Anhanguera 112: Uma proposta de redesenho urbano de zona industrial

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Unicamp | Universidade Estadual de Campinas FEC | Faculdade de Arquitetura e Urbanismo TFG 2014 | Banca final

ANHANGUERA-112: Uma proposta de redesenho urbano de zona industrial

Izabella Ferrari Jorge

orientador: Evandro Ziggiati Monteiro



“ A cidade não é uma obra de arte, - um artefato- mas sim qualquer coisa que constantemente se está fazendo e desfazendo. É, por consequência, um processo vivo. A cidade constrói-se dia a dia, mas não esqueçamos que toda a construção se processa a par de uma destruição, e que tudo na vida, segundo um destino inelutável, tem como pano de fundo uma morte. Uma cidade que se constrói é, ao mesmo tempo, uma cidade que se destrói; e é precisamente na maneira de articular esta dupla operação de construção-destruição que reside a possibilidade de as cidades se desenvolverem harmoniosamente, visto que o ideal é que a construção se faça com o mínimo de destruição possível e, sobretudo, que essa destruição não seja senão uma adaptação inteligente as novas exigências”. Fernando Chueca Goitia



. agradecimentos

A Deus, pela vida. Aos meus pais, Moacir e Ivone, pelo amor e apoio. Aos meus irmãos, Daniela e Guilherme, pela companhia. Aos meus sobrinhos, Henrique e Mariana, pelos doces sorrisos. A Lígia, pela amizade e parceria ao longo destes seis anos. Ao Carlos. A todos professores, funcionários e colegas da FAU-Unicamp, em especial aqueles que diretamente contribuíram para o desenvolvimento deste trabalho: meu orientador, Prof. Dr. Evandro Ziggiati Monteiro, por encarar comigo este desafio, pela paciência e inspiração, Profa. Dra. Emília W. Rutkowski, por me incentivar a trabalhar com o planejamento ambiental e me apresentar a ecologia industrial, Profa. Dra Ana Góes Monteiro e Profa. Dra. Gisela Leonelli, pelas avaliações e contribuições.



.índice 1. apresentação ____________________________________________9 introdução objetivos justificativa área de estudo

2. discussão _____________________________________________15 o espaço urbano sustentabilidade no espaço urbano planejamento ambiental a bacia como unidade de planejamento projeto de cursos d’água em meio urbano ecologia industrial

3. planejamento ambiental ___________________________________33 levantamento diagnóstico propostas

4. projeto ________________________________________________101 levantamento programa de necessidades referências projetuais aplicação da ecologia industrial propostas

5. referências bibliográficas _________________________________131 6. anexos _______________________________________________139



1. apresentação



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MARICATO, Ermínia. Brasil, cidades: alternativas para a crise urbana. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2002. 204 p. 2 Idem. Ibidem.

.introdução

As cidades são as construções humanas de maior impacto na superfície terrestre e a ocupação do território se dá principalmente pelo seu cunho econômico1, o que faz com que a abordagem das investigações e das políticas regionais estejam fortemente vinculadas a essa característica. Porém, a complexidade do espaço urbano faz com que seja necessária uma abordagem mais abrangente, que considere outras variáveis como a social e a ambiental. Na busca por esta abordagem completa as bacias e micro-bacias hidrográficas são indicadas como unidades obrigatórias para o planejamento2 pois elas funcionam de maneira sistêmica e integrada, ou seja, elas fornecem uma compreensão ampla e completa do meio para os planejadores assim como afetam de maneira coletiva seus usuários. Embora a legislação brasileira seja avançada no que diz respeito a abordagem territorial através das bacias hidrográficas, esse tipo de gestão está distante de ser colocado em prática no país. Este trabalho se propõe a elaborar uma proposta de desenho urbano para uma área inserida na bacia hidrográfrica do Ribeirão Quilombo, utilizando a bacia como ferramenta para abordar o território na busca pela promoção de um desenvolvimento urbano mais equilibrado e sustentável.

Objetivo geral

.objetivos

.Apresentar diretrizes gerais de planejamento ambiental para a Bacia do Ribeirão Quilombo que visem a promoção de um desenvolvimento urbano mais equilibrado e sustentável tendo como referências planos urbanos existentes e elaborar uma proposta de desenho urbano para um perímetro inserido na bacia.

Objetivos específicos

. Discutir a situação dos cursos d’água urbanos, a sustentabilidade urbana e a utilização da bacia hidrográfica como unidade de planejamento; . Apresentar um curso d’água urbano de grande importância para a Região Metropolitana de Campinas; . Associar o planejamento ambiental ao desenho urbano; . Elaborar uma proposta de desenho urbano para um perímetro inserido na bacia do Ribeirão Quilombo.

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.justificativa

A urbanização é um processo constante e inevitável. Estima-se que até 2050 a população urbana mundial cresça de 3,5 bilhões para 6,2 bilhões de pessoas, representando 57% da população global. Os investimentos em infraestrutura e construções superarão os 20 trilhões até o ano 2025 e a maioria desses investimentos será feita em cidades de países em desenvolvimento (HERZOG, 2013). A caracterização dos problemas urbanos como questão ambiental é um dado recente (HOGAN, 1995). Um dos principais marcos desse momento é a Agenda 21, documento que consiste em um dos principais resultados da conferência ECO-92, ocorrida no Rio de Janeiro, que teve como objetivo indicar a importância de todos os países e de todos os setores da sociedade na resolução de problemas socioambientais. É nesse documento que a preocupação do desenvolvimento sustentável com assentamentos humanos é apontada como uma necessidade global. As características da urbanização brasileira fazem com que esse processo seja, não só, um fator de problemas ambientais, mas um problema ambiental em si. A urbanização modifica todos os elementos da paisagem: o solo, a geomorfologia, a vegetação, a fauna, a hidrologia, o ar e, até mesmo o clima (BRAGA, 2003). O sistema hidrológico urbano demonstra relativa fragilidade, pois nele pequenas mudanças podem acarretar grandes impactos. De acordo com Braga (2003), o processo de urbanização e as modificações do uso do solo por ele determinadas, como a retirada da cobertura original e a impermeabilização da superfície, por exemplo, causam um dos impactos humanos mais significativos no ciclo hidrológico, principalmente sobre os processos de infiltração, armazenagem nos corpos d’água e fluxo fluvial. O autor também reforça que, além dos problemas diretamente ligados ao sistema hidrológico como, por exemplo, as enchentes, a poluição dos mananciais e a contaminação dos aquíferos, os demais problemas ambientais urbanos também estão, direta ou indiretamente, ligados ao problema das águas urbanas. O fenômeno das ilhas de calor, a falta de umidade no ar e a proliferação de doenças associadas a água são alguns exemplos dessa interferência indireta sentidos cotidianamente pelos habitantes das cidades. Portanto, a questão dos recursos hídricos perpassa todos os componentes do ecossistema urbano, desde a localização das populações humanas e não humanas a qualidade da estrutura física e dos recursos, influenciando fortemente na qualidade ambiental e de vida nas cidades (BRAGA, 2003). Diante desse cenário, o planejamento do espaço urbano passa por um processo de revisão. Braga (2003) aponta que a perspectiva de que a água é um recurso finito e ameaçado, ao qual estão ligados aspectos fundamentais da habitabilidade dos centros urbanos, coloca a questão dos recursos hídricos no centro do debate atual sobre a qualidade de vida 12


nas cidades e caracteriza a necessidade de que a bacia hidrográfica seja um referencial fundamental a gestão urbana. De acordo com Leal (2003), essas mudanças permitem uma nova possibilidade de intervenção no atual modelo de sociedade e a construção de novas relações entre a sociedade e a natureza nas quais seja possível a superação da crise hídrico-ambiental, influenciando na gestão urbana e regional e contribuindo para a sustentabilidade do uso e ocupação do solo com a conservação das águas nas bacias hidrográficas.

.área de estudo

A área de estudo é a bacia hidrográfica do Ribeirão Quilombo, uma sub-bacia da bacia hidrográfica do rio Piracicaba. Esta, juntamente com as bacias dos rios Capivari e Jundiaí compõem a UGRH-5, uma Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Dentro da Região Metropolitana de Campinas existem rios dessas três grandes bacias. A bacia do Ribeirão Quilombo, especificamente, tem a sua nascente e de a de seus principais afluentes na região noroeste do município de Campinas, em seguida se estende pelos municípios de Hortolândia, Paulínia, Sumaré, Nova Odessa e Americana, onde se encontra sua foz no rio Piracicaba.

Figura 1 | A Região Metropolitana de Campinas inserida na URGH-5, composta pelas bacias hidrográficas dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí

Figura 2 | A bacia hidrográfica do Ribeirão Quilombo inserida na Região Metropolitana de Campinas

Figura 3 | A bacia hidrográfica do Ribeirão Quilombo 13


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2. discussĂŁo



.o espaço urbano

O desenho das cidades é formado a partir da configuração da sua morfologia, que é resultado das dinâmicas sociais atuantes sobre o espaço urbano. Este é, portanto, um espaço configurado por uma grande quantidade de variáveis e sob o qual atuam diversas forças. De acordo com Gabardo (2001), o espaço urbano é um produto físico, ou seja, a materialização da forma da cidade, e também a representação da organização econômica, social e política do homem, o que caracteriza um processo histórico. Além disso, o espaço urbano é influenciado pela variável tempo, o que faz com que ele esteja em constante processo de transformação, e também apresenta um caráter sensorial, pois ele é vivido, compreendido e apreendido pelos indivíduos o tempo todo. De maneira simplificada podemos considerar que o espaço urbano é composto por diversas camadas sobrepostas e interdependentes em constante processo de modificação e, portanto, para compreender esse espaço e atuar sobre ele é preciso, primeiramente, conhecer todas as suas partes, para depois chegar ao entendimento do todo, de sua estrutura integrada. Entre as muitas camadas que compõem o espaço urbano estão o meio natural, os limite político-administrativos, o sistema rodoviário e ferroviário, a legislação urbanística, a ocupação original e suas fronteiras de expansão, a organização política, a conexão com outros núcleos urbanos, a estruturação econômica e social, entre outros. A incompatibilidade entre essas camadas e os diferentes níveis de compreensão e apreensão do espaço e da paisagem são entraves para a promoção de um desenvolvimento equilibrado no espaço urbano. Franco (1997) afirma que o morador urbano médio experimenta a sua vida cotidiana na cidade por seus padrões de ruas e caminhos de pedestres, áreas comerciais, praças, parques e jardins em áreas residenciais. Porém, existe também uma outra paisagem no espaço urbano que é geralmente ignorada e normalmente está disfarçada, escondida. Ela composta pelas indústrias, ferrovias, lugares institucionais, lotes vagos, vias expressas, glebas abandonadas e as fronteiras d’água junto aos rios, canais e ao mar. Outro exemplo de incompatibilidade apresentada por Franco (1997), que pode ser utilizado para exemplificar conflitos entre diferentes camadas no espaço urbano é a paisagem. A autora afirma que existem três tipos de paisagem e os valores ambientais e sociais conferidos a elas é distinto. O primeiro tipo de paisagem seria o institucionalizado, o resultado de um projeto paisagístico, o segundo seria a paisagem natural, e o terceiro seria a paisagem vernacular, aquela dos jardins e coberturas particulares. Segundo a autora, 17


enquanto o primeiro tipo tem pouca conexão com a dinâmica do ambiente, ele tem um alto valor na opinião pública, enquanto o segundo tipo representa a vitalidade alterada mas não suprimida dos processos naturais e sociais que trabalham na cidade e o terceiro reflete valores culturais, resultado de consenso entre diferentes comunidades e etnias. A utilização da bacia hidrográfica como unidade de planejamento e de compreensão do território, objeto de estudo deste trabalho, também é um exemplo desse tipo de dificuldade. De acordo diversos autores, entre eles Silva e Peres (2010), apesar da ampla aceitação, a incompatibilidade entre os limites das bacias hidrográficas e as delimitações político-administrativas do território constitui um entrave para a difusão do princípio, pois pode criar complicadores para a gestão ambiental e para as articulações da gestão territorial.

.sustentabilidade no espaço urbano

O conceito de sustentabilidade urbana se consolidou na década de 90, quando as temáticas ambiental e urbana foram aproximadas, porém ainda não possui um significado consensual e as abordagens relacionadas ainda são conflituosas (Steinberger (2001), Acselrad (1999), Demantova e Rutkowski (2007)). As divergências entre as produções ficam bastante claras na revisão bibliográfica de Steinberger (2001) quando a autora aponta que “há autores que acreditam no desenvolvimento sustentável/sustentabilidade como um paradigma inovador, outros que o consideram apenas um ponto chave no debate atual e, por fim, os que possuem uma visão mais crítica e alertam para aspectos não contemplados ou para uma utilização distorcida do mesmo”. Rodrigues (2001), por exemplo, apontam o paradoxo existente entre as palavras desenvolvimento e sustentável, pois uma remete a um constante processo de evolução enquanto a outra a estabilidade. Acselrad (1999),coloca em discussão as diferentes representações as quais o conceito é associado. Rodrigues (2001) e Folladori (1999) ainda discutem a preocupação primordial com as futuras gerações, quando, na verdade, as gerações presentes precisam ser atendidas por esses recursos e devem ser as responsáveis por sua manutenção e longevidade. O termo “desenvolvimento sustentável” surgiu em 1987, na Comissão Mundial para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CMMAD), também conhecida como Comissão de Brundtland, evento preparatório para a Conferência das Nações Unidas a ser realizada no Rio de Janeiro. De acordo com Barbosa (2008), esse evento estudou as mudanças climáticas e busco uma resposta para a humanidade perante a crise social e ambiental pela qual o mundo passava a partir da segunda metade do século XX. O produto dessa conferência foi um relatório denominado “Nosso Futuro Comum”, no qual ficou estabelecido que o conceito “desenvolvimento sustentável” implica o uso racional dos recursos naturais, de forma a evitar comprometer o capital ecológico do planeta o que implica em, em última análise, incluir considerações de ordem ambiental no processo de tomada de decisões econômicas, com vista ao desenvolvimento (CMMAD, 1987). 18


No relatório também foram apontados os sucessos e falhas do desenvolvimento mundial e, segundo Franco (2000), a conclusão foi fundamentada numa análise comparativa entre a situação do mundo no começo e no final do século XX e declarava que no princípio do século o número de pessoas existentes e a tecnologia vigente não perturbavam significativamente os sistemas do planeta e que, ao findar do século, a situação mudava radicalmente com as atividades antrópicas alterando completamente a atmosfera, o solo, as águas, as plantas e animais e a relação entre eles. Será na Agenda 21, documento elaborado durante a Eco-92, a Conferência das Nações Unidas realizada no Rio de Janeiro, que o conceito de desenvolvimento sustentável será firmado. A Agenda 21 foi, segundo Setti (1994) um dos documentos oficiais firmados pelos países com compromissos a nível internacional, que tem uma pauta de longo prazo, estabelecendo os temas, projetos, metas, planos e operações de execução para cada tema da conferência. Segundo Franco (2000), apesar de muitas das prospecções do documento se mostrarem irreais diante da crise econômica global que se vive no século XXI, ele continua se constituindo um importante marco referencial para as ações mundiais, na direção da configuração de um novo paradigma ecológico. A principal contribuição desses eventos, dos que os seguiram, e dos documentos por eles elaborados está na ampla divulgação do conceito de desenvolvimento sustentável. A sociedade foi despertada para a necessidade de encontrar novas formas de desenvolvimento econômico que reduzam ou até mesmo anulem os impactos gerados ao meio ambiente. Porém, poucas foram as reflexões para melhor entender a efetiva relação da sociedade com o meio físico-natural (DEMANTOVA, RUTKOWSKI, 2007). Na área de arquitetura e urbanismo o conceito de desenvolvimento sustentável é tomado como premissa para a proposição e desenvolvimento de planejamento urbano e regional, projeto urbano e projeto arquitetônico, em todos os seus níveis e escalas (do território ao objeto). Contudo o resultado da aplicação dos conceitos ligados à sustentabilidade deve originar objetivos, diretrizes, estratégias e programas de necessidades ambientais que tenham como resultado a organização do espaço para as atividades humanas. Ou seja, deve passar do plano teórico e conceitual, para a aplicação prática no território, especialmente no espaço urbano (KALIL, GELPI, 2007). Essa dificuldade em lidar com o tema da sustentabilidade urbana está relacionada a sua complexidade e abrangência. A complexidade pode ser compreendida na ressalva de Ribeiro (1999) de que uma das principais questões para o desenvolvimento sustentável é que ele requer a presença e a negociação de várias formas de capital: financeiro, natural, tecnológico, cultural e físico. Já a abrangência pode ser percebida na afirmação de Steinberger (2001) de que cada vez mais se trabalha a ideia de planejar a sustentabilidade urbana além dos limites da cidade. Um primeiro movimento para superar as dificuldades existentes é, segundo Demantova e Rutkowski (2007), uma mudança de visão/percepção sobre o que é espaço urbano para que seja possível não mais olhar as cidades como es19


paços absolutos, ou seja, estritamente físicos, mas sim como espaços relativos, ou seja, compostos também por um componente social e humano associado aos recursos naturais e processos ecológicos. Rogers (2001) e Spirn (1995) também defendem a compreensão de que as questões ambientais e sociais não podem ser fragmentadas e de que a cidade faz parte da natureza. As especificidades de cada ecossistema e comunidade também precisam ser considerados. Roberto Luis de Monte-Mór (1999) reforça essa relação direta entre o espaço natural e social centrada na conservação das condições ecológicas e sua adequação aos contexto locais e regionais enquanto Demantova e Rutkowski (2007) afirmam que os responsáveis pelos projetos e planejamentos no meio urbano devem levar em conta a identidade natural e também a vocação do lugar. A necessidade de uma abordagem interdisciplinar, devido a quantidade e diversidade de áreas do conhecimento exigidas para o estudo e a intervenção no espaço urbano é apontada por Folladori (1999) e Demantova e Rutkowski (2007) como fundamental. Sua necessidade fica bastante clara quando os movimentos iniciais acima citados são compreendidos. Os mesmos autores também apontam para a necessidade de ferramentas, de instrumentos metodológicos específicos para essa abordagem, já que atualmente muitas das análises ambientais do espaço urbano utilizam instrumentais metodológicos e matrizes discursivas de outras ciências, o que dificulta ou até impede a compreensão real da complexidade que envolve a produção e organização espacial do espaço urbano, comprometendo assim a manutenção e/ou melhoria da sustentabilidade das cidades. Por fim, outra frente de movimento precisa estar relacionada a esfera política, a gestão do espaço urbano e aos instrumentos por meio dos quais ela se dá. Demantova e Rutkowski (2007) apontam a necessidade de interação entre os instrumentos jurídicos, ambientais e urbanísticos para alcançar a ordenação e planejamento do espaço urbano e Ferreira e Ferreira (1992) indicam que mudanças nessa escala exigem uma vontade política geral e dependeria, portanto da adesão a essa perspectiva por parte da opinião pública e das forças políticas e posteriormente da elaboração de regimes políticos de democracia participativa.

