hipótese de êxito em sua tramitação, elevará o salário mínimo praticado hoje no Brasil (R$ 510) para R$ 600 – uma das promessas de campanha feitas de última hora pelo tucano José Serra durante a disputa com a presidente eleita Dilma Rousseff. Lida na Mesa Diretora, a matéria foi encaminhada à Coordenação de Comissões Permanentes, onde aguarda despacho, e foi publicada no dia 10 de novembro no Diário Oficial da Câmara dos Deputados. De acordo com a ementa (resumo do objetivo central), o Projeto de Lei (PL) 7868/10 fixa o salário mínimo em R$ 600 a partir de 1º de janeiro de 2011, revogandose a Lei nº 12.255 (15 de Junho de 2010). Segundo o parágrafo único no PL, o valor pleiteado representa 17,65% de reajuste sobre o salário atual (valores diário e horário correspondentes a R$ 20 e R$ 2,73, respectivamente). “Este percentual resulta da soma de três parcelas que são

fundamentais dentro de uma política de salário mínimo sintonizada com o momento da política econômica nacional e que vem ao encontro de uma política social comprometida com a elevação da capacidade das famílias em suprirem suas necessidades básicas, bem como – somando isso à expansão do crédito – alcançar novos níveis de consumo outrora relegados a classes mais abastadas”, diz trecho da justificativa. A equipe econômica do governo calcula que cada R$ 1 aumentado sobre o valor atual do mínimo implica gasto adicional de R$ 286,4 milhões. Com base nesse número, o projeto considera que a despesa extra anual para o governo federal seria de R$ 17,7 bilhões. Ainda segundo a justificativa, cerca de 50 milhões de brasileiros, “em números aproximados”, serão beneficiados pelo reajuste, direta ou indiretamente. No projeto de Lei Orçamentária Anual, aprovado em junho pelo Congresso para o exercício de 2011, o mínimo foi revisto para R$ 538,15. Diante do valor, diz texto do PL 7868, “estima-

se que o dispêndio decorrente de um aumento de R$ 61,85 (de R$ 538,15 para R$ 600) alcance a cifra de R$ 17,71 bilhões”, anualmente. No projeto, Bornhausen alega que a reestimativa de gastos para 2011, definida pela Comissão Mista de Orçamento no último dia 3 de novembro, garante gasto orçamentário extra de quase R$ 18 bilhões. De acordo com o deputado, trata-se de “montante praticamente igual ao necessário para fazer face ao aumento de R$ 61,85 previsto neste Projeto de Lei”. “Com efeito, a proposição mostra-se compatível e adequada no que diz respeito aos dispositivos legais orçamentários e financeiros vigentes”, defende o parlamentar catarinense. “A novidade neste projeto de aumento do salário mínimo é que o percentual resulta da soma de três parcelas: reposição da inflação; produtividade (medida pelo Produto Interno Bruto-PIB) e, outra, que leva em conta o novo perfil do trabalhador. O governo não enxerga que o trabalhador de hoje não é o mesmo da década de 90. Ele se modernizou, se qualificou e ao fim é quem sustenta verdadeiramente o nosso Brasil”, afirmou o líder. De acordo com a proposta, em números aproximados, cerca de 50 milhões de brasileiros deverão ser beneficiados por esta elevação do salário mínimo. “De forma direta, imagina-se que 60% deste universo sejam trabalhadores formais e informais. Os beneficiários da Previdência Social que recebem o equivalente até um salário mínimo como benefício previdenciário ou assistencial contribuem com cerca de 40% deste contingente”, afirmou. EXXTRA | Outubro, 2010 | 41


ORÇAMENTO RECEBE 9,7 MIL EMENDAS, Q ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

A área de saúde foi uma das mais beneficiadas pelas emendas. A proposta orçamentária para 2011 (PLN 59/10) recebeu 9.731 emendas individuais e coletivas, que somam R$ 72,1 bilhões em despesas. As emendas serão distribuídas agora entre os dez relatores setoriais, para apresentação de parecer. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

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nesta fase que começa a pressão de parlamentares, governadores e órgãos públicos para o atendimento das despesas. O valor final vai depender de negociações e da disponibilidade de recursos de cada relator setorial e do relator-geral. No ano passado, as emendas somaram R$ 68,9 bilhões, mas só foram aprovadas R$ 22,5 bilhões. Depois que receberem parecer, as emendas serão votadas pela Comissão Mista de OrçamentoA Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização é responsável pela análise das propostas orçamentárias concebidas pelo Executivo. Além disso, deve acompanhar o desenvolvimento anual da arrecadação e da execução do Orçamento, fazendo eventuais correções ao longo do ano. A Comissão vota o Plano Plurianual, com

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metas a serem atingidas nos próximos quatro anos; a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que estabelece os parâmetros do Orçamento; e a Lei Orçamentária Anual, que organiza as receitas e despesas que o Governo terá no ano seguinte. Atualmente, o papel do Congresso é autorizar o Orçamento, ou seja, analisar os gastos propostos e aprovar sua realização. e depois pelo Congresso (sessão conjunta da Câmara e do Senado). Mesmo se forem aprovados e incluídos no texto final do Orçamento de 2011, a maioria dos gastos previstos nas emendas poderá deixar de ser executada, a

critério da futura presidente, Dilma Rousseff.

