Fotografia Comida

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Quando uma imagem vale mais do que mil palavras, então tratando-se de alimentos, seja um cesto de fruto ou uma sopa fumegante, terá que valer os apetites de quem a vai ver. Captar e congelar a essência da comida, tem que se lhe diga, por isso, inspire-se nestas dicas para fotografias deliciosas! • • • • • • • • • • • • • • •

Fotografar alimentos é sempre um desafio – primeiro porque não é fácil, segundo porque o resultado final pode ficar muito bom ou muito mau, e terceiro porque o objectivo é seduzir, física e emocionalmente, quem aprecia a imagem. Tal como uma tela branca, também os alimentos requerem o seu próprio palco, adereços e uma preparação cuidada. Ao delinear o cenário, que terá de ser ultra-apelativo, crie uma imagem mental de como gostaria que ficasse a fotografia final. Para um pano de fundo com grandes potencialidades, procure criar uma encenação que complemente os alimentos e não distraia os olhos de quem vê, ou seja, uma toalha de mesa simples ou uma simples folha de cartolina branca ou preta. Se vai incluir pratos, estes terão de complementar a comida, por isso, evite utilizar louça nos mesmos tons dos alimentos. Fotografar comida exige uma aplicação artística de luz, sendo que a natural é sempre a melhor. Se puder, fotografe junto de uma janela e de preferência com uma cortina branca para uma melhor difusão. Se a luz natural não for uma opção, não caia no erro de recorrer ao flash – este é demasiado potente para os alimentos, a maioria dos quais possuem características muito delicadas. A utilização do flash vai acabar por retirar-lhes forma e textura, deixando pequenos pontos brilhantes que não favorecem em nada algo que, no fundo, é comestível! A melhor iluminação artifical nestes casos são as luzes strobe, assim como os reflectores e espelhos. Pode ainda recorrer às caixas de luz que, para além de potenciarem os detalhes da comida, eliminam as sombras. Por outro lado, se quiser uma representação exacta dos alimentos, alguma sombra sob os pratos é o ideal. Por vezes, são os “jogos de sombra” que fazem uma boa fotografia. Como o objectivo é conseguir uma imagem apetitosa, o cenário deve ser iluminado com luzes suaves. Quando se trata de fotografar comida, menos luz é mais! Isto porque uma iluminação reduzida vai potenciar as texturas dos alimentos, retratando-os mais fielmente! Nunca ilumine a comida de frente, é um dos erros mais frequentes! Faça várias experiências com a iluminação, jogando com os diferentes looks pretendidos – se a ideia é conseguir uma imagem de um pequeno-almoço solarengo vai precisar de muita luz, mas se quiser um âmbito do género jantar romântico, há que baixar as luzes! Não tenha medo de experimentar porque, no que toca a fotografar comida com qualidade, a iluminação pode fazer toda a diferença! Esteja bem familiariazado com o seu equipamento e todas as funções que disponibiliza. A sua máquina digital pode ser uma ajuda valiosa nestes casos, principalmente se tiver a função “White Balance”, que elimina cenários escuros e permite harmonizar as cores. A alimentação é para ser consumida num espaço de tempo relativamente curto, por isso, se demorar demasiado tempo a preparar e a fotografar, a comida depressa vai tornar-se desensabida e pouco atraente. Um bife acabadinho de grelhar (se ainda vier a fumegar, o efeito é mais espectacular!) ou uma salada que saiu do frigorífico neste instante (e que está fresca que nem uma alface!) são os cenários ideias, até porque, se fotografar comidas que devem ser quentes quando estão frias ou vice-versa, o resultado será tudo menos gostoso! Captar a comida no seu melhor momento exige que fotografe rapidamente… muito rapidamente! Se não, o gelado