.planejamento ambiental

O planejamento ambiental não possui uma definição muito precisa. ALMEIDA et al (1993), afirmam que ora ele se confunde com o próprio planejamento territorial, ora é uma extensão de outros planejamentos setoriais mais conhecidos como, por exemplo, o urbano, apenas acrescido da dimensão ambiental. HIDALGO (1991) define o planejamento ambiental como um processo político, social, econômico e tecnológico, de caráter educativo e participativo, onde líderes políticos, institucionais e comunitários, em conjunto com o poder público federal, estadual e municipal, devem escolher as melhores alternativas para a conservação da natureza, gerando o seu 20


desenvolvimento equilibrado e compatível com o conceito de meio ambiente. Já LANNA (1997), estabelece as etapas que compõe o planejamento ambiental e define que este é um processo que visa organizar a atividade socioeconômica no espaço, respeitando as suas funções ecológicas, a fim de promover o desenvolvimento sustentável. As etapas compõem um processo dinâmico, no qual o conhecimento é constantemente produzido e utilizado, composto por coleta de informações, levantamento de problemas e potencialidades, definição de metas, objetivos e um plano de ação, definição de projetos, planos, atividades e ações e de um sistema de monitoramento. SANTOS (2004) reforça os caráteres dinâmico e contínuo do planejamento ambiental, que envolve coleta, organização e análise sistematizada de informações por meio de procedimentos e métodos para se chegar a decisões para o aproveitamento dos recursos naturais em função de sua disponibilidade. Sinteticamente, os primeiros movimentos dedicados a conservação e preservação dos recursos naturais surgiram nos Estados Unidos, entre os anos de 1890 e 1920. De acordo com ALMEIDA (1993) o livro “Man with Nature”, de George P. Marsh, publicado em 1865, e o trabalho de Gifford Pinchot foram de grande relevância neste período e geraram não só programas públicos como foram precursores de movimentos posteriores. No final da década de 20, também nos Estados Unidos, sob a liderança de Hugh Hammond Bennett, um forte movimento do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos culminou com a criação do Serviço de Conservação do Solo, em 1935. O próximo evento significativo foi a Conferência de Estocolmo, em 1972, que vinculou os conceitos de desenvolvimento e de meio ambiente e cunhou a abordagem do “ecodesenvolvimento”. Um dos principais autores a tratar do tema foi SACHS (1986), e suas obras reforçam o caráter multidisciplinar e integrado desse tipo de abordagem e destacam a especificidade com que cada caso deve ser analisado, pois cada local tem características físicas, culturais e sociais distintas, bem como necessidades específicas. O “ecodesenvolvimento” de Sachs apresenta cinco dimensões: as sustentabilidades social, econômica, cultural, ecológica e espacial. Em seguida o “ecodesenvolvimento” é renomeado de desenvolvimento sustentado e, segundo ALMEIDA (1993), se torna um planejamento participativo, contratual e contextual para a aplicação de políticas, visando a harmonização entre objetivos econômicos, sociais e ecológicos.

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.a bacia como unidade de planejamento

As bacias hidrográficas são definidas como áreas que drenam água, sedimentos e elementos dissolvidos em direção a um ponto comum do canal fluvial, consistindo em uma estrutura básica de organização das águas continentais (BAUZYS, 2007). A adoção da bacia hidrográfica como unidade de planejamento parte da compreensão de que nela todos os elementos que compõem a paisagem apresentam algum tipo de interação. Ela fornece, portanto, uma visão sistêmica e integrada da realidade. Tanto as interações naturais, entre fatores geológicos, hidrológicos e climáticos, como as intervenções antrópicas urbanas alteram significativamente os processos e fluxos originais das bacias hidrográficas (HERZOG, 2013). Coimbra (1999) também aponta a interdependência entre os fatores que compõe a bacia ao afirmar que eles possuem fluxos de energia, matérias e informações cujas relações estabelecidas fazem com que as alterações provocadas em um dos elementos engendrem transformações em todo o conjunto. Para o autor, a bacia hidrográfica deve ser considerada um sistema hídrico-social-ambiental-econômico. A solução que se apresenta para as entidades responsáveis pelo planejamento urbano é, portanto, uma gestão integrada entre as políticas de gestão de recursos hídricos e de gestão do uso e da ocupação do solo urbano. De acordo com Braga (2003), somente assim será possível coibir os processos de degradação do mananciais e ainda atenuar os problemas urbanos decorrentes do desequilíbrio do regime hidrológico urbano. A definição da bacia como unidade geográfica pertinente para atender aos objetivos da gestão integrada não é apenas um reconhecimento da dimensão ecológica, mas também das dimensões sociais, culturais e políticas na compreensão da complexidade dos processos ambientais. Deste modo, a bacia é uma realidade física, mas também um conceito socialmente construído, passando a ser um campo de ação política, de partilha de responsabilidades e de tomada de decisões (CUNHA e COELHO, 2003). Entre as vantagens da adoção da bacia hidrográfica como espaço territorial para a implementação de uma gestão integrada dos recursos hídricos estão, de acordo com Cepal (1999): a possibilidade de superar barreiras impostas por limites e setores políticos e administrativos, pois facilita a comunicação entre estes; a maior facilidade para sistematizar e executar ações dentro de um único espaço no qual existam diversos atores; a possibilidade de se avaliar os resultados alcançados em termos de sustentabilidade ambiental; o respeito ao ambiente e seu funcionamento físico-ecológico; a minimização de conflitos e da violência quando se considera os aspectos sociais do meio; o desenvolvimento econômico, consequência do melhor uso dos recursos naturais e da infraestrutura existente. Apesar de a gestão urbana e regional possuir diversas interfaces com a dos recursos hídricos, existem várias conflitos 22


que dificultam a sua interação quando se propõe a adoção da bacia hidrográfica como unidade físico-territorial de planejamento. De acordo com Antônio Cezar Leal (2003), algumas das dificuldades encontradas são a compatibilização dos limites territoriais e administrativos do território com os limites físicos da bacia, a garantia do uso múltiplo das águas e a construção de uma nova cultura ambiental, que ofereça novas referências espaciais para a população. De acordo com Pires Neto (1998) esse processo educativo e de conscientização tanto da população quanto dos setores administrativos da cidade fica facilitado pelo apelo e interesse que as águas detêm. Independentemente do modo como se agrupam no território e dos limites administrativos e políticos vigentes, todos os habitantes de uma cidade possuem uma relação de dependência para com a bacia hidrográfica e enfrentam as mesmas dificuldades no dia-a-dia. A falta de água, as falhas dos sistemas de drenagem, as inundações e enchentes, a qualidade da água oferecida pela rede pública, a ocupação irregular das margens e as doenças causadas pelo acúmulo de lixo e detritos nos córregos e rios são apenas alguns dos problemas que afetam, de maneira coletiva e imparcial, um grande número de pessoas simultaneamente. A bacia hidrográfica consiste em um sistema complexo e inconstante e Leal (2003) lembra que é preciso analisar cada espaço específico de delimitação territorial, não considerando apenas os limites da bacia, mas o uso e ocupação do solo, a organização espacial e as integrações de sistemas hidráulicos. Rutkowski (1999) segue essa linha de raciocínio e afirma que a gestão das águas urbanas não pode definir o meio natural bacia hidrográfica como alvo de intervenção e utiliza o termo bacia ambiental. Para a autora, essa unidade relativiza o espaço físico, flexibiliza seus limites e privilegia as interações nos diversos níveis, permitindo uma análise holística/ global e dinâmica da situação quando o foco da ação é uma área urbanizada, ou seja, um espaço essencialmente antropizado. Alguns dos países que adotam a delimitação de bacias hidrográficas como limites de gestão e planejamento são, segundo Burlon e Berthon (1993), França, Espanha, Grécia, Portugal, Reino Unido e Estados Unidos. Segundo Collares (2000), a grande autonomia dos estados nos Estados Unidos faz com que ocorram algumas dificuldades para a implantação e execução desse sistema. Já na França o sistema é descentralizado, com a participação da comunidade, prevê a cobrança pelo uso da água e é organizado por três entidades: um comitê de Bacia, uma Agência de Bacia e as Comunas e Departamentos. O Estado encontra-se acima dessas entidades e é responsável por uma atividade de monitoramento das fontes poluidoras e/ou consumidoras e exerce a tutela sobre as agências e comitês. É este o modelo que vem sendo utilizado como referência no Brasil. Um dos instrumentos brasileiros que segue essa influência é a Política Nacional de Recursos Hídricos, estabelecida 23


pela Lei Federal n° 9.433/97. Nela ficam estabelecidos como instrumentos de atuação os planos de recursos hídricos; o enquadramento dos corpos de água em classes segundo os usos preponderantes da água; a outorga de direitos de uso dos recursos hídricos; a cobrança pelo uso dos recursos hídricos; a compensação a municípios; o sistema de informações sobre recursos hídricos. Já a Lei Estadual n° 7.663/91 estabelece como instrumentos os planos de recursos hídricos; infrações as normas de utilização dos recursos superficiais ou subterrâneos e aplicação de penalidades; a cobrança pelo uso dos recursos hídricos; o rateio dos custos das obras de uso múltiplo, ou de interesse comum ou coletivo dos recursos hídricos. De acordo com Leal (2003), dos instrumentos previstos na lei paulistana destacam-se, pelo potencial de intervenção na gestão urbana e regional, o plano de recursos hídricos, a outorga e a cobrança pelo uso dos recursos. É importante considerar também que a adoção da bacia hidrográfica como unidade de planejamento não contribui para as atividades administrativas e de gestão ambiental das cidades apenas quando implantada integral e completamente. A compatibilização de planejamentos setoriais desenvolvidos por unidades administrativas independentes é uma alternativa, bem como o desenvolvimento e manutenção de um banco de dados unificado, no qual diversos agentes isolados possam ter acesso a informações relativas a bacia como um todo e aos projetos que estão sendo desenvolvidos em toda a sua extensão. Ainda que o planejamento urbano não faça uso da bacia hidrográfica como unidade de planejamento, a consciência de que os recursos hídricos, sociais, econômicos e ambientais devem ser geridos de maneira integrada devido a sua interdependência é um importante passo no caminho para a elaboração de projetos e criação de cidades mais saudáveis, justas e sustentáveis.

.projeto de cursos d’água em meio urbano

Na busca por arquitetos que abordaram a temática dos rios urbanos e por referências de planejamento ambiental com este enfoque, o trabalho de GORSKI (2008, 2010) se destaca. A autora, em sua tese de mestrado e posterior adaptação para livro, aborda a temática com profundidade e analisa estudos de caso nacionais e internacionais. A partir da análise dos estudos de caso através de um roteiro unificado, a autora concluiu que todos eles partem de uma ótica que privilegia a sustentabilidade do ambiente urbano de modo integrado, justamente pela essência do objeto de estudo, a bacia hidrográfica e elaborou cinco princípios para a orientação deste tipo de projeto (Figura 4). São eles: 1) A recuperação e proteção do sistema fluvial Este princípio consiste, basicamente, na caracterização do sítio e dos ecossistemas a ele associados. É preciso entender o rio urbano no contexto da bacia hidrográfica e caracterizá-lo ao longo de sua extensão, identificando as carac24


terísticas dos trechos compreendidos nas áreas urbanizadas. O ideal é subdividi-lo em trechos a serem tratados de acordo com as suas especificidades, porém sem perder a noção de continuidade. Os principais temas associados a este princípio são a qualidade da água (fonte, proteção das nascentes, várzeas ou planícies de inundação, vegetação ribeirinha, contribuição de poluentes e resíduos), características hidrológicas e morfológicas do rio (ciclo hidrológico, dinâmica do curso d´água, processos de erosão e sedimentação do leito fluvial), ecossistemas e biodiversidade (florestas ripárias, conectividade entre fragmentos de vegetação, diversidade da fauna), drenagem e permeabilidade do solo (áreas de absorção e galerias de drenagem). 2) A articulação com políticas urbanas Para que um plano de recuperação dos rios no meio urbano, ou da própria bacia hidrográfica, seja de fato abrangente, ele deve integrar-se as políticas que incidem sobre o território, particularmente as políticas urbanas, de uso e ocupação do solo e de desenvolvimento econômico. Este princípio está, portanto, associado as esferas governamentais federal, estadual e municipal e os atores integrantes do processo de desenvolvimento do plano e seus principais temas são o planejamento do uso e ocupação do solo e os ecossistemas fluviais e a elaboração de metas de desenvolvimento econômico integradas a metas ecológicas (políticas envolvendo a geração de empregos e de renda). 3) A inserção do rio no tecido urbano Normalmente o rio é encarado como um obstáculo para a expansão e funcionamento da malha urbana. É preciso, portanto, reintegrá-lo por meio de conexões transversais, longitudinais e também prover acesso atraente e seguro para as orlas. Os principais temas relacionados a este princípio são a conexão intraurbana (verificar em que medida os bairros estão integrados bem como planejar novas conexões) e permitir o acesso ao rio e a atividades de lazer (implantar áreas verdes públicas seguras e de fácil acesso). 4) A valorização da identidade local e do sentido de cidadania A história do rio e sua relação com a cidade é muito particular e trata-se de um significativo fator de identidade que pode estar associado a atividades de caráter cultural, recreacional, esportivo, produtivo, religioso, entre outros. Além disso, essa identidade é um fator de grande potencial de motivação para adesão a movimentos de preservação ou recuperação dos rios urbanos. Os principais temas relacionados a este princípio são a recuperação e proteção do patrimônio cultural e ambiental 25


(identificação dos valores materiais e imateriais a serem preservados) e a sensibilização e participação da sociedade civil na elaboração do plano. 5) A implementação, o monitoramento e a gestão dos planos Os principais temas relacionados a este princípio são a elaboração de um plano de recuperação do sistema fluvial no contexto da bacia hidrográfica, a análise da viabilidade econômica (estratégias para a captação de recursos), e o monitoramento e gestão (esta atividade não tem prazo para terminar, pois o projeto deve ser elaborado em etapas e constanetemente monitorado).

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Figura 4 | Síntese dos princípios apresentados por Gorski (2010). Infográfico elaborado pela autora. 26

e

. qualidade da água . características hidrológicas e morfológicas do rio . ecossistemas e biodiversidade . drenagem e permeabilidade

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conexão intraurbana. acesso ao rio e atividades de lazer.

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recuperação e proteção do patrimônio cultural e ambiental. sensibilização e participação da sociedade civil na elaboração do plano.

. planejamento do uso e ocupação do solo e ecossistemas fluviais . metas de desenvolvimento econômico integradas as metas ecológicas


.ecologia industrial

O conceito de ecologia industrial é desenvolvido na década 70, em um período marcado pela intensificação dos problemas ambientais, legislações regulatórias ineficazes, pressão social e, segundo Dalbelo (2012), de agitação da atividade intelectual decorrente dos primeiros anos do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Até este momento, as atividades industriais eram concebidas independentemente do ambiente, assim, nos primeiros estudos relativos aos problemas ambientais, a tendência era situá-los fora do sistema produtivo (PEREIRA et al, 2007). De maneira simplificada, o conceito de Ecologia Industrial pode ser entendido como o estudo das interações entre o sistema industrial e ecológico (GARNER e KEOLEAN, 1995), com a compreensão de que o sistema industrial é um subsistema da biosfera (GRAEDEL e ALLENBY, 2010). Segundo Dalbelo (2012), isso significa que a indústria deixa de ser uma grande consumidora de energia para estabelecer uma relação benéfica com o meio em que está inserida, na qual a energia deve fluir em apenas um sentido, para se configurar um ciclo, de forma que os produtos resultantes e descartados de um processo e sua energia possam ser considerados insumo de produção para outro processo. Sistema Industrial

Sistema Natural

Sistema Natural

Sistema Industrial

Figura 5 | Interação entre sistemas industrial e natural. Fonte: Dalbelo (2012).

“Um ecossistema industrial é a transformação do modelo tradicional de atividade industrial, no qual cada fábrica, individualmente, demanda matérias-primas e gera produtos a serem vendidos e resíduos a serem depositados, para um sistema mais integrado, no qual o consumo de energia e materiais é otimizado e os efluentes de um processo servem como matéria-prima de outro” (FROSCH E GALLOPOULOS, 1989). De acordo com Pereira et al (2007), a ecologia industrial é uma estratégia integradora, com metas claras e baseadas em três pilares: o uso sustentável de recursos, a preservação ambiental e a promoção de equidade inter-gerações. Ainda segundo os autores, enquanto o modelo econômico hegemônico não admite nenhum princípio de auto-limitação, a Ecologia Industrial procura tecer as redes e fluxos que interligam as atividades de produção e produtos aos ciclos naturais, o que incorpora o conceito de sustentabilidade dentro dos sistemas produtivos. Segundo Chertow (2000), são três os níveis de abordagem da Ecologia Industrial, e eles funcionam de acordo com a sua escala de atuação. A tabela a seguir sistetiza os níveis e suas respectivas ferramentas.

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INDÚSTRIA (interno) Prevenção da Poluição; Produção mais Limpa; Projeto para o Meio Ambiente; Contabilidade Verde.

Desenvolvimento Sustentável Ecologia Industrial ENTRE INDÚSTRIAS Análise de Ciclo de Vida; Ecossistema Industrial; SI (Simbiose Industrial); PIE (Parque Ecologia Industrial); Iniciativas setoriais (atuação responsável).

REGIONAL OU GLOBAL Analise do Fluxo de Materiais e Energia; Planejamento Estratégico; Plano de Desenvolvimento Regional ou Nacional; AAE.

Tabela 1| Níveis de abordagem da ecologia industrial. Fonte: Chertow (2000).

Outro conceito importante para a implementação dessas abordagens é o de Simbiose Industrial, termo que, de acordo com Pereira et al (2007), no contexto da Ecologia Industrial, é a cooperação tanto dos processos produtivos dentro de uma mesma empresa quanto entre várias empresas diferentes, que trocam e partilham entre si diversos serviços e materiais. A relação intrínseca entre indústria e cidade justificam a relevância da discussão, pois as cidades dependem das atividades industriais para a fabricação de seus insumos e para a manutenção dos seus serviços, de forma a criar relações espaciais e funcionais com as indústrias, que, por sua vez, também são responsáveis pela poluição e por grande impacto ambiental nos centros urbanos. A relação entre cidade e indústria pode variar de acordo com o grau de desenvolvimento político e econômico da cidade (XUMEI e HEINZ, 2011). Da mesma forma como as atividades industriais em uma determinada área podem ser tidas como um ecossistema industrial, as atividades humanas em uma cidade também podem ser vistas com um ecossistema urbano. Essa comparação permite a aproximação da temática industrial no contexto do urbanismo, uma vez que se a indústria está contida na cidade, o ecossistema industrial está contido no ecossistema urbano e ambos interagem de forma a integrar seus elementos (DOUGLAS et al, 2011). A seguir são apresentadas tabelas que sistetizam as diretrizes gerais para a implantação de parques industriais (Tabelas 2 e 3). Schlarb (2001) apresenta diretrizes que devem ser consideradas no projeto no que diz respeito as instalações prediais, a seleção dos materiais e dos equipamentos para a construção de um EPI e premissas urbanistas (Tabela 2). Já Cotè et al (1994) estabelece 38 diretrizes para o projeto e a construção de um EPI, considerando todos os aspectos que possam ser envolvidos.

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Tabela 2 | Diretrizes gerais para a implantação de parques industriais

Fonte: SCHLARB, 2001.

PROJETO DAS INSTALAÇÕES

SELEÇÃO DE MATERIAIS E EQUIPAMENTOS

PROJETO URBANO

Orientação das instalações considerando o micro clima local, como a direção dos ventos, a temperatura e o nível de precipitações Planejamento das instalações considerando a direção de maior incidência de luz natural Planejamentos das instalações considerando as melhores opções de conforto ambiental: insolação, ventilação, acústica do entorno e materiais de construção Avaliação do desempenho ambiental da construção através de ACV Consideração sobre a possibilidade de co-geração de energia ou adaptação do sistema de energia em cascata Consideração sobre a possibilidade de reuso de água e captação de água pluvial Consideração sobre ACV dos materiais de construção no momento da sua escolha Utilização de materiais de baixo impacto Utilização de materiais recicláveis Utilização de sistemas flexíveis de ventilação, aquecimento e condicionamento Preservação os ecossistemas locais Incorporação do ecossistema ao projeto urbano e de infraestrutura Preservação de espécies nativas Consideração da orientação solar do terreno e do micro clima Utilização de espécies vegetais que possam apresentar melhorias climáticas para o ambiente

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Tabela 3 | Diretrizes de design ecológico para um EPI Fonte: COTÈ et al, 1994.