Saúde

O programa de Assistência Ambulatorial e Hospitalar Especializada foi o mais beneficiado pelos parlamentares, recebendo R$ 7,1 bilhões. Entre as ações mais conhecidas do programa está a remuneração dos hospitais públicos e privados conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS) por procedimentos de média e alta complexidade, como exames e cirurgias. Nos últimos cinco anos, o programa mais atendido pelas emendas havia sido Turismo Social


QUE SOMAM R$ 72 BILHÕES Colombo e Moreira pedem inclusão de emendas aos parlamentares catarinenses O governador eleito, Raimundo Colombo (foto), e o vice, Eduardo Pinho Moreira, estiveram reunidos com deputados e senadores, na reunião do Fórum Parlamentar Catarinense, no dia 23, em Brasília. Durante o encontro foram discutidas emendas coletivas e individuais para serem incluídas no orçamento do próximo ano. Colombo e Moreira solicitaram a inclusão de emendas de recursos para a conclusão das obras da ponte Hercílio Luz e para o anel de contorno viário de Criciúma, lembrando que as reivindicações foram promessas de campanhas de candidatos ao Governo e Senado.

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O programa de Assistência Ambulatorial e Hospitalar Especializada foi o mais beneficiado pelos parlamentares. Prioridade é fruto da mobilização de deputados e senadores para melhorar a infraestrutura do SUS.

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no Brasil, que destina recursos para investimentos nos estados e municípios. Neste ano, ele ficou em segundo lugar, com R$ 6,2 bilhões em emendas. A prioridade dada à saúde é fruto da mobilização dos parlamentares para melhorar a infraestrutura do SUS, principalmente nos estados. Somente a Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara destinou quase R$ 2 bilhões para o programa de Assistência Ambulatorial. A Comissão de Assuntos Sociais do Senado destinou outros R$ 500 milhões. Nesta semana, a Frente

ParlamentarÉ uma associação suprapartidária destinada a aprimorar a legislação referente a um tema específico. As frentes podem utilizar o espaço físico da Câmara, desde que suas atividades não interfiram no andamento dos outros trabalhos da Casa, não impliquem contratação de pessoal nem fornecimento de passagens aéreas. As frentes parlamentares estão regulamentadas pelo ato 69/05, da Mesa Diretora. Em tese, deveriam conter 1/3 dos integrantes d Legislativo, mas na prática esse piso não é exigido. da Saúde pediu mais recursos para o setor ao relator-geral do Orçamento, Gim Agello (PTBDF). O senador admitiu a possibilidade de incluir mais R$ 2

bilhões, que virão do excesso de arrecadação apurado na segunda estimativa da receita, a ser apresentada em dezembro. Valores globais O prazo de apresentação das emendas acabou nesta quarta-feira (24). Do total de emendas, R$ 57,8 bilhões são para investimento, e o restante para outras despesas relacionadas à manutenção da máquina pública. De acordo com as consultorias de Orçamento da Câmara e do Senado, que publicaram uma nota técnica sobre os valores globais das emendas apresentadas, a demanda das bancadas estaduais soma R$ 37,2 bilhões. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

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Bombinhas, a segunda cidade litorânea que mais cresceu em número de habitantes

A LITORALIZAÇÃO NÃO ES TANCOU Censo do IBGE mostra que em SC s cidades que mais crescem ficam no litoral

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m quase uma década, a população do estado de Santa Catarina avançou 14,2%, conforme dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Passou de 5, 35 milhões de pessoas, registradas no censo 2000, para 6,12 milhões na estimativa recentemente divulgada pelo Instituto. No comparativo desses dois momentos, observa-se que permanece a tendência de crescimento das cidades litorâneas. Dos dez municípios que mais cresceram no período, sete ficam no litoral. Dos que mais encolheram, oito estão no oeste do Estado (ver quadros). Concentram-se na Secretaria de Desenvolvimento Regional de Itajaí cinco dos dez municípios que mais encorparam sua população. O fortalecimento da atividade econômica é o principal motivo do aumento populacional na região que tem dois grandes portos e forte apelo turístico. 44 | Outubro, 2010 | EXXTRA