e as natas vão ficar numa sopa não tarda nada, a alface vai murchar e o assado vai parecer uma pedra escura! Um bom truque para não “desperdiçar” comida e conseguir excelentes fotos é fazer toda a preparação de cenário e de iluminação, bem como as experiências dos melhores ângulos com um “protagonista falso”, posicionando os verdadeiros alimentos apenas momentos antes de tirar a primeira fotografia “a sério”. Fotografar comida com estilo também tem extremos – utilize uma lente muito curta ou muito comprida. Procure um ponto de focagem especial, ou seja, algo atraente em todo o cenário, que vai despertar de imediato a atenção de quem vai ver esta fotografia pela primeira vez. Já começou a fotografar? Óptimo! Aproxime-se o máximo possível, use e abuse do zoom, utilzando a função macro da sua máquina. Não tenha medo de encher o visor com essa comida divinal… vai ser uma fotografia que se pode quase provar! Não deixe de experimentar fotografar à distância para um quadro completo das texturas e ingredientes. Fotografe muito (mas não se esqueça que tem de ser rápido) e de vários ângulos para tentar conseguir um efeito 3D, ou seja, de uma fatia de bolo irresistível ou de uma lasanha divinal que praticamente salta da fotografia. Para isso, experimente fotografar sobre a mesa num ângulo de 10 a 45 graus. Atenção: se fotografar muito de cima, não vai “apanhar” os lados da comida, eliminando assim uma das dimensões, o que definitivamente não vai favorecer a receita final! Procure fotografar do ângulo mais baixo possível, porque vai emprestar mais altura aos alimentos. Regral geral, quanto mais baixo fotografar, mais bonita vai ficar a imagem. No entanto, se descer demasiado, corre o risco de não captar a parte de cima da comida, eliminando uma das suas dimensões, o que resulta numa fotografia 2D e não 3D como é suposto! As fotografias tiradas de um ângulo baixo requerem alguns adereços para preencher o espaço vertical que vai ficar muito “vazio”. Tire muitas fotografias, mas sem se mexer! Em cenários de iluminação reduzida, caso das cozinhas e restaurantes, as exposições longas vão captar o mais pequeno movimento da máquina e o resultado é aquilo que ninguém quer: uma imagem desfocada! Sempre que possível, utilize um tripé. Se não possuir um, improvise com uns livros, um copo ou até um saco cheio de areia ou de arroz, que lhe vai permitir posicionar a máquina exactamente como quer. Se a sessão fotográfica não estiver a correr tão bem como gostaria experimente (se o alimento em questão o permitir) retratar o seu processo de confecção (por exemplo, cortar, ralar ou até mesmo cozinhar!), que pode ser igualmente atraente ou mais ainda. As melhores fotos também mostram outros detalhes: a esquina de um tacho, alguns talheres e utensílios ou um copo de vinho meio vazio, conferindo um toque ainda mais real à imagem e, consequentemente à comida, que não parece caída do ceú! No mundo da fotografia existem muitos segredos de bastidores, ou seja, nem tudo o que parece é! Podemos dizer que é o preço que se paga para uma fotografia de trazer água à boca! Entre os muitos truques utilizados por fotógrafos famosos, destacam-se aqueles que andam com o seu próprio maçarico para “criar” as marcas do grelhador num naco de carne ou para derreter manteiga, queijo ou outros ingredientes para um look mais cremoso. Precisa de um “efeito molhado”? Pincele os alimentos com um pouco de glicerina. Sabe o que está muitas vezes por de trás de um prato fumegante de vegetais? Um assistente a fumar um cigarro directamente atrás do mesmo! Um frango assado num minuto é conseguido com um pouco de pomada para calçado; e para um gelado num cone que nunca vai derreter, subsitua o gelado por puré e o chocolate derretido por óleo de motor!