Designers, arquitetos e engenheiros devem levar em consideração as funções e atribuições do ecossistema, principalmente os relacionados ao fluxo de água; Manter as zonas alagadiças para fortalecer o habitat, filtrar as águas de superfície e, quando possível, tratar a água residual; Replantar vegetação natural para agregar valor à paisagem, proteção contra os ventos e sombras. Todas as estruturas deverão ter acesso à exposição ao Sul para ganho solar passivo; O desenho das ruas deve facilitar a orientação dos edifícios a fim de maximizar o acesso solar de um lado e a proteção contra o vento de outro lado; Locar edifícios e negócios para fazer um uso mais efetivo do calor residual, água e outros recursos; Incentivar a flexibilidade do local de planejamento para considerar como o uso do local pode variar ao longo do tempo; Manter as formas e características da paisagem que dão o suporte ecológico às funções e a eficiência energética; Manter algumas áreas selvagens como parque ou corredores ecológicos para manter a fauna; Diminuir a quantidade de território interrompido para o desenvolvimento local, como a instalação de edifícios, infraestrutura e áreas de estacionamento; Designar locais para vegetação em parques, que podem ser usados por funcionários, restaurantes ou atividades de comércio; Quando as áreas alagáveis não existirem no local, construir ecossistemas aquáticos com o uso de luz solar, bactérias e plantas para quebrar tóxicos e concentrações de metais e tratar o material orgânico de esgoto; Fazer biotratamento de água cinza proveniente de restaurantes e processos alimentícios com filtragem e sistema solar aquático de purificação; Considerar a natureza e a composição dos materiais de construção para reduzir as emissões de gás carbônico no ambiente de trabalho; Isolar os edifícios das condições de calor utilizando tecnologias e práticas não prejudiciais ao edifício; Desenhar os edifícios para reduzir as perdas de calor, como grandes áreas envidraçadas com marquises ou longe de ventos de inverno; Usar calor residual de processos para aquecimento de ambientes; Pequenos edifícios devem considerar o uso de painéis solares fotovoltaicos para aquecer a água; Usar calor geotérmico e ventiladores de recuperação de calor para aquecimento e troca de ar; Coletar água de chuva para combate a incêndios, irrigação, descargas e outros processos; 30


Instalar torneiras e válvulas de descarga com baixo fluxo de água; Padronizar materiais de construção o quanto for possível para reduzir o desperdício durante a construção e estimular o reuso dos materiais; Construir com produtos pré-fabricados e técnicas que não utilizem pregos para facilitar a flexibilidade do layout e o reuso dos materiais; Incentivar o reuso de materiais de construção, estabelecendo normas no EPI que exijam materiais duráveis que possam ser reutilizados; Usar veículos e máquinas elétricas o máximo possível; Incentivar a recuperação, o reuso e a reciclagem de resíduos químicos e metálicos; Evitar o máximo possível o uso de substâncias perigosas, caso contrário, reduzir os volumes estocados; Reduzir o uso de substâncias tóxicas e produtos químicos persistentes; Incentivar o uso de substâncias não tóxicas, não perigosas, limpas e de abastecimento no EPI; Incentivar o uso de materiais que possam ser facilmente reciclados, no EPI e no meio urbano; Incentivar a criação de empresas de reparação, manutenção e recondicionamento de produtos; Requerer a separação do lixo para incentivar a reparação, o reuso e a reciclagem; Incentivar a compostagem e outros usos para os resíduos orgânicos; Instalar centros de reciclagem nos edifícios para facilitar a coleta e a transferência de materiais; Adotar instrumentos de economia que incentivem a produção mais limpa, penalizando a geração de resíduos; Montar um sistema de informação e incentivo à atração de empresas que podem usar materiais residuais; Apoiar cooperativas de aquisição e gerenciamento de resíduos; Desenvolver estações de produção de vapor de água, eletricidade para aquecimento ou resfriamento, no EPI.

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Tabela 4 | Exemplos de parques indústriais Fonte: DALBELO, 2012. Imagens: Google Maps.

Kalundborg | Dinamarca | 1961 A primeira troca entre indústrias aconteceu por meio de um projeto para utilizar água de um lado para o refinamento de petróleo, a fim de poupar as reservas limitadas de água subterrânea. Além dos resíduos industriais, são compartilhados água (superficial, residual, vapor) eletricidade. É um dos principais exemplos de simbiose industrial e incentivou o desenvolvimento de outros projetos entre indústrias na região.

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Londonberry Eco Industrial Park | EUA | 1996 O fácil acesso a Boston, e o aeroporto são de grande relevância para o empreendimento. Entre as diretrizes do parque estão o incentivo à arquitetura industrial sustentável, o tratamento compartilhado de águas residuais e a utilização de convênios que garantem a prática da ecologia industrial.

Synergy Park | Austrália | 1994 Primeiro investimento em ecologia industrial da Austrália. O plano diretor do parque direciona as indústrias para o compartilhamento de instalações de segurança, estações de tratamento de água e de esgoto, central de geração de energia, edifícios de serviços gerais, compartilhamento de resíduos, matérias-primas e transporte.

Port of Cape Charles Sustainable Technologies Industrial Park | EUA | 1961 Primeira área com simbiose industrial dos EUA. Foi incorporado a uma área de população de baixa renda e sem empregos, com o objetivo de criar mão de obra qualificada, proteger e melhorar os recursos naturais e culturais da região e apoiar o desenvolvimento comercial e industrial.


3.planejamento ambiental



. levantamento

. UGRH-5: Piracicaba, Capivari e Jundiaí A Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos no.5 - UGRHI 5, correspondente às Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, localiza-se na região leste do Estado de São Paulo, desde a divisa com o Estado de Minas Gerais até o Reservatório da Usina de Barra Bonita, no Rio Tietê, numa extensão retilínea de, aproximadamente, 230 km (CBH - PCJ, 2000). A bacia conjunta dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, os últimos afluentes do Médio Tietê, estende-se por 14.042,64 km2, em território paulista, sendo 11.313,31 km2 correspondentes à Bacia do Rio Piracicaba, 1.611,68 km2 correspondentes à Bacia do Rio Capivari e 1.117,65 km2 correspondentes à Bacia do Rio Jundiaí. As três bacias desenvolvem-se paralelamente no sentido leste/oeste (CBH - PCJ, 2000). As principais cidades localizadas na UGRHI-5 são: Campinas, Piracicaba, Jundiaí, Limeira, Americana, Sumaré, Santa Bárbara d’Oeste e Rio Claro. A bacia do rio Piracicaba, onde está inserida a sub-bacia de interesse deste trabalho, tem suas cabeceiras na serra da Mantiqueira, no Estado de Minas Gerais e sua foz no Rio Tietê. Os seus principais formadores são os rios Atibaia e Jaguari e os seus principais cursos d’água são os rios Piracicaba, Jaguari, Atibaia, Camanducaia, Corumbataí, Passa Cinco e Ribeirões Anhumas, Pinheiros e Quilombo.

Legenda: Bacia Hidrográfica do Rio Piracicaba Bacia Hidrográfica do Rio Capivari Bacia Hidrográfica do Rio Jundiaí UGRH-5 Sub-bacias Rios 20km escala gráfica

Figura 6 | UGRH-5 Piracicaba, Capivari e Jundiaí Referência: Consórcio PCJ, 2000. 35


. Bacia Hidrográfica do Ribeirão Quilombo características físicas A bacia hidrográfica do Ribeirão Quilombo está inserida na Unidade Hidrográfica de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo (UGRHI-5). A extensão de seu curso é de 106,3 quilômetros, sua profundidade média varia entre 2 e 4 metros e sua largura varia de 8 a 12 metros (COLOMBO, 2002). A bacia hidrográfica do Ribeirão Quilombo tem área de drenagem de 396 quilômetros quadrados e está inserida dentro dos limites administrativos dos municípios de Americana, Campinas, Hortolândia, Nova Odessa, Paulínia e Sumaré, que fazem aparte da Região Metropolitana de Campinas (Tabela 5 e Figura 7). município Americana Campinas Hortolândia Nova Odessa Paulínia Sumaré Total

área total (ha) 13368,80 79592,30 6225,30 7332,20 13938,70 15311,90 135769,20

área da bacia (ha) 4381,50 7177,10 6222,30 5908,10 2603,10 12612,20 38904,30

área da bacia (%) 32,80 9,00 100,00 80,60 18,70 82,40 28,70

Tabela 5 | Municípios que compõe a Bacia Hidrográfica do Ribeirão Quilombo Referência: FILHO, MATTOS, ORSI, VICENTE, VICENTE. 2006.

composição da bacia (%) 11,30 18,40 16,00 15,20 6,70 32,40 100,00

Legenda: Bacia Hidrográfica do Rio Piracicaba Bacia Hidrográfica do Rio Capivari Bacia Hidrográfica do Rio Jundiaí Ribeirão Quilombo Municípios da Região Metropolitana de Campinas Municípios que fazem parte da B.H. do Rib. Quilombo 10km escala gráfica

36

Figura 7 | As bacias hidrográficas da Região Metropolitana de Campinas Referência: Sanasa, 2013.


Em sua área de extensão territorial a bacia é atravessada por quatro rodovias estaduais (SP330 – Anhanguera, SP 340 – Gov. Adhemar de Barros, SP 101 – Jornalista Francisco Aguirre Proença e a SP 065 - Dom Pedro I) e por um trecho de ferrovia administrado pela Ferroban (Figura 8). O Ribeirão Quilombo tem as suas nascentes localizadas na região noroeste do município de Campinas e a sua foz no município de Americana, onde desemboca na margem esquerda do rio Piracicaba depois de ser represado na antiga hidrelétrica de Cariobinha. De acordo com Castro (2012), as nascentes estão canalizadas e incorporadas a rede de drenagem pluvial pública e localizadas em uma área urbanizada do bairro Jardim Chapadão, em uma região previamente ocupada por pedreiras e atualmente ocupada por um parque público e um clube privado. Ainda de acordo com o autor, os córregos Boa Vista e da Lagoa são afluentes contribuintes do Quilombo e suas nascentes se localizam em áreas não urbanizadas. As nascentes do Córrego Boa Vista se localizam no bairro homônimo enquanto as nascentes do Córrego da Lagoa no bairro do Jardim Chapadão, respectivamente dentro das Fazendas Chapadão, pertencente ao Exército Brasileiro, e da Fazenda Santa Eliza, pertencente ao Instituto Agronômico de Campinas (IAC), órgão ligado ao Governo do Estado de São Paulo. As nascentes do Córrego da Lagoa formam três grandes lagoas situadas em áreas não urbanizadas do Exército e do IAC e o córrego por elas formado atravessa os bairros do Jardim Chapadão, da Chácaras Campos do Amarais e passa pelos loteamentos Jardim Santa Mônica, Jardim São Marcos e Jardim Campineiro em uma região de várzea. Já as nascentes do Córrego Boa Vista se originaram em áreas de urbanização mais consolidada e o córrego atravessa os bairros da Vila Boa Vista, Parque Via Norte, Jardim Eulina e Vila Padre Anchieta, numa região com baixas declividades. Segundo levantamento de Bauzys (2010), a topografia da bacia do Ribeirão Quilombo (Figura 9) é formado por declives fracos. A maior parte da bacia está em áreas com classes de 0 a 6% de inclinação e apenas alguns pontos esparsos atingem 12%. Quanto a altimetria, as altitudes variam de 525m a 735m.

37


Ro d. h An an

iróz

gu

Rod. Luis de Que

a

er

Legenda: Americana Nova Odessa Sumaré Hortolândia Paulínia Campinas marcha urbana no ano 2000 expansão da mancha urbana até 2020 estrada marginal principais rodovias ferrovias afluentes

m Pedro

Rod. Do

10km escala gráfica

Figura 8 | Limites administrativos, rodovias, ferrovias e mancha urbana Referência: PD de Macrodrenagem do Ribeirão Quilombo, 2009. 38

Rod. Bandeirantes

I


Legenda: Bacia Ribeirão Quilombo curvas de nível Ribeirão Quilombo afluentes 10km escala gráfica

Figura 9 | Topografia da bacia do Ribeirão Quilombo Referência: PD de Macrodrenagem do Ribeirão Quilombo, 2009.

39


A geologia (Figura 10 e Tabela 6), de acordo com o relatório do CBH-PCJ (2000), apresenta quatro unidades de formação geológica: uma formação correlata a Formação Rio Claro, Formações Instrusivas Básicas Tabulares, Formação Serra Geral e o Grupo Itacaré.

Legenda: Formação Rio Claro Formação Intrusiva Básica Tabular Formação Itararé Formação Serra Geral limites administrativos dos municípios rodovias ferrovias hidrografia 10km escala gráfica

Figura 10 | Formação geológica da bacia do Ribeirão Quilombo Referência: Consórcio PCJ, 2000.

Formação Cobertura Cenozóica Indiferenciada Correlatas a Formação Rio Claro Intrusiva Básica Tabular Itararé

Serra Geral

Características arenitos finos a médios, argilosos, com niveis subordinados de argilitos e arenitos conglomeráticos soleiras diabásicas, diques básicos em geral incluindo diabásios, dioritos pórfiros, lamprófiros, andesitos, monzonitos pórfiros e traquiandesitos Depósitos glaciais continentais, glácio-marinhos, fluviais, deltaicos, lacustres e marinhos, compreendendo principalmente arenitos de granulação variada, imaturos, passando a arcósios; conglomerados, diamictitos, tilitos, siltitos, folhelhos, ritmitos; raras camadas de carvão Rochas vulcânicas toleíticas em derrames basálticos de coloração cinza a negra, textura afanítica, com intercalações de arenitos intertrapeanos, finos a médios, de estratificação cruzada tangencial e esparsos níveis vitrofíricos não individualizados

Tabela 6 | Características das formações geológicas da Bacia do Ribeirão Quilombo. Referência: Relatório PCJ, 2000. 40


Quanto a geomorfologia (Figura 11 e Tabela 7), a bacia do Ribeirão Quilombo é composta, em 85% de sua área, por colinas amplas, com interflúvios superiores a 4km², topos extensos e aplainados, vertentes retilíneas a convexas, drenagem subdendrítica de baixa densidade, vales abertos e planícies aluviais restritas. Corresponde a ocorrência geológica da Formação Itararé, de idade carbonífera, onde predominam arenitos e arcósios e subsidiariamente, diamictitos, siltitos e folhelhos. São áreas pouco cultivadas, quase sempre pastagens, com ocorrência de cerrados e campos cerrados muito pobres. Já os 15% restantes, situados na sua porção sudeste, apresenta morrotes alongados e espigões, topos angulosos a achatados, vertentes ravinadas, vales fechados, densidade de drenagem média a alta. Corresponde à ocorrência geológica de diabásios tabulares de idade juro-cretácea.

Legenda: Colunas médias Colunas amplas Morrotes alongados e espigões limites administrativos dos municípios rodovias ferrovias hidrografia 10km escala gráfica

Figura 11 | Formação geomorfológica da bacia do Ribeirão Quilombo Referência: Consórcio PCJ, 2000.

Relevo colunas médias

colunas amplas

Características Predominam interflúvios com área superior a 4 km², topos extensos e aplainados, vertentes com perfis retilíneos a convexos. Drenagem de baixa densidade, padrão subdendrítico, vales abertos, planícies aluviais interiores restritas, presença even tual de lagoas perenes ou intermitentes Predominam interflúvios com áreas de 1 a 4 km², topos aplainados, vertentes com perfis convexos a retilíneos. Drenagem de média a baixa densidade, padrão sub-retangular, vales abertos a fechados, planícies aluviais interiores restritas, presença eventual de lagoas perenes ou intermitentes. 41


morretes alongados e espigões

predominam interflúvios sem orientação preferencial, topos angulosos a achatados, vertentes ravinadas com perfis retilíneos. Drenagem de média a alta densidade, padrão dendrítico, vales fechados.

Tabela 7 | Geomorfologia da Bacia do Ribeirão Quilombo. Referência: Relatório PCJ, 2000.

De acordo com o levantamento apresentado pelo Plano Diretor de Macrodrenagem do Ribeirão Quilombo, a classificação hidrológica dos solos da bacia apresenta as seguintes proporções e tipos de solo:

Legenda: Solo tipo 2 - 85% da área da bacia Solo tipo 1 - 15% da área da bacia limites administrativos dos municípios rodovias ferrovias hidrografia 10km escala gráfica

Figura 12 | Classificação hidrológica dos solos Referência: PD de Macrodrenagem do Ribeirão Quilombo, 2009.

O tipo de solo 1 apresenta a seguinte composição: 60% de classe A, ou seja, solos arenosos com baixo teor de argila, teor de humus < 1%, sem rocha até profundidade 1,5 m; 30% de classe B, ou seja, solos arenosos menos profundos que A, com argila até 15%. Teor de humus até 1,5%; 10% de classe C, ou seja, solos barrentos com teor de argila de 20 a 31%, com camada mais densificada mas não impermeável, a 0,60 m de profundidade. Tabela 8 | Composição do solo tipo 1. Referência: PD de Macrodrenagem da Bacia Hidrográfica do Ribeirão Quilombo, 2009.

42


Enquanto o tipo de solo 2 apresenta a seguinte composição: 75% de classe C, ou seja, solos barrentos com teor de argila de 20 a 31%, com camada mais densificada mas não impermeável, a 0,60 m de profundidade; 20% de classe D, ou seja, solos argilosos (30 a 40% de argila), com camada densificada a 0,5 m de profundidade ou então solos arenosos com camada argilosa quase impermeável ou horizonte de seixos rolados; 5% de classe E, ou seja, solos barrentos com camada impermeável ou rocha, ou então, com teor de argila > 40%.

Tabela 9 | Composição do solo tipo 2. Referência: PD de Macrodrenagem da Bacia Hidrográfica do Ribeirão Quilombo, 2009.

A bacia recebe influência das massas de ar Tropicais Atlântica e Continentais e Polar Atlântica. A distribuição e ocorrência de chuvas, bem como o regime térmico são afetados pela distância do mar e pelo relevo. O regime pluviométrico é tropical típico, e normalmente o período chuvoso ocorre de outubro a abril, e o de estiagem de maio a setembro. Os índices de precipitação pluviométrica situam-se entre 1200 e 1800mm anuais. Quanto ao regime térmico, ele apresenta características tropicais e subtropicais.