A falta de horizonte profissional tem sido o maior argumento pela evasão dos jovens nas pequenas cidades interioranas. Os dados do IBGE municiaram a oposição ao governo Luiz Henrique da Silveira. O líder do PP na Assembléia Legislativa, deputado Silvio Dreveck, voltou a criticar o atual modelo de gestão do Governo catarinense ressaltado que Santa Catarina está ficando “litorânea” – contradizendo o discurso da “descentralização”. Piratuba encolhe Nem mesmo as convidativas águas termais, a bela natureza e os mais diversos eventos fizeram Piratuba ampliar o número de habitantes nos últimos nove anos. Ao contrário, sua população encolheu 23,5%, de 2000 para cá (ver quadro). Dos 5.812 habitantes que tinha no início do século XXI, restam 4.446 pessoas, segundo a recente estimativa do IBGE. Um

processo migratório que ainda não estancou uma vez que do ano passado pra cá a cidade perdeu 131 habitantes. Campeã em expansão Por outro lado, o município de São João Batista, na Grande Florianópolis, teve uma expansão populacional de 64, 3%, do início deste novo milênio para cá, o maior percentual registrado no período, entre todos os municípios catarinenses. A cidade viveu diferentes ciclos econômicos que fizeram sua população inchar e encolher. Depois de amargar uma recessão muito forte no início dos ano 90, São João Batista se reergueu graças à indústria calçadista. Com uma oferta de produtos populares, os fabricantes locais acabaram sendo beneficiados pela crise que se abateu no Vale do Rio dos Sinos, no Rio Grande do Sul, atraindo a mãode-obra especializada do estado vizinho.


O cenário hoje em SC A estimativa populacional divulgada pelo IBGE mostra que em Santa Catarina predominam os pequenos municípios Das 293

De 293 cidades, com até 5 mil habitantes, 105 estão nessa categoria. A menor delas, Santiago do Sul, tem apenas 1.443 habitantes. Na faixa seguinte, de 5 mil a dez mil habitantes, são 67 municípios; e com menos de 20 mil são 64 cidades. E está nas mãos do STF (Superior Tribunal Federal) a emancipação de mais dois distritos: Pescaria Brava e Rincão, ambos no sul do Estado. Santa Catarina tem apenas 12 municípios com mais de 100 mil habitantes. Pela ordem de população figuram: Joinville (497 mil), Florianópolis (408 mil), Blumenau (299 mil), São José (201 mil,); Criciúma (188 mil); Chapecó (174 mil); Itajaí (172 mil), Lages (167 mil); Jaraguá do Sul (139 mil); Palhoça (130 mil); Brusque (102,2 mil) e Balneário Camboriú (102 mil). Apenas 15 cidades possuem população entre 50 mil e 100 mil habitantes e não mais de 30 municípios ficam na faixa de 20 mil a 50 mil habitantes.

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São João Batista A cidade que mais cresceu em número de habitante habitantess

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Características Terra do Calçado, São João Batista reúne milhares de pessoas durante a FECCAT - Feira do Calçado Catarinense.

História A História de Piratuba tem início em 1910, com a construção da estrada-de-ferro São Paulo-Rio Grande do Sul. A empresa responsável pela obra, a “Brazil Railway”, montou na região um acampamento para os operários, mais tarde batizado de Vila do Rio do Peixe. Em 1964, durante escavações em busca de petróleo, a Petrobrás localizou um lençol de águas termais a mais de 674m de profundidade, o que acabou por trazer e consolidar o turismo em Piratuba. No inverno ou no verão, as águas de Piratuba permanecem sempre à temperatura de 38,6ºC. Além de representarem uma opção de lazer, os banhos térmicos são terapêuticos, sendo recomendados por médicos.

T urismo

Data de fundação - 19 de julho de 1958. Data festiva - 19 de julho (aniversário da cidade) e 24 de junho (Dia de São João Batista, padroeiro da cidade). Principais atividades econômicas - Indústria calçadista e comércio de calçados. População - 17.000 habitantes. Colonização - Açoriana e italiana. Principais etnias - Açoriana e italiana. Localização - Grande Florianópolis, a 70km da capital. Área - 204km2. Clima - Temperado, com temperatura média entre 15ºC e 25ºC. Altitude - 30m acima do nível do mar. Cidades próximas - Tijucas, Nova Trento, Canelinha, Florianópolis.