O guia da Fotografia de Comida Você com certeza já viu aquelas fotos lindas de sanduíches do McDonald’s e achou um absurdo quando viu o sanduíche de verdade. O porém é que a fotografia de alimentos não existe para mostrar a verdadeira aparência dele e sim transmitir a sensação de quando saboreamos aquele alimento. Nesse caso as fotos do McDonald’s fazem muito mais sentido, não é? Pensando nisso eu e o amigo Vitor Hugo, autor do blog Prato Fundo, fizemos uma mini-série de artigos sobre fotografia de comida. Eu adoro fotografar, adoro fotografar comida e, embora meu blog de culinária esteja abandonadinho, adoro cozinhar. O Vitor também é apaixonado por comida e fotografia – dá para ver pelo seu blog – e por isso resolvemos nos juntar e contar os nossos segredos para deixar sua fotos de alimentos muito mais “gostosas”. Eu fiquei com a parte técnica de equipamento e iluminação – que você lê abaixo – e o Vitor ficou com a parte de Composição e Produção do prato (Série 101 – Fotografia de Comida).

Equipamento para fotografar comida Câmera Embora seja possível tirar fotos ótimas com qualquer câmera vamos partir do princípio que você tem mais controle por isso está lendo este artigo: então daqui pra baixo vou tratar de assuntos para quem tem ou quer ter uma câmera com controles manuais e, preferencialmente, possibilidades de troca de lentes. Qualquer SLR serve. Não é necessário ter uma top de linha para fotografar comida.

Lente Para criar aquele efeito magnífico de profundidade (com um DOF bem curto) é interessante ter uma lente clara, entre 1.8 e 2.8. Na minha opinião ser uma lente macro não é essencial, afinal você pode tirar a foto de longe com uma tele ou mesmo aproximar depois na pós-produção. O importante é que seja uma lente de qualidade e bem nítida.

Uma lente bem barata e que faz milagres na hora de fotografar comida é uma 50mm 1.8. Você não vai precisar se aproximar tanto e a abertura vai possibilitar utilizar bastante iluminação ambiente, além de criar aquele DOF que dá o charme. Também existem opções no mercado de lentes mais tele como 85mm ou Zoom. No momento eu utilizo uma Canon 50mm 1.8 e uma Sigma 24-70mm 2.8.

Iluminação Se você não tiver flash a luz natural pode ser o suficiente. Mas o inconveninente de depender de luz natural é que você só vai poder fotografar de dia… rs… veja um exemplo de foto utilizando luz natural:


A “luz da lâmpada” também poderia ser considerada “luz natural”, mas ela é bem mais fraca e você precisará deixar as configurações bem apuradas para que fique nítido. Evite com todas as forças usar o flash embutido da câmera. Utilizar um ou mais flashes externos é o ideal: para um efeito suave use sombrinhas ou difusores. Ao usar flash diminua sua intensidade para poder usar a abertura mais ampla. Se possível aposte na luz contínua. Abaixo um exemplo de foto utilizando luz contínua, sem difusores:

Como você pode ver no setup desta foto não utilizei nenhum difusor, por isso as sombras estão duras:


Mas você não precisa ter um estúdio para montar sua bela foto. Cuidando com o que tem em volta você pode tirar a foto na própria cozinha! Veja a foto abaixo:

Eu queria fazer uma foto da janta sem pretensão nenhuma, então deixei o prato em cima da mesa com bagunça e tudo! Como você pode ver no setup abaixo usei o flash com rebatedor, uma parte da luz foi para o fundo e a outra preencheu a iluminação do prato:

Se o interessante da comida for sua textura é legal manter uma luz mais direcional.

Tripé Ter um tripé é bastante interessante, principalmente se você estiver utilizando luz natural. Para aproveitá-la mais você terá que usar uma velocidade mais baixa e para conseguir uma foto bem nítida será essencial utilizar um tripé. Se você não tem um tripé lembre-se de usar velocidades mais altas, pois fotografia de comida não é nada se não estiver nítida.

Configurações do equipamento Repetindo: fotografia de comida não é nada se não estiver nítida. Então tente manter as configurações formatadas de forma que você consiga aproveitar a luz mas mantenha a niditidez. ISO: Use o ISO mais baixo possível. Usar ISO alto faz sua imagem ficar mais granulada e com menos contraste. Abertura: Controle a abertura para que seja possível manter um DOF interessante. Se quiser deixar mais alimentos em foco feche um pouco, se quiser somente um pedacinho em foco deixe na máxima abertura da sua lente. Você pode “melhorar” esse efeito de profundidade na pós-produção caso não tenha uma lente muito clara. Velocidade: de acordo com os dois itens acima calcule a velocidade necessária para uma exposição correta. Se for muito baixa (em média abaixo de 1/100, mas depende da distância focal) use um tripé. E lembre-se: sempre que possível fotografe em RAW.


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