43


hidrografia completa

1

2 3

4

6

5 10

8

23 22

7 9

12

13

24

11 25 20

19

14

26 Legenda: marcha urbana no ano 2000 expansão da mancha urbana até 2020 Bacia do Ribeirão Quilombo hidrografia completa delimitação das sub-bacias 10km escala gráfica

Figura 13 | Hidrografia completa da Bacia do Ribeirão Quilombo. Referência: PD de Macrodrenagem do Ribeirão Quilombo, 2009. 44

27 18

15

21

16 17


identificação

Tabela 10 | Sub-bacias da Bacia Hidrográfica do Ribeirão Quilombo Referência: PD de Macrodrenagem do Ribeirão Quilombo, 2000.

denominação

1 2 3 4 5

Córrego Fazenda Angélica Córrego dos Pylles Córrego da Lagoa Córrego do Galo Córrego da Cachoeira

6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26

Córrego dos Lopes Córrego do Recanto Córrego Represa Córrego Capuava Córrego Sao Francisco Córrego Palmital Córrego Faz. Nova Veneza Rio Pinheirinho Rio Taquara Branca Córrego Terra Preto Córrego Santa Clara Rio Jacuba Córrego do Tijuco Preto Córrego Boa Vista Córrego Fazenda do Deserto Córrego da Lagoa

27

Ribeirão Quilombo

município no qual está inserida Americana Americana Americana Americana Americana / N. Odessa N. Odessa N. Odessa N. Odessa N. Odessa N. Odessa / Sumaré N. Odessa / Sumaré Sumaré Sumaré Sumaré Sumaré Hortolândia Hortolândia Hortolândia Sumaré / Hortolândia Sumaré Campinas Sumaré / Paulínia Paulínia

área (km2) 17,1 3,17 7,08 2,70 8,38

Campinas Campinas Campinas

8,09 2,75 26,28

Campinas

10,56

9,84 15,14 3,00 4,16 11,15 13,75 2,58 4,10 25,47 23,16 9,91 15,82 37,82 4,25 15,37 18,45 6,57 18,58

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vegetação

O levantamento do Inventário Floresta do Estado de São Paulo, indica que a bacia possui alguns fragmentos de mata, capoeira e reflorestamento. A mata consiste nos remanescentes de Mata Atlântica e a capoeira, na vegetação que surge após a destruição da cobertura vegetal primitiva (ação antrópica), posterior abandono e sucessão natural. A principal cultura agrícola encontrada na bacia é a de cana-de-açúcar, de acordo com o Consórcio PCJ. Município Americana Nova Odessa Sumaré Paulínia Hortolândia Campinas Total

vegetação vegetação floresta estacional floresta nativa (ha) nativa (%) semidecidual (ha) ombrófila densa (ha) 314 2,2 924 140 2,3 510 32 0,3 188 101 366 2,6 586 42 0,7 102 2294 2,6 773 4520 3188 10,7 2981 4723

formação arbórea/ arbustiva em região de várzea (ha) 107 257 22 293 679

número de fragmentos 27 25 11 43 13 315 434

Tabela 11 | Vegetação nativa remanescente dos municípios que compõem a Bacia do Ribeirão Quilombo. Referência: Inventário Florestal do Estado de São Paulo.

Figura 14 | floresta estacional semidecidual | áreas de Mata Figura 15 | floresta ombrófila densa | áreas de Mata Atlântica no litoral, Atlântica no interior, com uma estação seca e outra chuvosa. com temperaturas altas e chuva o ano todo. Fonte: Google Imagens. Fonte: Google Imagens. 46


características sociais O crescimento da população paulistana vem diminuindo e está sendo acompanhado por uma inflexão na tendência concentradora da população. Nos anos 70 teve início um processo de distribuição dos fluxos migratórios entre a metrópole e o interior. De acordo com o levantamento apresentado pelo CBH - PCJ (2000), esse fenômeno foi responsável por uma redução do ritmo de crescimento na bacia hidrográfica Piracicaba/Capivari/Jundiaí, chegando a apresentar, nos anos 80, um saldo migratório negativo. Em contrapartida, o interior iniciou um processo de urbanização acelerada, passou a atrair os fluxos migratórios. O esvaziamento das áreas rurais, a modernização da agricultura e da pecuária e as oportunidades de emprego fizeram com que, em um pequeno intervalo de tempo, cidades antes consideradas de médio porte se transformassem em grandes pólos regionais. Entre os anos de 80 e 90, apesar de reduzido, o crescimento populacional das cidades da região continuaram aumentando, o que, em conjunto com a ampliação das funções urbanas, conferiu a Campinas dimensões de metrópole e transformou Sorocaba em pólo regional com influência sobre extensas áreas do interior. Nesse período também passaram a ocorrer fortes movimentos pendulares intra e inter-regionais, devido à emergência de “cidades-dormitório” (CBH - PCJ, 2000). Na região de Campinas, que registrou o maior saldo migratório do Estado (57%), a maior parte dos pólos regionais também apresentou taxas de crescimento menores do que a média regional de 3,0% (Campinas, Bragança Paulista, Jundiaí, Limeira, Piracicaba e Rio Claro), enquanto cidades de seu entorno imediato cresceram de forma mais acelerada (CBH - PCJ, 2000). Na região de Campinas, que registrou o maior saldo migratório do Estado (57%), a maior parte dos pólos regionais também apresentou taxas de crescimento menores do que a média regional de 3,0% (Campinas, Bragança Paulista, Jundiaí, Limeira, Piracicaba e Rio Claro), enquanto cidades de seu entorno imediato cresceram de forma mais acelerada (CBH - PCJ, 2000). A extravasão do crescimento da RMSP em direção ao eixo da Anhangüera provocou uma conurbação praticamente contínua entre os municípios ali localizados e os principais vetores de expansão da aglomeração acompanham os eixos viários. Esse “corredor” São Paulo - Campinas constitui-se no principal eixo de estruturação da rede urbana da região, em torno do qual se situam Sumaré, Hortolândia, Nova Odessa, Americana e Limeira, além de Santa Bárbara d’Oeste e Piracicaba, que se localizam junto à SP-304, bifurcação da Anhangüera. No conjunto dos núcleos urbanos dessa bacia 47


distinguem-se cidades conurbadas, pólos agro-industriais e de comércio e serviços de âmbito intraregional e núcleos de pequeno porte, alguns com caráter de estância (CBH - PCJ, 2000). Os principais centros de aglomerações urbanas são constituídos por Campinas e Jundiaí. Campinas é o centro de aglomeração que inclui Valinhos, Vinhedo, Paulínia, Sumaré, Hortolândia, Nova Odessa, Americana, Santa Bárbara d’Oeste, Monte-Mór e Indaiatuba. Em 1991, essa aglomeração contava com quase 1,7 milhão de habitantes. Município Americana Campinas Hortolândia Nova Odessa Paulínia Sumaré

População (Censo 2010) População (estimativa 2013) 210.638 224.551 1.080.113 1.144.862 192.692 209.139 51.242 55.229 82.146 92.668 241.311 258.556

Densidade demográfica (hab/km²) 1.572,75 1.259,60 3.094,16 689,48 592,17 1572,04

Tabela 12 | Dados populacionais dos municípios que compõem a bacia do Ribeirão Quilombo Referência: IGBE.

O Plano Diretor de Macrodrenagem da Bacia Hidrográfica do Ribeirão Quilombo também apresenta uma simulação da expansão da mancha urbana (Figura 8 e Tabela 13), que indica que até o ano de 2020, espera-se uma redução de 21,3% da área verde e uma expansão de 55,5% da área ocupada. município Campinas Paulínia Sumaré Hortolândia Nova Odessa Americana Total

ocupação urbana (km²) atual futura 18,46 27,20 3,38 10,50 31,04 47,48 33,14 42,93 6,37 11,39 13,10 24,56 105,49 164,06

área verde (km²) atual 60,89 15,20 76,45 56,75 31,25 31,23 271,77

Tabela 13 | Projeção da expansão da ocupação urbana na bacia do Ribeirão Quilombo Referência: PD de Macrodrenagem do Ribeirão Quilombo, 2000. 48

futura 52,15 8,08 60,09 47,46 26,31 19,77 213,86


características econômicas Desde os anos 50, o espaço que veio a se tornar a Região Administrativa de Campinas apresentava-se como a principal área industrial no interior do Estado e, com os processos de interiorização do desenvolvimento levados a efeito a partir dos anos 70, sua participação cresceu em diversas áreas sendo acompanhada de alterações na composição e estrutura da indústria regional (CBH - PCJ, 2000). A Região de Governo de Campinas, na qual se destaca o próprio município de Campinas, centralizou empresas de bens de capital e de consumo duráveis, especialmente importantes nos ramos de material elétrico e de transportes, guardando relação com a história da industrialização local, marcada pela implantação de empresas relacionadas à produção e manutenção de equipamentos ferroviários e implementos agrícolas. Mesmo com a emancipação dos antigos distritos que ganharam autonomia, o município de Campinas continuou em destaque. Ainda na região, o município de Americana, no eixo Anhanguera, possui individualidade na região marcada por importante parque têxtil tanto em razão de sua origem e vínculos. Porém políticas federais de abertura as importações recentemente implementadas levaram empresas ao fechamento. Também há destaque para a indústria de pneus e indústrias químicas no município. Nos últimos dez anos, sem ainda considerarmos os impactos das transformações macroeconômicas recentes no país, os setores do comércio e de serviços ampliavam sua participação tanto na composição do emprego quanto na receita, com destaque no conjunto do Estado de São Paulo. Comparando Campinas especificamente com o interior, a Região Administrativa de Campinas abrigará um quarto dos estabelecimentos comerciais, um pouco mais que o total de pessoal ocupado e algo próximo a 30% das receitas. O setor varejista da região, apesar de uma pequena oscilação em 1980 e 1985, retomou seu ritmo acelerado e de destaca o comércio atacadista, principalmente na região de Campinas. Quanto aos serviços, a Região Administrativa de Campinas apresenta índices próximos ao da indústria com relação ao número de pessoas empregadas, o que indica a diversificação econômica. Destacam-se no setor os serviços de transporte, ensino médio e odontológico.

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Americana 0,18 a 30,67 30,67 a 49,80 51,01 a 71,88 71,89 a 97,18 98,79 a 2373,14 não consta Nova Odessa 0,03 a 3,17 3,94 a 32,09 33,00 a 55,72 58,98 a 88,62 89,19 a 169,08 não consta

Sumaré 0,98 a 36,59 38,07 a 66,22 66,24 a 100,60 101,55 a 131,39 131,39 a 3359,28 não consta Figura 16 | Densidade demográfica dos municípios nos quais o Ribeirão Quilombo está inserido, em hab/ha | Referência: IBGE, Censo 2010. 50

Campinas 0 a 26,18 26,36 a 56,90 56,93 a 97,50 9757,05 a 189,78 190,85 a 6360,58 não consta


. PD de Macrodrenagem do Rib. Quilombo apresentação

O Plano Diretor de Macrodrenagem da Bacia do Ribeirão Quilombo tem como objetivo caracterizar as causas das inundações e definir as diretrizes a serem consideradas na elaboração dos planos municipais, visando reduzir progressivamente a freqüência, intensidade e a gravidade das ocorrências de enchentes. Ele apresenta um levantamento da área de estudo, elabora e um diagnóstico da situação hídrica atual e apresenta tanto intervenções imediatas quanto propostas de ações prioritárias e sistemáticas para a região tendo como base simulações hídricas.

diagnóstico da situação hídrica atual

A calha natural do Ribeirão Quilombo e de seus afluentes sofreram as consequências da intensa conturbação parcial e em alguns casos total de suas bacias hidrográficas e hoje a calha principal não comporta as vazões de cheias correspondentes a um tempo de retorno de 10 anos, o que faz com que o rio precise contar com a calha maior, agregando o leito das margens ou a calha de inundação das várzeas, para o escoamento. O escoamento natural da bacia também é comprometido por trechos de travessias, como pontes, por bueiros e pela ocupação irregular da várzea por edificações em diversos trechos. Essas interferências provocam o transbordamento da calha, a inundação, e afetam a maioria dos municípios que compõe a bacia. Os trechos de travessia conseguem estabelecer uma seção de controle que regulariza as vazões de enchentes para jusante apesar de não garantirem que o escoamento aconteça de maneira adequada. Essa deficiência do sistema faz com que o desempenho das áreas de várzea e das margens dos rios seja muito importante para a contenção dos efeitos das enchentes, dada a sua capacidade de amortecimento. Há, portanto, a necessidade de preservar essas áreas e mantê-las livres de ocupações. As áreas suscetíveis de inundações na Bacia do Ribeirão Quilombo estão localizadas preferencialmente nas várzeas ribeirinhas, sendo que grande parte ocupada irregularmente. Alguns afluentes do Ribeirão Quilombo, como aqueles localizados nos municípios de Americana, Nova Odessa e Sumaré sofrem dos efeitos causados pela elevação dos níveis das águas do Quilombo, ocasionando o efeito de remanso de chegada ou desembocadura destes rios e córregos, ocasionando inundações por extensas localidades das várzeas. Também no Rio Jacuba, que corta a sede do município de Hortolândia, a ocorrência de inundações está muitas vezes vinculada com as travessias de vias e de ferrovias sobre o curso d´água, cujas estruturas obstruem a passagem de cheias do rio.

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situação atual das canalizações P

Q

N

M

O

C

L

K

E I

J

G

B

F D

A

H

Figura 17 | Indicação das áreas cujas canalizações foram analisadas Referência: PD de Macrodrenagem do Rib. Quilombo, 2009.

Área A | (Campinas) Os bueiros existentes nas travessias do Ribeirão Quilombo e do Córrego Boa Vista sob a Rodovia Dom Pedro I são insuficientes para escoar vazões com período de retorno acima de 10 anos e os bueiros de reforço não estão funcionando. Há uma retenção das cheias a montante da rodovia, o que amortece as áreas a jusante. Pode ser verificado um alagamento, porém como a área esta desocupada, não representa prejuízo. As principais enchentes dentro do município estão na margem esquerda do Córrego da Lagoa, a montante da rodovia Dom Pedro. Já a jusante deste córrego as margens estão assoreadas.

Os trechos do Ribeirão Quilombo e do Córrego Boa Vista dentro do munícipio de Campinas apresentam processo de ocupação das margens e obstruções causadas por sistema de drenagem inadequado. Área B | (Entre Campinas e Paulínia) Boa capacidade de amortecimento de cheias na calha do Ribeirão Quilombo e a ocorrência de enchentes, em virtude da ocupação ribeirinha, restringe-se a pequeno trecho do Bairro do Matão, município de Sumaré. No trecho a montante do ribeirão, entre os municípios de Campinas e Paulínia, é possível verificar inundação devido a obstrução de um bueiro da via férrea Ferroban. Área C | (Paulínia) Este trecho, que corresponde a Foz do Córrego Fazenda do Deserto no Ribeirão Quilombo, apresenta uma enchente pontual amortecida pelos barramentos existentes, porém o aumento da ocupação da área no limite entre os municípios de Campinas e Paulínia e seu decorrente aumento da vazão sobrecarregará o sistema. Área D | (Sumaré) Este trecho, que corresponde ao Córrego Tijuco Preto, está inserido em uma das áreas mais impermeabilizadas da Bacia do Ribeirão Quilombo. Atualmente apresenta enchentes pontuais e as áreas mais vulneráveis estão no Distrito de Matão e no Jardim Minesota, em Sumaré, devido a ocupação das margens da calha do rio. 52


Área E | (Sumaré) Apresenta enchentes pontuais decorrentes do transbordamento da calha principal devido a ocupação desordenada da várzea, principalmente junto do limite com Rodovia Anhanguera. A área mais vulnerável está no Bairro de Manchester. Área F | (Sumaré) Apresenta enchentes pontuais devido a intensa pressão da ocupação junto ao distrito de Nova Veneza. As áreas mais vulneráveis estão nos bairros Jardim Nova Conceição e Parque Jatobá, onde as ocupações se aproximam das várzeas da calha maior. Uma ponte sobre o Ribeirão Quilombo, que conecta os bairros de Jardim do Trevo e Jardim Mineápolis pode ser a responsável por alagamentos para montante, pois causa grande obstrução ao fluxo das vazões de cheias. Área G | (Sumaré) Não apresenta problemas graves referentes a inundação. O transbordamento da calha é natural e as inundações das margens acontecem em trechos protegidos por vegetação de mata ciliar até o encontro com o Ribeirão Jacuba ou Hortolândia. Área H | (Hortolândia) Apresenta transbordamento e inundação de áreas de várzeas ocupadas no perímetro urbano, principalmente, em decorrência das obstruções das pontes e bueiros. As áreas mais vulneráveis são a via de acesso ao Jardim Minda, onde existe um bueiro obstruído, um trecho próximo ao Pontilhão 17 de Abril, onde há uma obstrução causada pela ponte ferroviária, as pontes da Rua Santana no Ribeirão Jacuba e no Ribeirão Santa Clara, e a região denominada Três Pontes, também devido a obstruções causadas por pontes ferroviárias. Área I | (Sumaré) Transbordamento da calha do Ribeirão Quilombo, porém sem atingir as ocupações urbanas próximas a várzea e pontos de obstrução em duas pontes rodoviárias e uma ponte do ramal ferroviário. Área J | (Sumaré) Este trecho, que corresponde a bacia do Córrego Pinheirinho, tem grande parte da bacia com campos e plantios, além de represas que formam contenções. A Represa Marcelo Pedroni é uma delas e atua como amortecedor de vazão de pico da bacia, para jusante no trecho totalmente urbanizado de Sumaré até a ferrovia. Também existem obstruções causadas por pontes rodoviárias e ferroviárias. Área K | (Sumaré e Nova Odessa) Este trecho, que corresponde a bacia do Córrego Palmital, possui pequenos barramentos e vazão de enchente amortecida. A várzea está livre de ocupações e os atuais transbordamentos da calha não acarretam inundações, porém as pas53


sagens do Ribeirão Quilombo sob a via férrea ocasionam a elevação do nível de água e provocam o efeito de “remanso” ao longo do trecho do Ribeirão, a montante destas passagens. Área L, M, N | (Sumaré e Nova Odessa) Áreas de forte influência rural, portanto com amortecimento natural das cheias. Os córregos Bassora e Represa, identificados na área N, no perímetro urbano de Nova Odessa, encontram-se os densamente ocupados. As áreas mais vulneráveis são os bairros Jardim Florida e Jardim Fadel, alagados pela cheia da calha principal. As restrições por pontes são reduzidas. É uma área de importância significativa para a preservação da vegetação no trecho jusante da bacia. Área O | (Nova Odessa, divisa com Americana) Área onde estão localizadas as bacias dos córregos do Recanto e da Cachoeira, ocupada por campos e lavouras e com previsão de pequena evolução por ocupação urbana. Apresenta bom desempenho no amortecimento das cheias devido a presença de barramentos. Área P | (Americana) Área atualmente muito ocupada e com previsão de aumento da densidade, onde estão localizados os córregos da Fazenda Angélica e o do Galo. Indicação de elevado potencial para geração de enchentes. Área Q | (Americana) Área densamente ocupada, que compreende o centro e os bairros mais antigos do município, onde estão localizados os córregos do Parque e Pylles. O córrego do Parque possui represas de contenção de cheias e seu transbordamento e decorrente alagamento das vias marginais e da calha do córrego a jusante foi corrigido recentemente por obras de aumento da seção das tubulações.

propostas do Plano Diretor de Macrodrenagem A condição atual de preservação da várzea, de seus contornos, matas ciliares e vegetação é portanto significativa no controle de enchentes, e deverá merecer o estabelecimento, por decreto dos municípios que compõem a bacia, de legislação pertinente à preservação das mesmas, com larguras em ambas as margens laterais de no mínimo de 50 m, o que já é aplicável conforme a legislação federal para rios com leitos mais extensos. Em conjunto com as áreas de preservação que garantem os referidos efeitos de amortecimento, são propostos reservatórios de retenção ou de armazenamento, novas áreas verdes e a implementação de parques públicos junto aos reservatórios. 54


Legenda: Bacia Hidrográfica Rib. Quilombo Ribeirão Quilombo delimitação das sub-bacias afluentes novos reservatórios propostos reservatórios propostos pelo DAEE áreas verdes propostas parque público de bairro parque público de vizinhança 10km escala gráfica