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Situada no Vale do Rio Tijucas, São João Batista destaca-se pela produção de calçados – são 150 indústrias voltadas para o setor. Colonizada por italianos, teve a sua economia inicialmente baseada na agricultura, até surgirem as fábricas de calçados, que transformaram a cidade num dos maiores pólos calçadistas no Estado. Nos meses de janeiro e fevereiro, São João Batista promove uma grande feira de calçados, a Feira do Calçado Catarinense, atraindo milhares de turistas. Infra-estrutura turística - A infra-estrutura da cidade ainda é tímida. 46 | Outubro, 2010 | EXXTRA


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Piratuba

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A cidade que mais perdeu população ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Características A cidade tem nas fontes de águas termais seu maior atrativo. Mas também tem natureza, festas, encontros e muito verde. Data de fundação - 18 de fevereiro de 1949. Data festiva - Segundo domingo de janeiro (Kerbfest). Principais atividades econômicas - Piratuba não tem somente as águas termais. A agricultura é parte importante de sua economia, com destaque para a produção de milho e de feijão. A bovinocultura de leite e a suinocultura também marcam presença. População - 4.000 habitantes. Colonização - Alemã. Principais etnias - Alemã. Localização - Meio-oeste do Estado, a 60km de Joaçaba. Área - 148,7km2. Clima - Temperado, com temperatura média entre 18ºC e 25ºC. Altitude - 430m acima do nível do mar. Cidades próximas - Joaçaba, Concórdia, Erechim.

História

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A História de Piratuba tem início em 1910, com a construção da estrada-de-ferro São Paulo-Rio Grande do Sul. A empresa responsável pela obra, a “Brazil Railway”, montou na região um acampamento para os operários, mais tarde batizado de Vila do Rio do Peixe. Em 1964, durante escavações em busca de petróleo, a Petrobrás localizou um lençol de águas termais a mais de 674m de profundidade, o que acabou por trazer e consolidar o turismo em Piratuba. No inverno ou no verão, as águas de Piratuba permanecem sempre à temperatura de 38,6ºC. Além de representarem uma opção de lazer, os banhos térmicos são terapêuticos, sendo recomendados por médicos.

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T urismo Com a descoberta do lençol de águas termais sulfurosas, de ricas propriedades minerais e terapêuticas, logo se desenvolveu um balneário, com boa infraestrutura para o aproveitamento das águas e hospedagem, dirigido pela Companhia Hidromineral de Piratuba. O município revelou sua aptidão para o turismo e hoje é conhecido em todo o Brasil. Um jato de água quente de 30m de altura é a maior atração da Estância Hidromineral de Piratuba, que conta com vários hotéis, infra-estrutura de tratamento e de lazer, piscinas, quadras de esporte e acompanhamento médico, incluindo também tratamentos à base de argila, massoterapia, trilhas ecológicas e espaço para a realização de eventos. Localizada em cenário privilegiado, no Vale do Rio do Peixe, Piratuba oferece ainda a prática de trekking e passeios de barco no lago da usina hidrelétrica de Machadinho. . EXXTRA | Outubro, 2010 | 47


geral

Em 22 de novembro, Santa Catarina sofria com a maior tragédia registrada no Estado

FÓR UM C ATARINENSE PPARA ARA CUL TURA DE PREVENÇ FÓRUM CA CULTURA DES AS TRES MAR CA DOIS ANOS D A TRA GÉDIA DE 2 DESAS ASTRES MARC DA TRAGÉDIA

N

a noite de segunda-feira, 22 de novembro, o Departamento Estadual de Defesa Civil realizou o 2º Fórum da Rede Cooperativa de Comunicação para Cultura de Prevenção de Desastre com o tema “Uma nova percepção da mídia para a cobertura dos desastres”. O evento aconteceu no

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Plenarinho, da Assembleia Legislativa, em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina. Da solenidade de abertura participaram o gerente de prevenção da Defesa Civil, major Márcio Luiz Alves; o secretário executivo de Justiça e Cidadania, Justiniano de

Almeida Pedroso, no ato representando o governador de Santa Catarina, e o coordenador-geral da Secretaria Nacional de Defesa Civil, Werneck Martins Carvalho, que representou a secretária nacional de Defesa Civil. O Fórum, que acontece de dois em dois anos - a primeira edição


ÇÃO DE 2008

foi em agosto de 2008, tem o objetivo de fortalecer as discussões e reflexões quanto à prevenção de desastres. Estimular o desenvolvimento de uma nova cultura de prevenção através de veículos de mídia, órgãos públicos e instituições sociais; e incentivar a co-responsabilidade pela qualidade da informação pública sobre a redução de desastres é o principal desafio. O 2º Fórum foi marcado pelas discussões da mesa-redonda, que contou com a participação do gerente de prevenção da Defesa Civil SC, major Márcio Luiz Alves; da presidente da Associação Catarinense de Rádio e Televisão – ACAERT, Marise Westphal Hartke; do presidente da Associação dos Jornais do Interior de Santa Catarina, Miguel Gobbi; e do jornalista José Augusto Gayoso. Durante uma hora e meia, os convidados e participantes trataram da comunicação em desastres, relembrando o desastre de 2008, e principalmente, discutiram como iniciar uma comunicação preventiva, que prepare a sociedade antes que os eventos adversos aconteçam.