Figura 18 | Propostas do PD de Macrodrenagem do Ribeirão Quilombo Referência: PD de Macrodrenagem do Ribeirão Quilombo, 2009. 55


reservatórios No ano de 1999 o DAEE elaborou um Estudo Preliminar de Inundações na Bacia do Ribeirão Quilombo. O Plano Diretor de Macrodrenagem do Rubeirão Quilombo simulou a eficiência dos reservatórios propostos pelo estudo e concluiu que ela não constitui a melhor solução possível. No plano é apresentada então uma nova proposta, tendo o estudo anteriormente desenvolvido como referência. A nova proposta (Figura 18) foi desenvolvida através de simulações do arranjo hidráulico para períodos de retorno iguais a 10, 25, 50 e 100 anos e foram considerados como removidos os pontos de controle existentes, como os locais de pontes rodoviárias e ferroviárias, e outras obstruções localizadas nas calhas dos principais rios e córregos, para os quais devem ser providenciados os projetos e obras de melhoria. As áreas definidas para serem instalados os principais reservatórios de detenção de cheias escolhidas nesta alternativa totalizam 1,78 km² ou 178 ha, compreendidos em 10 reservatórios ao longo da calha principal do Ribeirão Quilombo, com capacidade total da ordem de 5,4 milhões de m3. As utilizações compatíveis, tanto para as várzeas como para os reservatórios são: áreas verdes e parques públicos, áreas para a prática esportiva como campos de futebol, quadras e ciclovias, locais para feiras, instalação de circos e exposições. Os reservatórios de amortecimento de cheias e as várzeas dos principais córregos e rios a sofrerem intervenções, conforme o atual Plano de Macrodrenagem do Ribeirão Quilombo, foram objeto de tratamento urbanístico visando a usos múltiplo destas áreas, como a instalação de parques com função predominante de esporte e de lazer. Na bacia do Ribeirão Quilombo foram identificadas diversas áreas de várzeas, das quais vinte foram classificadas como potencialmente utilizáveis para instalação de reservatórios de amortecimento de cheias. Dessas vinte áreas, 13 são indicadas para a implementação de parques públicos (Figura 18). Os parques podem ser classificados, por sua abrangência em: parques de vizinhanças, quando a sua abrangência é apenas local, atendendo a determinado conjunto de quadras dentro de um raio máximo de 500 m, sem travessia de vias estruturais; parque de bairro, quando situados em bairro ou distrito, atende a população contida num raio de 1.000 m; parques setoriais, quando por sua localização, disponibilidade de área e equipamentos incorporados atende a população dentro de um raio de 5 km, e finalmente, parques metropolitanos, quando por sua localização, disponibilidades de áreas e equipamentos incorporados atende a população de diversos municípios. 56


áreas verdes As áreas verdes que tem significado para preservação ambiental na bacia do Ribeirão foram definidas por apresentarem condições de serem excluídas dos planos de expansão urbana e que podem garantir importante parcela destinada à área permanente de uso com vegetação, possibilitando a infiltração de chuvas e diminuindo os escoamentos superficiais, alem de contribuírem para a recarga de aqüíferos (Figura 18). Área verde 1 | constituída pelo quadrilátero formado pela rodovia D. Pedro I ao Norte, rodovia Anhangüera à Oeste e os limites urbanos dos bairros de Campinas a Leste e Sul. Área verde 2 | é formada por parte do município de Campinas e parte do município de Paulínia, ocupando a bacia do córrego Fazenda do Deserto. Esta área verde possui 90% de sua área localizada na margem direita do Ribeirão Quilombo e manteria a várzea desocupada, garantindo o amortecimento de vazões de importante extensão intermediária da bacia, onde a conurbação da margem esquerda do ribeirão é muito intensa. Área verde 3 | tem maior envolvimento do município de Sumaré, com os córregos Taquara Branca, Pinheirinho e Palmital e do município de Hortolândia com os córregos Taquara Branca e Terra Preta. Das áreas verdes identificadas, esta corresponde a mananciais importantes a serem preservados e a limitação à ocupação favorece o município de Sumaré na proteção da área central em relação a expansão urbana, que atualmente gera excessiva impermeabilização do solo e o aumento dos escoamentos. Área verde 4 | corresponde a área de preservação natural de jusante da bacia, e corresponde as sub-bacias dos córregos São Francisco e dos Lopes, nos municípios de Sumaré e Nova Odessa. identificação APP - AV1 APP - AV2

APP - AV3

APP-AV4

total

município Campinas subtotal Campinas Paulínia subtotal Sumaré Hortolândia subtotal Sumaré Nova Odessa subtotal

área (km2) 21,83 21,83 19,31 12,32 31,63 52,34 14,10 66,44 5,04 14,75 19.79 139,69

Tabela 14 | Quadro resumo das áreas verdes propostas para a Bacia do Ribeirão Quilombo Referência: PD de Macrodrenagem do Ribeirão Quilombo, 2009. 57


. planos e projetos municipais Americana

O Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado de Americana (2008) apresenta a implantação de um Plano Diretor da Micro Bacia do Ribeirão Quilombo como uma de suas diretrizes para os recursos hídricos. Quanto ao macrozoneamento (ANEXOS 1 E 2), o território do município foi dividido em duas macrozonas, uma de uso predominantemente urbano (MPU) e outra predominantemente ambiental (MPA). O Ribeirão Quilombo está inserido na MPU e ao longo de suas margens é possível identificas unidades de área verde (UAV). O município também desenvolveu o Plano de Urbanização das margens do Ribeirão Quilombo. De acordo com informações oficiais, o objetivo do projeto é resgatar a função de lazer das margens. A implementação de um parque linear é apontada como um projeto de curto prazo de implantação, já que o processo de tratamento do rio será um processo de longo prazo. O projeto inclui pista de caminhada com estações de ginástica ,recuperação da mata ciliar, bancos, portais de passagem, parques infantis, pista de skate, campo de futebol , vôlei de praia, aeromodelismo e outros. Também foi aprovada em 2012 a criação da APA (Área de Proteção Ambiental) da Bacia Hidrográfica do Ribeirão Quilombo. O projeto, elaborado por um vereador no município de Americana, envolve todos os municípios que compõem a bacia em objetivos como melhorar a qualidade dos recursos hídricos, preservar os remanescentes de mata nativa, recuperar a mata ciliar, a prevenção de incêndios na área rural, o incentivo a atividade agropecuária e a silvicultura na área rural, atividades de educação ambiental, entre outros.

Figura 19 | Plano de Urbanização das Margens do Ribeirão Quilombo Referência: Prefeitura Municipal de Americana. 58


Nova Odessa

O Plano Diretor Participativo Municipal de Nova Odessa estabelece como diretrizes a melhoria da infraestrutura de drenagem nos pontos críticos na margem do ribeirão, a criação de ligações para veículos e pedestres que permitam a travessia das barreiras urbanas representadas pela ferrovia e pelo ribeirão e a implantação do Parque Linear Capuava-Quilombo. Esse parque ainda não possui projeto elaborado, porém é apontado como de implantação prioritária pelo plano. Junto aos dois rios deve ser implantada uma estrutura cicloviária. O parque deverá ser dotado de equipamentos comunitários de lazer, como forma de uso adequado de suas margens, desestimulando invasões e ocupações indevidas. Indica os procedimentos necessários para a implantação do parque, entre eles a preservação e recuperação da mata ciliar, a implantação de ciclovias permeáveis, a integração das áreas verdes e córregos que são contínuas ou próximas ao parque proposto. Quanto ao zoneamento (ANEXO 3), a porção norte do Ribeirão Quilombo está inserida em áreas do Instituto de Zootecnia do município, que são verdes não ocupadas. Já a porção ao sul, a margem direita do rio está ao lado de uma grande zona de produção agrícola, turismo e recreação (ZPATR), que também é uma área verde não ocupada. O restante do rio está inserido entre zonas de produção industrial (ZPI), comercial (ZC), mista (ZM), predominantemente residencial (ZPR).

Figura 20 | proposta de implantação do Parque Linear Capuava-Quilombo e de eixo cicloviário apresentadas pelo PD de Nova Odessa Referência: PD de Nova Odessa, 2006.

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Sumaré O Plano Diretor de Sumaré prevê a criação do Parque Linear do Ribeirão Quilombo, englobando todo o trecho do ribeirão compreendido dentro do Município de Sumaré desde o Jardim Eunice até o Jardim Picerno I, levando-se em consideração os reservatórios previstos no projeto de drenagem do DAEE. Esse parque será acompanhado de um Plano de Manejo. Também é proposta a criação de uma avenida marginal ao lado do parque linear nas diretrizes quanto ao plano viário do município e a elaboração de estudos e desenvolvimento de projeto para transposição da ferrovia e do Ribeirão Quilombo, interligando a região central (próximo à Avenida José Mancini) com a região do Parque Residencial Manoel de Vasconcellos (próximo à Avenida da Amizade). Quanto ao zoneamento (ANEXO 4), a área do Ribeirão Quilombo localizada ao sul do município, na fronteira com o município de Hortolândia, está inserida em uma zona mista (ZM2) na qual são permitidas industrias médias. Essa é uma área ainda pouco ocupada do município. Nos trechos inseridos na malha urbana, o ribeirão está inserido em faixas de zona mista (ZM1), onde são permitidas indústrias leves e zonas de comércio e serviços (ZCS). O projeto para o parque linear já foi elaborado, escolhido através de um concurso nacional cujo vencedor foi o escritório VIGLIECCA & ASSOCIADOS em 2002. Além da implantação do parque, o projeto prevê obras para melhoria da mobilidade no centro do município, bem como a criação de áreas de incentivo ao crescimento vertical.

Figuras 21 e 22 | Projeto do Parque Linear do Ribeirão Quilombo da Prefeitura Municipal de Nova Odessa Referência: http://www.vigliecca.com.br/pt-BR/projects/sumare-downtown#tech_chart. Acesso em: 3 maio 2014.

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Campinas A área da bacia hidrográfica do Ribeirão Quilombo inserida dentro do município de Campinas está contida nas macrozonas 3, 4 e 9 no Plano Diretor Municipal (ANEXO 7). Na macrozona 3 localiza-se parte da bacia de contribuição do Ribeirão Quilombo e as nascentes do Córr go da Lagoa. As nascentes do Córrego Boa Vista, localizam-se por sua vez, Jd. Eulina, Vl. Lunardi, Chácaras Boa Vista, Vila Pe. Anchieta. Essa macrozona é uma “Área de Urbanização Controlada” e apresenta como diretriz ambiental a preservação da microbacia do Ribeirão Quilombo. Na macrozona 4 estão localizadas as fazendas Chapadão e Santa Eliza e o bairro Jardim Chapadão, onde se localizam as nascentes do Ribeirão Quilombo. Essa macrozona é uma “Área de Urbanização Prioritária” e não apresenta nenhuma diretriz específica com relação ao Ribeirão Quilombo. A macrozona 9 apresenta um recorte do território bastante urbanizado que é atravessado pelas rodovias Anhanguera, Dom Pedro I, Adalberto Panzan e Francisco Aguirre Proença. No plano diretor, essa macrozona é identificada como “Área de Ingração Noroeste” e as diretrizes relacionadas a bacia abordam a recuperação da mata ciliar do Ribeirão Quilombo e a remoção da população ribeirinha que ocupa uma área de risco.

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. levantamento de campo Diante do desafio de levantar toda uma bacia com prazo e recursos limitados, a melhor alternativa encontrada foi a de tentar acompanhar o curso do Ribeirão Quilombo o mais próximo possível e buscar fazer um reconhecimento inicial que englobasse os caráteres natural e antrópico. O caráter natural constitui principalmente a possibilidade de aproximação e o acesso ao rio e suas condições atuais. Já o caráter antrópico constitui uma observação do entorno próximo e da ocupação dar margens. O percurso, traçado previamente com a ajuda de mapeamento via satélite, foi feito de carro e teve início na foz do rio Quilombo, ou seja, no seu encontro com o rio Piracicaba no município de Americana, e foi concluído no bairro Jardim Santa Mônica, localizado as margens da Rodovia Dom Pedro.

Figura 23 | Divisão do Ribeirão Quilombo em trechos para o levantamento de campo | Infográfico da autora, sem escala. 63


5

1

Este trecho do Ribeirão Quilombo está inserido totalmente no município de Americana. A foz do ribeirão bem como seu entorno estão em uma área atualmente desocupada onde se encontram alguns edifícios remanescentes das primeiras ocupações do município, a usina hidrelétrica de Cariobinha e uma estação de tratamento do DAEE.

2 3 4

Entre as edificações estão alguns casarões considerados patrimônio histórico do município que exercem função cultural e galpões de antigas tecelagens, todos em situação de abandono. A usina segue o mesmo padrão, está desativada e sua barragem acumula uma grande quantidade de lixo e suas instalações são ocupadas por moradores de rua ou usuários de drogas. Ao se aproximar da malha urbana, a margem direita do ribeirão tem sido alvo da especulação imobiliária e em sua extensão estão sendo construídos condomínios residenciais horizontais (7). Já a margem esquerda se mantém desocupada por se tratar de uma área de várzea, de ocupação inviável para a construção civil (8).

6

7

7

Até se aproximar do Viaduto Centenário (10), não existe calçada para a circulação de pedestres nas margens do ribeirão. Além disso, devido ao baixo fluxo de veículos, este é um trecho no qual estes andam em velocidade média-alta. A vegetação das margens é bastante densa e parece receber pouca manutenção.

8

9 10 Figura 24 Referência: GoogleEarth


Foto 1 | foz do Ribeirão Quilombo no Rio Piracicaba | da autora Foto 2 | chegada do Ribeirão Quilombo na barragem da Usina Cariobinha | da autora Foto 3 | lixo acumulado na barragem da Usina Cariobinha | da autora Foto 4 | saída do Ribeirão Quilombo da barragem da Usina Cariobinha | da autora Foto 5 | saída do Ribeirão Quilombo da barragem da Usina Cariobinha vista a partir do DAEE | da autora Foto 6 | vista do Ribeirão a partir da Avenida Europa | da autora Foto 9 | vista do Ribeirão sob o viaduto Centerário | da autora

1

2

5

3

6

4

9 65


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Este trecho do Ribeirão Quilombo está inserido totalmente no município de Americana e atravessa o seu centro. Área de intensa circulação de pedestres e veículos, de uso do solo misto, pouco verticalizada.

12

Área onde se encontram vários equipamentos públicos, tanto institucionais quanto de esporte e lazer (19), entre eles a Policlínica, a GAMA, o centro cívico, o teatro Elis Regina, o clube Flamengo, a escola SESI (20).

19 13 15

A margem direita do ribeirão no trecho a sul do viaduto Abdo Najar (21) é frequentemente utilizada para atividades de lazer como caminhada e ciclismo. Ainda neste trecho, instalados de forma irregular junto a margem, estão alguns pequenos estabelecimentos comerciais.

19 19 19

A construção de condomínios residenciais horizontais (18) e verticais de baixo gabarito (17) é recente. Junto aos condomínios estão sendo construídos galpões de pequenas e médias indústrias, o que configura ruas com pouca circulação de pedestre durante o dia e desertas durante a noite e os finais de semana. 20 16

21 14

17

18

Foto 11 | vista do Ribeirão sobre a ponte da rua Francisco Manoel | da autora Foto 12 | margem do Ribeirão a esquerda, linha férrea a direita e viaduto Amadeu Elias a frente | da autora Foto 13 | vista do Ribeirão sobre a ponte da Avenida Bandeirantes | da autora Foto 14 | travessia de pedestres próxima ao Condomínio Residencial Guaicurus | da autora Foto 15 | capivaras na margem do Ribeirão | da autora Foto 16 | avenida Bandeirantes com a margem do Ribeirão a direita | da autora Foto 17 | condomìnios residenciais verticais recém-inaugurados | da autora Foto 18 | muro de um condomìnio residencial horizontal | da autora

Figura 25 Referência: GoogleEarth


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Este trecho do Ribeirão Quilombo está inserido totalmente no município de Nova Odessa. O acesso ao município pela Rodovia Luiz de Queiróz apresenta intenso tráfego de veículos. A grande área verde é indicada como de propriedade do instituto de Zootecnia pelo Plano Diretor, portanto não há previsão de uso ou ocupação. O trecho da malha urbana que mais se aproximada do Ribeirão (25) está, na verdade, bastante distante dele. O ponto mais próximo de acesso é a ponte da Rodovia Arnaldo Júlio Mauerberg (26), estrada marginal que permite acesso a Rodovia Anhanguera. Este bairro apresenta uso do solo misto, com edifícios residenciais de no máximo dois pavimentos e pequenos estabelecimentos comerciais que atendem a demanda local.

22

A estrada marginal representa um novo eixo de expansão do município, principalmente por seu acesso direto para a rodovia Anhanguera. Apesar de se tratar de uma área ainda pouco ocupada, já estão em construção empreendimentos industriais e residenciais de portes variados, o que representará aumento significativo da densidade demográfica e da intensidade do fluxo de veículos. Foto 22| vista do Ribeirão sobre a ponte da Rodovia Luis de Queiróz (SP-304) | Google Earth Foto 23 | ETE de Nova Odessa, localizada as margens do Ribeirão Quilombo | da autora Foto 26 | vista do Ribeirão sobre a ponte da Rodovia Arnaldo Júlio Mauerberg | da autora

Figura 26 Referência: GoogleEarth

23

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Este trecho do Ribeirão Quilombo está inserido entre os municípios de Nova Odessa e Sumaré. A margem esquerda encontra-se densamente ocupada, com uso do solo de categoria mista, com edifícios residenciais de no máximo dois pavimentos e pequenos estabelecimentos comerciais que atendem a demanda local.

27

A margem direita, quando no município de Nova Odessa, segue o mesmo padrão a norte e apresenta um trecho desocupado que consiste em uma zona de proteção, turismo e recreação definida pelo Plano Diretor.

28 29 30

O trecho onde se dá a divisão administrativa dos dois municípios (32) apresenta grande fragilidade. A malha urbana se aproxima da calha principal do ribeirão e nos trechos livres da margem se encontra uma grande quantidade de lixo e entulho. Também se trata de uma área densamente ocupada, com uso do solo de categoria mista, com edifícios residenciais de no máximo dois pavimentos e pequenos estabelecimentos comerciais que atendem a demanda local. Foto 27 | travessia de pedestres | da autora Foto 28 | vista do Ribeirão sobre a ponte da rua Florianópolis | Google Earth Foto 29 | vista do Ribeirão sobre a ponte da rua Rio de Janeiro | da autora Foto 30 | vista da margem do Ribeirão próxima a ponte da rua Rio de Janeiro | da autora Foto 31 | vista do Ribeirão sobre a ponte da avenida Fuad Assef Maluf | da autora Foto 32 | lixo depositado as margens do Quilombo | da autora

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Figura 27 Referência: GoogleEarth


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32 71


Este trecho do Ribeirão Quilombo está inserido totalmente no município de Sumaré e atravessa seu centro. Está próximo ao corredor de comércios e serviços e se trata de uma área de intensa circulação de pedestres e veículos, de uso do solo misto e pouco verticalizada. A faixa de área verde em toda a extensão do ribeirão apresenta largura variável, porém significativa. Existem trechos esparsos de calçadas para a circulação de pedestres e identificação de alguns projetos de plantio de mudas.

33

Junto a avenida principal se encontram estabelecimentos comerciais de grande porte e os bairros apresentam densidade média, com uso do solo misto, edifícios residenciais de no máximo dois pavimentos e pequenos estabelecimentos comerciais que atendem a demanda local. Foto 33 | travessia sobre a linha férrea e o Ribeirão a partir da avenida João Argenton | GoogleEarth Foto 34 | travessia de pedestres | da autora Foto 35 | vista do Ribeirão a partir da ponte de pedestres | da autora Foto 36 | vista do Ribeirão a partir da ponte 3M | da autora

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Figura 28 Referência: GoogleEarth


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33

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Este trecho do Ribeirão Quilombo está inserido totalmente no município de Sumaré e se encontra distante da malha urbana. O ponto de contato mais próximo é junto ao condomínio residencial Villa Flora (39). Ao longo da avenida da Amizade se encontram muitos estabelecimentos comerciais, como supermercados de grandes redes nacionais, condomínios residenciais e comerciais e o hospital Estadual de Sumaré, da Unicamp (43). A área atualmente desocupada junto ao ribeirão está inserida, no Plano Diretor, em uma zona que permite a instalação de indústrias médias.

37

40

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39

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Ao atravessar a Avenida Meniko Ito (40 e 41) o Ribeirão se aproxima do bairro Nova Veneza (42), onde encontra uma malha urbana mais densa. Foto 37 | vista da ponte da rua Joaquim Raposeiro | da autora Foto 38 | rua Quatro | GoogleEarth Foto 39 | condomînio residencial Vila Flora | GoogleEarth Foto 40 | ponte da rodovia Meniko Ito | da autora Foto 41 | vista do Ribeirão a partir da ponte da rodovia Meniko Ito | da autora Foto 42 | margem do Ribeirão | GoogleEarth

Figura 29 Referência: GoogleEarth

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Este trecho do Ribeirão Quilombo está inserido totalmente no município de Sumaré e é atravessado pela Rodovia Anhanguera (51). A margem esquerda encontra-se densamente ocupada em alguns trechos, com uso do solo de categoria mista, edifícios residenciais de no máximo dois pavimentos e pequenos estabelecimentos comerciais que atendem a demanda local. Os trechos onde a malha urbana se aproxima da calha principal do ribeirão (44, 45 e 46) apresentam grande fragilidade.

46

As grandes áreas livres identificadas fazem parte, de acordo com o Plano Diretor, de zonas mistas onde é permitida a instalação de indústrias médias (49) e de zonas de uso predominantemente industrial, onde é permitida a instalação de indústrias leves e médias (50). Foto 44 | margem do Ribeirão | GoogleEarth Foto 45 | margem do Ribeirão | GoogleEarth Foto 46 | margem do Ribeirão | GoogleEarth Foto 47 | margem do Ribeirão a partir da ponte da Rodovia Anhanguera | GoogleEarth Foto 48 | margem do Ribeirão | GoogleEarth

Figura 30 Referência: GoogleEarth

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Este trecho do Ribeirão Quilombo está inserido entre os municípios de Sumaré e Campinas. Em Sumaré o ribeirão divide duas zonas bastante distintas: a noroeste está o bairro de Nova Veneza, uma zona mista densamente ocupada onde a malha urbana se aproxima significativamente da calha principal do ribeirão (52), e a sudeste uma zona predominantemente industrial, onde são permitidas industrias especiais, ainda pouco ocupada.

52

Já em Campinas, a área apresenta intensa fragilidade, devido a proximidade entre a malha urbana e a calha principal do ribeirão. Se trata de um bairro densamente ocupado, com uso do solo de categoria mista, edifícios residenciais de no máximo dois pavimentos e pequenos estabelecimentos comerciais que atendem a demanda local. Foto 52 | margem do Ribeirão | GoogleEarth Foto 53 | margem do Ribeirão | GoogleEarth Foto 54 | margem do Ribeirão | GoogleEarth

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Figura 31 Referência: GoogleEarth

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Este trecho do Ribeirão Quilombo está inserido totalmente no município de Campinas. Os trechos da malha urbana que se aproximam da calha principal do ribeirão são de intensa fragilidade. A maior parte da calha principal do ribeirão está inserida em área rural, de acesso restrito. Foto 55 | malha urbana próxima a área verde | GoogleEarth Foto 56 | malha urbana próxima a área verde | GoogleEarth Foto 57 | malha urbana próxima a área verde | GoogleEarth

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Figura 32 Referência: GoogleEarth

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60


Este trecho do Ribeirão Quilombo está inserido totalmente no município de Campinas. Na margem esquerda do Ribeirão estão os bairros Jardim Campineiro e São Marcos, bairros densamente ocupado, com trechos de ocupação irregular de APP, uso do solo de categoria mista, edifícios residenciais de no máximo dois pavimentos e pequenos estabelecimentos comerciais que atendem a demanda local.

58

É uma área de intensa fragilidade, devido a proximidade da malha urbana da calha principal do ribeirão, principalmente nos trechos de ocupação. Foto 55 | margem do Ribeirão | Google Earth Foto 56 | margem do Ribeirão | da autora Foto 57 | vista do Ribeirão a partir da ponte da rodovia Dom Pedro I Google Earth

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Figura 33 Referência: GoogleEarth

60 83


61

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64


Este trecho do ribeirão Quilombo está inserido totalmente no município de Campinas. O ribeirão é atravessado pela rodovia Dom Pedro I (61) e está inserido dentro da Fazenda Chapadão, pertencente ao Exército Brasileiro (62). A direita da margem está o Aeroporto Campo dos Amarais (63) e a sul, juntamente com a nascente principal, o bairro Jardim Chapadão (64).

61

Se trata de uma área não urbanizada, onde é possível identificar remanescentes de mata semi-preservada e, por estar inserida em uma propriedade pública, não é previsto nenhum tipo de uso ou ocupação. Foto 61 | margem do Ribeirão | Google Earth Foto 63 | aeroporto Campos dos Amarais | Google Earth Foto 64 | Jardim Chapadão | da autora

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Figura 34 Referência: GoogleEarth

64 85


.diagnóstico O Ribeirão Quilombo apresenta características bastante distintas ao longo de sua calha principal e é intensamente afetado pelas barreiras que o fragmentam, como os limites administrativos e as rodovias. Atualmente, a relação entre mancha urbana e áreas verdes ou livres na bacia parece equilibrada, porém é preciso levar em conta que alguns dos municípios que a compõem ainda não tem sua expansão e ocupação consolidadas. Este é o caso, por exemplo, de Nova Odessa, cuja malha urbana está se expandindo no sentido nordeste, influência de um acesso direto a rodovia Anhanguera recentemente construído. A calha principal do ribeirão não possui trechos canalisados e, na maior parte de sua extensão, está inserida na malha urbana. As exceções estão em trechos em Nova Odessa, Sumaré e Campinas. Dentre eles, apenas a margem direita do ribeirão em Nova Odessa e as áreas junto a nascente, em Campinas, serão mantida livres e preservadas de acordo com o zoneamento definido pelos planos diretores municipais. Os zoneamentos dos demais Planos Diretores Municipais indicam extensas faixas de zonas mistas e industriais, nas quais são permitidas a construção de indústrias pequenas e médias junto a calha principal do ribeirão, o que pode ser preocupante e exige atenção e cautela das administrações municipais não só para assegurar a manutenção das faixas de APP determinadas pela legislação quanto para garantir que a ocupação destas áreas não comprometam ainda mais a qualidade da água e dos ecossistemas remanescentes. Apesar do reduzido número de obras em andamento relacionadas ao ribeirão, são vários os projetos e planos elaborados tanto no âmbito municipal quanto no intermunicipal. Entre as iniciativas que consideram a escala da bacia hidrográfica e que contam com o envolvimento de todos os municípios estão o Plano Diretor de Macrodrenagem e a APA da Bacia Hidrográfica do Ribeirão Quilombo. Já entre as iniciativas municipais estão o Plano de Urbanização das margens do Ribeirão Quilombo do município de Americana, os projetos de parques lineares de Nova Odessa e Sumaré, o Plano Diretor de Macrodrenagem de Hortolândia, o PAC Quilombo em Campinas e diversas diretrizes hídricas e/ou ambientais relacionadas a bacia, suas margens e seus principais afluentes. Os principais pontos de fragilidade indicados são aqueles nos quais a malha urbana se aproxima da calha principal do ribeirão sem nenhum tipo de proteção, e as áreas onde existe ocupação irregular das APPs. Já as principais potencialidades estão em trechos nos quais o ribeirão já está ou pode vir a ser associado a algum uso que contribua para a sua preservação e/ou manutenção. 86

Legenda: aeroporto zona industrial zona mista ZM techno park TP potencialidades fragilidades habitação social risco de contaminação expansão da malha urbana áreas verdes (zoneamento) vazios marcha urbana no ano 2000 projetos / planos existentes eixo comércio/serviços Ribeirão Quilombo limites administrativos estrada marginal principais rodovias ferrovias afluentes 10km escala gráfica

Figura 35 | Diagnóstico


87


Americana, por exemplo, tem tanto edifícios históricos quanto equipamentos públicos de lazer e cultura junto as margens do ribeirão. Nova Odessa tem uma grande área verde de posse de Instituto de Zootecnia Municipal no principal acesso ao município e em Sumaré se destacam fortes eixos de comércio e serviços e o centro histórico da cidade junto a calha principal do ribeirão. Além da criação de corredores e da consequente interrupção das manchas de vegetação e do isolamento de bairros, as rodovias exercem outro impacto negativo, pois apresentam risco de contaminação decorrentes de vazamentos de transportes de cargas perigosas. problemas fragmentação da bacia pelos limites administrativos, ferrovias e rodovias qualidade da água

potencialidades calha principal do ribeirão exposta, sem nenhum trecho canalisado significativa quantidade de planos, projetos e diretrizes ambientais nos planos diretores municipais grande extensão da calha principal do ribeirão inserida na grande extensão da calha principal do ribeirão inserida na malha urbana, o que impede a delimitação de APPs malha urbana, o que incentiva a recuperação e manutenção dessas áreas verdes risco de contaminação decorrentes do vazamento de manchas urbanas ainda em processo de expansão, o que transporte de cargas perigosas na rodovia permite a intervenção do poder público junto ao planejamento urbano e preservação da bacia ocupação irregular das margens proximidade de equipamentos de lazer, cultura e serviços que potencializam o uso do ribeirão como percurso dificuldade de intervenção e planejamento na escala da fácil acesso a parques e equipamentos implantados junto bacia hidrográfica ao ribeirão falta de identificação de parte da população com o ribei- reconhecimento de parte da população dos problemas rão enfrentados pelo ribeirão

Tabela 15 | Síntese dos principais problemas e potencialidades identificados.

88


. propostas

O planejamento ambiental é uma atividade multidisciplinar que tem como um de seus fundamentos principais a participação popular. Por este se tratar de um trabalho de conclusão de curso, com prazos e recursos limitados e de autoria individual, o conteúdo desenvolvido não atende a esses requisitos, porém tenta representa-los, através do uso de informações técnicas, referências bibliográficas, de consulta a especialistas e a mídias locais (jornais, revistas, blogs), devidamente referenciados. As propostas no âmbito do planejamento ambiental se dão em três etapas (Figura 36). A primeira delas é a listagem de diretrizes gerais para a bacia, tendo como referência os princípios identificados por GORSK (2010) para o planejamento de bacias hidrográficas em meio urbano e tem como função direcionar toda e qualquer intervenção que se dê na bacia do Ribeirão Quilombo (Tabela 16). A segunda etapa consiste na análise da bacia através dos cenários AEM (Avaliação Ecossistêmica do Milênio) e a terceira em uma revisão e consequente complementação das propostas do Plano Diretor de Macrodrenagem da Bacia do Ribeirão Quilombo.

1

Diretrizes gerais para o planejamento da bacia hidrográfica

2

Análise da bacia hidrográfica pelos cenários AEM

3

Complementação do Plano Diretor de Macrodrenagem

Figura 36 | Propostas relacionadas ao planejamento ambiental da Bacia do Ribeirão Quilombo

89


diretrizes gerais princípios

recuperação e proteção do sistema fluvial

diretriz

recuperar a função ecológica do Ribeirão Quilombo melhorar a qualidade da água; reflorestar as margens; delimitar APPs onde for possível; fazer uso de medidas estruturais e não estruturais para solucionar problemas de drenagem; realocação da população que vive em áreas de risco;

atividades

articulação com políticas urbanas

inserção do rio no tecido urbano

valorização da identidade local e sentido de cidadania

implementação, monitoramento e gestão dos planos conciliar planejamento ambien- integrar o Ribeirão Quilombo a conectar o cidadão com o rio garantir a execução do tal e políticas urbanos malha urbana planejamento incorporar a questão ambiental associar usos e equipamentos promover o sentido da cidaarticular as gestões e hídrica ao planejamento do variados ao corredor ecológico; dania; engajar a população municipais no âmbito uso e ocupação do solo criar novas conexões no senti- nos processos de recuperação regional; garantir a do transversal, como pontes e e manutenção dos espaços viabilidade econômica; passarelas; conectar o corredor públicos; promover a educação prestar contas a poecológico com espaços públiambiental; oferecer espaços pulação com transpacos existentes no entorno; de qualidade para a reunião rência; acompanhar da comunidade e promoção de a execução e posteatividades educativas; riormente executar o monitoramento.

Tabela 16 | Diretrizes gerais para o planejamento ambiental da Bacia do Ribeirão Quilombo

cenários AEM

A Avaliação Ecossistêmica do Milênio é um programa de pesquisas ambientais que avalia as consequências que as mudanças nos ecossistemas trazem para o bem-estar humano e as bases científicas de ações necessárias para melhorar a preservação e uso sustentável desses ecossistemas. Entre os produtos desta pesquisa estão os cenários AEM, utilizados para classificar a situação atual e as tendências para as organizações humanas. Ao analisar a bacia do Quilombo do ponto de vista dos cenários, percebe-se claramente que a situação ideal é a configurada pelo mosaico adaptativo, porém o que se tem atualmente é a a orquestração global. O objetivo deve ser, portanto, que as ações desenvolvidas na bacia permitam a transição entre um enfoque reativo e globalizado como a orquestração global para um enfoque proativo e regionalizado, como o mosaico adaptativo. Essa situação se configura não apenas como uma realidade, mas também como uma necessidade, pois a política e economia dos municípios que compõem a bacia ainda não se encontram organizadas segundo a escala da bacia hidrográfica e tampouco a sociedade é coesa e participativa o suficiente para atender as demandas de um cenário como o mosaico adaptativo. Espera-se, portanto, que uma intervenção consistente do poder público, com a implementação de planos e políticas orien90


tadas pelas diretrizes gerais, seja capazes de iniciar esse processo de transição pois um ambiente recuperado e saudável, incorporado a malha urbana, que ofereça espaços públicos de qualidade e respeite a identidade local definitivamente despertará o interesse e a apropriação por parte dos cidadãos que, consequentemente, podem vir a se organizar através de gestões adaptivas, para a manutenção, conservação e aprimoramento desses espaços. orquestração global sociedades globalmente conectadas que focam em comércio global e liberalização econômica com um enfoque reativo aos problemas ambientais mas também assume compromissos sérios para redução da pobreza e das desigualdades, além de investir em bens públicos como infraestrutura e educação grandes investimentos em bens públicos, redução de barreiras comerciais e subsídios distorcidos e redução da pobreza

mosaico adaptativo foco das atividades políticas e econômicas a partir dos ecossistemas regionais na escala das bacias hidrográficas. Instituições locais são fortalecidas e as estratégias de gestão dos ecossistemas locais são comuns; sociedades desenvolvem um enfoque proativo forte para gerir/manejar os ecossistemas. uso amplo de técnicas de gestão adaptivas, investimento em educação Tabela 17 | Definição dos cenários AEM

complementação do P.D. de Macrodrenagem do Ribeirão Quilombo Conforme já apresentado no capítulo 3, as propostas do Plano Diretor de Macrodrenagem do Ribeirão Quilombo consistem basicamente na delimitação de áreas verdes e na implantação de reservatórios de retenção ou armazenamento, associados ou não a parques públicos. Quanto as áreas verdes, a sobreposição dos perímetros indicados pelo plano com os dos planos diretores municipais permitiu a delimitação de manchas ainda mais extensas, visando a preservação da maior área possível (manchas em verde e roxo na Figura 41). Já a implantação dos reservatórios não foi revisada, por apresentar um caráter técnico que extrapola as habilitações de um profissional arquiteto/urbanista, porém a viabilidade da associação de parques e demais equipamentos urbanos junto a esses reservatórios foi revista e complementada (Figura 41). A primeira proposta é que todos os reservatórios recebam um projeto paisagístico e arquitetônico, porém apenas alguns deles abriguem parques e demais instalações. O objetivo é integrar os reservatórios a calha principal do ribeirão e aos projetos que vierem a ser implantados na bacia. São áreas de várzea, inseridas nas faixas de preservação permanente, de caráter essencialmente público, que podem ser exploradas com equipamentos e atividades de baixo impacto e que apresentam um caráter educativo bastante significativo. 91


Os reservatórios funcionarão como extensões dos demais projetos a serem implantados na bacia ou como apoio para os equipamentos já existentes na malha urbana. Serão equipados com percursos, passarelas e áreas de descanso suspensas, que possam ser utilizados independentemente do volume de água existente no reservatório (Figura 37). O objetivo é explorar o potencial dessas áreas para que elas não se tornem vazios urbanos, oferecer alternativas agradáveis e dinâmicas de percursos para os cidadãos e aproximá-los do rio, permitindo que eles acompanhem, por exemplo, o seu ciclo hidrológico e, consequentemente, respeitem e se apropriem do rio com maior propriedade. Outra proposta é a incorporação de equipamentos naturais de drenagem as margens do ribeirão, como os wetlands (Figura 38). Mesmo não integrados a um sistema municipal de tratamento de água e/ou esgoto eles podem ser eficientes para a manutenção de ecossistemas na bacia e para a filtragem do escoamento superficial naturalmente drenada para o rio. As travessias transversais ao ribeirão também foram pontos de grande fragilidade observados através do levantamento de campo. Algumas delas se encontram em situação precária e possuem um fluxo intenso de pedestres. A proposta de novas passarelas é ilustrada na Figura 39. Embora o P.D. de Macrodrenagem seja bastante completo e detalhado, sua dimensão técnica é privilegiada em relação a arquitetônica e urbanística, provavelmente pelo caráter subjetivo que elas representam, por exigirem a participação popular. A proposta de implantação de parques e equipamentos urbanos apresentada pelo plano, por exemplo, está unicamente vinculada a quantidade de área disponível junto ao reservatório, quando na verdade exige o conhecimento da identidade e necessidades específicas do local, bem como da demanda, para a obtenção de resultados positivos e eficientes. Na tentativa de completar esta lacuna existente e orientar os projetos e planos a serem desenvolvidos para a bacia, o presente trabalho fragmentou o Ribeirão Quilombo em trechos e os associou a perfis, com o objetivo de caracterizar, ainda que sem a participação popular, os locais, usos e necessidades de cada área e seus respectivos usuários. Para a elaboração dos perfis foram selecionados cinco elementos-chave (LAZER, CULTURA, SERVIÇOS, EDUCAÇÃO e COMUNIDADE) que representam a “vocação do lugar”, ou seja, as potencialidades e/ou necessidades que devem orientar os projetos. Embora todas as áreas possam ser beneficiadas com projetos envolvendo todos os elementos, o levantamento de campo e as pesquisas realizadas permitiram a identificação de um potencial de maior relevância em cada trecho. Juntamente ao potencial são apresentadas uma justificativa e um programas de necessidades simplificados (Figura 41 e na Tabela 18).

92


Figura 37 | Proposta de intervenção para os reservatórios da Bacia do Ribeirão Quilombo | imagem da autora


Figura 38 | Proposta de intervenção para a margem do Ribeirão Quilombo | WETLAND | imagem da autora


Figura 39 | Proposta de intervenção para a margem do Ribeirão Quilombo | PERCURSOS | imagem da autora


Figura 40 | Proposta de intervenção para a margem do Ribeirão Quilombo | TRAVESSIAS | imagem da autora


cultura

educação serviços

1

lazer

2 3 5 10km escala gráfica

Legenda: reservatórios reservatórios + parques áreas verdes (PDMRQ) áreas verdes (zoneamento) vazios marcha urbana no ano 2000 projetos / planos existentes eixo comércio/serviços Ribeirão Quilombo limites administrativos estrada marginal principais rodovias ferrovias afluentes Figura 41 | Propostas para a bacia do Ribeirão Quilombo

comunidade

6

4

7 8

9

97


1

Americana

2

Nova Odessa

3

Nova Odessa

4

Sumaré

98

Potencial a ser explorado

Justificativa Este trecho possui equipamentos de cultura e lazer próximos ao Ribeirão Quilombo. A norte, junto a foz, estão edifícios históricos e tombados do município que hoje abrigam funções culturais. A sul, equipamentos de cultura e lazer (clube, Centro Cívico, teatro de arena) e uma unidade do Sesi, que abriga um grande número de atividades abertas ao público em geral.