Desastre 2008 As enchentes que assolaram Santa Catarina em novembro de 2008, provocaram a morte de 135 pessoas e o desaparecimento de duas. Em 22 de novembro, Santa Catarina sofria com a maior tragédia registrada no Estado, provocada por chuvas frequentes que duraram cerca de três meses, e atingiu mais de dois milhões de catarinenses. Um terço do território catarinense foi atingido pelas chuvas.

Os participantes discutiram como a comunicação preventiva

DEFESA CIVIL LANÇA LIVRO SOBRE COMUNICAÇÃO EM DES AS TRES DESAS ASTRES Paralelo ao evento do 2º Fórum Catarinense da Rede Cooperativa para Cultura de Prevenção de Desastres, a Secretaria Executiva da Justiça e Cidadania por meio do Departamento Estadual de Defesa Civil lançou o livro Comunicação em Desastres – a atuação da imprensa e o papel da assessoria governamental, das jornalistas Ana Paula de Assis Zenatti e Soledad Yaconi Urrutia de Sousa. Dividido em quatro capítulos, o livro traz no primeiro capítulo os temas: a imprensa e os desastres; a arte da comunicação, a imprensa no Brasil e sua atuação em desastres. Na sequência, o capitulo 2, aborda o papel da imprensa na divulgação de informações e o tratamento da informação durante os desastres e como cada meio de comunicação trabalha. No terceiro capítulo, as autoras falam da atuação da assessoria governamental e o seu trabalho durante os desastres. Também trazem informações sobre a importância da comunicação preventiva, plano de comunicação, ferramentas e planejamento estratégico. O último capítulo é focado no desastre de 2008 e compreende as ações da assessoria governamental (antes, durante e pós-desastre). O livro traz ainda um glossário de Defesa Civil e o prefácio do jornalista Moacir Pereira. A obra é uma realização do Governo do Estado de Santa Catarina por meio do Departamento Estadual de Defesa Civil e do Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres – Ceped/UFSC, e conta com o apoio da Associação Catarinense de Imprensa. EXXTRA | Outubro, 2010 | 49


geral

Em Taió, região de Blumenau, diversos pontos no centro ficaram alagados no 27 de abril de 2010

SIS TEMA DE DEFESA CIVIL Grupo propõe sistema de prevenção de desastres socioambientais

U

m grupo de trabalho composto por integrantes da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, entidades da sociedade civil, da Defensoria Pública e do Ministério Público Federal elaborou um conjunto de propostas para a criação do Sistema Nacional de Prevenção e Atendimento em Desastres Socioambientais. O objetivo foi pautar as discussões durante as eleições e chamar a atenção para os objetivos traçados pela 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária, realizada em março deste ano. As propostas são fruto da 50 | Outubro, 2010 | EXXTRA

conferência, mas também de temas que a procuradoria, deputados e ONGs acham que devem ser priorizados pelo governo. Além de institucionalizar a Defesa Civil, com órgãos próprios nos três níveis de governo, e uma legislação melhorada, o grupo sugere que os recursos e pesquisas sejam acompanhados principalmente na prevenção. Medidas conjuntas Para a presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputada Iriny Lopes (PT-ES), a importância da criação do sistema está no fato de que é necessária a implementação conjunta de todas as medidas propostas. “A criação do sistema só fará sentido se todos os dez

pontos forem adotados integralmente. Não faz sentido optar por um ou outro ponto”, disse. Embora as propostas do Sistema Nacional de Prevenção e Atendimento em Desastres Socioambientais foquem a prevenção dos desastres, a deputada destaca que as medidas permitirão, também, facilitar a tomada de decisões e a definição de respostas mais rápidas aos problemas que possam vir a surgir. “Certamente, os desastres socioambientais recentes ajudaram a sensibilizar as autoridades e a população. Estamos confiantes de que o próximo governo já começará com a implementação de medidas que atendam nossas reivindicações”, afirmou.


Deputada federa Iriny Lopes

Participação das comunidades Para José Magalhães, assessor da ONG Cáritas Brasileira que ajudou a redigir o documento, as comunidades precisam participar do processo de prevenção de desastres. “Orientadas pelas faculdades, as comunidades podem conhecer sua realidade, reivindicar políticas e agir preventivamente para minimizar ou eliminar os risco”, afirmou. Um novo sistema de defesa civil está sendo pensado pela comissão, que quer um plano nacional para implementar as diretrizes da conferência. A Caritas defende a presença do Ministério do Meio Ambiente no sistema, o que não está previsto na Medida Provisória 494/10, que muda a forma de funcionamento do Fundo Especial para Calamidades Públicas (Funcap) e cria um mecanismo simplificado para transferências de recursos nos casos de catástrofes. A MP foi aprovada nesta no dia 9 de novembro pela Câmara.

Chuva causou estragos em Florianópolis, no dia 23 de novembro de 2008

Propostas elaboradas pela Comissão – Criar uma secretaria especial no âmbito da Presidência da República para assegurar o tratamento multidisciplinar e a isenção política e regional, além da autonomia financeira no atendimento às vítimas – Instituir fundos de defesa civil, com dotação orçamentária proveniente dos três níveis de governo – Elaborar e consolidar um marco legal que possa amparar as medidas preventivas e as emergenciais – Destinar recursos suficientes no Orçamento da União para ampliar a atual capacidade de atendimento das situações emergenciais – Reestruturar a defesa civil, com capacidade própria de geração de dados, profissionais capacitados, sistema de alerta e atuação conjunta com estados e municípios, com participação e mobilização da sociedade civil em todos os níveis, para atuar em áreas de risco e em favor da população atingida – Elaborar um Plano Nacional de Prevenção de Desastres, bem como

mapas nacional, regionais e municipais de risco – Criar instâncias com participação da sociedade civil para monitorar e acompanhar as iniciativas em favor dos atingidos, até que estes reconstruam suas condições de vida, assim como a reconstrução imediata dos equipamentos públicos danificados – Estabelecer uma plataforma nacional para a redução do risco de desastres, baseada no Marco de Ação de Hyogo, tratado internacional assinado pelo Brasil, com ênfase no conhecimento do risco e medidas preventivas – Implementar o Conselho Nacional de Defesa Civil, de caráter consultivo e deliberativo, com a participação da sociedade civil – Reunir-se com a presidente eleita junto com o Grupo de Trabalho no início de sua gestão a fim de discutir um programa de ação visando a implementação destes compromissos, bem como iniciar o processo de avaliação e implementação das diretrizes e recomendações da 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil, realizada em março de 2010 EXXTRA | Outubro, 2010 | 51


GENTE PMDB presta homenagem a Casildo Maldaner O ex-governador Casildo Maldaner (foto) foi saudado na segunda-feira 8 pelos seus companheiros do PMDB, durante a reunião da executiva estadual do partido. O presidente da sigla, deputado federal João Matos, destacou que a presença do ex-governador no Senado, a partir do próximo ano, “foi uma das mais importantes conquistas do PMDB nas eleições de outubro”. Casilldo, que é presidente de honra do PMDB catarinense e que já comandou o partido por três mandatos consecutivos - entre 1995 e 2004 -, agradeceu aos peemedebistas pelo apoio em sua jornada eleitoral. O ex-governador retornará ao Senado, a partir de janeiro de 2011, ocupando a vaga do senador e governador eleito, Raimundo Colombo, de quem é suplente.

Níura se despede do Senado A senadora Níura Demarchi (foto), do PSDB de Santa Catarina celebrou, no dia 10, a vitória em primeiro turno do senador Raimundo Colombo (DEM-SC) na eleição para o governo de Santa Catarina. Ela disse que o resultado simboliza não somente o triunfo da democracia, mas também a grande força que as oposições demonstraram. A senadora aproveitou para se despedir do Senado. A vaga de Níura, que assumiu justamente na vaga do titular Colombo, será ocupada pelo primeiro-suplente Casildo Maldaner (PMDB-SC). Níura agradeceu o apoio recebido nos 120 dias em que exerceu o mandato como suplente de Raimundo Colombo e disse que procurou retribuir com muito empenho, dedicação e trabalho. A senadora destacou em sua atuação parlamentar a relatoria do projeto de lei que estende aos produtos veterinários o mesmo tratamento dado à medicação genérica de consumo humano (PLS 3/05).

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SOL URRUTIA | solurrutia@gmail.com Colombo agradece eleitores O senador Raimundo Colombo (foto), do DEM, ao retomar suas atividades parlamentares após a eleição para o governo de Santa Catarina, agradeceu aos eleitores de seu estado e se comprometeu a não adotar uma postura de confronto em relação à futura presidente, Dilma Rousseff, apesar de estarem em campos opostos na política.

Hip Hop De autoria do deputado Pedro Uczai (PT), o Parlamento catarinense aprovou em Plenário o Projeto de Lei nº 11/10, que institui a Semana Estadual do Hip Hop, a ser comemorada anualmente de 13 a 20 de novembro. Considerado um movimento cultural de transformação social que teve início nos EUA, na década de 1960, teve como principal foco banir os conflitos sociais e a violência urbana. Segundo o parlamentar, o hip-hop chegou ao Brasil na década de 80, através do Break Dance. “Atualmente é um movimento disseminado e crescente, principalmente na juventude. Outros estados e municípios já aprovaram leis para instituir datas de comemoração ao Hip Hop, na forma de dia ou semana”, lembra.

Agostini é eleito coordenador do DEM . Na primeira reunião em que participou como deputado federal eleito, Onofre Agostini assumiu um papel importante no Congresso Nacional. Agostini foi eleito, por antecipação, coordenador da bancada. “É meu primeiro passo desta nova jornada política que se inicia em breve. Pretendo continuar com uma atuação forte em defesa dos interesses catarinenses”, afirma.