Programa Parque linear com travessias transversais que permitam a inserção do rio na malha urbana através da sua utilização como percurso. Pontos de ônibus, ciclovia, bicicletários, áreas de dencanso e contemplação.

Este trecho possui uma grande área verde destina- Laboratórios, salas de reunião, auditórios, salas da ao Instituto de Zootecnia pelo zoneamento. É, multiuso para a realização de exposições e evenportanto, uma área cujos principais potenciais são a tos. educação e a pesquisa científica. Este trecho está próximo ao Parque Linear Capuava-Quilombo, previsto pelo Plano Diretor e é um ponto estratégico para a implantação do eixo cicloviário do município. Além disso, está próximo a bairros densos e pouco privilegiados e é uma área de transição entre os limites administrativos de dois municípios, ou seja, um importante ponto de integração para o desenvolvimento de uma identidade para a bacia.

Parque linear Capuava-Quilombo, travessias transversais que permitam a inserção do rio na malha urbana através da sua utilização como percurso. Pontos de ônibus, ciclovia, bicicletários, áreas de dencanso e contemplação, playgound, quadras poliesportivas, equipamentos de ginástica e de lazer noturno (cinema ao ar livre, comércios de pequeno porte).

Este trecho está próximo a um forte eixo de comércio/serviços. Parte dele já foi comtemplado por um projeto de parque linear, que está em fase de implantação. O potencial identificado pode permitir a expansão do parque, a criação de novos eixos de circulação e a manutenção dos usos propostos.

Parque linear com travessias transversais que permitam a inserção do rio na malha urbana através da sua utilização como percurso. Pontos de ônibus, ciclovia, bicicletários, áreas de dencanso, contemplação, infraestrutura para a realização de feiras locais, áreas de convívio junto aos equipamentos de lazer noturno existentes.


5

Potencial a ser explorado

Sumaré

6e7

Sumaré/Paulínia e Campinas

8e9 Campinas

Justificativa Este trecho é marcado pela interação entre uma malha urbana densa e vazios urbanos de zoneamento industrial. Além disso, é atravessado por um importante corredor antróppico, a Rodovia Anhanguera. O forte setor industrial e de serviços existente e em fase de expansão fazem deste o principal potencial a ser explorado.

Programa Parque linear com travessias transversais que permitam a inserção do rio na malha urbana através da sua utilização como percurso. Pontos de ônibus, ciclovia, bicicletários, áreas de dencanso e contemplação para os funcionários das indústrias. Áreas de lazer junto aos pontos de contato entre a malha urbana e as margens, para contenção da expansão e proteção do ribeirão.

Este trecho é principalmente marcado pela existência de conjuntos habitacionais. Distantes dos principais centros, estes conjuntos são carentes de espaços de lazer e de equipamentos de apoio para o desenvolvimento e organização da comunidade.

Parque linear com travessias transversais que permitam a inserção do rio na malha urbana através da sua utilização como percurso. Pontos de ônibus, ciclovia, bicicletários, áreas de dencanso e contemplação, playground, equipamentos de ginástica, pistas de skate. Salas multiuso para a realização de reuniões, palestras, feiras, oficinas, laboratório de informática. Parque linear com travessias transversais que permitam a inserção do rio na malha urbana através da sua utilização como percurso. Pontos de ônibus, ciclovia, bicicletários, áreas de dencanso e contemplação.

Estes trechos estão completamente inseridos em áreas verdes, portanto o único potencial existente a ser explorado é o do lazer de baixo impacto.

Tabela 18 | Propostas para os trechos da Bacia do Ribeirão Quilombo

99


100


4. projeto



. levantamento

área de intervenção

Dados gerais: Área do município: 156km² 125 km de SP 25 km de Campinas População (2010): 241.311 habitantes População estimada (2014): 262.308 habitantes Densidade demográfica: 15,72 hab/ha

Figura 42 | Município de Sumaré dentro da Bacia do Ribeirão Quilombo

justificativa para a escolha da área

Sumaré é um município cujo surgimento está relacionado aos dois corredores que delimitam a área de intervenção, o corredor antrópico representado pela Anhanguera, e o ambiental pelo Ribeirão Quilombo. Além disso, seu desenvolvimento está intrinsecamente associado a indústria e são numerosos os vazios urbanos com zoneamento industrial existentes, o que indica que estes serão os principais eixos de expansão da malha urbana. Esta área permite, portanto, a aplicação dos conceitos discutidos neste trabalho, e a elaboração de uma proposta baseada em uma necessidade real do município. 103


histórico de Sumaré A origem de Sumaré está ligada à cidade de Campinas e ao Ribeirão Quilombo. Inicialmente área de sesmarias, sofreu sucessivas divisões entre herdeiros, até constituir-se em fazendas que produziam principalmente café. Vários fatores fizeram com que as fazendas de fraca produção, largadas pelos proprietários em busca de terras mais rentosas, se subdividissem logo em pequenos sítios, vendidas a imigrantes estrangeiros ou a agricultores brasileiros (ORDENES, 2007). Registra-se que o povoado começou na atual área central (Figura 43), com poucas construções simples de madeira, ligeiramente afastadas umas das outras, por volta de 1860 a 1870 e em 1890 se tornou distrito de Campinas, devido ao enriquecimento proporcionado por atividades econômicas como a produção de café, algodão, o engenho da cana e a extração de madeira (ORDENES, 2007).

Figura 43 | Área central de Sumaré em 1966 (ORDENES, 2007).

cia a concentração espacial ao redor de seu eixo.

Já a consolidação de Sumaré como distrito independente se deu com a implantação da rodovia Anhanguera e os acampamentos dos operários que realizavam as obras (Figura 44). A consolidação dessa ocupação se deu na década de 60 e, segundo ORDENES (2007), desde então a rodovia Anhanguera é uma importante via para o escoamento industrial, criando uma tendên-

O maior crescimento do município se deu na década de 40, período marcado pelo incentivo a industrialização por parte do governo federal e que trouxe muitas empresas multinacionais para a região de Campinas.Este processo intenso de transformação no território é explicado por Mendes e Sampaio (1992) como sendo exógeno, desenvolvido por agentes externos e não locais, de fora para dentro, e que fez com que o município assumisse um papel específico na divisão internacional e nacional do trabalho, com uma produção mais direcionada aos mercados mundiais. Outro fator determinante para a configuração desse perfil é a localização geográfica do município, extremamente privilegiada, em um entroncamento rodo-aéreo-ferroviário. Até a década de 60 o crescimento do município é moderado e disperso ao longo dos eixos formados pela rodovia Anhanguera e pela ferrovia. O crescimento acelerado das décadas seguintes já é desordenado e acelerado, e as formas específicas de uso e ocupação do solo são diretamente influenciadas pelo automóvel. Na década de 70, com a intensificação 104


da industrialização e a aprovação de loteamentos residenciais, a urbanização tem um caráter periférico e a evolução demográfica atinge seus maiores índices, com grande influência da migração. A adoção de uma política de incentivos pela Prefeitura Municipal, notadamente através da Lei Municipal nº. 313 de 5 de setembro de 196123, que previa isenção de impostos, associados à oferta de terras com preços mais acessíveis em relação à outras cidades à margem da Anhanguera, possibilitou que em menos de 10 anos quase 300 indústrias se instalassem no Município, ocupando muitas vezes terrenos utilizados pela agricultura (ORDENES, 2007). A partir de 1983 há uma diminuição no ritmo de crescimento devido a uma mudança da legislação sobre Parcelamento do Solo, através da qual o Poder Público passou a exigir toda a execução das obras de infraestrutura necessárias. Essas exigências foram consequência dos problemas urbanos associados a falta de infraestrutura que o município enfrentava e tornaram menos vantajosa a implantação de loteamentos no município. Figura 44 | Região de Nova Veneza na década de 60, junto a rodovia Anhanguera (ORDENES, 2007).

Segundo Ordenes (2007), os crescimentos tanto do urbano como populacional foram vertiginosos em Sumaré, o que acabou gerando sérias implicações sócio-econômicas (aumento da criminalidade, desigualdade social, etc.) .No plano espacial observa-se o surgimento de favelas, falta de habitação, invasões de terrenos e deficiência por parte do poder público em manter, aumentar e/ ou suprir a infraestrutura básica tanto para a população quanto para algumas indústrias.

105


levantamento da área

2

7 Legenda: Escola SESI Empresa Elektro (energia elétrica) Conjunto habitacional DVA Logística

4

3

galpão industrial para locação A. Schulman (plásticos e resinas) Frango Assado (restaurante) Sotreq (tratores) galpão industrial abandonado

5

9

1 2 3 4 5 6 7 8 9

0,098 a 36,59 hab/ha 38,07 a 66,22 hab/ha 66,24 a 100,60 hab/ha 131,39 a 3359,28 hab/ha Rodovia Anhanguera parque industrial Ribeirão Quilombo afluentes

6 Fotos tiradas a partir da Rodovia Anhanguera | da autora 106

sem escala

Figura 45 | Levantamento área de intervenção


1 2

3

4 5 6 7 8 9


legislação municipal Zoneamento: ZI1 (Zona Predominantemente Industrial, permitido indústrias leves e médias. INDÚSTRIAS LEVES - indústrias virtualmente sem risco ambiental com baixo grau de incomodidade. São estabelecimentos industriais cujo processo produtivo seja complementar às demais atividades do meio urbano ou rural em que se situem e com elas se compatibilizem independentemente do uso de métodos especiais de controle de fonte de poluição, não ocasionando, em qual¬quer caso, inconvenientes à saúde ou ao bem estar das populações vizinhas; INDÚSTRIAS MÉDIAS - indústrias de risco ambiental leve com baixo grau de nocividade e médio grau de incomodidade. São estabelecimentos industriais cujos processos produtivos submetidos a métodos adequados de controle e tratamento de efluentes, não causem incômodo sensíveis às demais atividades urbanas e nem perturbem o repouso noturno das populações; Área mínima dos lotes: 500m²; Testada mínima dos lotes: 10m; Recuos mínimos: 5m (frente e fundo), 2m de ambos os lados (lateral); IA (Índice de aproveitamento): 1,5 TO (taxa de ocupação): não tem TI (taxa de imperbeabilização): 90% Vagas de estacionamento: 1 para cada 100m² de área construída; Obrigatório pátio específico para estacionamento para ônibus (37m² por veículo); Obrigatório reservar uma faixa de 15m além do recuo nos terrenos que fazem frente para a rodovia; Indústrias médias Indústrias de bens de capital, produtoras de máquinas ou equipamentos, cuja função é equipar e abastecer as indústrias pesadas e leves.

108

Indústrias leves Produtoras de bens de consumo duráveis (móveis, eletrodomésticos, automóveis, eletrônicos) e não duráveis (alimentos, bebidas, vestuário).


. programa de necessidades na indústria

entre as indústrias

com a comunidade

materiais:

materiais:

materiais:

- utilização de materiais de baixo impacto e/ou recicláveis; - utilização de mão-de-obra e fornecedores locais;

- utilização de materiais de baixo impacto e/ou recicláveis em áreas de uso comum e vias de circulação;

- utilização de materiais de baixo impacto e/ou recicláveis; - utilização de mão-de-obra e fornecedores locais;

sistemas:

sistemas:

sistemas:

- painéis solares fotovoltáicos; - captação de água pluvial; - sistema de reuso da água; - sistemas flexíveis de ventilação, aquecimento e condicionamento; - compostagem;

- captação de água pluvial; - sistema de informação e incentivo a empresas que podem utilizar materiais residuais; - sistema de reuso da água;

- painéis solares fotovoltáicos; - captação de água pluvial; - sistema de reuso da água; - sistemas flexíveis de ventilação, aquecimento e condicionamento; - compostagem;

espaços: - horta; - depósitos para lixo reciclável e orgânico; - área externa para os funcionários (descanso, refeição, ginástica laboral); - bicicletário;

espaços: - percursos arborizados para o trânsito de pedestres e/ou veículos; - área externa para os funcionários (descanso, refeição, ginástica laboral); - bicicletário; - salas multiuso para atendimento ao público (conferências, eventos, palestras);

espaços: - horta; - depósitos para lixo reciclável e orgânico; - cooperativas de reciclagem; - bicicletário; - áreas para descanso e lazer; - comércios e serviços de pequeno porte; - habitação; 109


Projecto Rio de la Piedad (Figuras 46 a 48) Local: Viaducto Miguel Alemán, Cidade do México, México Arquitetura: Taller 13 Arquitectura Regenerativa Área: 4.000.000m² Ano: 2013 Referência: http://archdaily.com.br Este projeto considera os serviços sociais, ambientais e econômicos como um sistema único e integrado, composto por diversos elementos. Além do tratamento da água do rio, propõe a integração da natureza com a vida urbana. Projeto Parque Manancial de Águas Pluviais (Figuras 49 a 51) Local: Haerbin, Heilongjiang, China Arquitetura: Turenscape Área: 300.000m² Ano: 2010 Referência: http://archdaily.com.br

110

Este é um parque, construído em uma zona de manancial, que pretende não só proteger os ecossistemas do pantanal do risco de extinção como também fornecer vários serviços de ecossistemas para a comunidade urbana. É um parque composto principalmente por percursos.

.referências projetuais


Adelaide Botanic’s Garden (Figuras 52 e 53) Local: Adelaide, Australia Projeto: Governo Federal Referência: www. environment. sa.gov.au Engloba três grandes partes com função recreativa, educacional, cultural e ainda abriga edifícios destinados a pesquisa científica. É um parque público, garantido pela legislação.

Desenvolvimento das Margens do Meurthe (Figuras 54 e 55) Local: RAON L’ETAPE, França Arquitetura: Atelier Cite Architecure Área: 20.000m² Ano: 2012 Referência: http://archdaily.com.br O projeto se integra de maneira suave a bela paisagem da cidade, é sustentável e facilita a futura expansão da área. O projeto de iluminação foi cuidadosamente projetado para criar uma atmosfera de iluminação noturna sem comprometer a proteção do ambiente.

111


Primeiro colocado no Concurso Público Nacional de Ideias de Arquitetura e Urbanismo para Baixinha de Santo Antônio, Salvador (Figuras 56 e 57) Local: Salvador, Bahia, Brasil Projeto: RVBA Arquitetos e OCO Arquitetos Ano: 2014 Referência: www.concursodeprojetos. org Projeto que apresenta programa diversificado (comércio, habitação, cultra e lazer), e está implantado em desnível. Possui soluções interessantes e flexíveis para a circulação e edifícios multifuncionais. Projeto Lonsdale Street (Figuras 58 e 60) Local: Dandenong, Austrália Arquitetura: BBK Architects Área: 70.000m² Ano: 2011 Referência: http://archdaily.com.br

112

Projeto de um grande boulevard no centro da cidade. O tráfego foi concentrado em uma faixa central definida por quatro fileiras de árvores. Adjacente às fachadas do comércio, praças ladeadas de árvores, zonas de tráfego compartilhado e jardins lineares fornecem ao domínio dos pedestres generosidade e distinção.


Projeto Bed Zed (Figuras 61 e 62) Local: Surrey, Londres, Inglaterra Arquitetura: Zed Factory Área: 2500m² Ano: 2002 Referência: http://www.zedfactory.com Empreendimento de uso misto, o primeiro construído no Reino Unido com a intenção de neutralizar as emissões de carbono na construção, manutenção e no uso dos edifícios.

113


Projeto Beira Rio (Figuras 63 a 65) Local: Rio Piracicaba, Piracicaba, São Paulo Projeto: Prefeitura Municipal de Piracicaba Ano: início em 2002 Referência: GORSKI, 2010 Programa de Requalificação ambiental e urbanística considerado um pioneiro de recuperação de um rio urbano no Brasil. Tem como foco a orla urbana do rio e sua articulação com o tecido urbano.

Plano de Recuperação do Rio Los Angeles (Figuras 66 a 68) Local: Los Angeles, EUA Projeto: Plano Diretor De Revitalização do Rio Los Angeles Ano: 2005-2010 Referência: GORSKI, 2010

114

Projeto de revitalização do rio e integração deste com a malha urbana. Modelo complexo de recuperação de um rio urbano, que aborda questões relacionadas a prevenção de inundações, com a recuperação e proteção ambiental e preocupação com o desenvolvimento sócio-econômico.


. aplicação da ecologia industrial A aplicação dos conceitos da ecologia industrial parte dos usos existentes na área de intervenção. Conforme apresentado no levantamento, a área já possui algumas edificações destinadas ao uso industrial. Algumas delas abrigam setores administrativos de empresas ou centros de logística e apenas delas uma funciona como indústria, a A. Schulman, produtora de resinas termoplásticas. Segundo Pitton (2011), o setor produtivo de plástico é um grande candidato para ser avaliado através das ferramentas da ecologia industrial, pois ele apresenta uma produção expressiva, grande diversidade de subprodutos (Tabela 19) e pode gerar um grande impacto ambiental. Além disso, seu ciclo produtivo apresenta boas características para a utilização da simbiose industrial, pois possui várias etapas de produção e alternativas para a reciclagem dos subprodutos (Tabela 19), além de consumir matérias-primas diversas. Nome do polímero Polietileno (PET) Polietileno de alta densidade (PEAD) Policloreto de vinila (PVC) Polietileno de baixa densidade (PEBD) Polipropileno (PP) Poliestireno (PS)

Uso do plástico original Garrafas para bebidas, frascos para alimentos e produtos de limpeza Garrafas para leite, suco e água, sacolas (flexíveis) Frascos para alimentos e água, filmes para envolver alimentos, blisters para embalagem, materiais de construção, canos para água Sacolas flexíveis para lixo, pão, leite, cereais; filmes flexíveis e recipientes Alças, tampinhas de garrafa, tampas, filmes, garrafas Copos de espuma, embalagem; talheres; móveis; utensílios

Uso do plástico reciclado Fibras de carpete, fibras de enchimento para isolantes, recipientes de uso não alimentar Frascos de óleo e sabão, canecas, sacolas, canos de drenagem Canos de drenagem, telhas, cones de transito Sacos de lixo, canos para irrigação, garrafas de óleo Peças automotivas, fibras, baldes, lixeiras Isolantes, brinquedos, bandejas, embalagens rígidas

Tabela 19 - Principais plásticos e seus usos originais e reciclados. Referência: BAIRD, 2002.