Neuto lança livro A cerimônia de lançamento da obra biográfica do senador Neuto De Conto, “Muito além do meu sonho” narrativa rica em episódios relevantes dos últimos 30 anos da política de Santa Catarina e da trajetória da sua família italiana lotou o hall da Assembleia Legislativa de Santa Catarina na noite do dia 17 de novembro. O livro, edição do próprio autor, foi elogiado e comemorado por autoridades como o governador eleito Raimundo Colombo, o vicegovernador eleito Eduardo Pinho Moreira, além dos ex-governadores Casildo Maldaner e Paulo Afonso Vieira, que fez questão de ler trechos da biografia e comentar passagens diante da plateia de mais de 300 pessoas. Feliz com a ideia de incluir no livro a história da formação do PMDB em Santa Catarina, entrelaçando fatos significativos da história recente de Santa Catarina com a narrativa da sua própria saga, o senador aproveitou o evento para reiterar confiança no desempenho da política, advertindo que tantos aqueles que exercem cargos eletivos, quanto os empresários, investidores e executivos têm a necessidade e o dever cada vez mais premente de se conscientizar da gravidade crescente das consequências institucionais do comportamento não-ético. “Todos nós temos a obrigação, como cidadãos e como líderes, de encontrar e implantar soluções”. “Muito além do meu sonho” tem 200 páginas e contém fotos e ilustrações.

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VIDA & SAÚDE

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Suco de tomate combate osteoporose Aos apreciadores de tomate, um motivo a mais para ingeri-lo. De acordo com uma pesquisa da Universidade de Toronto, no Canadá, dois copos de suco da iguaria fortalecem os ossos e podem prevenir a osteoporose. O possível responsável pelo benefício é o licopeno, que dá a cor vermelha ao alimento. A equipe de cientistas pediu a 60 mulheres na pós-menopausa, com idades entre 50 a 60, que cortassem todos os derivados de tomate da dieta por um mês. A medida levou a um aumento significativo dos níveis de N-telopeptídeo, substância química liberada na corrente sanguínea quando o osso está em processo de danificação. Em seguida, por quatro meses, as participantes receberam uma dose diária de suco de tomate contendo 15mg de licopeno, uma versão enriquecida com 35mg de licopeno, cápsulas de licopeno ou cápsulas de placebo. As taxas de N-telopeptídeo só não caíram nas que consumiram placebo, segundo o jornal Daily Mail. Os dados foram divulgados pela revista Osteoporosis International.

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Chocolate amargo reduz pressão arterial, diz pesquisa Se você tem culpa quando ingere chocolate, pode começar a se alegrar. Mais uma pesquisa confirma as propriedades benéficas do alimento escuro, com alta porcentagem de cacau. Dessa vez, foram os cientistas da Universidade de Linkoping, na Suécia, que descobriram que o cacau inibe uma enzima no organismo conhecida por elevar a pressão arterial. Segundo a versão on-line da publicação britânica Daily Mail, a equipe recrutou 16 voluntários saudáveis não-fumantes para o estudo. Dois dias antes do estudo, não foi permitido comer chocolate | Outubro, 2010 | EXXTRA

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ou qualquer coisa que tivesse compostos similares, incluindo frutas. Além disso, café, chá e vinho também foram proibidos. Todos os voluntários realizaram exame de sangue antes e depois de comer 75 g de chocolate amargo contendo 72% de cacau. Os cientistas descobriram então que a atividade enzimática da ECA (enzima conversora da angiotensina), responsável pela regulação da pressão arterial, foi reduzida em 18% três horas após a dose de cacau. Isso é comparável ao efeito de medicamentos que inibe a enzima, usados para tratamento de pressão arterial elevada. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○


Transforme o estresse em um aliado da sua saúde

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Não adianta. Pensou em estresse, pensou em bronca de chefe, engarrafamento, tarefas se acumulando, contas a pagar, casa bagunçada e haja espaço nesta página para caber tanto aborrecimento. Mas especialistas alertam: quanto mais você pensa no estresse de forma negativa, mais fica irritado. Agora, pasme: pesquisas comprovam que o estresse pode ser bom para sua saúde, muito mais do que você imagina. Basta saber gerenciá-lo. Em estudo da Universidade de Ohio, nos Estados Unidos, ratos submetidos a rápido e intenso estresse ficaram mais fortes para enfrentar gripe. Os pesquisadores associaram o resultado ao ser humano. Segundo eles, em curto período de tempo, o estresse poderia reduzir riscos de desenvolver diabetes, doenças do coração, câncer e Alzheimer. Isso porque o corpo, quando em estado de alerta, dispara o sistema imunológico, protegendo o organismo contra infecções. “É um erro chamar o estresse de doença”, garante a presidente da Associação Brasileira de Estresse e professora de psicologia da UFRJ, Lúcia Novaes. Segundo ela, o estresse se divide em fases de alerta, resistência e exaustão. Manter-se na primeira é o indicado. “As outras etapas revelam o lado ruim do estresse, que deixa o organismo fraco e suscetível a doenças, podendo se tornar problema mais grave, o estresse crônico. Já a primeira fase tem o poder de preparar o corpo para reagir contra o fator que gera estresse. É uma mudança benéfica que corpo sofre”, explica.