A indústria A. Schulman é uma indústria de plásticos de segunda geração. De acordo Padilha & Bomtempo (1999), a cadeia produtiva de produtos plásticos é composta por indústrias de três gerações (Figura 69). Os produtos petroquímicos básicos (nafta e gás natural), provenientes da primeira geração, são transferidos para as indústrias da segunda geração, que os transformarão em resinas plásticas (polipropileno, polietileno tereftalato, poliestireno, policloreto de vinila, entre outras), 115


e estas serão utilizadas pelas indústrias de terceira geração para a produção de artigos diversos. Considerando a grande quantidade de material envolvida, recursos naturais consumidos e a relação intrínseca entre as três gerações de indústrias, Pitton (2011) afirma que o cenário ideal, do ponto de vista da Ecologia Industrial, seria que as três gerações estivessem próximas espacialmente, configurando pólos. Diante da impossibilidade de configurar tal cenário, o parque industrial proposto será composto por indústrias de terceira geração dentro da cadeia produtiva de plásticos e por outras indústrias médias e leves com as quais possam ser estabelecidas relações simbióticas, tanto do ponto de vista do produto final, quanto dos co-produtos. Já as demais edificações existentes (setores administrativos e logística), serão incorporadas a simbiose industrial através de seu ciclo simplificado (Figura 70), compartilhando recursos como informação, água, energia e infraestrutura.

extração

transporte

PETRÓLEO

PETROLÍFERA

destilação fracionada

craqueamento

polimerização

NAFTA

MONÔMERO

POLÍMERO

PETROQUÍMICA conformação

energética química mecânica

CONVERTEDORAS extrusão laminação calandramento transporte

reciclagem aterramento incineração

PLACAS FILMES PRODUTOS PARA CONSUMO

TRANSFORMADORAS

extrusão injeção laminação por injeção sopro por extrusão extrusão de filme termoformagem vacuoformagem rotomoldagem usinagem soldagem

destinação uso/consumo A tabela abaixo (Tabela 20) indica os principais consumidores de três tipos de plástico produzidos pelas Figura 69 | ciclo produtivo do plástico (TONICELO, ANTUNES, 2006). indústrias de segunda geração. Estes são, portanto, os tipos de indústrias com as quais a A.Shulman e outras indústrias do setor conseguiriam estabelecer relações simbióticas mais eficientes, do ponto de vista do produto final.

Principais produtos Principais consumidores (PITTON, 2011). Principais consumidores (BRASKEM, 2012).

Polietileno (PE) alimentícia, varejo, higiene alimentícia, varejo, higiene e limpeza, industrial, bens de consumo

Tabela 20 | Principais consumidores da indústria de plástico 116

Polipropileno (PP) alimentícia, automotiva, agrícola alimentícia, bens de consumo, higiene e limpeza, automotiva, industrial

Policloreto de Vinila (PVC) construção civil, bens de consumo, alimentícia construção civil, bens de consumo, infraestrutura


CAPTAÇÃO SAÍDAS

ENTRADAS água

água água

matéria orgânica

energia

matéria inorgânica

matéria orgânica matéria inorgânica

TRATAMENTO COMPOSTAGEM

RIO HORTA

RECICLAGEM

energia

$$

emprego

$$

comunidade Figura 70 | ciclo produtivo básico de uma indústria ecológica | da autora

Com relação aos co-produtos, as tabelas abaixo (Tabelas 21 e 22) indicam a destinação dos principais resíduos de menor e de maior periculosidade da indústria do plástico. De acordo com Fonseca (2003), a destinação por queima, venda, devolução ou re-refino, que compõe a maioria das atividades, indicam o uso como co-produto de 60 a 80% do material descartado de menor periculosidade. Já os dados referentes aos resíduos de maior periculosidade indicam que há pouco material não utilizado como co-produto. A venda e/ou uso em cimenteiras (59%) denotam a existência de co-produto e/ ou simbiose industrial incipiente e a destinação por queima interna também é considerada como co-produto, pois é usada para prover energia para a própria empresa. resíduo principal destinação e respectiva % pallets de madeira contami- queima em cerâmicas - 62% nados bombonas contaminadas venda - 29%; devolução ao fornecedor 29%; incineração - 24%; tambores metálicos conta- reciclagem - 62% minados óleo lubrificante re-refino - 85% resíduos de laboratório incineração - 40%

Tabela 21 | Resíduos de menor periculosidade e seu destino (FONSECA, 2003).

destino cimenteira venda incinerador queima interna cerâmica aterro aterro interno

% 29 28 24 14 2 2 1

Tabela 22 | Resíduos de maior periculosidade e seu destino (FONSECA, 2003).

Pitton (2011) levantou ainda algumas indústrias de terceira geração, seus respectivos resíduos e possíveis destinos, conforme tabela ao lado (Tabela 23). 117


produto fabricado processamento de carne lubrificantes automotivos forrações automotiva (carpetes)

tipo de resíduo caixas de papelão; embalagens plásticas embalagens plásticas

cobertores

aparas de produção

peças automotivas

rebarbas e refugos de produção

borracha vulcanizada

pneus para caminhão

aparas de produção

borracha crua + arame de aço c/ banho de latão

aparas e refugos de produção; material sólido com umidade

fios e cabos elétricos plástico da cobertura dos fios e cabos

composição do resíduo papelão, plástico (PE, PP) plástico (PE, PP e PVC) contaminados com óleo fibras: PP + PET + poliester + resina fenólica + película de EVA; estearato de zinco fibras de acrílico

PVC

sugestão para uso papel e papelão reciclado; logística reversa; madeira plástica madeira plástica forração de carpete; moagem para utilização como carga de polímeros; produtos auxiliares para compostos de borracha (lubrificantes, anti-aderentes) fabricação de TNT; moagem para utilização como carga de polímeros; enchimento de brinquedos de pelúcia. piso; impermeabilização; moagem para utilização como carga de compostos de borracha, de asfalto; forração de quadras esportivas desenvolver processo para retirada à quente, do arame e reutilização da massa de borracha fabricação de solados e utilização como carga de resinas termoplásticas

Tabela 23 - Indústrias de terceira geração, resíduos e destino (PITTON, 2011).

Diante das informações coletadas é possível elaborar a síntese apresentada a seguir (Tabela 24), indicando os tipos de indústrias que poderiam ser implantados no parque industrial e estabeleceriam uma relação de simbiose, tendo como referência a indústria de plástico já existente.

indústria de segunda geração indústria de terceira geração indústria de terceira geração (utiliza os produtos como matéria-prima) (utiliza os co-produtos como matéria-prima) A. Shulman indústrias alimentícia, varejo, higiene e reciclagem de papel, fabricação (resinas termoplásticas) limpeza, automotiva, agrícola, constru- de madeira plástica, de TNT, de ção civil, bens de consumo compostos e pisos de borracha, de impermeabilizantes

Tabela 24 | Quadro síntese da aplicação do conceito de ecologia industrial | da autora 118


proposta de parque industrial

nafta PISOS E IMPERMEABILIZAÇÕES

rebarbas e refugos

LOGÍSTICA

ENERGIA ELÉTRICA

PLÁSTICO

peças automotivo

fios e cabos

ACESSÓRIOS AUTOMOTIVOS

resina termoplástica

FIOS E CABOS ELÉTRICOS

carpete automotivo aparas e refugos

SAPATOS

FORRAÇÃO AUTOMOTIVA

fibras de PP, PET, poliéster

FIBRAS PLÁSTICAS

PVC, fabricação de solados papelão reciclado (embalagem)

EMBALAGENS

RECICLAGEM POLÍMEROS

produtos auxiliares para compostos de borracha aparas e refugos

TNT Legenda: indústrias proportas indústrias existentes matéria-prima (entrada) produto (saída) resíduo Figura 48 | Proposta de parque baseado nos conceitos da ecologia industrial | da autora

LUBRIFICANTES AUTOMOTIVOS

fibras de PP, PET, poliéster

embalagem plástica

ALIMENTOS

RESTAURANTE

COBERTORES

embalagens de papelão embalagens de plástico

embalagem de TNT embalagens plásticas contaminadas com óleo

MADEIRA PLÁSTICA

DISTRIBUIDORA DE TRATORES 119


.implantação 1 1

3

2

13 2

2

2

2

2

2

1

1

8

8 9

5

1

17

7

1

17

1

6

1

2 1

3

2

4

3

2

2 17 7

14

8 8

9

8

9

7

4

11 16

5

10

10 12 15

10 Figura 49 sem escala

120

Legenda:

1 2 3 4 5 6 7

indústrias médias existentes indústrias médias propostas estacionamento caminhões centro de convenções recepção/informações cooperativas de reciclagem comércio/ serviços

8 9 10 11 12 13 14 15 16 17

habitação indústrias leves wetlands ciclovia (pq linear) Ribeirão Quilombo Rodovia Anhanguera passarela pedestres cota de inundação apoio ponto de ônibus


1

As indústrias médias são as de maior porte permitidas na área. Elas exigem visibilidade, proximidade com a rodovia e implicam em um fluxo intenso de veículos de grande porte portanto estão localizadas o mais próximo possível da rodovia e o mais distante possível da bacia e suas áreas de preservação. A aplicação dos conceitos da ecologia industrial nos lotes destinados a este fim está representada pelo elevado percentual de áreas verde, pela utilização de divisas leves e de reduzido impacto visual, pela permeabilidade para os pedestres e disponibilização de áreas de estar e convívio ao ar livre para os funcionários.

2

Também é proposto o compartilhamento de infraestruturas como, por exemplo, estacionamentos de veículos de grande, áreas para carga e descarga, centro de convenções e um sistema de conexão aeroviário entre as indústrias, para atender as necessidades criadas pela simbiose industrial (Figura48), de forma que o transporte entre as indústria possa ser feito de maneira mais eficiente e com energia limpa.

3

Paralelamente a rodovia existe um eixo que desempenha a função de conectar a área proposta com o entorno e de atender novas necessidades, tanto das indústrias, quanto das habitações. O uso destinado a este eixo é de comércio e serviços, e são propostos estabelecimentos como agências bancárias, restaurantes, cafés, farmácias, padaria, hospedagem, entre outros. A associação deste eixo com este uso garante a proximidade com todos os setores criados, a conexão com o entorno e vitalidade para a área, por permitir a constante circulação de pessoas em diferentes horários e em todos os dias da semana. Os edifícios são compostos de grandes blocos modulados, que permitem permeabilidade para a quadra e flexibilidade para a ocupação.

121


Junto aos afluentes da bacia é propostas uso misto composto por lâminas verticais de habitação, galpões para indústrias leves e pequenos comércios. A proposta é que os galpões sejam ocupados por cooperativas, oficinas ou escritórios para profissionais liberais, que podem ou não estar vinculados a simbiose industrial composta pelas indústrias médias. Os pequenos comércios garantem o atendimento de pequenas necessidades diárias do entorno e a habitação é de baixa densidade. O desenho do sistema viário visa o aproveitamento da superfície disponível respeitando a topografia natural e contém a expansão e ocupação das margens da bacia.

4

O Plano Diretor de Macrodrenagem existente para a bacia do Ribeirão Quilombo prevê que todos os municípios implantem faixas de preservação e parques ao longo da calha principal do ribeirão. Para garantir o uso e eficiência a interligação da área proposta com outros projetos é proposto um grande percurso, composto por ciclovia e faixas para pedestre, junto a calha do ribeirão. Seu desenho acompanha o máximo possível as curvas de nível existentes e ele está conectado ao sistema viário proposto, que também possui faixas para ciclovia e pedestre. Além disso, são indicadas áreas de apoio, que abrigam espaço para descanso, bicicletário e outros equipamentos como sanitários e bebedouros.

5

Quanto a infraestrutura, o tráfego de veículos de grande porte é restrito apenas para as vias junto a rodovia, é proposto um sistema de transporte alternativo como o de ônibus elétricos junto ao eixo central e de conexão e todas as vias contam com ciclovias e calçadas. As faixas de infraestrutura são destinadas ao abrigo e passagem tanto de sistemas convencionais, como água, esgoto e energia elétrica, quanto de materiais ou sistemas compartilhados pela simbiose industrial. O objetivo de delimitar eixos para a passagem de infraestrutura é orientar a locação dos edifícios e facilitar o acesso para a manutenção, garantindo economia financeira e não comprometendo a circulação e funcionamento da área.

6

122


Figura 50 |Infográfico de usos sem escala Legenda: industrial médio (existente)

institucional comércio / serviços

industrial médio (proposto)

residencial

industrial leve (proposto)

apoio 123


Figura 51 |Infográfico infraestrutura sem escala Legenda: tráfego de veículos pesados

124

ciclovia do parque linear passarela de pedestres

tráfego de veículos leves

sistema de drenagem

aerovia

infraestrutura


Figura 52 | Perspectiva do setor industrial | imagem da autora

125


Figura 53 | Perspectiva do setor de serviรงos | imagem da autora

126


Figura 54 | Perspectiva do setor de indústrias leves e habitação | imagem da autora

127


Figura 55 | Vista a partir do edifĂ­cio habitacional | imagem da autora

128


detalhamentos Pavimento permeável é um dispositivo de infiltração onde o escoamento superficial é desviado através de uma superfície permeável para dentro de um reservatório de pedras localizado sob a superfície do terreno. Ele é composto por duas camadas de agregados (uma agregado fino e outro graúdo) mais a camada do pavimento permeável propriamente dito.

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Figura 56 - PAVIMENTO PERMEÁVEL

A energia solar fotovoltaica, que consiste basicamente na conversão da energia solar em energia elétrica, é uma fonte de eletricidade limpa, pois o seu funcionamento não tem emissões indesejáveis e é renovável, devido a natureza inesgotável do sol. Além disso, os equipamentos tem uma longa vida útil, baixa manutenção, são portáteis e modulares.

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Figura 57 - PAINEL FOTOVOLTAICO

O escoamento infiltra rapidamente pelo pavimento permeável , passa pelo filtro composto pelos agregados, e escoa para um reservatório de pedras, de onde pode infiltrar no subsolo ou ser coletado por tubos de drenagem e transportado para uma saída (ARAÚJO, TUCCI, GOLDENFUM, 2000).

Figura 58 - TELHADO VERDE

A energia gerada por um sistema como esse é imprevisível e intermitente, portanto, é necessário prever alguma forma de armazenamento e/ou geração auxiliar de eletricidade. A solução mais simples, quando a instalação estiver próxima da rede de distribuição, consiste em fornecer a rede elétrica o excedente produzido, disponibilizando-o para outros consumidores, e utilizar a energia fornecida pela rede quando o sistema não for suficiente para o abastecimento (BRITO, SILVA, 2006).

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Os telhados verdes tem sido empregados em várias partes do mundo principalmente com finalidades estéticas de valorização do espaço urbano e para a melhoria do conforto ambiental. Essas áreas verdes podem servir também para a detenção do escoamento superficial, minimizando as enchentes urbanas. Eles são compostos basicamente por uma laje protegida com uma camada impermeabilizante, um isolante térmico, uma camada drenante, outra filtrante, substrato e vegetação. Podem ser classificados em extensivos ou intensivos, variando de acordo com a espessura da camada de solo e o porte da vegetação que consegue suportar (ARAÚJO, 2007). 129


O termo “wetland” é utilizado para caracterizar vários ecossistemas naturais que ficam parcialmente ou totalmente inundados durante o ano. As “wetlands” naturais são facilmente reconhecidas como as várzeas dos rios, pântanos, formações lacustres, manguezais, entre outros. Já os sistemas artificiais são construídos com diferentes tecnologias, que utilizam os princípios básicos de modificação da qualidade da água das “wetlands” naturais. Google Imagens

Figura 59 - WETLAND

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Figura 60 - TRINCHEIRA DE INFILTRAÇÃO

130

Entre as principais técnicas para a construção de “wetlands” estão os sistemas que utilizam macrófitas aquáticas (flutuantes ou emergentes) e solo filtrante. A espécie mais estudada de planta para utilização nesse tipo de sistema é a Eicchornia crassipes, popularmente conhecida no Brasil como aguapé, devido a sua robustez e capacidade de resistir a águas altamente poluídas com grandes variações de nutrientes (SALATI, 2006). Trincheiras de infiltração são elementos de drenagem do tipo controle na fonte e tem seu princípio de funcionamento no armazenamento temporário da água até que ela se infiltre no solo. São constituídas por valetas preenchidas por material granular (brita, pedra de mão e outros), com porosidade em torno de 40%, revestido por um filtro de geotêxtil que, além da função estrutural, impede a entrada de finos no dispositivo. Entre as principais vantagens na utilização de um sistema como este estão a diminuição ou eliminação da rede de microdrenagem local, a redução dos riscos de inundação, da poluição das águas superficiais, a recarga das águas subterrâneas e a boa integração com o espaço urbano (SOUZA, GOLDENFUM, 1999).


5. bibliografia



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6. anexos



Anexo 1 | Macrozoneamento do municĂ­pio de Americana. ReferĂŞncia: Plano Diretor Municipal, 2008.

Legenda: sem escala MPU - Macrozona de Uso Predominantemente Urbano MPA - Macrozona de Uso Predominantemente Ambiental 141


Anexo 2| Zoneamento do município de Americana. Referência: Plano Diretor Municipal, 2008. 142

Legenda: sem escala MPU - ZAE1 - Zona Atividade Econômica 1 MPU - ZAE2 - Zona Atividade Econômica 2 MPU - ZAE3 - Zona Atividade Econômica 3 MPU - ZR1 - Zona Residencial 1 MPU - ZR2 - Zona Residencial 2 MPU - ZMC - Zona Mista Central MPU - ZM - Zona Mista MPU - ZM1 - Zona Mista 1 MPU - UAIU - Unid. de Área de Int. Urbanístico MPU - UZEIS - Unid. de Zona Especial de Int. Social MPU - UZEIS - Regularização MPU - UAV - Unidade de Área Verde MPA - ZPU - Zona de Preservação e Recuperação MPA - ZPH - Zona de Preservação e Moradia Horizontal MPA - ZPE - Zona de Preservação e Ativ. Econômicas MPA - ZPM - Zona de Preservação e Moradia


Anexo 3| Zoneamento do município de Nova Odessa. Infográfico da autora. Referência: Plano Diretor Municipal, 2006.

Legenda: sem escala IZ - Instituto de Zootecnia ZPATR - Zona de Prod. Agrícola, Turismo e Recreação ZPI - Zona de Produção Industrial ZM1 - Zona Predominantemente Industrial ZM - Zona Mista ZC - Zona Comercial 143


Anexo 4| Zoneamento do município de Sumaré. Referência: Plano Diretor Municipal, 2006. 144

Legenda: sem escala ZCS - Zona de Comércio e Serviços ZH1 - Zona Exclusivamente Residencial ZH2 - Zona Predominantemente Residencial ZM1 - Zona Mista - Permitido Indústrias Leves ZM2 - Zona Mista - Permitido Indústrias Médias ZE1 - Zona Especial - Usos Urbanos ZE 2 - Zona Especial de Preservação Ecológica ZPM - Zona de Proteção de Mananciais ZR - Zona Rural ZI1- Zona Pred. Industrial - Indústrias Leves e Médias ZI2- Zona Pred. Industrial - Indústrias Especiais ZOE - Zona de Ocupação Especial


Anexo 5| Zoneamento do município de Hortolândia. Referência: Plano Diretor Municipal, 2008.

Legenda: Escala : 1:50.000 ZH1 - Zona Exclusivamente Residencial ZH2 - Zona Predominantemente Residencial ZM1 - Zona Mista 1 ZM2 - Zona Mista 2 ZM3 - Zona Mista 3 ZM4 - Zona Mista 4 ZI1- Zona Predominantemente Industrial ZI2- Zona Predominantemente Industrial ZR - Zona Rural

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Anexo 6| Zoneamento do município de Paulínia. Referência: Plano Diretor Municipal, 2008. 146

Legenda: Escala : 1:160.000 ZRE - Zona Residencial Especial ZR1 - Zona Pred. Residencial de Baixa Densidade ZR1A - Zona Residencial Especial de Média Densidade ZR2 - Zona Pred. Res. de Baixa a Média Densidade ZR3 - Zona Pred. Residencial de Média Densidade ZEIS - Zona Especial de Interesse Social ZC1 - Zona Mista - Baixa e Média Densidades ZC1A - Zona Mista - Baixa Densidade ZUD - Zona Diversificada Industrial, Comercial, Serviços ZUPI - Zona Pred. Industrial de Médio Porte ZUI - Zona Industrial de Grande Porte ZE - Zona Especial de Proteção


Anexo 7| Zoneamento do município de Campinas. Referência: Plano Diretor Municipal, 2006.

Legenda: Z14 Z18 Z02 z16 Z01 Z11 Z09 Área Pública

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