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Beterraba aumenta fluxo sanguíneo para o cérebro Reduzir Normal Aumentar Imprimir Além de diminuir o risco de doenças cardíacas, AVC (Acidente Vascular Cerebral) e aumentar a resistência física, um novo estudo revela que o suco de beterraba aumenta o fluxo sanguíneo para o cérebro. Segundo os pesquisadores, o vegetal é uma promessa para combater a progressão da demência. Cientistas da Universidade Wake Forest, nos Estados Uunidos, investigavam os efeitos dos nitratos encontrados na beterraba. “Houve vários estudos que mostram que beber ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

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Respiração para combater estresse Eliminar toxinas, combater estresse e ansiedade. Pode parecer difícil, mas é possível acabar com isso por meio da respiração. É o que ensina a técnica de respiração Sudarshan Kriva. “A maioria das pessoas usa em média 30% da capacidade pulmonar. Porém, a respiração é responsável por até 80% da eliminação das toxinas do nosso sistema. Esse mau uso acontece porque muitas não observam o modo como respiram”, afirmou Cristina Armelin, membro do Conselho Nacional da Fundação Internacional Arte de Viver. Cristina, que é professora da técnica, ressalta que as pessoas precisam observar como é sua respiração. “Se é longa e profunda ou rápida e ofegante. Para isso é preciso conhecer o seu corpo. Ao ter esse conhecimento, é só reservar um tempo e escolher um lugar calmo, sentar em uma posição confortável, respirar profundamente com os olhos fechados que já vai notar uma diferença”, disse. EXXTRA | Outubro, 2010 |

Fontes: Especial para Terra/ Site Vida e Saúde


De tudo um pouco Por Meg Gonzaga

Guerra no Rio de Janeiro Traficantes desafiam a Policia

Finger Paintings Técnica de pintura na mão, o chamado Finger Painting é a arte algumas figuras feitas de animais. Incrível a habilidade desse maquiador. Veja as figuras:

O Rio de janeiro não vive clima de guerra, o “estado” é de guerra. A polícia esta em peso na rua, mais de 17 mil policiais não podem voltar para casa, vários carros queimados, civis e bandidos mortos, “caveirão” (carro do BOP) queimado, 23 mortos até agora... Quanta infelicidade para uma cidade tão linda, minha cidade que ultimamente chamo de “Rio de Janeura”. O Jornal britânico The Guardian relata os confrontos entre a polícia e os traficantes dando informações sobre o número de mortos, detidos e feridos. “Provocadas por ataques contra a polícia e motoristas, as incursões nas favelas” envolveram centenas de policiais fortemente armados, veículos à prova de balas e helicópteros', escreve o jornal. A Imagem do Rio que já não era boa vai para o saco nesse fim de ano. Como vai ficar a Copa do Mundo de 2014 que acontecerá no Brasil e os Jogos Olímpicos de 2016??

Valentão Mineiro em Boate na Ilha! Valentão Mineiro (foto) que quase matou uma menina em Boate na ilha. Para a Justiça é Tentativa de Homicídio ou Lesão Corporal Grave? O agente (o rapaz) estava com vontade? Ele não fez sem querer..Ele sabia que provocaria um estrago na vítima, ele sabe a força que ele tem.. Mas ele estava com vontade de matar? Essa é a grande questão subjetiva do Direito... Para mim ele correu o risco, ou pode ainda acontecer...Por isso se ele não for indiciado por tentativa de homicídio é um erro gravíssimo da justiça! Leitora estava no momento da agressão do valentão mineiro às meninas: De onde eu estava, foi o que vi: “Quando nós vimos o tumulto ele já tinha agredido as meninas. Ele deve ter aproximadamente 1,90 e faz o tipo marombado. O segurança teve que isolar o rapaz numa salinha porque as pessoas começaram a descer e queriam linchar o cara. Na saída dele do bar muitas pessoas tentaram alcançá-lo e agredi-lo de alguma forma.” + MAIS.. Além disso, é estudante de Medicina! Deveria ser expulso! Incompatibilidade com a profissão!

58 | Outubro, 2010 | EXXTRA


EXXTRA | Outubro, 2010 49 |


40| Outubro, 2010 | EXXTRA


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